Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Rogério Fernandes
Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, Universidade de Lisboa
Embora sem o propósito de estabelecer com- lares e rumos do ensino durante o salazarismo, no
partimentações rígidas, é legítimo indicar uma ten- qual tem tido intervenção a profa. Maria Cândida
dência especializada em relação a cada um dos pólos Proença.
universitários portugueses com projeção nessa área. Por outro lado, na Universidade de Lisboa, a
Assim, por exemplo, podemos dizer que na Facul- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
dade de Letras do Porto e no Instituto de Psicolo- tem levado a efeito vários projetos investigativos,
gia e de Educação da Universidade do Minho se a maior parte dos quais em curso no âmbito do mes-
concentra a maior parte das investigações relativas trado de história da educação/educação comparada.
à história da alfabetização e do ensino da leitura e No quadro da Unidade de I&D de Ciências da
da escrita, graças, respectivamente, aos trabalhos Educação existente na mesma Faculdade, desenvol-
dos profs. Francisco Ribeiro da Silva e Justino de vem-se projetos centrados em temas como a educa-
Magalhães. Problemas análogos vêm a ser versados ção portuguesa no contexto europeu, informatiza-
também na Faculdade de Letras da Universidade ção normalizada dos arquivos históricos dos liceus,
de Lisboa, onde uma jovem docente, a profa. Rita produção de sistemas eletrônicos de divulgação de
Marquilhas, acaba de concluir o doutorado em lin- textos e imagens em educação e produção de um
güística portuguesa com uma tese de valor já bem dicionário de educadores portugueses, todos eles
estabelecido: A faculdade das letras. Leitura e es- sob a responsabilidade do prof. António Nóvoa.
crita em Portugal no século XVII. Pela minha parte, também na área de história
Ainda no Porto, a Faculdade de Psicologia e da educação, sou responsável pelos projetos relati-
de Ciências da sua Universidade tende a mobilizar vos à escola e currículo no Portugal moderno (sécs.
as pesquisas e reflexões em torno das questões de XIX e XX), a construção do currículo do ensino se-
gênero e da educação, sob a orientação da profa. cundário e a função sociocultural dos liceus (séculos
Helena Araújo. Também no campo das histórias de XVIII a XX), estudo do movimento Freinet em Por-
vida dos professores, sob o impulso da profa. Ma- tugal e da contribuição da pedagoga portuguesa
nuela Malpique, desenvolve-se um trabalho relevan- Maria Amália Borges para a difusão em Portugal e
te de registro e de análise de memórias sobre a es- no Canadá das técnicas do grande educador francês.
cola e o ensino, setor para onde convergem as in- Além de um projeto, em fase inicial, sobre a histó-
vestigações de Margarida Felgueiras sobre a histó- ria da criança, faço parte do grupo de fundadores
ria da classe docente do ensino primário, às quais de um projeto internacional concernente à história
se agrega o projeto de criação do Museu do Ensi- da escola na Europa do Sul, para o que criamos em
no Primário da cidade do Porto. Valladolid (Espanha) em junho passado um grupo
Em Coimbra, além dos trabalhos de pesquisa de trabalho permanente de que fazem parte inves-
sobre múltiplos temas de história da educação em tigadores da Espanha, Itália, França e de Portugal.
Portugal conduzidos pelo prof. Joaquim Ferreira Existem naturalmente muitos outros projetos
Gomes, existe um pólo de estudos sobre história da de pesquisa dispersos por instituições universitárias
criança centrado nas investigações do prof. António públicas e privadas (sob este aspecto será de justiça
Gomes Ferreira. Noutras instituições, porém, têm mencionar os trabalhos da profa. Áurea Adão em
sido levadas a cabo pesquisas no mesmo campo, torno de reformas oitocentistas de ensino).
designadamente nas Faculdades de Letras do Por- Não terminarei sem dizer que as únicas insti-
to, de Coimbra, de Lisboa e na Universidade Nova tuições universitárias que dispõem de mestrado em
da capital. história da educação pertencem às Universidades do
Essa última Universidade, através do Institu- Minho (Instituto de Educação e Psicologia) e Lis-
to de História Contemporânea, tem implementado boa (Faculdade de Psicologia e de Ciências da Edu-
um conjunto de pesquisas sobre instituições esco- cação), embora temas de história da educação pos-
6 Jan/Fev/Mar/Abr 1998 N º 7
A história da educação no Brasil e em Portugal
sam aparecer em mestrados de história contempo- grande interesse para a reconstrução do passado da
rânea ou em mestrados de educação (como é o caso educação no Brasil-colônia. Colocando a questão
de mestrados em educação promovidos pelo Depar- num plano geral e não especificamente no âmbito
tamento de Educação da Faculdade de Ciências da da história da educação, o prof. Caio C. Boschi
Universidade de Lisboa). (1995) publicou um importante levantamento ar-
Apesar desse quadro um tanto limitado, a pro- quivístico. Trata-se de um trabalho modelar, pelo
dução em história da educação tem conhecido no- rigor e a amplitude da pesquisa, cuja consulta se
tável incremento no plano da pós-graduação, inclu- torna indispensável a quem pretenda visitar tais
sive em instituições que não integram a disciplina acervos, retomando uma tradição em que, entre
no currículo disciplinar das licenciaturas. outros, avultam investigadores e professores como
Se for possível inseri-la em licenciaturas de Laerte Ramos de Carvalho, pelo lado do Brasil, e
história social e nos currículos disciplinares das li- António Alberto Banha de Andrade por Portugal.
cenciaturas lecionadas nas escolas superiores de No concernente à história da educação, creio
educação, é de prever que, a prazo, se verifique que os arquivos de maior interesse são os seguintes:
uma nova mudança qualitativa e quantitativa nes-
> Arquivo Histórico Ultramarino, cujas
se panorama.
caixas estão sendo microfilmadas por iniciati-
A produção científica nessa área tem sido
va do Governo do Brasil, segundo me infor-
acompanhada de insistentes apelos à moderniza-
mou o prof. Caio Boschi. As dimensões restri-
ção metodológica e temática. O apelo é justo, tem
tas da sala de leitura e as peculiaridades do
sido escutado quanto ao alargamento do espectro
horário de funcionamento não facilitam que
de temas abordáveis. Quanto aos métodos, o que
se recorra a esse arquivo. Sobre questões refe-
se tem verificado até aqui na maior parte dos ca-
rentes ao Brasil, porém, será certamente o mais
sos é a permanência de perspectivas de investiga-
rico;
ção perfeitamente banais e até, por vezes, um des-
caso metodológico preocupante. Nem tudo é ouro > Coleção de reservados da Biblioteca
de lei na inovação metodológica, a qual, de resto, Nacional de Lisboa;
é mais fácil pregar do que praticar.
> Arquivo Nacional da Torre do Tombo;
Entretanto, afigura-se-me que essa categoria de
problemas ganha ao ser discutida pela comunida- > Arquivo da Direção das Alfândegas de
de científica em torno de experiências concretas de Lisboa;
inovação metodológica, respaldadas em investiga-
> Arquivo do Tribunal de Contas;
ções criteriosas cuja qualidade permita esclarecer os
possíveis trajetos inovadores. Sem a construção de > Arquivo da Universidade de Coimbra;
uma teorização crítica suficientemente aderente ao
> Biblioteca Pública de Évora;
trabalho investigativo ficar-se-á no nível de toma-
das de posição um tanto emblemáticas mas consi- > Biblioteca Geral da Universidade de
deravelmente distanciadas de uma sólida prática Coimbra.
historiográfica.
Se esse mapa de investigações apresenta zonas Outros arquivos contêm eventualmente acer-
comuns que podem constituir eixos de fixação de vos que podem interessar aos investigadores do Bra-
especialistas dos nossos dois países, há um segun- sil, tais como, por exemplo, o espólio de frei Cae-
do terreno suscetível de ação conjunta: os arquivos tano Brandão existente em Braga.
portugueses, em cujos acervos os investigadores bra- Também os investigadores portugueses, por
sileiros, de forma geral, poderão achar materiais de sua vez, ganharão certamente em visitar arquivos
do Brasil, tais como, por exemplo, a Biblioteca Na- te, em algumas de suas peças, evoca criticamente
cional do Rio de Janeiro. Evoco, a propósito, o ma- esses aspectos da mobilidade social quinhentista.1
nuscrito intitulado Notícias literárias de Portugal, Também no universo social da burguesia mer-
atribuído por Joel Serrão ao matemático e poeta cantil e dos “ofícios de pena”, escrivães do serviço
José Anastácio da Cunha. público e privado, constituía a leitura um capital
De minha parte, pude obter da Biblioteca Na- cultural de valor considerável. No contexto das ati-
cional do Rio uma transcrição de um importante vidades de comércio e serviços, a leitura ocupava
documento sobre o Montepio dos Professores, a um espaço nobre do currículo do ensino elementar.
primeira associação portuguesa de docentes que Até então, o ensino da escrita não acompanhava
mandou um emissário propositadamente ao Rio de necessariamente o da leitura. Ainda menos o do
Janeiro para obter de D. João VI um certo número cálculo, a tal ponto que na Lisboa quinhentista exis-
de apoios financeiros, documento que pude trans- tiam especialistas em escrever e em calcular.
crever na minha dissertação de doutoramento. Daí deriva o questionamento a que vamos as-
De um e de outro lado do Atlântico ganha- sistir dos métodos de ensino da leitura no século
remos, de modo geral, em freqüentar os nossos ar- XVI, bem como o aparecimento dos primeiros mo-
quivos. delos caligráficos e dos primeiros textos de ensino
de aritmética comercial a adultos.
III.
8 Jan/Fev/Mar/Abr 1998 N º 7
A história da educação no Brasil e em Portugal
Como acabamos de observar, o texto manus- Essa opção não tinha uma determinante pe-
crito aparece de início em cena para ser imediata- dagógico-didática exclusiva senão que se filiava
mente posto de parte. Em vez da utilização de um em razões de natureza sociocultural. Ela tinha a
texto, o mestre opta pela exigência da memorização ver com a existência de uma burguesia comercian-
do alfabeto, mas o aluno permanece em estado de te dotada de força social suficiente para pleitear
plena oralidade. um currículo de ensino elementar adequado às ne-
cessidades de formação profissional dos filhos. O
Catecismos, silabários: aparecimento de escolas burguesas e de escolas
o impresso e o manuscrito latinas (chamadas de gramática), à semelhança do
ocorrido em outros países europeus, impôs essa
Se as coisas se passavam desse modo abstruso mudança. Em vez de silabários impressos graças à
nas chamadas escolas públicas,3 no caso das esco- diligência de eclesiásticos, os mestres de meninos
las paroquiais temos provas de que catecismos e recorriam a extratos manuscritos extraídos de pro-
silabários manuscritos eram utilizados no ensino da cessos judiciais e a documentos de natureza comer-
leitura e da doutrina. No final do século XV, dis- cial como base do ensino de leitura. Procediam,
pomos de catecismos manuscritos e põe-se mesmo assim, à laicização dos textos de iniciação às primei-
a hipótese da existência de um catecismo impresso ras letras, embora os mestres de moços e as mestras
já no século XV. de moças continuassem a ensinar a doutrina cristã
No século XVI será esse o suporte privilegia- como matéria obrigatória.
do da ação docente da Igreja. O catecismo impresso Esse modo de monitorar o texto didático so-
ou os silabários serão instrumentos didáticos mais bre o qual se procedia às aprendizagens fundamen-
comuns. Sabêmo-lo pelo Catecismo menor, de d. tais impressionou desfavoravelmente dois visitan-
Diogo de Sousa, assim como pelo exemplo da dis- tes italianos, cujos sentimentos ficaram expressos
tribuição de silabários em todas as igrejas da diocese em Ritrato et riuerso del Regno di Portogallo. No-
de Lamego com vista ao ensino de meninas e me- tando que os portugueses dispunham das suas leis
ninos, sendo bispo o Cardeal d. Afonso, irmão de impressas em língua vulgar, o que contrastava com
d. Manuel I, no âmbito das obrigações impostas o costume da Itália e de outros países que as con-
pelo Concílio de Trento. servavam redigidas em latim, atribuem aquele uso
O texto impresso estava longe de ser adotado a uma “litigiosa inclinação natural” que, afirma-
pelos mestres leigos, que, entretanto, começavam a vam, fazia que os portugueses dessem “às crianças
exercer a profissão docente. Recorrer ao manuscrito que vão à escola (em vez de um salmo, da oração
parece ter sido prática generalizada, embora por dominical ou do ofício de Nossa Senhora) um pro-
vezes objeto de ação repressora da parte da Igreja.4 cesso para as mãos pelo qual aprendem a ler, ou
coisas semelhantes onde estudam a prática” (Mar-
ques, 1984).5
3 “Públicas” por oposição a domésticas. Essa forma de ensino visava, portanto, a ob-
4 Veja-se o caso da ilha da Madeira: “Das Constitui- jetivos eminentemente utilitários, traço curricular
ções do Bispado do Funchal promulgadas pelo Bispo D. confirmado, aliás, por um segundo testemunho.
Jerónimo Barreto em 4 de maio de 1579, vê-se que já nessa João de Barros, autor de uma Cartinha impressa no
época se ensinava na Madeira a ler e a escrever. As pessoas
século XVI e adornada de ilustrações, contestou as
que exerciam esse mister eram obrigados a ensinar também
práticas pedagógicas desses professores e os obje-
a doutrina cristã pela Cartilha novamente impressa, e não
podiam servir-se nas escolas senão de ‘papéis & livros de
boa doutrina’ aproveitáveis aos bons costumes das crianças”
(Silva & Meneses, 1984, p. 404). 5 Julgo tratar-se aqui de uma alusão à prática forense.
10 Jan/Fev/Mar/Abr 1998 N º 7
A história da educação no Brasil e em Portugal
tivos perseguidos por tais escolas. Em lugar da letra E porquanto me constou que nas Escolas de ler,
“redonda” (impressa) usada no livro citado, “per escrever se praticava até agora a lição de processos
que os meninos levemente saberão ler e assim os litigiosos e sentenças, que somente servem de consu-
preceitos da nossa fé, que nela estão escritos”, os mir o tempo e de costumar a Mocidade ao orgulho e
mestres convertiam-nos, diz ironicamente João de enleios de Foro: Hei por bem abolir para sempre um
Barros, “a estas doutrinas morais de bons costumes: abuso tão prejudicial: E Mando que em lugar dos di-
Saibam quantos esta carta de venda... E depois dis- tos processos e sentenças, se ensine aos meninos por
to: Aos tantos dias de tal mês... E perguntado, pelo impressos ou manuscritos de diferente natureza, espe-
costume, disse: nichil. De maneira que, quando um cialmente pelo Catecismo pequeno do Bispo de Mont-
moço sai da escola, não fica com nichil mas pode pellier Carlos Joaquim Colbert, mandado traduzir pelo
fazer melhor uma demanda que um solicitador de- Arcebispo de Évora para instrução dos seus Dioce-
las, porque mama estas doutrinas católicas no lei- sanos para que por ele vão também aprendendo os
te da primeira idade”. Princípios da Religião, em que os Mestres os devem
Mais grave ainda era que a letra manuscrita instruir com especial cuidado e preferência a outro
diferenciava-se de documento para documento, de qualquer estudo (Fernandes, 1994, p. 115).
modo que, ao fim de um ano, o menino “começa
novamente conhecer a diferença de letra que cau- Entretanto, é de crer que semelhantes hábitos
sou o aparo da pena com que o escrivão fez outro de trabalho não desaparecessem de um dia para o
termo judicial” (Barros, 1971, p. 406-407; Fernan- outro. Jerónimo Soares Barbosa, visitador das es-
des, 1992, p. 17 ss.). colas da diocese de Coimbra, afirma num dos seus
Quanto às ambições dessa formação prática, relatórios de inspeção que o viajante era literalmente
a sua conclusão era de uma negatividade peremptó- assaltado na estrada por mães que lhe suplicavam
ria: “As audiências e não as escolas fizeram todos a dádiva de um papel manuscrito, a fim de conse-
os juristas destros em o ler dos feitos [...]; desta ex- guirem a instrução dos filhos.
periência podes inferir: ler, a escola o ensina; desen- No tocante a métodos de ensino, eram os pró-
voltura os negócios dão; a letra redonda se aprende, prios mestres que ele punha em causa. Entre os mé-
e a tirada (manuscrita) sem mestre se alcança”. todos “viciosos” que predominavam nas escolas de
Apesar da existência da Cartinha de João de meninos, inscrevia desde logo o modo de ensinar.
Barros e de outras obras do mesmo gênero, os mes- Reiterando uma crítica já compartilhada por outros,
tres de primeiras letras continuarão ao longo de evocava o princípio pedagógico da marcha grada-
séculos a recorrer ao manuscrito e preferirão o mes- tiva do processo ensino/aprendizagem, seguindo-se
mo tipo de textos já fulminados criticamente no do mais fácil para o mais difícil, e considerava que
século XVI. a prática pedagógica, de modo geral, o violava pre-
Dois séculos mais tarde, nas vésperas da cria- cisamente no momento da iniciação. A letra manus-
ção das escolas régias de ler, escrever e contar, essa crita era de leitura mais difícil do que a tipográfi-
prática mantinha-se profundamente enraizada nas ca. Enquanto a uniformidade e nitidez dos carac-
instituições de ensino. As autoridades procuraram teres impressos facilitariam o reconhecimento vi-
pelo menos atenuá-la. O alvará de 30 de setembro sual, o mesmo não sucedia com a letra de mão, em
de 1770 proibiu a utilização de documentos judi- que o desenho de cada caracter era alterado pelos
ciais como suportes de ensino, ordenando a sua rasgos decorrentes da apropriação pessoal da escri-
substituição por um catecismo e tolerando os ma- ta. Daí também que os traços característicos das
nuscritos com a condição de se não tratar de tex- letras não conservassem uniformidade e constância
tos contenciosos. Assim, escreve-se no preâmbulo no manuscrito, diversificando-se, pelo contrário,
daquele documento: indefinidamente, de tal modo, acrescentava Jeró-
nimo Soares Barbosa, que “uma criança sente um dando o ensino da leitura, caligrafia, ortografia e
grande trabalho e gasta infinito tempo para discer- aritmética, justificava a iniciativa “não só por
nir o que é essencial na letra do que é acessório”. pertencer às escolas mas porque muitos desejam
Acrescia que os valores fonéticos eram por ve- aplicar-se a esta arte, e depois de crescidos o não o
zes expressos sob a forma de traslados e abrevia- fazem por não tornarem a sujeitar-se aos mestres
turas, os quais deveriam provocar perplexidades em como meninos”. Compreende-se, por isso, que um
muitos “espíritos curtos”, quais sejam os de todos dos capítulos mais importantes seja intitulado “Do
os meninos. Assim, a utilização de manuscritos nes- ensino nas escolas com algumas advertências para
se contexto impelia as crianças a habituarem-se “a os Mestres ensinarem com perfeição”. Os conselhos
formas estrambóticas, irregulares, desiguais e feias do autor têm um cunho eminentemente utilitário,
das letras”, à sua desproporção, às “torturas das orientando-se para formas de ensino mútuo condi-
regras” e à “péssima ortografia”. zentes com as práticas dos jesuítas, tais como a di-
Apesar de todas as razões militarem no senti- visão das turmas em grupos de dez alunos (decúrias)
do do abandono do suporte manuscrito da apren- e a nomeação de responsáveis por esses grupos (de-
dizagem da leitura, Jerónimo Soares Barbosa reco- curiões). Procurando responder às necessidades dos
nhecia: “prevaleceu de há muito tempo o método docentes, o livro é obra de teorização pedagógico-
de ensinar a ler nas escolas por traslados maus da didática em cujas páginas a realidade “aluno” está
mão do mestre, por cartas familiares manuscritas, presente apenas de forma reflexa.
por autos e sentenças de letras diferentes e todas O mesmo se observa quanto ao célebre livro
péssimas, e muitas vezes ilegíveis; e depois por li- de Manuel Dias de Sousa, cujo título deixa trans-
vros impressos” (Fernandes, 1994, p. 246-247).6 parecer desde logo os seus objetivos: Nova escola
de meninos na qual se propõe um método fácil para
A ambigüidade da noção ensinar a ler, escrever e contar, com uma breve di-
de livro didático reção para a educação dos meninos ordenada para
descanso dos mestres e utilidade dos discípulos, pu-
A existência de livros didáticos para o ensino blicado em Coimbra em 1784. Trata-se de expor
da leitura não só não impedia a continuação do um método de ensinar e não de aprender as matérias
recurso ao manuscrito como não significava neces- elementares. A “breve direção” a que alude vem
sariamente que tais obras se destinassem aos alunos. publicada no final do volume, inserindo aí as mais
Pelo contrário, na sua maior parte, os livros didá- diversas indicações educacionais, desde as que ti-
ticos do século XVIII estão repletos de indicações nham a ver com os cuidados corporais, com a ali-
práticas em exclusiva intenção dos professores. mentação e, de modo geral, com a saúde do meni-
É o caso da Nova escola para aprender a ler, no (a “criação”) até as estratégias educativas des-
escrever e contar (1722), de Manuel Andrade de tinadas a domar-lhe a personalidade e a conformá-
Figueiredo. O seu objetivo essencial era ser utiliza- la aos valores sociais implantados. Tudo isso, bem
do por professores e candidatos a docentes. Abor- entendido, firmava-se numa concepção de criança
cujo teor adultocêntrico testemunha sobre o pré-
rousseaunismo das convicções de Dias de Sousa.
6 Sobre o domínio da escrita para o século XVII, cf. o Finalmente, apresentaremos um último exem-
trabalho excelente de Marquilhas, 1996.
plo, o da Escola popular das primeiras letras divi-
Seria importante identificar, a propósito, os textos que
dida em quatro partes, publicada em Coimbra por
serviram de traslados nas escolas para meninos e meninas
índias criadas no Brasil entre 1760 e 1770. Pelas cópias dos Jerónimo Soares Barbosa no ano de 1796. Também
alunos vê-se que havia textos comuns às diversas escolas. nesse caso o livro é pensado na expectativa da sua
Que modelos seriam esses? Quem os teria estabelecido? utilização pelos docentes e não pelos alunos. Logo
12 Jan/Fev/Mar/Abr 1998 N º 7
A história da educação no Brasil e em Portugal
no primeiro capítulo (“Das vozes e vogais da Lín- tos, com o individual, notadamente quando o alu-
gua Portuguesa”), o célebre didata insere a forma- no era “chamado à lição”. Os professores não po-
ção teórica no processo de trabalho do professor, diam exigir dos alunos a posse de um livro indivi-
escrevendo: “Para não confundir logo os princi- dual (o de Soares Barbosa era constituído por qua-
piantes com esta multiplicidade de Vozes Portu- tro volumes...). A solução consistia na produção,
guesas, poremos na Táboa ou Carta seguinte só as pelos docentes, de cópias manuscritas e ampliadas
Vozes Grandes, deixando à prática dos Mestres o das “Cartas de letras, sílabas e nomes”, as quais
fazerem notar na leitura as diferenças das outras, funcionavam à maneira de quadros parietais onde
quando ocorrerem”. Em seguida, após a exposição professores e alunos indicavam os sinais gráficos por
das “Vozes” orais e nasais (Cartas I e II), apresen- intermédio dos ponteiros.
ta uma “Advertência aos Mestres sobre o uso das A tentativa de substituir as cópias manuscri-
duas Cartas precedentes”. Nesse texto, indica-lhes tas das “Cartas de letras, sílabas e nomes” por có-
o modo de utilizar aquelas ou quaisquer outras pias impressas remete-nos justamente para a exis-
“Cartas” existentes no livro e aconselha: tência desse tipo de material. Em 1794, na Gazeta
de Lisboa, lia-se o anúncio de uma nova coleção de
No ensino das duas Cartas precedentes terão os
“12 Cartas estampadas em boa letra, para pelo seu
Mestres o cuidado de distinguir bem aos principian-
uso poderem os meninos e meninas aprender a ler
tes cada um dos sons próprios de cada voz; e de lho
com muita facilidade, evitando aos Mestres o tra-
fazer ligar na fantasia a cada uma das letras que o uso
balho de as fazer, por se acharem já prontas e por
da nossa ortografia introduziu para os figurar na es-
preço muito cómodo” (Fernandes, 1994, p. 247).
critura. Para esse fim, apontando com o ponteiro cada
Os próprios alfabetos ou cartas podiam, po-
uma das vogais, [...] lhes pronunciarão ao ouvido bem
rém, ser objeto de cópia para utilização individual.
distintamente cada uma delas, fazendo-lhes sentir as
José Luís de Sousa Monteiro, o conhecido mestre
suas diferenças graduais.
que se autodesignava “cidadão e professor régio na
É evidente que o uso do ponteiro seria incom- cidade do Porto”, dava como razão justificativa da
patível com a dimensão da mancha tipográfica de impressão do seu Alfabeto português, que declara
um livro com o formato da Escola popular... destinar principalmente ao uso dos seus discípulos,
Outro compêndio, a Escola fundamental, ou o pretender evitar “o inútil trabalho das repetidas
método fácil para aprender a ler, escrever e contar, cópias” (idem, loc. cit.).
com os primeiros elementos da Doutrina Cristã, útil
à Mocidade que deseja plenamente instruir-se, por Do impresso ao manuscrito
um professor, parece-me, pelo contrário, direcio-
nado à utilização pelos alunos. Recomenda igual- No entanto, a importância adquirida pelo ma-
mente o uso do ponteiro, mas dessa vez pelos dis- nuscrito na comunicação em sociedade e no traba-
cípulos, nos exercícios de pronúncia de sílabas, su- lho profissional na área de comércio e serviços tor-
gerindo, além disso, que o manuseassem “do mo- naria indesejável a supressão da prática desse tipo
do que pegam na pena, para que assim se costume de letra e conseqüentemente a sua leitura. Mesmo
logo a mão para a escrita”. os didatas mais severos para com o recurso a ma-
As recomendações de Soares Barbosa permi- nuscritos não pretendem eliminar esse tópico do
tem-nos, aliás, admitir a existência de um novo tipo plano de estudos. Pretendem, sim, inverter o senti-
de texto manuscrito. Sendo elevado o número de do tradicional do percurso. Tal como João de Bar-
alunos por sala de aula, os mestres recorriam em ros advogava no século XVI, seria preciso proceder
geral ao chamado modo de ensino coletivo ou si- à iniciação na base da letra impressa e em seguida
multâneo, o qual se combinava, em certos momen- passar à letra “tirada”.
Denunciando os inconvenientes dos caminhos fato de os discípulos penarem longos anos nas es-
tradicionais, Jerónimo Soares Barbosa sustentava colas sem que lograssem aprender a ler.
igualmente que as crianças deveriam principiar a Em 1734 a questão do ensino da leitura foi
aprendizagem pela letra impressa, dando-lhes no igualmente tratada por Martinho Mendonça Pina
fim “os abecedários e escrituras de mão [...]. Com e Proença, autor dos Apontamentos sobre a educa-
este método, a todas as luzes melhor, abrevia-se pelo ção de um menino nobre. Firmando-se em Locke,
menos metade o tempo que as crianças gastam Fénelon e Rollin, o autor passava em revista os câ-
agora nas escolas a aprender pelo método antigo” nones do ensino e proclamava uma pedagogia al-
(idem, p. 247). ternativa às práticas do tempo. O verdadeiro modo
Ponto de vista idêntico era defendido por um de ensinar os meninos consistia em desenvolver-lhes
didata de cujo nome se conhecem apenas as iniciais. a curiosidade de aprender, o amor e inclinação pelo
G. P. de A. subscreve praticamente todas as opi- que lhes era ensinado e por aquele que os ensina-
niões de Barbosa. Deste modo, afirma: va. O método global deveria combinar “a lição com
o desenfado”.
A razão por que sou de parecer que o discípulo
Quanto à aprendizagem da leitura, cumpria
leia primeiro os impressos e não os manuscritos, é por
ministrar as primeira lições do ABC “mais como
ser mais fácil a letra impressa: a manuscrita além de
brinco ou desenfado que como estudo ou ocupação
ordinário ter caracteres que não parecem o que eles
séria”. Recomendava a utilização de uns poliedros
querem que sejam, os quais muitas vezes quem os lê
de marfim ou dados em cujas faces se inscrevessem
se vê obrigado a adivinhar, é quase sempre errada e
as letras, a fim de os meninos se divertirem enquanto
cheia de barbarismos, e vão acostumando os Discípu-
aprendiam, ou, em alternativa, cartas de jogar que
los a infinitos erros de ortografia, que depois tarde ou
representassem as letras ao lado de um desenho. Era
nunca se tiram deles (idem, loc. cit.).
de opinião de que a iniciação à leitura deveria ser
Não era outro o parecer do autor da Escola feita “por um ABC impresso com letra cursiva pa-
fundamental..., embora procurasse conciliar dois rangona”, aconselhando a obra do castelhano João
métodos que continuavam a ter adeptos radicais. Paulo Bonet, Reducción de letras y arte para ense-
Assim, integrava abecedários e “Cartas” de letras ñar a hablar los mudos.
e sílabas, sob a forma de caracteres tipográficos, Também Verney, no Verdadeiro método de es-
após os quais os alunos estudariam “Cartas” de tudar (1743), põe a tônica na mudança pedagógica
nomes “já em letra de mão, já de impressão, distin- necessária, na qual se inscreveria o método de ensi-
tas as sílabas”, embora concedendo precedência às no da leitura. Coincidente com Martinho Mendonça
letras impressas (idem, loc. cit.). Pina e Proença, julgava essencial fundar a ação edu-
cativa ou instrucional no potencial lúdico da criança.
Ensino de leitura: “Este é o ponto principal nos estudos dos rapazes”,
propostas de novos métodos escreve: “não amofinar-lhes a paciência, mas instruí-
los como quem se diverte”. Neste quadro, aconse-
A aprendizagem da leitura continuou a ocupar lhava que se pintassem as letras nas cartas de jogar
um lugar central no pensamento educacional portu- “e, por modo de divertimento”, acrescentava, “jo-
guês do século XVIII. Os nossos pedagogos de maior gar com elas, ensinar-lhes que letra é, mandar-lha
projeção não deixaram de abordar esse problema. proferir, i-las ajuntando. Desta sorte, quando aos sete
A questão do método de ensino era vista como anos se ensina a ler, tem a criança vencido metade
determinante do êxito dos alunos. Manuel de An- da dificuldade, sem o advertir, e facilmente lerá”.
drade de Figueiredo, autor da já citada Nova esco- Tanto no caso de Pina e Proença como no de
la..., atribuía à falta de preparação dos mestres o Verney, o pólo de motivação da criança e o ponto
14 Jan/Fev/Mar/Abr 1998 N º 7
A história da educação no Brasil e em Portugal
Launay, tratar-se-ia talvez do método do padre De- perceber o que lê, e menos os que os ouvem poderão
launay fils, autor do livro que tem por título Mé- gostar de uma leitura mordida aqui, ali atrapalhada,
thode pour apprendre à lire, editado em 1741, cuja e sem aqueles tons que o nosso idioma tem, de inter-
aceitação, contudo, não era tão universal quanto rogação, de respostas, de narração, de admiração, e
Soares Barbosa imaginava. de mil outras coisas que vêm na oração quando se fala
A despeito dos erros de caráter metodológico, e já por uso se não repara, e só se pode perder quan-
as crianças acabavam, muitas vezes, por aprender do o mestre não faz nestas explicações a sua obrigação,
a ler. O preço a pagar era, contudo, excessivamen- isto é, se ele o conhece, pois como Mestre e órgão da
te elevado. Assegurava Soares Barbosa: Língua Portuguesa deve saber uma e outra coisa.
As crianças chegam com muito tempo e custo a Desse modo, a leitura não comportava neces-
aprender pelo método vulgar porque são pacientes, e sariamente um ato de comunicação. Assim o dedu-
não têm ainda reflexão. Porém todos assentam que as zimos do reparo de António Peres quanto à ausên-
inconseqüências deste método seriam um obstáculo cia de uma educação gramatical intuitiva, base su-
invencível para aprender a ler, pretendendo-se ensinar posta da leitura expressiva:
por ele homens de juízo já formado, e capazes de perce-
ber a incoerência dos seus processos e dos resultados. Vejo infinitas vezes que eles [os mestres] não
ensinam os meninos a soletrar, a conhecer a sílaba, e
Outro alvo de apreciação negativa era a difi- menos a percepção das palavras, as divisões das mes-
culdade em atingir o que se chamava “leitura con- mas orações e os pontos, as vírgulas; não digo que seja
tinuada”. Tais são as opiniões emitidas nas Refle- Gramático quando aprende a ler, ma seja a sua lição
xões várias sobre a educação dos meninos que se de forma que leia bem, porque algumas pessoas há que
aplicam às primeiras letras. Sobre o seu próprio som lêem excelentissimamente e de Gramática nada sabem.
na língua portuguesa por António Peres, natural de
Minas Gerais, professor régio de primeiras letras e Considerando embora que essa iniciação gra-
sócio da Academia Ortográfica Portuguesa de Lis- matical seria de felizes conseqüências no respeitante
boa, obra publicada na capital em 1806, da qual à solidez da aprendizagem, Peres não deixava de pon-
sairia o segundo volume no ano seguinte, sob o títu- derar que, até aquela data, não aparecera um mo-
lo abreviado de Reflexões várias da Língua Portu- delo universal de ensino, o que só poderia atingir-
guesa no seu abecedário, sobre a harmonia das pa- se por meio de uma junta formada nas universidades
lavras e música das letras. Da segurança e clareza científicas e ouvidas as academias literárias, tudo isso
das aprendizagens iniciais dependeria, de acordo precedendo autorização régia e tendo como conse-
com o autor, a solidez das aprendizagens seguintes, qüência uma normalização gramatical e ortográfica.
assim como a possibilidade de se chegar à chama- Semelhante caminho não seria seguido. A es-
da “leitura continuada”. Para António Peres cons- cola portuguesa não somente não adotará uma di-
tituía um estádio de importância decisiva o conhe- dática geral nos anos mais próximos mas, do mes-
cimento intuitivo do processo de articulação verbal: mo modo, não elaborará uma gramática e uma or-
tografia oficiais.
O menino que aprende deve com muita miudeza
conhecer as letras todas, vogais e consoantes, no que
Duas experiências pedagógicas
se deve pôr o maior cuidado, para que depois vá for-
no final dos setecentos
mar delas mesmo aquele jogo de sílabas de que se fa-
zem as palavras e o como estas se fazem, que, de ou-
As dificuldades de aprendizagem da leitura
tra sorte, lhe será custoso aprenderem, porque uma vez
persistirão, apesar da busca de novos caminhos pe-
que as não saiba juntar, não poderá nunca ele mesmo
dagógico-didáticos.
16 Jan/Fev/Mar/Abr 1998 N º 7
A história da educação no Brasil e em Portugal
trole do poder cultural, ele próprio parte integran- COELHO, Francisco Adolfo, (1973). Para a história da ins-
te da luta pelo poder político. Tal questão dividia trução popular: seguido dos artigos “Portugal”, “Co-
lónias portuguesas” e “Ensino do grego”. Lisboa: Insti-
a sociedade portuguesa em dois setores, reforçan-
tuto Gulbenkian de Ciência/Centro de Investigação Pe-
do a existência de relações classistas desiguais. O dagógica. Prefácio de L. Saavedra Machado. Introdução,
desnível cultural estabelecido entre letrados e ile- notas, traduções e bibliografia de Rogério Fernandes.
trados compaginava-se com outros privilégios das
FERNANDES, Rogério, (1992). O pensamento pedagógi-
classes cultas, nas quais, porém, se recrutavam os co em Portugal. 2ª ed. Lisboa: Instituto de Cultura e Lín-
intelectuais que lutavam pela introdução de roturas gua Portuguesa.
na trama social e política. __________, (1994). Os caminhos do ABC: sociedade por-
Se este foi o percurso em Portugal, qual terá sido tuguesa e ensino das primeiras letras. Porto: Porto Edi-
o traçado do percurso correspondente no Brasil, an- tora.
tes e depois da independência da nação brasileira? MARQUES, A. H. de Oliveira, (1984). Uma descrição de
Em que contextos de outras lutas políticas, sociais Portugal em 1578-80. Apresentação, transcrição do do-
e culturais? Quais os métodos, os manuais e os dida- cumento, tradução do italiano e notas. Nova História.
Século XVI, nº 1, Editorial Estampa, p. 83-143, jun.
tas que se tornaram conhecidos num e noutro lado?
Que convergências ou, pelo contrário, que diferen- MARQUILHAS, Rita, (1996). A faculdade das letras: lei-
tura e escrita em Portugal no século XVII. Lisboa: Facul-
ciações metodológicas? Essas e outras perguntas jus-
dade de Letras, policop.
tificam a admissão de que se entrecruzam os cami-
SILVA, Pe. Fernando Augusto, MENESES, Carlos Azeve-
nhos da nossa investigação histórico-educacional.
do, (1984). Elucidário madeirense. 3 v. Funchal.
SOUSA, Armindo de, (1990). As cortes medievais portugue-
sas (1385-1490). 2 v. Porto: Instituto Nacional de Inves-
ROGÉRIO FERNANDES é professor na Faculdade
tigação Científica.
de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de
Lisboa, onde se doutorou em História e Filosofia da Educa- VIAL, Jean, (1981). L’apprentissage des rudiments en Eu-
ção. Os seus trabalhos de investigação incidem na reconstru- rope occidentale. In: Mialaret, G., Vial, Jean (dirs.). His-
ção crítica das políticas educacionais e da estruturação dos toire Mondiale de l’Éducation, v. 2. Paris: PUF.
sistemas escolares, em especial do “campo curricular”. Entre VICENTE, Gil, (1965). Obras. Porto: Lello.
seus livros publicados salienta-se Os caminhos do ABC, Socie-
dade portuguesa e ensino das Primeiras Letras, Porto, 1994.
18 Jan/Fev/Mar/Abr 1998 N º 7