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AULA
Determinação da renda e da
produção de equilíbrio
Meta da aula
Descrever o modelo simplificado de
determinação da renda de equilíbrio.

Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:


objetivos

1 determinar a variação do consumo em uma economia,


a partir do modelo keynesiano;

2
identificar o valor da renda de equilíbrio, o nível
de poupança (na condição de equilíbrio) e o efeito
do aumento da poupança na economia de uma nação;
analisar o processo de multiplicação de renda
3
a partir da comparação entre diferentes tipos
de multiplicadores;

4
aplicar o modelo keynesiano a situações hipotéticas
dentro da economia de um país.

Pré-requisito
Esta aula utiliza os conceitos apresentados na Aula 3,
além de fazer uma aplicação da soma de uma extensa
série de termos. Caso alguma dificuldade persista
após o término desta aula, uma breve consulta aos
elementos que compõem o cálculo do PIB pode ajudar.
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

INTRODUÇÃO

Figura 4.1: Várias são as maneiras de se determinar o nível de atividade


econômica de um país, seja a partir do que se produz, seja a partir do que se
consome. Qualquer que seja o caminho escolhido, é preciso ter em mente que
um sistema econômico é composto por peças que se encaixam segundo uma
lógica específica. (foto site http;//www.sxc.hu #133388, sem autor)

Na aula passada, desmembramos os fatores que compõem o cálculo do Produto


Interno Bruto (PIB). Agora chegou a hora de investigarmos um pouco mais a
fundo os fatores que fazem com que a produção nacional seja alterada de um
período a outro. Para isso, estudaremos o modelo de determinação da renda ou
MODELO produto de equilíbrio. Vamos partir de um M O D E L O ECONÔMICO simplificado,
ECONÔMICO
a que se convencionou chamar keynesiano, por conta de seu idealizador, o
Segundo o
Dicionário Aurélio, economista John Maynard Keynes.
é a representação O modelo keynesiano, sistema de equações desenvolvido por Keynes, enfatiza
simplificada de
relações entre que a demanda por produtos tem papel fundamental na determinação do nível
variáveis econômicas,
em geral sob a forma de produção e de renda de uma economia. Segundo o modelo, se a demanda
de um sistema de
agregada aumenta, as empresas procuram atender a essa elevação por meio de
equações, e que, com
o uso de técnicas mais produção e de mais empregos, o que, por sua vez, faz aumentar a renda,
econométricas, pode
fornecer simulações possibilitando sucessivas expansões de produção, até que a economia chegue
ou previsões.
a um novo ponto de equilíbrio. É importante notar que o modelo formulado
por Keynes é uma simplificação do funcionamento dos mercados, uma vez
que estabelece várias hipóteses que reduzem suas características a elementos
passíveis de serem analisados em um modelo macroeconômico.
Você lembra da aula anterior? Pois então, vamos retomar algumas considerações
sobre os componentes da demanda agregada. Para tal, vejamos inicialmente o papel
do consumo para entender o conceito de demanda dentro deste contexto.

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?

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AULA
Renomado economista
inglês, John Maynard Keynes
publicou, em 1936, sua Teoria geral
do emprego, do juro e do dinheiro.
A obra aborda temas contemporâneos ao
período entre guerras, quando uma severa crise
econômica espalhava-se pelo mundo. Para ele, o
alto desemprego decorrente da Grande Depressão,
no final dos anos 20, era devido à insuficiência
generalizada da demanda agregada na tarefa de
absorver o total de bens e serviços produzidos ao
redor do mundo. Dado o quadro de grave recessão,
não havia quem estivesse propenso a adquirir o que
era produzido. Para Keynes, a demanda agregada
era baixa principalmente por conta do baixo
nível de investimentos. Segundo o economista,
Figura 4.2: John Maynard a receita para restabelecer a prosperidade
Keynes (1883-1946). estaria no papel dos gastos do governo,
que, alcançando patamares mais altos,
impulsionariam a produção e o
emprego, permitindo que a
economia retomasse o rumo
do crescimento.

O CONSUMO

Imagine uma pequena cidade chamada Queinópolis. Agora


suponha que cada morador gaste exatamente metade de sua renda na
cidade. Suponha ainda que uma fábrica tenha se instalado em Queinópolis
e que a folha de pagamento de seus empregados seja de R$ 500 mil. Todos
os empregados contratados pela fábrica moram na cidade.
Agora pense: de quanto é o aumento na renda dos moradores de
Queinópolis proporcionado pela fábrica?
Certamente, os R$ 500 mil representam uma renda adicional
para os assalariados daquela empresa. Mas a história não pára por aí,
pois a totalidade das pessoas que receberam seus salários deverá gastar
R$ 250 mil (metade de sua renda) localmente, quantia que representará
uma renda adicional para lojistas, encanadores, professores, advogados
etc. Pensando dessa maneira, a renda dos moradores de Queinópolis
agora aumentou para R$ 750 mil. Lojistas, encanadores, professores
e advogados, por sua vez, irão gastar R$ 125 mil reais com outros bens e
serviços, acarretando um aumento de R$ 875 mil na renda dos moradores
da cidade. O processo continua, até que a renda total dos moradores de
Queinópolis se aproxime de R$ 1 milhão.

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Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

a. Renda adicional R$ 500.000,00


b. Aumento da renda para consumo R$ 250.000,00 (50% de a)
Total R$ 750.000,00 (a + b)
c. Aumento da renda de terceiros R$ 125.000,00 (50% de b)

Note que os R$ 500 mil iniciais irão se expandir para quase R$ 1


milhão (se continuarmos aplicando o efeito de aumento proporcional),
uma vez dentro do sistema econômico da cidade. A esse fenômeno
chamamos efeito multiplicador. O tamanho do efeito multiplicador
na nossa pequena cidade de Queinópolis depende diretamente da
porcentagem da renda que os moradores gastam localmente; nesse caso,
50%. Quanto menor a porcentagem, mais rapidamente a renda adicional
sai do sistema econômico da cidade e menor o valor do multiplicador.
Para entendermos bem essa idéia, é importante pensar o quanto
de sua renda cada pessoa está disposta a gastar na cidade. O modelo
matemático que estima esse tipo de comportamento representa o que
chamamos função de consumo. Essa função diz que a quantidade de
gastos de uma pessoa depende de sua renda, e, conforme essa renda
aumenta, também aumenta o consumo.

Você, com certeza, já percebeu como a economia influencia a


vida de toda e qualquer comunidade, certo? Para que isto fique
ainda mais claro, você pode ver o filme Roger & Me, dirigido por
Michael Moore (1989). Para produzir este filme, Moore filmou, ao
longo de cinco anos, a história de como a depressão econômica e
o desemprego atingiram a cidade de Flint (onde nasceu). A cidade
natal de Moore vivia só de uma indústria de automóveis, e quando
a General Motors, maior fabricante de carros do mundo, fechou as
instalações, a cidade ficou arrasada.

Agora vamos utilizar outro exemplo. Analise com atenção a Tabela


4.1, que representa uma estimativa do comportamento de consumo e
poupança do morador de uma outra cidade, ao longo de um ano. A tabela
mostra que, se esse morador espera uma renda de R$ 10.000 anuais, seu
consumo será de R$ 12.500. Repare que esse comportamento somente
é possível porque ele foi obrigado a despoupar, ou seja, utilizar recursos

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além de sua renda, como por exemplo sacar dinheiro de uma poupança

4
para atender ao seu consumo básico.

AULA
Tabela 4.1: Diferentes valores de consumo e de poupança estimados a partir da
variação na renda anual esperada por um indivíduo. Conforme aumenta a renda
anual, também aumenta o consumo até que se atinja uma situação em que é
possível poupar.

Renda anual
Consumo anual Poupança anual
esperada
(em R$) (em R$)
(em R$)
10.000 12.500 -2.500
12.000 14.000 -2.000
20.000 20.000 0
30.000 27.500 2.500

Continue analisando a tabela. Se a renda anual desse morador


aumentar em R$ 2.000, ou seja, passar para R$ 12.000, o consumo básico
dele aumenta também, e ainda é necessário despoupar. O consumo
básico de uma pessoa varia conforme sua renda e tende a aumentar
conforme seus rendimentos aumentam.
Vamos agora fazer alguns cálculos básicos.
O primeiro aumento na renda anual desse morador foi de
R$ 2.000, certo? De R$ 10.000 para R$ 12.000. Seu consumo, por sua
PROPENSÃO
vez, aumentou em R$ 1.500. De R$ 12.500 para R$ 14.000. Se você
MARGINAL A
reparar bem, 1.500 representam 3⁄4 de 2.000 (1.500 / 2.000). CONSUMIR

Se continuarmos a fazer esses cálculos, vamos notar que, em todas A propensão


marginal a consumir
as situações analisadas, o aumento do consumo é sempre equivalente a mede quanto da
variação da renda
3⁄4 do aumento da renda anual do morador. Basta fazer as divisões para será utilizada para
perceber. Por que você não tenta conferir? aumentar o consumo.
Seu intervalo de
A fração de renda adicional que uma pessoa gasta possui um nome variação é de 0 a
1. À medida que o

!
especial: a P ROPENSÃO MARGINAL A CONSUMIR ou (PMc). consumo aumenta,
dados os limites da
renda, a propensão
marginal a consumir
diminui. Um
A propensão marginal indivíduo que tenha
a consumir pode ser calculada da ganhos bastante
seguinte maneira: limitados, após suprir
suas necessidades
(1) PMc = (mudança no consumo) /
básicas, terá uma
(mudança na renda) propensão marginal
próxima de zero.

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Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

O CONSUMO AUTÔNOMO

Outra informação importante é que existe um consumo que


sempre ocorrerá, mesmo que a renda esperada de uma pessoa seja
equivalente a zero. É uma indicação do consumo de subsistência ou
vital desse indivíduo, que denominamos consumo autônomo.
Como uma pessoa pode consumir alguma coisa sem ter renda?
Parece impossível, mas a resposta é simples: ela pode sacar dinheiro de sua
poupança, pedir emprestado, receber doações etc. Considera-se, portanto,
que haverá sempre algum nível de consumo em um determinado período
de tempo, mesmo que o indivíduo não obtenha renda.
Vamos tornar nossa análise um pouco mais complexa e imaginar,
então, que o consumo autônomo do morador mencionado na Tabela 4.1
seja equivalente a R$ 5.000 anuais. Esse é um valor fixo, que não muda
conforme a renda aumenta. Podemos representar a função de consumo
demonstrada na tabela por meio de uma equação:
Consumo = $5.000 + 3 (renda recebida)
4
Se substituirmos a renda esperada por qualquer dos valores
apresentados na tabela, chegaremos ao mesmo resultado de consumo
apresentado:
Consumo = $5.000 + 3 .($10.000) = $5.000 + $7.500 = $12.500
4
Repare que, nessa equação, está representado o valor da propensão
marginal a consumir, que nesse caso é 3⁄4. Como o resultado da equação
varia dependendo dos valores de consumo autônomo, propensão
marginal a consumir e renda esperada, podemos representar essa função
de consumo da seguinte maneira:
C = Co + cY

C representa o consumo;
Co representa a parcela de consumo que não depende
da renda, ou seja, o consumo autônomo e se refere aos
gastos essenciais (arroz, feijão, conta de luz etc.);
c mede a variação do consumo em relação à variação da
renda, a propensão marginal a consumir (PMc).
Y é a renda esperada.

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A RENDA DISPONÍVEL

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AULA
A partir deste ponto da aula, podemos refinar ainda mais o
conceito de renda. Na aula passada, vimos que a renda tem três destinos
possíveis: consumo, poupança e pagamentos de impostos. Chamemos
então de renda disponível tudo o que resta às famílias, descontados dos
ganhos totais os impostos diretos (imposto de renda, CPMF etc.), ou
seja, vamos assumir que a renda disponível, que pode ser revertida para
o consumo ou para a poupança, é a principal variável envolvida na
determinação do nível de gastos (ou consumo) de um indivíduo. É certo
que outras variáveis, como a taxa de juros, também afetam o consumo,
mas, neste modelo simples, apenas a renda será considerada.
Para resumir o parágrafo anterior, modificamos um pouco a
expressão matemática que havíamos apresentado anteriormente e
descrevemos o consumo como uma função que depende da renda
disponível, como se segue:

!
C = Co + cYd

A única diferença
entre esta expressão e a anterior
é justamente a forma como a renda
é expressa: Yd é a renda disponível, ou
seja, a renda apropriada pelas famílias,
descontados os impostos diretos
pagos ao governo.

POUPAR OU CONSUMIR?

Que tal entendermos um pouco mais acerca dos PARÂMETROS PARÂMETROS


da função de consumo? Lembre-se de que o consumo autônomo (Co) Valores que
determinadas
pode ser interpretado como a quantidade de bens e serviços consumidos variáveis ou
constantes podem
mesmo que os indivíduos estejam sem renda (renda zero). Isso seria uma
assumir em uma
indicação de consumo de subsistência ou vital. equação.

A propensão marginal a consumir (PMc), por sua vez, expressa


a disposição da população para alterar seu nível de consumo dado um
acréscimo de renda. Veja, é senso comum: a renda de um indivíduo é
destinada ao consumo ou à poupança. Um aumento da renda disponível

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Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

normalmente faz com que uma parte seja direcionada ao consumo e que
outra vá para a poupança (lembre-se de que não existe outro destino
da renda que não seja um desses dois, a menos que se rasgue dinheiro,
o que não seria um comportamento racional). Perceba que alguém que
ganhe muito pouco provavelmente destinará grande parte ou a totalidade
de uma variação positiva da renda ao consumo, a fim de satisfazer suas
necessidades, enquanto outra pessoa que seja muito bem remunerada
tenderá a destinar seus novos ganhos à poupança.
Além do conceito de propensão marginal a consumir, os
economistas também se referem à propensão marginal a poupar, que
representa a fração da renda adicional que uma pessoa destina à
poupança. Uma vez que as pessoas ou gastam ou poupam sua renda
adicional, a soma da propensão marginal a consumir com a propensão
marginal a poupar deve ser equivalente a 1. Vamos entender melhor
essa idéia?
O valor da propensão marginal a consumir normalmente está
entre 0 e 1. Como a PMc é uma fração, o valor 1 indica que nenhuma
parcela da renda adicional será poupada; toda a quantia será gasta.
Para você não ter dúvidas quanto a esses valores, basta lembrar que
a propensão marginal a consumir é calculada dividindo-se a mudança
no consumo pela mudança na renda. Se minha renda adicional foi de
R$ 1.000, e eu gastá-la por completo (-R$ 1.000), o resultado da divisão é
1 (1.000/1.000). Para algumas pessoas, o valor de PMc igual a 1 é razoável,
e significa que toda a renda adicional recebida é gasta. Para outras, o valor
0 também é razoável, e significa que uma renda adicional de R$ 1.000 foi
integralmente destinada à poupança (0/100), na Tabela 4.1, a PMc era
igual a 3⁄4, ou seja, 1⁄4 da renda adicional não foi gasto, mas destinado

!
à poupança.

Valores de PMc extremos,


como 0 ou 1, não são comuns a
todas as pessoas; de forma geral, esse valor
está entre 0 e 1. Perceba: um indivíduo sozinho até
pode se comportar como um autêntico pão-duro (PMc
= 0) ou como um tremendo gastador (PMc = 1),
mas em termos agregados (para a população
como um todo) tais extremos são
improváveis.

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Pensando em termos nacionais, se a propensão marginal do país

4
para o consumo for de, digamos, 0,8, e se a renda nacional variar 10 u.m.

AULA
(10 unidades monetárias, uma moeda qualquer), o consumo agregado
no país deverá aumentar 8 u.m.. Simples, concorda? Exatamente o
mesmo cálculo que fizemos anteriormente, levando em conta apenas
um indivíduo.
Em suma: vimos que um aumento da renda disponível pode se
reverter para o consumo. Vimos também que há um segundo caminho,
a poupança. Como o aumento da renda se converte em mais consumo e
mais poupança, o que não for destinado ao consumo vai necessariamente
para a poupança, e vice-versa.
Disto resulta:
c+s=1
Nessa equação, a nova variável s (do inglês savings) é a propensão
marginal a poupar, que significa a parcela da variação da renda que será
destinada à poupança.

Atividade 1
Consumir ou poupar? 1

Explique, no nível de compreensão de uma pessoa leiga, como é que, pela teoria
keynesiana, um aumento no consumo autônomo de R$ 10,00 pode resultar em um
aumento nas vendas totais de uma economia em mais de R$ 10,00.
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

Resposta Comentada
Uma pessoa, ao comprar um produto, gera renda para quem vende. Esta última irá gastar
parte do que recebeu efetuando outras compras. E esse comportamento se repete até que
esse processo termine, ou seja, quando as vendas adicionais cessarem. Espera-se que as
novas compras diminuam a cada fase, posto que nem toda renda é gasta; parte dela pode
ser utilizada para poupar ou importar.

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Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

A função poupança

Antes de passarmos ao tópico seguinte desta aula, vamos rever


uma equação que aprendemos na aula passada, que relaciona renda,
consumo, poupança e impostos na economia de um país, de modo que
fique mais fácil compreendermos como devemos representar a poupança
no modelo keynesiano:
Y=C+S+T
(renda = consumo + poupança + impostos)

Se simplesmente rearranjarmos os termos dessa igualdade,


facilmente perceberemos que:
Y–T=C+S
Ora, Y – T nada mais é que a representação da renda disponível (Yd),
conforme discutimos anteriormente, ou seja, a renda disponível
para as famílias, deduzidos os impostos a pagar, lembra? Então, podemos
escrever ainda que:
Y – T = Yd = C + S
Isso equivale a dizer que a renda disponível é igual a consumo +
poupança, ou que a renda disponível é igual à renda total, descontados
os impostos. E isso tudo nós já havíamos aprendido antes, certo? Então
vamos adiante.
Você se lembra da equação que define a função de consumo, que
estudamos anteriormente nesta aula?
FUNÇÃO C = Co + cYd
POUPANÇA
Se retomarmos as igualdades que representam a renda disponível
A função poupança
representa a e nos concentrarmos no lado direito da equação
poupança como
dependente do Y – T = Yd = C + S,
nível de renda. Esta
relação é positiva, veremos que é possível substituir a variável C, conforme descrita
ou seja, quanto
maior a renda, na função de consumo, de forma a chegar a uma nova equação:
maior o nível de
poupança. A função Yd = Co + cYd + S
assume valores Ou ainda, se a rearranjarmos:
negativos para níveis
demasiadamente S = - Co + (1- c)Yd
baixos de renda
disponível, o que Esta última equação é o que se chama F U N Ç Ã O P O U P A N Ç A . Observe
pode ser entendido
como uma que, se a renda disponível for zero, a poupança será de -Co. Isso fica
“despoupança”.
bastante claro se voltarmos ao que dissemos: o consumo autônomo se

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refere aos gastos essenciais. Um indivíduo sem renda não poderá gastar

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com nada que não se encaixe nesse tipo de despesa.

AULA
Atividade 2
Se a função consumo é dada por C = 60 + 0,5 (Y - T), expresse a função poupança
correspondente. 2

Resposta
A poupança é obtida por Y – C.
S = Y - 60 + 0,5 (Y - T) = - 60 + 0,5(Y - T)

A RENDA DE EQUILÍBRIO

Agora chegamos a um ponto importante da nossa aula, no qual


vamos discutir uma situação de equilíbrio, segundo o modelo de Keynes.
Para isso, vamos voltar a analisar a Tabela 4.1, que reproduzimos
a seguir.

Tabela 4.1: Diferentes valores de consumo e de poupança estimados a partir da


variação na renda anual esperada por um indivíduo. Conforme aumenta a renda
anual, também aumenta o consumo, até que se atinja uma situação em que é pos-
sível poupar.

Renda anual
Consumo anual Poupança anual
esperada
(em R$) (em R$)
(em R$)
10.000 12.500 -2.500
12.000 14.000 -2.000
20.000 20.000 0
30.000 27.500 2.500

CEDERJ 81
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

Nesse exemplo, em qual situação a renda esperada equivale aos


gastos efetuados pelo morador? Repare que, para uma renda esperada
de R$ 20.000, o consumo é de mesmo valor. Essa situação representa a
renda de equilíbrio.
Antes de continuarmos, pense que, se uma pessoa espera receber
determinada renda mas acaba gastando mais do que recebe, é razoável
supor que haja uma mudança de comportamento de forma a atingir
um equilíbrio lógico, em que a renda esperada seja equivalente à renda
recebida. Em termos macroeconômicos, a renda de equilíbrio representa
uma situação em que o nível de renda vigente na economia proporcione
a oferta de bens e serviços igual à respectiva demanda (tudo o que se
produz é consumido, sem faltas nem sobras).

Como se alcança a renda de equilíbrio?

Vamos voltar a alguns conceitos discutidos anteriormente e


somar elementos às equações que constituem nosso modelo. O consumo
não é o único tipo de gasto observado em um país. As empresas, por
exemplo, fazem gastos sob a forma de investimentos, o governo faz
gastos variados e a economia de um país também é influenciada pelas
transações que realiza com outras nações. O governo, ainda, cobra
impostos da população.
Todos esses fatores aumentam a complexidade de um modelo
que prevê o funcionamento de qualquer economia, embora a lógica a
ser considerada seja sempre a mesma. Da mesma forma como tomamos
decisões acerca de como e quanto consumir, as decisões dos empresários
acerca dos investimentos a serem feitos dependem da renda esperada
para a empresa em determinado período.
Para completar o modelo, é necessário adicionar o governo, pois
este afeta o fluxo econômico de uma nação de duas maneiras: soma à
renda do país (por meio da compra de bens e serviços) e retira dinheiro do
sistema (por meio dos impostos). Os gastos governamentais incluem, por
exemplo, a compra de veículos, o pagamento de salários e a construção
de estradas. A adição dos gastos e impostos governamentais implica um
papel na determinação da renda nacional. Quando o governo aumenta seus
gastos, a renda nacional é elevada e também sofre o efeito multiplicador
mencionado anteriormente. Se o governo aumenta os impostos, a renda
nacional esperada diminui e as pessoas tendem a reduzir seu consumo.

82 CEDERJ
A renda de um país, portanto, deve ser considerada a partir da

4
incorporação dos investimentos empresariais e dos gastos governamentais,

AULA
além do consumo nacional, naturalmente: I + G + C (Investimento +
Gasto + Consumo).
Voltando à questão do equilíbrio, nós argumentamos que tal
situação, no modelo keynesiano, é aquela em que a renda esperada é
igual à renda obtida. Uma outra maneira de olharmos para essa condição
é considerar que a renda esperada é determinada por três fatores: os
impostos (que afetam a renda negativamente, diminuindo-a), o consumo
e a poupança esperada, ou:
Yexp = T + C + Sexp

Yexp = renda esperada (do inglês expected)


T = impostos
C = consumo
Sexp = poupança esperada

Havíamos mencionado que a renda real (do inglês, actual) é


decorrente de três fatores: consumo, investimento e gastos gover-
namentais, ou:
Yact = C + I + G
No equilíbrio, estas duas equações são iguais, ou:

T + C + Sexp = C + I + G

Eliminado C de ambos os lados, temos a condição de equilíbrio


expressa sob a forma:
Sexp + T = I + G
Em outras palavras, essa equação diz que o equilíbrio existe
naquele nível de renda em que a quantidade de dinheiro que as pessoas
tendem a retirar do fluxo de gastos, seja na forma de poupança seja
na de impostos, equivale àquela que elas intencionam adicionar a este
fluxo como investimento, seja por meio das empresas, seja por meio dos
gastos governamentais.
Nesse modelo, os investimentos empresariais e os gastos
governamentais significam entrada de renda (influxo) e os impostos
e poupança esperados significam saída de renda (perda). Conforme

CEDERJ 83
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

aumenta a entrada de renda para um sistema, também aumenta sua


saída, sob a forma de poupança esperada.
Da mesma maneira como há apenas um nível de água em um
balde no qual o vazamento equivale à entrada de líquido, há apenas um
nível de renda no modelo no qual a saída de renda equivale à entrada.
Esta é a situação de equilíbrio.

Gastos Investimentos
governamentais

Renda de equilíbrio
Impostos Poupança

Figura 4.3: O equilíbrio do modelo de renda e gas-


tos equivale àquele de um balde d'água vazando.
O influxo de água deve equivaler à perda de líquido.

GASTOS AUTÔNOMOS E EFEITO MULTIPLICADOR

A voz de uma pessoa falando pode ser ouvida como um mero


sussurro ou por todo um estádio de futebol, dependendo da amplificação
a que é submetida. Um carro com um bom sistema de amortecimento
pode trafegar suavemente mesmo sobre uma rua toda esburacada.
E a economia de um país, o que você acha? Comporta-se como um
carro que amortece solavancos ou como um amplificador dos menores
sussurros? Essas são analogias que nos ajudarão a compreender melhor
os conceitos que continuaremos a discutir em nossa aula.
Um conceito importante é o de gastos autônomos, ou seja, os gastos
em uma economia que independem de flutuações de renda no sistema.
Lembra do conceito de consumo autônomo? Pois dentro do modelo
keynesiano, o consumo autônomo (Co), os gastos governamentais e as
exportações, entre outros, são considerados gastos autônomos.

84 CEDERJ
Agora vamos imaginar um incremento em qualquer item dos

4
gastos autônomos, como por exemplo gastos governamentais, que

AULA
representam uma entrada de renda no sistema. Essa despesa adicional
do governo indica que alguém está recebendo mais renda. Vamos
retomar o processo que discutimos anteriormente nesta aula. Diante de
um aumento de renda, o indivíduo eleva seu consumo de acordo com
sua propensão marginal a consumir, lembra? Isso significa que, além
desse indivíduo, haverá outras pessoas se beneficiando desse consumo
adicional por meio do recebimento de renda. Essas pessoas, por sua vez,
também gastarão essa renda com mais consumo, dada a sua propensão
a consumir. Daí em diante, outras pessoas receberão como renda tais
aumentos de consumo, e assim sucessivamente. Da mesma forma ocorre
quando o governo incrementa a renda do sistema com o aumento de
gastos (como infra-estrutura, por exemplo).
Na situação descrita, um aumento nos gastos autônomos gerou
um efeito multiplicador sobre o consumo, o que, por sua vez, acarreta
uma diminuição não planejada nos estoques de diferentes produtos, e
assim surge a necessidade de uma nova produção por parte das empresas,
alterando o sistema econômico e conduzindo a uma nova condição de

!
equilíbrio de renda.

Vamos a um exemplo prático para você


entender melhor. Imagine que o governo contratou a
empreiteira Toda Obra S.A. para construir 1.000 casas populares.
A empreiteira, para dar conta da obra, contratou mais 100 funcionários,
comprou mais cimento e tijolo da distribuidora Tem Tudo Ltda. Esta firma,
por sua vez, precisou refazer seu estoque, e para tal contactou a olaria
Barro Bom Ltda. para repor o produto da distribuidora. A olaria, por
conseqüência, teve de aumentar sua produção para atender à
demanda, e assim por diante. Ficou clara a idéia de
efeito multiplicador?

Agora que entendemos o conceito de gastos autônomos e suas


implicações para o equilíbrio de um sistema, vamos tentar voltar às
equações que constituem nosso modelo e representar esses componentes
do ponto de vista matemático. Começaremos retomando duas equações
que já vimos nesta aula:
Y=C+I+G
C = Co + cYd

CEDERJ 85
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

Se combinarmos essas duas equações, percebemos facilmente


que:
Y = Co + cYd + I + G
Para relembrarmos ainda que a renda disponível é a renda menos
os impostos, devemos recuperar uma outra equação:
(Yd = Y - T)
Fazendo uma nova substituição de termos, temos que:
Y = Co + c (Y – T) + I + G
Y = Co + cY – cT + I + G
Y – cY = Co – cT + I + G
Se você gastar alguns minutos desenvolvendo ainda mais essa
equação, chegará facilmente à igualdade abaixo, que descreve as variáveis
que determinam a renda na situação de equilíbrio (Ye):
1
Ye = (Co − cT + 1 + G )
1− c
Para que você entenda um pouco melhor do que estamos tratando,
vamos separar o lado direito dessa igualdade em duas partes:

1
1− c e Co – cT + I + G
1
O primeiro termo ( ) é chamado multiplicador dos gastos
1− c
autônomos (m). Ele recebe esse nome porque o valor da renda de
equilíbrio será m vezes o valor dos componentes autônomos da equação
(consumo, gastos governamentais etc.), representados pelo segundo termo
(Co – cT + I + G).
O multiplicador dos gastos mostra o efeito de uma variação nos
gastos autônomos sob a forma de uma variação ainda maior na renda.
Como a fração será sempre um valor maior que um (daí se chamar
multiplicador), o produto dessa fração pela variação nos gastos autônomos
naturalmente resultará em um aumento na renda de equilíbrio maior do
que apenas a elevação dos gastos autônomos propriamente ditos.
Ficou mais fácil entender a equação agora? Então voltemos a ela:

1
Ye = (Co − cT + 1 + G )
1− c

86 CEDERJ
Como mencionamos, o segundo termo do lado direito dessa

4
equação diz respeito aos gastos autônomos. Em termos matemáticos,

AULA
podemos perceber com essa equação que a renda de equilíbrio varia
linearmente em função da variável T (os impostos). Como o coeficiente
que acompanha o termo linear T é negativo (-c), a renda de equilíbrio
diminui linearmente à medida que o valor de T aumenta. Em termos
concretos, isso equivale a dizer que quanto mais se aumentam os
impostos, menor será a renda disponível para o consumo e, assim,
menor será a renda de equilíbrio.

Atividade 3
Mexendo na poupança 3

Considerando os dados a seguir,

Y=C+I+G
C = 100 + 0,8 Y
I = 150
G = 50
T=0

determine:

a. o valor da renda de equilíbrio;

b. o nível de poupança na condição de equilíbrio.

c. Suponha que foi feita uma campanha nacional para que todos poupem mais (elevem
sua taxa de poupança). Sendo bem-sucedida tal campanha e considerando que os gastos
autônomos serão os mesmos, qual seria o efeito dessa campanha sobre a renda ou o
produto dessa nação?

CEDERJ 87
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

Resposta Comentada
Observando que Y nesta questão é a renda disponível, a letra a é resolvida utilizando a
1
equação ( Ye = (Co − cT + 1 +),Gda
) qual resulta que a renda de equilíbrio deve ter valor
1− c
de 1.500 u.m.
A função poupança dada pela equação S = – Co + (1- c)Yd, por sua vez, determina o nível
de poupança em 200 u.m.
Por fim, vamos à resposta da letra c: um aumento da propensão a poupar acarreta simultânea
diminuição na propensão a consumir (lembre-se de que elas estão inversamente relacionadas).
Em outras palavras, se as pessoas estão poupando um pouco mais com o mesmo salário
que recebem, apenas o valor de C se alterou (nesse caso, diminuiu). O consumo diminui e no
final a renda de equilíbrio também cairá, dado que o multiplicador diminuiu. Isto é conhecido
como paradoxo da parcimônia. Com base nesta atividade, podemos constatar que o nível da
renda de equilíbrio dado pela equação depende da propensão marginal a consumir e dos
componentes dos gastos autônomos. Quanto maior o valor de algum desses itens, tanto maior
será o valor da renda de equilíbrio.

ALTERAÇÃO NOS IMPOSTOS

Você deve ter percebido que, até aqui, consideramos os impostos


como gastos autônomos. Pois agora, visto o comportamento dos
indivíduos diante de variações na renda, suponha uma mudança na
política fiscal do governo (uma variação nos impostos). Examine a seguir
a expressão que indica o efeito da alteração dos impostos sobre a renda
de equilíbrio, expressa pela equação que você já conhece bem:

1
Ye = (Co − cT + 1 + G )
1− c
Como você sabe, mudanças, em qualquer variável, são
representadas pelo símbolo ∆ (delta). Dessa forma, se considerássemos
que todos os elementos constitutivos dos gastos estivessem variando, a
variação da renda de equilíbrio seria representada da seguinte forma:

1
∆Y = ( ∆Co- c T + I+ G )
1− c
Como apenas consideramos a variação dos impostos, todas as
outras alterações assumem valor zero e, dessa forma, a equação que
representa a variação de renda de equilíbrio passa a ser expressa assim:

88 CEDERJ
1 −c

4
∆Y = (-c T) = ∆T
1− c 1− c

AULA
Ou ainda:
∆Y −c
=
∆T 1 − c

Em termos concretos, essa equação equivale a dizer que um


aumento nos impostos cobrados pelo governo diminui a renda
nacional, pois reduz o nível de consumo para qualquer nível de
renda da população.

MODELO DE DETERMINAÇÃO DA RENDA COM IMPOSTOS


EM FUNÇÃO DA RENDA

Nesse ponto, é importante compreendermos um pouco mais acerca


de como os impostos interferem na renda de equilíbrio. Vamos considerar
que a arrecadação tributária de um país hipotético seja proporcional à
renda. Ou seja: quem ganha mais paga uma alíquota maior “ao leão”, e os
impostos, portanto, devem ser expressos em função da renda, assim:
T= tY (0< t < 1)
onde t denota “alíquota do imposto de renda” (ou fração da renda
total destinada ao pagamento de impostos).
Recuperando a equação que representa a renda disponível Yd (ou
seja, renda subtraída de impostos) e substituindo T conforme expresso,
facilmente chegamos à conclusão de que:
Yd = Y – T = Y – tY
Fazendo uma nova substituição na equação que representa a
função de consumo, chegamos à equação a seguir:
C = Co + cYd = Co+ c (Y – tY)
A condição de equilíbrio (renda = demanda agregada), como já
vimos, é:
Y=C+I+G
Logo,
Y = Co + c (Y – tY) + I + G
Depois de colocarmos em evidência os termos com a variável renda
e os isolarmos, como fizemos no modelo anterior, teremos o seguinte
resultado:

CEDERJ 89
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

1
Ye = (Co + 1 + G )
1 − c (1 − t )
Co, I e G, como já vimos, são os gastos autônomos. Continuamos
a ter um efeito multiplicador representado (1 / 1 – c (1 – t) que, nesse
caso, assume um valor diferente (menor) que o multiplicador anterior.
Todo esse desenvolvimento foi para você perceber que as relações
implicadas na equação anterior nos dizem que toda vez que haja uma
mudança nos gastos autônomos, toda vez que estes aumentem a renda, os
impostos absorverão parte dessa renda, limitando o consumo adicional.

Atividade 4
Certo como a morte e os impostos

Considere os dados da atividade anterior, exceto os impostos, que passam a ser


calculados em função da renda.

Y = C+ I + G
C = 100 + 0,8 Yd
I = 150
G = 50
T= t Y = 0,3Y

Determine o nível de renda de equilíbrio e compare os valores dos multiplicadores com


e sem os impostos em proporção da renda.

Resposta Comentada
Y = 100 + 0,8 (Y – 0,3) + 150 + 50

1
Ye = (300) = 681,8
1- 0,8(1- 0, 3)

Observe que a renda caiu e que o multiplicador dos gastos, também.


Perceba: quando não considerávamos os impostos em função da renda, o multiplicador era
5. Agora, o multiplicador dos gastos autônomos é 2,27. É fácil perceber, pela expressão do
multiplicador, que, com os impostos proporcionais à renda, o valor do multiplicador se reduz.
Intuitivamente, se a alíquota fosse de 100%, todo acréscimo de renda seria absorvido pelo
imposto, não restando nada para gerar novos gastos e renda. No outro extremo, se a alíquota
fosse zero, teríamos o multiplicador do modelo mais simples (impostos independentes da
renda). Portanto, quanto maior a alíquota, menores os gastos induzidos, em razão de
alterações nos gastos autônomos.

90 CEDERJ
O SETOR EXTERNO NA DETERMINAÇÃO DA RENDA

4
AULA
Até aqui, estamos tratando de um sistema econômico fechado ou
que trave todas as suas relações econômicas com outros países. Quando
o setor externo é levado em consideração no modelo keynesiano, admite-se
que as importações são dependentes do nível de renda da população.
Seguindo esse raciocínio, à medida que os indivíduos vão aumentando sua
renda, mais bens importados são adquiridos. Desse modo, considera-se
que as importações são uma função crescente da renda.
Veja como: considere as exportações como dependentes da demanda
de outros países, isto é, imagine que as exportações não sejam alteradas
por nenhuma variável composta na equação da renda de equilíbrio VA R I Á V E L
ENDÓGENA E
(ou seja, as exportações são uma variável E X Ó G E N A ). Elas dependem apenas
EXÓGENA
de indivíduos inseridos em outro sistema econômico que apresentem
Diz-se que uma
propensão a adquirir nossos produtos nacionais. Como vimos na aula variável é endógena
quando seu valor
anterior, o saldo das relações econômicas de bens e serviços externos é determinado no
interior do modelo.
de uma economia é denominado Balanço das Transações Correntes.
A variável é exógena
É o saldo de movimentos da balança comercial (exportações menos quando seu valor


importações) e de serviços como pagamento de juros da dívida externa.
não é determinado

A equação que expressa o Balanço das Transações Correntes (BTC) é:


ou afetado pelo
sistema de equações
do modelo. Por
exemplo, o consumo
BTC = X – M autônomo é uma
variável exógena,
pois seu valor não se
Lembre-se de que, nesta equação: altera, qualquer que
seja a renda.
X = exportação de bens e serviços A variável consumo,
por sua vez, é uma
M = importação de bens e serviços variável endógena,
já que seu valor
Considere agora que existe uma fração da renda que é destinada às depende do nível de
renda.
importações. Assim como para o consumo e para a poupança, chamamos
esta fração de propensão marginal a importar (o que varia também de
acordo com um acréscimo na renda). Assim, vamos considerar agora
a expressão:
M = mY (0 < m < 1)
Nesse caso, m é a fração da renda (Y) destinada às importações (M).
Como agora estamos incorporando o setor externo à demanda
agregada, a condição de equilíbrio que discutimos anteriormente passa
a assumir a seguinte expressão:
Y=C+I+G+X–M

CEDERJ 91
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

Se partirmos do que já desmembramos de cada uma dessas


variáveis, chegaremos a:
C = Co + c (Y – T)
T = tY
M = mY,
Substituindo C e M abaixo, e considerando agora que I, G e X
são variáveis autônomas ou fixas, elas passam a ser representadas por
Io, Go e Xo. Observe:
Y = Co + c(Y – T) + Io + Go + Xo – mY
Considerando T = tY, temos:
Y = Co + c(Y – tY) + Io + Go + Xo – mY
Colocando Y em evidência na expressão c( Y – tY), chegamos a:
Y = Co + c(1 – t) Y + Io + Go + Xo – mY
Passando todos os termos em Y para o lado esquerdo da igualdade,
teremos:
Y – c(1– t) Y + mY = Co + Io + Go +Xo

Agora colocamos Y em evidência do lado esquerdo da equação


para encontrar
Y(1– c(1 – t) + m) = Co + Io + Go + Xo
Finalmente, isolamos Y dividindo o lado direito da equação por
(1– c(1 – t) + m)
1
Y= (Co + Io + Go + Xo)
1 − c(1 − t ) + m

Da mesma maneira que estudamos anteriormente, a fração do lado

ECONOMIA direito da equação representa o multiplicador dos gastos. Por incorporar


ABERTA a propensão a importar, é conhecido como o multiplicador de gastos
Expressão utilizada com a E C O N O M I A ABERTA. O valor desse multiplicador é menor que os
pelos economistas
para se referir anteriores, posto que, agora, parte de qualquer aumento de renda também
a países que
mantenham relações é gasto com os produtos de outros países. Isso ocasiona um “vazamento”
econômicas com no valor do multiplicador e na renda de equilíbrio (lembre-se da figura
outros. A economia
é aberta quando há do balde d’água). Nesse caso, em vez de gastar internamente todo o
fluxo de exportações
e importações de adicional de renda disponível, uma parcela é destinada ao exterior.
bens e serviços.
Finalmente, repare ainda que a soma da propensão marginal a

92 CEDERJ
consumir com a propensão marginal a poupar e a importar assume o

4
valor 1. Isto decorre do fato de que uma unidade a mais de renda é

AULA
∆C
destinada ao consumo de produtos nacionais ( = c ) e/ou produtos
∆M ∆S ∆Y
importados = m ) ou à poupança ( = s ). Isso significa dizer que,
∆Y ∆Y
uma vez que há um acréscimo de renda, só existem três maneiras de
utilizá-las: consumindo nacionalmente, poupando ou importando – a
soma dos três assume o valor 1. Isto é: c + s + m = 1.

CONCLUSÃO

O modelo keynesiano enfatiza a demanda agregada como


elemento que eleva a renda e a produção de equilíbrio. Para tal, é
preciso que haja possibilidade de expansão na produção para atender
eventuais crescimentos da demanda. Ou seja, no modelo de determinação
da renda de equilíbrio, a existência de capacidade ociosa é importante
para que não haja limitações do lado da oferta e assim possam vigorar
os resultados previstos pelo modelo.
É justamente o efeito multiplicador proposto por Keynes
que possibilita entender a capacidade de aumento de consumo e os
desdobramentos macroeconômicos que são gerados.

Atividades Finais
Desconstruindo o país

1. Um país, em determinado ano, apresentou os seguintes dados nacionais (em $):

Investimentos = 50;

Dispêndios do governo = 40;

Impostos =10;

Função consumo: C = 10 + 0,4 Yd

CEDERJ 93
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

1. A partir desses dados, calcule:

a. o nível da renda de equilíbrio e o valor do multiplicador dos gastos autônomos;

b. o valor da nova renda de equilíbrio caso o investimento aumente em 10 u.m.

2. Imagine que haja uma denúncia de que terroristas estariam sabotando os produtos
de todos os países que exportam para o Brasil. Se os brasileiros tomarem essa notícia
como verdadeira, qual seria o resultado disso em termos do valor da renda nacional?
E qual seria o efeito sobre o multiplicador dos gastos externos?

3. Para que a teoria keynesiana da demanda agregada como determinante da renda


e do produto nacional seja plenamente aceita, torna-se fundamental supor que as
empresas tenham capacidade ociosa (ou economia com desemprego). Explique.

4. Dado o modelo keynesiano estudado, se em determinado ano a demanda


agregada for menor que a produção agregada, qual o comportamento esperado
em direção ao produto de equilíbrio?

94 CEDERJ
4
Respostas Comentadas

AULA
1. a. nível da renda de equilíbrio

Y = 10 + 0,4 (Y-10) +90


Ye = 160

O multiplicador:

1. b. se o investimento aumenta em $10,00, então a renda aumentará em 16,667 (1,6667 x 10).


Portanto, a nova renda de equilíbrio assumirá o valor de 176,667.

2. A renda nacional aumentaria, posto que a parcela de compras com produtos importados
tenderia, em parte, a ser destinada a produtos nacionais. Assim, aumentaria a demanda agregada
por produtos nacionais. O multiplicador, por sua vez, diminuiria, pois na sua composição carrega
a propensão marginal a importar, que nesse caso estaria reduzida. Como a propensão a importar
diminuiu, o valor do multiplicador aumenta.

3. Suponha que as firmas estejam produzindo com todos os seus recursos disponíveis. Assim, se
houver novos pedidos de produção, as empresas terão de adquirir novos recursos, com grandes
possibilidades de terem custos adicionais. Estes serão repassados aos preços, de forma a inibir (pelo
menos em parte) o crescimento da demanda. Em situação de capacidade ociosa, os empresários
só precisariam dar ordens de elevação na produção, sem necessidade de elevar preços. Quanto
mais intensa a capacidade ociosa, menos necessidade o empresário terá de aumentar preços.

4. Se a oferta em determinado ano for superior à demanda, haverá uma acumulação involuntária
nos estoques das empresas. No ano seguinte, os empresários produzirão um volume menor,
para diminuir o total de estoques e ajustar sua produção ao volume demandado. Há uma
tendência ao ajuste da oferta em relação à demanda.

CEDERJ 95
Análise Macroeconômica | Determinação da renda e da produção de equilíbrio

RESUMO

As mudanças nos gastos autônomos da demanda agregada são os elementos


mais freqüentes nas alterações dos níveis de equilíbrio da renda. Com o
impacto do multiplicador de gastos, as variações nos gastos autônomos
induzem a outras mudanças. Isto ocasiona um aumento na renda de
equilíbrio tantas vezes superior à variação inicial dos gastos autônomos.
O valor do multiplicador é a expressão da intensidade da variação da renda
de equilíbrio em relação à mudança do dispêndio autônomo inicial.
Apesar de simplificado, o modelo proposto por Keynes possibilita e
potencializa o entendimento básico do funcionamento do processo de
geração de produção e renda de equilíbrio. Modelos mais completos são
construídos sobre tais princípios, especialmente quando comparamos
o paradigma keynesiano ao complexo funcionamento da economia de
um país, posto que a variável renda é afetada por diversos fatores, como
gastos e investimentos públicos, aumento de impostos e influência externa
(importação e exportação) – ou seja, a balança comercial.

LEITURA RECOMENDADA

Se você quer conhecer um pouco mais sobre a teoria keynesiana, procure


algum dos livros-texto de Macroeconomia. Todos contêm capítulos sobre
o tema. Como uma sugestão, vale o Capítulo 10 de A era do economista,
de Daniel Fusfeld.

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