VELLOSO, Mônica Pimenta. “A
Para os verde-amarelos:
brasilidade verde-amarela: nacionalismo e
regionalismo paulista”. Estudos
Históricos. Rio de Janeiro: vol. 6, nº 11,
1993, p. 89-112.
A construção da nação: arte e política
Clima brasileiro do pós-primeira guerra: o Brasil é um
organismo sadio enquanto a Europa é uma nação
decadente que deve ceder lugar à América triunfante p89.
Cai por terra o mito liberal da era internacional que
tornava obsoletos os nacionalismos p89.
Palavra de ordem da época: criar a nação p90.
Grande desafio da elite intelectual: encontrar um tipo
étnico representativo da nação p90.
O valor da obra literária passa a ser medido pelo grau de
brasilidade p90.
Cria-se um vínculo entre arte e política p91.
São Paulo: símbolo da modernidade brasileira
O movimento modernista nasce tentando expressar,
simbolicamente, o fluxo da vida moderna p92.
SP corporifica o espírito do progresso e da modernidade
p93.
A visão ufanista de SP desqualifica o RJ p93.
Modernistas atacam:
a) Parnasianismo;
b) Realismo e;
c) Romantismo p95.
Por que SP deveria exercer o papel de líder:
a) Pelo alto grau de desenvolvimento industrial;
b) Pela vanguarda de intelectuais que produziu p96.
1924: segundo tempo modernista.
Diferença:
a) Primeiro modernismo: urge a questão de
atualização de nossa cultura; ataque à cultura
ultrapassada;
b) Segundo tempo modernista: o ingresso na
modernidade deve ser mediado pelo nacional p96.
A geografização do Brasil
Verde-amarelos (regionalistas) acusam os modernistas
de estarem comprometidos com modismos estrangeiros,
pois perderam a noção do nacional p96.
1925-26: Verde-amarelos rompem com Pau Brasil e
Terra-Roxa p96.
Aflora a questão regionalismo-nacionalismo p96.
Verde-Amarelo: valoriza o culto das nossas tradições,
ameaçadas que estas estão pela invasão alienígena p97.
Verde-Amarelo valoriza o caipirismo e se indispõe com
Mário de Andrade (que defendia a desgeografização das
diferenças regionais em favor da unidade nacional) p97.
Para os verde-amarelos:
a) Tempo = idéia de esgotamento;
b) Espaço = território; brasilidade; geografia p101.
O mapa do Brasil se torna objeto de culto cívico e
poético p102.
Para os verde-amarelos (obstáculos à brasilidade):
a) Idéias alienígenas;
b) O mal da inteligência;
c) Mal urbano p103.
a) Rural = espaço (campo); a verdadeira força
nacional;
b) Urbano = tempo; força negativa p103.
Para os verde-amarelos:
a) Interior = Brasil real;
b) Litoral = Brasil corrompido pelo estrangeiro.
Para os verde-amarelos: SP, por causa de sua rede
hidrográfica contrária (que caminha do litoral ao centro),
desde os bandeirantes já teria centrado-se no Brasil
verdadeiro. Por isso, deveria encabeçar o processo de
comunhão brasileira p104.
O imigrante se incorpora à “alma coletiva”
SP: maior centro de imigração do Brasil p105.
Para os verde-amarelos, SP, em função mesmo de ser o
maior centro de imigrantes do país, conseguiu provar que
mereceu o cargo de centro cultural e nacionalizador da
nação, já que teria sido capaz de “abrasileirar” (integrar)
os imigrantes p105.
Ou seja: “se os imigrantes trouxeram o progresso é
porque se incorporaram ao espírito paulista”
COMENTÁRIO
Esse argumento verde-amarelo é, evidentemente,
contraditório e infundado em sua lógica interna.
Vejam-se as seguintes cadeias semânticas:
 SP  centro nacionalizador por excelência
histórica (Bandeira)  contrário às idéias alienígenas.
 Imigrantes  progresso industrial europeu 
portadores de idéias alienígenas
De acordo com o raciocínio verde-amarelo, SP teria
integrado os imigrantes – ou seja, eles teriam tornado-
se paulistas (brasileiros), e não o contrário; mas,
também de acordo com a lógica verde-amarela, os
imigrantes trouxeram o progresso ao estado – o que
subentende que eles (os imigrantes) teriam
modificado SP, e assim, que não teriam sido, logo,
completamente integrados, mas que, de certa forma,
eles sim seriam os reais integradores.
O raciocínio mais convincente nesse sentido deve
prever que SP pode realmente ter, numa certa altura,
integrado culturalmente os imigrantes, mas que
necessitou, a priori, do progresso trazido por eles.
Brota daí o cerne da problemática: a difícil
conciliação, num mesmo discurso, entre o
nacionalismo “caipira”, voltado para o rural, para o
interior e para o regional e a modernização efetiva,
industrial, urbana, progressista.
O herói nacional é paulista!
Lógica verde-amarela: se SP, nas bandeiras, integrou o
branco, o negro e o índio, agora seguia integrando o
imigrante p107.
Grupo verde-amarelo Contra
Espaço Tempo
Rural Urbano
Natureza Intelecto
Interior Litoral