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t"'ItJ
FEIJAO-CAUPI
Edy Sousa de Brito
Editor Técnico
l ' edição
" impressão 120081 : 300 exemplares
leonard Sebio
Engenheiro de alimentos, D. Se. , Universidade Estadual de Campinas,
s/n , Barão Geraldo, CEP 13083-970 Campinas, SP,
leoseb@fea.unicamp.br
Manuella Macedo Barbosa
Gr adu and a em Eng enh ari a de Alim ento s. Depart am ento de Tec n olo·
g ia de Alim en tos da Un iversid ade Federal do Cea rá. Campu s do Pi c i.
CEP 6035 6 -0 00 Fort aleza . CE .
m anuell a .m ace doalim ent os @ ya hoo .c om
CAPÍTULO 1
Estrutura e Composição Química do Feijão-Caupi
(Vigna unguiculata (L.) WalpL ........................ 13
Estrutura. ...... ......... .. ... ... ........ .. ..... .. ...... .. ...... .... ....... ... ...... 14
Referências.... .. .... .. ....... ....... .... ...... ... .. .. .... .. ... .................. 22
CAPÍTULO 2
Aspectos Alimentares ..... ........ ......... ... ...... .. ....... ...... ......... ...... 25
Características Nutricionais ........ ................ ... ............... 25
Literatura Recomendada .. .. .. .. .... ... .... ...... ...... ... ......... ...... 35
CAPITULO 3
Produção de Feijão -Caupi em Conserva . 39
Introdução . 39
Histórico .. 39
Tratamento t érmico 39
Aspectos de qua lidade . 41
CAPITULO 4
Processamento do Feijão-Caupi Verde ...... .. .. ....... .... ...... 51
Introdução ........... ... . ...... ... ... ...... ....... .... .. ............... 51
Processamento ............................. 53
Produto minimamente processado ............ ............ .... .... 53
Produto branqueado /congelado ........................... ..... ..... 53
Tipo de conserva. ..... . .... .. ... ... ... ...... ......... ... 56
Conserva acidificada ..... ...... ....... ... ... ...... ...... ......... ..... ... 58
Introdução 61
Literatura Recomendada .... .... ... . .. .. .. .. ... . ..... ... . ... .. .. .. ... .. 77
CAPITULO 6
Utilização do Feijão-Caupi para Elaboração
de Acarajé/Akara ..................... .......... ...... ....... ... ......... ........ .. ..... 79
Introdução............ ........... .................. ............................. 79
Influência das Condições de Processo na Qualidade
do Akara..................... .. ....... ... ... ... ....... .... ............. .. ....... 81
Germinação ....................................................... ..... . .. 81
Temperatura ........ ............ ............. .. ........ .. ..... .. .. .. ......... 82
Moagem ............................. ............. ..... ....... ............. ..... 82
Mistura com feijão (Phaseo/us vu/garisl..... ............. .. .. 84
Considerações Finais... ............. ......... ... ... ..... . .... ....... .... 85
Referências.................... ........... ........... ........ . ....... ...... ... 85
Literatura Recomendada ..... ... .. ..... .. ................. .. .. ....... 86
CAPITULO 7
Produtos Obtidos a Partir da Farinha do Caupi ......... 89
Referências ....... .. ... ........ ....... .. ..... ..... ... .. ... .... .. .. ............... . 97
Estrutura e Composição
CAPÍTULO 1 Química do Feijão-Caupi
(Vigna unguiculata (L.) Wa I p)
Priscila Ximenes Moreira
Manuella Macedo Barbosa
Maria Izabel Gallão
Antonio Calixto Lima
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Edy Sousa de Brito
Introdução
o caupi é uma das principais culturas alimentares do Nordeste. Sua
importância tem sido demonstrada pelo IBGE, que aponta um consumo per
capita anual de 16 kg (CASTELLÓN et aI., 2003). Alguns estudiosos acre-
ditam que a origem do caupi esteja, provavelmente, na África, e que essa
leguminosa tenha sido introduzida no Brasil pela Bahia, no período da colo-
nização, espalhando-se pela Região Nordeste, sobretudo no Semi-Árido.
O caupi é a principal fonte de proteína no Leste e Oeste da África.
Proporciona mais da metade da proteína vegetal na dieta humana, na maioria
das regiões tropicais semi-úmidas. O caupi é rico em proteínas (23% a 30%)
e em outros nutrientes essenciais, como vitaminas do complexo B. Pode ser
consumido em diferentes formas, vagens verdes e grãos secos. Na forma
de massa, é a base de diversos alimentos populares, tais como moinmoin
e acarajé, que são preparados, respectivamente, com uso de vapor ou por
fritura (MBOFUNG et aI., 1999).
Geralmente, as leguminosas são colhidas secas, entretanto a colheita
pode ser realizada após os grãos terem atingido o teor de sólidos para o
qual estão geneticamente programados, no início da maturidade fisiológica.
Dessa forma, obtêm-se grãos de coloração verde de apreciável aceitabilidade,
devido ao sabor suave e à textura macia (VIEIRA, 1992).
14 FelJão ·Caupr
Estrutura
As sementes dessa especle possuem como material de reserva
proteínas e carboidratos, principalmente amido . O amido é uma das mais
importantes formas de reserva de carbono nas plantas, no que se refere à
quantidade, à universalidade de sua distribuição e à importãncia comercial.
Tanto nos cereais, com seus endospermas amiláceos, quanto em suas raízes
e tubérculos, o amido faz parte da alimentação básica humana no mundo,
e supre uma grande parcela das rações de muitos animais, o que faz desse
carboidrato um importante produto comercial.
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Fig. 1 . Cortes transversais de feijão cru . A) Corte corado com Azul de Toluidina pH
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Fig. 2. Cortes transversais de feijão cozido. A) Corte corado com Azul de Toluidina
pH 4 .0 . paredes celulares (PC) coradas em azul . perda da adesividade entre as células ;
B) corte submetido à reação do PAS (Periodic Acid Shiff) revelando presença de
açúcares neutros nas parede s celu)ares (PC) , reagindo fracamente ao PAS, presença
de estrutura não -granular no citoplasma das células cotiledonares , amido (AM);
C) corte submetido ao lugol revela a presença de amido (AM) no citoplasma , mas
com a perda das características granulares; D) corte corado com Xylidine Ponceau
pH 2,5 , que identifica a presença de substância protéica (PT ) ao redor dos grãos
de amido.
Composição Química
Nutrientes
Grão-de-bico Caupi Lentilha Ervilha
Ig / l00 gl
Valores seguidos de letras iguais na me sma linha não diferem entre si. (P < 0 ,05).
Fonte : Farzana e Khalil (19991.
Tabela 2 . Composição de amino ác idos d e import antes grãos de leg umino sas.
Teores (mg/100 g)
Minerais
Grão-de-bico Caupi lentilha Ervilha
Valores seguidos de letras iguai s na mesma linha não diferem entre si (P < 0,051 .
Fonte : Iqbala et aI. (20051.
20 FelJào ·Caupl
Verifica -se, ainda, que a co mposi ção de ácidos graxos do ca upi oscila
com a variedade estudada. Comparando -se apenas o teor do ácido graxo
esse ncial linoléico nas farinhas das diferentes variedades apresentadas na
Tabela 4 , observam-se consideráveis diferenças, prin ci palmente na farinha
da sement e da cultivar Vita 7 , compa rado aos valores determinados para as
demais cultivares, em especial a cultivar 8r - ' 7 , cujo teor do ácido linoléico é
ce rca de , / 3 do valo r encontrado para Vita-7 (CASTELLÓN et aI., 2003) .
Tabela 4 . Porce ntagem por cultivar de ácidos graxos em sementes de seis cultivares
de ca upi .
Parâmetro Percentagem
Ester metilico Ácido graxo Tipo 8r·14 8r·9 8r·17 CE·315 Vita 7 CNC-0434
9,12 Octadecadienoato Línoléico (C18 :2) 11,5 7,5 6,4 12,6 21 ,8 12,83
Referências
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Características Nutricionais
Tabela 2. Teo r de ammoacldos do felJã o ·c aup' li, Ililtura p roce dente de Perll ambu co .
Amino áci dos 9 / 1009 d e proteína
Em co ntr ap os ição . ensa ios d o CélU pl com milho e com arr oz ap resen -
taram um PER sim il ar ao da case ína. demon str ando qu e a co mbina ção arro z
com feij ão . co mum à dieta do bra sil eir o. apr ese nta um a efi Ciência prot éica
superi o r aos se us Int eg rant es Iso lados, dev ido a um m elhor balan ço ami -
noacíd lco.
No que diz res peit o aos li píd ios, o perce nt ua l ap rese ntad o pelo ca up i
maduro é similar ao t eo r médio ( 1 , 5 g / 100 g) dete rm inado por o utros pes -
quisadores em difere n tes cu ltiva res . No que co nce rn e aos áci d os graxos,
pre domina o pa lm ític o , em to rn o de 50 %, seg uido dos áci dos est eá ric o ,
oléico e lin o léico . A p rese nça do ú ltimo é imp o rt ant e para alim ent ação
hum ana, po r se r nutri ent e esse nc ial.
2550 2550
(I) (11)
2050 2050
Cf)
a..
U 1050
1550
\.. Cf)
a..
U 1050
1550
50 50
5 10 15 20 25 30 35 40 5 10 15 20 25 30 35 40
28 28
Fig . 2 . Mi c rog rafi a eletr ôni ca : grânulo do amido do f eijão -ca up i maduro (A ) e amido
do feijão -caupi verd e (B).
Fonte : Salga do et ai . (2005 ).
RECEPÇÃO
LAVAGEM EM ÁGUA
.. est ranh os, impurezas, g rão s ava riados,
p eq uenos
CLORADA
..
Condu zid o sob va por flu ente a 100 °C
BRANQUEAMENTO
p or 2 minutos em aut oc lave ve rti c al
..
Acondi c ionamento imedi ato de 1 50 g de
ENCHIMENTO DAS LATAS
f eij ão po r lata
Ad iç ão de 170 mL de solu ç ão a 2 % de
..
ADiÇÃO DE SALMOURA sal fin o a 80 °C , de mod o a p ermitir 1 c m
d e head space
..
EX AUSTÃO
em autoclave
RECRAVAÇÃO
..
A 121 °C, sob pressão de vapor de 15
TRATAMENTO TÉRMICO
libras/ polegada , durante 10 minutos
ARMAZENAMENTO
.. c loro residual até temperatura inferior a
35 °C, durante 20 minutos
Tabela 3 . Valor biológico do feijão ca upi verde ester iliza do comerc ialm ente.
Nota: NPR : quocient e de eficiência liquida da proteína; CEA: coeficient e de eficiência alim entar.
"' Di sponib ilidade do am in oácido em g/16 g de nitrogênio.
Fonte : Lira et aI. (19921.
Verde 7 ,62 3, 15 41
Maduro 41 ,36 4 ,63 11
8 i3 Feijão verde ~
O Feij ão maduro
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Fig. 4. Curva de crescimento de O
bactérias lácteas durante a fermen- Oh
tação in vitro do amido do feijão-
caupi cozido verde e maduro.
Tempo de fermentaçào
Fonte : Salgado et ai. 120061 .
A spe c to s Alim entare s 33
Tabela 5. Pr odução de áci dos graxos de cadeia cu rta (AGCC) duran t e a fe rmen t ação
do am ido do f eij ão -c aupi cozi do ve rd e e m ad uro .
Amostra IG
Uma avaliação desta nova linhagem demonstra que não existe di-
ferença significativa entre ela e as cultivares utilizadas no melhoramento
genético quanto à composição nutric ional , embora apresente uma elevação
do teor de carotenóides totais que não a caracteriza como fonte (Tabela 7) .
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Introdução
Histórico
Vigna unguiculata (L.) Walp é o nome científico do caupi que, depen-
dendo da região, pode ser reconhecido como feijão-macassar, feijão-de-corda,
feijão-da -moita, feijão-de-vara, feijão -fradinho e feijão-verde, entre outros . É
uma leguminosa dotada de alto conteúdo protéico e de boa capacidade de
fixar nitrogênio. É o feijão mais cultivado na Região Nordestina brasileira,
encontrando-se do Litoral até o Sertão (BRAGA, 1976; FREIRE FILHO et aI.,
1981; FREIRE et aI., 1988).
O feijão-caupi é a leguminosa mais importante da África, contribuindo
significativamente na dieta do povo, com a quantidade de proteínas e vita-
minas solúveis em água (PHILLlPS e MCWATTERS, 1991).
O caupi é comercializado basicamente em feiras e, muitas vezes,
dentro de sua vagem. Como qualquer alimento, a sua vida útil é curta e
formas alternativas de conservação são necessárias para o aumento de sua
vida de prateleira.
Tratamento Térmico
Desde o seu estabelecimento, há mais de 150 anos, o processamento
térmico tornou-se uma operação fundamental para a preservação de ali-
40 Feij ão -Cau pl
A est erilizaç ão vis a à compl et a destru ição dos esporos dos micror-
ganism os patog ênic os e dete rioradores, co m poss ibilidade de cre scerem
nas cond içõ es d e estoc age m do produto. Algumas formas esporuladas
ma is res ist entes podem sobreviver ao tratamento térmico, desde que não
tenham como se desenvolver nas c ondi ç ões de estocagem do produto.
Daí, surge o termo " esterilidade com ercial ", como o mais adequado para
expressar esse tipo de tra t amento . Vár ios são os fatores que influem no
delineamento de um processo de esterilidade comercial de alimentos, tais
como: a natureza do al im ento ; a concentração inicial de microrgan ismos;
a resi st ência térmica dos microrganismos e de seus esporos ; a atividade
de água ; as características de transferência de calor do alimento , da sua
embalagem e do meio de aquecimento; as condições de estocagem e sua
comerciali zação (FELLOWS, 2006) .
Aspectos de Qualidade
A aceitabilidade de um alimento na dieta humana depende não apenas
de sua qualidade nutricional, mas, também, de suas características de co -
zimento, de hidratação e da qualidade do caldo produzido (CAZETTA et aI.,
1995). O processo de enlatamento do grão, além de esterilizar o produto e
eliminar os fatores anti nutricionais, deve manter sua aparência e sabor, e
adequar a textura à preferência do consumidor (GERMER et aI., 1995) .
Entre as culturas de grãos, o feijoeiro é a que exibe o mais alto nível
de variabilidade quanto à cor, ao tamanho e à forma da semente, caracte-
rísticas que influenciam as pessoas quanto à preferência por determinada
variedade (CARNEIRO et aI., 2005) .
O feijão-verde apresenta um teor de proteína de 10,3%, superior ao
da ervilha (7 ,0%) e da vagem (2,4%), sendo portanto uma fonte de proteína
vegetal para a população rural e urbana. No Nordeste brasileiro, seu consumo
é elevado e desordenado, devido ao curto período de safra que depende das
variações pluviométricas (FURTUNATO et aI., 2000).
Lima et aI. (2003) estudaram as características físicas e químicas do
feijão-verde após o processamento térmico e observaram que o processo
42 Fe ij ão-Caupl
t ipo conserva provoca pequeno dec réscimo de prote ína total dos grãos da s
diferentes linhagens e cultivares, conservando , em média , 93 % e que, de
modo geral , o feijão -ca upi verde não sofreu grandes alterações , proporcio-
nando conservas com boas carac t erísticas té cnicas.
Recepção
As vagens de feijão devem chegar ao local de processamento , prefe -
rencialmente, em caixas plásticas (Fig. 1) . O material deve ser pesado e os
valores anotados em formulário próprio , para acompanhamento do processo.
As vagens devem ser mantidas em local fresco e arejado , livre de insetos e
roedores, até o momento do processamento. Se o processamento não ocorrer
no mesmo dia da colheita , as vagens devem ser estocadas sob refrigeração,
a temperaturas em torno de 5 °C, por no máximo sete dias.
Debulhamento
Nesta etapa, as vagens passam por um equipamento que faz o des -
casca mento (debulhamento) mecâ ni co (Fig . 2). Os grãos são então separados
das vagens e enviados para lavagem e se leção.
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Lavagem e Seleção
A lavagem dos grãos conduz a uma redução do número de microrga-
nismos, quando feita sob certos cuidados. A solução empregada na lava-
gem deve apresentar de 20 ppm a 30 ppm (partes por milhão) de cloro, à
temperatura ambiente.
Branqueamento e Resfriamento
O branqueamento ou escaldamento consiste no aquecimento do
material por meio de água ou vapo r v ivo. antes do enlatamento (Fig . 41 .
Utiliza -se. normalmente. o processo de im ersão em água a 90 °C . por ce rca
de três minutos.
Inativação de enzimas .
Fig . 4 . Branqueamento .
Pro du ção do FelJão ·Ca upl em Conse rva 45
Enchimento
O enc hi me nt o é rea lizado po r me io de máq uin as, qu e envasam o
produto po r g rav idade (Fi g. 5 ).
A sa lm ou ra, para alim entos co m o erv ilh a, milh o e f eij ão, c ostum a c on -
ter d e 1 % a 3 % de sa l e de 3 % a 10 % de aç úc ar. Usualmente, a sa lmoura
é prev iam ent e aque c ida . Es se proce dimento diminui o t empo nec essári o de
exau st ão na operaç ão subseqüente.
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Fig . 5 . Enchimento .
Exaustão
A operação de exaustão objetiva reduzir, ao má ximo, a quantidade de
ar do interior das latas, evitando , com isto, a corrosão das latas e minimi -
za ndo as reações químicas. Além disso , evita tensões excessivas nas latas
durante o tratamento térmico. O processo de e x austão mais comum nas
46 Feljão -Caupl
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Recravação ..
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A recravação é a operação que faz a ..
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junção da tampa ao corpo da lata ou vidro,
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formando um fechamento hermético . Essa é "c
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uma operação muito importante e deve ser o
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Esterilização
Os reci pi entes fe chados sa o c olo cado s em um a autoclave a vapor,
ond e se rá reali zado o proce sso de esterili zaç ão (Fig . 8) . O binômio tempo X
temperatura utilizado dependerá do tamanho e do tipo de embalagem. Um
exemplo para o processamento de feijão em conserva é a utilização de 121 °C
por 15 minutos, para latas de 1 kg , com temperatura inicial de 60 °C.
Resfriamento
O resfriamento deve ser realizado dentro da própria autoclave (Fig . 8),
imediatamente após o tratamento térmico , pois é um complemento do
mesmo . Quando é interrompida a entrada de vapor, inicia -se, em seguida,
a entrada de água fria pelo fundo da autoclave. A água perpassa as latas
e sai em um tubo na parte superior da autoclave. A autoclave só deverá
ser aberta , quando a temperatura no seu interior ficar abaixo de 100 °C. A
temperatura final de resfriamento deve ser entre 35 °C e 40 °C. A água de
resfriamento deve conter de 1 ppm a 2 ppm de cloro livre.
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Rotulagem e Armazenamento
A rotulagem é realizada logo após o resfriamento (Fig . 9). Nos rótulo s
das embalagens devem constar o lote, a data de fabricação e o prazo de
validade. Além disso , devem constar a composição e o valor nutricional do
produto , conforme legislação específica para rotulagem .
Fig. 9. Rotulagem.
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C
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N
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Considerações Finais
A produção de feijão -caupi em conserva é uma alternativa para a
co mercialização e distribuição deste produto em outras regiões não-produ-
toras do caupi. Esta forma de conservação agrega mais valor ao produto,
pois aumenta a sua vida útil.
Referências
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Processamento do
CA PÍTULO 4 Feijão-Caupi Verde
Margarida Maria dos Anjo s Magalhães
Maria de Fátima Dantas de Medeiros
Introdução
Out ro estud o vis ando o processa m ento mín imo dos grãos de feijão -
ca up l verde fo i rea li za d o po r Furtunat o et aI. (2000) . Esses grãos foram
branqueados por imersão em água a 90 °C por 10 minutos. seguida de
resfr iamento em águ a co rren te, acondicionados em sacos plásti cos e conge-
lados em fr eeze r a - 18 °C. O produto se co n se rvo u por 180 di as , mant end o
as ca ra cte rísticas senso riais e f ísico- qu ímicas, além de seguro do ponto
de v ista microbi ol ógi co. O nível de ace itação foi de 7 1 % , menor que o d o
f eijão-verde fresco (96 ,6 % ).
Processamento
Produto branqueado/congelado
O feijão pode ser branqueado e armazenado a -18°C, mantendo suas
características sensoriais (cor, sabor, odor) e físico-químicas por um período
de seis meses. As condições de manuseio corretas, durante o processamento,
evitam a presença de coliformes.
1
Debulh ame nto
1
Grãos ve rd es
1
Lavage m em ág ua c lorada
150 ppm c loro ativo / 15 min i
1
Sele ção
1
Class ifica ção
Ja ±b cl
Sem tratamento Branqueamento Im ersão em solu ç ão
térmico e químico (á gua em ebulição por 2 min) de ác ido cítrico por
20 min
1
Resfriamento
(ime rsão em água a 10 °C))
,I-
Acondicionamento em ban -
dejas de isopor envoltas por ~
1
Armazenamento
T =8 °C U .R. =90 % por 12 dias
1
Sele ção
1
Lavage m em água c lorada
(50 ppm c loro ativo / 15 minI
1
Branqueamento
(T = 90 "C t = 10 minI
1
Res friam ento
(i m ersão em água a 10 °C)
1
Acondicionamento
(sacos plá stico s de 200 g)
1
Congelamento
(T=-18 °C)
1
Armazenamento
(T=-18 °C)
Tipo conserva
Como o pH do feijão fresco varia entre 6 , 50 a 6 ,90, ele é considerado
um alimento de bai xa acidez , portanto deve ser processado a temperaturas
ac ima de 100 °C, para garantir a seguran ça sanitária do produto , principal -
mente em relação aos esporos de C. botu/inum. O flu xograma para elaboração
da conserva é apresentado na Fig . 3.
Etapas do processamento
Selecão
Os grãos são selecionados por tamanho e coloração uniforme.
Lavagem
É feita em água corrente para remoção de películas e sujidades.
Branqueamento
É feito em água de 90 °C a 95 °C por 2 minutos, para inativação das
enzimas e fixação da cor verde.
Acondicionamento
É feito em vidros de 500 mL, previamente esterilizados, nos quais se
adicionam de 175 g a 200 g de grãos,
Adicão de salmoura
Adicionam-se de 300 mL a 350 mL de salmoura a 1,5%, a quente.
Tratamento térmico
É feito em autoclave com temperatura de 121°C, por seis minutos.
Resfriamento
É feito em água corrente, potável, até atingir, aproximadamente, de
37 °C, a 40°C .
Armazenamento
É feito à temperatura ambiente.
1
Seleção
1
Lava gem em ág ua c lorad a
(50 ppm c loro ati vo / 15 min )
1
Br anque am ento
(á gu a a 95 °C/ 2 min)
1
Acondicionamento em fras co s de v idro
previam ente esteri lizado s
1
Adição da salmoura a quente
1
Fechamento dos frasco s de v idro
1
Tratamento térmico
(T = 1 21 °C t = 6 min)
1
Resfriamento em água corrente
1
Armazenamento a temperatura ambiente
Etapas do processamento
Selecão
Os grãos são sele c ionados por tama nho e co lo ração unif o rm e.
Lavage m
É feita em água co rrent e para rem oção de pe líc ul as e suj idades.
Branqu eame nt o
É feito em ág ua a 90 "C, por 10 minuto s, para in ati vação d as en zima s,
fixação da co r verde e, também , um pr é-coz imento ,
Adicão de salmoura
Adicionam -se 140 mL de sa lmoura a quente, preparad a c om 1,9 %
de sal , 4 ,2 % açúcar e 1, 28 % de ácido cít rico , pH 1,7 ,
Tratamento t érmico
É feito em tanque de aquecimento aberto, à temperatura de ebulição
da ág ua, por 45 minutos ,
Resfriamento
É feito em água corrente, potável , até atingir entre 37 °C e 40 °C_
Armazenamento
É feito à temperatura ambiente_
1
So leção
1
Lavil gem om água c lo radil
(50 ppm c loro il tr vo/15 mr n l
1
1
Aco ndic io n am ent o em fr asc o s de v idro
pr ev iam ent e es t erili za dos
1
Adi ção da sa lmo ura ac idifica d a a quente
1
Fe c h am ento dos fr asc os de v idro
Tratamento térmi c o
(T = 100 °C t = 45 minI
1
Resfriamento em água corrente
Referências
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A Tecnologia de Extrusão no
Processamento de Leguminosas
Estudo de Caso: Feijão-Caupi
(Vigna unguiculata (L.) Walp)
Leo nard Se bi o
Joa quim de Lira Filh o
Yoo n Kil Ch ang
Introdução
A tecnologia de ex trusão no processamento de alimentos vem sendo,
nos últimos ano s, responsável pelo surgimento de um grande número de
produtos disponíveis nas prateleiras dos supermercados. O vasto campo
de aplicação dessa tecnologia refere -se, principalmente, à sua versatilida -
de operacional, que se manifesta tanto na produção de alimentos para o
consumo humano, como na produção de ração animal, esta favorecendo
enormemente o setor agropecuário . A diversidade de produtos extrusados
envolve sobretudo os amiláceos, tais como as pastas alimentícias (flat
bread) , os biscoito s (crackers, wafers, etc), os snacks, os cereais matinais
fortificados e os amidos modificados, para diversas aplicações em alimentos.
Envolve, igualmente, os proteináceos, a exemplo da proteína vegetal textu -
rizada (PVT) e das leguminosas, da texturização de produtos de carne, dos
análogos de queijo, dos ingredientes para sopas, produtos de confeitaria,
bebidas, bioplásticos etc.
obje t iva nd o prod utos de boa qu alid ad e, é prec iso co nhece r as propri edad es
func ionais do ma teri al e a natureza do fl uxo no int eri or do eq uipa mento , como
també m , d efin ir, impresc ind ivelme nt e, os parâm et ros críti c o s de cont role
ope rac ional (PCCO ). Es ses parâm etr os rela cio nam -se a fun ções estrutura is
ligadas à ma t éria -prim a e sã o res ponsá veis pela ex ten sã o da tr ansforma çã o
do m at eria l, do qu al d epend em as propr ied ade s que d eterminam o tipo de
apl icação do produto ex trus ado (SEBIO e CHANG , 2 003) .
Sensor
Camisa
reslnamenlo
o parafu so, ao gi rar no int erior d o b arr il ou cilin dro, empurra o alim ento
na direção d a mat riz, revi rand o- o e press ionando-o co ntra as paredes do
ci lindro , e exercend o sobre ele um trab alho de cisa lham ento, tran sformand o-o
em uma ma ssa uniform e. O alim ento abs orve ca lor por dis sipação v isc osa
da energi a me câ ni ca apli ca da no parafuso . Qu ando há nece ssidade de re s-
friam ento , est e é obtido atrav és de um si stema utilizando -se água fria . O
te mpo de resid ência do alimento no ex tr uso r é de pou cos segundos e var ia
com o de senho do parafuso e a sua veloc idade de rota ç ão.
Tratamento
Componentes
Cru Autoclave Extrusão
Umid ade (001 8.7 6 ,6 8,1
Pro te ina bruta (00 I 2 1,9 22 ,0 24 ,3
Extrato etéreo ('iol 2,5 2,6 3 ,0
Fibra bruta I ~ ol 2.4 2 .8 2 ,2
Cinzas ( %1 3,5 3, 7 3 ,8
Extrato li v re de nitrog ênio ( ~o l 69 ,7 68,9 66 , 2
Metionina (g .' 16g NI 1,3 1, 2 1, 1
Lisina disponi ve l (g / 16g NI 6 ,3 5 ,7 5,7
Inib idores de tripsina (UIT /g N soluve ll 58 , 1 0 ,0 50,0
Tanin os (%) 0.4 0.4 0.4
Amido total (%) 50 , 7 44,9 42 , 1
Amido danificado 0 ,3 22 ,5 30,5
Fonte : Cabezas et aI. (1982) .
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1987 .
Introdução
o acaraj é é uma iguaria presente especialmente nas cozinhas brasileira
e nigeriana , muito consumida na Bahia , geralmente como "comida de rua",
Na África , é chamado de akara, enquantoje significa comer. No Brasil , foram
unidas as duas palavras acara-je, Manuel Ouerino em "A arte culinária na
Bahia", de 1916, conta que "no início, o feijão fradinho era ralado na pedra
de 50 cm de comprimento por 23 cm de largura, tendo cerca de 10 cm de
altura. A face plana, em vez de lisa, era ligeiramente picada por canteiro,
de modo a torná-Ia porosa ou crespa. Um rolo de forma cilíndrica, impelido
para frente e para trás, sobre a pedra, na atitude de quem mói, triturava
facilmente o milho, o feijão, o arroz", explica o autor da primeira descrição
etnográfica do acarajé.
Confo rme Falad e et aI. 120031. o aka ra é o produ to alim entício mai s
popular obtido do caupi , na Áfri ca. Por se r um produto frito , tem v id a de
prateleira muit o c urta. Uma outra descri ção da tecnologia para produ ção de
aca rajé envo lve tritura ç ão do ca upi , p ara facilitar a separação d a pelíc ul a do
grão , seguida por um breve período de imersão na água para condicionar os
coti lédones. A moagem úmida do s cotilédones já co ndicionados é feita co m
a adi ção de uma pequena quantidade de água para produzir uma massa com
baixo conteúdo de umidade. A massa é temperada com sal, batida e frita
em óleo vege tal quente em du as rápida s sucessões, para obter um produto
de textura dura , de co r amarronzada e co m bai xa umidade. Apesar de o
acarajé ser obtido da mesma forma do akara, é surpreendente a escassez
de estudos no Brasil com o acarajé .
ma nose, açuca res não fe rm ent esc ive is pa ra huma nos e q ue causa m fl at u -
lênc ia . A dilui ção desses aç uca res po r meio da mi st ura co m cau pi redu z o
po t enc ial da so ja em ca u sa r fl atul ênc ia. En t retanto, a dilui ção do amido po r
esses aç u ca res e o utros co mp o nentes q ue são m ais abun dan t es em soj a,
po r exe mpl o, go rduras e prot eín as, redu z a f orça de li gação d a m assa, qu e
é dev id a ao amid o. A m assa de sOJa n ão lig a e não pode se r frita o u coz ida
se m a adi ção de amido de fo nte ex t ern a.
Di ve rsos m étod os t êm sid o pes qui sa dos para det erminar se o processo
de obtençã o do akara poderi a se r simplifi c ado . Um método que tem sido in -
ves tig ado ex t en sivam ent e é o u so d e f arinha de ca upi reidrat ável , que result a
em um produto mai s den so qu e o obtido p elo pro cesso tradi c ional de mo a-
gem umid a, d ev ido às pro pri edad es fun c ionai s, que são afetadas por fatores
como o tamanho das partícula s e o t empo de hidrata ç ão. Bater a ma ssa é
essen c ial para a forma ç ão de uma estrutura espumante. Uma dispers ão de
bolhas de gás em um líquido ajuda , inclusive, a distribuir as bolhas de ar.
Propried ades espumantes são importantes para a te xtura característica do
acarajé . Amostras feitas de massa de farinha batida têm textura de qualidade
indesejável por causa da inconsistência da massa batida ,
Germinação
Normalmente, a germinação de grãos com fins alimentícios tem como
um dos objetivos a redução de açúcares que causam a flatulência. Estudos
com akara feito de caupi germinado demonstraram que o produto não diferiu
82 FelJ ão -Cau pl
do não ge rmi nado nos t eores de um idade e contelldo de go rdu ra. Ent ret anto ,
du reza , elast icidade, gomosidade e m ast igab il idade, confo rme dete rminado
por aná li se do perfil de t ext ura , foram m aio res pa ra akara de sementes ge r-
m inadas. A coes iv ida de não va ri ou. A co r d o akara de se m entes ge rmi na d as
fo i leve m ente m ais escu ra que a do co nt ro le. Os provado res de ram n otas
para umid ade, m aciez e sabo r sig nifi cat iva m ente m ais baixas p ara akara de
seme nt e ge rm inada que akara d o co ntro le. O ef eit o da ge rmin ação sob re
a qu ali da de do akara tam bém foi ava liado po r Nn an na et ai. ( 1990a). A
germinação me lh o rou sig ni ficativamente a co r do akara, mas re duz iu li gei -
ramente os va lo res dos atribut os se n so ri ais de umid ade, mac iez e sa bo r. A
ace itabili dade global não foi reduz id a pela ge rm inação.
Temperatura
Di ve rsos fatores afetaram a qu alid ade de akara f eito de farinh a de ca upi
usando a t ec nologi a CRSP (Be an /Cow pea Co li aborati ve Rese arc h Suppo rt
Program) . O caupi estoc ado em temp eratura s entre 2 ° C e 21 ° C ant es da
moagem produziu akara com m elhor qualidad e sensorial que o o btido co m
sem ent es arma zenadas a 35 ° C. Sementes desidratadas sob t emperaturas
moderadas (50-90 ° C), apó s t erem sid o umidif ic ad as e temperad as antes
da de corti c aç ão m ecânic a, produ ziram akara altam ente ace itável . Por outro
lado , o emprego de temp eraturas mai s alta s (110 DC a 130 ° C) re sultou em
secagem mais rápida das sementes, ma s produ ziu akara de qualidade inferior.
Caupi desidratado a altas temperatur as sofreu desn atura çã o de proteínas
(a lbumin as), que t êm fun ç ão essen c ial na fabricação de akara . A avalia çã o
sensorial de akara preparado com caupi tratado (i.e. umedecido , temperado ,
desidratado) e não-tratado indi cou qu e não ex iste diferen ça significati va em
amostras submetidas a temperaturas de pré-decorticação entre 50 ° C e 90 ° C,
quand o comparadas ao caupi não-tratado_
Moagem
As condições de moagem têm um pronunciado efeito sobre a funcio-
nalidade da massa e sobre a qualidade do produto final. Massa tradicional
de acarajé moída úmida tem 64 % de suas partículas com 50 mesh a 100
mesh de tamanho , e somente 16 % de partículas finas (400 mesh). Em
estudos de moagem usando moinho com peneira de diferentes orifícios
(2,0 mm , 1,0 mm e 0 , 5 mm) e 60 % de umidade para hidratar a farinha,
Util ização do Fe lJ ão-Ca upl para Elaboração d e AcaraJé/Akara e3
ve rifi cou-se que a peneira de 0,5 mm res ultou em uma ma ss a mu ito f luid a,
difíci l de distribuir, e produ ziu bolas de akara ex trem amente disfo rmes ou
retor c id as. A malh a de 2,0 mm produziu m assa muito viscosa com boa
formação de espuma, f áci l de distribuir, e produziu bol as de akara co m geo -
m etri a uniforme. Entretanto , as partícu las eram muito g randes e reque ri am
um a etapa adiciona l de mistura para se obt er um a ma ssa de co n sistência
macia. A malha de 1,0 mm produziu far inha que se com portava mais como
a massa tradicional quando hidrat ada, qu e as ma ssas obtidas nas ou tr as
malhas, m as era de est rutura muito líquid a para p ermitir bom manu seio da
massa . Condi ções para a hidratação da fa rinh a também foram investigadas ,
co m níveis de ág ua variando de 56 % a 60 % , t endo um maior efeito so bre
as propriedades de manus eio da ma ssa e qualidade do aca rajé que o tempo
de hidratação (O min, 30 min e 60 min). Estudo s posteriores mostraram que
um moinho de martelo equipado com peneira de 1,6 mm e nível de hidra -
ta ção de 58 % produziu uma farinh a de ca upi que permitia bom manuseio
da massa e bolas de akara com boa aceitação se nsorial. O efeito do tempo
de co nserva ção sobre a qualidade do akara também fo i avaliado. Produtos
aceitáveis podem ser produzidos de massa mantida por m enos de 60 min
em hidratação.
Considerações Finais
Procurando aumentar a aceitação do akara pelos consumidores, cober -
turas comestíveis foram apl icadas para reduzir a absorção de óleo durante
a fritura . Hus e et aI. (1998) ve rifi ca ram que akara coberto absorveu signifi -
cativamente menos óleo que o cont role. Entretanto , as amostras cobertas
apa rentav am ser mais encharcadas e menos marrons que o controle.
Referências
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CAPÍTULO 7 Produtos Obtidos a Partir da
Farinha do Caupi
Antonio Cali xto Lima
Henriette Monteiro Cordeiro de Azeredo
Edy Sousa de Brito
Desaleitamento Infantil
Uma das mais importantes aplicações alimentares para a farinha de
caupi é indubitavelmente como um ingrediente em alimentos preparados
especificamente para desaleitamento de crianças . Esses alimentos não são
formulados para substituir o leite materno para recém-nascidos (neona-
tos), mas, preferencialmente, para suportar ou ajudá-los na transição para
alimentos sólidos, exigidos pelo aumento dos requerimentos nutricionais
de crianças dos 6 meses aos 18 meses de idade. Aplicações de alimentos
para desaleitamento de crianças em países desenvolvidos têm sido objeto
de muitas pesquisas desde o final da Segunda Guerra Mundial. Por razões
econômicas, geralmente, são usados produtos à base de cereais, mas,
freqüentemente, são incluídos legumes para prover complementação de
aminoácidos. EI-Habashy et aI. (1995, 1997) desenvolveram fórmulas ade-
quadas de alimentos para desaleitamento de crianças, entre as populações
de baixa renda no Egito. Para produzir as formulações prontas para consumo
de crianças em desaleitamento, empregaram-se ingredientes disponíveis
nas comunidades locais, através de otimização computadorizada e do co -
zimento por extrusão de baixo custo. O Bri/l Feed Formu/ation Software,
desenvolvido para planejar a elaboração de formulação de ração animal com
custo mínimo, serve igualmente para a formulação de alimentos humanos.
Otimizações de formulações de misturas de alimentos para desaleitamen-
to de crianças foram feitas com base em informações sobre o custo dos
ingredientes e o perfil nutricional dos ingredientes (composição centesimal
92 Feqão -Cau pi
e conteúdo dos nove amin oác idos ess enc iai s es pe c ifi ca do s pelos padrõe s
da FAO /WHO, 1989). Inform ac ões adi c ionai s in c luíram : (a) c o nt eúdo tot al
de proteínas ; (b) c onteúdo total de gordura ; (c ) va lor ca ló ri co desejado . A s
três formulações com m enor c usto sele c ionad as foram : Fó rmul a 1 - 3 8 , 5 %
de farinha de trigo , 19,4% de f arin ha de caupi , 14,8 % de farinh a de ger-
gelim , 15 % de leite em pó desnatado (LPD) , 7 ,3 % de óleo de se ment e de
algod ão e 5 % de sacarose ; Fórmula 2 - 23 ,3 % de farinha de trigo , 3 5, 1 %
de farinha de c aupi , 21 ,6 % de sementes de gergelim , 15 % de LPD e 5 % de
sacarose ; Fórmula 3 - 29 ,9 % de far inha de trigo , 35 % de farinha de ca upi ,
16 % de farinha de gergelim , 5 , 25 % de LPD , 7 ,9 % de óleo de sement e de
algod ão e 5 % de sacarose. Cada fórmula continha apro ximadamente 20 %
de proteína , teores sufi c ientes de amino ácidos essen c iais , um teor calórico
de 400 kcal /1 00 9 e custo entre 1,11 U$ / kg e 1,42 U$ / kg . A mistura de
todos os componentes, exceto LPD e sacarose, foi processada em uma
extrusora , a 140 ° C, com um tempo de residência de, apro ximadamente,
30 s. Esse equipamento é adequado para ser usado em vilas de países em
desenvolvimento, conforme descrito por Jansen (1992). O perfil dos nu -
trientes, incluindo gordura , proteína , carboidratos, vitaminas e minerais, foi
muito pró ximo aos padrões da FAO /WHO (1989) , o mesmo ocorrendo com
o perfil de aminoácidos . O processo de extrusão não afetou a composição
dos nutrientes das fórmulas de alimentos para desaleitamento de crianças .
Os testes com animais demonstraram que a digestibilidade real das proteínas
das fórmulas variou de 85 % a 88 %.
Outros Produtos
espaços de ar, que produ ziram um a desej ável textura es ponjosa no produto .
O produto com 20 % de feijão coz ido a vapor foi ava liado melhor do que o
que continha 10 % . O produto co m 100 % de milho re ce beu a pior avaliação .
Isso demon stra a influ ên c ia do coz imento a vapor e o conteúdo de c aupi
na textura dos produtos . O produto contendo 10 % de caupi apresentou -se
túrgido , o que pode ser atribuído à pres enç a do ca upi no produto . Isto de ·
monstrou a import ân c ia da te x tura no desenvolvimento de novos produtos
de steamed aba/ao. Foi c oncluído que a substituição por caupi contribuiu
para a te x tura do produto final , mas que em excesso se apresentou desfavo -
rável para a aceitabilidade do produto. O cozimento a vapor pode, também ,
reduzir o " sabor de feijão " do produto final , embora possa afetar a textura
do produto (PHILLIPS et aI., 2003).
Diversas técnicas têm sido desenvolvidas para modificar o caupi de
modo a torná -lo mais prontamente utilizável na fortificação tradicional. Ali -
mentos de Gana têm sido investigados. A fermentação do caupi juntamente
com milho e a adição de caupi ao milho fermentado parecem ser promissoras.
O uso de variedades de caupi populares em Gana, Amantin e Bengpla para
fortificar aba/ao cozido a vapor, ma asa e hausa koko foi estudado com a
ajuda de mulheres processadoras. Outros alimentos tradicionais foram in-
vestigados para fortificação, incluindo komi (Ga kenkey) e massa de milho.
A produção e o uso de farinha composta, baseada em cocoyam e caupi ,
foram pesquisa dos. Com hausa koko , a adição de caupi, de modo geral,
aumentou o pH com concomitante supressão da produção de ácido. O modo
de adicionar caupi tem um efeito sobre a produção de ácido. A fermentação
da massa de hausa koko com caupi promoveu a produção ácida . Os efeitos
do caupi foram afetados pela variedade. A variedade Amantin suprimiu
a produção de ácidos durante a fermentação quando comparada com a
Bengpla. Consumidores puderam detectar diferenças na cor, entretanto,
diferenças no sabor, aroma, gosto e aceitação geral não foram detectadas
(PHILLlPS et aI., 2003) .
Considerações Finais
De maneira geral, pode -se observar o grande número de possibilida-
des que se tem para o preparo de produtos a partir do caupi. Quando da
preparação desse capítulo, seus autores tiveram dificuldade para encontrar
trabalhos realizados no Brasil. Espera-se, pelo exposto acima, que o interesse
dos pesquisadores por essa matéria-prima aumente.
Pr od utos Obti d os a Part ir d a Fa ri n h a do Ca up l 97
Referências
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