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FRANCA 2018
RESUMO
O presente trabalho acerca da análise de um caso prático teve por objetivo fornecer
uma solução do mesmo com base no direito romano e no direito civil contemporâneo.
Para tal, partimos de uma metodologia normativa comparativa a partir do estudo de
material do direito romano e do direito civil. Tivemos como resultado que a solução
para o caso é diferente em ambas as codificações. Por fim, concluímos que em ambas
há a proteção do direito real de propriedade.
Caso) Caio, que é proprietário de duas casas, decide alugar uma delas a Tício
pelo prazo de cinco anos e constituir sobre a outra o direito real de usufruto vitalício em
favor de seu amigo Mévio. Algum tempo depois, no entanto, Caio recebe uma
tentadora oferta do milionário Orbílio e vende a ele os dois imóveis por um ótimo
preço. Pouco se sensibilizando com a situação de Tício e Mévio, Orbílio avisa que quer
tomar posse de ambos os imóveis imediatamente, e exige a sua imediata
desocupação. Tício e Mévio, preocupados por não terem outro lugar onde morar,
buscam socorro em um ilustre advogado. Que poderá dizer esse advogado em favor de
seus clientes ?
Direito Real: O direito Real é o direito das coisas e se exerce diretamente sobre
elas. Além disso, implica um dever negativo- não perturbar o direito do titular dele. Tal
direito é geral e de todos (validade erga omnes). É normalmente duradouro, podendo ser
até perpétuo. Permite, também, exigir o direito de “sequela”, uma vez que é possível
seguir a coisa em qualquer lugar que ela esteja e recuperá-la. Para a construção do
direito real é necessário formalidades (solenidades) ou a tradição (entrega). Sendo
aquela usada para coisas de maior valor, principalmente imóveis. E esta para coisas de
menor valor econômico.
temporário, tende sempre para o seu cumprimento e extingue-se por este e é constituído
por um simples acordo.
Ninguém pode transferir mais direito do que ele mesmo tenha: nemo plus
iuris ad alium tranferre potest, quam ipse haberet (D. 50.17.54). Assim, o
direito do adquirente dependerá do direito do dono precedente. Continuará a
existir com todas as limitações que eventualmente tiver.
Dessa maneira, a propriedade da casa será de Orbílio, mas quem poderá usar e
gozar dela será Mévio, até sua morte. Vale destacar que para salvaguardar os interesses
do proprietário privado do uso e gozo de sua coisa durante a existência do usufruto,
deve este ser exercido dentro de certos limites legais expresso pela definição romana:
ius alienis rebus utendi fruendi, salva rerum substantia. Tal expressão, de maneira
geral, diz que o usufrutuário, no exercício de seu direito, não deve modificar
substancialmente a coisa. Além disso, o usufrutuário é obrigado a exercer seu direito
boni viri arbiratu: como homem cuidadoso. Por fim, o direito de usufruto era
intrasferível, mas seu exercício podia ser cedido, tanto a título gratuito como a título
oneroso.
Em síntese, Mévio, desde que siga os princípios levantados, poderá usar e gozar
da casa até a sua morte.
Após a venda da casa para Orbílio, este passou a ser detentor de direito real e,
portanto, de validade erga omnes. Dessa maneira, nesse embate entre direito real Vs
direito obrigacional Tício teria que se retirar da casa.
O locador é obrigado a:
Vale ressaltar também que a venda de um imóvel locado por si não é impossível.
Contudo, seria necessário cumprir requisitos definidos para que isso fosse possível, tais
quais um prazo determinado de locação, cláusula expressa de vigência na hipótese de
venda e averbação na respectiva matrícula do imóvel locado. Como conseguinte, o
locatário teria noventa dias para a desocupação. No caso presente, porém, não é possível
saber se o contrato entre Tício e Caio cumpre os dois últimos requisitos e, por isso, não
é possível abordar tal resolução.
É preciso destacar, porém, que essa é uma situação que só poderia ocorrer com a
permissão de Mévio. Caso contrário, não seria possível alienar a propriedade de Caio a
Orbílio com o usufruto vitalício de Mévio enquanto o usufrutuário vivesse. Ou seja,
seria permitido a Mévio, por lei, continuar a se estabelecer no local em que Caio é
proprietário enquanto vivesse e não renunciasse a seu direito.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, entendemos que a solução é alterada conforme o direito que se usa. Contudo, em
ambas as codificações o direito real de propriedade é protegido.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: Volume único. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Editora
Método, 2018.
MARKY, Thomas. Curso Elementar de Direito Romano. 8ª Ed. São Paulo: Editora Saraiva, 1992.