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A COVARDIA DOS PRIVILÉGIOS

Percorro de carro, de tempos em tempos, a distância entre Montenegro e a capital paulista,


perfazendo 1026 quilômetros numa só tacada, rezando sempre para que tudo corra bem e não
haja paralisação nas estradas, sobretudo na BR 116. São 216 quilômetros em território gaúcho e
810 nos demais estados, em pistas de rodagem ruins que já foram piores. A privatização da
manutenção contribuiu para que a situação não se deteriorasse por inteiro por conta da
incompetência e improbidade dos governos e seus órgãos, cheios de apaniguados e corruptos.

No estado do RS paguei na última viagem vinte e quatro reais. No restante todo pagamos vinte e
cinco reais e setenta centavos, ou seja, o pedágio por quilômetro no trecho gaúcho é quase
quatro vezes mais caro que nos demais trechos. Dever-se-ia imaginar, portanto, que a qualidade
da estrada e dos serviços prestados pela concessionária em solo gaúcho é quatro vezes melhor.
Longe disto, entretanto, a realidade. Todo o trecho entre o rio Pelotas, na divisa com Santa
Catarina, e Caxias do Sul, passando por Antônio Prado, é de uma precariedade digna de nota.

Alguém pode explicar a razão de tanta disparidade? Se não houver explicação crível poderemos
concluir que os concessionários destas praças de pedágio no RS são os mais contentes dentre
os contentes no mundo. Qualquer um de nós gostaria de ter uma máquina de fazer dinheiro
como esta, coroada pela legalidade. Para piorar a comparação, deve-se registrar que nos
demais estados a BR 116 foi e segue sendo melhorada com obras que inexistem no RS, solo de
um escândalo que não parece ter hora para acabar. Tudo isto realça o tradicional sentimento de
impotência do cidadão diante da estrutura estatal a serviço de si mesma, dos amigos do peito e
dos financiadores de campanhas eleitorais.

Mudando de saco para mala, como diziam os antigos, lembremos o que reza nossa Carta
Magna: somos todos iguais perante a lei. A idéia é tão bonita quanto desrespeitada. Deputados e
senadores têm imunidade parlamentar prevista na própria Constituição. Sim, sob o argumento de
proteger o parlamentar no desempenho de suas funções, isenta-se-o de responsabilidade penal,
civil, disciplinar ou política. O parlamentar não responde por atos criminosos como calúnia,
difamação e injúria. Com a Emenda nº 35/2001 a imunidade passou a ser também civil, fazendo
com que o parlamentar não responda por danos morais ou materiais decorrentes do exercício
de seu mandato legislativo. Quem redigiu a Constituição? Quem a aprovou? Quem a emenda?

Vamos adiante, rumo ao verdadeiro alvo deste texto: as aposentadorias. Se você está entre a
maioria dos brasileiros que trabalham, será amparado pelo INSS ao final de uma existência de
trabalho. Perceberá no máximo dez salários-minimos por mês, sendo este salário-mínimo do
INSS um pouco diferente do salário-mínimo de quem está na ativa. Você consegue entender isto
a não ser como um calote nos encanecidos? Procura-se outra interpretação crível mas a questão
maior refere-se às aposentadorias de funcionários públicos, magistrados e todos os demais que
possuem um tratamento particular. Quantas vezes você já leu que ninguém pode receber
provento superior ao do presidente da República? E quantas vezes já leu que inúmeros ganham
bem mais? E quando se aposentam, fazem jus no máximo aos mesmos dez salários-mínimos da
maioria ou podem receber valores mais elevados?

Não, não há isonomia. Um profissional no serviço público goza de outro tratamento. Como se um
advogado, médico, administrador, nutricionista ou lixeiro contratados por governos trabalhassem
mais que seus pares na iniciativa privada. E não parece haver um jeito de corrigir tanta injustiça.
Esta história toda, engessada e recrudescida pelos anos, alicerçada na conversa do direito
adquirido, só tende a piorar. Porque aqueles que fazem as leis e dirigem o país têm como adágio
predileto o “Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte é burro e não tem arte”. A
injustiça legalizada, gritante, faz da grande maioria do povo, que não goza de tais benesses,
uma subclasse. Isto sem contar com a estabilidade, que os mortais comuns desconhecem.

Excluindo-se a complementação por previdência privada, a critério de cada um, como acreditar
num país em que não tenham todos os mesmos limites de aposentadoria? Como corrigir isto?
Rasgando a Constituição e recomeçando, sob golpes e ensurdecedora gritaria dos privilegiados.
Como só se faz isto por meio revolucionário, dormem indiferentes as castas. Estão garantidas.

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