Texto para os itens seguintes.
“deixem”, no imperativo, é característica marcante do
1 Um dia, um filósofo indiano fez a seguinte
pergunta aos seus discípulos:
3 — Por que é que as pessoas gritam quando
estão
aborrecidas? — Gritamos porque perdemos a
calma, disse um deles.
6 — Mas, por que gritar quando a outra pessoa
está ao seu lado?, acabou por questionar
novamente o pensador. — Bem, gritamos porque
desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou
outro discípulo.
10 E o mestre voltou a perguntar: — Então não é
possível falar-lhe em voz baixa?
Surgiram várias outras respostas, mas nenhuma
convenceu o pensador. Então ele esclareceu: —
Vocês sabem por que se grita com uma pessoa
quando se 15está aborrecido? O fato é que,
quando duas pessoas estão aborrecidas, os seus
corações afastam-se muito. Para cobrir essa
distância, precisam gritar, para poderem escutar-
se mutuamente. Quanto mais aborrecidas
estiverem, mais forte terão que gritar para 20
ouvirem um ao outro, através da grande
distância. Por outro lado, o que sucede quando
duas pessoas estão apaixonadas? Elas não
gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque os
seus corações estão muito perto. A distância
entre elas é pequena. Às vezes, 25os seus
corações estão tão próximos, que nem falam,
somente sussurram. E, quando o amor é mais
intenso, não necessitam sequer de sussurrar,
apenas se olham, e basta. Os seus corações
entendem-se. É isso que acontece quando duas
pessoas que se amam estão 30próximas.
Por fim, o filósofo concluiu dizendo:
— Quando vocês discutirem, não deixem que os
seus corações se afastem, não digam palavras
que os distanciem mais,como ofensas, mentiras,
obscenidades, 35pois chegará um dia em que a
distância será tanta que não mais encontrarão o
caminho de volta.
Mahatma Gandhi
De acordo com o texto acima, analise as assertivas a
seguir e marque certo ou errado.
1. A utilização da expressão “Por que” na linha 03
está incorreta, visto que em perguntas diretas e em
início de frases usa-se a expressão Por quê.
2. Em respostas ou afirmações deve-se empregar a
forma “por que” ou seu correspondente “porque”.
Pode-se perceber a manutenção da correção gramatical
na utilização da linha 04.
3. O acento presente na expressão “por quê”
(linha 23) está correto e é obrigatório pelo fato de a
expressão estar posicionada no final da frase.
4. No que diz respeito às funções da linguagem,
pode-se perceber na linha 32 que o emprego do verbo
1
texto apelativo.
5. A presença de um questionamento e a
respectiva resposta nas linhas 23 e 24 revela a estrutura
da função fática, em que se testa a comunicação
estabelecida.
6. Na linha 08, há presença de verbo na primeira
pessoa “gritamos”, emprego que caracteriza a presença
da função expressiva da linguagem.
7. O texto pode ser classificado como descritivo.
8. A presença de um tema sendo abordado é a
principal característica do texto dissertativo, podendo
essa abordagem ser feita através de fatos narrados, em
vez de uma linguagem puramente informativa, fazendo
com que o texto deva ser classificado como
predominantemente narrativo.
9. Os vocábulos “questionar” (linha 07) e
“perguntar” (linha 10), no contexto em que surgem,
revelam a sinonímia.
10. Na construção: ” Elas não gritam. Falam
suavemente.” Tem-se a presença de palavras de
sentidos opostos, devendo ser classificadas como
parônimas perfeitas.
11. A relação estabelecida entre os vocábulos
“palavras” (linha 33) e “ofensas, mentiras,
obscenidades” (linha 34) infere a presença de
hiperonímia e hiponímia, respectivamente.
Crônica do Amor
Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem,
caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam
uma fila de pretendentes batendo à porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão.
O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por
conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se
bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá,
ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam,
pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas
que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e
ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano
Novo, nem no ódio vocês combinam. Então?
Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o
beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com
ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.
Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele
veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não
emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é
meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe
encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, região onde há reação
imediata, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca,
adora animais e escreve poemas. Por que você ama este
cara?
Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas,
jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman,
mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu
valor.
É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial
de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar.
Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de
viajar, de música, de teatro, de arte, tem loucura por
computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora
sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um
amor?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um
sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você
inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC.
Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas,
bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!
Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é!
Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a
contingência maior de quem precisa.
Arnaldo Jabor

Julgue os itens seguintes, no que diz respeito às estruturas

linguísticas e semânticas.

12. As conjunções têm papel de conectores semânticos,

podendo ser explícitas ou subentendidas. No fragmento: “Não
pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas,
jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman,
mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu
valor.” Há a possibilidade de inserção da conjunção POIS logo
após a palavra VOCÊ, mantendo o sentido original da
construção.

13. A exigência da preposição antes da expressão

Robert Altman apresenta duplo sentido, já que se deve à
regência do verbo gostar ou da expressão filmes.

14. A linguagem empregada no texto é expressada em

tom coloquial, perto de uma interação descontraída, em que
se percebem elementos do nível culto da linguagem.

15. Na construção: Ama-se pelo cheiro, pelo mistério,

pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.
Fica pressuposto que o sujeito do verbo é a expressão ”outra
pessoa” declarada em trechos anteriores. A isso dá-se o nome
de elipse.