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UNIÃO INTERNACIONAL DE ESTUDOS SOCIAIS

fundada em Malines em 1920 sob a presidência do


CARDEAL MERCIER.

CóDIGO FAMILIAR

SINTESE DOUTRINARIA

http://alexandriacatolica.blogspot.com.br

1954
EDITORA VOZES LIMITADA, PETRóPOLIS, R. j.
RIO DE JANEIRO - SAO PAULO
M r n M A T U lt

MECHLINIA::, DIE 5 OCTOARIS 1950.


t j. E. CARO. VAN ROEY, ARCH.
MECHLINIEN.

I M P R I M A T U R
POR COMISSÃO ESPECIAL DO EXMO.
E REVMO. SR. DOM MANUEL PEDRO
DA CUNHA CINTRA. BISPO DE PE­
TRóPOLIS. FR. LAURO OSTERMA.NN,
O. F. M. PETRóPOLIS, 20-VII-1954.

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


SUMAR IO

lnlrodução . . . . 7

PRIMEIRA PARTE

A FAMILIA EM SI

Capitulo I.

O falo familiar 17

Capítulo 11.

O casamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
§ I. O casamento dos não cristãos . . . . . . . . . . . . . . . . 23
§ 2. O casamento-Sacramento dos cristãos 26

Capítulo 111.

A comunidade conjugal 35

Capitulo IV.

O dever conjugal . .. .............................. 46


I. Sexualida� e castidade conjugal ............. . 46
li. Procr.:aç:ão e paternidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

Capitul o V.
A comunidade familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Pais e lilhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
11. lm1ãos e innãs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
111. A comunidade familiar e os tercei-ros . . . . . . . . . . 69
Apêndice: A filiação natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
6 Código Familiar

SEGUNDA PARTE

A FAMILIA E O ESTADO

Capitulo I.

Situação da família na vida social da humar1idade 79

Capitulo 11.

Primeira secção: Direitos especificas das famílias.

1. Direito de fundar uma famllia . . . . . . . . . . . . . . . . R5


2. Direito da sociedade conjugal a subsistir na sua
integridade .natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RS
3. Direito da sociedade conjugal a demandar seus fins 95
A. A procriação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
B. A educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Segunda secção: Direitos gerais da família . . . . 1 to

Capílulo 111.
Deveres das famílias em face do Estado 118

TERCEIRA PARTE

!I FAMILIA E A IGREJA

Capitulo I.

A condição conjugal no mistüio cristão . . . . . . . . . . . 127

Capítulo 11.
Missão da comunidade conjugal mr Igreja 136

Capítulo 111.
Direitos da família em face dos direitos da Igreja 145
Conclusão . . ............................... ... ... 148
lndice Analítico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
INTRODUÇÃO

Após dar a público um Código Social e um Có­


digo de Moral Internacional, a União Internacional de
Estudos Sociais de Ma/ines apresenta aos católicos es­
te Código Familiar, no intuito de, mais do que nun­
ca, lhes chamar a atenção para a importância das rea­
lidades familiares.
S. S. o Papa Pio X// declarava, a 15 de Setembro
de 1946, numa Mensagem ao povo helvético: "Se o
senso profundo do bem comum é a alma de todo Es­
tado sadio e forte, a dignidade e a santidade da vida
conjugal e familiar como que lhe é a coluna vertebral.
Venha esta a sofrer grave lesão, e lá se vai o vigor
do Estado, e mais cedo ou mais tarde é a ruína do
povo".
Ora, infelizmente a família, como o resto, é ar­
rastada nos torvelinhos e nos deslizes contemporâneos.
Mau grado o seu senso das tradições e da duração,
ela já não escapa ao descalabro geral dos espíritos
e dos costumes. Arrisca-se a achar-se ausente e mu­
da no próprio momento em que a civilização necessi­
ta urgentemente da sua experiência, das suas reservas,
mas também do seu dinamismo e do seu surto criador.
Foi para corresponder a essa expectativa e para
facilitar suas tarefas à ação familiar, grande esperan­
ça do amanhã, que este Código foi rcdil(ido.
') Pio XII, Mensagem ao povo helvl>lico, de 15 de Se­
tembro de 1946. (Documentation Catlro/ique, n.• 975, c.
1145).
Código Familiar

O Código Social já assinalava uma dupla pre­


ocupação: de uma parte, o precisamenlo judicioso do
acervo da tradição em matéria tanto de princípios quan­
to de instituições; de outra parte, uma constante pro­
cura disso que se poderia denominar as pedras de es­
pera da cidade de amanhã e das suas estruturas sem­
pre suscetíveis de melhoras.
O prefácio declarava notadamente: "Bem enten­
dido, nesse programa teremos de fazer a separação
entre os artigos que se impõem a todos os nossos
amigos, e os artigos em que cada um é livre de ter
e de conservar uma opinião pessoal". Frisava que,
com a necessidade de uma "doutrina toda feita" pa­
ra os "homens que, empolgados pela ação, têm às
vezes tanta dificuldade em achar luzes e em formar
para si as convicções de que necessitam", havia uma
não menor urgência em lhes sugerir orientações. Des­
sarte, notava ele, "esse catecismo social teria um al­
cance antes de tudo construtivo. Tratava-se menos de
apontar os erros de que nos devemos resguardar, do
que de indicar positivamente os princípios e as tradições
a manter, as reformas e as obras a preconizar de
acordo com esses princípios e com essas tradições"
(Código Social, 3• ed., pp. 12-13).
Nesse espírilo e nesse método inspirar-se-á, por
seu turno, o Código Familiar. Depois de dar as aqui­
sições certas do direito natural e da doutrina cristã
da família, ele comportará preposições livres, geral­
mente introduzidas pela fórmula: "E' desejável que",
"a família terá direito a ... ". Estas proposições, por
mais esteadas que estejam de análises e de reflexões,
persistem umas e outras, como se reconhece, discutí­
veis. Mas como fazer diversamente, se se deve tratar
não somente de considerar o passado, mas também
Introdução 9

r sobretudo de o/lwr para o faturo numa intenção


criadora?
Porquanto, coatràriamrrrte aoque geralmente se
ainda podem empres­
ucredila, as rl'lllidades familiares
lur matéria a Jlesqllisas e a descobrimentos, mormente
pelo falo de, mais do que qllalq11er o11fra sociedade,
transcender a família as categorias da direito, para
em verdade só se mover à vontade nas categorias do
amor e da caridade. Ora, é próprio do amor e da ca­
ridade repor as coisas incessantemente em questão, pa­
ra inventar e exceder o adquirido.
Forçoso se tornou, pois, a fim de conservar à
realidade familiar essa índole dinâmica, e uma vez fei­
to seu quinhão ao direito, abrir amplas perspectivas
ao amor.
Ninguém se admirará, pois, de achar nesta obra,
como no precedente Código de Moral Internacional,
um gênero e uma apresentação que às t•ezes lembra
mais o ,Tratado" do que o "Código".
Efetivamente, pode o homem formar com os seus
semelhantes três espécies de agrupamentos-tipos: os
que, fundando-se numa relação de justaposição, en­
cetam ao menos um mínimo de permuta (multidão,
"fild', partes estipulantes de um wntrato a realizar);
os que, fundando-se numa solidariedade de ação, or­
ganizam uma sociedade (empresa industrial, comer­
cial, etc.); e os que, fundando-se no amor e na ca­
ridade, formam uma comunidade (familia, Igreja).
Esses três tipos fundamentais de agrupamentos
nunca existem, entretanto, no estado puro, mas sim
numa existência ideal e conceptual. E mesmo aí ain­
da não há entre eles fronteira absolutamente positiva
e clara. Passa-se de um ao outro como por meio de
truques cinematográficos.
lO Código Familiar

E' que, na prática, todo grupo concreto depende


ao mesmo tempo dos três tipos de agrupamentos: per­
muta, sociedade, comunidade, livre de receber de um
ou de outro um caráter essencialmente predominante.
Por isto, - levando em conta trabalhos realiza­
dos desde há vinte anos pela filosofia do direito e
pela sociologia' - pode-se dizer que as três relações
fundamentais acima indicadas: justaposição, solidarie­
dade, amor, suscitam três ordens de valores diferen­
tes, os quais encontramos em todos os grupos, posto
que em doses diversas: a ordem individualista, a or­
dem societária e a ordem comunitária.
A relação de justaposição, quer permaneça empí­
rica, quer se estabeleça convencionalmente, nunca po­
de constituir senão mundos de individualidades que
conservam para si o seu fim próprio, e que não en­
tram em relações umas com as outras senão pelo mais
exterior de si mesmas. Com efeito, a justaposição e
mesmo a permuta deixam os indivíduos, em principio,
autônomos, iguais e livres de direito. Nenhuma rela­
ção orgânica é considerado estabelecer-se ainda entre
eles. Se o "meuH e o uteu" são determinados por via
empírica ou convencional, é menos em mira a serem
unidos do que a ficarem separados, mesmo em servin­
do à permuta.
A relação de solidariedade suscita a sociedade,
agrupando seres em torno de uma finalidade comum.
Essa relação provoca a constituirão de um todo orgâ­
nico, em face do qual os seres assim organizados se
diferenciam por funções distintas e complementares. No
limite, a sociedade tende por si a reduzir seus mem­
bros ao papel de puras funções.
1) Se aqui tomamos de empréstimo alguns termos ao
vocabulário de Toennies e da sociologia alemã, é muito mais
no pensamento de filósofos franceses espiritualistas e cris­
tãos que nos inspiramos.
lnlrod11ção li

Compt'/e ao amor e à caridade dar nascimento à


fomwlitladr, mas mio à maneira como a finalidade su­
lwrclina a 11111 todo seres individ11ais, a/ti o ponto de
llt�•s tirar ás 11ezes a autonomia. Muito pelo contrário,
o amor prod11z a comunidade, congregando pessoas
tis q11ais, assim fazendo, reconhece o seu valor infini­
to, mas sem outra segunda intenção, sem outra signi­
ficação a não ser a de "encantar-se com a presença
e a felicidade delas". A comunidade não determina
nem o meu, nem o teu, mas o "nós". Une as pessoas
criando um mundo de personalidades em que cada
uma conserva o seu fim próprio, mesmo trabalhando
para os outros. "A comunidade não pressupõe ne­
nlwma tarefa a realizar, ti comunhão. Repele a efici­
ência ou a função. Só conhece o dom. Supõe bens a
pôr em comum, e não um plano a colimar. Reconhe­
cer a existência de uma comunidade não ti, só por
isso, reconhecer-lhe a plena independência; ti, todavia,
reconhecer-lhe o direito de escolher o seu destino. To­
da comunidade tem uma história. Ela não tem razão
de desaparecer como uma sociedade cuja finalidade ti
atingida".
Isto explica e justifica o uso da língua que fala
correntemente de "comunidade humana" e de "socie­
dade animal", mas se veda a expressão "comunidade
lmimal"; sinal de que uma comunidade só pode for­
mar-se entre seres espirituais capazes de amor e de
caridade.
Repilamos que, pràticamente, a sociedade e a co­
munidade nunca são achadas no estado puro. Todos
os a[(rupamentos humanos fazem apelo à justaposição,
à solidariedade e ao amor. Entretanto, de lodos os
awupamenlos humanos, é à família - com a Igreja -
que cabe fazer predominar a ordem do amor; não que
o direito deva ser excluído dela, senão, muito pelo
12 Código Familiar

contrário, porque, se 00 direito abre caminho ao amor",


por sua vez o amor "dá todo o seu seu/ido ao direi­
to", de sorte que ''um e outro, exigindo-se mUtuamente,
cooperam, se animam, se amparam, e preparam os ca­
minhos da concórdia e da paz" (Pio XII, Natal de
1942).
Em consequência, ninguém se admire pois de ver
a família aparecer como a comunidade-tipo, nem de
procurar este Código Familiar credenciar cada vez
mais expressões como "comunidade conjugal" e "co­
munidade familiar".
Estas poucas reflexões esclarecerão, assim pensa­
mos, o plano seguido por esta obra.
Uma primeira parte estuda a família em si, sob
a dupla luz da sua finalidade e do seu sentido. Após
um breve capítulo de generalidades, propusemo-nos a
ordem lógica consoante a qual a família vem à exis­
tência e depois se desenvolve: primeiramente, o casa­
mento como ato de fundação da família, depois a co­
munidade conjugal como núcleo da família, o dever
conjugal como alo específico da dupla finalidade do
casmnento, e finalmente a comunidade familiar no seu
complexo de relações: pais e filhos, vida aberta sobre
o mundo.
Uma segunda parte esfudará as relações da fa­
mília com o mundo temporal. A míngua de melhor,
intitulamo-la a Família e o Estado, enquanto o Estado
é, entre todas as realidades temporais, a mais impor­
tante que a família possa encontrar no seu caminho.
Após deduzir o caráter superior e como que transcen­
dente da família em relação à sociedade civil e ao Es­
tado - "A família é mais sagrada do que o Estado",
dizia Pio XI, - passam-se em revista os diferentes
direitcs e deveres da família.
lnlrodurão 13

/:'nfim, 1111111 terceira parte, intitulada a Família e


a lweja, opresenta a realidade familiar nas suas re­
laçtirs com o mistt!rio de Cristo e de sua esposa a
t�:reja. ' A preocupação dominante desta secção será
focalizar "o sentido sagrado" que para todos, e espe­
cialmente para os batizados, a fundação de um lar
reveste. Ela quis frisar a missão insubstituivel da ins­
tituição conjugal e familiar no advento do reino de
Deus e no crescimento do Corpo Místico.
Resta terminarmos esta introdução pela evocação
de uma palavra de S. S. Pio XII que, assim espera­
mos, poderá dar peso ao esforço tentado nestas pági­
nas: "Poucas necessidades são hoje em dia tão ur­
gentes como a obrigação de reforçar a família cristã.
A família constitui o arco fundamental em que se apóia
todo o edifício da Criação. Se se quiser salvar a exis­
tência da própria humanidade, e fazer com que o fru­
to da Redenção não pereça nela, mister se faz puri­
ficar essa fonte natural de vida''. •

SUMARI
O

Como o Código Social precedentemente publica­


do, o Código Familiar corresponde à preocupação de
unir ao acervo da tradiçiio e dos princípios imutáveis
da filosofia ou da Revelação os valores humanos au­
tênticos que assinalam o contributo do presente ou as
�) Aos que receassem seja esta doutrina demasiadamen­
te elevada, ·não só para o comum das pes.c;oas, porém mes­
mo para um escol cristão, evocaríamos de boa mente o re­
paro de S. S. Pio XII no início da encíclica Myslici Corporis:
"Os mistérios revelados por Deus não podem ser causa de
morte para os homens, nem também devem ficar sem fruto
como um tesouro enterrado num campo; mas Deus os deu pa­
ra servirem ao progresso espiritual daqueles que os meditam
com piedade" (Pio XII, Myslici Corporis, n." 10).
t) Pio XII, ao Congresso Eucarístico colombiano de
Cali, janeiro de 1949.
14 Código Familiar

antecipações do futuro. Este cuidado de um progres­


so na tradição dá à presente obra a forma de 11111 tra­
tado mais airu:Ja do que a de um 11CÓdigo" estritamen­
te dito; e essa forma justifica-se tanto mais quanto a
família, aqui estudada, impende antes à ordem do amor
do que à ordem do direito, e por esta razâo reveste
um caráter não somente contratual e societário, como
também, e principalmente, comunitário. Estas conside­
rações preliminares esclarecerão o plano seguido pela
obra.
PRIMEIRA PARTE

A FAMíLIA EM SI

http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
CAPITULO PRIMEIRO

O FATO FAMILIAR
(Generalidades)

1. DeRnlçio.

A família é um agrupamento natural que acha no


casamento o seu fundamento e, numa filiação saída
desse casamento, o seu acabamento.

2. Natureza e esboço.

A família começa com a formação do par conju­


gal. Completa-se ã medida do nascimento dos filhos,
realizando assim a comunidade familiar própriamente
dita. Por familia no sentido lato entende-se também
a parentela em linha reta e em linha colateral.
Quando, neste Código, o termo família for em­
pregado sem outro qualificativo, geralmente será no
sentido estrito de par conjugal completado pelos filhos.

3. Fins.

I\família tem dois fins: um, objetivo e primor­


dia l : a
propagação e educação da espécie humana; ou­
tro, subjetivo: a intimidade do grupo e a expansão
pl·ssoal dos seus membros.

4. l'urulumenlos.

O fund;um·nto j u rí d ico da família o! o ato contra­


tual "'' matrinuinio, pel o qual duas vidas se ligam uma
;\ outra.
18 Código Familiar. - Parte 1 : A Família e m si

O seu fundamento bio-psicológico é o amor que


mutuamente se dedicam um homem e uma mulher, num
dom recíproco que implica a união dos corpos, com
a vontade, para cada um, de ajudar a plena expansão
desse dom.
O seu fundamento metafísico reside na natureza
sexuada do homem e na ideia eterna subjacente ao
amor humano, a saber: a organização de uma comu­
nidade pessoal e fecunda entre dois indivíduos de sexo
diferente.
Finalmente, o seu fundamento religioso acha-se
no plano criador de Deus, que quis o homem à sua
imagem e semelhança, isto é, realizando entre várias
pessoas uma unidade de amor.

5. família-tipo.
A família-tipo é a família que corresponde às
exigências mais extremadas da pessoa humana envolvi­
da no amor. Finalmente, as exigências mais essen­
ciais do amor são a monogamia e a indissolubilidade.
Essa instituição supõe, de uma parte e doutra
dos esposos, a vontade de organizarem entre suas pes­
soas uma comunidade de destino, carnal, moral, es­
piritual e religiosa, tão perfeita quanto possível.
Essa família-tipo atinge o ideal que a Revelação
traçou da condição conjugal e familiar (Cf. infra III
parte: A família e a Igreja).

6. formas Imperfeitas.

Em face da família ideal, cujo tipo acabado a


Revelação forneceu, existem diversas formas imperfei­
tas de família, as quais só imperfeitamente correspon­
dem aos desejos da natureza. O ideal delas perma­
nece falho, quer sob o ângulo da monogamia e da
Cap. I. O fato familiar 19

lndiiMnluhllldode, quer a respeito da idêntica dignida­


d� f"·'Noa/ dos cônjuges.
NAn oh1tnnle, reata Isto de comum entre essas
tllwrMHM lormu lmper!cllas de famllias: que elas com­
pnrlnm todu p e lo menos, do parte dos esposos, a
vonlmlc do !ormnrcm uma certa comunidade e de acei­
lnrcm um corln Julio colcllvo sob o qual colocaorem o
1011 nmur,
Se �••c elemento falto, JA nllo há mais amor "con­
JnKnl", c pn rlan ln já nllo há mais famllia. Há meras
rclaçOes ocasionais, ainda chamadas "relações livres",
tendentes, por si, à prostituição de uma pessoa à outra.
7. Parentesco naturaL
E', pois, por um abuso de linguagem que se dá
o nome de familia natural ao grupo fundado no duplo
falo da união �exual e da fecundidade, com exclusão
do caráter jurídico do matrimônio e da filiação legi­
tima.
8. Evoluçio.
E' difícil falar de uma evolução progressiva e con­
tinua das formas da família fora do fato judaico e do
fato cristão. Sobre este ponto, a etnologia é cada vez
menos afirmativa. Ao contrário, a história de Israel,
desde Abraão até Jesus, passando por Moisés e pelos
profetas, aduz o testemunho probante de um progres­
so certo e contínuo da instituição familiar no sentido
da família-tipo, fixada pelo cristianismo. Do mesmo
modo, desde a era cristã a consciência das exigências
pessoais e sociais, morais e religiosas do amor con­
jugal, no sentido definido por Cristo, foi-se aprofun­
dando incessantemente no curso dos séculos. Nada as­
Aegura que este progresso esteja terminado. As aspi­
rações contemporâneas de santidade conjugal indica­
riam, muito antes, o contrário.
20 Código Familiar. - Parte I: A Família em si

9. A família, "céluJa.mãe da sociedade" (Pio XI, Ubi Arcano).

E' desejável que a família seja oficialmente reco­


nhecida em todas as nações como a "célula natural,
primária e fundamental da sociedade" '. como "a uni­
dade de base" (Pio XII, Mensagem de Natal de 1942)
do organismo social. Efetivamente, "a cidade é aquilo
que as famílias a fazem (Pio XI, Casti Connubii) , "a
família é coisa sagrada; não é o berço apenas dos
filhos, mas também da nação, da sua força e da sua
glória" (Pio XII, 1 942 ) . Em suma, "é em grande parte
no recinto das famílias que se prepara o destino dos
Estados" (Leão XIII) , porquanto, se "fragmentos de
famílias despedaçadas ou desagregadas não são lã
muito mais próprios para constituir uma sociedade
sadia e estável do que um conglomerado amorfo de
indivíduos" (Pio XII, 1945 ) , pelo contrário, "a dig­
nidade e a santidade da vida conjugal e familiar é
como que a coluna vertebral do Estado" (Pio XII,
1946 ) . Com efeito, "o que faz uma nação próspera são
os costumes puros das famílias fundadas em bases
de ordem e de moralidade" (Leão XIII, Rerum No­
varum).

1 O. Família aberta.
A família não deve ceder à tentação de se fechar
sobre si mesma, procurando tanto quanto possível bas­
tar-se, sem se preocupar com o bem das outras famí­
lias e com o bem da sociedade. Deve ela, ao contrário,
lembrar-se de que os seus interesses particulares (ma­
teriais e morais) devem ser demandados no quadro
do bem geral de que ela é solidária e para o qual de­
ve, por sua parte, contribuir com todas as suas forças.
') Declaração dos Direitos do Homem (ONU): "A la·
mília é o elemento natural e fundamental da sociedade, c
tem direito à. proteção da sociedade e do Estado" (art. 16).
Cap. I. O falo familiar 21

SUMARIO
A família é um agrupamento, participante ao mesmo tem­
po tia instituição e da comunidade, fundado pelo casamento
e rematado pela filiação legítima.
Dupla é a sua finalidade: de lllm lado, assegurar a pro­
pagação e a educação da espécie, e, de outro lado, a intimi­
dade do grupo, assim como a expansão pessoal dos seus
membros.
Fundada nas exig�ncias mais profundas do direito, das
tendências naturais e da religião, ela atinge, nas suas for­
mas acabadas, que comportam essencialmente a monogamia
e a indissolubitidade, atinge o ideal que a Revelação traçou
da condição conjugal e familiar.
Nas suas formas imperfeitas, ela comporta pelo menos,
da parte dos esposos, a vontade de construírem uma certa
coTTillnidade e de aceitarem um certo jugo objetivo sob o
qual colocarem o seu amor.
A história aduz o testemunho probante de um progresso
continuo d,-r instituirão familiar no sentido da familia-tipo,
fixada pelo cristianismo, e, desde a era cristã, o testemunho
de uma tomada de consciência sempre mais viva das exigên­
cias pessoais e sociais, morais e religiosas do amor conjugal,
no sentido definido por Cristo.
Assim concebida, a família aparece verdadeiramente co­
mo a célula da sociedade, e não pode ser senão UfllLl comu­
nidade aberta a todos os valores humanos na perspectiva do
bem geral.
CAPITULO 11

O CASAMENTO

11. Idéia geraL


O casamento é a união do homem com a mulher,
formada em vista da criação de uma família. Corren­
temente, o termo casamento designa ao mesmo tempo
o estado de comunidade conjugal e familiar em que se
entrou, e o ato contratual pelo qual a ele se tem acesso.
Para maior clareza, ao termo casamento só será
aqui conservado o seu segundo sentido (contrato) . O
estado de matrimônio será designado pelo apelativo:
comunidade conjugal e familiar, ou, ainda mais sim­
plesmente, pelo vocábulo: família.

12. Noçio jurídica (contrato).


O casamento é um contrato solene, criador, para
os contratantes, de compromissos recíprocos, tenden­
tes à fundação de uma familia.
Enquanto contrato solene, ele se confunde com o
acordo de vontades dos dois esposos, manifestado de
maneira pública.
Enquanto criador de deveres irrevogáveis, difere
essencialmente da união livre, em que nem o homem
nem a mulher entendem de contrair obrigações objeti­
vas válidas e duráveis.
A lei civil não faz mais do que reconhecer esse
contrato, sem o haver instituído. Com efeito, por na­
tureza e em sua substância, este lhe é anterior, sendo
Cap. 11. O casamento

que a lei civil apenas junta a esse contrato os seus


efeitos jurídicos, que são de grandíssimo alcance so­
cial.

§ 1.• O CASAMENTO (ENTRE NAO CRISTAOS).

13. O casamento entre não cristãos.


Sendo, por natureza, o casamento o ingresso de
duas pessoas de sexo diferente numa comunidade de
amor e de destino, esse ingresso dependerá de duas
concepções mui diferentes, conforme puser em causa
não batizados ou batizados.
No caso de o ingresso pôr em causa dois não
batizados, o casamento será dito legítimo se corres­
ponder aos fins essenciais dessa instituição natural.

14. Fins do casamento. Fim primário. fim secundário.


Visando o contrato matrimonial fundar uma famí­
lia, os contratantes não batizados devem, ao menos
implicitamente, e para que a sua união seja legitima,
propor-se os dois fins essenciais seguintes: a pro­
criação e a educação de filhos, a expansão pessoal
e mútua dos esposos por uma vida em comum. '
Contudo, pelo fato de a procriação e a educação
dos filhos darem em última análise o seu sentido es­
pecifico à instituição comunitária que é a família, esse
fim será dito fim primário, sendo o outro o fim se­
cundário.
1) As vezes a lgr.eja dá, como outro fim secundário ao
c.asamento, o "remédio à concupiscência" (c. 1013, § 1). Este
f1m, que redunda em querer conferir um caráter de mora­
li�ade e de. santificação à vida sexual conjugal, está im­
plicado no f1m secundário tal como mais acima foi enumerado.
24 Código Familiar. - Parte I: A Familia em si

15. O casamento, instituição naturalmente sagrada.


Em todo casamento legítimo "há algo de sagrado
e de religioso, que não lhe é acrescentado (por uma
mera cerimônia ou por um rito), mas inato, e que ele
não deve aos homens, mas recebe da natureza. Por
isto é que Inocêncio 111 e Honório 111 puderam, com
razão e sem temeridade, afirmar que o sacramento do
matrimônio existe entre os fiéis e entre os infiéis"
(Leão XIII, Arcanum, p.29-30). O que, aliás, não sig­
nifica que o termo "sacramento" deva designar uma
realidade idêntica quando se aplica à instituição na­
turalmente sagrada dos infiéis, e à instituição divina­
mente sacramentãria dos fiéis.
Em todo caso, sendo o casamento, em si mesmo,
por essência e por natureza, coisa sagrada, transcende
o gênero e a realidade dos contratos puramente civis,
e, por esse mesmo fato, excede a competência especi­
fica da sociedade civil e do Estado temporal.

16. Celebraçlio.
Visto que o consentimento contratual dos esposos
constitui essencialmente, por si só, o casamento legí­
timo, nenhuma autoridade, nem humana, nem religiosa,
pode supri-lo.

17. Propriedades essenciais.


As propriedades essenciais à forma perfeita do
casamento são a unidade e a indissolubilidade. "Estas
recebem no casamento cristão uma força particular,
em razão do caráter sacramental da união conjugal"
(cân 1 01 3, § 2 ) .

18. Preparação para o casamento.


Em razão do caráter, a um tempo sagrado e
único no seu gênero, desse compromisso matrimonial,
Cap. 11. O casamento 25

é desejável que se generalize uma preparação para


o casamento.
Com efeito, "tudo o que é emprego, profissão da
vida temporal e terrena, certamente de menos impor­
tância, vê-se precedido de longos estudos e de prepa­
ração acurada; ao passo que para o emprego e para
o dever fundamental da educação dos filhos, muitos
(esposos) e pais hoje em dia estão pouco ou nada
preparados" (Pio XI, Divini 11/ius Magistri, n• 75).
Essa preparação deve ser normalmente ministra­
da à juventude por ocasião da educação psicológica,
moral e religiosa que incumbe, antes de tudo, à famí­
lia. As escolas públicas e particulares de qualquer grau,
os cursos de puericultura e de pedagogia, um ensino
feminino inteligentemente adaptado, podem ajudar po­
derosamente a família a cumprir esse dever essencial.
Centros de consulta médico-conjugal podem igual­
mente prestar grandes serviços, com a condição de se
inspirarem nas exigências morais e religiosas da pes­
soa humana, e de lhe respeitarem as liberdades pri­
mordiais (cf. infra, 74-III, a-135).

19. Regimes matrimoniais.


Casando-se, os esposos recebem ou adotam pa­
ra seus bens um regime que determina a propriedade
e a gestão dos recursos do casal, e, pela morte de
um dos esposos, a sorte do patrimônio familiar.
Diversos regimes matrimoniais definidos pelo di­
reito civil são utilizáveis, desde a separação de bens
até à comunhão. Não obstante, devem os esposos, ao
escolherem o seu regime, ter o cuidado de preferir
aquele que lhes parecer mais apto a favorecer os
seus progressos na união e na comunhão pessoais. O
regime de direito comum deve ser, normalmente, um
regime de comunhão.
26 Código Familiar. - Parte 1: A Família em si

2.• O CASAMENTO-SACRAMENTO DOS CRISTÃOS

20. O sacramento.
Como o ensina Leão X l l l na enciclica Arcanum,
"o casamenlo de dois batizados foi elevado à digni­
dade de Sacramento por Nosso Senhor Jesus Cristo,
que, querendo restaurar a dignidade humana e aper­
feiçoar as leis mosaicas, ocupou-se do casamento com
solicitude toda particular. Com efeito, Ele enobreceu
com a sua presença as bodas de Caná na Galiléia,
e tornou-as memoráveis pelo primeiro dos seus mila­
lagres. Por isto o casamento parece ter começado a
receber, nesse dia, em razão das circunstâncias� um
novo caráter de santidade" (Leão Xlll, Arcanum, Ed.
Spes, p. 1 3 ) .
"Não há nada mais contrário à verdade d o que
considerar o sacramento como uma espécie de cerimô­
nia adicional ou um caráter extrinseco que possa, ao
gosto dos homens, ser dissociado e suprimido do con­
trato" (Leão Xlll, Arcanum, p. 25).
"Essa elevação do contrato matrimonial à ordem
sacramental confere aos esposos cristãos o direito e a
possibilidade de, como convém ao seu caráter de fi­
lhos de Deus chamados à santidade, cumprirem os
deveres a que estão sujeitos para consigo mesmos e
para com seus filhos" (Cf. infra, cap. IV-V) .

21. Contrato matrimonial sacramental. Seu objeto.

Segundo a Igreja, o contrato matrimonial eleva­


do por Cristo ao valor e à dignidade de sacramento
é aquele que exprime "um acordo de vontades pelo
qual um homem e uma mulher se dão e aceitam mu­
tuamente um direito perpétuo e exclusivo sobre seus
corpos, para cumprirem os atos aptos por sua natu­
reza a assegurarem a procriação dos filhos (Código
Cap. 11. O casamento 27

de Direito Canônico da Igreja, C. I 081, § 2. Casti


Connubii, p. 22).
Daí advém que um tal contrato matrimonial j á
não pode existir vàlidamente, entre batizados, sem ser
ao mesmo tempo sacramento (C. 1 0 1 2, § 2 ) .
Doravante é desse casamento "contrato-sacramen­
to" que se tratará nestas páginas, aliás conformemente
às definições do Direito Canônico da Igreja Católica.

22. Noivado.
O noivado tem por fim preparar mais imediata­
mente os futuros cônjuges para o seu mútuo compro­
misso, convidando-os a compreender melhor toda a
seriedade do empreendimento. Consiste, para eles, na
promessa recíproca de se desposarem mais tarde.
O noivado difere profundamente disso a que al­
guns têm chamado o casamento de experiência, ou
mais exatamente o casamento de companheirismo (Lind­
sey), pelo fato de não conferir nenhum direito à
união carnal; esta é reservada aos que contraíram
formalmente casamento. O noivado não tem força obri­
gatória, mesmo em face da consciência, a não ser se
for vàlidamente consentido segundo a forma escrita
prevista pelo cânone 1 0 1 7. Mesmo assim concebido,
ele ainda deixa a liberdade de casar ou não. A rup­
tura não justificada acarreta direito a reparação, se
houver causado dano.

i3. Condições de validade.


Para ser válido e l ícito, deve o casamento cristão
ser contraído pelos dois esposos sob certas condições:
umas definem certas interdições especiais ou "impe­
dimentos" de se casar, outras precisam ou a natureza
e as qualidades do acordo de vontades, ou a forma
segnndo a qual deve o consentimento ser dado.
28 Código Familiar. - Parte I: A Família em si

Essas condições do casamento procedem de dois


pontos: primeiro do fato de ser o casamento um con­
trato; depois, do fato de dever ele fundar uma fa­
mília, e, por conseguinte, corresponder às necessida­
des desta. Enquanto contrato, o casamento em que ao
menos uma das partes é batizada é da alçada !mica­
mente do direito da Igreja. Enquanto é fundação de
uma família, as legislações civis, de um lado, em res­
peito ao direito divino, natural ou positivo, e, de ou­
tro lado, em respeito ao direito canônico, caso um
dos contratantes seja batizado, terão de organizar tan­
to a proteção da familia a fundar, como a das famílias
já existentes.
A Igreja reconhece a todo ser humano a faculdade
de se casar, mas acentua haver impedimentos que po­
dem interditar certos casamentos. Essas interdições
decorrem, para todo casamento, do direito divino, na­
tural ou positivo, e, para os batizados, do direito po­
sitivo emanante somente da suprema autoridade ecle­
siástica. Esses impedimentos são ou dirimentes, ou
simplesmente proibitivos. Os impedimentos dirimentes
tornam inválido o casamento. Os impedimentos proi­
bitivos tornam-no apenas ilícito, isto é, válido mas
proibido.

24. Condições relativas à Idéia de contrato: consentimento.


Em virtude da natureza do contrato, o qual é
acordo das vontades, o consentimento dos contratan­
tes é necessário, e não pode ser suprido ( cânone 1 08 i,
§ 1 ) . Pode, todavia, ser dado por procuração.
Quanto à inteligência, deve o consentimento ser
verdadeiro, deliberado. Pode ser viciado pela simula­
ção, pela alienação mental, pela ignorância da natu­
reza do casamento (o futuro cônjuge deve saber ao
menos que o casamento é uma sociedade entre pes-
Cap. 11. O casamento 29

soas de sexo diferente, ordenada à procriação dos


filhos), ou pelo erro sobre a identidade da pessoa.
Quanto à vontade, deve o consentimento ser livre
e sem exclusão positiva de um elemento essencial por
parte de nenhum dos co-contratantes. Assim, pode
ele ser viciado quando a vontade cedeu sob a ação da
violência, ou de um temor grave inspirado por uma
vontade estranha, injusta, e tal que a pessoa não po­
dia livrar-se dela senão aceitando o casamento.
Sem dúvida, por esta razão, e por presunção de
casamento forçado, foi que a Igreja criou o impedi­
mento dirimente de rapto entre o homem raptante e a
mulher que ele raptou em vista de se casar com ela,
ao menos enquanto ela ficar sob a dependência dele
{c. 1 074).
Por outra parte, aniquila o consentimento todo
ato positivo da vontade - realizado ou não, sob for­
ma de condição pessoalmente imposta - que exclui
seja o próprio casamento ou o seu caráter sacramen­
tal, seja todo direito ao ato· conjugal ou a ordenação
desse ato à procriação dos filhos, seja uma proprie­
dade essencial do casamento. Nenhuma condição reso­
lutória desse gênero pode, assim, ser admitida.

25. Condições relativas à família a fundar.


a) Aptidão sexual. - Visando o casamento fun­
dar uma família, os contratantes devem ser sexual­
mente aptos a fazê-lo. A impossibilidade antecedente
e perpétua de estabelecer relações sexuais normais
constitui, segundo o direito natural, o impedimento
dirimente de impotência. A esterilidade, compatível com
relações sexuais normais, não é, pelo contrário, impe­
dimento nem dirimente nem proibitivo. ( Certificado
pré-nupcial, cf. infra, n. 1 06) .
30 Código Familiar. - Parte 1: A Família em si

b) Capacidade jurídica. - O casamento supõe,


além disto, uma capacidade jurídica, definida pela
idade habitualmente requerida. Com efeito, o consen­
timento dos pais não entra, segundo o direito canô­
nico, na idéia de capacidade j urídica para o casa­
mento (c. 1 034. Concilio de Trento. Leão XIII, Ar­
canum, p. 23).
c) Parentesco. - Por motivos de respeito mútuo
no seio das famílias, o parentesco constitui sempre
impedimento de casamento em linha direta ascenden­
te ou descendente, e· em linha colateral até o terceiro
grau, na forma do direito canônico' (c. 1076) .
d) Honestidade pública. - Por motivos análogos,
um casamento inválido, consumado ou não, um con­
cubinato notório ou público, criam um impedimento
dirimente, dito de honestidade pública, em linha dire­
ta até o segundo grau' (c. 1078 ) .
e) Parentesco espiritual. - Mesmo não havendo
aliança ou parentesco, a Igreja proíbe o casamento
sacramental entre batizante e batizado, entre padrinho
ou madrinha e batizado (c. 1 079).
f) Disparidade de culto. - Enfim, a Igreja proí­
be o casamento entre um batizado na Igreja Católica
e um não batizado. (Impedimento de disparidade de
culto, c. 1 070).

26. Condições destinadas a proteger as outras famílias ou


outras vocações existentes.
a) Casamento existente. - O casamento é invá­
lido entre indivíduos que, de ambas as partes ou só
') Em direito canônico, conta-se o número de gerações
na mais longa das duas linhas que vai de um dos pais ao
autor comum. Assim, os primos germanos são parentes em
segundo grau.
1) Por conseguinte, 'Jlão há casamento válido entre um
amante e os pais, avós, filhos ou netos da sua parceira.
Cap. 11. O casamento 31

de um lado, já estivessem envolvidos nos laços de um


casamento não dissolvido, sacramental ou legítimo ',
consumado ou não.
b) Ordens sagradas. Votos. - O casamento é
inválido, em direito canônico, com as pessoas já com­
prometidas nas Ordens sacras maiores (episcopado, sa­
cerdócio, diaconato, subdiaconato) (c. 1 07 1 ), como
também as pessoas comprometidas em votos solenes
de religião, ou a tais assimilados pela Igreja (c. 1 073).
c) Para evitar a perturbação profunda que haveria
risco de nascer entre membros, por aliança, de uma
mesma família, se estes pudessem deitar os olhos uns
sobre os outros em vista de segundas núpcias, foram
criados impedimentos de afinidade. O impedimento de
afinidade torna inválidas segundas núpcias de um viú­
vo com os parentes da mulher falecida, ascendentes
ou descendentes em linha reta em todos os graus (mãe,
filha, etc.) , bem como com os colaterais até o se­
gundo grau (irmã, tia, sobrinha ou prima germana) .
O mesmo impedimento vigora entre uma viúva e os
parentes de mesmo grau do marido falecido (c. I 077 ) .
d) O impedimento de crime torna inválido, em
direito canônico, o recasamento de um viúvo ou de
uma viúva com o parceiro adúltero a quem foi feita
promessa de casamento, ou com quem foi "perpetrado"
casamento civil. Por isto os divorciados "tornados a
casar civilmente" - para adotarmos a expressão cor­
rente - não podem, por morte do cônjuge, fazer re­
gularizar sacramentalmente a sua situação senão com
dispensa da Igreja.

4) A menos que - fora o caso de um casamento sa­


cramental válido e consumado que só pode ser dissolvido
pela morte - in tervenha ou uma dispensa do Papa em vir­
tude do seu poder apostólico, ou o privilégio paulino ou o
privilégio da fé (c. 1 1 19-1 120- 1 1 23).
32 Código Familiar. - Parte I: A Família em si

O impedimento de crime torna igualmente in­


válido, no caso de morticínio do cônjuge, o recasa­
mento do cônjuge sobrevivente com o cúmplice (fí­
sico ou moral) do seu crime, mesmo se não tiver ha­
vido adultério entre eles.
O impedimento de crime interdiz, enfim, o casa­
mento entre aqueles que, durante o casamento legí­
timo de um deles, consumaram entre si o adultério,
e dos quais um ou outro matou o esposo legítimo
(c. 1 075) .

27. lmpedlmentos proibitivos.


Não anulam o casamento, mas o tornam ilícito,
os três impedimentos canônicos : a) de votos simples
de virgindade, de castidade perfeita, de celibato ou
de ingresso nas Ordens sacras ou no estado religioso;
b) de parentesco legal resultante da adoção civil,
mas sõmente quando esta acarreta, em direito civil,
mero efeito proibitivo; c) de religião mista (dois ba­
tizados, dos quais um é católico e o outro filiado a
uma seita acatólica ou atéia (c. 1058, 1 059, 1 060).
Neste último caso, a Igreja só aceita dispensa se a
parte não católica se comprometer a fazer batizar e
a educar os filhos na fé católica •

28. Dispensas.
Certos dos impedimentos sobreditos podem ser le­
vantados por dispensa, desde que não sejam de di­
reito divino natural ou positivo. A Igreja pode impor
condições à obtenção de uma dispensa, por exemplo
para o impedimento chamado de religião mista.
8) Em certos países, é muito oportunamente exigido da
parte não católica ter tido, antes do casamento, algumas
conversas com um sacerdote, num intuito de informação re­
lativa à religião da outra parte, bem como às obrigações mo­
rais impostas pela fé católica.
Cap. 11. O casamento 33

29. PreUmlnares à celebração.


Sendo o casamento celebrado consoante as re­
gras canônicas, o único que, para batizados, tem o
valor de contrato de fundação de uma família, re­
quer, para ser lícito:
a) Antes da celebração, um "inquérito prelimi­
nar" (c. 1 020- 1 033) , que o vigário promoverá junto
aos futuros esposos. Esse inquérito terá por fim le­
var os noivos a examinar-se sobre o valor das suas
intenções, e particularmente sobre a conformidade
dessas intenções com as condições objetivas de um
casamento válido.
b) Proclamas, ou banhos, de casamento, em nú­
mero de três, apregoados na paróquia de cada um
dos futuros esposos dentro dos seis meses preceden­
tes à celebração do casamento.

30. Celebração.
A celebração do casamento, como foi dito nos
artigos 1 6 a 24, consiste essencialmente na troca de
consentimentos verdadeiros e livres entre os futuros
esposos. Mas, habitualmente, o direito prescreve, sob
pena a invalidade, uma forma solene, e, especial­
mente para o casamento entre batizados dependen­
tes da Igreja Católica, a intervenção do sacerdote
competente e a presença de duas testemunhas.

S U MAR I O
O casamento é a união do homem com a mulher, for­
mada em vista da criação de uma família. Considerado no
ato pelo qual a ele se tem acesso, ele é um contrato solene,
criador de compromissos recíprocos, tendentes à fundação de
uma família.
Por sua natureza ele é anlerior à lei posiliva, que por­
tanto não pode senão reconhecê-lo e lhe determinar as con-
34 Código Familiar. - Parte 1: A Famllia em si

dições, no respeito da sua finalidade e das suas proprieda­


des essenciais. Dupla é a finalidade do casamento; ela com­
porta um fim primordial : a procriação e a educação dos
filhos, e um fim secundário : a expansão pessoal e mútua
dos cônjuges pela vida em comum. As suas propriedades
essenciais são a unidade e a indissolubilidade.
Se bem que o ingresso no casamento dependa de duas
condições mui diferentes, conforme ele ponha em causa ba­
tizados ou não batizados, comporta no entanto, em qualquer
hipótese, algo de religioso e de sagrado. No casamento dos
batizados, essa nota sagrada tem o valor de um sacramento
prOpriamente dito que se identifica com o próprio contrato.
Por estas •razões, todo casamento em que ao menos uma
das partes é batizada, compete à autoridade da Igreja, a
qual a sociedade civil tem por dever respeitar, como de seu
dever é, quando lhe sucede regulamentar o casamento dos
não batizados, conformar-se às leis naturais e divinas que
regem a instituição do casamento.
Para ser válido e lícito, o casamento cristão deve ser
contraído sob certas condições que concernem seja ao pró­
prio consentimento das partes contratantes, seja à forma sob
a qual é ele emitido, seja cnrim à capacidade ou aptidão
pessoal deles. A estas úl timas condições são relativos os im­
pedimentos de casamento prOpriamente ditos. Estes são de
direito divino ou eclesiástico, dirimentes ou proibitivos, con­
forme emanem da lei divina ou eclesiástica, e tornam o
casamento inválido ou simplesmente illcito.
CAPITULO 111

A COMUNIDADE CONJUGAL

31. O par conjugal.


Ligado pelo casamento, o par conjugal apresen­
ta-se, na sua realidade indivisivel, ao mesmo tempo
como sociedade e como comunidade.

32. Sociedade de cônjuges.


Associados pelo seu contrato matrimonial, os côn­
juges formam uma verdadeira sociedade conjugal.
A sua associação propõe-se, com efeito, perseguir
fins objetivos, exercendo funções, sob a direção e o
controle de uma autoridade.
a) Esses fins objetivos são, antes de tudo, a pro­
criação e a educação dos filhos, mas também o bem
comum do lar.
b) As funções exprimem, ao mesmo tempo, a con­
vergência de esforços dos cônjuges para fins objeti­
vos, e a divisão do trabalho, empregando-se cada um
no bem comum segundo o seu sexo, o seu tempera­
mento, os seus talentos e as suas faculdades adqui­
ridas ( negócios exteriores, cuidados da casa, etc. ) .
c ) A autoridade reside naquele que por natureza
é o chefe da sociedade conjugal: o marido.
Com efeito, por si mesma a natureza designou
essa autoridade, provendo de modo especial o sexo
masculino das aptidões necessárias ao exercido dela.
36 Código Familiar. - Parte 1: A Família em si

33. Comunidade de esposos.


Associados para funções complementares, os côn­
j uges formam ao mesmo tempo uma comunidade de
pessoas, isto é, uma intimidade partilhada.
De feito, além dos fins objetivos da procriação
educadora e da edificação do lar, os esposos enten­
dem de realizar, pelo seu casamento, "uma comunhão
de toda a vida, uma intimidade habitual" (Casti Con­
nubii).
Ora, a intimidade já não aproxima os seres so­
mente por fora, por fins extrínsecos, por papéis e fun­
ções. já não subordina a uma obra. E' comunhão, co­
munidade de seres.
Destarte, é pois o próprio ser, no seu princípio
original de liberdade, naquilo que ele tem de mais pes­
soal e inalienável, que se implica. Aquilo que é conhe­
cido, amado e dado é, não uma parte de atividade,
não um papel social, mas a própria personalidade.
E, assim como o aspecto societário do casamento
supunha a autoridade, assim também o aspecto co­
munitário exigirá acima de tudo o amor. Efetivamen­
te, é no amor, como dom de si gratuito e desinteres­
sado, que se forja e se realiza a intimidade.

34. Comunidade conjugal de destino.


Propondo-se, pois, uma intimidade crescente, de­
vem os esposos normalmente procurar reencontrar um
no outro as suas próprias razões de existir, isto é, o
fim último e transcendente das suas duas personali­
dades.
O seu destino total entra, pois, em compos1çao
na comunização de todo o seu ser. A sua comunida­
de tende a ser uma comunidade total de destino na
ordem temporal e material, sem dúvida, mas também
de destino eterno, na ordem espiritual e sobrenatural.
Cap. J/1. A Comunidade conjugal 37

35. Comunidade Sagrada.


Religiosa e sagrada por natureza e por destina­
ção, como que implicando por si o mistério do destino
eterno das pessoas, a comunidade conjugal tem o de­
ver de invocar o Senhor e o Autor transcendente desse
destino.
Bem mais, ela só pode ser perfeita entre esposos
com a condição de convocar e de incluir em si Deus,
princípio e fim de todo destino.

36. Comunidade carnal.


O que especifica a comunidade conjugal entre to­
das as comunidades de pessoas é que ela é, ao mes­
mo tempo, carnal.
A carne serve-lhe, com efeito, de assinatura e de
selo, pela possibilidade que oferece aos esposos de en­
carnarem, de maneira tangível e indelével, o dom in­
terior e espiritual das suas personalidades.

37. Leis do par conjugaL


O par conjugal, enquanto sociedade-comunidade,
está sujeito a um conjunto de leis fundamentais.
Inscritas na natureza do homem, essas leis só
foram. entretanto, manifestadas à sua consciência,
consoante as úl timas exigências delas, pela Revela­
ção cristã.
Podem elas ser reduzidas a quatro: leis de uni­
dade, de indissolubilidade, "de ordem do amor" e,
enfim, de fecundidade.
38. Leis de unidade e de indissolubilldade.
A lei da unidade formula-se assim: um só esposo
para uma só esposa.
A da indissolubilidade acrescenta: o mesmo e a
mesma para a vida toda.
38 Código F·amitiar. - Parte 1 : A Famllia em si

São, esses, dois aspectos de um mesmo principio,


a intimidade, que, considerada sob o ângulo da simul­
taneidade, exige a unidade, e, sob o ângulo do tem­
po, a indissolubilidade.
Essa dupla exigência é de direito natural e di­
vino. Diz Pio XI, citando Pio VI : "Mesmo no estado
de natureza, e, em todo caso, muito antes de ser ele­
vado à dignidade de sacramento propriamente dito, o
casamento foi divinamente constituído de maneira a
implicar um vínculo perpétuo e indissolúvel, que ne­
nhuma lei humana pode mais, em seguida, denunciar"
(Casti Connubii).
O mesmo se dá com a lei de unidade conjugal,
que "a lei evangélica restaurou na integridade da sua
unidade primitiva"; "unidade absoluta" de que o Cria­
dor quis dar-nos o primeiro exemplo no casamento de
nossos primeiros pais, não devendo esse casamento
existir senão "entre um só homem e uma só mulher"
(Casti Connubii).
A unidade e a indissolubilidade convêm, pois,
em si, a toda verdadeira união conjugal, mesmo onde
quer que a consciência humana, sem o socorro da Re­
velação, não esteve em medida de lhe descobrir a
exigência absoluta.

39. A lndissolubilldade confirmada por Cristo.


A unidade e indissolubilidade de direito natural
e divino, a palavra de Cristo veio aditar um caráter
absoluto, até então mais pressentido do que clara­
mente percebido.
Com efeito, lá onde o Gênese estabelecia a obri­
gação de unidade indissolúvel sob a forma ainda
um pouco velada de uma declaração divina: "Dei­
xará o homem seu pai e sua mãe e unir-se-á à sua
Cap. 111. A Comullidade conjuglll :t!l

mulher, e eles serão ' uma só carne", Cristo adita a ple­


na luz de um preceito estrito e sem exceção possive/.
De feito, prescreve Ele: "Não lestes que Deus, que
criou o homem, desde a origem o fez (sexualmente)
macho e fêmea, e disse: Por causa disso, deixará o
homem seu pai e sua mãe e unir-se-á à sua mulher,
e serão dois num só (ser de) carne?". Se assim deve
ser, pois, dos esposos, eles já não são dois, mas sim
um único ser de carne. Em consequência, não separe
o homem aquilo que Deus uniu. "Entretanto, - re­
plicam os judeus - Moisés bem que autorizou o
repúdio oficial de uma esposa com libelo de repúdio".
E Jesus: "0 que Moisés teve de fazer, dada a dureza
dos vossos corações, na origem não tinha sido pre­
visto tal (para o protótipo do casamento). Mesmo por­
que, digo-vos, todo aquele que despedir sua mulher
- salvo o caso de falso casamento (prostituição) '
- e desposar outra, cometerá adultério. Quanto ao
que esposar uma mulher repudiada, também come­
terá adultério" (Mt 1 9, 4- 1 9 ) . Ao que os discípulos
redarguiram: "Se tal é a condição do homem casado,
melhor é não se prender nos laços do casamento".
O regime do divórcio está, pois, em oposição for­
mal com a instituição conjugal tal como Cristo teve
cuidado de definir, tornando explícitas, sem equivoco
possivel, as suas exigências absolutas.

40. A ordem do amor.


Se é normal que, nos agrupamentos em que o
aspecto societário deve predominar sobre o aspecto
comunitário, a ordem em vigor seja sobretudo uma
ordem de autoridade, num agrupamento como a la-

1) A versão dita dos Setenta (LXX) precisa : ••os dois".


�) j. Bonsirven, Le Divorce dans /e Nouveau Testamenf,
Dcsclée, 1949.
40 Código Familiar. - Parte 1: A Familia em si

mília, onde o aspecto comunitário deve prevalecer so­


bre o aspecto societário, justo é que "o amor conju­
gal . . . mantenha uma certa primazia de nobreza" (Pio
XI, Casti Connubii, p. 4). Assim deve ele penetrar
toda a vida conjugal e harmonizar o conjunto dos di­
reitos e deveres dos esposos, naquilo que denomina­
remos a "ordem do amor".
Não abolindo a ordem societária, mas impregnan­
do-a de uma virtude mais eminente, a ordem do amor
deixará, pois, intacta a função de autoridade que toca,
por primado, ao marido. En tretanto, lá onde os valo­
res de intimidade e de comunhão predominam, as fun­
ções respectivas atribuídas a cada cônjuge exercer­
se-ão harmoniosamente, sem que seja necessário fa­
lar de subordinação ou de tutela, sendo estas a !ilu­
des excedidas. De feito, seria sinal de uma comuni­
dade ainda bem imperfeita entre esposos a necessi­
dade de um recurso habitual a razões de autoridade.
O exercício dessa autoridade deve poder reduzir-se
aos casos em que o amor não consiga resolver: de­
sinteligências, erros, faltas.
Chegar-se-á mesmo à convicção de que o papel
da esposa se ampliará à medida que essa ordem do
amor prevalecer. Com efeito, segundo a palavra de
Pio XI: "Se o marido é a cabeça, a mulher é o co­
ração, e, como o primeiro possui o primado de go­
verno, esta pode e deve reivindicar como seu esse
primado do amor" (Casti Connubii, p. 27) .
De onde j á agora pode deduzir-se com mais cer­
teza a condição da mulher na família.

41. Condição da mulher.


a) Enquanto pessoa humana e em face dos seus
fins últimos, a mulher casada é a igual absoluta de
seu marido.
Cap. 111. A Comunidade conjugal 41

b) Enquanto associada para uma comunidade de


destino pessoal e carnal, "a esposa ainda é a igual
de seu marido naquilo que é próprio à pessoa e à
dignidade humanas, e naquilo que, decorrendo do pac­
to nupcial, é implicado pela vida conjugal (jus in cor­
pus) : nessas coisas, cada um dos dois esposos goza
seguramente dos mesmos direitos e está sujeito às
mesmas obrigações" {cf. infra, 55-57, procriação)
(Casti Connubii).
c) Enquanto associada ao seu marido para cum­
prir as funções objetivas essenciais ao lar: educação
dos filhos, organização da casa e do meio familiar, a
mulher participa da autoridade do marido muito mais
segundo uma lei de amor do que segundo uma lei de
justiça.
Sem embargo, em caso de desacordo persistente,
e mesmo após esforços de conciliação amigável, o
bem da comunidade familiar pode às vezes exigir da
esposa um certo sacrifício, ou pelo menos um abran­
damento judicioso da sua concepção própria, em vir­
tude do governo do marido; a não ser que no caso
estejam implicados valores essenciais impossíveis de
sacrificar. Neste caso, uma esposa verdadeiramente
amante porá tudo em obra para pelo tempo adiante,
com paciência, com doçura, com jeito, induzir seu
marido a reencarar a questão. Nas mãos de uma mu­
lher verdadeiramente cônscia da sua vocação própria,
a ordem do amor acabará impondo-se por si mesma,
sem que a autoridade tenha perdido o quer que seja
dos seus direitos.
d) Deixamos para o capítulo 11 da segunda par­
te (n. 1 1 6 b) a questão da condição jurídica da mu­
lher casada, tanto no que concerne à sua pessoa como
no que concerne aos seus bens.
42 Código Fomiliar. - Parte I: A Fam//ia em si

42. O trabalho da muUter casada.


Como mais adiante será dito (n. 1 1 5 a), o lugar
da mulher casada, e sobretudo da mãe, é primeira­
mente no seu lar, e só depois na cidade, e, o mais
possível, ao lado de seu marido. Isto decorre do pri­
mado de amor que toca à mulher.

43. justificações naturais dessas diversas leis.

A unidade e a indissolubilidade da comunidade


conjugal, como também a ordem do amor que a ela
deve presidir, justificam-se, entre outros motivos, pe­
lo interesse dos filhos, pelas exigências de salvaguar­
da e de expansão do verdadeiro amor conjugal, pelo
respeito da mulher, pelo papel do lar na sociedade.
a) O interesse dos filhos exige, com efeito, a per­
manência junto a eles de seu pai e de sua mãe. O fi­
lho não recebe dos pais somente a vida corporal, como
os animaizinhos. Devem-lhe também os pais a vida
da alma pela educação. Porquanto, se o animal tem o
instinto para se comportar, para dirigir a sua vida o
homem necessita de uma educação, isto é, de uma
formação consciente e livre do seu espírito, da sua
vontade e do seu coração.
Ora, essa formação, elevada mas lenta, faz-se du­
rante longos anos. Operam-na os pais primeiramente
no lar, num comum afeto, num comum exemplo, num
comum labor. Continuam-na mesmo durante sua vida
toda, permanecendo sempre sendo o exemplo e o con­
selho de seus filhos.
Só a união indissolúvel assegura tal formação e
tal influência; a união temporária compromete-os es­
sencialmente, como se vê todos os dias.
b) A salvaguarda e a expansão do verdadeiro
amor conjugal exigem, do mesmo modo, a união una
Cap. 111. A Comunidade conjugal 43

e indissolúvel dos esposos. De fato, o verdadeiro amor


humano - nisto diferente da simples atração sexual
dos animais - procura crescer incessantemente em in­
timidade, aproximando aqueles que se amam, por den­
tro e pela totalidade do seu ser. Ora, a união tem­
porária é absolutamente incompatível com esses dois
caracteres de intimidade c de totalidade. A sua recusa
de compromisso definitivo e absoluto contamina para
sempre o amor de um irrcmissivcl vicio de superflui­
dade e de versa tilidade. Ao contrário, só a união in­
dissolúvel empenha assaz a fundo as almas para fa­
zê-las triunfar de toda inconstância.
c) O respeito da mulher exige igualmente a união
indissolúvel.
Companheira e associada do homem, guardiã e
rainha do lar, a mulher tem direito à plena estabili­
dade da sua situação conjugal; mãe de família, ela
tem direito, além disto, à segurança no exercicio de
um papel eminente, que lhe vale, na civilização cristã,
uma espécie de culto.
Ora, a união temporária faz desaparecer estes
privilégios; rebaixa a mulher à condição de associada
passageira, senão de serva de reserva ou de instru­
mento de prazer.
d) Enfim, o papel social que a familia assegura
normalmente na Cidade reclama a união indissolúvel.
Efetivamente, pela sua permanência, pela sua fideli­
dade às tradições, pelo seu clima de virtude e de honra,
a família é, sem dúvida alguma, o melhor fator da
prosperidade social. Estas grandes vantagens, a união
temporária compromete-as essencialmente, ao passo
que a união total e indissolúvel deve normalmente
proporcioná-las.
44 Código Familiar. - Parte I: A Familia em si

44. A lei de fecundidade.

Enquanto as leis mais acima estudadas tinham


por objeto consignar à comunidade a estabilidade e
a harmonia necessárias, à lei de fecundidade cabe re­
ger, segundo as normas próprias à castidade conju­
gal, as próprias atividades da união carnal entre es­
posos.
Longe de comprimir ou de atrofiar neles a ne­
cessidade de amar, essa lei de fecundidade na cas­
tidade cava-lhes, pelo contrário, nos corações capa­
cidades mais profundas, arma-os para um melhor
amor, fazendo-lhes evitar mais seguramente os peri­
gos inerentes ao comércio da carne.
Esta lei é estudada nas duas secções do capítulo
seguinte, sob duplo aspecto: a) de castidade conjugal
(§ 1 ) , e b) de fecundidade (§ 2).

S U MAR I O
Ligado pelo casamento, o par conjugal apresenta-se na
sua -realidade indivisível, ao mesmo tempo como uma socie­
dade e como uma comunidade. Sob esse duplo aspecto, a
instituição conjugal está submetida a um conjunto de leis
fundamentais, a saber, a unidade e a indissolubilidade, a
ordem do amor e a fecundidade.
Do ponto de vista da moral natural, essas leis justifi­
cam-se em nome do interesse dos filhos, da salvaguarda e
da expansão do amor conjugal, do ·respeito da mulher, e,
finalmente, do papel social que a família normalmente deve
assegurar n: Cidade. l. fc.Ã.
A unidade e a indisso/ubilidade são dois aspectos do
mesmo principio: a intimidade, essencial à comunidade con­
jugal, conforme seja considerada sob o ângulo da simultâ­
neidade ou sob o ângulo da duração no tempo. Essa dupla
lei, por ser de direito 11atural e divino, rege todo casamen­
to legitimo, cristão ou não. Cristo só fez promulgá-la de
novo, confi.nnando-a.
Cap. lll. A Comunidade conjugal 45

A ordem do amor traduz ao mesmo tempo o respeito


da igualdade essencial que rege as relações dos esposos como
pessoas humanas, a hierarquia natural que, na sociedade
conjugal, resulta da diversidade dos sexos e das funções
exercidas 110 lar respectivamente pelo homem e pela mulher,
e, finalmente, essa intimidade que tempera o primado do
governo atribuído ao homem, com o primado do amor que
é apanágio da esposa.
Como tal, e sob a salvaguarda dos valores que lhe são
essenciais, ela fàcilmente se concilia com os múltiplos regi­
mes que, segundo as necessidades das épocas e dos palses,
definem os direitos civis da mulher casada.
CAPITULO IV

O DEVER CONJUGAL

§ 1.• SEXUALIDADE E CASTIDADE CONJUGAL

45. Lei de castidade conjugaL


A lei de castidade conjugal tende a salvaguar­
dar os dois fins do ato do casamento, em respeito à
estreita conexão e à hierarquia natural deles.

46. O ato do casamento: seus dois Hns.


"O ato do casamento é, por sua natureza, desti­
nado à geração dos filhos" (Casti Connubii).
E' ele igualmente apto por natureza, posto que
secundàriamente, a favorecer a realização da comuni­
dade conjugal com os seus objetivos essenciais de uni­
dade, de indissolubiliddade e de ordem no amor.
Diz Pio XI: "Há, com efeito, tanto no próprio
casamento como no uso do direito matrimonial, fins
secundários, como o auxilio mútuo, o amor recíproco
a entreter, e o remédio à concupiscência" (Casti Con­
nubii).

47. Direitos dos esposos. Dever conjugal (cf. infra, n. 57).

Cada esposo tem igual direito ao ato conjugal,


e para o outro é uma obrigação grave por SI mesma
não se recusar a um pedido feito em condições razoã­
veis (c. 1 1 1 1 ) .
Aos esposos é sempre permitido guardarem, de
comum acordo, uma continência judiciosa, consoante
Cap. IV. O dever conjugal 47

o aviso de São Paulo: "Não vos priveis um do outro


senão de comum acordo por um tempo, a fim de cui­
dardes da oração; depois voltai a ficar juntos, com
medo de que Satanás não vos tente pela vossa in­
continência. D igo isto por condescendência, não é uma
ordem" (I Cor 7, 5-6).

48 . A estreita unllo dos fins na natureza (/inis operis).


A natureza não dissocia esses fins que ela quis
estreitamente unir para o maior bem da comunidade
conjugal e familiar, e para o bem do gênero humano
inteiro.
Contudo ela limitou a idade da fecundidade, na
mulher, a um período de cerca de trinta a trinta cinco
anos, e a uma quinzena de anos a mais no homem.
Enfim, presentemente parece cientificamente es­
tabelecido que, além disso, a natureza dispôs no sexo
feminino, e no próprio curso do seu período de fer­
tilidade, tempos de infecundídade, limitados, é verda­
de, mas cíclicos, ditos tempos agenésicos.

49. Estreita união dos fins na intenção dos esposos (finis


operantis).

Neste domínio também se aplica a palavra dos


Livros Santos: "Não separe o homem aquilo que Deus
uniu". Ora, Deus naturalmente uniu num mesmo ato
a perseguição dos dois fins do casamento, com liber­
dade, entretanto, de privar periàdicamente a relação
conjugal da sua eficácia procriadora.
Em consequência, não dissocie o homem, mais do
que a natureza e o Criador, a demanda dos dois fins;
não tente privar a relação conjugal da sua eficácia
procriadora a não ser utilizando as próprias indica­
ções da natureza.
Agir diversamente equivaleria a "fraudar" o pia-
48 Código Familiar. - Parte I: A FamlUa em si

no da natureza e do Criador; as práticas anticoncep­


cionistas persistem sempre condenáveis.
50. A fraude conjugal - privanças pennltidas.
E' por isto que, de qualquer modo, em período
agenésico como em período de fecundidade, "todo uso
do matrimônio qualquer que seja, - diz Pio XI, -
em cujo exercício o ato é privado, pelo artifício dos
homens, do seu poder natural de procriar a vida, ofen­
de a lei de Deus e a lei natural, e os que houverem
cometido algo de semelhante mancharam-se de falta
grave" (Casli Connubii).
Sob esta reserva, aos esposos nunca são vedadas
as intimidades e as manifestações de ternura que se­
riam injustificáveis em pessoas não unidas pelo vín­
culo sagrado do matrimônio. Bem mais, essas mani­
festações assumem entre esposos um sentido plena­
mente justificado, quer como derivativos ao impulso
vivíssimo da natureza, quer como aplacamento rea­
líssimo das necessidades profundas do coração.
Em consequência, não haveria apenas exagero, se­
não mesmo, bastas vezes, grave imprudência e inépcia
para cônjuges o se julgarem obrigados a renunciar a
elas ou a recusá-las.
Entre essas privanças, a esposos que julgam não
poder aceitar a eventual fecundidade da sua união fi­
cam interditas sàmente aquelas que são precisamente
capazes de provocar diretamente essa comoção vio­
lenta e completa do ser inteiro, a qual nunca é permi­
tido procurar separar voluntàriamente do seu fim
natural.

51. A ordem dos Hns na apreciação dos esposos.


Mesmo se houvesse de ser demonstrado que os
dias agenésicos são mais numerosos no mês femini-
Cap. IV. O dever conjugal 49

no do que os dias fecundos, dal não resultaria que


se pudesse Inverter a ordem dos fins, segundo a qual,
tal como foi dito mais acima (n. 14), a intimidade e
a expansfto rní1IUa dos esposos ficam sendo um fim
segundo em face do IIm primeiro: a procriação e a
educação dos filhos.
Estudando apenas o aspecto biológico do ato con­
jugal, as cl�nclas experimentais jamais chegarão, por
si sós, a dar conta dessa ordem dos fins. Para che­
gar a Isso, forçoso será recorrer a uma análise do ato
conjugal como "ato humano", isto é, como ato que
implica a pessoa humana inteira.
Desde então aparecerá que o que especifica fi­
nalmente a sexualidade e o amor, segundo a sua úl­
tima destinação, é bem aquilo que se deve denominai
"o anseio criador". Frustrar voluntàriamente o ato con­
jugal desse anseio criador redunda, pois, em perver­
ter a própria natureza da sexualidade e do amor; -
da sexualidade, desencadeando-a sem o recurso de
um freio interior; - do amor, esterilizando nele o
melhor do seu ideal e do seu dinamismo, para deixá�
lo invadir pelo egofsmo e pela mediocridade.

52. O "anseio criador'' como senUdo útumo do amor.


Sendo o amor, por sua natureza e por destinação
última, dom de si a outro, evoca um ato que está
além de todo interesse, de todo cálculo. De feito, é
da natureza do dom o ser desinteressado e gratuito,
de maneira prevalente, senão absorvente.
Dai resulta que, no final das contas, o amor é
"vontade de exaltamento" do outro, com a secreta es•
perança de "fazer existir este em plenitude", isto é,
de despertar em outrem a personalidade que nele dor­
mita, de suscitar esta, em suma, de "criá-la".
50 Código Familiar. - Parte I: A Família em si

Assim, na sua tensão última, o amor revela-se


essencialmente vibração e "anseio criador". Ele en­
cerra, antes de toda fecundidade carnal, uma verda­
deira fecundidade espiritual. A sexualidade, intervindo
com o seu desejo de posse, não deve perturbar essa
essência do amor; muito antes, deve ajudar esse valor
de gratuidade e de desinteresse a "encarnar-se".
Em consequência, toda concepção da sexualidade
que tendesse a embotar o 11anseio criador" do amor
e o seu caráter de dom, em proveito do gozo sistemá­
tico e do cálculo egoísta, acarretaria uma desordem
nas relações da carne com o espírito, com o maior
detrimento para o homem c para a sociedade.

83. Rclaçlleo conJUKDio ogcnéslcas autorizadas.

"Não se <.!e veria só por isso acusar de incursos


em atos contra a natureza os esposos que usam do
seu direito (ao ato conjugal) segundo a sã e natu­
ral razão, se, por causas naturais, devidas ou a cir­
cunstâncias temporárias ou a certos defeitos físicos,
uma nova vida não pode sai r dele. Com efeito, tanto
no próprio rasamcnto como no uso do direito ma­
trilllonial, h ft Fins secundários . . . que aos esposos ab­
sol u ta m e nte não é vedado terem em vista, contanto
que a natureza intrínseca desse ato seja salvaguar­
dada, e salvaguardada do mesmo passo a sua subordi­
nação ao fim primeiro" (Casti Connubii).
Por conseguinte, não é vedado procurar conhecer
as "circunstâncias temporárias" que determinam os
períodos agenésicos normais do sexo feminino, nem
"os defeitos físicos" que podem causar perturbações
na regularidade desses períodos.
A utilização de conhecimentos que permitissem às
relações conjugais coincidirem mais seguramente com
os períodos agenésicos não constituiria, em si, uma
Cap. IV. O dever conjugal 51

desordem, desde que o ato do casamento se cumpris­


se no respeito da sua integridade natural e do seu
sentido último. O que supõe que, em todos os casos,
os fins segundos mais acima enunciados, .. como o são
o auxílio mútuo, o amor recíproco a entreter e o re­
médio à concupiscência" (Casli Connubii}, não rete­
rão de tal forma a vontade que a na tureza íntima do
ato conjugal nflo seja com isso falseada, c o anseio
criador excluído da intenção profunda dos cônjuges.

54. "Birth·control" e cooperação.


Nos países em que o "birth-control" ' se tem, de
fato, largamente difundido sob a capa do "faniiiY pla­
ning" e com a autorização de autoridades religiosas
não católicas, um problema particularíssimo de co­
operação ou de não cooperação nessas licenças apre­
senta-se inevitàvelmente à consciência dos médicos, hi­
gienistas, demógrafos, etc., católicos. Nesse terreno co­
mo alhures, mister se fará recorrer aos princípios ge­
rais que regem, em moral, a questão da cooperação
com ações em si más. Dever-se-á recordar que nunca
é permitido aconselhar positiva e diretamente uma ação
má; que é sempre desejável, e às vezes mesmo fácil,
orientar os espíritos e os corações para o ideal último
da perfeição e para suas exigências mesmo as mais
árduas; que muitas vezes pode ser aconselhado deixar
à liberdade e à lealdade dos interessados o cuidado
de definirem a si mesmos as etapas sucessivas de um
esforço progressivo de perfeição, como também o meio
de apropriarem ao seu caso partic u la r um tal ideal.

1) Esse termo é tomado aqui n a sua acepção de linli­


tação dos nascimentos por processos anticoncepcionistas.
52 Código Familiar. - Parie I: A Familia em si

§ 2.• PROCRIAÇÃO E PATERNIDADE

55. O ato sexual e a comunidade conjugal.


Em virtude do duplo fim indissociável do ato se­
xual, este é vedado fora do casamento.
"Todo uso honesto da faculdade dada por Deus
de procriar novas vidas, - diz Pio XI, - é exclusiva­
mente direito e prerrogativa do matrimônio conforme­
mente à ordem do próprio Criador e da lei divina:
deve esse uso ser absolutamente contido nos limites
do matrimônio" (Casti Connubii).
Conclusão tal decorre do fato evidente de não
poder o ato conjugal, sem contradição, demandar os
ímicos fins que o justificam: a procriação e a edu­
cação dos filhos, o auxílio e a expansão da comuni­
dade dos cônjuges, recusando-se a instaurar a institui­
ção conjugal e familiar.
Excluindo deliberadamente as leis da comunidade
conjugal (unidade, indissolubilidade, ordem do amor),
as relações sexuais fora do casamento visam menos
a expansão de uma comunidade pessoal de destino
do que a satisfação de um prazer individual, em que
o parceiro não desempenha mais do que o papel de
meio, e de puro instrumento. Em razão da dignidade
das pessoas em causa, essas relações não são, pois,
de ordem lá muito diferente da prostituição, que pôde
ser definida, atendendo à natureza das pessoas: uma
"masturbação a dois".
56. Procriação artificial (por inseminação artificial).
a) "Fora do casamento, é ela de condenar pura
e simplesmente como imoral".
b) "No casamento, mas produzida pelo elemen­
to ativo de um terceiro (um "doador") , é ela igualmen­
te imoral e, como tal, de reprovar sem apelação. Só
os esposos têm um direito recíproco sobre o seu corpo
· Cap. IV. O dever conjugal 53

para gerarem uma vida nova, direito exclusivo, in­


cedivel, inalienável".
c) No casamento, e pondo em causa só os es­
posos, ••importa absolutamente afastá-la". "Não se es­
queça que só a procriação de uma nova vida segundo
a vontade e o plano do Criador traz consigo, em grau
estupendo de perfeição, a realização dos fins deman­
dados . . . "
Em consequência, "falso seria pensar que a pos­
sibilidade de recorrer a esse meio poderia tornar vá­
lido o casamento entre pessoas inaptas a contraí-lo
pelo fato do impedimentum impotenfire". '
"Assim falando, não se proscrevem necessària­
mente o emprego de certos meios artificiais destina­
dos unicamente ou a facilitar o ato natural, ou a fazer
o ato natural normalmente cumprido atingir a sua
finalidade" (Pio XII, no IV Congresso Internacional
dos Médicos Católicos, 29 de Setembro de 1949).

57. A lei de fecundidade. Sua medida.


Corolário da lei de castidade conjugal que visa­
va fazer respeitar a ordem interna dos fins do casa­
mento, a lei de fecundidade tem por objeto a realização
do fim primeiro: a procriação.
Sãmente compreendida, essa lei exige de cada co­
munidade conjugal o maior número possível de fi­
lhos que - considerado tudo - os esposos pude­
rem não somente procriar, mas também conveniente­
mente educar. '
1) Lembremos que esse impedimento, dito de impotên­
cia, consiste ·numa inaptidão Hsica (anatômica), absoluta e
antecedente ao casamento, de poder realizar a união sexual
(desvirilização, castração).
�) Ficando bem entendido que em caso algum será le-­
gitimo limitar esse número de filhos por meio de práticas
anticoncepcionistas.
54 Código Familiar. - Parte I: A Família em si

O lar é o único juiz da medida segundo a qual


deve ele realizar esse fim procriador.
Entretanto, se fosse preciso arriscar-se a indicar
um mínimo social de procriação, poder-se-ia fazer no­
tar que, com menos de três filhos em média por lar,
é a morte, por asfixia, da sociedade.
Mas, dito isto, seria, inversamente, um erro crer
que a lei de fecundidade exija, sem outras considera­
ções, o maior número possível de filhos.
Os esposos tomarão, antes, em consideração o
seu bem pessoal sob o aspecto da saúde e das forças
físicas e psíquicas, - o bem dos filhos, de sua edu­
cação a melhor possível, - o bem da comunidade fa­
miliar, das suas leis de unidade e de ordem no amor,
- o bem geral imediato e futuro da comunidade hu­
mana (geográfica , regional, universal).
Não omitirão, os esposos, lembrar-se de que a
Providência nunca falta onde quer que se unam a
generosidade e a prudência cristãs.
Em princípio, pode-se admitir que "dificuldades
de saúde ou de ordem material, mais frequentes ou
mais temidas na nossa época, a transmissão de pe­
sadas taras, concitem os esposos cristãos a uma dis­
ciplina dos sentidos e a um exercício da continência
( total ou periódica) , que eventualmente pode tornar­
se um dever ou mesmo uma necessidade para o in­
dividuo, ao mesmo tempo que é um benefício para
a sociedade, cujas energias morais ela aumenta" (Có­
digo Social, n. 42) .

58. Eugenia ticita.


Para o bem do filho e para o bem da sociedade,
convém procriar nas melhores condições possíveis. Os
esposos seguirão, se preciso, as indicações de uma
ciência honesta e esclarecida. Evitar-se-á, notadamen-
Cap. IV. O dever conjugal 55

te, procriar em estado de embriaguez, de semi-em­


briaguez, de grande fadiga. A moral cristã aprova
tal eugenia; as suas prescrições e exigências facili­
tam-lhe a aplicação.

59. A paternidade legilimL

A paternidade-maternidade é a condição de es­


posos legltimos que puseram no mundo um filho, fru­
to da sua união conjugal.
Em consequência, uma só paternidade é comple­
ta e conforme à natureza: a que tem sua fonte numa
comunidade conjugal legitimamente instituída, e que
termina numa filiação segundo a carne.
59bis. Paternidade adoliva (c!. infra, n. 84).
60. Paternidade Degitima, dita ''Dataral".

I . No plano moral: A paternidade-maternidade que


não tem sua fonte numa comunidade legitima é ill­
cita no seu principio, e persiste incompleta. Mau gra­
do a sua denominação corrente de "paternidade na­
tural", ela não é conforme à natureza. Pode, sem em­
bargo, ser moralmente reparada. Entretanto, seria aten­
tar criminosamente contra a vida humana o procurar,
por meio de práticas anticoncepicionistas ou pelo abor­
to, frustrar do seu fruto natural as relações sexuais
efetuadas fora do· casamento.
2. No plano jurídico (ver infra, ns. 90-94) .
81. Mística cristã d a paternidade e da maternidade.

A condição conjuntamente moral e jurídica que


constitui o estado de paternidade legítima, o senso re­
ligioso e, mui particularmente, o senso cristão con­
ferem uma nova grandeza.
Para além do instinto de procriação inerente ao
amor conjugal, a paternidade designa um comporta-
56 Código Familiar. - Parte 1: A Família em si

menta segundo o qual os esposos se puseram por gosto


a serviço da vida para pôr um ente no mundo.
A paternidade torna-se uma atitude fundamental­
mente espiritual e religiosa, que reforça o caráter de
gratuidade e de desinteresse próprio do amor ver­
dadeiro. A paternidade e a matcruiclaclc cristãs apre­
sentam-se essencialmente como um voto lúcido e re­
fletido, tomado em presença do Criador, de "dar fi­
lhos á Igreja, concidadãos aos santos, e familiares a
Deus" (Casti Connubii).
A paternidade cristã é consciência amante e agra­
decida de uma pró-criação com Deus.

62. Maternidade aem dor.


Sendo a palavra bíblica : "Darás à luz na dor",
uma assertiva e não um mandamento, tudo o que pode
aliviar o sofrimento dos humanos sem inconvenientes
graves para a saúde física ou moral das pessoas em
causa, é não somente permitido, mas louvável. As in­
vestigações destinadas a aliviar as dores do parto são
boas; a lembrança de dores menos intensas pode fa­
vorecer, na mulher, liberta então de um excesso de
ansiedades, a perspectiva de novos nascimentos.

S U M A R I O

A lei de castidade conjugal tende a salvaguardar os


dois fins da união conjugal, a sua estreita conexão, bem
como a ordem natural estabelecida (!ntre eles. O ato do
casamento é, por sua própria natureza, destinado à geração.
Esta constitui-lhe, pois, o fim primordial. E' ele igualmente
apto, por natureza, posto que a título de fim segundo, a
favorecer a realização da comunidade conjugal e os seus
objetivos essenciàis de unidade, de indissolubilidade e de
ordem do amor.
Cap. IV. O dever conjugal 57

E' por isto que "todo uso do matrimônio, qualquer que


seja, em cujo exercício o ato é privado, pelo artifício dos
homens, do seu poder ·natural de procriar a vida, ofende
a lei de Deus e a lei 11atural".
Não é, pois, permitido procurar, no ato conjugal, os
seus fins segundos senão na medida em que, pelo respeito
da ordem interna que o prende à geração, esses fins guar­
dem a sua conexão e a sua subordinação intrlnseca ao fim
primeiro.
Sob esta reserva, em princípio não é vedado aos espo­
sos procurarem, por justos motivos, fazer coincidir as suas
relações com os períodos agenésicos.
Entretanto, praticando pela generosidade no dom da vida
o dever da fecundidade, eles são obrigados a tornar efetivo
o anseio criador, inerente ao amor, em medida a ser deter­
minada pela virtude de prudência, sob a animação da ca­
ridade.
Cada esposo tem ·igual direito ao ato conjugal, e para
o outro é uma obrigação grave por si mesma o não se re­
cusar a um pedido feito em condições 1'azoáveis.
Em virtude do duplo fim i ndissociável do ato sexual,
este, fora do casamento, é -interdito. A paternidade dita na­
tural, que não tem a sua fonte numa comunidade legitima,
é pois ilícita no seu princípio, e contrária à natureza.
CAPITULO V

A COMUNIDADE FAMILIAR

fi3. O grupo lamlHar. Suas leis.


A comunidade familiar compõe-se dos pais e dos
filhos. E' ordenada ao filho, não enquanto se trata de
procriá-lo, mas enquanto se trata de educá-lo.
Ao passo que a comunidade conjugal deve per­
manecer indefectivelmente idêntica a si mesma, duran­
te a vida dos esposos, sem que o seu vínculo se rompa
nem se relaxe, a comunidade familiar atravessa es­
tados diferentes. Está na natureza das coisas que o
vínculo paterno se afrouxe com a idade, até ceder o
passo, um dia, a novos vínculos conjugais: "O homem
deixará seu pai e sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e
serão dois numa só carne". A comunidade familiar
adapta-se, assim, às diversas etapas da educação até
que o adulto possa ser entregue a si mesmo e desli­
gado da família, como anteriormente o recém-nascido
foi despegado do seio materno.
As leis de unidade, de intimidade, de ordem no
amor estendem-se da comunidade conjugal à comuni­
dade familiar, consoante a indicação da natureza e a
ordem do Criador, mas sem se lhe aplicar com a mes­
ma estabilidade indissolúvel.
ti4. O bem do filho.
"O bem do filho não termina, certamente, na pro­
criação. Mister se faz que se lhe associe outro bem,
consistente na boa educação do filho".
Cap. V. A co11Jllllidade familiar 59

"Apesar de toda a sua sabedoria, certamente Deus


teria provido mediocremente à sorte dos filhos e do
gênero humano todo, se aqueles que receberam d'Eie
o poder e o direito de gerar também não tivessem
recebido d'Eie o direito e o encargo da educação"
(Casti Connubii).
65. O primeiro melo educativo.
"0 primeiro meio natural e necessário à educa­
ção é a família, precisamente destinada a esse fim
pelo Criador".
"Com efeito, na ordem natural, Deus comunica
imediatamente à família a fecundidade, principio de
vida, e portanto princípio do direito de formar para
a vida" (Pio XI, Divini illius Magistri).

§ 1.' PAIS E FILHOS

66. Deveres doa pala.


"Os pais são obrigados, por gravlssima obriga­
ção, a proporcionar aos filhos, segundo os seus meios,
uma educação tanto religiosa e moral como flsica e
civil, e a prover ao bem deles, mesmo temporal"
(c. 1 1 13).
De feito, é o bem do filho que define as obriga­
ções dos pais educadores. O filho tem o direito de
ser posto na posse dos meios que lhe permitam atin­
gir o seu fim. Aliás, a natureza proveu ao bem do fi­
lho pondo no coração dos pais um afeto e uma ter­
nura muito mais aptos do que a simples virtude de
justiça para atender a essas exigências.
67. Direito do tuho a ser orientado para o seu IIm i1mmo.

O filho tem o direito de ser posto, por sua fa­


m!lia, na posse dos meios que lhe permitam "atingir
o fim sublime em mira ao qual ele foi criado. E' claro
60 Código Familiar. - Parte I: A Famitia em si

(com efeito) que não pode haver verdadeira educação


que não seja toda ela dirigida para esse fim último"
(Pio XI, Divini illius Magistri).
Mas, como "na ordem presente da Providência,
isto é, desde que Deus se revelou (ao mundo) em
seu Filho único, que é, só Ele, o Caminho, a Verdade
e a Vida, não pode haver educação completa e perfei­
ta fora da educação cristã", isto é, fora de uma in­
corporação a Cristo Mediador Universal, dai resulta
que o filho nascido de uma união conjugal cristã tem
direito ao batismo cristão, o qual realizarã sem tar­
dança essa incorporação definitiva a Cristo e à sua
Igreja.
Têm, pois, os pais o dever de fazer batizar seus
filhos o mais cedo possivel (c. 770), abrindo-lhe as­
sim o acesso à vida cristã.

68. Obrigaçlio de sustento. Obrigação alimentar.

Posto no mundo por obra de seus pais, o filho


tem direito a ser alimentado, sustentado e educado
por aqueles mesmos que lhe deram a luz.
Esse direito do filho impõe à família aquilo que
a lei positiva denomina, no sentido lato, a obrigação
alimentar. Esta compreende:
a) A obrigação de sustento, pelos pais, dos seus
filhos menores, obrigação sem compensação, pois os
filhos menores normalmente nada devem a seus pais
nesse terreno. ' A obrigação de sustento é muito mais
ampla do que o simples socorro alimentar. ' Ela não
se calcula sobre um mínimo vital apenas, mas sobre
1) A menos, como mais adiante será dito (N. 69 in
fine), que eles trabalhem e ganhem sua vida.
li) Quando o filho trabalha por conta dos pais, como
n a agricultura, os pais são obrigados, além da obrigação
de sustento, a lhes constituir um pecúlio, isto é, uma forma
qualquer de salário adiado.
Cap. V. A comunidade familiar 61

tudo o que exigem as despesas de uma educação. En­


fim, ela se executa normalmente em natureza, e não
sob forma de pensão.
O direito moderno facilita aos pais a execução
dessa obrigação de sustento, pela instituição de abo­
nos familiares cada vez mais generalizados.
b) A obrigação alimentar entre maiores. A obri­
gação de sustento finda, para os pais, com a maiori­
dade dos filhos. Prolonga-se todas as vezes que o fi­
lho ainda não está em condições de ganhar a vida.
Se o filho maior cai na miséria, tem direito a um so­
corro alimentar.
Esta obrigação tem a sua contrapartida na que
pelos filhos maiores é devida a seus pais, em virtu­
de da piedade filial, para não dizer da justiça. As
mais das vezes ela consistirá em acolher sob o seu
teto seus pais idosos.

69, Educaçlo. Amor.


Alimentado, sustentado e educado, o filho tem
igualmente o direito de ser, desde os seus primeiros
dias, educado, isto é, desenvolvido e cultivado segun­
do as suas diversas faculdades fisicas e espirituais.
Tem especialmente direito, durante os seus pri­
meiros anos, à presença habitual de sua mãe. Privá�
lo dessa presença e da afetividade que ela dispensa,
é pôr em perigo o desenvolvimento e o equilíbrio da
sua personalidade.
Tem o filho igualmente direito a ser dirigido, con­
duzido, esclarecido por uma autoridade exterior a si
mesmo, que possa ajudá-lo a descobrir na sua pró­
pria consciência as exigências morais, espirituais e
religiosas do bem.
Pai e mãe. são, por direito natural, associados
para o exercício dessa autoridade; têm, antes de qual-
62 C6digo Familiar. - Parte 1: A Famllia em si

quer outro, o dever de corresponder a essa necessi­


dade, tanto pelos seus bons exemplos como pelos seus
conselhos, ordens ou direções.
Progredindo em idade, o filho tem finalmente o
direito de ser cada vez mais tratado e educado como
ser dotado de liberdade, responsável pelos seus atos
antes de tudo perante a sua consciência e perante Deus.
Com os anos e com o crescimento de seus filhos, a
autoridade dos pais far-se-á, pois, cada vez mais res­
peitadora dos gostos e das tendências legitimas do
caráter, das livres iniciativas de uma consciência reta,
e das j ustas orientações da personalidade.
Em compensação, o filho deve gratidão, amor e
respeito a seus pais. Estas virtudes constituem a pie­
dade filial; mesmo maior, ele nunca estará desobriga­
do para com aqueles a quem deve a luz e a educação
( cf. supra, n. 68 b).
E' normal, por outro lado, que os filhos menores
que ganham a sua vida fora, embora permanecendo
a cargo de seus pais, participem das despesas da casa
destes, inclusive das despesas ocasionadas por seus
irmãos mais novos. E' justo que eles se entendam com
seus pais para lhes entregarem o seu salário em to­
talidade ou em parte. Eles não são, sob o teto fami­
liar, uns estrangeiros que pagam a sua pensão e se
adjudicam o resto da sua remuneração.

70. IIIBiruçio. Cultura.


Responsável pelos seus atos em primeiro lugar
perante a sua consciência e perante Deus, o filho de­
verá também responder por eles perante a sociedade
civil e a sociedade religiosa. Tem, pois, direito a ser
progressivamente colocado na posse dos meios que
farão dele uma pessoa verdadeiramente social, isto
Cap. V. A comunidade familiar 63

é, um cidadão cultivado, um profissional útil, um mem­


bro esclarecido e zeloso da comunidade religiosa.
Em consequência, os pais têm para com os filhos
a obrigação de assentarem sólidamente eles próprios
essa instrução e essa cultura do homem social e reli­
gioso, enquanto aguardam fazê-la completar por ou­
tros. A obrigação escolar elementar e, para os pais
cristãos, a obrigação catequética, são deveres impor­
tantes aos quais eles não têm o direito de subtrair
seus filhos sem falta grave contra a justiça e a ca­
ridade. Esta última obrigação é ainda mais urgente
quando os filhos não puderam ser confiados a esco­
las profundamente cristãs (c. 1 1 1 3- 1 374- 1 335).

71. Vocaçlo.

Tendo cada um, neste mundo, um papel a desem­


penhar para o bem de todos, papel social e papel re­
ligioso, um problema de vocação apresenta-se nor­
malmente, ao menos pelo fim da adolescência. O ado­
lescente tem, pois, o dever de encarar lealmente a
vocação à qual, em consciência, acredita ser chama­
do, tanto no seio da comunidade religiosa como no
seio da comunidade temporal.
Os pais têm o dever de não contrariar uma voca­
ção que se apresente com todos os sinais de auten­
ticidade e de reflexão. Incumbe-lhes também, num
amor mui desinteressado, facilitar aos filhos o des­
cobrimento dessa vocação, e, depois, de os ajudar a
segui-la.

72. Orlentaçlo de vida.


Aos pais incumbe induzir seus filhos a aprende­
rem oficio, se possível qualificado; combater a pre­
guiça ou a versatilidade que os desvie de um apren­
dizado ou de estudos necessários. E' desejável que se
64 CódiglJ P.amiliar. - Parte I: A Família em si

generalize o recurso a instituições de orientação ou de


formação profissional, privadas ou públicas, suscetí­
veis de ajudar os pais nessa pesada tarefa. E' mesmo
desejável que os menos aquinhoados sejam, em parte
ou na totalidade, exonerados dos encargos que daí
resultam, sem no entanto prejudicar a livre vontade
deles, nem a livre escolha de seus filhos.

73. Direito e consentimento para o casamento.


Todo homem tem, por natureza, o direito de se
casar (cf. infra, n. 103).
A não ser no caso de impedimentos dirimentes
que o tornem inapto para todo casamento, ele não
pode ser privado deste direito por nenhuma autori­
dade religiosa, civil, social ou familiar ( cf. infra, Eu­
genia, n. 1 24, e supra, n. 58).
Livre de contrair matrimônio, o homem tem tam­
bém o direito imprescritível de escolher o seu cônjuge.
Os pais têm, pois, o dever essencial de respei­
tar essas liberdades nos filhos. Nem por isto deixam
de ter o dever de esclarecer seus filhos sobre a sua
escolha. Nisto, todavia, deverão precatar-se de fazer
valer em excesso motivos dependentes mui particular­
mente das suas próprias pessoas, do estado do seu
lar, se bem que os filhos devam tomar em considera­
ção estes fatores.
E' desejável o consentimento dos pais para o ca­
samento de seus filhos. Na maioria das vezes ele é
penhor de paz e de felicidade entre famílias que se
aliam. Não é ele, entretanto, necessário à validade do
contrato matrimonial em direito canônico.
Cap. V. A co111llnidade fomilim 65

74. Preparaçlo para o C8BIII0Dto.


II lnlclaçlo. Economia pré·
nupciaL
E' necessário que os filhos tenham acesso ao es­
tado de matrimônio providos de uma boa preparação
material e moral, preparação remota e preparação pró­
xima. "De fato, - observa Pio XI, - não se pode
negar que o sólido fundamento de um casamento fe­
liz e a ruína de um casamento infeliz já se preparam
na alma dos jovens no tempo da infância e da ju­
ventude" (Casti Connubii).
E', pois, dever dos pais pensar muito cedo nessa
preparação, pela qual eles são os primeiros respon­
sáveis.
A eles compete iniciar com seus filhos, às vezes
mesmo muito cedo, a iniciação no mistério da vida,
a qual prosseguirá com o correr do tempo, ao sabor
das indigências e das necessidades, e, ocasionalmente,
com os auxiliares necessários (médico, padre). A eles
compete sobretudo saber instaurar e entreter com seus
filhos o clima de confiança c de amor que permitirá
as confidências salutares, e muitíssimas vezes a pre­
servação de quedas ou o afastamento de perigos mo­
rais, frequentissimos na vida materialista do nosso
tempo (c. supra, n. 18).
Desejável é que os pais ajudem seus filhos a cons­
tituírem uma economia pré-nupcial ( cf. supra, n. 68,
nota 2).

75. Em resumo: A ordem do amor na comunidade lamDiar.


Em virtude da sua comunidade de amor, que pelo
seu anseio criador foi o principio de existência de
seus filhos, o pai e a mãe persistem fundamentalmen­
te associados por uma comum e complementar auto­
ridade, no exerclcio do seu amor educador.
66 Cddigo F'tlmiliar. - Parte 1: A Famllia em si
Essa comum autoridade é, aliás, regida pela lei
chamada de "ordem do amor", segundo a qual, além
dos direitos iguais sobre seus filhos, o marido con­
serva por primazia a responsabilidade de governo, e
a mulher, igualmente por primazia, a responsabilidade
do amor de que ela é a animadora. Assim, a mulher
concorre com seu marido para assegurar a direção
moral e material da família, para prover ao sustento
dela, para criar os filhos, para os educar e instruir,
para os orientar, e para preparar o estabelecimento
deles.
Esses direitos dos pais vêm-lhes da natureza. São,
por si, anteriores e superiores a toda intervenção de
qualquer autoridade temporal.

76. A autoridade pateraa.

A natureza confere aos pais um duplo poder:


a) sobre seus filhos, a titulo da fecundidade (autores:
autoridade) ; b) sobre a família, a titulo do bem comum
do lar.
Os direitos e deveres que a natureza confere aos
pais, compete ao legislador organizá-los no quadro
do direito privado.
O pátrio poder é precisamente o conjunto das re­
gras de direito positivo que garantem ao chefe de
família o pleno exercício de suas funções de educador
para o bem da família e dos filhos, até à maioridade
destes. O pátrio poder comporta habitualmente, sobre
a pessoa do filho, os direitos de guarda, de educação
e de correção; sobre os bens, os direitos de gozo le­
gal e de administração legal.
Ao lado desses atributos gerais, o pátrio poder
compreende um grande número de direitos resultan­
tes das legislações positivas em vigor em cada nação:
Cap. V. A tanJlllil dade familiar 67

direito de emancipar o menor, direito de perceber abo­


nos familiares, etc.
O pátrio poder pode ser retirado a pais indignos,
pela autoridade civil, na totalidade ou em parte, obri­
gatoriamente em certos casos, facultativamente nou­
tros. E' a decadência de paternidade, da qual não de­
vem os poderes públicos usar levianamente. Deverão
lembrar-se de que muitas vezes é melhor instituir uma
assistência ou uma vigilância legal dos pais indignos,
a fim de não anular civilmente os laços que a natu­
reza criou entre pais e filhos na carne e no tempo,
e que só a morte é capaz de quebrar.

77. O pátrio poder e a mulher.


Em direito natural, cabe à mulher sobrevivente
exercer o pátrio poder, por morte do marido. E' de­
sejável que ela possa exercê-lo na sua integridade,
sem nenhuma diminuição suscetlvel de prejudicar a
sua autoridade de chefe de familia e o seu prestigio
junto aos filhos. Não pode, pois, o pai de famflia,
sem razão suficiente, privar a mulher desse direito,
por testamento.
A mulher ainda cabe, naturalmente, em vida do
marido, exercer o pátrio poder se o pai vem a ser
impedido dele. Assim sucede quando o impedimento é
devido ao afaslamenlo, à aus�ncia, à incapacidade do
pai ou a qualquer oulra causa, como, por exemplo, o
abandono de famllla. O direito civil precisará essas
condições.

78. Direito de tranoml6r por ouceoolo (cl. Infra, n. 142).

Os pais têm ainda, em virtude da natureza (Qua­


dragesimo Anno, n• 54) o direito inamlsslvel de trans­
mitir o seu patrimônio a seus filhos, por via de suces­
são legal ou testamentária.
68 Código Fl>milim". - Parte I: A Famllill em si

Os pais não têm o direito de deserdar na tota­


lidade, em proveito de terceiros, seus filhos, ou tal
ou tal deles que não houvesse faltado gravemente
aos deveres da piedade filial.
A transmissão hereditária do patrimônio deve ser
garantida pela lei, de tal sorte que o bem de família
não seja nem amputado por excessivos impostos de
transmissão, nem pulverizado pela partilha forçada em
natureza (cf. itrfra, n. 142).
A partilha desigual entre filhos não é - sob cer­
tas condições - contrária ao direito natural.
E' o derradeiro dever da piedade filial o fazer-se
fiel executora das últimas vontades dos pais.

§ 2.' IRMAOS E IRMAS

79. fraternidade famlllar.

A experiência familiar da fraternidade é das mais


enriquecedoras. E' por ela que se inicia a formação
social do indivíduo; é por ela que a dedicação, o es­
pírito de sacrifício, o senso das responsabilidades se­
rão mui naturalmente estimulados. Grande dano é,
pois, para a criança ser filho ou filha única. Não é
raro, aliás, que o filho único seja gravado de um com­
plexo de inferioridade.
80. Deveres mútuo&

Os deveres mútuos dos irmãos e das irmãs no


seio de uma famllia são aqueles que a justiça e a
caridade estabelecem entre membros de uma mesmA
sociedade, com o caráter especial aditado pelos laços
do sangue e pelos sentimentos de uma comum pie­
dade filial para com os mesmos pais. Esta piedade
filial tempera as exigências da justiça comutativa onde
quer que estas possam ser demasiado duras, especial-
Cap. V. A comunidade familiar 69

mente em negócios de restituições, e ao mesmo tempo


torna mais imperiosos os deveres de caridade, como
quando um irmão ou uma irmã está na necessidade
( cf. supra, n. 68).
As exigências do afeto fraterno são de respeitar
especialmente em matéria de sucessão e de partilha
de bens. Cunhados e cunhadas têm então, mais do
que nunca, o dever de não estorvar o jogo normal
desse afeto. Numa época em que a solidariedade so­
cial está em honra, é desejável que ela se manifeste
mais eficazmente entre membros de uma mesma fa­
milia do que entre desconhecidos. Sem este gênero
de auxílio mútuo e de dedicação aos seus, a família
muitas vezes se arrisca a ser como um "exército sem
reservas".

81. O mais velho.

Por morte dos pais, mesmo quando os filhos já


atingiram a maioridade, o mais velho dos irmãos e
irmãs deve sentir-se ainda um pouco responsável por
seus irmãos mais moços. Quando um dos irmãos ou
irmãs se acha em dificuldade, é ao irmão mais velho
que compete tomar as iniciativas que uma sã frater­
nidade deve inspirar.

§ J.• A COMUNIDADE FAMILIAR E OS TERCEIROS


82. Exlensl!es naturais da comunidade lamiUar. O parentesco.
A comunidade familiar formada pelo pai, pela
mãe e pelos filhos estende-se, subindo, para ascen­
dentes do lado paterno e materno; descendo, para os
netos e bisnetos, e, colateralmente, para os tios, tias
e primos diversos. Esta extensão da comunidade fa­
miliar forma a parentela propriamente dita, baseada
no sangue. E' a família no sentido lato.
70 Código Familiar. - Parte 1: A Família em si

83. A aliança.

A comunidade familiar alarga-se também por ali­


ança, isto é, para os parentes dos esposos, sogros,
cunhados, cunhadas.
Esse alargamento da comunidade familiar ao pa­
rentesco do sangue e à aliança comporta, naturalmen­
te, uma participação maior ou menor nos deveres e
nas virtudes dos membros de um lar: respeito, união,
auxilio mútuo.

84. A adoçAo.

Se bem que naturalmente limitada aos laços do


sangue, a comunidade familiar pode, sem embargo,
estender-se juridicamente pela adoção.
Esta instituição pode comportar vários graus, des­
de a adoção simples, que faz o adotado participar da
herança do adotante, até a adoção completa, pela qual
o adotado é introduzido na família daquele que o ado­
ta, adquirindo parentesco e direitos de sucessão ao
mesmo título que um filho legítimo.
Especialmente instituída em favor dos filhos de
baixa idade e abandonados, a legitimação adotiva per­
mite sobretudo aos lares sem filho dar-se uma filia­
ção tão próxima quanto possível da filiação segundo
a natureza. Ela supõe o acordo prévio dos esposos
adotantes.

85. A coabitação. O serviço doméstico.


Sem introduzir novos membros na própria con­
textura da comunidade filial, a coabitação e a vida
diária em comum criam, entre membros de uma mes­
ma família e aqueles que o parentesco, a educação ou
o serviço doméstico levaram a viver no seio dela, la­
ços que de alguma maneira participam da ordem fa-
Cap. V. A comunidade familiar 71

miliar. Assim, pais que delegam uma parte de sua


autoridade a uma preceptora, uma dona de casa que
se exonera sobre uma auxiliar de uma parte das suas
tarefas domésticas, esposos que recolhem uma sobri­
nha pequena, etc., têm deveres de caridade especial
para com essas pessoas como que assimiladas à fa­
mília.
Todavia, o exercício dessa caridade especial não
retira nada aos direitos que esses terceiros têm ao
respeito das obrigações de estrita justiça.

86. Tutela.

Diversas legislações instituem, por morte de um


ou dos dois esposos, uma tutela dos filhos menores.
O tutor e o subrogado tutor designados para suprir
os pais falecidos têm de cumprir com consciência e
dedicação os deveres que se imporiam aos pais.
Os pupilos, em troca, devem-lhes docilidade, res­
peito e gratidão.

87. famílias abertas sobre a sociedade.


Está na natureza da família procurar proteger a
sua intimidade contra os importunos e os indiscretos,
só partilhando a sua intimidade com um pequeno nú­
mero de indivíduos.
Entretanto, deverá a família lembrar-se dessa
grande lei de toda comunidade: que todo meio que
se fecha é um meio que se estiola. Um lar que se
clausura é um lar que se extingue.
A família não deve viver em autarquia.
Deve abrir-se à hospitalidade, ao auxílio mútuo,
à mutualidade ou à associação.
Deve sentir-se e querer-se solidária com outros
lares para o melhor serviço da sociedade.
72 Côd.igo F.amifi.ar. - Parte 1: A Família em si

88. Grupos de lares. Movimentos laminares.


Essa solidariedade vivida entre lares diversos po­
de redundar na criação de grupos autônomos de lares,
ou de movimentos familiares. Essas criações são cada
vez mais necessárias na vida moderna, em que a fa­
milia isolada arrisca-se a ser esmagada, e em que a
sociedade tende a se tornar uma administração anô­
nima {cf. infra, n. 1 53) .

89. Fanu'Jias e lrequentação dos divorciados.

A presença, em certos países, de grande número


de divorciados suscita à consciência cristã problemas
delicados.
A respeito deles a família pode adotar diversas
atitudes, desde a ruptura sistemática e a ignorância
absoluta, até a frequentação regular. E' difícil formu­
lar uma lei geral. Serão casos de espécies a regular
cada vez que a ocasião se apresentar, com a condi­
ção de levar em conta:
a) O bem da civilização e a reeducação da opi­
nião pública, as quais não têm de se resignar ao di­
vórcio.
b) O bem da família e dos filhos, mormente onde
quer que se entretenham tais relações.
A educação dos filhos pode, com efeito, exigir
que se insista ora sobre o respeito dos princípios e
a condenação das suas violações, ora sobre a primazia
dos pontos de vista apostólico e caridoso.
c) O bem dos divorciados, que, excluídos com
justa razão dos sacramentos, podem todavia ganhar
conservando o contacto com verdadeiros lares cristãos
militantes e apóstolos.
d) O bem dos filhos dos divorciados. Estes, con­
quanto Inocentes da falta de seus pais, se fossem ex-
Cap. V. A comllnidade familiar 73

cluídos de toda frequentação famílíar, arriscar-se-iam


a sofrer além das suas forças, e a ver comprometer,
por esse mesmo fato, a sua formação psíquica e
social.
Velar-se-á cuidadosamente por que uma atitude
ditada por uma caridade insuficientemente esclarecida
não favoreça de alguma maneira a extensão do divórcio.

A P � N D I C E

A FILIAÇÃO NATURAL.

90. filhos naturais.

Isso a que ímprópriamente se chama a família


natural não é, como a família legítima, uma institui­
ção que agrupe índivisivelmente um conjunto de pes­
soas, mas uma dupla série de vínculos que unem o
filho e seus ascendentes naturais (paternos e mater­
nos), e também, em certa medida, os vínculos que
unem os concubinos, se as suas relações são perma­
nentes.

91. Deveres da paternidade e da 6Uaçio naturais.

Aquele ou aquela que gerou um filho fora do


casamento deve-lhe, em consciência, o sustento, a edu­
cação, a proteção e o socorro alimentar. Os alimentos
geralmente são fornecidos em natureza por aquele dos
pais que educa o filho. Uma pensão alimentar é de­
vida por aquele que não o educa.
Inversamente, o filho natural deve aos seus au­
tores respeito e socorro, e àquele que o educa du­
rante a sua menoridade deve obediência.
74 Código Familiar. - Parte I: A Famllia em si

92. Direitos dos pais naturais.

Sendo o pátrio poder o conjunto das regras de


direito positivo que garantem ao chefe de familia o
pleno exercício das suas funções de educador, tanto
em proveito da família como em proveito dos filhos,
é normal que os falsos casais, que se recusam a ser
procriadores e educadores no seio de uma família le­
gítima, dele se não beneficiem de pleno direito.
Não obstante, será desejável, para o bem do filho,
que aquele dos seus autores que o reconheceu e o
educa, retenha legalmente o análogo de certos direitos
referentes ao pátrio poder: em particular aqueles que
visam menos o bem da família do que o bem do filho,
como o direito de guarda, o direito a certos abonos
de maternidade, à proteção da infância, etc. ( cf.
infra, n. 1 45 ) .
93 . Direitos dos filhos natural&

Se bem que a transmissão da vida fora do casa­


mento seja ilegítima, e que o legislador deva vedar-se
o assimilá-la à transmissão legítima, o filho nascido
extra-matrimônio tem, no entanto, direitos que impor­
ta proteger.
"Nenhuma razão de principio - de moralidade
ou de bem comum - impede que a lei, na falta de
reconhecimento voluntário, permita aos filhos naturais
investigarem a sua filiação, tanto paterna como ma­
terna. Os efeitos da filiação natural legalmente esta­
belecida, quer mediante reconhecimento voluntário, quer
em justiça, deveriam compreender o direito, para o
filho natural, de ser educado e alimentado à custa dos
seus autores" (Código Social, n. 2 1 ) .
Todavia, é desejável que o filho nascido extra­
matrimônio e que foi reconhecido por um ou por ou­
tro dos seus autores, ou por ambos, só possa, em ma-
Cap. V. A co1111n
11 idade familiar 75

téria de sucessão, ter acesso a uma parte sobre a


quota disponível. Efetivamente, convém evitar que es­
sa vantagem lese além de medida os direitos dos fi­
lhos legítimos dependentes do mesmo pai ou da mes­
ma mãe. Enfim, os efeitos civis da filiação adulterina
ou incestuosa devem ficar sendo menos extensos do
que os da filiação natural simples.
94. Legitimação dos filhos naturais.

"A legitimação dos filhos naturais simples só deve


ser admitida como um favor concedido aos que regu­
larizam a sua união pelo casamento, ou que, no mí­
nimo, tenham a intenção de regularizá-la e que não pu­
deram fazê-lo por motivos independentes da sua von­
tade" (Código Social, n. 2 1 ) .
Assinalemos que, e m direito canônico, u m casa­
mento subsequente, verdadeiro, putativo ou validado,
mesmo se em seguida não for consumado, legitima os
filhos cujos autores possam ter-se achado, num mo­
mento qualquer da gravidez da mãe, em condições
tais que nada se opusesse ao seu casamento (c. 1 1 16).
Desejável é que o mesmo faça o direito civil.

S U M A R I O
Como a sociedade conjugal, a instituição familiar é re­
gida por leis internas que a natureza e o Criador lhe im­
p'õem : leis de unidade e de intimidade duradoura, ordem
do amor. E-ntretanto, por isso que a comunidade familiar
é principalmente ordenada à educação do filho, deve espo­
sar-lhe as diversas etapas até que este, tornado adulto, es­
teja suficientemente fonnado para adquirir a sua plena au­
·fonomia e o direito de se desligar da família. E', pois, o
bem do filho que define e mens�ra os direitos e deveres
dos pais nesta matéria, e fundamenta neles, especialmente,
a grave obrigação de lhe proporcionarem uma educação
integral.
76 Códi!ZD F111miliar. - Parte 1: A Família em si

A esta obrigação corresponde, no filho, o direito de


:receber de sua família o auxílio requerido para lhe penni­
tir atingir o seu fim último e realizar o seu destino tem­
poral, cumprindo a sua missão social. Este direito salva­
guarda nele a liberdade de toda vocação autêntica. Garante,
especialmente, a livre opção do estado de vida, casamento
ou celibato, e a Jivre escolha do cônjuge. Embora respei­
tando esse direito, os pais podem e devem, no entanto, cum­
prir junto a seus filhos a missão de conselheiros.
No exercício da autoridade, o pai e a mãe associados,
sob a salvaguarda da ordem do amor, que reserva em última
análise ao pai o primado do gover·no e à mãe o primado
do amor.
Transposta ao plano jurídico, a autoridade do chefe de
família traduz·se '110 ''pátrio poder"', cujos atributos são de­
finidos pelo direito positivo.
Além das relações entre pais e filhos, a comunidade
familiar envolve as que unem os irmãos e irmãs.
Estende-se : J.•, por parentesco e aliança, aos ascen­
dentes e descendentes, aos colaterais e aos paren�s do côn­
juge; 2.0, pela adoção, que, por vinculas juridicos, supre
os vínculos da consaguinidade; 3.0, pela coabitação, àqueles
que o parentesco, a educação ou o serviço doméstico ajun­
tou à vida do lar.
Finalmente, o fato da filiação "·natural", '11 ão legitima,
cria, em virtude da comunidade do sangue, vínculos que
fundamentam entre pais e filhos direitos e deveres mútuos.
SEGUNDA PARTE

A FAMíLIA E O ESTADO

"A família I mais santa do que o Estado".


Casti Connubii.

"Sem embargo� a família I uma sociedade im­


perfeita".
Divini illius Magistri.

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CAPITULO PRIMEIRO

SITUAÇÃO DA FAM!LIA
NA VIDA SOCIAL DA HUMANIDADE

95. Família e ordem humana.

Viver humanamente é travar relações, porquanto


a relação com Deus constitui o próprio fundo da pes­
soa humana, e a relação com outrem condiciona-lhe
essencialmente a expansão.
Ora, a família é a fonte, a origem e a encruzi­
lhada de todas as relações, pois é:
a) O primeiro ponto de encontro da vida bioló­
gica, da vida social e da vida espiritual.
b) O nó essencial da mais íntima e da mais es­
tável comunidade que o homem e a mulher possam
instituir entre si, edificando o sistema de relações mais
necessário ao gênero humano; dele, com efeito, é que
procedem a perpetuação da humanidade e, em grande
parte, o seu progresso moral.
c) A primeira comunidade, enfim, em que o valor
pessoal e o valor social crescem conjuntamente, e
de onde se irradiam para animar a humanidade.
Assim, a comuniuadc familiar está na base de
toda a ordem humana. "Todo a l e n t a do contra a fa­
mília, - disse Pio XII, - � um alentado contra a
humanidade" (Pio XII à Unitío Internacional dos Or­
ganismos Familiares, 19 de Setembro de 1 949).
80 Código Familiar. - Par/e 11: A Família e o Eslado
96. Famllia e comunidade nacionaL
Entre a comunidade nacional e as famílias que
ela integra, existe um vinculo profundo.
De ambas as partes estão agrupados homens que
têm uma mesma vontade de viver em comum na tra­
dição das mesmas recordações, na consciência das
mesmas necessidades, e no dinamismo de um mesmo
amor.
O sentimento familiar está na origem do senti­
mento nacional, mas este, por seu turno, abre o sen­
so da família estendendo-o a mais vastos .horizontes.
Amplia a relação de fraternidade para além dos vín­
culos do sangue, até todo aquele que se reconhece
objeto de uma mesma história e filho de uma mesma
obra secular.
Assim se processa o movimento espontâneo que
leva a pessoa humana a estender progressivamente o
seu amor até ao próximo mais remoto. '

97. Fam iUa e Estado.

Se, num sentido, a família está na origem <la na­


ção e da sua consciência comunitária, o mesmo ab­
solutamente já se não dá com o Estado.
Efetivamente, embora pelos seus fins e pela sua
estrutura essencial a família se imponha a toda or­
ganização da nação em Estado, e dessarte goze, em
relação a todo poder político, de direitos fundamen­
tais e inalienáveis, todavia a família só chega à per­
feição da sua forma temporal societária no quadro e
na garantia de um estatuto de suas pessoas e de

1 ) Cada povo tem a sua maneira de personificar ess<J


vocação comum e esse dC'stino llnico. Os povos latinos f:t­
lam, de bom grado, de mãe-pá/ria, os Germanos de Volk,
Valertand, etc.
Cap. I. Situação da jamllia na vida da humanidade 81

seus bens, o qual só o direito civil positivo lhe pode


definir.
Assim, em face do Estado, que encarna o poder
temporal superior, a família acha-se ao mesmo tem­
po em situação de autonomia e de dependência. O
Estado deve-lhe reconhecimento e proteção dos seus
fins e direitos essenciais e inalienáveis. Mas a família
deve ao Estado respeito e submissão, na sua esfera
própria de atribuições, que é a do Bem comum.

98. Família e Estado: Sociedades exigidas pela natureza.


Com a nação organizada em Estado, a família
é o único agrupamento exigido pela natureza. As ou­
tras sociedades que agrupam indivíduos para fins pro­
fissionais, culturais, sociais ou outros, sem serem abso­
lutamente exigidas pela natureza, correspondem to­
davia às necessidades imperiosas da família e do Es­
tado, e a este titulo merecem o apelativo de socieda­
des intermediárias.

99. Funções respectivas da Família e do Estado.


Como agrupamentos exigidos pela natureza e gra­
vi tantes em torno de dois polos uistintos, a família
e o Estado são reciprocamente com ple mentares .
Centralizado antes de tu do sohrc o e/irei/o, e
agindo de preferência nesta onll·au dl' valores, o Es­
tado protege o bem comum, faZl'IHio n•inar a jus tiça
distributiva e justiça social.
Nascida do amor e ir r.1 d i.1 n d n n amor, a família
promove acima de tudo oH valores de intimiuauc e
de com u nh ão. Encarna-os muito especialmente pela
procriação e pela educação.
Por isto, no dizer de Pio XII, a famllia e o Es­
tado são "as duas colunas principais, a armadura da
:iocicdadc humana, tal como esta � concebida e que-
82 Cddigu Familiar. - furte 11: A Família e " Estado

rida por Deus: a familia enquanto fonte e escola de


vida, o Estado enquanto guardião do direito" (Con­
sistório secreto, 18 de Fevereiro de 1 946) .

100. Ordem dessas funções.


"A sociedade familiar tem sobre a sociedade ci­
vil uma prioridade lógica e uma prioridade real, das
quais participam necessàriamente os seus direitos e
os seus deveres" (Rerum Novarum, n. 10) . De feito,
"o homem e a familia são, por natureza, anteriores
ao Estado" (Pio XII, Summi Pontificatus, n. 50), e,
pelos seus fins pessoais, são superiores aos seus fins
temporais.
"Sem embargo, a família é uma sociedade im­
perfeita, porque não tem em si mesma todos os meios
necessários para atingir a sua perfeição própria; ao
passo que a sociedade civil é uma sociedade perfeita ',
pois tem em si todos os meios necessários ao seu fim
próprio, que é o bem temporal. Tem esta, pois, sob
este aspecto, isto é, em relação ao bem comum, a
preeminência sobre a familia, que na sociedade civil
acha precisamente a perfeição temporal que lhe con­
vém" (Div. 11/ius Magistri, n. 1 2 ) .
Em consequência, n a ordem dos fins, a família
goza de prioridade sobre o Estado,
ao passo que, na ordem dos meios, o Estado de­
tém uma preeminência sobre a familia.
Mas, como é a ordem dos fins que comanda a
3) Sobre este quaiHicativo de "sociedade perfeita", dado
outrora ao Estado c já quase não podendo mais, 110s nossos
dias, entender-se senão em sentido mui relativo, por causa
do grande desenvolvimento que assumiu a vida internacio­
nal, ver o Código de Moral Internacional da União de Ma­
lines, n. • 12. Ver também Pio XII: Summi Punlificatus (20
de Outubro de 1939), ns. 58 e 59, contra uma concepção
autonomista e absolutista do Estado.
Cap. /. Situarão da familia na vida da humanidade 83

ordem dos meios, justo é reconhecer em defini tivo à


familia um primado absoluto de direitos. Por isto, ge­
ralmente falando, a missão total do Estado fica su­
bordinada à missão particular da familia, como a pró­
pria sociedade fica subordinada à pessoa humana.
Toda esta doutrina resume-se numa palavra de
Pio X I : "A família é mais santa do que o Estado"
(Casfi Connubii).

S U M A R I O

A família ocupa na vida social da humanidade um lu­


gar fundamental, enquanto é a fonte e um nó essencial de
todas as ,relações humanas.
Ela estende à comun·idade nacional o senso da frater­
nidade, as.">im o ampliando para além dos vinculas do san­
gue. valores essenciais: pessoais, carnais e es­
PelaR seus
plrltunlR, e la
está, todavia, orientada por fins superiores
aos da ROcicdadc civil, c goza pois de prioridade real, se
bem tiiiC, por outro lado , na ordem dos meios necessários
para ntingir n sua perfeição própria, ela apareça, em rela­
ção à sociedade civil, como uma sociedade imperfeita e.
por esta razão, inferior.
CAPITULO 11

DIRE ITOS DAS FAMILIAS PARA COM O


ESTADO

tOla Direitos especiHcos e direitos gerais da pessoa envolvida


nos laços de familla.
Em virtude dos dois fins da família: perpetuação
da espécie humana pela procriação, e expansão pes­
soal pela intimidade, os membros da família são pro­
vidos de direitos em face da sociedade ambiente e
do Estado, seu ordenador.
Conquanto esses direitos própriamente não afe­
tem senão a pessoa humana "em situação de famí­
lia", todavia adotar-se-á nestas páginas a expressão
recebida, de direitos da família. Esta expressão, to­
davia, não pretenderá prejulgar de uma solução à
questão relativa à personalidade moral da família.
Assim, dizendo que a família, em referência com
a sua dupla finalidade, tem direitos específicos e di­
reitos gerais, quer-se apenas frisar a distinção que
afeta os direitos de uma pessoa envolvida nos laços
de família, conforme se trate da família como grupo
particular especificado pelo seu fim primeiro, a pro­
criação e a educação, ou como grupo ordinário clas­
sificado pelo seu fim segundo na ordem geral das
sociedades.
Cap. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 85

102. Direitos fundamentais. Direitos secundários.

Os direitos especificas da família subdividem-se


em direitos fundamentais, absolutos e inalienáveis, e
em direitos relativos e secundários, tendo estes úl­
timos por fim facilitar à família a consecução dos
seus fins.
Os direitos fundamentais da família são o direi­
to de se criar, o direito de subsistir na plena inte­
grldnde das suas propriedades e leis essenciais, e, fi­
nalmente, o direito de demandar os seus fins.
Os direitos relativos e secundários da família, ou
completam os precedentes pela outorga de meios po­
sitivos apropriados, ou se aditam aos direitos geral­
mente reconhecidos aos agrupamentos: direito de se
associar, de possuir um sistema de segurança, do
qual a propriedade e a herança são elementos essen­
ciais, direito de se fazer representar junto aos pode­
res públicos.

SECÇAO I

DIREITOS ESPECIFICOS

§ l. Direito de fundar uma família.

103. Direito absoluto da pessoa humana ao casameoto.

"Nenhuma lei humana, sob qualquer pretexto que


seja, · pode tirar ao homem o direito natural e pri­
mordial ao casamento" (Casti Connubii).
Ao contrário, "a partir da Idade núbil, - afir­
ma a Declaração universal dos direitos do homem
(ONU), :...._ o homem e a mulher, sem nenhuma res­
trição quanto à raça, à nacionalidade ou à religião,
têm o direito de se casar e de fundar uma famllia"
(art. 1 6 ) .
86 Código Familiar. - P.Jrte 1/: A Familia e o Estado

Efetivamente, a sociedade não pode proibir aqui­


lo que ela não instituiu. A natureza e o Criador é
que instituíram a união normal e honesta dos sexos,
assim como a comunidade total de destino pessoal
e eterno que o casamento estabelece.

104. Uniões interditas. Competência para defini-las.


Só ficam interditas as uniões "vergonhosas e que
repugnam à razão e à natureza" (Casti Connubii) e
incompa tiveis com a instituição de uma comunidade
total de destino pessoal, temporal e eterno.
.Mas quais são essas ��uniões vergonhosas e que
repugnam à razão e à natureza" (Pio XI), ou essas
uniões incompatíveis com uma comunidade total de
destino pessoal? E quem é que tem competência para
as discernir e para as designar como tais?
Em última análise, é só o Autor e o Instituidor
da sociedade conjugal, isto é, o Criador, e, imediata­
mente após Ele, o poder ao qual Ele quis delegar a
sua autoridade e a sua competência. Ora, se o Cria­
dor delega o poder civil para tudo o que é da alçada
do bem comum no simples plano temporal, foi à Igre­
ja que, por Cristo, Ele delegou para tudo o que, na
comunidade humana, diz respeito aos fins últimos das
pessoas e ao seu destino eterno.
Em consequência, só à Igreja pertence declarar
autênticamente quando é que o direito natural proíbe
o casamento, como também estabelecer para os bati­
zados, por uma lei geral ou particular, impedimentos
dirimentes ou proibitivos, por esta razão chamados
de direito eclesiástico (c. 1037). Especialmente, no que
concerne ao sacramento, esse direito da Igreja decorre
do fato de estar todo sacramento sujeito à sua au­
toridade.
Ao Estado não é vedado corroborar a ação da
Cap. 11. Direitos das {amitias a respeito do Estado 81

Igreja dando, para os não batizados que desta não


dependem, força de lei civil a impedimentos confor­
mes ao direito natural.
Nas sociedades pagãs, à autoridade civil, que na
ocorrência não chega a distinguir-se nitidamente da
autoridade religiosa, é que compete definir as uniões
que repugnam à natureza.

105. Impedimentos de direito eclesiástico.

Será que, estribando-se no pod e r e na competên­


cia absoluta que ela detém nestas matérias, poderia
a Igreja definir novos impedimentos dirimentes, de
direito eclesiástico, por exemplo, para atender a cer­
tas preocupações eugênicas que, de per si, não apa­
reciam como il egítima s ?
Sem prejulgar das livres iniciativas da Igreja
(c. 1040 e 1 04 1 ), pode-se fazer notar que, cada vez
que, pelo seu direito canônico, esta tem definido ou
precisado um impedimento de natureza, tem-no feito
menos sob a pressão de preocupações sociais de or­
dem temporal, do que sob a inspiração da caridade,
que visa a salvação eterna das pessoas. Se algum
dia devesse produzir-se a definição eventual de novos
impedimentos de casamento, isso, embora dependen­
do, por exemplo, de preocupações eugênicas, veros­
similmente se explicaria antes de tudo (como, por
exemplo, o impedimento de parentesco em linha co­
lateral) por uma preocupação de moralidade pessoal
e familiar.
106. Direitos secund.llrios da família em lonnaçlo.

Uma vez reconhecida a plena liberdade, por parte


da pessoa humana, de contrair casamento, a família
tem direito de ver esse contrato respeitado e protegido
pela sociedade civil.
88 Código Familiar. - Pal'le li: A Família e o Estado

Desej ável ê, pois, que a sociedade favoreça o ca­


samento legitimo, preocupando-se com a instalação dos
novos lares, sob o a specto do seu alojamento, do seu
aparelhamento doméstico, dos seus recursos, da sua
preparação para a vida conjugal e familiar, da sua
saúde. Assim, a instituição de um exame médico pre­
nupcial pode ser excelente coisa, contanto que a au­
toridade civil não se reconheça, com isso, nenhum ou­
tro direito a não ser o de permitir aos interessados
serem esclarecidos, sendo o resto deixado à consciên­
cia deles.
E' por isto que a família legítima que se instaura
tem o direito de não ser confundida, pela legislação
e pelo direito privado, com o concubinato e com a
família dita natural, os quais nada têm de uma ins­
tituição regulamentada. Onde quer, por exemplo, que
exista o empréstimo para o casamento, será ele reser­
vado para o casamento legítimo. Os auxílios devidos
às viúvas em razão da morte de seu marido não serão
estendidos às concubinas. Do contrário assistir-se-ia
progressivamente a um "advento legal do concubina­
to", prejudicialíssimo ao prestigio e à solidez dos ver­
dadeiros casamentos. '

§ 2. Direitos da sociedade conjugal a subsistir


na sua integridade natural.
107. Direito absoluto da sociedade conjugal à unidade.

A sociedade conjugal, fundada na lei de unidade


que deriva da instituição natural e do sacramento do
matrimônio, tem o direito imprescritível de ver essa
exigência respeitada pelo legislador.

1) Como isso se viu na U. R. S. S., onde o código de


1926 consagrou a assimilação completa do casamento
· de
fato ao casamento contratual.
C(1p. 11. Direitos das famitias a respeito do Estado 89

Em consequência, o Estado absolutamente não


tem o direito de impor a quem quer que seja a bi­
gamia ou a poligamia, mesmo quando, em razão da
coexistência de civilizações diversas, é ele forçado a
tolerá-la, ou mesmo a legalizá-la.

108. Direitos secundários da sociedade conjugal à proteção


da sua unidade.
a) O direito civil lembrará que os esposos se
devem fidelidade, socorro e assistência.
b) Sancionará, como delito, o adul tério escanda­
loso, com mantença, por exemplo, de uma concubina
no domicilio conjugal. Em direito civil, como em mo­
ral, o adultério do . marido deve ser tratado como o
adultério da mulher.
c) E' desejável que o Estado defina um delito
de abandono de famllia, cominando não somente o
não pagamento da pensão alimentar, em caso de aban­
dono voluntário do lar, mas também a falta moral
contra a integridade c a estabilidade desse lar.
d)_O Estado protegerá ainda a unidade dos lares,
�O_ !J!Jla _legislaç_ão _rel_a liva à prostjtuif.áO,_ legisla­
ção que tenda, não a regulamentar esse mal social,
mas a aboli-lo.
109. Direito absoluto da sociedade conjugal à indlssotubiUdade.

A indissolubilidade natural da sociedade conjugal


deve ser respeitada de maneira absoluta pelo Estado
e pela sociedade.
O Estado absolutamente não tem o direito de
dissolver uniões legitimas, e ainda menos uniões vá­
lidas entre batizados, quer sejam os esposos ou não
consensientes. O divórcio está em oposição formal com
a constituição da família. O casamento civil dos di-
90 C6digo Familiar. - Partfe JJ: A Famitia e o Estado

vorciados consagra e legaliza o amor livre, essa con­


trafacção do amor verdadeiro.
1 10. O "casamento civil".
Para evitar o perigo de usurpação da autoridade
civil, e tamb�m esse simulacro de casamento religioso
revestido, em várias legislações, pela simples declara­
ção de uma união matrimonial no registro civil, con­
viria suprimir, oo menos para os batizados que se ca­
sam na igreja, toda cerimônia civil, e aos esposos impor
sómente, sob ameaça de sanção penal, a obrigação
de "declarar" ao oficial do registro civil, nas formas
a serem de terminadas pelo direito de cada nação, ha­
ver sido o seu casamento efetivamente concluído.
Desse modo, ao poder civil, num país cristão,
seria mais fácil reconhecer que, em última análise, só
dependem dele as questões relativas aos efeitos civis
do casamento entre batizados, e que, ao contrário, to­
das as questões relativas às condições de validade ou
de nulidade dependem finalmente da autoridade re­
ligiosa para esses mesmos casamentos.
1 1 1. Direitos secundários da sociedade conjugal à proteçllo
da sua lndissolubilidade.
a) Preparação para o casamento. O Estado cui­
dará de lembrar, na sua legislação, que a comunidade
dos esposos é indissolúvel e o divórcio proibido.
Tratará, ainda mais, de sustentar os costumes na
sociedade e de obviar ao contágio inevitável do di­
vórcio, incentivando a preparação moral da j uventude
para o casamento, tanto no quadro da escola como
no dos movimentos de j uventude, e favorecendo tam­
bém os centros de consulta (Marriage Guidance
Councils}, preocupado com eliminar as causas de de­
sentendimento conjugal, com o maior proveito para a
estabilidade das uniões (cf. supra, n. 18).
c ·,,f'. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 91

1 12. b) Separação de corpos.


Não obstante os direitos que a Igreja se reserva
(c. 1 1 3 1 , § 1 } , o Estado protegerã ainda a indisso­
lubilidade da comunidade conjugal, instituindo um pro­
cesso de separação de corpos que, por motivos su­
ficientes e sem romper o vínculo matrimonial, possa
dispensar os esposos da coabitação, permitir-lhes re­
partir os seus bens, restituir à mulher a capacidade
civil que o contrato matrimonial �ouvesse suprimido,
e, sobretudo, estatuir do melhor modo sobre a sorie
dos filhos e dos seus bens.

1 13. c) Melhoria dos regimes que reconhecem o divórcio.


Nas nações em que infelizmente se instaurou o
divórcio, o Estado levará em conta o estado atual dos
costumes, e o acordo maior ou menor das opiniões,
antes de decidir a supressão radical dele. Com efeito,
é possível que previamente uma reforma progressiva
das idéias e dos costumes seja julgada necessária.
Poderia ela ser provocada por uma legislação que
visasse converter o movimento em favor do divórcio
num movimento em proveito da união estável.
Para isso, deverá a legislação ser retocada. Esta
evolução moral da sociedade será favorecida por me­
didas tais como as seguintes:
a) Fazer passar ao primeiro plano a sorte e o
interesse dos fil/ws. Notadamente, para este efeito,
abrir um inquérito prévio sobre a situação particular
dos filhos; organizar, sobretudo em favor deles, um
serviço social e um corpo de assistentes especializadas.
b) Suprimir a conversão automática da separação
de corpos em divórcio, começando pelos casais que
t�m filhos.
c) Infligir penalidade ao cônjuge cujos manejos
tornaram inevitável a destruição de um lar. Velar,
92 Códig" Familiar. - Par/e 11: A Familia e o Estado

no entanto, por não incidir em outro excesso, favo­


recendo e incentivando o pedido de divórcio. O di­
vórcio é sempre um mal social.
d) Vedar ao esposo culpado, divorciado por causa
de adultério, esposar o seu cúmplice.

114. Direito absoluto da comunidade conjugal à ordem do


amor.
Fundada em duas primazias, a do marido e da
sua missão de autoridade, e a da mulher e da sua
missão de amor, a sociedade conjugal tem direito
absoluto ao respeito dessa ordem pelo Estado e pela
sociedade.
Em consequência, guardar-se-á o Estado de dis­
sociar essa ordem instituindo, ao lado do pátrio po­
der do marido, um poder materno idêntico, mas que
fosse radicalmente independente do precedente. Cui­
dará, ao contrário, de favorecer a unidade da família,
consagrando a prioridade, no marido, do direito ao
exercício do pátrio poder, e da sua delegação ha­
bitual na mulher.
Da mesma arte, consagrando a capacidade jurí­
dica da mulher casada (cf. infra, n. 1 1 6 ) , cuidará ele
de não solapar a ordem da sociedade conjugal, que
requer, de toda forma, um principio de governo e,
portanto, um certo direito à decisão e ao controle
do marido.
Enfim, se falso é sustentar que o Estado nunca
atinge os indivíduos a não ser através da sua família
- os indivíduos maiores também são cidadãos da
nação e membros de múltiplas associações, - ver­
dade é dizer que, em tra !ando com os cidadãos, o
Estado não pode fazer abstração do lugar e da po­
sição deles na família, e que ele deve reconhecer ne­
les esposos e esposas, pais e mães, filhos.
Cap. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 93

115. Direitos secundários da sociedade conjugal à ordem do


amor.
a) A mãe no lar. O primado do amor que cabe
à mulher requer, mui naturalmente, a presença desta
no lar como educadora dos filhos e como dona de
casa.
Em consequência, o Estado desviará o regime
econômico c social de conceder privilégio ou favor ao
lrailalho das mulheres casadas fora de suas casas.
l�cconhcccndo, ao conl rflrio, o valor social insubs­
tiluivcl do lrailalho da mãe no seu lar, deveria a so­
ciedade facilitar de todas as maneiras a manutenção
da mãe em sua casa.

116. b) A capacidade jurídica da mulher.

Com as reservas mais acima enunciadas ( cf.


n. 1 1 4), é de desejar que o direito civil consagre a
capacidade jurídica das mulheres casadas, menos co­
mo um esforço de emancipação fora do lar, do que
corno um reconhecimento da promoção feminina e um
sinal desse primado do amor que lhes cabe no lar, an­
tes de lhes caber na cidade. A dignidade da mulher, diz
Pio XII, requer que esta possa "concorrer com o ho­
mem para o bem da Cidade, na qual lhe é ela igual em
dignidade. Cada um dos dois sexos deve tomar nela
a parte que lhe toca segundo a sua natureza, os seus
caracteres, as suas aptidões físicas, intelectuais e mo­
rais. Ambos têm o direito e o dever de cooperar para
o bem total da sociedade e da Pátria" (Pio XII, 29
de Outubro de 1 946, n. 27) .
Concebe-se que, para uma tal cooperação, possa
a mulher gozar, perante o Estado e a sociedade, dos
mesmos direitos civis e políticos que o homem.
Desejável é, pois, que o estatuto jurídico da mu­
lher seja, independentemente do casamento, equiva-
94 Código Familiar. - Pa�le 11: A Família e o Estado

lente ao do homem, e que, no estado de matrimônio,


ele se harmonize com as prerrogativas do marido,
chefe da família.
Por exemplo, parece útil que o marido conserve
o direito de fixar em definitivo a residência da Ia­
m íl ia, como também o de se opor ao exercício, por
sua esposa, de uma profissão separada.
Bem entendido, as soluções jurídicas para todos
estes problemas práticos variarão com os tempos e
com os povos: Pio XI declara que "pertence aos po­
deres públicos adaptar os direitos civis da mulher
às necessidades e às carências da nossa época, con­
tanto que a ordem essencial da sociedade doméstica
seja salvaguardada" (Casti Connubii).
117. c) ·Proteçio dos menores. Tribunais de filhos.

Quando a ordem do amor é gravemente compro­


metida num lar, e quando em particular os direitos do
filho já não são salvaguardados, é dever do Estado in­
tervir nisso por si mesmo ou por organismos privados
intermediários. "Em semelhante caso, aliás excepcio­
nal, o Estado certamente não se substitui à família,
mas supre o que falta a esta e lhe provê por meios
apropriados, sempre em conformidade com os direitos
sobrenaturais da Igreja" (Pio XI, Divini illius Ma­
gisfri).
Para tal fazer, é desejável que o Estado institua
tribunais especializados para as causas familiares, e
juízes de menores ; que disponha de tutores, de assis­
tentes homens ou mulheres, graças à ação dos quais,
antes de chegar às decisões extremas de retirada de
filhos e de decadência do pátrio poder, possa adotar
medidas mais benignas, e às vezes não menos efica­
zes, de educação vigiada, as quais terão por efeito
controlar os próprios pais.
Cop. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 95

1 18. d) Jurisdição civil e religiosa.


Nos litígios que podem agitar famílias cristãs, é
necessário que a sociedade civil e a sociedade reli­
t-:insa ponham à disposição dos interessados o apa­
relho dos seus poderes judiciários complementares.
119. e) Proteção da segurança familiar.
Para além de uma pura proteção jurídica, de­
sejável é que o Estado proporcione às famílias uma
segurança social econômica (cf. infra, n. 144), e mui
particularmente condições suficientes de alojamento,
com "o espaço, o ar e a luz" necessários, que lhes
permitam "na saúde material e moral mostrar a sua
vitalidade e o seu valor" (Pio XII, Mensagem de
Natal de 1942).
120. Direito absoluto da sociedade conjugal à fecundidade.
(Ver infra, n. 123- 1 27) .
121. Direito da sociedade conjugal à liberdade religiosa.
A sociedade conjugal tem o direito de cumprir
livremente todos os deveres que a ligam a Deus, seu
autor e legislador, seu sustentáculo e sua providên­
cia, seu fim supremo.

§ 3. Direito da sociedade conjugal a demandar


seus fins.
1 22. Tendo a sociedade conjugal um direito im­
prescritível à demanda dos seus fins próprios, o Es­
tado velará tanto quanto possível por que as necessi­
dades econômicas ou sociais e a defesa da nação não
mantenham o trabalhador e o cidadão tão afastados
da sua residência "que o chefe de família, o educa­
dor dos filhos, se torne quase estranho à sua própria
casa" (Pio XII, Mensagem de Natal de 1942).
96 Cóáigt> Familiar. - Parte J1: A Família e o Estado

A. A procriação.

123. Direito absoluto da sociedade conjugal à liberdade de


procriar.

a) Esterilização.
"Nenhuma lei humana pode limitar de qualquer
maneira aquilo que é a própria causa da união con­
jugal", isto é, o direito às relações conjugais e aos
seus objetivos naturais (Casli Connubii).
Em consequência: a) os poderes públ icos não
têm nenhuma faculdade para "proibir o casamento a
todos aqueles que, de acordo com as regras e as con­
j ec turas da sua ciência, lhes parecem, em razão da
hereditariedade, dever gerar filhos defeituosos, se, por
outro lado, eles são pessoalmente aptos para o casa­
mento" (Casli Connubii), cf. supra, n. 103) ; b) do
mesmo modo os poderes públicos absolutamente não
têm o direito de "privar esses homens dessa faculda­
de natural, pela intervenção médica . . . Os magistra­
dos não têm (com efeito) nenhum direito direto sobre
os membros de seus súditos: jamais podem, nem por
motivo de eugenia, nem por qualquer outro gênero
de razão, ferir e prejudicar diretamente a integridade
do corpo, desde que nenhuma falta haja sido come­
tida e nenhuma razão haja para infligir uma penalida­
de cruenta".
c) "Ademais, os próprios indivíduos não têm so­
bre os membros do seu próprio corpo outro poder
senão aquele que se refere aos fins naturais desses
membros; não podem eles nem destrui-los, nem mu­
tilã-los, nem por outros meios tornar-se inaptos para
as naturais funções deles, salvo quando de outro modo
é impossível prover ao bem do corpo inteiro" (Casti
Connubii). O que significa que as operações de este­
rilização ou de ablação de órgãos só são permitidas
Cap. 11. Direitos das famllias a rer;peito do Estado 91

quando constituem o único meio moralmente posslvel


ou para impedir a morte ou, ao menos, para curar
uma enfermidade ou distúrbios gravemente prejudi­
ciais à saúde do individuo.

124. Direitos secundários ds sociedade coojugal à proteçlo


da Uvre procriaçlo.

a) Contra o neoma/thusianismo e a falsa eugenia.


A sociedade conjugal tem o direito de ver a sua li­
berdade de procriação natural protegida pelo Estado,
tanto contra as propagandas nefastas e perversoras . de
um neomalthusianismo favorável aos meios anticoncep­
cionistas, como contra os ensinamentos errôneos de
uma falsa eugenia.
Salvo levar em conta as circunstâncias de tempo
e de lugar (cf. supra, n. 54), "a autoridade pública
tem o direito e o dever de impedir a difusão das dou­
trinas neomalthusianas e a propaganda dos métodos
anticoncepcionistas". Tem o direito e o dever de "re­
primir a cooperação ativa nos atos de neomalthusianis­
mo, de proibir o tráfico dos produtos e instrumentos
anticoncepcionistas" (Código Social, n. 43).
Por outro lado, pode a sociedade legitimamente
fazer com que todos os seus membros sejam, tanto
quanto possivel, sadios, e equilibrados de corpo e de
faculdades. A este respeito, longe de ser verdade toda
espécie de eugenia, uma há, ao contrário, que a so­
ciedade deve promover por todos os seus meios: a
eugenia positiva que visa, não afastar maus nasci­
men tos, mas provocá-los bons, dentro do respeito das
regras da moral. Neste terreno, é desejável sejam di­
fundidos os ensinamentos de uma ciência honesta e
esclarecida.
98 Código Familiar. - Parte 1/: A Família e o Estado

125. b) Contra o aborto.

A sociedade conjugal tem o direito de ver pro­


teger a vida intrauterina de seus filhos concebidos,
de vê-la proteger contra os médicos e as parleiras
pouco escrupulosos, contra as fraquezas ou as covar­
dias da natureza humana, sobejas vezes tentada de
suprimir uma vida nascente, ou contra condições anti­
higiênicas da vida.
Em consequência, tanto quanto possivel instituirá
o Estado uma legislação ao mesmo tempo preventiva
e repressiva do aborto voluntário.
Legisla�ão preventiva, por exemplo pela institui­
ção de abonos pré-natais, suscetiveis de aliviar, em
proveito das mulheres grávidas de poucos recursos,
os encargos econômicos de um novo nascimento. Le­
gislação ainda preventiva pela criação de casas ma­
ternais onde os nascimentos ilegitimos possam ter lu­
gar com a discrição e no segredo queridos.
Igualmente desejável é que a lei organize visi­
tas médicas pré-natais obrigatórias, bem como, em
certos casos, férias de maternidade, com os seguros
e as prestações queridas.
Legisla�ão repressiva. No estado atual dos cos­
tumes, deve o Estado cada vez mais organizar a per­
seguição aos abortadores profissionais, a vigilância das
maternidades, e, em geral, de todos os estabelecimen­
tos públicos ou particulares onde são prestados cui­
dados médicos e cirúrgicos; a criação da licença de
inumar.
Enfim, o Código Penal cominará penas severas
contra os abortadores quando forem terceiros, mor­
mente quando, pela sua profissão, deveriam estes, ao
contrário, proteger a irrupção da vida (médicos, par­
teiras, farmacêuticos) .
Cup. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 99

O aborto terapêutico jamais pode ser autorizado,


a não ser quando for apenas uma aplicação particular
da lei moral do duplo efeito. ' Assim, poderia suceder
que uma operação tal como a ablação de um útero
docn te, a qual pode comportar um aborto, se torne
licita.
126. Direito secundário da adoção.
Deve a lei favorecer a adoção simples, por casais
sem filho, das crianças abandonadas. Haveria van­
tagem em organizar a legitimação adotiva, que adita
à adoção simples a introdução na própria famflia do
adotante (cf. supra, n. 84). Esta última medida de­
veria ser facilitada aos casais muito jovens, desde que
um exame médico certo haja reconhecido da parte
deles a impossibilidade quase absoluta de uma con­
cepção.
127. Nascimentos fora do casamento.
(Ver supra, nn. 90-94).
B. A Educação.
128. Direito absoluto da comunidade lamlllar a ser a pri­
meira educadora do ftlho.
A comunidade conjugal e familiar tem um direito
absoluto, inviolável e inalienável a poder ser universal­
mente considerada como o primeiro meio educativo da
personalidade humana. A família compete "formar para
') Lei do duplo efeito: Lei segundo a qual pode ser per­
mitido, em condições mui detenninadas, praticar uma ação
da qual resulte, ao lado de u-ma consequência boa, uma con­
scquência má. Estas condições são em número de quatro :
a) a própria ação que é praticada deve ser boa ou, quando
menos, moralmente indiferente; b) cumpre que, da ação boa,
resulte igualmente, e de maneira outro tanto imediata, uma
wnsequência boa; c) a ·intenção só deve incidir sobre a
consequência boa; d) cumpre haja um motivo suficiente pa­
rn permitir a consequência má.
100 Código Familiar, - Par)fe 11: A Famllia e o Estado

a vida" ( Pio X I ) , isto é, imprimindo a sua primeira


orientação a todas as faculdades do individuo, consa­
grar a orientação fundamental deste.
Na espécie humana, com efei to, a educação do
homem é um parto continuado, pois a personalidade
já está em germe no ser humano apenas concebido.
Por isto, o que a sociedade conjugal foi para a
concepção e para o parto desse ser humano, a comu­
nidade conjugal e familiar o fica sendo para o seu
desenvolvimento pessoal e social : quer dizer, um "seio
espiritual" no qual ele se forma, e do qual terá pro­
gressivamente de se desprender, à medida que se tor­
nar cada vez mais responsável por si e pelos outros.
Esse dever que a família tem de dar aos filhos
a primeira educação fundamental "compreende não só­
mente a educação religiosa e moral, mas ainda a edu­
cação física e cívica, principalmente naquilo em que
pode esta relacionar-se com a moral e a religião" (Pio
XI, Divini i/lias Magistri, n. 36).
De onde deriva para a comunidade conjugal e
familiar um direito não menos absoluto à plena li­
berdade de exercício dessa missão de primeira edu-
cadora.
Por conseguinte, a sociedade civil e o Estado
de maneira alguma têm, em princípio, o poder de re­
tirar à família esses direitos fundamentais, indispen­
sáveis à sua função educadora e ao livre exercício
dessa função. Tampouco têm o poder de dispensá-Ia
dos correspondentes deveres a seu cargo, ou de su­
plantá-la no cumprimento das suas tarefas.
129. Direito da comunidade lamlliar a uma ajuda positiva,
complementar ou supletiva.
"Não obstante, sendo a família, por um lado,
uma sociedade imperfeita, por não ter em si mesma
todos os meios necessários para atingir a sua per-
C"f'· 11. Direitos tlu.• {aml/ias a '"'peito do Estado 101

h-11··�" própria", e tendo, por outro lado, de educar


"" seus súditos em mira à sociedade civil e à so­
l'i,•dadc religiosa, a família tem o direito absoluto
tl<' contar com o auxilio positivo complementar e às
v,•zcs mesmo supletivo, dessas duas sociedades.
Em consequência, sendo essas sociedades provi­
das dos meios requeridos para fazer o homem atin­
gir os seus fins na ordem do bem comum temporal
,. na ordem da salvação eterna, devem elas pôr-se
h disposição das famílias para rematarem a educa­
l·ão que estas houverem iniciado.
Semelhantemente, será dever da Igreja e do Es­
tado obviarem às deficiências da educação familiar,
quando esta, pela incapacidade ou indignidade dos
pais, "não atingir a sua finalidade ou for insuficiente"
(Pio XI, Divini illius Magistri, n. 48).
"Neste último caso, aliás excepcional, as duas so­
ciedades terão o cuidado de não absorverem a família,
nem mesmo de se substituírem a ela, mas somente
de suprir o que lhe falta e prover a isso por meios
apropriados, sempre em conformidade com os direi­
tos naturais (e sobrenaturais) do filho" (Pio XI, Di­
vini illius Magistri, n. 46) .

130. Direito da comwddade lamDlar a ama ajuda harmoniosa.

Colocando-se do ponto de vista do filho, a comu­


nidade familiar requer, como um direito absoluto da
pessoa deste, que a educação que ele deve receber das
três sociedades "em cujo seio veio à luz" lhe seja
outorgada de maneira harmoniosa, isto é, "em medida
proporcionada e correspondente à coordenação dos res­
pectivos fins delas".
Do contrário, "quando a formação literária, a for­
mação social, ou doméstica, ou religiosa, não estão
de perfeito acordo, o homem fica sem felicidade e
I 02 Código Familiar. - Par<lt 11: A Família e o Estado

sem força" (c i ta do por Pio XI, Divini il/ius Magislri,


nn. 14 e 82).
E' por isto que, de acordo com a natureza dessas
três sociedades, existe uma ordem lógica de interven­
ções que no poder de ninguém está subverter.
a) Em primeiro lugar, a família, "instituída ime­
diatamente por Deus para seu fim próprio, que é a
procriação e a educação dos filhos. Tem ela, por esta
razão, prioridade de natureza e, em consequência, prio­
ridade de direitos, em relação à sociedade civil" (Pio
XI, Divini illius Magislri, n. 1 2 ) .
b) Depois, a Igreja, que, imediatamente também,
recebeu do seu Fundador, posto que de maneira ainda
mais eminente, a missão e, por conseguinte, o direito,
de conduzir toda gente ao seu fim absolutamente úl­
timo.
De tal modo que a essas duas sociedades, am­
bas exclusivamente encarregadas da orientação fun­
damental e definitiva da pessoa humana, cabe um
"direito primordial em materia de educação" (Pio X.I,
Divini illius Magistri, n. 4 1 ) . De tal sorte que "a mis­
são educadora pertence muito antes de tudo, sobretudo
e em primeiro lugar à Igreja e à família, pertence­
lhes de direito natural e divino, e portanto, inevitàvel­
mente, sem derrogação e sem substituição possíveis"
(Divini il/ius Magistri, n. 40).
c) Finalmente o Estado, que, a titulo de orga­
nizador supremo do bem comum temporal de uma na­
ção determinada, recebe o direito "de exigir e, des­
sarte, de fazer com que todos os cidadãos tenham o
conhecimento necessário dos seus deveres cívicos e
nacionais, e depois um certo grau de cultura intelec­
tual, moral e física, que, dadas as condições do nosso
tempo, é realmente requerido pelo bem comum" (Divini
i//ius Magistri, n. 49).
Cap. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 103

Já que o Estado não goza nem da paternidade


familiar, que consiste em pôr uma pessoa no mundo
c em lhe imprimir uma orientação fundamental, nem
da maternidade de graça que confere à Igreja o poder
de guiar sem erro a pessoa humana ao seu fim úl­
timo, o Estado só detém direitos a um único título,
o do bem comum.
Assim se hierarquizam lógicamente as interven­
ções da Familia, da Igreja e do Estado na educação
do filho. Mas a razão última do acordo e da har­
monia a estabelecer entre as diversas pretensões edu­
cadoras das três sociedades interessadas na forma­
ção da criança, reside no respeito que absolutamente
se impõe a toda sociedade para com a pessoa hu­
mana e para com os seus fins transcendentes. Só por
este reconhecimento unânime pode ser evitada a parte
de arbítrio que, humanamente, tenderia a se insinuar
por sob as pretensões de cada sociedade, e a rom­
per o equilíbrio dessa tríplice solicitude.

131. Direitos da lamiHa a poder contar com a Igreja.

A família, que tem missão especial para im­


primir progressivamente no filho, no curso do seu cres­
cimento, a sua orientação fundamental de pessoa hu-
111.111n, deve poder contar, para essa tarefa, com o
auxilio complementar da Igreja.
Esse auxilio propõe-se à família sob a dupla for­
ma seguinte:
a) uma função de vigilância e de controle sobre
o ensino do direito natural e da moral em todas as
instituições de educação frequentadas pelos seus fiéis.
Aí, com efeito, "a Igreja tem o direito de se asse­
gurar de que o ensino das matérias aparentadas com
o dogma e com a moral, e mesmo das matérias pro­
fanas, quando ele é dado por mestres que não de-
104 Código Familiar. - Paf'fe 11: A Familia e o Estado

pendem da escolha dela, não acarrete nenhum pre­


juízo às verdades religiosas de que ela tem a guarda"
(Código Social, n. 26) .
b) uma função de magistério propriamente re­
ligioso, quer dizer, de ensino das verdades da fé, e
de ministério da graça e dos sacramentos, em mira
a formar o verdadeiro e perfeito cristão.
Para este fim, deve a Igreja permanecer o mais
possível em proximidade das famílias e à sua dispo­
sição. De feito, toda ação humana está, necessária­
mente, em relação com o fim último do homem, e
todo ensino profano está em relação com a religião
de que a Igreja é a guardiã, a in térprete e a mestra
infalível.
Mas então esse oferecimento de serviços pela
Igreja pode ir desde uma presença diligente, sob for­
ma de capelania, nas escolas que ela não fundou, até
à organização, completa e a seu cargo, de escolas de
todos os graus, elementares, médias, superiores.
O direito da família a beneficiar-se dessa assis­
tência da Igreja, tanto em capelanias particulares co­
mo em instituições e escolas de pleno exercício, deve
ser consagrado por todas as legislações. Visto como
esse direito das famílias corresponde ao direito impres­
critível que a Igreja tem de fundar livremente esla­
belecimentos de ensino de educação de toda espécie.
132. Direito da famíHa a respeito da sociedade civD e do
Estado.
a) Em matéria de educação, o primeiro dever do
Estado é proteger por suas leis o direito anterior das
famílias à assistência da Igreja. E' também seu dever
respeitar o direito sobrenatural da Igreja nesse mes­
mo terreno da educação.
b) O Estado também tem o dever de favorecer as
Cap. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 105

/11/ciativas particulares das famílias e, se o valor des­


•as iniciativas for comprovado, reconhecê-las como ver­
dadeiros serviços de interesse público, a serem, se pre­
ciso, garantidos pelos recursos econômicos da nação.
c) A fim de estimular o esforço da iniciativa par­
ticular, ou de satisfazer necessidades a que esta não
haja provido, pode vir a ser um direito para o Estado
o pô-la em concorrência com criações da sua alçada:
escolas públicas, cursos, diplomas de Estado. Toda­
via, nas instituições que dependem imediatamente dele,
deve o Estado respeitar efetivamente a consciência
de todos; ademais, entre as diversas instituições de
ensino, deve o Estado observar a justiça distributiva.
Havendo sido os recursos da nação postos à sua dis­
posição para atender às necessidades de todos, justo
é que eles sejam equitativamente repartidos entre as
diversas instituições.
Efetivamente, o Estado não tem o direito de do­
tar suas instituições de privilégios tais que toda con­
corrência da iniciativa privada se torne pràticamente
impossível. Todo monopólio oficial do ensino geral ou
da educação é ilicito, quer esse monopólio resulte de
um privilégio econômico, quer de um monopólio jurí­
dico ou ideológico. De modo algum tem o Estado o
direito de forçar as familias, física ou moralmente,
a enviarem seus filhos às suas instituições. A sua mis­
são docente e educativa ele só a detém em segunda
linha em relação à família e à Igreja.
d) O único monopólio que o Estado pode legi­
timamente reservar-se é o das escolas preparatórias
para certos serviços públicos, e particularmente para
o exército.
Pode também reservar-se o definir o nlvel médio
dos estudos e dos conhecimentos gerais, como tam-
106 Código Familiar. - Parte I/: A Família e o Estado

bém o mínimo de formação cívica, que sejam reque­


ridos pelo bem comum.
Se o Estado reconhece especialmente instituições
particulares de ensino ou de educação, e as admite
a participar do orçamento nacional, tem direito, além
do controle já acima mencionado (n. 1 30,c) início),
a um controle financeiro. Mas em caso algum pode
este ser ensejo para estorvar a liberdade de direção
nessas instituições, nem, sobretudo, a livre escolha dos
mestres e dos livros clássicos.

133. Famflia e neutratidade da escola.


a) Se, por neutralidade da escola, o Estado en­
tende o proclamar, sem mais nem menos, a sua sobe­
rana autonomia no domínio da gestão administrativà
das suas escolas, a escola leiga é mero sinônimo de
escola pública, de escola de Estado, e não se lhe pode
condenar a priori o uso às famílias.
b) Se por neutralidade da escola, num país di­
vidido de crenças, o Estado entende de fazer abstração,
nos seus estabelecimentos, do ensino próprio às con­
fissões religiosas, ainda assim é preciso, para que
essa neutralidade seja tolerável, que essa abstenção
não se inculque por si mesma como um desprezo ou
uma negação; que nada se oponha, direta ou indi­
retamente, à religião; que os filhos compreendam que
por motivos mui louváveis esse ensino é reservado
aos ministros do culto; que essas jovens almas sejam
orientadas positivamente e com simpatia para esse
complemento confessional. Sob estas condições, num
país onde as confissões religiosas são múltiplas e onde
as paixões políticas são violentas, esse laicismo pode
ser admitido pelas famílias, se elas não tiverem à
sua disposição escolas confessionais.
Cap. 1/. Direitos das famítias a respeito do Estado 101

Mas o Estado pode prover à instrução pública


de outro modo que por esse gênero de escola leiga.
Com efeito, mais acima foi dito (cf. n. 1 32) que ele
podia prover a ela "deixando a liberdade, e mesmo
vindo em auxilio por meio de justos subsídios, à ini­
ciativa e à ação da Igreja e das famílias" (Divini
illius Magistri, n. 87) .
c) Enfim, s e por neutralidade da escola o Esta­
do quer entender uma doutrina filosófica que con­
tenha toda uma concepção materialista e atéia da vida
humana e da sociedade, ou que seja contrária à dou­
trina da Igreja Católica, tal escola é condenável, e
mesmo interdita pelo direito canônico às famílias
cristãs (c. 1 374) .

134. Famílias e escolas mistas.


a) A escola "mista", pela j ustaposição prolonga­
da das crianças de um e do outro sexo nos bancos
de uma mesma classe, é, na escola primária, positiva­
mente contra-indicada pela psicologia moderna. As fa­
culdades intelectuais, a atenção voluntária dos dois
sexos não devem ser tratadas da mesma maneira.
b) Se essas escolas forem estabelecidas, em toda
a medida do possível devem-se tomar as precauções
de ordem material e de ordem moral próprias para
afastar o perigo que ameaça as crianças. Este dever
incumbe às autoridades públicas, dos diversos graus,
que têm nas suas atribuições assegurar a moralidade
exterior. Compete ele também aos pais, aos mestres­
escola, aos ministros do culto, e em geral a todos
aqueles que, direta ou indiretamente, têm o encargo
dessas almas.
c) Enfim, se, apesar das precauções tomadas, as
crianças corressem de la to, nessas escolas mistas, um
108 Código Familiar. - Pante 11: A Família e o Estado

grave perigo de perversão moral, a todo transe seria


mister preservá-las disso. Antes de tudo, é preciso
salvar as almas.

135. Familias e ensino sexual na escola.


Preceden temente foi dito como a IniCiação da
criança no mistério da vida incumbe naturalmente a
seus pais (cf. supra, n. 74) .
Aliás, a Igreja tem denunciado as "iniciações te­
merárias e as iniciações preventivas proporcionadas
a todos indistintamente, e mesmo publicamente", as
quais esquecem a fragilidade nativa da natureza hu­
mana c desconhecem que as faltas contra os costu­
mes são, na maioria das vezes, "um efeito menos da
ignorância intelectual do que, sobretudo, da fraqueza
da vontade, exposta às ocasiões e privada dos socor­
ros da graça" (Divini illius Magistri, n. 69) .

S U M A R I O

Trata-se dos direitos da famflia encarada como grupo


particular especi ricado pelo seu fim primeiro : a procriação
e a educação.
I. Deve o Estado reconhecer como um direito de nahue­
za o direito de toda pessoa humana ao casamento. O di­
reito de instituir impedimentos ou de confirmar pelo direi­
to positivo os que são da alçada da lei natural e divina,
incumbe, para os batizados, à Igreja; para os não batiza­
dos, ao Estado, sob a reserva de se conformar este, sobre
isso, à lei natural e d·ivina de que a Igreja é a guardiã e
a intérprete autorizada.
11. Deve o Estado respeitar e proteger o "contrato" que
está na origem da família legitima, consagrando por um
estatuto legal a sua preeminência absoluta sobre a família
dita "natural".
Para este fim deve ele: 1.0, reconhecer o valor do ca-
Cnp. /1. Direitos das famílias a re"Speito do Estado 1 09

tmmcnto sacramental contraído pelos batizados; 2.0, proteger


.o. unidade e a indissolubiHdade do casamento, bem como a
fi<.lcli<.lade conjugal, cominando especialmente, como um de­
lito, o adultério escandaloso, e, nas nações onde foi instau­
r,1 <.1o o divórcio, visando, por uma legislação adequada, con­
wrlcr no sentido da união estável o movimento favorável
ao divórcio; 3.0, embora favorecendo a elevação feminina,
ter o cuidado de, na sua legislação relativa ao pátrio po­
der, à capacidade jurídica, ao trabalho da mulher casada,
consagrar o duplo primado do governo e do amor atribuído
respectivamente ao marido e à esposa.
111. E' ele especialmente obrigado a respeitar o direito
imprescritível da família a demandar os seus fins própr·ios,
·a saber, a procriação e a educação dos filhos, a ·intimidade
do grupo, e a expansão pessoal dos seus membros.
Vedado lhe é, pois, limitar de qualquer maneira o di­
reito às relações conjugais e aos seus objetivos naturais.
Bem mais, tem ele o dever de proteger o exercício desse
direito contra a propaganda anticoncepoionista e contra os
ensinamentos de uma falsa eugenia, reprimindo especialmente
o tráfico dos produtos ou instrumentos a·nticoncepcionistas,
bem como o aborto.
IV. O Estado não tem nenhum poder de abolir ou li­
mitar, de qualquer maneira, o direito fundamental da fa­
mília a dar ao filho uma educação integral (religiosa, mo­
ral, cívica e física). Deve ele, ao contrário, em virtude de
uma estrita obr.igação de justiça prestar à comunidade fami­
liar um auxilio positivo no exercício da sua missão.
Para este fim, uma colaboração hannoniosa deve ins­
tituir-se entre a sociedade civil, a Igreja e a família, em
vista de, pela coordenação dos seus fins respectivos, pro­
ver à educação do f·i lho.
A participação do Estado nessa colaboração justifica­
se e impõe-se em nome das exigências do bem comum de
que ele é fiador; ao contrário, a da família e da lgroeja é
em função da in fluência direta que ambas exercem sobre a
geração física e esplritual da pessoa humana, e sobre a ori­
entação desta no se-ntido dos seus fins eternos. Por esta ra-
l lO Código Familiar. - Parte 11: A Família e o Estado

zão, elas estão no direito de reivindicar uma pr.ioridade de


autoridade em relação ao Estado na obra da educação.
Em consequência, longe de pretender o monopólio nesse
terreno, o Estado deverá respeitar e incentiva.r todas as ini­
ciativas adotadas pela família e pela Igreja. Em caso al­
gum poderá ele dar ao ensino oficial vantagens tais que
coloquem o ensino particular em estado de inferioridade, e
na impossibilidade prática de sustentar a concorrência. Nos
países divididos de crenças, o regime de neutralidade do en­
sino of.icial deve.rá respeita·r realmente as consciências de
todos. não sOmente abstendo-se de chocá-las, mas ainda ori­
entando-as positivamente para o complemento confessional
que as crianças estão no direito de ·receber da parte do mi­
nistros dos cultos a que pertencem.

SECÇJIO 11

DIREITOS GERAIS DA FAMILIA

136. Direitos comuns a todas as sociedades.

Comunidade de base da Nação, instituição exigi­


da pela natureza, a família legítima tem direito a
ser reconhecida como tal pela sociedade civil e pelo
Estado.
Sem prejulgar da questão da personalidade jurídica
da família, livremente debatida entre juristas, falar­
se-á neste capítulo, como no precedente, dos direitos
das famílias (cf. supra, n. 1 0 1 ) .

137. Direito d e Uvre associação.

A família legítima tem, como instituição de na­


tureza, o direito de se associar livremente a outras
famílias num intuito lucrativo, como também para fins
desinteressados.
O marido e a mulher têm qualidade - esta en­
quanto concorrendo com seu marido para assegurar
Cap. 11. Direitos das famílias a r�peilo do Estado 1 1 1

a direção moral e material d a familia - para for­


mularem a adesão do seu lar a uma dessas associa­
ções (cf. infra, n. 1 53).
138. Direito ao uespaço vital".
"Hoje em dia, a idéia de espaço vital e a criação
de tais espaços está no centro dos escopos sociais e
políticos. Mas, antes de qualquer outra coisa, não se
deveria pensar no espaço vital da família, e libertar
esta dos en traves que lhe são impostos por condições
de existência que nem sequer lhe deixam a possibili­
dade de conceber uma casa própria?" Pio X l l , junho
de 1 94 1 ) .
139. Familla e propriedade.
"A natureza, - diz Leão X l l l , - impõe ao pai
de familia o dever sagrado de alimentar e de sustentar
seus filhos. Ademais . . . , a natureza inspira-lhe pre­
ocupar-se com o futuro deles e com lhes criar um
patrimônio que os ajude a se defenderem, na perigosa
travessia da vida, contra todas as surpresas da má
fortuna" (Rerum Novarum, n. 1 1 ) .
"Assim a natureza ligou intimamente a proprie­
dade privada . . . e (isso) em grau eminente, com a
existência e o desenvolvimento da família. V ínculo
tal é evidente. Não é a propriedade privada que deve
assegurar ao pai de familia a sã liberdade de que ele
necessita para poder cumprir os deveres que o Cria­
dor lhe designou para o bem-estar físico, espiritual e
religioso da familia ?" (Pio X l l, 1 94 1 ) .
"Se (pois) a propriedade privada deve condu­
zir ao bem da família, todas as disposições públicas,
todas aquelas pelas quais o Estado regula a posse dela,
devem não somente possibilitar e manter essa fun­
ção . . . mas ainda aperfeiçoar-lhe sempre mais o exer­
cido" (Pio Xll, 1 94 1 ) .
1 1 2 Código F'amiliar. - Pane 11: A Familia e o Estado

Em consequência, não obstante o direito de pro­


priedade pessoal que afeta cada membro da comuni­
dade familiar, é desejável que certos bens patrimo­
niais sejam a ela, enquanto tal, atribuídos e reserva­
dos, em virtude de um direito estrito, sejam quais fo­
rem aliás as formas jurídicas que puderem assumir
essas atribuições e essas reservas.
140. a) Recursos extrapatrimonlais.
E' desejável que, na categoria dos recursos extra­
patrimoniais afetos e reservados a certas .famílias, en­
trem os abonos familiares e outros rendimentos re­
cebidos pelos pais para fazer face aos seus encargos
de família, corno pensões alimen tares, ele.
O chefe de família tem, por si, qualidade para
exigir e perceber os recursos afetos e reservados à
família. Mas, por seu lado, pode a mulher exigir do
marido, sobre os proventos que ele percebe como che­
fe de família, os meios de satisfazer o seu dever do­
méstico.
141. b) Bens patrimoniais. Bens fundhlrlos.
"Entre os bens que podem fazer objeto da pro­
priedade privada, nenhum é mais conforme à natu­
reza . . . do que a terra, o bem no qual a família ha­
bita, e cujos frutos lhe fornecem inteiramente, ou ao
menos em parte, de que viver . . . " (Pio XII, 1 94 1 ) .
142. Direito à transmissão hereditária.
"A transmissão hereditária do patrimônio familiar
deve ser garantida à família sem que o bem familiar
seja amputado por excessivos impostos de transmis­
são, ou pulverizado pela partilha forçada em nature­
za" (Código Social, n. 34).
"Não pode, pois, o Estado, sem ferir gravemente
o interesse social, e sem atentar contra os direitos
Cap. 11. Direitos das famítias a respeito do Estado 1 13

invioláveis da família, suprimir direta ou indiretamen­


te a herança.
"Todavia, tem ele o direito de apropriar o nú­
mero dos graus sucessíveis à organização atual da
família" (Código Social, n• 109) .
E' desejável que ele alivie o mais possível, e mes­
mo que exonere, de direitos fiscais as sucessões em
linha direta, sobretudo se houver vários filhos, e em
proporção do número destes.
"E' desejável", além disto, "seja reconhecido ao
chefe de família um direito de testar suficiente para
assegurar a transmissão integral das pequenas ex­
plorações na família" (Código Social, n. 1 1 0).
Neste caso, sugeriremos ·que o bem familiar possa,
consoante o desejo dos interessados, ser ou partilha­
do entre os interessados, ou guardado, sobre avalia­
ção por um deles; sendo a preferência concedida àque­
le que o chefe de família falecido tiver podido de­
signar.

143. Direito à justiça distribativL


No seio da sociedade civil, a família tem direito
à justiça distributiva. Os regirPcs dos salários e do tra­
balho, dos impostos, dos ônus e das taxas, das sub­
venções, dos abonos e das pensões de invalidez de­
vem ser estabelecidos não em função meramente do
individuo e do seu mínimo vital, mas levando em
conta a família e os encargos suplementares que ele
suporta.
144. Direito a um regime de segurança sociaL
Em conjunção com o regime de independência
que a propriedade privada generalizada proporciona­
ria a todas as famílias, conv6m que a sociedade civil
institua um sistema de segurança social.
I 14 C6digo Familiar, - Par'/e 11: A Fam/lia e o Estado

A Segurança Social ' pode, pois, ser definida, no


sentido lato, como sendo a compensação dos encar­
gos e dos riscos sociais. Ela é, pràticamente, uma re­
distribuição dos rendimentos decorrentes desses encar­
gos e desses riscos, destinada a dar às famílias que
não a tenham uma garantia permanente contra certo
número de azares da existência.
Não obstante contribuições particulares para en­
cargos de filhos, atribuíveis a mães não casadas, e
destinadas a proporcionar o mínimo vital individual:
a) A instituição chamada dos "abonos familiares"
é de generalizar-se em todas as legislações. Convém
que a atribuição dessas contribuições seja reconhecida
a todas as famílias legitimas e monógamas de uma
nação. Sem prejuízo do direito de todas as famílias
a se verem atribuir um mínimo vital familiar, convém
que esses abonos sejam progressivos, em função do
número e da idade dos filhos menores que ainda não
trabalham, como também em função da qualificação
profissional do chefe de família.
E' desejável que esse sistema de abonos fami­
liares regulares se reforce com contribuições especiais
destinadas à instalação dos casais novos, por ocasião
do casamento e dos nascimentos sucessivos, e de abo­
nos-alojamento, se o acesso à propriedade ainda for
impossível.
Igualmente desejável é que se estabeleça uma
discriminação entre as famílias cuja mãe fica no lar,
e aquelas cuja mãe trabalha fora, e que em proveito
das primeiras seja prevista uma tabela mais vantajosa.

') Toma-se aqui o tcnno "Segurança Social" em sen­


tido mui lato, compreendendo, com os seguros contra os ris­
cos, as contribuiÇões para encargos de família. Pelo con­
trário, ·no sentido jurídico é que é aqui empregado o termo
••riscos sociais".
Cap. 11. Direitos das famílias a respeito do Estado 1 15

b) A instituição de "serviços sociais" para as fa­


mílias é de favorecer-se, contanto que, longe de re­
duzir a solicitude do chefe de família para com os
seus, esses serviços, ao contrário, o incentivem a se
aplicar a ela com mais força e constância.
c) Na instituição dos "seguros obrigatórios", des­
tinados a obviar tanto aos riscos da doença, dos aci­
dentes, da invalidez definitiva, como da velhice e do
desemprego involuntário, é desejável que a incidência
familiar não seja perdida de vista.
Entretanto, no conjunto desse regime de seguran­
ça social, "seria contra a natureza gabar como um
progresso e um desenvolvimento da sociedade tudo
aquilo que tornasse a propriedade privada vazia de
sentido, tirando pràticamente à família e ao seu chefe
a liberdade (e o gosto) de demandar o fim consigna­
do por Deus ao aperfeiçoamento da vida familiar"
(Pio XII, 1 941 ) .
A proteção social d a família não deve propor-se
como ideal uma assistência que mantenha esta em es­
tado de tutela e de menoridade, mas sim um regime
de segurança que empenhe o lar em adquirir a sua
segurança e a sua independência pelo acesso à pro­
priedade privada.
145. Direitos a um regime de segurança sanitária e moral.
Em razão das funções que ela assume na nação,
a família tem o direito de ser protegida pelo Estado
na sua saúde física e moral, contra os flagelos sociais
mais agressivos.
No número desses flagelos cumpre contar o neo­
malthusianismo (c!. supra, n• 124; 108 d) ; o alcoolis­
mo e a pocilga, a tuberculose e o câncer, as doenças
venéreas e a prostituição, enfim a imoralidade em to-
1 16 Códig<> Familiar. - Parle li: A Faml/ia e o Estado

das as suas manifestações públicas ( imprensa adulta


e infantil, filmes, rádio, publicidade).
A forma mais normal dessa proteção será, da
parte do Estado, o incentivo da iniciativa privada.
O Estado favorecerá todas as fundações privadas
ou públicas que apresentem um interesse sanitário ou
social para o reerguimento ou para a reclassificação
das vitimas desses flagelos.
Os serviços sociais antituberculosos ou antivené­
reos deverão sempre lembrar-se de que as melhorias
sociais duráveis nunca se fazem contra a família, qua­
se nunca sem ela, porém, na maioria das vezes, com
ela e por ela.
Fundará, enfim, o Estado insti tutos de pesquisa
cuja rede ganhará com ser coordenada em torno dos
serviços de um ministério da população, da família e
da saúde pública.

146. Direitos pofiHcos.

Instituição natural destinada a perpetuar e edu­


car a comunidade humana, a família legitima tem o
direito de estar representada como tal junto aos po­
deres públicos, legislativo ou executivo, e, tanto quanto
possível, em todos os graus (Código Social, n. 37, e
infra, nn. 1 52-155) .

147. Departamento lamlHar do estado.

A família, enfim, representa tais interesses e


tais valores espirituais e sociais na comunidade na­
cional, que é desejável ver o poder executivo, seja
qual for o regime, reservar um lugar importante ao
departamento familiar, sob forma de ministério pro­
priamente dito, de conselho superior, ou outro.
Cap. 11. Direitos das famlfias a ri!'speito do Estado 1 17

S U M A R I O

DIREITOS GERAIS

Por isso deve entender-se a participação da família, en­


quanto comunidade de base da comunidade nacional, nos
direitos de que gozam as diversas sociedades civis re<:onhe­
cidas no Estado.
A este titulo, deve ela gozar, como tal, do direito de
livre associação, do direito à propriedade, sob rorma de pa­
trimônio (especialmente i-mobiliário) hereditário, de um sis­
tema de salários e de abonos familiares proporcionados ao
número dos filhos, enfim de um regime de segurança social
destinado a premun·i-la, pelo seguro, contra os azares da
existência, a lhe fornecer a garantia material da sua inde­
pendência, e a lhe permitir perseguir o fim que Deus lhe
designou.
Deve esse regime de segurança social completar-se pelo
da segurança sanitária e moral, em virtude do direito que
tem a família a ser protegida, pelo Estado, contra os fla­
gelos que ameaçam a sua saúde flsica e moral.
Finalmente, a famllia legitima tem o direito de ser re­
presentada, por intermédio de associações familiares, junto
aos poderes públicos, leg·islativo ou executivo.
CAPITULO 111

DEVERES DAS FAMILIAS


PARA COM O ESTADO

148. Em vista do bem comum, deve o Estado,


absolutamente falando, permanecer a serviço das fa­
milias. Os fins da familia são, com efeito, superiores
aos do Estado.
Reciprocamente, devem as famílias, em nome do
bem comum, ajudar o Estado a cumprir a sua mis­
são. E' no seio das familias que principia o aprendi­
zado do "bom cidadão". E' lá, com efeito, que se for­
mam a consciência cívica e social, o espírito de sa­
crifício ao bem comum, o respeito da função pública,
o senso das responsabilidades de cada um e de todos
na nação.
O Estado tem o direito de requerer um auxilio
suplementar e mesmo extraordinário quando o bem
comum o exige {cf. infra, n. 149). Todavia, o bem
comum "não pode ser determinado por concepções
arbitrárias, nem achar a sua lei primordial na pros­
peridade material da sociedade, porém muito antes no
desenvolvimento harmonioso e na perfeição natural do
homem" (Pio XII, Summi Pontifiro/us).
"De onde se segue que o cuidado do bem comum
não comporta um poder tão extenso sobre os mem­
bros da comunidade, que em virtude desse poder seja
permitido à autoridade pública entravar o desenvol­
vimento da ação individual do homem" em mira ao
seu fim pessoal (Pio XII, 1• de Junho de 1 94 1 ) .
Oap. 111. Deveres das famílias para com o Estado 119

149. Sacrilidos Impostos pelo estado e m caso d e perigo.

Em caso de perigo nacional, como quer que esse


perigo é também perigo das famílias, o Estado tem
o direito de impor aos seus membros sacrifícios pro­
porcionados às circunstâncias. Deve fazê-lo de maneira
que cause o menos possível de prejuízo às famílias.
150. Requisição pardal em tempo de paz.

Não é vedado ao Estado impor às famílias, mes­


mo em tempo de paz, requisições parciais versantes
sobre certas classes ou categorias de jovens e de
adultos, contanto que seja sempre para o bem real
da comunidade nacional, devendo esse bem compor­
tar, de toda necessidade, o bem das famílias.
Sem embargo, essas prestações obrigatórias de
serviços cívicos tornar-se-iam ilícitas se redundassem
na organização do Estado totalitário. O serviço das
mulheres e moças, cuja primeira tarefa é relativa aos
lares, parece dever ser afastado, a não ser precisa­
mente que tenha por fito exonerar de encargos ex­
cessivos as mães de família.

151. Mobilização voluntária das lamilias.

As famílias não têm de esperar que a pátria es­


teja em perigo de agressão estrangeira para mobili­
zarem as suas forças em socorro do Estado. A comuni­
dade nacional pode estar exposta a muitos perigos in­
teriores, tais como o estatismo invasor ou o coletivis­
mo materialista.
Lembrar-se-ão então as famílias de que pela sua
missão natural são chamadas a garantir a elevação
moral que a dignidade da pessoa humana requer. Fon­
te de valor pessoal e de dignidade social, o lar opõe
normalmente a resistência de suas forças espirituais
I 20 Código Familiar. - Parte lf: A Família e o Estado

às invasões das forças materiais e impessoais, em par­


ticular quando estas assumem a forma do Estado to­
talitário.
Pode ser um dever para as famílias o mobiliza­
rem suas forças e se ligarem entre si, enquanto ainda
é tempo, para infundir seus valores no corpo do
Estado.

152. Programa de açio famDiar.

"O programa desta ação tendente a consolidar


a família, a lhe elevar o potencial, a integrá-la no me­
canismo vivo do mundo, pode reduzir-se a alguns ar­
tigos precisos:
- suprir a insuficiência da família, proporcio­
nando-lhe o que lhe falta para exercer a sua função
doméstica e social;
- unir entre si as famílias numa frente única,
consciente da sua força;
- permitir à família fazer ouvir a sua voz nos
negócios de cada pais, como de toda a sociedade, de
tal sorte que ela nunca tenha de sofrer deles, mas, ao
contrário, deles tenha de se beneficiar o mais possível
(Pio XII, à União Internacional dos Organismos Fa­
miliares, 1 9 de Setembro de 1949) .

153. Corpos representaUvos das famillas.

Utilizando o seu direito de associar-se, as famí­


lias organizar-se-ão em associações e movimentos fa­
miliares, que, federados ou coordenados segundo um
regime de direito público, possam obter do Estado um
estatuto de "Corpo representativo das famílias" pe­
rante a nação.
E' desejável que, nas suas atribuições legais, esse
organismo de representação familiar seja habilitado a :
C.ap. 111. Deveres das famílias para com o Estado 121

I •) dar sua opinião aos poderes públicos sobre


as questões de ordem familiar, e a lhes propor as me­
didas que pareçam conformes aos interesses mate­
riais e morais das famílias;
2•) representar oficialmente o conjunto das fa­
mílias da nação junto aos poderes p(lblicos, e, notada­
mente, poder designar ou propor os delegados das
famílias aos diversos conselhos, assembléias ou outros
organismos instituídos pelo Estado;
3•) gerir todos os serviços de interesse familiar
cujo encargo os poderes públicos puderem confiar­
lhe, e as obras ou instituições que ele julgar dever
criar ou tomar à sua conta;
4•) exercer perante qualquer jurisdição todos os
direitos reservados à parte civil relativamente aos fa­
tos capazes de prejudicar os interesses morais e ma­
teriais das famílias;
5•) arbitrar as contendas que forem levadas pe­
rante ele pelas diversas associações de famílias ou
movimentos familiares.

154. ApUcações particulares dessa competênda.


O organismo representativo das famílias esten­
derá, por conseguinte, a sua solicitude a todos os do­
mínios, juridico, econômico, social e político, que con­
cernem ao bem comum das famílias, em ligação com
os outros organismos competentes.
Enfim, terá muito especialmente de se manter
em relação com os departamentos ministeriais rela­
tivos à organização da instrução e da educação, da
população e da saúde, do trabalho e da Segurança
Social, da economia e da produção.
Manterá, do mesmo modo, relações, por via de
convenções e de comissões, com os organismos pro-
122 Códig<> Famifiar. - Parte /1: A Família e o Estado

fissionais, em mira a regular todas as questões refe­


rentes à orientação profissional e ao aprendizado da
juventude, ao contrato de pessoal e ao trabalho dos
pais e mães de família.
Considerará como uma de suas atribuições prin­
cipais o velar, ao lado dos poderes públicos, pela mo­
ralidade da rua e dos espetáculos, e, em geral, pela
luta organizada contra todos os flagelos sociais.
Finalmente, o Corpo Representativo das Famílias
não esquecerá que a sua competência lhe vem da sua
ligação com as familias do pais por meio das suas
associações de base. Esforçar-se-á, pois, por estimu­
lar a atividade e a iniciativa dessas associações, de
preferência a substituí-las pela sua própria ação.
Assim fará ele obra tanto educativa junto às fa­
mílias como representativa junto aos poderes.

155. Oulnl modalidade de representaçllo: o voto famiUar.

A representação dos interesses das famílias junto


aos poderes públicos pode também fazer-se por inter­
médio de delegados eleitos pelo sufrágio familiar, quer
esses delegados tenham assento numa câmara especial
ao lado dos de outras instituições, quer o sufrágio fa­
miliar venha a substituir, para toda eleição política,
o sufrágio universal. Nesta última hipótese, o pai de
família disporia, além do seu voto pessoal, de um
número de votos proporcional à importância do lar
cuja guarda ele tem.

156. Conclusão.

A família não é estranha ao bem comum da na­


ção. Oferecendo-lhe os seus membros, ela não cessa
de renovar o dom quotidiano dos espiritos, dos cora-·
ções, das vontades que são a alma do pais. Por ela,
o cidadão insere-se na Cidade. Quando ela se defende,
Cap. 111. Deveres das famílias para com o Estado 123

é a própria substância da Pátria que ela protege. O


chefe de família serve, pois, o bem comum não sõ­
mente como cidadão, mas também como pai ou co­
mo mãe.
Também o Estado não é estranho ao bem das fa­
milias. Tem missão de protegê-las, de desenvolvê-las,
de elevá-las, antes de todos os outros agrupamentos,
mas não a título exclusivo. Porquanto o Estado não
é pai de familia. E' outra coisa: é o organizador, res­
ponsável, da sociedade civil, para o bem comum tem­
poral das pessoas. A este único título é que ele é cha­
mado a proteger as familias, como igualmente os
outros agrupamentos e sociedades particulares de
pessoas.
Por conseguinte, o Estado faria mal privando-se
do conselho e do auxilio organizado da primeira ins­
tituição que esteja a serviço da pessoa : a familia.
Mas a familia igualmente faria mal em se re­
cusar a ajudar o Estado na sua missão natural de
organizador da sociedade para o bem das pessoas.

S U M A R I O

Se, em vista do bem comum, deve o Estado empregar­


se no serviço das famílias, inversamente devem as famílias,
em nome do bem comum, ajuda·r o Estado a cumprir a sua
missão. Efetivamente, é pela família que o cidadão se for­
ma e se �nsere na Cidade, e lhe fornece o contributo dos
valores humanos qtre, constituindo a própria substância da
pátria, são os únicos capazes de impedir os desvios tota­
litários.
E' por isto que, se o Estado está no direito de pedir
às famílias os sacrifícios requeridos para promover e de­
fender o bem comum, deverá ter sempre o cuidado de es­
torvar o menos possível a família no cumprimento nonnal
d a missão que lhe incumbe.
124 Código Familiar. - Parte /1: A Famllia e o Estado

A família, por seu lado, tem o dever de ·mobilizar vo­


Junt.à.riamente todas as forças e valores que ela detém por
prioridade, em mira a infundi-los no corpo do Estado.
Para cumprir esta dupla tarefa de salvaguarda dos va­
lores próprios à família e de utilização destas a serviço
do Estado, importa instituir um organismo de representa­
ção familiar, habilitado a fazer valer junto aos poderes pú­
blicos todos os in teresses familiares, e a lhes trazer ao mes­
mo tempo a colaboração das famílias organizadas a ser­
viço de uma concepção verdadeiramente humana do bem
comum.
TERCEIRA PARTE

A FAMíLIA E A IGREJA
"Cristo proveu de maneira particular ds necessi­
dades orgânicas da Igreja, pela instituição
de dois sacramentos: o MatrimtJnio e a
Ordem".
Pio XII, Mystici Corporis.

http://alexandriacatolica.blogspot.com.br
CAPITULO PRIMEIRO

A CONDIÇÃO CONJUGAL
NO MISTÉRIO CRISTÃO

157. Estados de vida diversos.


A condição conjugal é um estado de vida já sa­
grado por natureza, e que ainda mais sagrado se
tornou em virtude da sua elevação, por Cristo, à rea­
lidade de sacramento.
Mas, ao lado dessa condição, existe outra ainda
mais santa: a condição de celibato voluntário por de­
dicação e por caridade - "propler regnum ccelorum"
(Mt 1 9, 12) - à qual o sacerdócio e o voto reli­
gioso vêm trazer uma consagração suplementar.
Entre essas duas condições está estabelecida uma
hierarquia de dignidade, que a Igreja jamais permitiu
nem negar nem subverter. Afirma o Concílio de Tren­
to (Sess. XXIV, c. l O) : "Se alguém disser que o es­
tado conjugal deve ser preferido ao estado de vir­
gindade ou de celibato, e que não é melhor e pre­
ferível ficar na virgindade e no celibato do que se
unir pelo matrimônio, seja anátema".
A razão disso é que o celibato e a virgindade,
implícita ou explicitamente votados a Deus, são um
matrimônio perfeito da alma com Cristo. Porquanto,
sem falar das "divisões" e dos "conflitos" que S. Paulo
assinala (I Cor 7, 32-35), e aos quais a condição
conjugal dá mais ou menos lugar entre Deus e os
esposos quando estes não são ambos perfeitamente
128 Código Famliar. - Parte 1/J: A Famifia e a Igreja
animados pelo Espírito de Cristo, há no celibato e
na virgindade por amor e por voto uma doação mais
imediata a Cristo e à Igreja como às almas, uma imi­
tação mais estreita da união toda espiritual desta
com Aquele. De sorte que, se o casamento já é, no
dizer de São Paulo ( Ef 5, 32) um grande mistério
em função de Cristo, da Igreja e da sua união indis­
solúvel, o celibato e a virgindade de amor são um
bem maior ainda.
No mais, essas duas condições são tão necessá­
rias uma como a outra : a sociedade e a Igreja pre­
cisam de esposos e de virgens. De esposos, para po­
voar a cidade de Deus e a cidade dos homens, e coo­
perar dignamente com o Amor criador de Deus; de
virgens, porque o celibato e a virgindade votados são
um testemunho e um apelo em favor da castidade,
sinal da dignidade humana, e da sua possibilidade
dentro como fora do casamento. Se eles viessem a
faltar, faltaria um exemplo arrastador para a prática
dessa caridade, penhor do domínio do espírito sobre a
carne.

158. A condiçiio conjugal, prefiguração do Mlst�rlo cristão.

Que Deus haja querido instituir a condição con­


jugal e familiar, mostra-no-lo a Sagrada Escritura des­
de as primeiríssimas páginas do Gênese.
Com efeito, o homem é o primeiro a ser criado.
A mulher lhe é dada como "um adjutório semelhante
a ele". Serão dois seres complementares que um mú­
tuo amor atrairá até não formarem mais do que um.
E' o próprio Adão quem o diz: "O homem deixará
seu pai e sua mãe; unir-se-á à mulher, e serão dois
numa só carne". Depois, Eva põe no mundo seu fi­
lho, e sua maternidade arranca-lhe este grito de ar­
roubo : "Deus me deu um filho".
Cap. 1. A condirão conjugal no mistério cristão 129

Porém o que menos se sabe é que, nessa ins­


tituição, Deus quis como antecipar-se ao mistério que
Ele se reservava fazer aparecer na plenitude dos tem­
pos: Ele quis como que dar desse mistério uma hu­
mílima prefiguração.
"O casamento, - diz Leão XIII, - foi, desde
o princípio, como que uma figura da Encarnação do
Verbo de Deus" (Arcanum), como que uma imagem
antecipada das bodas do Cordeiro, da união de Cristo
com a Igreja.
159. A Encamaçlio. Mistério nupcial.
Deus amou tanto o mundo, diz São João, que lhe
deu seu Filho único como Salvador.
Verdade esta a que toda a Bíblia faz eco pre­
cisando-nos que esse dom não tem apenas o caráter
de uma aliança jurídica, mas o caráter, muito mais
intimo e mais amável ainda, de uma aliança na carne
e no sangue. Para esta aliança, o termo matrimônio
não é demasiado, é mesmo o termo preferido pelos
Profetas, o termo retomado pelo próprio Cristo.
De feito, o mistério da Encarnação pode ser dito
um mistério nupcial.
Enquanto mistério das bodas do Filho de Deus
com a Igreja, ele é :
a) Mistério d e predileção única e exaustiva. "úni­
ca é certamente a Esposa de Cristo, a Igreja, - diz
Pio XII; - entretanto, o amor do Divino Esposo es­
tende-se tão largamente, que, sem excluir ninguém,
abraça em sua Esposa o gênero humano inteiro"
(Myslici Corporis, n.98).
b) Mistério nupcial, ele é contratual, isto é, cha­
ma e espera uma resposta, a resposta da Virgem
Maria, que, "no lugar da natureza humana inteira,
aceitou que um matrimônio espiritual unisse o Filho
130 Código Famliar. - Parte /li: A Família e a Igreja

de Deus com a natureza humana" (Pio XII, Mystici


Corporis, n. 1 1 1 , citando Santo Tomás, 111, q. XXX,
a. 1 ) .
c) Mistério nupcial, ele é mistério de incorporação.
Porquanto Cristo fez da Igreja o seu próprio Corpo,
o seu complemento, o "osso" dos ossos, a carne da
sua carne". Ele "que já no seio da Virgem era o Chefe
de toda a família humana", na cruz é que consuma
essa incorporação, entregando à sua Igreja o seu pró­
prio Corpo e adquirindo, em troca, nessa mesma cruz,
a sua Igreja, "pois nenhum dos membros do seu Corpo
místico pode ser incorporado a esse Corpo na água
do batismo, sem a virtude salutar da cruz" (Pio XII,
Mystici Corporis, u. 29) .
d) Mesmo porque, ratificada e consumada, a
união de Cristo com a Igreja é definitiva e indissolú­
vel, "pois o que nosso Salvador começou outrora na
cruz, não cessa de continuá-lo para sempre e sem in­
terrupção na beatitude do céu" (Pio XII, Myslici Cor­
paris, n. 58) .
e ) Finalmente, mistério nupcial, a união d e Cristo
com a Igreja o é de maneira eminente, pois nela reina
supremamente a ordem do amor. Essa ordem quer, com
efeito, que a cabeça não seja separada do coração.
Ela é concebida de modo que a autoridade do chefe,
mesmo iec!amando n submissão da esposa, e longe de
ser incompatível com uma larga autonomia desta, mui­
to pdo contrário, suscita e aguarda da parte dela o
espírito de iniciativa e de empreendimento. Com efei­
to, "n�o se deve pensar que Cristo, sendo o Chefe e
ocupando um lugar tão elevado, não requer o auxílio
de seu Corpo. Porquanto importa afirmar do Corpo
místico o qt�e São Paulo afirma do corpo humano: "a
cabeç� não pode dizer aos pés: não preciso de vós"
( ! Cor 1 2, 2 1 ) . . . Isso, entretanto, não provém da
Cap. I. A condição conjugal no mistério cristão 131

sua indigência e da sua fraqueza, mas, antes, de ha­


ver Ele próprio tomado esta disposição para a maior
honra de sua Esposa sem mancha" ( Pio XII, Mystici
Corporis, n. 43) .
f) Assim, com isso o mistério nupcial d e Cristo
se remata em mistério de fecundidade: "pois não so­
mente Cristo partilha com sua Esposa imaculada a
obra da santificação das almas, mas ainda quer que
esta nasça, por assim dizer, do seu trabalho" (Pio
XII, Mystici Corporis, n. 43) . Assim, Cristo torna
Mãe a Igreja.
I 60. Cristo e a Igreja: comunidade de destino.

Dessarte, o Verbo "descido do céu sem o corpo


de que se revestiu cá na terra, ao céu torna a subir
revestido desse corpo . . . ", "revestido dessa Ig�eja que
Ele fez para si sem mancha nem ruga" (S. Agostinho).
Tal é a rota da Encarnação: marcha nupcial que
reconduz o Esposo aos c6us, ã destra do Pai, a fim
de que pela eternidade tudo retorne ã unidade, na
comunidade de uma vida de amor no seio da Trindade:
"Eu neles, e Tu (Pai) em mim, a fim de que eles
também em Nós sejam um" (Jo 1 7, 23-26) .

161. O Matrimônio cristão: Sacramento da unlllo de Cristo


com a Igreja.

O que o casamento de natureza fora encarregado


de antecipar e de prefigurar de maneira ainda bem
tosca e imperfeita, ãs núpcias cristãs caberá traduzi­
lo melhor e revivê-lo mais perfeitamente.
Porquanto só dos esposos que se casarem em
Cristo e na Igreja depende o retomarem ã sua conta
os próprios caracteres do divino mistério nupcial da
Encarnação, e fazer deles as leis da sua própria união.
132 Código Famliar. - Parte 111: A FDmifia e a Igreja

Se, aliás, a união de Cristo com a Igreja não


pode ser dita "realizada" por um contrato matrimo­
nial sacramental, nem "contida" nos efeitos deste
(Santo Tomás, supl. q. 42, a. I, ad 4), nem por isto
fica sendo menos certo que esta "última realidade está
(mesmo assim) contida no matrimônio cristão, neste
sentido que o sacramento obtém a sua eficácia por cau­
sa da Paixão que Cristo sofreu para se unir à sua Igre­
ja". Neste sentido, segundo Pio XI citando Belarmino,
o sacramento do matrimônio é "um sacramento seme­
lhante à Eucaristia, que é um sacramento não somen­
te no momento em que se realiza, mas também du­
rante o tempo em que persiste; porquanto, por tanto
tempo quanto os esposos viverem, a sua sociedade é
sempre o sacramento de Cristo e da Igreja" (Casti
Connubii).

162. Efeitos do Sacramento.

a) Graças individuais. "Esse sacramento, naque­


les que lhe não opõem obstáculo, não aumenta apenas
a graça santificante, mas lhe adita ainda dons par­
ticulares, bons movimentos, germes de graças; eleva,
assim, e aperfeiçoa as forças naturais, a fim de que
os esposos possam não somente compreender pela ra­
zão, mas degustar Intimamente e conservar firmemen­
te, querer eficazmente e cumprir na prática, aquilo
que se refere ao estado conjugal, aos seus fins e aos
seus deveres ; confere-lhes, enfim, o direito ao socorro
atual da graça, cada vez que eles dele necessitarem
para cumprir as obrigações desse estado" (Casti Con­
nubii, p. 4 1 ) .
b) Incorporação comunitária à Igreja. O sacra­
mento não reduz os seus efeitos a graças meramente
individuais nos esposos que o recebem; realiza, além
disso, uma incorporação comunitária da célula con-
Cap. I. A condição conjugal no mistério cristão 133

jugal ao Corpo universal de Cristo e da Igreja, a esse


Corpo com o qual Cristo não forma senão uma única
Pessoa, e do qual é Ele a Cabeça.
Ora, à míngua desta visão extensa dos efeitos do
casamento-sacramento, mui provável é que jamais os
esposos cheguem a uma espirítualidade conjugal e fa­
miliar suficientemente comunitária e missionária. As
vezes, assim já sucede com o mistério eucarístico,
cujos efeitos salutares mutíssimos comungantes redu­
zem à simples ilutorga da presença real, desconhe­
cendo todo o aspecto de incorporação do comungante
ao mistério redentor e sacríficial do Calvário, da Pás­
coa e de Pentecostes.
Ao contrário, considerando-se como uma célula
definitivamente incorporada ao Corpo místico pelo ca­
samento, a comunidade conjugal poderá tomar melhor­
mente consciência das suas obrigações. Já não po­
derá admitir ser uma célula morta, ou mesmo uma
célula inútil ou doente, desse grande Corpo. Quererá,
ao contrário, ser uma célula em estado de graça e
de receptividade, uma célula em estado de atividade
e de labor. Esforçar-se-á espontâneamente por ficar
sendo uma célula bem ordenada pela própria ordem
do Amor tal como ela deriva da união de Cristo com
a Igreja, isto é, uma sociedade ordenada, ao mesmo
tempo, no marido por uma autoridade participada de
Cristo-Chefe, e na mulher por uma ardente necessida­
de de ser, à maneira da Igreja-Esposa, à maneira da
Virgem Maria e da sua co-Redenção, cheia de iniciati­
va. De fato, foi dizendo-se a "Escrava do Senhor"
que Maria mereceu ouvir lhe serem aplicadas pela Igre­
ja, a quem na ocorrência ela tão bem representa, as
palavras inspiradas: "Eu, a Sabedoria, habito o seu
ju ízo, inspiro os seus desígnios mais íntimos" ( Prov
8, 1 2) .
134 Código Famliar. - Parte 1/1 : A Família e a Igreja

Em resumo, é próprio da condição conjugal uo


cristianismo apresentar-se o "sacramento da união de
Cristo com a Igreja", isto é, como o meio por ex­
celência - se, todavia, se fizer abstração do estado
sacerdotal e do estado religioso - de instalar uma
"presença ativa de graça" na humanidade, c, mui par­
ticularmente, na união já humanamente fecunda do
homem com a mulher.
Enfim, a condição conjugal cristã afirma-se tam­
bém como o meio de escol para incorporar uma nova
célula social humana na comunidade de Cristo e da
Igreja, em mira à ampliação do reino de Deus na
humanidade.
Que os esposos cristãos, meditando estas gran­
dezas da sua mislerinsa união, nunca se tenham en­
tretanto por satisfeitos. O dogma da ressurreição da
carne supõe a espiritualização última da carne, e por­
tanto convida a própria condição conjugal a orientar­
se progressivamente, deseJe este mundo, para esse além
do qual Cristo disse que lembraria a condição angé­
lica (Mt 22, 30).
Que, enfim, amando o seu casamento e as graças
da sua união, tenham ainda os esposos a generosidade
de pedir Aquele que misericordiosamente lhes dá fi­
lhos dignar-se de escolher deles para o seu sacerdócio
e para o serviço da sua Igreja. E que considerem esta
obrigação como o coroamento sagrado da sua comu­
nidade de amor.

S U M A R I O

Se bem que inferior em si mesmo ao estado de vir­


gindade ou de celibato voluntàriamente abraçado em espJ­
r·ito de caridade, o casamento é no entanto, por sua natu­
nza, u-m estado sagrado, e ainda mais sagrado se tornou
em virtude do valor sacramental a que Cristo o elevou.
Cap. I. A condição conjugal no mistério cristão 135

Efetivamente, o casamento cristão faz participar, na rea­


lidade sacramental que o constitui, do ministério da união
nupcial do Filho de Deus com a Igreja, união que ele já
prefigurava desde a origem, quando ainda era mera insti­
tuição de natureza.
Enquanto união do homem com a mulher, contraída
em vista da ge-ração segundo a carne, por uma doação mú­
tua que os incorpora um ao outro, ele reproduz sensivel­
mente as próprias -propriedades de que é, misticamente, a�
sinalado o casamento de Cristo com a Igreja realizado no
mistério da Encarnação.
De sorte que só dos esposos que se casaram em Cristo
e na Igreja depende o retomarem à sua conta os próprios
caracteres desse divino mistério nupcial, e fazer deles as
leis da sua própria união.
Esse contacto com a fonte sacramental não lhes pro­
porcionará apenas as graças individuais de santificação se­
gu-ndo o seu estado, mas terá por efeito incorporar-lhes a
comunidade conjugal, como tal, no mistério do Corpo de
Cristo, e dilatar assim o reino de Deus ·na human-idade.
CAPITULO 11

MISSÃO DA COMUNIDADE CONJUGAL


NA IGREJA

163. "Cristo - declara Pio XII - proveu de


maneira particular às necessidades orgânicas (sociais)
da Igreja pela instituição de dois sacramentos.
"Pelo matrimônio, em que os esposos são um
para o outro ministros da graça, Ele promoveu o in­
cremento exterior e ordenado da comunidade cristã,
e, o que ainda melhor é, a boa educação religiosa
dos filhos, sem a qual o seu Corpo mistico estaria
exposto aos maiores perigos.
"Pela ordem acham-se consagrados ao serviço
de Deus homens encarregados de imolar a Hóstia eu­
caristica, de alimentar o rebanho dos fiéis com o pão
dos anjos e com o alimento da doutrina, de dirigi-lo
pelos mandamentos de Deus e pelos conselhos, de
robustecê-lo enfim pelos outros dons sobrenaturais"
(Enc. Mystici Corporis).

164. Missão do Sacerdócio hierárquico.

Cristo instituiu um sacerdócio hierárquico, de ma­


neira a organizar a comunidade cristã em sociedade
visivel e perfeita, para melhor lhe comunicar a sua
vida.
"A Igreja é uma sociedade e, como tal, requer
uma autoridade e uma hierarquia próprias. . . Só aos
apóstolos e àqueles que, após eles, receberam dos su-
Cap. 11. Missão da Comunidade Conjugal na Igreja 131

cessares destes a imposição das mãos, é que foi con­


ferido o poder sacerdotal em virtude do qual eles re­
presentam seu povo perante Deus, da mesma ma­
neira que representam perante o seu povo a pessoa
de Jesus Cristo. Esse Sacerdócio não lhes é transmi­
tido por hereditariedade nem por descendência hu­
mana; também não emana da comunidade cristã, não
é uma delegação do povo . . . Por isso é que o Sa­
cerdócio exterior e visível de Jesus Cristo não se trans­
mite na Igreja de maneira universal, geral ou inde­
terminada: é conferido a homens escolhidos, e cons­
titui uma espécie de geração espiritual que um dos
sete sacramentos, a ordem, realiza" (Pio XII, Medialor
Dei, nn. 37-39).
A esse sacerdócio instituído, a Pedro e aos seus
sucessores, o Divino Redentor confiou o mandato de
desempenharem o próprio papel d'Ele na terra para
assegurarem o governo visível da Cidade cristã, go­
verno que, afirmado "da Igreja universal, deve ser
igualmente afirmado das comunidades particulares de
cristãos, tanto orientais como latinas"; porquanto, "é
Jesus Cristo quem as governa pela voz e pela juris­
dição de cada bispo". Deste modo, é mesmo Cristo
quem, pela Igreja docente, "batiza, ensina, governa,
liga, desliga, oferece, sacrifica". "Assim se realiza o
seu desígnio, a saber, o agrupamento dos homens
fundado n'Eie seja uma sociedade perfeita no seu gê­
nero e munida de todos os elementos jurídicos e so­
ciais (necessários) para perpetuar na terra a obra
salutar da Redenção" (Pio XII, Mystici Corporis, nn.
4 1 , 53, 62. Cone. Vat., Sess. IV) .
Nesta vontade d e Cristo reside o próprio funda­
mento da missão do sacerdócio hierárquico.
138 Código Familiar. - Parte 111: A Família e a Igreja

165. Missiio da comunidade conjugaL

"Mas absolutamente não se deveria imaginar que


essa estrutura hem ordenada ou, como se diz, orgâ­
nica, do Corpo da Igreja se remate e se circunscreva
nos graus da hierarquia. Sem dúvida, cumpre abso­
lutamente manter que aqueles que no Corpo estão de
posse dos poderes sagrados lhe constiluam os mem­
bros primeiros e principais, pois é por eles que, con­
soante o mandato do Divino Redenlor, se perpetuam
as funções de Cristo, doutor, rei e sacerdote. Sem
embargo, com toda razão, quando os Padres da Igreja
fazem o elogio dos ministérios, dos graus. . . das fun­
ções desse Corpo, têm em vista também aqueles que es­
tão unidos pelos laços de um casto matrimônio. Bem
mais, importa notá-lo, os pais e mães de família, mor­
menle nas circunstâncias presentes, ocupam na socieda­
de cristã um lugar de honra, ainda que às vezes seja
ele mui modesto" (Pio XII, Mystici Corporis, n. 1 7 ) .

166. "Uma missão especial incumbe pois à famllia" (Pio XII).


O que equivale a dizer que em parte é graças
aos esposos e aos pais cristãos que se perpetuam as
funções de Cristo, esposo e gerador, e as funções da
sua Igreja, Esposa espontâneamente fecunda e san­
tificadora. De feito, Cristo não quis que "a Igreja
nasça, por assim dizer, do seu trabalho. Mistério ter­
rível, certamente, e que nunca se meditará bastante:
a salvação de grande número de almas depende das
preces e das mortificações voluntárias, para este fim
suportadas, dos membros do Corpo místico, e do tra­
balho de colaboração que os pastores e os fiéis, es­
pecialmente os pais e mães de família, devem prestar
ao nosso Divino Salvador (Myslici Corporis, n. 43).
Com efeito, diz Pio XII, "nessa colaboração dos leigos
no apostolado, colaboração tão importante de promo-
Cap. li. Missão da Comunidade Conjugal na Igreja 139

ver nos nossos dias, uma missão especial incumbe à


família, pois o espírito da família influi essencialmente
110 espírito das gerações jovens" (Summi Pontificatus,
1 1 . 69) . Realmente, o "pai que vive, que pensa, que
fala, que age como cristão, mesmo quando se trata
de coisas e de interesses deste mundo, não se faz
educador e mestre de seu filho que o observa? E,
assim, não é ele pai uma segunda vez, não já do
corpo dele, mas do seu espírito, pela profunda influ­
ência que exerce sobre o espírito do filho, transfun­
dindo-lhe o seu espírito de fé? . . . Assim, o pai fará
do filho um cristão tal como ele próprio o é" (Pio
XII, A. C. ltal., 1 942).

167. Missão conjugal complementar da missão hierárquica.

I• "O incremento exterior e ordenado da comuni­


dade cristã" (Pio X I I ) . Se a hierarquia "batiza, en­
sina, governa, liga, desliga, oferece, sacrifica", a co­
munidade conjugal cristã, em virtude dos sacramentos
que lhe confere uma presença especial de Cristo e da
Igreja, possuí o privilégio de criar "um meio de graça
santificante". Esse meio de graça é, em si, suscetível
de dispor virtualmente aqueles que a comunidade con­
jugal suscita, recebe ou cerca, para os atos de jus­
tificação salutar, de conversão ou de santificação.
Todavia, se esse poder san tificador não basta
para regenerar no seu nascimento o filho, para fazer
dele um filho de Deus, quem entretanto negará que
o fruto de uma carne pertencente, pelo casamento
cristão, ao Corpo de Cristo, já não se acha em relação
íntima com o Homem-Deus, com a Igreja e com a
sua graça? Não se poderá dizer que esse fruto tam­
bém provém da união de Cristo com a Igreja, visto
ser como órgãos do Homem-Deus, em seu nome e
para a sua glória, que os esposos estão unidos? Não
140 Côdigo Familiar. - Parte 111: A Família e a Igreja

obstante, se os filhos de pais cristãos não nascem em


estado atual de graça, nem por isso deixam de nascer
em estado virtual, que o batismo de água realizará. '
Assim, a rede de verdadeiros lares cristãos que
vivem em estado de graça oferece à Igreja a própria
trama desse meio divino que ela tece por toda a terra.
Viesse a Igreja hierárquica localmente a desapa­
recer ' , e nem por isso o Corpo m ístico de Cristo
deixaria de substituir, extraordinàriamente, com esse
rudimento de organização.
Com efeito, consoante a palavra de Pio XII, esse
sacramento continuaria a efetuar "o incremento ex­
terior e ordenado da comunidade cristã" (Pio XII,
Mystici Corporis). Nisto reside uma das duas missões
atribuídas à família em face da Igreja, e que a Ação
Católica familiar recentemente veio consagrar.
Porquanto, como ainda o observa Pio XII: "Quan­
do uma família vive (assim) de Cristo, quando, pela
sua consagração ao Coração de Cristo, ela ratificou
a sua união com Aquele que venceu o mundo, e quan­
do se votou ao amor, ao serviço, ao reinado desse
Coração Divino; quando ela faz do reino d'Eie o
ideal de que ela vive; quando várias famílias, anima­
das do mesmo espírito, conduzidas pelo mesmo ideal,
estão reunidas na integridade do Corpo místico do
Homem-Deus; quando um milhão de pais, de mães,
quando milhões e milhões de filhos consagram com

1 ) Certos teólogos pensam mesmo, com Caietano, que


os filhos de pais cristãos que morrem no seio materno po­
dem ser salvos pelo sacramento do batismo recebido, senão
realmente, ao menos implicitamente, no anseio cristãmente
criador por parte de seus pais, os quais não os quiseram
senão para fazer deles filhos de Deus.
�) A coisa se viu ·no Japão, onde, durante vários sé­
culos, havendo a perseguição privado dos seus sacerdotes
a comunidade dos fiéis, esta, não obstante, desenvolveu--se
graças ao batismos e aos casamentos desses cristãos.
Cup. 11. Missão da Comunidade Conjugal na Igreja 141

ard<>r apaixonado todas as suas energias a promover


o reino de Deus, quem medirá o poder de um tal exér­
cito sob um tal Chefe?" (Pio XII às famílias da França,
17 de Junho de 1 945) .
2"' "A boa educação religiosa dos filhos". A se­
gunda missão da família na Igreja especifica a pri­
meira: é a sua missão educadora. Sem dúvida, a
comunidade conjugal não recebeu de Cristo o mandato
que faz da Hierarquia católica, propriamente a Igreja
docente, confirmada na sua missão pelo poder infalí­
vel do Magistério romano. Sem embargo, sempre na
ordem comunitária que é a ordem do amor, os pais
têm uma graça de estado como educadores. O seu
<:asamento, como sacramento da união de Cristo com
a Igreja, confere-lhes um poder que se traduz num
dever, para eles, de orientarem os filhos que eles pu­
seram no mundo rumo ao seu fim último, Cristo, o
Deus Trino. Se não receássemos desvalorizar termos
sagrados aos quais se deve deixar toda a sua signifi­
cação, a propósito desse poder conviria falar de "sa­
cerdócio particular", sacerdócio que aliás depende do
dos leigos batizados e confirmados, com isto a mais no
entanto: que o casamento abre aos pais, sem outra
delegação, uma jurisdição própria sobre esses peque­
nos seres nascidos da sua união de graça.
Essa função é tão pessoal, ou, pelo menos, tão
inerente à condição dos pais, que a Iweja jamais
passará por cima da vontade destes para batizar ou
iniciar a instrução religiosa de seus filhos, a menos
que estes, tendo atingido a idade de discrição, ma­
ni �estem querer e poder perseverar.
A experiência demonstra, com efeito, que nada
iguala nem substitui a primeira educação religiosa do
filho pela família. Aliás, por essa educação religiosa
cumpre entender não somente as expl icações orais
142 Código l'amiliar. - Pari• Il1: A Família e a Igreja

dadas pela mãe e pelo pai a seus filhos, mas também


e sobretudo o exemplo das suas virtudes, a ambiência
da sua fé, da sua esperança e da sua caridade. A
primeira educação da personalidade opera-se, com
efeito, por impregnação. Coisa que fazia Pio XI dizer
que, se "a educação é necessàriamente obra do ho­
mem em sociedade, e não do homem isolado", e se para
este fim três sociedades se perfilam para cumprirem
semelhante tarefa : a família, a Igreja e o Estado, to­
davia é à família que cabe o reivindicar sõzinha o
direito de primeira animação, visto ser ela "o primeiro
meio natural e necessário à educação", e visto haver
sido ela "precisamente destinada a esse fim pelo
Criador".
Passada essa primei ra fase em que a educação
total de seus filhos compete como própria aos pais,
estes últimos conservam "a gravíssima obrigação de
velar, segundo todo o seu poder, pela educação tanto
religiosa e moral quanto física e cívica de seus filhos"
(c. 1 1 1 3 ) . Por essa forma eles colaboram imediata­
mente nas tarefas da Igreja docente, proporcionando
a esta uma eficácia que, sem o apoio deles, quase
se não poderia esperar dela, pois, como o afirma Pio
XII, "sem a boa educação religiosa dos filhos, o Corpo
místico estaria exposto aos mais graves perigos". Ao
contrário, "enquanto no lar doméstico brilhar a cha­
ma santa da fé em Jesus Cristo, enquanto os pais se
empregarem em formar e em modelar a vida de seus
filhos conformemente a essa fé, a juventude estará
sempre pronta a reconhecer o Redentor em suas prer­
rogativas régias, e a se opor àqueles que quiserem
bani-lo da sociedade ou violar sacrilegamente os seus
direitos" (Pio XII, Summi Pontificatus, n. 89).
Cap. 11. Missão da Comunidade Conjugal na Igreja 143

1 69. Necessidade de uma espiritualidade conjugaL

Vê-se o quanto importa que os esposos cristãos


sejam, para semelhantes tarefas, animados de uma
verdadeira espiritualidade de lar militante cristão.
Na sua vida intima, a sua união é para eles ins­
trumento de graças transformantes, o seu casamento
uma vocação e um estado de santidade . . . Citemos
somente felizes realizações na ordem da vida reli­
giosa familiar: oração da noite em comum, leitura
da Bíblia, preparação e assisj�_ncia cole_tiya__ à missa
do domingo, etc. Muitos pais procuram tornar a dar
a seus filhos o sentido cristão das horas familiares:
horas quotidianas, tais como as refeições, as vigílias,
os trabalhos, os Jazeres; horas excepcionais como os
nascimentos, as doenças, os lutos. Procuram eles as­
sim criar uma atmosfera cristã por uma decoração e
por um arranjo apropriado da casa.
Na sua vida social, "assiste-se à assunção de
encargo, por essas famílias cristãs, do seu meio de
vida ou de trabalho . . . Nos seus primórdios, a Ação
Católica só contava jovens apóstolos solteiros: hoje.
em dia, são pais e mães de família cuja palavra de
ordem vem a ser: "ÇQnquista da família pela famí­
lia" . . . Vê-se então cada vez mais os lares católicos
se reunirem periodicamente por grupos, num tríplice
intuito: oração em comum, auxilio mútuo material e
espiritual, estudo dos problemas familiares . . . Essa
cooperação das famílias com o apostolado da hierar­
quia é um fato sem precedente. Constitui uma ver­
dadeira revolução - a vitória progressiva do espírito
comunitário sobre o individualismo -- e um passo
avante para a realização elo Corpo místico de Cristo".
144 Código Familiar. - Parte /11: A Família e a Igreja

S U M A R I O

Com o sacramento da Ordem, o matrimônio é destinado


a prover às necessidades orgânicas e sociais da Igreja, a
1al ponto que a missão conjugal aparece como que comple­
rnen1ar da missão hierárquica conferida ao sacerdócio. Com
efeito, se a hierarquia, constituida pelo sacramento da Or­
dem e investida dos próprios poderes de Cristo, "batiza,
ensina, governa, liga, desliga, oferece, sacrifica, e assim pro­
vê diretamente à comunicação da vida de Cristo e ao go­
verno do povo cristão, a comunidade conjugal, por seu lado,
em virtude do sacramento que lhe confere uma presença
especial de Cristo e da Igreja, possui o privilégio de criar
am meio de grara santi{icanle, e de assim provar ao "in�
cremento exterior e ordenado da comunidade cristã".
Bem mais, tem ela missão, poder e graça de estado
para orientar positivamente, pela obra da educação, os fi­
lhos que ela pôs no mundo, rumo ao seu fim último, Cristo,
o Deus Trinitário. Cumpre ela assim uma obra estreitamente
ligada à obra sacerdotal, e representa, na missão redentora
e santificadora da Igreja, o auxilio indispensável que o Corpo
traz à Cabeça.
A comunidade conjugal tem, assim, o seu lugar marcado
na Igreja.
Tais sendo as coisas, vê-se o quanto importa que os
-esposos cristãos sejam, para semelhantes tarefas, animados
.d e verdadeira espiritualidade conjugal e familiar, a fim de
que, na sua vida intima, a sua união seja verdadeiramente,
para eles, instrumento de graças transformantes, e que, na
sua vida social, ela seja para o seu lar um princfpio de
jrradiação apostólica.
CAPITULO 111

DI REITOS DA FAMILIA EM FACE


DOS DIREITOS DA IGREJA

170. Nenhuma ocasllo de conffitos entre FamDia e Igreja.


Se os direitos da sociedade conjugal tudo têm
a temer das pretensões da sociedade civil, outro tanto
podem eles estar seguros e tranquilos em face dos re­
quisitos da Igreja. Com efeito, a família jamais te ve
de se defender da Igreja, como lorçosamente o tem
tido de fazer em face elo Es ta d o. 1\ coisa se explica,
visto que, somado tudo, a família cristã não é senão
a união de Cristo com a Igreja posta ao alcance do
casal humano. "Ninguém jamais odiou a sua própria
carne", disse São Paulo. Mesmo porque jamais a Igre­
ja poderá oprimir as famílias, que são os "membros
do seu Corpo", e, o que mais é, ''a carne de seu Es­
poso, os ossos dos seus ossos" (Ef 5, 30).
De fato, a história ai está para provar que a Igre­
ja nunca teve de defender os direitos essenciais da
família senão apenas contra as asserções das igrejas
heréticas ou cismáticas, como por exemplo quando
múltiplas vezes, no curso dos séculos, contra aqueles
que teriam querido introduzir o divórcio na sua dis­
ciplina, ela salvaguardou o privilégio que a comuni­
dade conjugal possui de participar da indissolubilidade
absoluta do mistério nupcial de Cristo.
146 Cddigo Familiar. - Parte Jll : A Familia e a /greia

Do mesmo modo, foi ainda contra as heresias


encratistas e contra as seitas iluministas, que a Igreja
reiterou as suas afirmações categóricas em favor da
dignidade e da santidade das relações conjugais con­
formes à natureza.

171. Algumas ocasiões de conDitos indlretos.

a) Pais infil!is. - Filhos que pedem o batismo ou


a instrução religiosa. As vezes, o direito ao batismo,
reconhecido pela Igreja a todo ser livre, pode opor fi­
lhos a pais. Neste caso, o direito dos pais não é des­
conhecido nem descurado pela Igreja. Muito pelo con­
trário, a Igreja prefere deixar durante longo tempo
a primazia desse direito à família, ainda que fosse
aparentemente contra as suas pretensões dela, e contra
o interesse dos filhos que pedem o batismo e a ins­
trução religiosa. "Com efeito, se bem que, cônscia
como o é da sua missão divina universal e da obri­
gação que todos os homens têm de praticar a única
religião verdadeira, a Igreja não se cansa de reivin­
dicar para si o direito e de lembrar aos pais o seu de­
ver de fazer batizar e de educar cristãmente os filhos de
pais católicos, contudo ela persiste tão ciosa da in­
violabilidade do direito natural da familia em matéria
de educação, que, a não ser sob condições de garan­
tias determinadas, não consente em balizar os filhos
de infiéis ou em dispor da educação deles de qualquer
maneira que seja contra a vontade de seus pais, por
tanto tempo quanto os filhos não puderem determi­
nar-se a abraçar livremente a fé" (Pio XII, Divini
1//ius Magistri, n. 39) .
b) Educação religiosa em família e educação ca­
tequética em paróquia. - Acesso à comunhão privada.
Tendo reconhecido ao mesmo tempo à família e ao
Cap. 111. Direitos da Famllba em face dos direitos da Igreja 147

vigário, pastor da paróquia, o direito de dar a primeira


educação religiosa e o de julgar da existência, no
filho, das disposições requeridas para ser admitido à
primeira comunhão privada (c. 854, § 4, 5), podem
dai resultar ligeiros conflitos. Parece que o valor de
vida cristã e de vida militante dos lares em causa é
que dirimirá o conflito. Efetivamente, quanto mais ca­
paz é a família de compromisso e de assunção de
responsabilidades educativas, tanto mais interesse há,
consoante as atuais diretrizes da Igreja, em lhe fa­
zer confiança.
c) Colaboração, na Ação Católica, das famílias
e dos pastores. - Direitos das famílias. Dependendo
o assunto mais do direito dos leigos e da sua pro­
moção na ação da Igreja, do que do direito das fa­
mílias como tais, de preferência dever-se-á recorrer
a um Diretório de Ação Católica. Entretanto, não é
inútil frisar, com Pio XI, que, sendo a Ação Católica
familiar uma ação de adultos e, o que mais é, uma
ação conforme à missão da sociedade conjugal na
extensão ordenada do Corpo Místico, necessário é re­
conhecer-lhe mais autonomia e mais liberdade do que
à Ação Católica da juventude.

I72. Conclusão.
Se existe um sacerdócio de clérigos que haure no
sacramento da Ordem a sua missão organizadora da
vida de sociedade da Igreja, existe também um sacer­
dócio de leigos que acha nos sacramentos do batismo,
da confirmação e do matrimônio a sua missão difusiva
de vida e de ação comunitária no seio do Corpo mis- .
tico de Cristo.
CONCLUSAO

A FAM!LIA COMO ELEMENTO DINAMICO


DA IGREJA E DA CIDADE

173. O termo "Família" incontestàvelmente tem


sofrido, sobretudo de um século para cá, a restrição
de não mais chegar a significar toda a amplitude e
todo o poder da missão atribuída ao lar.
Os próprios "militantes familiares", no clima des­
favorável que lhes cria a organização econômica e
social das nações, acabaram por fixar-se num com­
plexo de cidadão "menor" e "assistido", dependente
da benevolência e da generosidade do Estado.
Con tra essa ati tude tímida e humilhada, uma re­
volução está em via de se realizar. A família reen­
contra, com e feito, na consciência dos seus membros,
e graças a grupos ou comunidades de lares, a segu­
rança que deve fazer dela um elemento dinâmico da
Igreja e da Cidade.
Ela já não aceita mais ser considerada, nem con­
siderar-se a si própria, como o peso morto da socie­
dade. Identifica em si essas forças vitais, essas ener­
gias comunitárias de que precisamente o mundo ne­
cessita para que os povos não se transformem em
massas amorfas e despersonalizadas, nem os Estados
em ditaduras totalitárias.
Já agora a família sabe que a intimidade do lar
é não somente a compensação de uma vida social anô­
nima e mecânica, porém que, muito mais, ela é o
Conclusão 149

antídoto de um movimento de socialização perigoso em


si mesmo, se não for contido em justos limites.
Para que esse valor próprio se torne uma força
social, deve organizar-se. Os lares sairão da sua obs­
curidade e do seu isolamento, para suscitarem e ani­
marem movimentos familiares.
A renovação familiar de amanhã não compensará,
com efeito, a revolução demográfica de ontem senão
por um esforço combinado dos lares para se agrupa­
rem numa "frente sólida, cônscia da sua força, e per­
mitindo à família fazer ouvir a sua voz nos negócios
de cada pais, como de toda sociedade" (Pio XII, 2 1
d e Setembro d e 1 949) .
Felizmente, essa "renovação", que deve arrancar
a família ao seu complexo de isolamento e de inu­
tilidade, já agora está iniciada. Recebeu, mesmo, a
bênção da Igreja. "Ci valor e a prosperidade de um
povo residem não na ação cega de uma multidão
confusa, mas sim na organização normal das famílias
sãs e numerosas".
"Fragmentos de famílias despedaçadas ou desa­
gregadas já não são lã muito mais próprios para cons­
tituir uma sociedade sã e estável, do que um conglo­
merado amorfo de indivíduos . . . ".
"Coragem, pois, famílias cristãs. A vossa falange
é bastante considerável, bastante forte, para marchar
com segurança. E, depois, olhai: não vedes que em
torno de vós outros lares, em número mais importante
do que os vossos, aguardam, para marchar convosco,
o ouvir de vós as palavras que os arrastarão?".
"Pais de famílias cristãs, pertence-vos e tendes
o direito de agir e de falar em nome de vossas fa­
mílias, em nome do vosso país" (Pio XII às familias
francesas, 1 7 de Junho de 1 945).
1 50 Código Familiar. - Parte 111: A Famllia e a Igreja

Enfim, até na Igreja, na diocese e na paróquia


é que essa promoção da família deve realizar-se, se­
gundo os costumes de cada nação e as diretrizes da
Ação Católica.
Assim, doravante será mais verdadeira do que
nunca a palavra dos Papas que afirma que "em gran­
de parte é no recinto das famílias que se prepara o
destino dos Estados" (Leão XIII), e que "a Cidade
é o que a fazem as familias" (Pio XI).

S U M A R I O

Tanto os direitos da família têm tudo a temer das pre­


tensões da sociedade civil, outro tanto podem estar seguros
e tranquilos em face dos requisitos da Igreja. Com efeito, a
famllia cristã, não é senão a união de Cristo com a Igreja
posta ao alcance do casal humano, e, dessarte, não se pode
conceber possa a Igreja oprimir aquilo que é uma parte
dela mesma.
As ocasiões de connito, se se apresentam, só podem
ser indiretas, como no caso de filhos, nascidos de pa1s In­
fiéis, que pedissem o batismo; no caso da divisão de res­
ponsabilidade entre o vigário e os pais para a admissão à
primeira comunhão privada, ou, enfim, no caso da delimita­
ção dos direitos das famílias e dos do sacerdote na Ação
CatóiH:a familiar.

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íNDICE ANALíTICO

Neste /r.:iice Analilico, o primeiro algarismo indica o


nl1mero do artrgo corre.3pODlknte, e o segundo algarismo,
separado do primeiro por uma vírgula, indica, quando ela
existe, a alínea do artigo em cau.:.J. Assim: 49, 3 significa:
artigo 49, alínea 3' . . .
Dois algarismos em caracteres grossos unklos por um
traço de união, p. ex., 90-94, significam que o assunto men­
cionado foi especialmente tratado do artigo 90 ao artigo 94
inclusive.
A letra (n) encaminha a uma nota de rodapé de página,
em referência com o artigo indicado; a letra (I) encaminha
à In trodução.

Abandono de famllia. Adoção civil e impedimento de


- e direito da mãe: 77, 2. casamento : 27, 2.
- e adoção : 84. - e paterniilade : 59 bis. 84.
- Cominação do - : 108, 3. � e Estado: 1 26.

Ablação de útero. - Condi­ Adultério e ·impedimento de ca­


ções de Hceidade: 125, 7, samento : 26, 5. 1 13, 4.
123, 3. - e repúdio mosaico : 39.
Abolicionismo. - Ver: Pros­ - e inseminação artificial por
tituição. doador: 56, 2.
Aberta. - Familia - : 10. - e paternidade adulterina:
87. 151. 173. Ver: Asso­ 92, 3.
c�ação. - e Estado : 108, 2. 1 13, 6.
Abonos familiares. - Obriga­ Afinidade. - Impedimento de
ção de sustento e - : 68, - : 2G, 3.
I . 74, 4. 1 15, 2. 144, 4. Agenésicos. - Tempos: 48, 3.
- e pré-natais : 125, 3. 49. 51, I.
- e filhos naturais: 92, 2. - Relações - autorizadas:
Aborto criminoso : 60, 1 . 53. 57, R.
- e Estado: 125. Al!;aslinho (Santo) : 160, I .
- terapêutico : 125. 7. Alcoolismo. - Ver: Flagelos
Ação Catd/ica familiar : 167, 5. sociais.
1 69, 2. 171, 3. 173. 5. Aliança. Parentesco por
- da juventude: 171, 3. - : 26, 3. 83.
152 C6digo Familiar

Aliança de DeJis. - V e r : Anseio criador. - Especifico


Enca.rnação. da sexualidade e do amor
Alimentos - Alimentar. - humano : 5 1 , 3. 52.
A ob rigação - : 68. 9 1 . - e paternidade-matem-idade:
- Pensão - : 108, 3 . 61, 2, 3.
Alojamento dos jovens lares: - e autoridade paterna : 75, I .
106, 3. Anticoncepcionistas. - P r á­
- Condições de - : 1 19. ticas. -
- Abono de - : 144, 5. - Condenadas pelo Criador:
- Pocilga: 145, 2. 49, 3. 50.
- e decoração cristã : 161, 1 . - Birth-control : 54. 54, n.
- Esp-aço vital: 138. 57 n. 2. 60, I . 1 24, I , 2.
Ver: Residência. Ascendentes. - Ver: Paren­
Amadorismo. - 43, 2. Ver: tes, Linha.
Amor livre. Assistência educativa
Amor. Como fundamento bio­ - Aos pais indignos: 76, 5.
psicológico da comunildade 1 1 7, 2.
parenta\ : 4, 2. 43, 2. 96, 4. � R e g i m e de assistência:
99, 3. 144, 10. 1 73, 2.
- S u a s exigências essen­ Associações - Associados.
ciais: 5, I, 2. 8. - O casamento é uma - :
- Como vida da comunidade: 32.
33, 5. - A mulher, associada de seu
- Ordem do - : (I p. 14) marido: 4 1 , 2, 3, 4.
40. 41, 3. 42. 159, 5. - e família : 87. 1 5 1 . Ver:
- e vontade de promoção : 52. Auxilio mútuo.
- e anseio criador: 5 1 , 3. 52. - familiares: 88. 1 37. 146.
...:... -parenta! educa.d or: 69, 74, /52-155. 173. 3, 6, 7 .
3. 75. - de família e apostolado :
- no seio da Trindade : 160, 169, 2.
2. AWa. - Escola - : 133, 4.
- de Cristo à Igreja : 159. Autoridade civil. - Ver: Es­
1 60. 162 bis. tado.
Amor livre. - Insuficiente Autoridade familiar, paterna.
pa1a formar uma família: - e sociedade de cônjuges:
6, 3. 12, 3. 32, 3. 33, 5. 40, 2, 3.
- lnsuficien te para proteger - Direito do filho a depen­
a mulher: 43, 3. der de uma - : 69, 3.
- Insuficiente para fonna-r a - Exercício da - : 69, 5.
unidade de dois s e r e s : 73, 2.
43, 2. - A mulher participa da -
- Insuficiente para promover do chefe de família : 41,
o bem da sociedade : 43, 4. 3. 69, 4, 75-76. 1 1 4, 2, 3.
- Contrário aos fins do ato 137, 2. 1 62, 3.
sexua l : 55, 4. - marital : 1 1 6, 3, 4.
- Consagrado pelo divórcio: - Natureza da - paterna
109, 2. 76, I .
lndice Ana/ético 1 53

- Organização juddica da Birlh-Con/rol. - Ver: Anti­


- paterna: 76. concepcionistas.
- e associação : 1 37. de falso casamento : 39, 2.
- e Serviço Social : 144, 1. Bonsirven. - Salvo em caso
- de Cristo Chefe de sua Es- Cânones.
. posa : 159, 5. 162, 3. - c. 770: 67, 3.
Auxilio mútuo. - Entre ir- - c. 854, § 4, 5: 171. 2.
mãos e irmãs: 80, 2. - c. 1012, § 2: 2 1 , 2.
- Entre famllias: 87. 151. 173, - C. 1013, § 1 : 14, n. 1.
3. 6, 7. - c. 1013, § 2: 17.
Ver: Solidariedade, Asso­ - c. 101 7 : 22, 2.
ciação. - C. 1019. 26, n. 3.
- C. 1020: 26, n. 3.
- C. 1023 : 26, n. 3.
Batizados - batismo. - c. 1034: 25, 2.
- Casamento dos - : 20-30. - c. 1038: 104, 4.
17. 104, 4. - c. 1039: 23.
- Casamento dos não - : - C. 1 040: 105, 2.
13-19. 104, 5. - c. 1058-1060: 27.
- Impedimento canônico dos - c. 1070: 25, 6.
- : 23, 3. - C. 107 1 : 26, 2.
- Impedimento de casamen- ;;__ C. 1073: 26, 2.
to com p::�drinho : 25. 5. - c. 1074: 24, 3.
- Com não batizados : 25, 6. - C. 1075: 26, 4.
- Filhoc; a hat.iz:l-r e casa- - C. 1 076: 25. 3.
mento misto: 27, 3. - C. 1077 : 26. 3.
- e celebração do casamento : - c. 1078 : 25, 4.
29. 30. 1 10. - C. 1079 : 25, 5.
- e direito ao batismo: 67, - C . 1 08 1 , § 1 : 24, 1 .
2, 3. - C. I ORl. § 2 : 2 1 , 1 .
- e comoetência da Igreja: - C. 1 1 1 1 : 47.
104, 4. - C. 1 1 1 3 : 66, 1. 70, 2.
- Jurisdição civil e religiosa - C. 1 1 1 6 : 94.
dos - : 1 1 8. - C. 1 1 3 1 . § 1 : 1 13.
- c. n�., , 10. 2.
- e mistério cristão : 1 59, 3.
- c. 1 374: 70, 2. 1 33, 4.
- e ref{eneração : 1 67, 2.
- C. 10 do Concílio de Tr�n-
- Filhos de .pa.is cristãos, to, Sossão 24: 157, 3.
mortos sem - : 167, 2.
- e saoer-dócio dos I e i g o s
- : 168, 1 . Capacidade iurldica.
- Nenhum - contra vonta- - Da mulher casada: 41, 5.
de dos p a i s: 168, 2. 1 1 6.
171. 1 . Carnal. - Un.ião, comunida­
Belarmino. - 161, 3. de - , noivado - : 22,
Bem de famllia. - Ver: Pa­ 2. 36. 46.
trimônio. - "Uma só carne" (Gênese) :
Bigamia. - Ver: Unidade. 39. 63, 2. 158, 2.
154 Código Familiar

- União - , objeto do con­ - d e companheirismo (Lind­


trato : 21, I. 41, 2. sey) : 22, 2.
- A fecundidade - : 44, 57. - e validez : 23-26. V e r:
- Perigos do comércio - : Impedimentos.
44, 2. - e Jiceidade : 27.
- Fraude - : 50, I. - consumado : 26, 1.
- Intimidades - permitidas: - Celebração, banhos: 29, 30.
50, 2, 3, 4. - Inquérito canônico : 29, I.
- O ato conjugal, ato hu­ - I n s t i t u i ç ã o do - por
mano : 51, 2. Cristo : 39. 163.
- O ato conjugal, ato co­ - Direito ao - : 23, 3. 73.
munitár.io: 55. 103.
- O ato conjugal, 1'eduzido a - e le2"itimação de f·ilhos na­
u m a inseminar;ão artifi­ turai s : 94.
cial : 56, 3. - e competência da Igreja
- O ato conjugal extrama­ sobre o - : 104, 3, 4. 105.
trimõnio: 55, 56, I. 60, I . - Comnelênda do Estado so­
- Senso - d a família c co­ hre o - : 15, 6. 73, 2.
munidade nacional : 96, 3. 103. 104.
- União - repugnante à - N a U . R . S . S . : 106, n. l .
-natureza : 104. - e Encarn-ação. Corno mfs-
- �enso da castidade: 157, 5. tico, Ig-rej a : 158-162.
- UniR.o de Cristo com :t h u- Ver: Estado, Unidade, ln­
manidade na carne: 1 59, 3. dissolubilidade, Emprés­
- U n i ã o - dos esposos timo para c a s a m e n t o,
cr.istãos e batismo : 167, Sacramento.
2 ss. Casamento civU e impedimen­
- Heresias encratistas - : to de casamento : 26, 4.
170. 3. Ver: Sexo, Sexuali­ - e Esta\:! o: l l O.
dade. Procriação. Castidade perfeita e v o t o :
Casamento: Ato fundamen­ 27, l .
tal da família : 1, 4, I. 1 1 . - conjuga l : 44-53.
- entre não cristãos: 13-19. - e fecundidade : 57. l , 2.
Ver: paftãos. - e escola mista : 134.
- conjuf!al. virginal e Igre-
- S;:�oramento dos cristãos :
j a : 157. 5.
20-30. 11. 1 6 1 . I. 1 62.
Castração. - Ver: Impotên­
- legítimo: 13, 2. 26, I. n.
cia e falsa eu�enia : 123, 3.
3. 26, 4.
Cateq11�fiM. - Fonnação - :
- Fins (primeiro, segundo) :
70. 2. 1 7 1 , 2.
14. Celebração do casamento: 16.
- Instituição sagrada : 15, 18, - do casamento sacramental:
I . 35. 29, 30.
- Celebração: 16. - do casamento civil : 1 10.
- Preparação para o - : Celibato. - Volo de - :
18. 74. 1 1 1 . 135. 27, I .
- e contrato sacramento: 21. - d e dedicação e de carida­
159, 2. de: 157, 2.
lndice Analítico 155

o apostolado: 169, 2. - sagrada: 35. 157, I.


C'l'lllros de consulta médico­ - conjugal e paternidade :
conjugal: 18, 4. 74. 1 1 I, 2. 59. 60.
C••rlificado. - V e r: P·ré­ - conjugal cristã e batismo
nupcial. do filho: 67, 2.
Clw{e de famllia. - Ver: Ma­ - espiritual conjugal comu­
rido, Autoridade. nitária: 162, 2, 3.
Cidade. - Ver: Sociedade - e Sacramento de CrJsto e
civil, Estado. d a ll(rej a : 161. 162.
!'ouhitação e faml/ia : 85. 1 1 2. - Missão da - : 165.
CMigo da Igreja (direito ca­ Comunidade familiar: 2. 63.
nônico). - Ver: d.nones. 63-89.
CMigo Social. - Seu objeti­ - Extensão ·natuml da - :
vo (I p.). 82-85.
- e fecundidade (42) : 57, 9. - e ordem humana : 95.
- e neomalthusianismo (43) : - e comunidade nacional: 96.
124, 2. 136. 148.
- e ensino da moral (21 ) : - e educação dos filhos:
93, 94. 128-132.
- e filiação natural (18) : - e direito a uma ajuda har­
93-94. moniosa da Igrej a e do
- e s u c e s s ã o hereditãria Estado p..-a educação : 130.
( 1 09-1 10) 142. Comunidade Nacional e faml­
- e ·representação das f>am!­ lia : 96. 136, I. 146, I. 148.
lias (37) : 146. 151. 156.
C6dii{O Internacional e socie­ - e consciência n a c i o n a l :
dade perfeita, n. 12: 100, 97, ].
n. I. - organizada pelo Estado:
Coletivismos - Ver: Esta­ 97. 98. 99, 2.
tismo. - e perigo nacional : 149.
Comunidade Conjugal. - A
- e requsição das f.am llias:
ordem comunitária, seu fun­
150.
damento : a r e l a ç ã o de
- e repre�rentação das famf­
amor e de caridade : (I
lias: 152, 2. 154. 5.
p.). 31. 33-36. 40. 43, 2. 75, - e voto familiar: 155.
I. 87, 2.
Comunidade de bens. - Re­
- e ato sexll'lll : 55.
gime de - : 19, 2.
- sexual: 4, 3.
- e comunidade nacional:
- a vontade Ide formalf' uma
- : 6, 2. 96, I .
Comunidade cristã. - Casa­
- o estado de - : 1 1 , 1 .
- d e amor e d e destino : 13, mento e incremento da - :
I. 34. 35. 55, 4. 104, I, 163, 2. 165. 172.
2. 160. - do Japão: 167, 4, n. I .
- ca·mal e noivado : 22, 2. - d e lares: 169, 2.
36. 44. Comunhão. - Ver: Intimida­
- ou intimidade partilhada: de, Carnal.
33. 44. Comunhão privada : 1 1 1 , 2.
1 56 Cddigo Familiar

Concubinato e. impedimento de - e consentimento dos pais:


-casamento: 25, 4, 11. 2. 73, 5.
- e sociedade civi l : 106, 2. - a fazer respeitar pela so­
108, 2. ciedade civil: 106, I .
Concupiscência. - Remédio à - exemplar na Encarnação:
- : 14, n. 1 . 159, 2.
Condição ( A ) d a mulher: 4 1 . Cooperação e birth-control :
43 , 6 , 7. 54 . 124, 2.
- conjugal e a - virginal: - e aborto terapêutico : 1 25,
157. 7, n. I .
- conjugal e o mistério cris­ Corpo. - Ver : Eugenia.
tão : 158. 159. 1 6 1 . 1 62. Corpo familiar e representa­
- angélica: 162. ção política: 1 53. 154.
Condições Ide validade do ca� Corpo Místico de Cristo: 159,
sarnento : 24-26. 5. 162, 2. 163, 2. 165. 167,
- resolutórias: 24, 3. 4, 6. 169, 2. 170, 3. 172.
- Inquérito sobre as - de Crime. - Impedimento de
volidade : 29, I . - : 26, 4.
- de fo-rma canônica : 30. Cristo. - Em C anã: 20.
Consentimento contrah.Jal: 16. - e indissolubilidade : 39
30. - e educação cristã: 67, 2.
- Condição de validade do - e a vi·rginda'de : 157, 4.
- : 24. 30. - e união conjugal : 157, 4.
- dos pais: 25. 2. 73. 5. - União, núpcias de - com
- e forma canôn-ica : 30. a Igreja : 159-160. 161, 3.
ConUninr:ia voluntária dos es­ - Corpo Místico de - �
posos: 47, 2. 1 59. 5. 162, 2. 1 63, 2. 165.
- periódica : 53. 57, 8. Ver: 167, 4, 6. 169, 2. 170, 3.
Agcnésicas. 172.
- dever eventual Ide - : - Fecundidade m f s t i c a de
57, 8. - : 159, 6. 1 66.
Contrato. - A ordem con­ Cruz e mistério nupcial de
tratual, seu fundamento : Cristo : 1 59, 3, 4. 161, 3.
-a relação de pennuta : 1 62, 3.
(I p.). Cultura. - Ver: Escola.
- Ato contratual, fundamen­ Cúmplice. - Impedimento de
to da famíli a : 4, I. 1 1 , I , c:�.samento com o - :
2 . 12. 1 4 . 16. 26, 4.
- transcendido pelo caráter
sa�rado do matrimônio:
15, I . DescendPnles. - Ver: Paren­
- Cnnsentimento contratual : tf'!;, Linha.
16. Destino. - Comunklade de
- e caráter sacramenta l : 20, - : 13, I. 34. 35. 55, 4.
2. 3. 21. 161, 3. 104. 1' 2. 160.
- Objeto do - matrimonial : - Igualdade de - da mu­
21, 1 . 4 1 . 2. lher e do marid o : 41, 2.
- e condições de validade : Deus e instituição do matri­
23, 2. 24. mônio: 104, 3. 1 2 1 . 158.
lndice Analítico 157

- Senhor do destino : 35. - a possuir em plena pro­


- Providência e procriação: priedade: 139-143.
57, 7. - à proteção da sua saúde:
- Plano de - sobre a ar­ 145.
Idem sexual: 56, 3. - políticos da família: 146
- Procriação com - : 61, 4. - à Ação Católica: 167, 5.
- e a missão educadora dos 169. 2. 17!, 3.
pais: 64, 2. 65, 1. Direffos dos pais à procria­
- e liberdade do filho : 69. 5. ção: 123. 1 24.
- e família 121. - a dar a educação a seus
- Reino d e - pela família : filhos: 64. 65. 75, 3. 76.
167, 6. 128.
Ver: Revelação, C r i s t o, - de propriedade : /39-142.
Tr·i11dade. - de guarda, de correção, de
Dever conjugal. - Direito J.!CStão dos bens do filho :
r e c í p r o c o ao - : 47. 76. 3. 92. 2.
Ver: Fecundidade, Pro­ - à liberdade do ensino : 131,
criação. 5, 6. 132, I, 2.
Direito Canônico. - V e r : - naturais (dos pais natu­
Cânones. rais) : 92.
Direitos da família. - Senti­ Direitos dos filhos concebidos
do desta expressão: 101, pa•ra a vida : 125, 1 .
3. 136, 3. - à educação: 64, 2 . 65, 2.
- específicos, gerais: 101, 4. 66. 71.
102. 1 36. 2. ·- a serem orientados para o
- fundamentais, relativos: seu fim úllimo: 67. 1 29, 2.
102. 1 30, 5, 8, 9. 131. 4. 1 68, I.
- a se cria'fem : 103. - ao baNsmo: 67, 2, 3.
- secundários da famflia que - à alimentação, ao susten-
se cri a : 106. to: 68.
- à sua unidade: 107-108. -- à -instrução : 70.
- ã s u a indissolubilidade : - a seguir a sua vocação: 71.
- à orientação : 72.
109-113.
- ao casamento: 23, 3. 73, 5.
- à ordem do amor: 114-115.
103.
- à segurança social : 1 19. - à proteção do Estado : 1 17.
144. - dos filhos naturais: 93.
- ao alojamento: 1 1 9. 13R. Disparidade de rolto. - Im­
- à liherdade religiosa : 1 21 . pedimento de - : 25, 6.
- à liherdade d e procriar : Dispensas de impedimentos de
/?3- 1?4. casamento : 26, 4. 27, 3. 28.
- à repressão do aborto : 125. Divisão do trabalho e sexos:
- à adoção: 126. 32. 2. 40, 2. 41. 3.
- à educação dos filhos: Divórcio. - Divorciados. -
128-132. 168. R e c a s a d o s civilmente :
- à liberdade de ensino: 1 3 1 , �5. 4.
5, 6 . 132, I , 2 . - Moisés e Cristo : 39, 2, 3.
- a se associar: 137. - frequentação dos - : 8�.
158 Código Familiar

- e frequentação dos sacra­ - órfãos: 86.


mentos: tt9, 2. - de divorciados: 89, 3.
- O regime do - é con­ - e comunidade nacional : 99,
trário à família: 109. 3.
- Reformas a fazer nos re­ - falha, deficiente, e Estado :
gimes do - : 1 13. 129, 3, 4.
- e Igrejas heréticas e cismá­ Ver: Estado, l�eja, Fa­
ticas : 170, 2. mília, Primado.
Doméstica. - E s c o I a - e Empréstimo para o casamen­
preparação para o casa.. to e concubinato: 106, 2.
mento: 18, 3. 1 1 1 , 2. - e instalação dos lares no­
- R.esponsabilidades - : 85 vos: 144, 5.
- I nstalacão - dos jovens la. EnMrnação. - O mistério
·res: I 06, 3. d a - : 158, 4, 159. 160.
- Ajuda - : 85. 1 6 1 , 2.
Duplo efeito. - Ver: Coope­ Ensino. - Família, Igreja e
ração. Estado: /3/-134.
Ver: Escolas, E s t a d o,
Edt�í:;� o t� f.
s ais, das fami­
Igreja.
Escola. - Obrigação esco­
, lar: 70, 2. 132, 4.
Edurnção dos filhos. - cristã: 70, 2. 1 3 1 , 5, 6.
- Fim do casamento: 3, 14. - e prepa·ração para o casa-
32, I. 63, 4. 128. mento: 1 1 1 , 2.
- confiada em primeiro à - e l·iberdade do -ensino: 131,
familia : 65. 1 28. 140. 168, 5, 6. 132, I, 2, 4.
3.
- privada, e recursos da na­
- exige a indissolubilidade:
43, I . ção : 1 32, 2, 3, 4. 133, 3.
- mede a procriação : 57, 5, - pública: 1 32, 3.
6. - preparatória para o exér-
- indispensável até a forma­ cito : 1 32, 4.
ção do adulto : 63, 2. - preparatória para os ser-
76, 3. viços pilblicos : 1 32, 4.
- e a obrigação de susten­ - Neutralidade da - : /33.
to : 68, I . - atéia e materialista : 1 33, 4.
- religiosa: 66, I . 67. 70, 2. - mista : 134.
71. 131, 3. 1 63, 2. 1 68, 3. Espaço vital. - Pio XII e
1 70, 2. - da família: 138.
- intelectual : 70, I. 130, 7. Espiritualidade conjugal : 169.
1 32-4. Esposa. - Ver: M u I h e r,
- física : 66, I. 68. Igreja.
- cívica : 130, 7. 132, 4. 148, Esposo. - Ver: Mulher, Mar·i­
2. 150, 2. do. Direitos da famfli.a.
- moral: 66, I. 69, 3. 89, I . Estabilidade. - Ver: lndisso­
130, 7. 1 3 1 , I . 134. lubilidade.
- sexual: 74, 3. 1 35. Estado e comoetência !=-ohrP.
- social: 70, I. 72. 79. 130, o ca'"mento: 15, 2. 73, 2.
2. 148, 2. 103-104. llO, 2.
lndice Analítico 159

- c competência sobre a fa­ mílias: 144.


mi!ia: 97. 99. 100. 156. - e proteção sanitária: 145�
- e co:npetência sobre a edu­ - e ministério da família :
cação dos filhos: 75, 3. 145, 3. 147.
- e pátrio poder: 76. 1 56, 2. - e di•reitos políticos da fa­
- e decadência de paterni- mília: 146.
dade : 76, 5. - e perigo nacional: 149.
- Contra uma concepção au­ - e requisição em tempo de
tonomista do - : 100, n. I. paz: 150.
- Organ,izador do bem co­ - e representação das famí­
mum : 97, I . 104, 3. 130, 7, lias em corpo constituído:
8. 148. 156, 2. 152-154.
- A família mais santa do - e voto familiar: 155.
que o - : 100, 5. - Pessoa e família, institui-
- e poligamia : 107, 2. ção primeira: 156.
- Unidade, -indissolubilidade, Ver: Estatismo.
dom do amor, procriação, Estatismo totalitá,rio e famí­
educação. V e r: Direitos lias: 151, I, 2. 170, I .
das famílias. 1 73, 4.
- e divórcio: J / /-J/3. Esterilidade compatível com
- e proteção dos filhos me- o casamento : 25, 1.
nores: 1 17. Eucaristia e casamento : 16,
- e proor-iação : /23-124. Ver: 13. 163, 3.
Eugenia. Eugenia e medida da procria-
- e proteção da liberdade da ção: 57. 124.
família como primeira edu­ - lícita: 58.
cadora : 128, 6. 132, I . - positiva : 124, 3.
- e suprimento das deficiên­ - e direito ao casamento: 73,.
cias familiares: 129, 3, 4. 2. I 04. 105. 123. 2.
- e educação clvica : 1 30, 7. - Falsa - : 123, 3. 1 24. I .
132, 4. 1 48, 2. 150, 2. Evolt1cão d a famílta: 8 . 39. 1 .
- e Igreja em educação: Exército. - Ver: Escolns
/30. 131, 5, 6. nrPnêlratórias.
- e liberdade de ensino:IJI, Existência. - Razões de -
5, 6. 132, I, 2. e comunidade de ser: 33,
- e monopólio do ensino: 4. 34. 43, 2.
/33. - Fazer "existir" em plenitu­
- e controle do ensino : 132, de: 52, 2.
4. - Anseio criador e - dos
- e neutralidade do ensino: filhos: 75, I .
133.
- e escola mista : 134.
- e educação sexual : 1 35. F a m i I i a. - Generalidades.
- e liberdade de associação Instituição.
das familias: 137. 148, 2. - é a comunidade-tipo: (f
- e direito de propriedade: n. 1 2) . .13-36.
139-142. - Instituição primeira a ser­
- e segurança social das fa- viço da pessoa : 156, 3.
160 Código Familiar

- Coluna verteb-ral do bem - e solidariedade dos fi­


comum : (I p. 7). lhos: 80-81.
- Ato da criação: (I p. 12). - Associação, auxilio mútuos
- é arrebatada nos torveli- dos - : 87-88. 137. 151-
nhos contemporâneos: (I 153.
p. 7). - e adoção : 83-84. 126.
- Sua definição : I . Sentido - e divórcio : 89.
estrito : 2, 2. 1 1 , 2. - Sen­ - Extensões natural e arti-
tido lato : 82. ficial da - : 82-83.
- Sua natureza : 2. - na origem da comunidade
- Seus fins: 3. naciona l : 95-96. 1 36.
- Seus fundamentos: 4. 1 1 . Família e Estado: 91. 99-102.
12. - Direito da família a se
- tipo: 5. criar: /03-106.
- Fonnas imperfeitas da - : - Direito da família a sub­
6. s:stir segundo suas leis:
- "natural": 7. 90. 107-121.
- Sua evolução: 8. - Direito da famfHa a se es­
- Célula-mãe da sociedade : tender p e I a procriação :
9. 95. 96. 156. 123-124.
- "aberta" : to. 87. 1 5 1 . - Direito da família a edu­
- Patrimônio: 20. 78. car seus filhos: 128-132.
- e revelação : 5, 3. 6, 1 . 8. - Direito da família à li­
35, 2. 38, I. berdade do ensino : 131-132.
- e preparação para o ca­ - Direito da família a se as­
samento : 18. 3. 74. 1 1 1 . sociar: 1 37. 151-152.
135. - Direito da família à se­
- e sacramento : 20. ,g"urança social e sanitária:
- e rnoivado : 23. 144. 1 45.
- e condições necessárias à - Direito da família à pro­
validade da sua fundação : priedade: I 39-142.
23. 25-26. - Direito político da família :
HH. 153-154.
- e intimidade : 33-34. 87, I .
- Deveres das fammas em
- e ordem d o amor: 40. 41,
caso de perigo nacional :
3. 75. 1 49.
- e leis naturai�: 37. 43-44. - Deveres das famílias em
- O papel social da - : tempo de paz: 1 50.
43, 4. - 148-155. - Deveres das famílias con­
- e procriação, anseio cria­ tra o Estatismo totalitá­
dor: 52. 57, 7. 6 1 , 3. 75, I . rio: 1 5 1 , 3.
- e paternidade: 6 1 . - Direito da famil·ia à sua
- e autoridade paterna: 76- •representação p o I i t i c a :
77 153-154.
- Educação : 69-70, 128-132. - Direito ao voto familiar :
- e v o c a ç ã o, orientação : 1 55.
71-72. Familia e Igreja.
- e herança : 78. - Mistério da u n i ã o de
Jndice Analilico 161

Cristo oom a Igreja: 1 58. Filiação e famíli a : I .


162. - legítima : 59.
- Célula do Corpo Mfstico: - ilegítima : 60. 125. 3. 90-94.
162, 3. - adulterina, incestuosa: 93,
- Missão da famflia em fa­ 3
ce da Igrej a : lõl-173. - e adoção : 84.
Farmactutico: 125, 2. - e comunidade nacional:
Fechada (Família). - Ver: 96, 3.
Aberta (Família) . - Dever das famílias em ca­
Fecundidade. - A lei de so de perigo nacional : 149.
- : 44. 57. Fins da famllia: 3. 101, I. 1 22,
- limitada da mulher: 48, I . 1 30, 4.
2, 3. - do casamento : 14. 49.
- espiritual: 52, I, 2, 3. - da sociedade Idos cônju-
- artificial: 56. l!"es: 32, I . 1 2 1 .
- média (três filhos) : 57-4. - do ato conjugal : 46 . 55, I.
- di·reito da família à - : 56, 5.
124-127 . . - do ato conjugal segundo a
- mística de Cristo e da natureza : 48
Igreja : 159, 6. 166. - do ato conjugal segundo
- e sacerdócio: 162, 5, 6. a intenção dos esposos: 49.
- em Cristo e na Igreja: - a ordem dos - do casa­
167, 2. mento : 5 1 . 57, I.
Ver: Procr-iação, Carnal. - segundos da união conju­
Filho. - O bem do - : 64, gal: 53, 3.
66. - último do filho: 67, I. 129,
- O primeiro meio educati­ 2. 1 30, 5, 8, 9. 131, 4.
vo: 65. 128. 140 1 68, 3. - natural dos órgãos e eu­
- e pais: 66-78. Ver: Edu- �enia: 123, 3.
cação, Pais. Ver: Primado. O r d e m.
- i legitimo: 125, 3. 90-94. Natural.
- concebido : 125, I . Fiscalidade. - Ver: Impostos.
- abandonado: 84 126. Flaf!e/os antifamiliares: 145,
- adulterino, incestuoso : 93, 2. 154, 4.
3. Fraude conjugal : 50. 52, 4.
- Deveres dos - menores V e r : anticonrepcionistas,
que trabalham: 68, n. 2. Neomalthusianismo.
69, 6, 7. Funções e sociedade de côn-
- Deveres dos - menores juges: 32, 2. 40, 3. 41, 3.
órfãos: 86, 2. - de educadores: 76, 3.
- Deveres dos maiores: - da família e do Estaido: 99.
68. 2. - naturais do corpo e eu-
- Deveres dos - naturais: genia : 123, 3.
91, 2. - públicas: 148, 2.
- de divorciados: 89. 3. 1 1 2.
1 13, I .
Ver: Irmãos, Direitos dos Glnese. - Dois numa só car­
filhos. ne: 39. 63, 3. 158, 2.
162 Código Familiar

- Deus me deu um filho : - e jurisdição religiosa: 1 18.


158, 2. ..:...... e educação da infância:
- Um adjutório semelhante 1 30, 5, 6. 131.
a ele: 15B, 2. - e condenação da escola
- Darás à luz na dor: 62. atéi a : 133, 4.
- Deixará o homem seu pai: - e união à Igreja pelas vo­
63, 3. 15B, 2. cações virginal e conjugal �
- e condição conjugal : 1 58, I. 157, 4, 5. 162, 2.
- Osso de seus ossos . . • : - União de Cristo com a
159, 3. - Esposa: 158, 4. 159.
Glnero humano e Encarna­ 160. 1 6 1 , 3. 162, 4. 170, I .
ção: 159, I. - Mãe: 159, 6. 166.
Graças. - Ver: Sacramento. - hierárquica, docente: 1 68,
Gratuidade do anseio criador: I , 5.
52. 61, 3. - e Ação familiar: 151. 169,
- Comunidade nacional : 96, 2. 173.
4. - heréticas e cismáticas: 1 70.
Grupos de lares. - Ver: As­ - e batismo dos filhos: 171,
sociação. I.
Ver: Cânones.
Herança. - Di·reito de - Igualdade do marido e da
1 23, 2. mulher: 4 1 , 1 . 2.
- e adoção : 64. - perante a legislação do
- e filhos natura·is: 93. adultério: 10B, 2.
Ver: Patrimônio, Proprie­ - de direitos dvicos e poH­
dade ticos: 1 1n, 2.
Hereditariedade e e u g e n i a: /legitimo (f.ilho). - Ver:
1 23, 2. Natural.
Hierárquico. - Sacerdócio. Imagem. - O homem à -
- : 164. Ver: !�reja. de Deus: 4, 4.
Honestidade pública. - Im­ Impedimentos de casamento:
pedimento de - : 25, 4, 23. 73, 2. 104. 4.
n. 2. - depertdentes da idéia de
contrato : 24.
Idade requerida para o casa­ - relativos à família a fun­
mento : 25, 2. 103, 3. dar: 25.
- dos filhos menores: 68, I, - relativos às outras famf­
n. I . lias ou vocações já exis­
lgnortincia d a natureza do ca­ tentes: 26.
samento : 24, 2. - dirimentes, proibitivos: 23,
Igreja e o casamento dos não 3. 104, 4.
cristãos: 13-17. - de direito -natural, -de di-
- e o casamento dos cris­ -reito div-ino, de direito ecle-
tãos : 20-30. siástico: 104, 4, 5. 105.
- e competência sobre o ca­ Impostos de transmissão : 78,
samento: 104, 3, 4. 3. 142, 4. 143.
- e definição de impedimen­ lmpo1ência. - Impedimento de
tos de casamentO: 105. - : 25, I .
lndice Analltico 1 63

- e inseminação artificial: - Fraternidade e comunidade


56, 5, ·n. I . nac1onal : 96, 3.
Incestuosa. - Filiação
93, 3.
Incorporação ·a Cristo e à Japáo: 161, n. I .
l�reja. foáo (São.) : XVII, 23-26 :
- Pelo batismo : 67, 2. 160, 2.
- Pelo casamento : 159, 3. }ustira comutativa e piedade
1 62, 2. f.ilial : 80, I .
Indissoluhitidade. - Uma das - comutativa e ajudas fami­
propriedades essenciais: 5, liares : 85, 2.
I. 17. 37. 38-.39. 43. - distributiva e social : 99, 2,
- de direito natural e di­ 1 32, 3.
vino: 39, 1. juventude. - Movimentos de
- exi,l!'ida pelo respeito da juventude e preparação_pa­
mulher: 43, 6, 7. ra o casamento: 1 1 1, 2.
- exil!ida pelo interesse dO!
filhos: 43, 2, 3.
- exigida para ·a salvagu-ar­ Lar sem filhos: 84.
da do amor: 43, 5. - dos esposos. - Ver: Co­
- exigida pelo papel social munidade conjugal.
Ida famllia: 43, 8. Leão XIII - A-rcanum: 9. 15,
- e comunidade familiar: 63, I. 20, I , 2. 158, 4.
I, 2. - Rerum Novarum : 9. 100. 1.
- Proteção da - pelo Es­ Legitimação adoHva: 84. 126.
tado : 109. 1 1 1 . 1 12. - dos filhos naturais: 95.
- exemplar da u n i ã o de Lei civil e cont·rato : 12, 4.
Cristo com a. Igreja : 159, - e parentesco legal : 27, 2.
4. 170, 2. - Capacidade da mulher: 41,
lnqu�rito canônico: 29, I. 5. 1 16.
Inseminarão artificial : 56 - e palcrnidade : 60, 2.
Instituição. - Ver: Casamen- - e páirio pode r : 76-77.
to, Famflia, Saoramento. - e ndo�·fto : R4.
Instrução. - Ver: Escola. - c t ull'ln : RO.
Intimidade pa-rtilhada - co­ - e fllia�·no natur-al : 90-94.
munidade: 33, 34. 40, 3. v,� r : E�lndn, Sociedade ci­
43, 2. 87, I. 99, 3. !O I ' I . vil.
151, 3. Leil(n (lt·l�n). · Escola. Ver:
- carnal : 50, 2, 3, 4. Ncntralldnd<-•.
Jnumar. - Pennissão de - : - e nposlulndo: 165. 166.
125, 5. 167, �.
Investigação de paternidade: - Sacerdócio dos - : 168, 1 .
93, 2. - Promncl'lo dos - n a Igre-
Irmãos (fraternidade) e 1r­ ja : 171, J.
mãs. - Vantagens: 79. Leis natur n is do casamento e
- Deveres: 80. 69, 7. <la lnrnllia: 37. 43. 44. 55,
- Mais velho : 8 1 . 4. 57, I. 63. 161, 2.
164 Código Familiar

Liceidade e impedimentos de - XXII, 30: 162, 7.


casamento : Z7. Médicos e Birth-Contro l : 54�
- e celebração: 28. - e aborto : l:l5, I, 5, 6.
- e relação sexuais: 55, 56, 1 . - Exame médico e adoção ;
Limitação d o s nascimentos. 1 26.
Ver: Fecundidade. Meio. - A fami�ia, · primeiro
l.indsey. - Casamento de meio educativo do filho ;
companheirismo : 22, 2. 65. 128, 2.
Linhas de parentesco direto, Mestres. - Liberdade de es­
colateral , e impedimento de colha dos - : 1 32, 4.
casamento: 25-3. Missa preparada em família:
- de parentesco por alian­ 169, I .
ça: 26, 3. Militantes. - Lares - e di­
- ascendentes, descenden tes : vorciados: 89, 2.
82. 90. - Lares - e apostol-ado :
Livre. - Relações livres. Ver: 167, 3, 5. 171, 3.
Amor livre. - Lar - c espiritualidade:
1 6!1, 2.
- Lar - - e comunhão priva­
Malthusianismo. - Ver: Fe­ k!a : 171, 2.
cundidade. Anticonct1lcio­ Ve r : Aherla.
nistas. Anseio criador. Minimo vit1.1l. - Di reito ao
Ml11mais. - Clássicos e li­ ··- : 143, 144, 4.
berdaüe do ensino: 1 32, 4. Minisl�rio da família : 145, 3.
Maria - A V·�rgem - e o 1 47.
Mistério de união de (Àiis­ Mistério. - Devem servir ao
to com a Igrej a : 159, 2. progrl'6SO h u m a n o : (I
- A Virgem - Co-redentora : p. 13 nota).
1 62, 3.
- O "Mistério" por excelên­
Marido. - Funções : 32, 3. cia : 158. 3. 159. 160. 1 6 1 ,
4 1 , 3. 101, 3. 137, 2. 2 . 1 62, 2, 3 .
- Igualdade com sua mulher:
- da Ressurreição da carne :
4 1 , 2.
162. 7.
- Adultério do - : 108, 2.
- da Redenção : 1 62, 3. 164,
Ver: Autoridade.
2.
Maslurba�ão. - "A dois" :
55, 4. Moisés. - Repúdio mosaico :
39.
Maternidade sem dor: 62.
- Mistica da - : 61
Monogamia. - Ver: Unidade.
- e amor do filho : 69, I , 2. Mono,rrófio do Estado em ma­
..:...._ e nascimentos ilegftimos: téria de educação : 132, 3,
1 25, 3. 4.
- Férias de - : 125, 4. Morticinio. - Ver: Crime.
-- de Eva: 158, 2. Movimentos ( famil-iares). -
- da Igrej a : 159, 6. Ver: Associações.
Mateus (São). - XIX: 157, Mulher: - F..nsino feminino e
n. I. preparação para o casa­
- XIX, 4- 1 9 : 39, 2. mento : 18, 3.
lndice Analllico 165

- Esposa, primado do amor: - Essência d o - : 22, 2.


40, 3. - Força obrigatória: 22, 2.
- Condição da - : 41. - Uvre escolha Ido cônjuge :
- Trahalho da - : 42. 1 15, 73, 3 .
2. 1 16, 4. 144, 6.
- Capacidade jurfdica da
- ; 41, 4. 1 1 2. 144, 3. 1 1 6. OfMração. - Ver: Castração,
- no lar: 42. 43, 6, 7. 1 1 5. Ablação.
144, 6. Oração da noite familiar:
- Subordinação da - : 41, 169, I.
3. 43, 6. Ordem do amor e di-reito: (I
- e participação na autorida­ p. 12). 40. 41, 3. 63, 2. 75.
de do mal'ido : 41, 3. 69, 99, I . 1 1 4. 1 15. 168, I .
4. 75. 1 37, 2. - e medida d a fecundidade :
- e pátrio poder : 77. 1 14, 57, 5.
2. 137, 2. - e Estado : 1 14.
Ver: Ordem do amor, - e Mistério nupcial de Cris-
Primado. to: 1 59, 5. 1 62, 3.
Ordem (Sacramento). - Im­
pedimento 'de - : 26, 2.
Nascimentos. - Ver: Fecun­ - Promessa de entrar nas
didade. - : 27, I .
Natureza - ·Natural. - Fa­ -· e celibato: 1 57, 2.
mília dita "natural" : 7. 60.
- e fecundidade f·amma r : 162,
90-94. 106, 3. 8.
- Sociedades - (exigidas pe­ - Instituição ou sacramento
la natureza) : 98, 2. 101, I . da - : 163, I, 3.
146, I . - e missão sacerdotal : 164.
- Leis - d a instituição fa­ 172.
miliar: 37. 43. 44. - e vida societária da lg�
- D�reito - ao casamento: ja: 1 72.
103. 123. Ordem (soci;�.l) humana e
- Direito - à educação dos famflia : 95.
. filhos: 64. 65. 76. 128. - do Oireilo e ord� do
- Di reito - à procriação: A mo r : 99, 1 .
123-124.
- temporal e espiritual : 105,
- Direito - a herdar: 78, 1 . 2.
- Meio - d e educação : 65.
- de intervenção das três
128, 2. 130, 6.
- Uniões contra - : 104. sociedades educadoras do
- humana e Enc-arnação : 159. filho : 128. 130.
(Cf. Direitos fundamentais Órfãos. - Di'f'eitos, -de....eres
- fins). dos - : 86.
Neomalthusianismo e Estado : Orientação. - Institutos de
124, I, 2. 1 45, 2. - : 72
Ver : Anticoncepcionistas. - fundamental do filho e di-
Neutralidade do ensino: 133 reitos da famlli a : 1 28, 3.
Noivado. - Finalidade do 1 3 1 , I. 154, 3. 1 68, I .
- : 22, I . Ver: Vocação.
l 6G Código Familiar

Pagãos. Casamenlo dos --:. Extensão Ido - : 82.


: 13. 19. 104, 5. 25, Ver: lnnãos.
6. 1 6 1 , I. Paróquia e pais: 1 7 1 , 2. 173,
- e privilégio paulino : 26, 5.
n. 3. Parteira : 125, I, 6.
Pais e i-ncremento ordenado Partilha desigual : 78, 4.
da Igreja : 1 67, 5, 6. - dos bens en tre irmãos e
- cristãos e jurisdição so­ irmãs: 80, 2.
bre seus filhos: 168, I . Paternidade legitima : 59.
- . .naturais" : 7. 92. - ilegítima : 60. 91. 92.
- Direitos dos - : Ver: - Mística da - : 6 1 . 1 66.
Direitos da família. - Reconhecimento da - :
- e preparração pa:ra o casa­ 92, 2.
mento: 18, 2. 68, n. 3. 73. - Decadência de - : 76, 2.
74. 135. - e comunidade 'llacional :
- E x e m p l o educativo dos 96, 3.
- : 43, I. 69, 4. - investigação de - : 93, 2.
- e eugenia : 58, 2. Pdtria. - Mãe - : 96, n.l
- . e obrigação alimentar: 68, 151, I. 156, I.
I - e filhos natura-is: 92.
- e obrigação de susten to : Patrimônio familiar: 18, 1 .
68, 2. 78. 1 39, I . 141.
- e obrigação escolar, cate- - e deveres do lilho mais
quética: 70, 2. velho: 81.
- e respeito da vocação d� - e filiação natural : 93.
· filhos: 7 1 . - nacional: 96, 1 .
- e sucessão : 142.
- . e or-ientação dos filhos: 72.
Pátrio pader. - Direito pri­
- e escolha do cônjuge de
vado : 76, 2, 5.
seu" filhos: 73, 3, 4.
- e ordem Ido amor e Es­
- e educação sexual : 74, 3. tado : 1 14, 2.
:--- e economia pré-nupcial : Paulo (São) e con�nência pe-
74, 4. 68, n. 3. riódica : 47, 2.
- e ordem do amor em edu­ - e -a virgindade : 157. 4, n. 2.
cação : 75. - e o "Casamento cristão : 157,
- Autoridade dos - : 75. . 4, n. 3. 170, I.
76. ·� e Corpo mlsHco : 159, 5.
- adotivos: 84. Pensão de invalidez : 143.
- e herança : 78. - a�imentar. Ver: Alimentar.
- e educação : 128-132. 168. Personalidade moral, jurfdica
- indignos, incapazes : 70, S. da famllia : 101, 3. 136, 2.
1 29, 3, 4. Pessoas - Personalidade. -
- e Nação : 156, I. O casamento é compromis­
Parentesco. - Grau de - e so de - : 13, I .
impedimento de casamento: - Expansão das - : 3 . 14.
25, 3, n. I. 101 , I. 151, 3.
- po-r aliança : 26, 3. 82, 2. r..!..,- Exigências· morais da ___: :
- legal ou .de adoção : 27, 2. 18, 4.
lndice Atuúttico 1 67

- Erro sobre a identidade da Prefiguração do mistério nup­


- : 24. cial de Cristo : 158, 3.
- Comunidade de - : 33, 1 , 161, I.
4 . 34 . 36. Prenattli.s. - Abonos -
- Igualdade das - na co­ 1 25, 3.
munidade conjugal : 4 1 , 1 , - Voisitas - : 125, 4.
2. Prenupciat. - Economia -
- Ato conjugal, implicaçã"o 74, 4. 68, n. 3. 106, 3.
da - inteira : 5 1 , 2. - Certificado - : 106, 3.
- Despertar da pessoa .pelo Prepara�ão para o casamento :
anseio c·riador: 52, 2. . . 18. 74. 106, 3. 1 1 1 . 1 35.
- Dignidade das - e ato Pio VI. - Citado p<>r Pio
sexual: 55, 3. , XI : 38, 4.
- Equilfbrio da - e afeti­ Pio XI. - Ubi Arcano : 9.
vidad e : 69, 2. --:-:- Divin.i illius Magistri : 18,
- Fonnação progressiva da 2. 65, I, 2. 95 (exergo) ;
- : 70. 1 28, I, 2. 100, 2. 1 1 7, I. 128, 4. 129,
- e ordem humana : 95, 3. 3, 4. 130, I, 2, 4, 5, 6.
156. 1 33, 3. 1 36, 2. 1 68, 3. 171,
- e comunidade nacional: I.
96, 5. 151. 156. - Casti Connubii: 9. 2 1 , I .
- individuo li11re, individuo 33 , 2 . 38, 4 , 5 . 40 , I . 40,
sujeito: 97, 1, 2. 3. 41, 2. 46, I, 3. !iO, I .
- Direito das - implicadas 53, I , 3 . 55, 2 . 61 , 3. 64.
na lamllia : 101, 4. 103.
74, I. 95 (exerg<>). 100, 5.
103, 2. 104, I. 1 23, I, 2,
1 1 4, 4.
3. 161, 3. 162, I .
- e ·razões Ide impedimen­ - Quadragesimo Anno: 78, I .
to de casamento: 105, 2. Pio XII. - 50.0 aniversário de
- e fins últimos a fazer ·res­ Rerum Novarum (t.• de
peitar pelo Estado e pe­ junho de 1941 ) : 138. 139.
la sociedade civil: 130, 5, 144. 1 48, 4.
8, 9. 1 3 1 , 4. 148. - Mensagem de Natal de
Piedade filial : 68, 2. 73, 5. 1 942. Amor e Direito : (I
78, 2, 5. p. 12) : 9; alojamento 1 1 9 ;
- entre irmãos e innãs: 80, 1. residência 1 22, 2 .
- e justiça comutativa: 80, 1 . - Ao Congresso Euculstico
Pocilga. - Ver: Flagelos so­ de Cali ( 1 948). (I p. !1).
ciais. - Consistório secreto ( 1 8-2-
Poligamia. - Ver: Unidade. 1946) : 9. 99, 4.
Potitica. - Direitos -:- da fa-· - Ao povo helvético ( 15-9-
' 1946) : (I p. ).
mília: 146.
- Aos m é d i c o s católicos
- Representação - das fa.. (9-1 949) : 56, 5.
mllias: 152-155. - Summi Pontificatus: 100,
- Polltica familiar. V e r : I . 100, n. I. 148, 3. 1 66.
Estado. 169 4.
Povo. - Ver: Pátria, Comu­ - As mulheres da Itália (20-
<llidade nacional. 10-1945) : I I G, I .
168 C6digo Familiar

- Mystici Corporis: (I p. 13). Prostituirão da personalidade


159. 1 163. 164, 2. 1 65. 166. alheia : 55, 4.
- Mediator Dei : 164, 1. - e legislação : 108, 4.
- A Ação Católica italian• Provérbios. - Cap. 8, vers.
( 1 942) : 166. 1 2 : 162, 4.
- A U.I.O.F. : 95. 1 52. 173, 7.
- Aos F r a n ç e s e s (17-6-
Quota disponível: 93, 3.
1945) : 9. 1 67, 6. 173, 8 ...
Primado da ordem do Amor:
Rapto. - Impedimento de - :
- :• g��emo no homem : 40. 24, 3.
Reconhecimento de paternida­
1 14, 1.
de: 92, 2. 93, 3.
- do amor na ·mulher. 40, 3.
42. 1 14, 1. 1 15, 1 . Regimes matrimoniais: 19.
- da fam!lia sobre o Esta­
Regularização de casamento:
94.
do n a ordem dos fins:
Relações de troca, de solida-
100, 3, 4. 130, 4. 132, 3.
·riedade, de amor : (I p ).
148, 1 .
- da famfl.i.a com o Estado :
- d o fim primeiro d o casa­
mento : 46. 5 1 .
Privil�gio Paufino : 26, 11. 3.
- �� �P
Ía flia çom a Igreja:
- ��nf�i�is.
Procriação. - Fim do casa­
Ver: "Carnal",
mento : 14. 99, 3. 101, 1 .
fecundidade, Continência,
- li� �� �de d e direitos dos Dever conjugal, P·rocria­
ç§o.
esposos perante a : - extra-matrimônio : 55. 56,
1
- � f
r.iç � ia promotora: 49.
- ��� :l �
l.
;,a , soci-ais: 95. 151,
- artificial : 56.
-
-
Medida da procriação : 57.
Lei de fecundidade: 44, 51.
- Ôireito às - sexuais e
eugenia : 123, 1 .
- e paternidade : 6 1 , 2, 4.
_ - Santidade das - conju­
- prolongada pela educaçao:
gais conrormes à -natureza :
64. 99. 3. 1 70, 3.
- e Estado : 123-124. Religião mista. - Impedimen­
Procriação e aborto : 125. to de - : 27, 3.
- de esposos cristãos : I 67, 2. Representação :política das fa­
Ver: Carnal, Fecundidade. mllias: 1 52. 155.
Profissões, profissional. Residlncia e autoridade ma­
Ver: Sociedade, Trabalho, ritual : 1 1 6, 4. 122, 2.
Orientação. Revelação e riscos sociais:
Propriedade (a) dos bens: 144, n. 1 . 144, 8. Ver: Se­
18, 1 . 139-142. gurança Social.
- e Segurança Social : 144,
5, 9, 10. Sacerdócio. - Ver: Ordem
Propriedades do casamento : ( Sanamen to).
17. 3R. Sacerdote competente e casa­
- e validez : 24, 3. mento : 30, 2.
Jndice Analítico 169

Sacramento. - Existe entre Serviço militar. clvk:o, das mu­


os infiéis: 15, 1 . lheres : 149. 150.
- Caráter saorament.a.l do Serviç(}' Social e segurança das
casamento oristão: 17. 20. famílias: 144, 7.
157, I . - e saúde das famílias: 145,
- Caráter não extrlnseco: 20, 5.
2. Serviços públicos. - Ver: Es­
- e contrato; 21. colas preparatórias.
- Caráter sacramental volun- Sexo, sexualidade. - A idéia
tàriamente excluído do ca­ subjacente oao sexo : 4, 3.
-mento : 24, 3. - Aptidões sexuais para o
- Frequenta.ção dos sacra- casamento: 25, 1 .
mentos e divorci-ados: 89, - -masculino e autoridade:
2. 32, 3 .40, 3.
- e competência da Igrej a : - Criação dos sexos (Gêne­
104, 4. se) : 39, 2. 103, 4.
- O casamento, - do mis­ - P,rimado respectivo de ca­
tério nupcial de Cristo: da sexo : 40, 3.
161. 1 68, I. 170, I . - O que especifica a sexua­
- Graças do - d e mat-rimô­ lidade hum:ma: 5 I, 3.
nio : 162. - Pcrver�;o da sexualidade :
- Presença de graça no - : 51, 3. 52, 4.
1 62, 6. - O ato sexual fora do ca­
- "Meio de graça" do - : samento, interdito : 55.
1 67, I . - Educação sexual : 74, 3.
- Graça d e estaido d o educa­ 135.
dor: 1 68, I . - e escolas mistas: 134. Ver:
- Instituição d e dois - : 39. Carnal.
1 63. Sociedade! civil. - Ver: Es­
Ver: Ordem, Batismo. tado.
Sagrada. - Instituição - : - Famllia, célula-mãe da - :
15. 18, I. 35. 157, I . 9.
Salário dos filhos menores: - e preparação pa·ra o casa­
68, n. 2, n. 3. 69, 7. mento: 18, 3. 1 1 1 , I , 2.
Saúde das fam!Uas e Estado : 1 06, 2.
145. 154. 2 . Ver: Eugenia. - O que ela recebe da faml­
Segurança Social das famílias lia: 43, 4. 151.
1 1 9. 144, 144, n. I. 154, 2. - e medida da lecundida�:
- e maternidades: 125, 1, 3, 57.
4. - e eugenia: 58, I. 105, 2.
- e Estado: 144. - e formação do futuro ci-
Ver: Abonos familiares. dadão : 70, I.
Seguros. - Ver: Segurança - e educação dos filhos: 75,
Social. 3.
Separação de bens. - Regime - e divórcio : 89, 4.
de - : 19, 2. - e ordem do direito : 99, 1 .
Separação de corpos e Esta­ - e famflias, primazias com-
do: 1 12. 1 13, 2. plementares: 100, 2.
1 70 Código Familiar

� e casamento: 103. 106. 107. Testemunhas de casamento :


Ver: Estado. 30, 2.
- e instalação dos lares no­ T.eslamento e herança : 78.
vos: 106, 2. - Execução dos - : 80, 2.
- e certificado prenupcial : - e tutela: 86.
106, 2. Tomds (Santo) e a Enca-rna­
- jurisdição da - e da so­ ção: 1 59, 2. 1 6 1 , 3.
ciedade religiosa: 1 18. Toennies e a sociologia alemã:
- e liberdade de procriação : (I .p. 9, nota).
1 23. 1 24. Trabalho dos filhos menores:.
- e liberdade de educação : 68, I, n. 2. 69, 7.
1 28, 6. - das mulheres: 42. 115, 2.
- e suprimento às deficiên­ - e corpo representativo das
cias familiares: 1 29, 3, 4. famílias: 1 54, 2, 3.
Ver: Estado, Comunida\1e Tradirão e comunidade -nacio­
nacional. nal : 96.
Sociedade - Societdrio. - A Transmissão. - Ver: Heran-
ordem societária, seu fun­ ça.
damento, a relação de so­ Tribunais de filhos: 1 17, 2.
lida<iedade : (I p. ). - e famllias: 1 53, 4.
- animal: (I p. ). Tuberculose. - Ver: Flage-o
- conjugal, seus elementos: los sociais.
. 3 1 . 32. 40, 1,2. Tutela legal da mãe: 77.
- Estatuto - da famllia : rn. - e sucessão : 86.
- perfeita, imperfeita: 100, - dos f i I h o s moralmente
n. I . 129, I . abandonados: 1 17, 2.
- Aspecto - da Igreja: 1 72.
Sociedades intermedidrias e fa­
mílias: 98. Unidade. - Propriedade es­
- e corpo representativo das sencial do casamento : 5, 1 .
famil·ias: 154, 3. 17. 38, I . 63, I .
Solidariedade familiar : BO, 2. - 11uma s ó ca·me a dois: 39,
87. 151. 2. 97, 2.
- social : 144. - Direito absoluto da faml­
Submissão da Igreja a Cristo : lia à sua - : 107.
1 59, 5. - Direitos secundários da
- da mulhe-r a seu marido: família à proteção da sua
41, 3. 43, 6, 7. - : 108.
Sucessão. - Ver: Herança. - exempla·r na união de Cris-
Sustento. - Obrigação de - : to com a Igreja: 1 59, I .
68, I, 2, n. 3. - exemplar na SS. Trindade :
- dos filhos naturais: 91. 160, 2.
União. - Ver: Comunidade,
Relação, Carnal.
Temor. - Como condição de Onico. - Filho - : 79.
invalidação do casamento : Uso do matrimônio, interdi­
24, 3. ção eventual : 23, 3.
Jndice Aoolltico 171
Validade. - Condiç6es de - - Superioridade da
do casamento : 23-26. 73, 5. 157, 3.
Venéreas (doenças). - Ver; Voca,ão. - Descobrimento
Flagelos sociais. da - : 71.
Vínc.ulo. - Impedimento de - dos povos: 96, n. 1 .
- : 26, I . - Diversidades d e - : 157.
- indissolúvel : 38, 4 . 63, 3. - sacerdotal e fecundidade
1 12. familiar: 162, 9.
- de coabitação: 85. - conjugal, - de santidade :
- de filiação 11atural: 90. 169, I .
Violência e validade do cua­ Voto familiar representativo :
mento: 24, 3. 155.
Virgindade. - Votos de - e Votos. - Impedimento de -
impedimento de casamento : solenes: 26, 2.
27, I . - Impedimento de - sim­
- Estado d e - : 157, 3 , 4, 5. ples: 27.
- religiosos : 157, 2.

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COMPOSIÇÃO DA UNUO INTERNACIONAL
DE ESTUDOS SOCIAIS '

Presidente
Sua Emtnência o Cardeal VAN ROEY, arcebispo de Malines,
primaz da Bélgica.

Membros
R P. ARCHAMBAULT joseph, S. ).. diretor da Escola So­
cial Popular, Montréal (Canadá).
M. AZNAR Severino, proressor da Universidade de Madrid
(Espanha).
M BAUDHUIN Fernand, professor da Universidade de Lo­
vaina (Bélgica).
R. P. BEAUFORT (L. J. C.), O. F. M., professor da Uni­
versidade CatóJica de Nj.mfgue (Países Baixos).
M. BEKAERT Léon, presidente do Federação dos Patrões
Católicos da Bélgica, Bruxelas.
M. BLONDEL Charles, conselheiro de Estado, Paris (França).
R. P. BRUCCULERI Angelo, S. ).. redator da "Civiltà Cat­
tolica", Roma (Itália).
Mons. BRYS A., capelão geral do Movimento Operário Cris­
tão da Bélgica, Bruxelas (Bélgica).
R. P. COFFEY J. Edward, S. J., professor da Universida­
de Gregoriana, Roma (Itália).
M. CORNELISSEN A. ). M., professor da Universidade Ca­
tólica de Nim�gue (Países Baixos).
M. DABIN Jean, professor da Universidade de Lovaina
(Bélgica).
M. DEFOURNY Maurice, professor da Universidade de Lo­
vaina (Bélgica).
R. P. DE LESTAPIS, S. )., da Ação Popular, Vanves (Sei­
ne) (França).

1) Lista organizada em 1948, por ocasião da revisão


do Código Social.
174 Código Familiar

R. P. DELOS, O. P., consultor da Embaixada da França


junto à Santa Sé, Roma (Itália).
Conde DEMBINSKI Henryk, professor da Universidade Ca­
tólica de Lublin (Polónia).
R. P. DESBUQUOIS 0., S. j., ex-<liretor da Ação Popu­
lar, Vanves (França).
Mons. de SOLAGES Bruno, reitor do Instituto Católico, Tou­
louse (França).
M. EPPSTEIN john, diretor de "The British Survey", Ti­
lehurst (Nr. Reading) (Inglaterra).
M. FANFANI A., professor da Universidade do Sagrado
Coração, Milão (Itália).
M. FISCHER Guido, diretor do lnslituto für Betriebswirt­
schatt und Sozialpraxis, da Universidade de Munique
(Alemanha).
M. FLORY Charlcs, presidente das Semanas Sociais, Paris
(França).
M. FOGARTY Michacl, memhro do Nuflield College, Ox­
!ord (lnglarerra).
M. FONTAINE Paul, pro[c&.!lur dA Universidade de Otta­
wa (Canadá).
S. Excia. Mons. IIERRERA Angel, bispo de Mãlaga (Es­
panha).
R. M. HOFFNER joser, profeAs-Jr do Seminário Maior, Tre­
ves, (Alemanha).
M. HOYOIS Giovanni, ex-presidente do Partido Católico
Social, Bruxelas (Bélgica).
M. jOOS joseph, ex-<leputado ao Reichstag.
R. P. KORS j.-B., O. P., ex-prolessor na Universidade de
Nimêgue (Países Baixos).
M. LEROLLE Jean, ex-deputado, Paris (França).
R. P. LEVESQUE, O. P., diretor da Escola das Ciências
Políticas e Sociais, Québec (Canadá).
Rev. M. LUCEY C., professor no SI. Patrick's College, May­
nooth (Estado Livre da Irlanda).
Rev. M. MAC GOWAN R. A., diretor do Departamento de
Ação Social da National Catholic W�lfare Conference,
Washington (Estados Unidos).
M. MAC GUIRE Constantine, Washington (Estados Unidos).
Mons. MESSNER )., professor de universidade, Edgbaston­
Birmingham (Inglaterra).
S. Excia. Mons. MUENCH, bispo de Fargo (North Dakota)
Estados Unidos, visitador apostólico na Alemanha.
Composição da União Internacional 175

R. P. MULLER Albert, S. J., professor do Instituto Santo


Inácio, Antuérpia (Bélgica).
R. M. O'CONNOR Arthur, cura, Lanes (Inglaterra).
R. P. O'HEA L., S. J., diretor do Catho/ic Workers Col/ege,
Oxlord (Inglaterra).
M. OSWALD Wilhelm, professor da Universidade de Fri­
burgo (Suiça).
M. PATTEE Richard, conselheiro da National Catholic Wel­
fare Conferenc;, (U . S . A . ), professor da Faculdade de
Letras da Universidade Lavai, Québec (Canadá).
Mons. PA VAN Pietro, secretário geral das Semanas Socia·is
da Itália, Roma (Itália).
M. ROUAST André, professor da Faculdade de Direito,
Paris (França).
R. P. RUTTEN C., O. P., diretor do Secretariado Geral das
Obras Sociais, Bruxelas (Bélgica).
M. STRZESWEWSKI CZESLAW, deão da Faculdade de Di­
reito d a Universidade Católica de Lublin (Polônia).
M. TANAKA Kõtarô, professor da Universidade de Tóquio
(Japão).
R. P. VAN GESTEL C., O. P., professor da Escola das Ciên­
cias políticas e sociais da Universidade de Lovaina
(Bélgica).
M. VAN GOETHEM Fernand, professor da Universidade de
Lovaina (Bélgica).
M. VAN ZEELAND Paul, senador, ex-Primeiro Ministro, Bru­
xelas (Bélgica).
Mons. Dr. VASEK Bedrich, deão da Faculdade de Teologia
da Universidade de Olomouc (Tcheco-Slováquia).
M. VELINGS Jean, engenhei·ro, Bruxelas (Bélgica).
R. P. VILLAIN, diretor da Ação Popular, Vanves (França).
M. VITO Francesco, professor da Universidade do Sagrado
Coração, Milão (Itália).
R. P. von NELL-BREUNJNG Oswald, professor do Colégio
Teológico Sankt Grorgen. Frankfurt-sur-Mein (Alemanha).
R. P. WELTV Eberhard, O. P., Re�nte do Dominikaner
Kloster St. Albert, Generalstudium, Walberberg-lez-Bonn
(Alemanha).
Cônego ZARAGUETA Juan, professor da Universidade de
Madrid ( Espanha).

Secretário : M. O. HOYOIS. - Secretário adjunto: M. F. VAN


GOETHEM. - Tesoureiro : M. F. BAUDHUIN. - Secretaria­
do: 80, rue des Deux-tglises, Bruxelas (Bélgica).
l N D I C E

Introdução 7
Sumário . 13

PRIMEIRA PARTE

A FAMlLIA EM SI
Capitulo I.
O FATO FAMILIAR (Generalidades)
I. Definição . . .......... ............ ............ 15
2. Natureza e esboço . . . . . . . . . . . 17
3. Fins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
4. Fundamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
5. Família-tipo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
6. Fonnas imperfeitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
7. Parentesco natural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
8 . Evolução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
9. A Família, "célula-mãe da sociedade" . . . . . . . . . . . . . 20
10. Família aberta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Capitulo 11.
O CASAMENTO

1 1 . Idéia
geral 22
12. Noção jurídica 22

§ I. O NSamento (entre não cristãos)


13. O casamento entre não cristãos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
14. Fins do casamento. - Fim primário. - Fim se-
cundário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
15. O casamento, instituição naturalmente sagrada . . . . 24
178 Código Familiar

16. Celebração ................................ 24


17. Propriedades essenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1 8. Preparação para o casamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
19. Regimes matrimoniais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

§ 2. O casamento-sacramento dos cristãos


20. O sac-ramento . . . . . . . • • . . • . • . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
21. Contrato matrimonial sacramental. Seu objeto . . . . 26
22. Noivado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
23. Condições de validade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
24. Condições relativas à idéia de contrato : consentimento 28
25. Cond-ições relativas à família a fundar . . . . . . . . . . . . 29
26. Condições destinadas a proteg.er as outras famílias
ou outras vocações existentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Zl. Impedimentos proibitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
28. Dispensas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
29. Prelimmares à celebração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
30. Celebração . .. . ...... . . . ...... .. .. .. .. . . .. .. . 33
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Capitulo lll.

A COMUNIDADE CONJUGAL
31. O par conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
32. Sociedade de cônjuges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
33. Comunidade de esposos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
34. Comunidade conjugal de destino . . . . . . . . . . . . . . . . 36
35. Comunidade sagrada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
36. Comunidade ca·mal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
37. Leis do par conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
38. Leis de unidade e de indissolubilidade . . . . . . . . . . . . 37
39. A indissolubilidade confirmada por Cristo . . . . . . . . JR
40. A ordem do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
41. Condição da mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
42. O trabalho da mulher casada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
43. justificaçi>es naturais dessas diversas leis . . . . . . . . 42
44. A lei de fecundidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
lndice 179

Capitulo IV.

O DEVER CONJUGAL

§ I. Sexualidade e caslidllúe conjugal


45. Lei de castidade conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
46. O ató do matrimônio: seus dois fins . . . . . . . . . . . . . . 46
47. Direitos dos esposos. - Dever conjugal . . . . . . . . . . 46
48. A estreita união dos fins na natureza . . . . . . . . . . . . 47
49. Estreita união dos fins na intenção dos esposos . . 47
50. A fraude conjugal. - Privanças permitidas . . . . . . 48
5J. A ordem dos fins na apreciação dos esposos . . . . . . 48
52. O "anseio criador'' como sentido último do amor . . 49
53. Relações conjugais agenésicas autorizadas . . . . . . . . 50
54. Birth-control e cooperação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
§ 2. Pr()criação e paternidade
55. O ato sexual e a comunidade conjugal . . . . . . . . . . . . 52
56. Procriação artificial (por inseminação artificial) . . 52
57. A lei de fecundidade. - Sua medida . . . . . . . . . . . . 53
58. Eugenia licita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
59. A patemidade legitima . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . 55
59bis. Paternidade adotiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
60. Paternidade ilegítima, dita "natural" . . . . . . . . . . . . 55
6 1 . Mística cristã da paternidade e da maternidade . . . . .?5
62. Maternidade sem dor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . 56
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

Capitulo V.

A COMUNIDADE FAMILIAR
63. O grupo familiar. - Suas leis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
64. O bem do filho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
65. O primeiro meio educativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

§ f. Pais e filhos
66. Deveres dos pais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
67. Direito do filho a· ser orientado para o seu fim último 59
68. Obrigação de sustento. - Obrigação alimentar . . . . 60
69. Educação. - Amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
70. Instrução. - Cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
71. Vocação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
1 80 Código Familiar

72. Orientação de vida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63


73. Direito e consentimento ao casamento . . . . . . . . . . . . 64
74. Preparação para o casamento. Iniciação. Economia
pré-nupcial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6S
75. Em .resumo : a ordem do amor na comunidade familiar 65
76. A autoridade paterna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
77. O pátrio poder e a mulher . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
78. Direito de transmitir por sucessão . . . . . . . . . . . . . . . . 67

§ 2. Irmãos e irmãs
79. Fraternidade familiar . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • 68
80. Deveres mútuos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
8 1 . O irmão mais velho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . 69

§ 3. A comunidade familial e o terceiros


82. Extensões natu.rais da comunidade famil-iar . . . . . . 69
83. A aliança . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
84. A adoção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
85. A coabitação. - O serviço doméstico o • • • • • • • • o o o 70
85. Tutela . ............... ..................... 71
87 . Famílias abertas sobre a sociedade . . . . . . . . . . . . . . 71
88 . Grupos d e lares. - Movimentos familiares . . . . . . 72
89. Famílias e frequentf\ção dos divorciados . . . . . . . . . . 72

Apêndice : A filiação natural


90. Filhos naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
91. Deveres da paternidade e da riliação naturais . . . . 73
92. Direitos dos pais naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
93. Direitos dos filhos naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
94. Legitimação dos filhos naturais . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Sumário . .................................. 75

SEGUNDA PARTE

A FAMILIA E O ESTADO
Capitulo I.
SITUAÇÃO DA FAMILIA NA VIDA SOCIAL
DA HUMANIDADE
95. Famflia e ordem humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
911. Família e comunidade nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . eo
97. Família e E!.tado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
98. Famllia e Estado : sociedades exigidas pela natureza 81
lndice 181

99. Funções respectivas da família e do Estado • . . . . . 81


100. Ordem dessas funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Suntário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83

Capítulo 11.

DIREITOS DAS fAMILIAS A RESPEITO DO ESTADO


101. Direitos específiros e direitos gerais da pessoa en-
volvida nos laços de família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
102. Direitos fundamentais. - Direitos secundários 85

1' Secção

DIREITOS ESPECIFICOS
1. Direito de fundar uma famllia
103. Direito absoluto da pessoa humana ao casamento 85
104. Uniões interditas. - Competência para defini-las 86
I 05. Impedimentos de direito eclesiástico . . . . . . . . . . . . 87
106. Direitos secundários da família em formação . . . . . . 87

§ 2. Direitos da sociedade conjugal a subsistir


na sua integridade natural
107. Direito absoluto da sociedade conjugal à unidade . . 88
1 08. Direitos secundários d."J sociedade conjugal à prote-
ção da sua unidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
109. Direito absoluto da sociedade conjugal à indissolu-
bilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
1 10. O "casamento civil" . . . . . . . . . . . . . . . . . . 00
1 1 1 . Direitos secundários da sociedade conjugal à prote-
ção da sua indissolubilidade: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
a) Preparação moral para o casamento . . . . . . . . . . 90
1 12. b) Separação de corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
1 13. c) Melhoria dos regimes que reconhecem o divórcio 91
1 1 4. Direito absoluto da comunidade conjugal à ordem
do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
1 1 5. Direitos secundários da sociedade conjugal à ordem
do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
a) A mãe no lar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
1 1 6. b) A capacidade jurídica da mulher . . . . . . . . . . . . . . 93
1 17. c) Proteção dos menores. - Tribunais de filhos 94
1 18. d) jurisdição civil e religiosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
1 1 9. e) Proteção da segurança familiar . . . . . . . . . . : . . . 95
182 Código Familiar

120. Direito absoluto da sociedade conjugal à fecundidade 95


1 2 1 . Di·reito da sociedade conjugal à liberdade religiosa !)5

§ 3. Direito da sodedade conjugal a demandar seus fins


122. Direito da sociedade conjugal a demandar seus fins 95

A. - A procriarão
1 23. Direito absoluto da sociedade conjugal à liberdade
de procriar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
124. Direitos secundários da sociedade conjugal à prote-
ção da livre procriação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
a) contra o neomalthusianismo e a falsa eugenia . . 97
125. b) Contra o aborto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
1 26. Direito secundário da adoção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
1 27. Nascimentos fora do casamento . . . . . . . 99

B. - A ellllraçtio
1 28. Direito absoluto da comunidade familiar a ser a pri-
meira educadora do rilho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
129. Direito da -comunidade familiar a uma ajuda posit-iva,
complementar ou supletiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 00
130. Direito d a comunidade familiar a uma ajuda har-
moniosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
131. Direito da família a poder contar com a Igreja . . 103
1 32. Direito da família a respeito da Sociedade civil e do
Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
133. Família e ·neutralidade da escola . . . . . . . , . . . . . . 106
134. Famílias e escolas mistas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
135. Famílias e ensino sexual na escola . . . . . . . . . . . . . . 108
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . I OS

2' Secção
DIREITOS GERAIS DA FAMILIA
136. Direitos comuns a todas as sociedades . . . . 1 10
137. Direito de livre associação . . . . . . . . . . . ... 11G
138. Direito ao "espaço vital" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
139. P'amilia e propriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
140. a ) Recursos extrapatrimoniais . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
141. b) Bens patrimoniais. - Bens fundiários . . . . . . . . 1 12
142. Direito à t·ransmissão hereditária . . . . . . . . . . . . . . . . 1 12
1 43. Direito à justiça distributiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
lndice 183

144. Direito a um -regime de segurança social . . . . . . . . 114


1 45. Direitos a u m regime de segurança sanitária e moral 1 15
146. Direitos politicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
147. Departamento familiar do Estado . . . . . . . . . . . . . . . 1 16
Sumàrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177

Capitulo 111.
DEVERES DAS FAMILIAS EM FACE DO ESTADO
148. Deveres das familias em face do Estado . . . . . . . . . . IIS
1 49. Sacrifícios impostos .pelo Estado em caso d e perigo
nacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
150. Requisição parcial em tempo de pez . . . . . . . . . . . . 119
1 5 1 . Mobilizaç5o voluntária das famllias . . . . . . . . . . . . . 1 19
1 52. Programa de ação familiar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
153. Corpo representativo das famílias . . . . . . . . . . . . . . . . 120
1!'54, Ap llcnçtJCR particulares dessa competência . . . . . . . . 121
1 !\!\. O u t r n modnlldndt� d e representação : o voto familiar 122
156. Conclual\u ............................... 122
Sumário . . . ... .. ..................... 1 24-

TEI!CEII!A PAilTE

A FAMII.IA E A I G R EJA

Capitulo I.

A CONDIÇÃO CONJUGAL NO MISTERIO CRISTÃO

1 57. Estados de vida diversos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 27


1 58. A condição conjugal, prefiguração do mistério
cristão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128'
159. A Encarnação. - Mistér-io nupcial . . . . . . . . . . . . . . 129
160. Cristo e a Igrej a : Comunidade de destino . . . . . . . . 131
1 6 1 . O matrimônio cristão : Sacramento da união de Cris-
to com a Igreja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
1 62. Ereitos do sacramento . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . .. 132
S��o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . IM
134 Código Familiar

Capítulo 11 .
.MISSAO DA COMUNIDADE CONJUGAL NA IGREJA

1 63. Missão dos dais sacramentos do Matrimônio e da


Ordem (Pio XII) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 36
1 54. Missão do sacerdócio hierárquico . . . . . . . . . . . . . . . . 136
1 65. Missão da comunidade conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
1 ú6. "Uma missão especial incumbe, pois, à família"
(Pio XII) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
1 57. Missão conjugal complementar da missão hierárquica 1 39
1.0 "0 incremento exterior e ordenado da comuni-
dade cristã" (Pio XII) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
1 68. 2." A boa educação religiosa dos filhos . . . . . . . . . . 141
169. Nece�sidade de uma espiritualidadc conjugal . . . . . . 143
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144

Capitulo 111.

DIREITOS DA FAMILIA EM FACE DOS DIREITOS


DA IGREJA
170. Nenhuma ocasião de conrlitos entre família e Igreja 145
171. Algumas ocasiões de conflitos indiretos . . . . . . . . . . 146
172. Conclusão . . . ............................... 147

CONCLUSAO

1 73. A Família como elemento d-inâmico da Igreja e da


cidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Sumãrio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 50
1ndice analítico . ............... ................. 151
Composição da União Internacional de Estudos Sociais 173
lndicc . . . ................................... 177

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