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Educomunicação em ação: o curso de Redes Sociais na Escola promovido

pela Prefeitura Municipal de São Paulo

Daniele Próspero
Programa Nas Ondas do Rádio – NCE/ECA/USP
danieleprospero@gmail.com

Maria Salete Soares


Programa Nas Ondas do Rádio – NCE/ECA/USP
saletesp@gmail.com

Silene de A G Lourenço
Programa Nas Ondas do Rádio – NCE/ECA/USP
silene.lourenco@gmail.com

Resumo:
Um dos princípios básicos da educomunicação é a expressão e o compartilhamento
de ideias, fundamentais para criação e fortalecimento de ambientes democráticos
de ensino/aprendizagem. Nesse sentido, o desenvolvimento de atividades que
utilizem redes sociais na escola permite contato entre diferentes atores, facilita a
discussão e a promoção dos direitos humanos, além de trabalhar competências
comunicativas.
Tendo isso em vista, a Prefeitura de São Paulo criou em 2015 o curso de formação
continuada “Redes Sociais na Escola” com o objetivo de promover a reflexão entre
os educadores sobre o papel relevante das redes sociais na sociedade atual, assim
como as diferentes formas de serem utilizadas na escola visando ampliar o direito à
comunicação e a capacidade de expressão dos estudantes, por meio de novos
canais e novas linguagens na relação com o outro.
O presente artigo tem como proposta apresentar o resultado da análise de 30
planos de aulas elaborados por cerca de 60 educadores e suas propostas de
intervenções utilizando-se de redes sociais. Como resultado, os professores se
sentiram motivados a implementar ações didáticas e pedagógicas com o uso das
redes sociais, norteando o interesse a partir de sua área de atuação.

Introdução
Um dos princípios básicos da educomunicação é o exercício da livre expressão e do
compartilhamento de ideias, fundamental para a criação e o fortalecimento de
ambientes democráticos e afetuosos de ensino/aprendizagem. A criação desses
espaços resgata a utopia, enquanto ideal compartilhado de outros mundos
possíveis, força motora para a transformação da realidade e criação de outras
formas de organização social frente ao mal-estar generalizado do presente, seja
como impulso vital, segundo Freud (2010) ou como desejo de liberdade diante das
incertezas da vida, segundo Bauman (1998).

1
Esse princípio é defendido ao mesmo tempo em que a dinâmica das novas redes
sociais enfraquece, cada vez mais, o paradigma funcionalista norte-americano,
baseado em uma visão unidirecional da comunicação e fundamentado na Teoria
dos Efeitos ou Teoria Hipodérmica1, fortemente difundida na primeira metade do
século XX.
Diferentemente das mídias tradicionais – como o rádio, o cinema e a televisão
analógicos - as mídias digitais ampliam e sustentam a criação de redes sociais ao
romper as barreiras do tempo e do espaço, permitindo o contato e a troca em escala
mundial entre diferentes atores sociais, oferecendo espaços de discussão e de
promoção dos direitos humanos e colaborando para o desenvolvimento de
competências comunicativas.
Pensando nisso, a coordenação do Programa Nas Ondas do Rádio da Secretaria
Municipal de Educação de São Paulo – que é parte integrante da política pública de
Educomunicação do município, criada em dezembro de 2004 por meio da Lei nº
13.941, mais conhecida como Lei Educom –, em parceria com a equipe de
formadores contratados para atender especificamente as necessidades desse
Programa, empenhasse, em 2015, na criação e difusão de um novo curso de
formação continuada: o curso “Redes Sociais na Escola”.
O presente artigo tem por objetivo apresentar os fundamentos teóricos e
metodológicos que nortearam a criação desse curso e o resultado preliminar da
análise de 30 planos pedagógicos elaborados, individualmente ou em grupos, como
parte das atividades do curso, por cerca de 60 educadores. Como resultado, os
professores apresentaram propostas de intervenção na realidade motivados pelo
uso de redes sociais como Whatsapp, Instagram, Pinterest, Padlet, Edmodo,
Facebook e Twitter, a partir de sua área de atuação e de conhecimento.

Fundamentação teórica e metodológica


As novas tecnologias, especialmente no que se refere ao desenvolvimento contínuo
de ferramentas da web 2.0, são cada vez mais utilizadas para a interação das
pessoas com os seus pares. As ferramentas atraem, principalmente, adolescentes e
jovens que buscam formas de se comunicar, de se expressar e, também, de

1
Também conhecida por Teoria da Bala Mágica, a Teoria Hipodérmica é assim definida por se basear na suposição de que
todo estímulo causado por uma mensagem enviada terá resposta, sem encontrar resistência do receptor, como o disparo de
uma arma de fogo ou uma agulha hipodérmica, que perfuram a pele humana sem dificuldade. A passividade do receptor é a
principal característica do indivíduo nesta teoria. A Teoria Hipodérmica analisa a mídia com embasamento no Behaviorismo,
conjunto das teorias psicológicas que definem como principal objeto de estudo psicológico o comportamento. Fonte:
http://www.infoescola.com/comunicacao/teoria-hipodermica/

2
mobilizar e convocar a sociedade em prol de suas causas, evidenciando as novas
demandas desses segmentos sociais. De forma muito veloz, multiplicam-se os
espaços virtuais de disseminação de informações – nem sempre confiáveis – e de
formação de opiniões.
Considerando que a escola tem a função social de ampliar o direito à liberdade de
expressão e o acesso à informação no processo de formação de cidadãos críticos e
ativos, torna-se extremamente necessário promover a reflexão sobre uso das mídias
e das redes sociais no âmbito da educação formal, o que implica na formação de
educadores também críticos e ativos, capazes de compreender o papel que as
redes sociais exercem na atualidade e aptos para utilizar esses recursos midiáticos
a partir do espaço escolar.
Não se deve aqui tomar a expressão redes sociais como sinônimo de mídias
sociais, o que acarretaria em grave reducionismo. O conceito de redes sociais deve
ser apreendido como extensão da sociabilidade inerente aos grupos humanos e de
sua produção cultural e simbólica com o desenvolvimento de novas tecnologias de
informação e de comunicação (CASTELLS, 1999), enquanto a expressão mídias
sociais está mais fortemente ligada à base material e aos interesses de mercado
dessas novas formas de sociabilidade.
Considerando que as práticas educomunicativas têm a função de construir e
fortalecer ecossistemas comunicativos (BARBERO, 2007) menos hierarquizados,
dialógicos e abertos à diversidade, a apropriação das redes sociais, na perspectiva
da Educomunicação (SOARES, 1999), contrapõe-se aos interesses puramente
mercadológicos, voltados para a inovação competitiva – veloz e permanente – de
aparatos tecnológicos no contexto da sociedade de consumo, atropelando a
maturação do pensamento social sobre o uso e o descarte desses mesmos
aparatos, bem como do conhecimento sobre as transformações cognitivas e afetivas
dos sujeitos-sujeitados desse processo.
A escola deve se apropriar das mídias e das redes sociais a partir de uma
consciência coletiva sobre as transformações do mundo contemporâneo para utilizar
essas ferramentas a favor do compartilhamento de saberes diferenciados e da
construção de conhecimentos mais significativos, de forma colaborativa,
aproximando-se do universo juvenil e envolvendo as novas gerações nas tomadas
de decisões que garantam a sustentabilidade do planeta e um futuro mais justo e
solidário para a humanidade. Portanto, apresentar aos educadores as ferramentas
hoje disponíveis e apontar possibilidades de uso crítico e criativo das redes sociais
como espaços educativos, torna-se uma questão crucial.

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Incentivar as práticas educomunicativas, ou seja, o protagonismo infantojuvenil na
exploração do potencial pedagógico das redes sociais, sob a mediação dos
educadores, ampliando o horizonte cultural e a formação política dos educandos a
partir do território escolar como estratégia para a criação e sustentação de
ecossistemas comunicativos mais democráticos, abertos e sustentáveis, constitui o
principal objetivo do curso de formação continuada “Redes Sociais na Escola”,
oferecido pelo Programa Nas Ondas do Rádio.
Outros objetivos do curso de formação continuada para o uso das redes sociais no
espaço escolar são: ampliar o direito à comunicação e a capacidade de expressão
dos estudantes, promover o encontro afetuoso com o “outro”, ou seja, com aquele
que é ao mesmo tempo tão diferente e igual a “mim”; estimular a autonomia e
incentivar o exercício de autoria no processo de formação de opiniões; incentivar o
uso das redes sociais como espaços de mobilização social; e desconstruir a rigidez
das relações espaço-temporais da cultura escolar, reconhecidamente em crise.
O curso “Redes Sociais na Escola” não é, portanto, puramente instrumental, mas de
natureza histórico-ontológica (SAVIANI; DUARTE, 2010). Não se reduz ao
treinamento funcional de educadores, mas fundamenta-se na ação-reflexão
proposta por Paulo Freire para promover a apropriação das redes sociais como
espaços educativos. Em outras palavras, o curso é uma provocação, uma tentativa
de levar os participantes a pensarem como a cultura escolar ou o “lugar”
denominado escola dialoga – ou não – com a cultura digital, ou seja, com o bios
virtual (SODRÉ, 2012).
Por meio da ação-reflexão-ação, os educadores são convidados a experimentar e a
pensar sobre o que as redes sociais têm a ensinar para a escola, ao mesmo tempo
em que refletem sobre as possibilidades da escola contribuir para potencializar e
qualificar o uso das redes sociais como espaços educativos e não apenas como
espaços de lazer e entretenimento de baixo custo.

Organização do curso e atividades propostas


Considerando a necessidade de se promover a formação de ecossistemas
comunicativos democráticos em espaços escolares, o público-alvo do curso é
bastante abrangente: Professores de Educação Infantil, Professores de Educação
Infantil e Ensino Fundamental I, Professores de Ensino Fundamental II e Médio,
Auxiliares Técnicos de Educação, Coordenadores Pedagógicos, Diretores
Escolares, Supervisores Escolares e Gestores de Centros Educacionais Unificados
(CEU) podem se inscrever.

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Com uma carga horária de 12h de duração, o curso é dividido em quatro encontros
presenciais de 3 horas. Outra alternativa, oferecida aos sábados, são dois encontros
de 6h.
Entre os principais objetivos do curso estão: reflexão sobre as diferentes formas de
se utilizar as redes sociais na escola; o uso adequado e responsável das redes
sociais; as redes sociais como possibilidade de ampliação do direito à comunicação;
e o uso das redes sociais como ferramenta para a mobilização social.
Para cada encontro, pensou-se no desenvolvimento de um ou dois temas: 1º)
Conhecendo as redes sociais; 2º) Redes sociais e o direito à comunicação; 3º) As
redes sociais na escola e 4º) Redes sociais e participação.
As atividades variam entre exposições dialogadas, apresentação e exploração das
mídias sociais, rodas de conversa, trabalho em grupo, análise de casos reais,
formação de redes sociais e troca de experiências.
Além das atividades descritas, os educadores são convidados a refletir sobre a sua
prática e elaborar uma proposta pedagógica - um plano de aula, uma sequência
pedagógica ou um projeto interdisciplinar - em acordo com a sua realidade,
considerando a utilização das redes sociais no cotidiano da escola. Para isso, o
curso oferece um roteiro básico comentado, com orientações dos principais pontos
a serem observados e planejados pelos educadores como, por exemplo:
problematização; áreas do conhecimento que serão trabalhadas em sala de aula;
temas; objetivos da atividade; detalhamento das ações; métodos de avaliação; e
recursos a serem utilizados. Os educadores têm a liberdade de seguirem o roteiro
ou adaptarem de acordo com as suas experiências.

Análise das propostas pedagógicas

1. Perfil das escolas e educadores:


A partir das 30 propostas analisadas, com relação ao perfil das escolas, foram
identificadas: 1 EJA (Educação de Jovens e Adultos); 2 CEI (Centro de Educação
Infantil); 10 EMEI (Escola Municipal de Ensino Infantil); e 17 EMEF (Escola
Municipal de Ensino Fundamental) - sendo 10 do Ensino Fundamental I
(atendimento do 1º ao 5º ano) e 7 do Ensino Fundamental II (atendimento do 6º ao
9º ano). Já em relação ao perfil dos educadores proponentes, visualizamos o
seguinte cenário: 1 coordenador pedagógico; 5 professores de Educação Infantil; 8
professores Ensino Fundamental II e Médio; e 16 professores de Educação Infantil e
Ensino Fundamental I.

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O cruzamento de dados entre o perfil das escolas e o perfil dos educadores das
primeiras turmas do novo curso, reflete, ao menos em parte, o perfil do grupo de
educadores atingidos, em sua maioria do Ensino Fundamental I.

2. Áreas do conhecimento
Em relação às principais áreas do conhecimento vinculadas aos planos
pedagógicos, a Língua Portuguesa se destaca, sendo citada em 19 dos 30 planos.
Em seguida, aparecem a Informática Educativa (8); Ciências (7); e Geografia (5),
além de História, Artes e Educação Física, mas em menor escala.
Ao citarem mais de uma área de conhecimento, deixam entrever a tendência pelo
desenvolvimento de atividades e projetos interdisciplinares, principalmente no
Ensino Fundamental II, vinculados ao TCA (Trabalho Colaborativo Autoral) do Ciclo
Autoral (7º, 8º e 9º anos).
O professor Pedro Reategui, da EMEF Padre Manoel de Paiva, por exemplo,
incorporou o uso das redes sociais ao planejamento da 1ª edição de um Sarau na
escola, que será organizado de forma interdisciplinar, com o envolvimento dos
professores da Sala de Leitura, de Informática Educativa, de Língua Portuguesa e
de Geografia. Os alunos deverão aprofundar os conhecimentos sobre poesia e
preparar apresentações para o Sarau. A ideia é que as redes sociais sejam usadas
na divulgação prévia da atividade (com a criação da hastag “#saraunopaiva”), além
de registrar o evento, em formato de vídeos e fotos, e disseminá-lo por meio do
Padlet e do Facebook da escola.

3. Perfil do público-alvo das propostas apresentadas


Ao longo do curso, os educadores são incentivados a pensarem na incorporação
das redes sociais em todos os âmbitos de sua prática pedagógica com o objetivo de
fortalecer o ecossistema comunicativo escolar. Porém, os alunos aparecem como o
principal público-alvo a ser atingido pelas ações educomunicativas (70% dos
planos), como pode ser observado no gráfico abaixo:

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As iniciativas que envolvem os familiares provêm, principalmente, de educadores
que atuam na Educação Infantil (CEI e EMEI), muito provavelmente em função das
fases de desenvolvimento cognitivo das crianças, que impõem limites ao uso das
redes sociais, bem como de uma maior necessidade de aproximação das famílias
de crianças dessa faixa etária. Mas, vale apontar também, os frequentes relatos de
cursistas sobre a dificuldade de acesso a computadores e internet, mais intensa na
Educação Infantil.
A professora Fabíola Cobo Gasparini Palhares, da EMEI Cel. Manuel Soares Neiva
propõe, por exemplo, um projeto de agenda virtual pelo Whatsapp. A ideia é criar
um grupo, nesta rede social, com todos os pais da escola para enviar avisos
frequentes, reforçando a agenda impressa usada pelas crianças para aproximar
ainda mais a escola da família.
Outro projeto para essa faixa etária foi apresentado pela EMEI Alice Alves Martins
- projeto “Semear na Educação Infantil” - cuja proposta é envolver pais e alunos
com o uso de diferentes redes sociais: Whatsapp para convites e mensagens aos
pais; elaboração coletiva (pais, alunos, professores) de textos sobre o tema no
Padlet; uso do Instagram para divulgação de registros fotográficos e utilização do
Pinterest para compartilhamento de links e conteúdos.
Já a professora Karla Karine Magrini Mediotti, da EMEI Oswaldo Cruz, pensou em
utilizar o Facebook para estabelecer uma comunicação direta e prática para
intensificar a parceria entre escola e família. Para isso, ela pretende criar um perfil
profissional na rede e convidar os familiares dos alunos a estabelecerem um contato
diário via Facebook. Esse perfil também seria usado pela professora para divulgar
filmes, fotos, textos, eventos e links de interesse dos familiares, assim como

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atividades realizadas pelos alunos. O Facebook seria usado ainda para divulgar e
incentivar a realização das tarefas de casa aos finais de semana.

4. Proposta de atividade e rede social utilizada


Os educadores optaram por trabalhar com diferentes redes sociais que foram
apresentadas ao longo do curso. A que se destaca é o Padlet (11 dos planos citam
essa rede)2, seguido do Facebook (9) e Whatsapp (8). O fato do Facebook estar
entre os primeiros colocados segue uma tendência no país, sendo hoje a rede social
mais acessada pelos brasileiros3.
Porém, percebe-se que os educadores desconhecem algumas regras de uso desta
rede social - mesmo sendo essa questão abordada ao longo do curso - e, alguns,
pretendem desenvolver atividades com o Facebook com crianças, algo que não é
permitido pela rede social - apenas para maiores de 13 anos.

O uso do Padlet chama também a atenção tendo em vista que 90% dos educadores
participantes do curso não conheciam essa rede social anteriormente, mas se
interessam em propor atividades. A professora Cristiana Candido da Silva, da EMEF
Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, trouxe uma proposta interdisciplinar para os
alunos do 4º ano, por exemplo, visando que os alunos possam trocar informações

2 O Padlet é uma rede conhecida como um mural colaborativo em que é possível inserir comentários, assim como
compartilhar materiais como vídeos, textos, links etc.
3 Uma pesquisa divulgada pelo Facebook no segundo semestre de 2014 mostrou que a rede social possui 89 milhões de
brasileiros que acessam o site todos os meses. O número corresponde a oito de cada dez internautas, sendo que o número
total no país chega a 107,7 milhões, segundo a consultoria eMarketer. Os internautas que acessam o Facebook diariamente
totalizam cerca de 59 milhões. Os dados são referentes ao segundo trimestre de 2014. Fonte:
http://www.meioemensagem.com.br/home/midia/noticias/2014/08/22/Facebook-tem-89-milhoes-de-usuarios-no-Brasil.html

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com outros colegas sobre a valorização da cultura de sua comunidade bem como
compartilhar experiências sobre outras culturas. Entre as atividades propostas está
o uso do Padlet para o desenvolvimento de murais virtuais sobre a importância da
igualdade quanto aos direitos, quanto à dignidade e que fundamentem a valorização
da diversidade cultural.
Mas, como o uso destas redes sociais estão sendo pensadas pelos educadores?
Para responder a essa pergunto, a análise dos planos buscou identificar de que
forma essas redes foram apropriadas pelos professores para o desenvolvimento das
atividades propostas nos planos. Tendo em vista que a maioria decidiu por realizar
ações sendo o público-alvo os próprios alunos, observa-se que a maioria (50%) -
veja gráfico abaixo - incorporou as redes como parte de uma atividade já
desenvolvida em sala de aula.
Percebe-se que a ideia é dinamizar uma aula, torná-la mais lúdica e/ou participativa,
por meio do uso das redes. Neste caso, os educadores propõe muitas pesquisas,
principalmente em sites, blogs, Pinterest e Facebook. Entre os temas a serem
trabalhados, há uma diversidade de interesse, como folclore, mudanças climáticas,
estações do ano, animais, arte urbana, identidade, história em quadrinhos etc.

A professora Juliana Amorim Melonio, da EMEF Dr. Abrão Huck traz, inclusive, nos
objetivos do plano essa proposta: “dinamizar a aula por meio de diferentes recursos
(vídeo, links e imagens) disponibilizados no Facebook da turma”. A ideia da
educadora é aprofundar os conhecimentos dos alunos sobre a artista Frida Kahlo,
assim como do feminismo. Neste caso, além do uso da rede social para pesquisa,

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ao final da atividade, a professora propõe que os estudantes criem um texto tendo
como inspiração uma mulher e postem o material com um comentário na rede social
e comentem as demais produções dos colegas.
Já quando a rede social se torna o foco central da atividade, os educadores tendem
a trabalhar, principalmente, temas como ciberbullyng ou o uso responsável e
adequado das redes sociais, assim como os “perigos da internet”. Essa proposta se
apresenta em sua maioria nas escolas de Ensino Fundamental e na de EJA.
Como observa-se no gráfico, a minoria dos educadores tiveram como proposta o
uso das redes para aprimorar o diálogo e as relações da comunidade escolar. Nos
planos que tiveram esse enfoque, o principal objetivo foi a criação de páginas
institucionais da escola para divulgar os projetos e ações para famílias e
comunidade em geral ou grupos específicos via Whatsapp, como apresentado
anteriormente, para uma aproximação com os familiares dos alunos. Essa proposta
é uma tendência da Educação Infantil e do Ensino Fundamental I.
No EF I, inclusive, a professora Priscila Gomes da Silva, da EMEF Brigadeiro Faria
Lima, por exemplo, pretende criar um grupo no Whatsapp com seus alunos do 5º
ano para ajudá-los na lição de casa, envolvendo, inclusive, as famílias.

5. Avaliações
Em relação à avaliação das atividades propostas, 70% dos educadores pretendem
avaliar por meio de observação dos alunos ao longo do processo, assim como
incluir um trabalho final ou acompanhamento de indicadores de acesso às redes
sociais (quando da criação de uma página da escola no Facebook, por exemplo).
Os educadores citam que os estudantes serão avaliados a partir de indicadores
como: interesse, criatividade, cooperação, compromisso, envolvimento,
participação, interação e empenho.
Nenhum plano cita algum tipo de indicador que diga respeito ao conhecimento
técnico de alguma das redes sociais a serem utilizadas.

Considerações finais
O estudo realizado mostra que o grupo de professores está se apropriando do
conceito de redes sociais e experimentando possibilidades de uso das mesmas no
cotidiano da escola. Já é visível que os mesmos identificam as alternativas que se
abrem quando colocam em rede diferentes pessoas que trocam experiências e
reflexões. Entretanto, neste grupo de trabalho, observa-se que a tendência da
maioria é de utilizar as redes em continuidade a algum trabalho pedagógico já
delineado: elas entram como apoio. Em poucos casos, a atividade ou conteúdo

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proposto foi pensado partindo da ideia de rede e se desenvolvendo a partir dela,
permitindo a vivência e experimentação das várias conexões possíveis.
O protagonismo infantojuvenil, que é tão valorizado pela educomunicação, também
não se faz tão evidente nas propostas, mesmo no Ensino Fundamental II, no qual,
normalmente, encontra-se um terreno mais fértil para tal. Dos 30 planos, apenas
três destacam a realização de ações que permitiriam, por exemplo, uma ação de
mobilização via redes sociais sobre temas de interesse dos alunos e com uma
participação ativa dos mesmos.
Há um amplo espaço de trabalho e possibilidades de fortalecer ainda mais a
apropriação das redes sociais pelos educadores e, pesquisas futuras, poderão
apontar, inclusive, os resultados que essas atividades propostas nos planos de aula
terão atingido quando implementadas.

Referências bibliográficas

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http://www.infoescola.com/comunicacao/teoria-hipodermica/ . Acessado em
21/10/2015.

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Acessado em 21 out. 2015.

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