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Arquitetura e Urbanismo
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Direito
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Psicologia
Profª Esp. Kelly Cristina Costa Albuquerque
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COMISSÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Coordenação Geral de Publicação
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ASSISTENTES
Profª M.Sc. Kelly Cristina da Costa Albuquerque
Profª M.Sc. Ionara Fonseca da Silva Andrade
Prof. M.Sc. Adel Malek Hanna
PARECERISTAS CONVIDADAS
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Profª M.Sc. Kelly Cristina da Costa Albuquerque
Produção Gráfica
Letra Capital Editora
www.letracapital.com.br
CORRESPONDÊNCIA
Resumo: Este trabalho tem como objetivo mostrar que não há nenhum tipo de
impedimento legal e moral para a efetivação do projeto parental e de exercer a
parentalidade, através da adoção, de casais formados por pessoas do mesmo sexo.
Para isso foi necessário utilizar as legislações brasileiras e levar em consideração o
reconhecimento dos direitos de homossexuais. O trabalho realizado foi feito atra-
vés de pesquisas bibliográficas e no Núcleo de Apoio Técnico às Varas de Infância
e Juventude da comarca de Rio Branco/AC. A pesquisa revela que apesar de não
haver nenhum impedimento nas leis para a adoção, a sociedade não aceita-a, devi-
do à cultura cristã enraizada, que gera preconceitos, e devido a esse fator alguns
juízes de Direito acabam indeferindo esses processos de adoção. Mas, com a deci-
são do Supremo Tribunal Federal (STF) de 5 de maio de 2011, a união estável de
casais homoafetivos e a entidade familiar homoafetiva foram reconhecidos, foram
concedidos direitos e benefícios para eles como a adoção.
Palavras-chave: Família homoafetiva. Adoção por homossexuais. Direito homopa-
rental.
Abstract: This paper aims to show that there is no legal impediment and moral
for the realization of the project and to exercise parental parenting by adopting
couples formed by persons of the same sex. This required using the Brazilian
legislation and take into account the recognition of gay rights. The work was
done through literature searches and the Center for Technical Support sticks
Childhood and Youth of the district of White-Ac River. The research reveals
that although there is no impediment in law to adopt, society does not accept
due to rooted Christian culture that generates prejudice and because of this
factor some judges end up rejecting these adoption processes. But with the de-
cision of the Supreme Court (STF) of 5 May 2011, the stable union of homosex-
ual couples and homosexual family unit were recognized, rights and benefits
has been granted to them as adoption.
Key-words: Homosexual family. Adoption by homosexuals. Homoparental right.
1
Graduanda em Serviço Social na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO); graduanda de
Licenciatura em Letras Vernáculas na Universidade Federal do Acre (UFAC).
2
Especialista em Gestão de Políticas Públicas com ênfase em relações etnorraciais e de gênero
pela Universidade Federal de Ouro Preto; especialista em Gestão de Saúde no Sistema Prisional
pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul; graduado em Serviço Social pelo Instituto de
Ensino Superior do Acre (IESACRE).
1. METAMOFORSES DA FAMÍLIA
Quando pensamos no significado da palavra família, a cena de gênero
familiar que logo nos vêm em mente é aquela família de formato tradicional
composta por um pai, uma mãe e seus filhos. Entretanto, diante das transfor-
mações ocorridas ao longo do tempo, sejam elas por influências econômicas,
políticas, sociais ou ideológicas, a família acabou adquirindo novas conotações
conceituais e, consequentemente, estruturais. E aquelas que não têm esse for-
mato tradicional, denominado por Phillipe Ariés (1981) como família burgue-
sa, passam a sofrer preconceitos e repressão por serem consideradas desajus-
tadas e desestruturadas.
O Dicionário Silveira Bueno conceitua família como “conjunto de pai, mãe e
filhos; pessoas do mesmo sangue; descendência; linhagem” (BUENO, 2007, p.
347), e podemos perceber que o conceito usado pelo autor é arcaico e caiu em
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desuso, uma vez que existem famílias que podem ser compostas apenas pelo
pai e seu filho e que podem nem compartilhar o mesmo sangue ou linhagem.
Estamos falando de novos formatos de família que surgiram.
A família, segundo a Política Nacional de Assistência Social, é um grupo
de indivíduos unidos por laços consanguíneos, afetivos e/ou de solidariedade,
que mantêm uma dependência econômica e compartilham obrigações recí-
procas para sua sobrevivência e reprodução. (BRASIL, 2004, p. 41).
A família nem sempre teve os atuais formatos e funções. Friedrich Engels
(1981) em seu livro A Origem da família, da propriedade privada e do Estado, trata
dessa evolução da sociedade passando pela fase do estado selvagem, da barbá-
rie até a civilização com base no trabalho de Morgan; assim, de acordo com
ele, é possível reconhecer quatro modelos de família: família consanguínea,
família punaluana, família sindiásmica e a família monogâmica.
Segundo Engels, o termo “família” vem de fumulus que é uma expressão
criada pelos romanos, que denominavam o escravo doméstico em um novo
organismo com um chefe que exercia poder sobre a mulher, os filhos e os
escravos. Mas, com o tempo o termo “família” passou a ser designado para
diferentes grupos sociais do que era inicialmente. Assim, as famílias
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Essa foi a origem da monogamia, tal como pudemos observá-la no
povo mais culto e desenvolvido da antiguidade. De modo algum foi
fruto do amor sexual individual, com o qual nada tinha em comum,
já que os casamentos, antes como agora, permaneceram casamentos
de conveniência. Foi a primeira forma de família que não se baseava
em condições naturais, mas econômicas, e concretamente no triunfo
da propriedade privada sobre a propriedade comum primitiva, origi-
nada espontaneamente (ENGELS, 2002, p. 67).
No final do século XV, as crianças entre sete e nove anos de idade, de am-
bos os sexos e de qualquer classe social eram tiradas de seu lar e se tornavam
aprendizes na casa de outra família para que pudessem aprender um ofício ou
profissão, e boas maneiras. Existia um mestre, e esse mestre era o responsável
pela passagem de conhecimento ao aprendiz, pois ainda não existiam escolas
para que a aprendizagem ocorresse. Muitas vezes essa aprendizagem era con-
fundida com os serviços domésticos.
Assim, sobre essa mudança o autor adiciona ainda que “esse fenômeno
comprova a transformação considerável da família: esta se concentrou na
criança, e sua vida confundiu-se com as relações cada vez mais sentimentais
dos pais e filhos” (ARIÈS, 1981, p. 160).
É entre o final da Idade Média e os séculos XVI e XVII que a criança
ganha um espaço no seio familiar, o que não era possível anteriormente
devido ao período de aprendizagem em que ficavam nas casas de outras famí-
lias. A criança tem papel determinante para o nascimento e desenvolvimento
do sentimento de família com o seu retorno para o lar.
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essa mudança não ocorreu da mesma forma e no mesmo momento em toda
as classes sociais.
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2. FAMÍLIA NO CONTEXTO DA ADOÇÃO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Conforme o artigo 127 da Constituição Federal brasileira, a convivência
familiar é um dos direitos fundamentais do cidadão, e, sendo assim, crianças
e adolescentes incluídos nessa categoria têm de usufruir desse direito cujos
responsáveis para sua efetivação são a família, a sociedade, a comunidade e o
Estado (BRASIL, 1988).
Como nem sempre a família biológica é capaz de dar a essas crianças e
adolescentes, reconhecidos como sujeitos de direito, um lar saudável, longe de
dependentes químicos e drogas, maus-tratos e abuso sexual (Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente, art. 19 e 130), foi assegurada através de ações e medidas ju-
diciais e extrajudiciais a concretização de seu direito de viver em família, mesmo
que ela seja substituta. Dentre essas ações e medidas judiciais e extrajudiciais
podemos citar a guarda, a tutela e a adoção (Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, art. 28).
Vale ressaltar que a criança ou adolescente são retirados da família quan-
do for constatado que encontra-se em situação de risco pessoal ou de vulnera-
bilidade social. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) rege pela rein-
serção destes para sua família natural, e privilegia a permanência da criança
ou do adolescente na sua família de origem ou família extensa e, em última
estância, em família substituta “sem qualquer vínculo de parentesco, mas que
ofereça ambiente familiar adequado e tenha uma relação de afinidade ou afe-
tividade com a criança ou o adolescente” (FERREIRA, 2010, p. 22).
A adoção é uma medida excepcional regulamentada no Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente, do artigo 39 ao 52-D, cujo objetivo é fornecer um ambien-
te familiar adequado para que a criança ou adolescente cresça e se desenvolva
como pessoa cidadã e de direitos. O Estatuto da Criança e do Adolescente
em seu artigo 41 define adoção como a “condição de filho ao adotado, com
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o de quais-
quer vínculos com pais e parentes, salvos os impedimentos matrimoniais”
(BRASIL, 2013, p. 19).
Muitos consideram o processo de adoção muito burocrático, entretanto
ele é necessário para garantir a segurança de crianças e adolescentes e evitar
ou minimizar adoções problemáticas ou malsucedidas. Existem dois processos
para se poder adotar uma criança ou adolescente: o primeiro é a habilitação
para adoção, e o segundo é a adoção. O início do processo de habilitação para
adoção inicia-se através do preenchimento de um cadastro de pretendente,
juntamente com a cópia de alguns documentos na Vara de Infância e Juventu-
de, cujos modelos serão apresentados anexos a este trabalho.
O processo de habilitação e de adoção não faz qualquer restrição quanto ao
estado civil, cor, sexo, classe social ou orientação sexual do perfil do requerente; é
necessário apenas ter 18 anos e não ser irmão ou um dos avós do adotando. Neste
16 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Após a participação no grupo de habilitação a próxima etapa é a interven-
ção da equipe técnica na elaboração de um relatório psicossocial. Esse rela-
tório é feito com assessoria de um psicólogo e de um assistente social, quase
sempre através de visita domiciliar e entrevista, e tem como objetivo subsidiar
a decisão do juiz de Direito. Apesar de não definir quais são esses profissionais
da equipe técnica, o ECA, em seu artigo 151 prevê que
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decide-se a favor da adoção, ou não, e determina a emissão da nova certidão
de nascimento do adotando já com o sobrenome da nova família.
Durante a intervenção técnica é feita uma oitiva com a criança ou adoles-
cente, devendo ser escutada(o) antes da determinação a favor da adoção, e
quando alcançar idade superior a 12 anos deve expressar se deseja ser adotado
ou não, durante audiência perante o juiz de Direito.
É importante salientar que a adoção é definitiva e irrevogável: ao mudar
a certidão da criança ou adolescente não haverá diferença de tratamento para
filhos biológicos e adotados. Esse procedimento do processo de adoção nem
sempre segue esse caminho; o procedimento descrito é o mais comum, entre-
tanto existem diferentes modalidades de adoção que seguem condições pró-
prias estabelecidas por lei.
São modalidades de adoção também a adoção por estrangeiro, adoção
singular, unilateral e conjunta, adoção póstuma, adoção por ascendentes e ir-
mãos do adotando, adoção por tutor e curador, adoção por conviventes, ado-
ção intuiti persona, adoção inter-racial, adoção consentida ou indireta, adoção
à brasileira e a adoção tardia.
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de estar claro o direito desse público, quando o casal homossexual busca-o,
invariavelmente ocorre um mal-estar, desconforto, insegurança.
A lei maior brasileira também proíbe qualquer tipo de preconceito, por-
tanto, torna-se inconstitucional existir distinção de acesso de homossexuais
quanto ao desejo de se constituir uma família através da adoção. A homos-
sexualidade sempre existiu em nossa sociedade, e não pode ser a orientação
sexual uma justificativa para a negação de direitos ou inibição da formação de
uma família onde haverá amor, afeto e respeito.
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anteriormente, há a ideia de que a orientação sexual interfere nas relações
familiares, considerando que a criança ou adolescente vai ser influenciada a
ser homossexual, que ela terá problemas psicológicos etc.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Destarte, diante de tudo o que foi exposto chegamos à conclusão de que
a orientação sexual é uma manifestação afetiva e sexual do indivíduo, como
vimos ao estudar o aspecto histórico das sociedades; sempre existiu e sem-
pre vai existir a homossexualidade, ela não é uma opção e muito menos uma
doença que necessita de “cura”. Assim, a homossexualidade é amar/desejar
uma pessoa do mesmo sexo.
O preconceito acerca desse grupo é resultado da cultura religiosa enraizada
em nossa sociedade. Com o tempo e com a diminuição do fervor religioso, essa
diversidade será assimilada e aceita. Para isso, é necessário que os homossexuais
tenham os mesmos direitos que os heterossexuais, pois de acordo com a lei
maior, todos são iguais, cidadãos de direito que devem ter acesso a ele.
Assim, o casal homossexual deve ser reconhecido como entidade familiar,
quando possuem ou não filhos. O exercício da parentalidade deve ser garanti-
do, portanto, o direito à adoção deve ser assegurado.
Não há nenhum impedimento nas legislações ou lei específica para a ado-
ção por casais homossexuais. Uma vez que eles passem pelo processo de ha-
bilitação à adoção e estejam aptos, segundo os técnicos da Vara de Infância e
Juventude, não há nenhuma razão para vetar a adoção.
Julgar que homossexuais não exercerão a função parental devido à orien-
tação sexual, é inferir que heterossexuais não entregam seus filhos para ado-
ção e não têm seu poder familiar destituído.
Outrossim, como foi mostrado, não há nenhum fator concreto contra a
adoção, haja vista que hipóteses sem base científica de riscos sobre a possibili-
dade de afetar de forma negativa a vida de crianças e adolescentes, não devem
ser levadas em consideração.
Deve ser levado em conta também a questão do melhor interesse para
as crianças e adolescentes: deixá-los em casas de acolhimentos porque os
pretendentes à adoção são homossexuais ou dar-lhes o direito de ter um
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ambiente familiar adequado para que cresça e se desenvolva como pessoa
cidadã e de direitos, que é o objetivo da adoção.
As transformações ocorridas ao longo do tempo, econômicas, políticas,
sociais ou ideológicas, acabaram modificando também as conotações concei-
tuais e, consequentemente, estruturais acerca da família. Assim como defende
Marianna Chaves (2012), ocorre uma “idealização” da família e qualquer ou-
tro formato diferente do “normal” sofre preconceito.
A família homoafetiva é uma realidade e seu reconhecimento é um direito.
A realização do projeto parental, o direito de exercer a paternidade/materni-
dade por homossexuais, através da adoção é garantir acesso aos direitos, sem
discriminação e preconceito.
Existe uma necessidade de esclarecimento sobre esse tema, por isso seria
emergente a capacitação de profissionais que atuam em áreas do Direito, da
Psicologia, do Serviço Social e também da Educação.
A capacitação daqueles que estão envolvidos no processo de garantia de
direitos e do processo de adoção tem como objetivo ter consciência sobre as
questões de gênero e sexualidade.
Seria importante também a educação, a preparação e esclarecimento des-
sas questões para crianças e adolescentes, de uma maneira que os capacite
para prepará-los para situações de conflito envolvendo preconceitos em torno
de diversidade para que possam perpetuar desde cedo a igualdade.
Ademais, a bibliografia consultada e a pesquisa realizada nos mostram
que além de ser uma questão de acesso a direitos, a adoção por casais for-
mados por pessoas do mesmo sexo é uma questão humana, de afeto e amor.
Casais homossexuais, assim como os heterossexuais, têm o desejo de formar/
ser uma família.
REFERÊNCIAS
ARIÈS, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Trad. Dora Flaksman. Rio
de Janeiro: LTC, 1981.
BUENO, Silveira. Silveira Bueno: minidicionário da língua portuguesa. 2. ed. São Paulo:
FTD, 2007.
BRASIL. Código Civil. Lei nº 10.403 de 10 de janeiro de 2002. Aprova o novo Código
Civil Brasileiro. Brasília, 2002.
BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069 de 13 de Julho de 1990. Brasí-
lia: Câmara dos Deputados, 2013.
BRASIL. Lei Federal n.º 12.010/09, de 03 de agosto de 2009. Nova lei da adoção. Brasília,
2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/
lei/l12010.htm>. Acesso em: 25 de jun de 2015.
BRASIL. Resolução nº 145 de 15 de outubro de 2004. Política Nacional de Assistência
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS E
SUA IMPORTÂNCIA NA VERIFICAÇÃO
DA SITUAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA
DAS EMPRESAS
Ana Caroline da Silva Castro4
Rogério de Souza Campos5
Abstract: This article aims to demonstrate the interest that companies have
the accounting information, particularly about their financial position to take
better business decisions. The accounting reports can not be considered as
information if they are not analyzed and interpreted. Therefore, it is necessary
primarily to the accounting professional to know that the financial statements
analysis technique is essential that data transformation process for accounting
information, after all, it is through this technique that the financial reports
are analyzed and interpreted and pass to be important information to obtain
a diagnosis of the enterprise.
Key-words: Accounting reports, analyzed, interpreted. Accounting informa-
tion. Economic and Financial.
4
Acadêmica do curso de Ciências Contábeis, cursando o quarto ano na turma CCT04NA
pela Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO). E-mail: anykarol_@hotmail.com
5
Contador. Coordenador e professor do curso de Ciências Contábeis na Faculdade da
Amazônia Ocidental (FAAO). E-mail: rogeriocampos250@gmail.com
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Já Müller (2009) define a Contabilidade como a ciência que estuda o pa-
trimônio de uma pessoa, levando em consideração os resultados e reflexos,
como também a evolução, administração e tendências deste. Ressaltando que
este conceito deve ser entendido de forma ampla, e não restrita.
Sucintamente, a Contabilidade identifica o patrimônio das empresas,
efetua os registros das operações administrativas e econômicas, processa
os dados informados em relatórios e comunica os resultados para os toma-
dores de decisões. “A contabilidade capta dados, processa-os e os fornece
aos seus usuários na forma de demonstrativos contábeis ou relatórios. Es-
tes são produzidos de acordo com as necessidades desses indivíduos [...]”
(MÜLLER, 2009, p. 3).
As informações contábeis são extremamente importantes, pois ajudam os
gerentes a entender mais sobre a empresa. Com essas informações é possível
se ter respostas com relação ao desempenho da empresa em determinado pe-
ríodo, a posição da empresa no momento, saber onde estão sendo aplicados
os recursos e como foram obtidos.
Sendo assim, fica explícito que é de total importância para os toma-
dores de decisões entenderem qual o significado de um número contábil,
onde teve origem e quais suas limitações, para melhor tomar suas deci-
sões dentro das empresas, conforme acrescenta Ching, Marques e Prado
(2007, p. 6) “[...] quanto mais importante a decisão, maior a necessidade de
informação”.
2. FUNÇÕES DA CONTABILIDADE
Das ações desenvolvidas pelos contadores, Sá (2014) destaca como sendo
uma das principais funções da Contabilidade o de registrar fatos ou valores
que modificam ou que venham a modificar a situação financeira ou patrimo-
nial de uma empresa.
Os fatos registrados na contabilidade são eventos que envolvem bens, di-
reitos e obrigações de uma empresa; portanto, para fazer registro dos fatos ou
valores, a contabilidade registra primeiramente o patrimônio da empresa. É
importante ressaltar que tais informações devem ser apresentadas em relató-
rios estruturados para que sejam entendidas e interpretadas por seus usuários.
Sá (2014, p.71) ainda complementa que “[...] todo relatório não interpreta-
do é apenas um dado”. Isto propõe a ideia de que as demonstrações contábeis
a princípio apresentam apenas dados e os usuários da contabilidade não estão
interessados em apenas dados contábeis, mas sim em informação contábil.
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Sendo assim, fica explícito que para atender às necessidades de seus usuá-
rios a contabilidade tem que oferecer informações contábeis, e, para que os
dados contábeis sejam considerados informações, precisam ser analisados e
interpretados. Por isso é preciso se utilizar da técnica de análise das demons-
trações contábeis.
REFERÊNCIAS
CHING, Hong Yuh; MARQUES, Fernando; PRADO, Lucilene. Contabilidade e fi-
nanças para não especialistas. 2ª. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
FRANCO, Hilário. Estrutura, análise e interpretação de balanços, de acordo com a nova
Lei das S.A. 14. ed. São Paulo: Atlas, 1980.
IUDÍCIBUS, Sérgio; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens; SANTOS,
Ariovaldo dos. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades - de
acordo com as normas internacionais e do CPC. 1ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 2. ed.
São Paulo: Atlas, 2002.
______. Contabilidade empresarial. 16.ed. São Paulo: Atlas, 2012(b).
MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
MÜLLER, A. N. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. rev. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2009.
SÁ, C. A. Contabilidade para não contadores: princípios básicos de contabilidade para
profissionais em mercados competitivos. 6. ed. Rio de Janeiro: SENAC Rio de Janeiro,
2014.
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AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
E A REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Ketlyn Catrine dos Santos Arruda6
Adel Malek Hanna7
Resumo: Este artigo traz uma breve discussão sobre a proposta de redução
da maioridade penal para os 16 anos de idade, tendo em vista que a crimina-
lidade vem atingindo o público infanto-juvenil, principalmente aqueles que
estão em situação de exclusão social, bem como em situação de risco; serão
expostas ainda as medidas aplicadas aos adolescentes infratores, em se tratan-
do das medidas socioeducativas e a importância da família em acompanhar
o adolescente. Assim, objetiva-se desenvolver uma perspectiva teórica no que
compete à redução da maioridade penal, quanto aos benefícios e malefícios
dessa proposta. Para o desenvolvimento do estudo foram utilizadas pesquisas
bibliográficas e documentais, além de se utilizar métodos histórico, qualitati-
vo e dialético. No decorrer do artigo, constatou-se as formas de punição des-
tinadas aos menores infratores desde o período colonial pós-descobrimento,
passando pelas ordenações, sendo exposta a historicidade das conquistas de
direitos das crianças e adolescentes. Outro fator apresentado foram as medi-
das socioeducativas como centro de suposta recuperação do indivíduo, bem
como a importância da família e do Estado em face da recuperação do adoles-
cente infrator, finalizando a pesquisa com a discussão da Proposta de Emenda
à Constituição que tem o objetivo de reduzir a maioridade penal para os 16
anos de idade. A finalização da presente pesquisa averiguou-se que as conquis-
tas apresentadas desde a chegada dos colonizados até a Constituição Federal
de 1988, com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a
redução da maioridade penal pode representar um retrocesso social e jurídico
nas conquistas adquiridas.
Palavras-chave: Redução da Maioridade Penal. Adolescentes infratores. Medi-
das socioeducativas
6
Graduada em Serviço Social pela Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO). E-mail:
ketlyn.arruda@hotmail.com
7
Licenciado e bacharel em Letras, Português e Respectivas Literaturas, pela Universidade
Federal de Rondônia (UNIR), Unidade Vilhena. Mestre em Letras: linguagem e identidade,
pela Universidade Federal do Acre (UFAC). Professor dos cursos de Serviço Social, Admi-
nistração, Ciências Contábeis, Direito, Arquitetura e Psicologia na Faculdade da Amazônia
Ocidental (FAAO). Professor da Faculdade META-FAMETA, nos cursos de Engenharia Civil
e Educação Física. E-mail: adel.amh@me.com.
INTRODUÇÃO
O objetivo do presente artigo é esclarecer sobre as discussões acerca da
redução da maioridade penal, se tal proposta é um meio adequado para o
país, tendo em vista as visíveis desigualdades sociais, além de avaliar se esta
temática tem sido esclarecida em sua totalidade à sociedade.
Sabe-se que a criminalidade tem se expandido no Brasil e ainda vem
envolvendo os adolescentes em sua realidade como autores de atos infra-
cionais e, com tal problemática, é fato inquestionável que o Estado deve
intervir para a resolução da questão. A sociedade, principalmente as vítimas
das violências implementadas pelos jovens com idade inferior aos 18 anos,
exige medidas punitivas mais severas, pois entende que o principal motivo
pelo qual esses adolescentes cometem o ato infracional é o fato de não se-
rem punidos como adultos. Portanto, devido à impunidade, fica justificada a
proposta de redução da maioridade penal.
Este estudo é importante para a obtenção de informações sobre o contex-
to social em que esses jovens estão inseridos, sendo preciso ainda avaliar se
as medidas prisionais destinadas aos adultos são de fato uma solução cabível
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para com os adolescentes, sendo estes pessoas em desenvolvimento, como
considera a Constituição brasileira de 1988, bem como o Estatuto da Criança
e do Adolescente. Além disto, é importante explicitar o contexto histórico
referente ao trato com as crianças e adolescentes brasileiros desde o período
colonial até a atualidade, e as conquistas de direitos, buscadas através de lutas.
Para atingirmos as metas pretendidas neste artigo, ele foi dividido em três
tópicos: o primeiro traz uma retrospectiva histórica dos direitos da criança
e do adolescente; o segundo trata sobre o debate da redução da maioridade
penal; e concluindo a pesquisa com o terceiro, que expõe sobre a importância
das medidas socioeducativas e o papel da família e do Estado no acompanha-
mento desses adolescentes infratores.
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gravidade do delito, seriam punidos em abrigos, que na verdade eram conhe-
cidos como colônias agrícolas (ARRUDA, 2014, p. 22). Após o primeiro Có-
digo de Menores, outros foram instituídos com algumas mudanças, chegando
às atuais legislações que tratam dos direitos dos adolescentes e a proteção a
eles, através da Constituição de 1988 e da atual Lei Nº 8.069, de 13 de julho de
1990, conhecida como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (PLA-
NALTO, 2014). Ambos tratam do direito à educação como sendo primordial
para o desenvolvimento da pessoa humana.
Para Moreira (2014):
Portanto, torna-se claro que é preciso que os profissionais que lidam com
esses jovens façam a análise de vida de cada adolescente, em busca de encon-
trar os motivos que os levaram à prática do ato infracional, pois só através
disso é possível acertar a demanda que melhor se aplica para estimular neles
respostas diferentes a um determinado problema social, não com o delito, mas
sim com alternativas.
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A equipe técnica poderá trabalhar para que a família e o adolescente te-
nham acesso aos direitos fundamentais, avaliando suas reais necessidades,
poderá propor meios de inclusão social, dentre outras ações.
O que se pode observar das medidas socioeducativas para a constru-
ção de novos ideais pelo adolescente é que elas têm um papel fundamental
“[...], na internalização de reais responsabilidades que ele deve ter diante de si
mesmo, de sua família e da sociedade como um todo” (ARRUDA, 2014, p. 38).
Desse modo, é possível que esses jovens venham a refletir sobre suas ações
de acordo com o que aprendem com as medidas, pois a equipe tenta integrá-los
de forma saudável ao convívio social. Com isso, podem criar novas possibilida-
des de vida e planos para um futuro digno.
Entretanto, também é fato que, nem todos os adolescentes que passam
pelas medidas socioeducativas realmente mudam de vida, porém se os profis-
sionais que estão dia a dia os acompanhando se retiverem a esse pessimismo,
de nada adiantaria e certamente essas medidas seriam um fracasso. É preciso
ter o olhar para aqueles que conseguiram mudar e tiveram suas vidas reesta-
belecidas. Por esses, vale a pena não desistir.
As medidas são de caráter educativo e estão inscritas no art. 112 do
ECA. São elas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de
serviço à comunidade, liberdade assistida, regime de semiliberdade e inter-
nação em estabelecimento educacional. Esta última só é aplicada mediante
grave ameaça ou violência à pessoa e no descumprimento injustificável das
medidas anteriores. E se houver alguma outra medida adequada, esta pode
ser aplicada.
Todas essas medidas são formas de inibir o ato do delito, e muitos adoles-
centes, depois de cumprirem com essas medidas, aprendem que sempre há
uma nova chance para a mudança. Além de serem responsabilizados por suas
escolhas ruins, são levados a se redimir com a vítima.
Ainda no Estatuto, está inscrito que
O que a maioria das pessoas pensam é que esses adolescentes não res-
pondem judicialmente por seus atos, no entanto, a verdade é que eles são
responsáveis, já que o sistema jurídico os considera aptos a responderem
pelas suas atitudes. No ECA estão expostos os tipos de medidas aplicáveis
a eles: são as medidas socioeducativas. E cabe ao juiz específico da Vara da
40 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Infância e Juventude avaliar o caso e definir a medida que este adolescente
cumprirá. Elas vão desde a advertência até a internação em estabelecimento
educacional em que o adolescente fica em medida privativa de liberdade
pelo período máximo de três anos.
Porém, mesmo uma parcela da sociedade tendo conhecimento dessas me-
didas, grande parte ainda é a favor da proposta de redução da maioridade
penal, pois estão convencidos que são medidas fracas e incapazes de cumprir
com seu objetivo, recuperando os adolescentes. Até por acreditarem que pes-
soas de 16 anos de idade já são cientes de seus atos, sabem o que é certo e
errado, e teriam ainda a personalidade formada, o que torna justificável a
ingresso deles nos cárceres junto a adultos.
No entanto, esclarecendo o período da adolescência, Rassial expõe que
42 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Arruda expõe:
[...] incluir o adolescente no cenário penal fará com que essa superlota-
ção só aumente e isso significa que o dinheiro que poderia ser investido
em construção de novas escolas e infraestrutura de melhoria da socie-
dade, será gasto em mais presídios (ARRUDA, 2014, p. 57).
CONCLUSÃO
O presente artigo trata de um assunto polêmico e importante para a so-
ciedade como um todo, pois a violência está presente em todas as camadas
sociais. No entanto, ela se destaca com mais intensidade na camada social
excluída de direitos. E não foi difícil entender isso. Estudos e pesquisas de-
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46 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
knowledge of taught subjects, but also to combine this knowledge to learn
teaching, development of teaching theories, critical analysis of practices, among
other things that go beyond the show, as for example the review. We see the need
for all these items be studied and taken into account so that there is not only
a personal reproduction of the teacher figure, but the training of professionals
with critical skills, seeking to form pedagogically teaching professional, exposing
the appreciation the profession so that the teaching in higher education is not
seen only as an income supplement and educate the teacher that the student, in
addition to the specific professional area, may be future teachers.
Key-words: Pedagogical training. Identity of the teacher. Academic
qualification.
INTRODUÇÃO
Muitos profissionais tornam-se docentes em ensino superior como forma de
complementação de renda ou até mesmo em busca das primeiras experiências
profissionais, não sendo uma profissão escolhida pelo profissional e sim impos-
ta pela falta de oportunidade em sua área de formação específica ou até mesmo
pela alta demanda do mercado na área da educação. Percebe-se que esses no-
vos professores inseridos no âmbito do ensino, em sua maioria, são professores
“improvisados”, sem preparação para a sala de aula e sem formação pedagógica.
Vale ressaltar que, no Brasil, não há regulamento a respeito da formação de
docentes para o ensino superior, admitindo que este seja preparado em cursos
de especialização enquanto já docente e vivenciando a sala de aula.
Há certa indagação sobre o que caracteriza um professor universitário.
Estudos têm mostrado que os mesmos aprendem a docência de acordo com
as necessidades e dificuldades enfrentadas no dia a dia em sala de aula ou se
espelhando em seus professores da época em que eram discentes.
Para que um profissional seja um bom professor será suficiente o domínio
na área específica, não havendo a necessidade de formação complementar?
Indagar sobre a docência no ensino superior traz a reflexão sobre o méto-
do de formação para o professor universitário, buscando compreender de que
forma graduados na área específica se tornam docentes e, considerando seus
aspectos teóricos e práticos, quais as necessidades de aprendizado se fazem
necessárias para os desafios de uma formação pedagógica que evidencie o pa-
pel do professor universitário no processo de formação pessoal e profissional
dos acadêmicos.
1. A PROBLEMÁTICA DA DOCÊNCIA
O número de professores universitários tem aumentado consideravelmen-
te. Esses professores em sua grande maioria não estão preparados para as
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sor-aluno em sala de aula, o ensinar e aprender na academia, metodologia no
ensino, caracterização do professor e o significado da avaliação para o profes-
sor e para o aluno.
Quando professores universitários são questionados a respeito do que es-
peram da didática, a resposta de que seriam as técnicas de ensino, já que o
único modelo a seguir são seus próprios professores, é quase que unânime. A
Pedagogia não se delimita à didática de sala de aula; está presente em ações
educativas da sociedade em geral, o campo didático é o ensino, atividade de
transformar a educação difusa em conteúdos formativos.
2. SABERES DA DOCÊNCIA
A principal mediação no processo de construção da identidade dos do-
centes é o significado social que atribui a si mesmos. Ao chegar na docência
universitária, trazem consigo inúmeros conceitos do que é ser um professor,
conceitos esses adquiridos através dos diversos professores que tiveram no am-
biente escolar e de graduação, formando pontos positivos e negativos, o certo
e o errado, para se espelhar ou não, somado aos estereótipos que a sociedade
e a mídia apresentam. Está formado o desafio da transição de ex-aluno da ins-
tituição para professor da mesma, formando sua própria identidade e modelo
de didática e procurando consertar as atitudes que julgaram inapropriadas de
seus antigos professores.
Segundo NÓVOA (1992, p. 10), “ser professor obriga a opções constan-
tes que cruzam a nossa maneira de ser com a nossa maneira de ensinar, e que
desvendam na maneira de ensinar a nossa maneira de ser”.
A educação é aliada à humanização, com o desígnio de transformar
indivíduos em seres atuantes da civilização e da inserção social crítica e
transformadora. Educar na universidade é preparar jovens para o mun-
do atual, e isso requer preparação científica, técnica e social. Sociedade
abastada em avanços civilizatórios e com vasto problema em desigualdade
social, econômica e cultural, dilemas de valores e de finalidades. O mestre
tem a árdua tarefa de ser papel fundamental na inserção do indivíduo no
mundo atual por intermédio de reflexão, conhecimento, compreensão, ha-
bilidades e atitudes, para que se tornem capazes de pensar e gerar soluções
para os desafios do cotidiano.
Portanto, o modo como a educação é praticada é importante e fundamen-
tal para sua finalidade de atender seus desafios contextualizados na contem-
poraneidade.
Quais são os desafios? Segundo Pimenta (2002)
a) sociedade da informação e do conhecimento;
b) sociedade da depreciação das condições humanas, traduzida na vio-
50 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
do docente, sempre estando atento às particularidades e à essência de ser
docente, respondendo aos desafios apresentados e construindo a identidade
do professor.
3. IDENTIDADE DO DOCENTE
Ao escolher tornar-se professor, o profissional traz consigo imensa baga-
gem de conhecimento em sua área de pesquisa e atuação profissional, porém
sem nunca ter havido o questionamento do que é ser professor, no mesmo
instante em que a instituição de ensino contratante já o supõe como docente,
tirando assim a carga de “se tornar”. Este fato traz danos e pouca evolução do
ensino e dos resultados, sem contar a desvalorização do profissional docente
no ensino superior.
Como as instituições de ensino superior podem possibilitar a construção
de identidade e a capacitação dos docentes?
Primeiramente pela efetivação da formação na área. O tempo passa-
do na universidade como graduando já é considerado como preparação
e profissionalização de sua área específica, porém não capacita para a es-
colha de atuação na docência. Profissionais que optam por cursar uma
pós-graduação em docência ou com bolsa da Coordenação de Aperfeiçoa-
mento de Pessoal de Nível Superior (Capes), desfrutam disciplinas na área
pedagógica pondo em debate a preparação necessária para a prática da
docência. Contudo, para as demais áreas de especialização, a construção
do ser docente se dá através de sua trajetória em sala de aula como aluno
e posteriormente como professor, mas as diretrizes passadas ao longo dos
anos de graduação visam objetivos, conceitos e ideais para a participação
em sua entidade de classe, para uma profissão que comumente não é a de
docência.
Mesmo as instituições, tampouco o profissional, não dando os devidos
créditos a isso, a partir do momento que um graduado se torna professor, esta
passa a ser também a sua profissão, independentemente de outras atividades
que possa exercer na sua área específica, fora da instituição. Essa desconside-
ração da profissão leva à dificuldade de esclarecer a necessidade de alternati-
vas diante dos desafios da realidade de ensino.
A formação acadêmica, os conceitos e conteúdo específicos, os ideais
e objetivos, regulamentação e código de ética são elementos construtivos
da profissão docente que constituiriam uma formação inicial, porém esses
aspectos acabam sendo considerados apenas na profissionalização conti-
nuada. Ações mais efetivas vêm ocorrendo nessa modalidade de profissio-
nalização, entrelaçando os vários saberes da docência: experiência, conhe-
cimentos, saberes pedagógicos e processo de construção da identidade do
profissional.
52 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
implementação pedagógica, de modo que possibilite a formação de profissio-
nais compromissados com sua profissão, inclusive para o caso de virem a tor-
nar-se novos docentes. Percebem-se vários aspectos que favorecem à percepção
da identidade docente. O contato e a colaboração que o curso de especialização
docente podem trazer ao professor permitem repensar suas experiências profis-
sionais para poder levá-las à sala de aula, mediante análise e reflexão.
O desenvolvimento profissional envolve, sim, a formação inicial e conti-
nuada dos profissionais, junto à valorização da identidade docente. Identida-
de essa que reconhece a docência como campo específico de conhecimento,
configurado em quatro grandes áreas: 1) conteúdo das inúmeras áreas da
ciência e do aprendizado; 2) didática pedagógica diretamente relacionada à
prática profissional; 3) saberes pedagógicos mais amplos no campo pedagó-
gico teórico da prática educacional; 4) explicitação do sentido da existência
humana pessoal e individual, sensibilidade pessoal e social. Visto que a prática
da docência institucional é um campo específico de intervenção profissional
na busca pela prática social.
Todo esse desenvolvimento de mestres no âmbito da educação de cursos
superiores, tem sido objetivo de propostas educacionais da dita valorização
da formação de um docente, na tentativa de deixar de lado a racionalidade
técnica, fugindo da prática de professor apenas como executor das identida-
des alheias, reconhecendo a sua capacidade de decidir, produzir e ensinar. Ao
aceitar essa produção de identidade individual de cada professor, o confronto
das ações cotidianas passa a existir como produção teórica, possibilitando a
prática de rever as teorias da transmissão de informações, produzindo novas
ciências para a prática de ensinar. Tudo isso só é possível no momento em
que o professor consegue ampliar a sua consciência sobre a própria prática
de sala de aula e de universidade de forma global. Enfatiza-se a colaboração
dos professores em meio à transformação das instituições de ensino superior
e de educação continuada, mudando os projetos educacionais e as formas de
trabalhos pedagógicos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos pontos aqui colocados, pode-se afirmar e frisar a importância
da preparação pedagógica para docentes ingressantes no quadro das universi-
dades. Há necessidade do desenvolvimento da identidade dos professores nos
cursos de pós-graduação, enquanto futuros professores de ensino superior.
Parte-se do pressuposto que a formação para a docência universitária é
imprescindível no âmbito do curso de especialização, independentemente de
que o curso seja para formação docente ou formação específica.
A preparação pedagógica: criação de disciplinas, acompanhamento de
aulas na graduação, programa de palestras, conferências e eventos, devem
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54 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
GESTÃO DA CIDADE PELA PARTICIPACÃO
POPULAR – UMA ANÁLISE DO ATUAL PLANO
DIRETOR DE RIO BRANCO
Ana Maria Cardoso Cunha Araújo10
Nélio Domingues Pizzolato11
10
Mestranda em Engenharia Civil pela UFF. Especialista em Gestão Ambiental Urbana pela
Fundação Escola do Servidor Público do Acre. Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela
UFC. Docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade da Amazônia Ocidental
(FAAO). E-mail: 12ana.cunha@gmail.com
11
Pós-doutor pela Université de Montréal. Doutor em Business School pela University of
North Carolina. Mestre em Engenharia de Produção pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro. Bacharel em Engenharia Industrial Mecânica pela Pontifícia Universida-
de Católica do Rio de Janeiro. E-mail: ndp@puc-rio.br
INTRODUÇÃO
O município de Rio Branco/AC esperou por 20 anos para ter o Plano
Diretor revisado, mesmo tendo essa legislação como instrumento para ações
rotineiras de licenciamentos de vários empreendimentos ao longo de todos
esses anos.
Passados todos esses anos, o Poder Público decidiu por montar uma equi-
pe e estrutura para gerenciar a ação de revisão e elaboração de uma nova lei.
O assunto em questão possui abordagem voltada para a forma como se deu
esse processo de revisão para a elaboração do novo instrumento de gestão.
A Prefeitura Municipal de Rio Branco vivenciou, por parte de alguns seg-
mentos de seus funcionários, uma série de questionamentos com relação à
forma de melhor desenvolver seus trabalhos, bem como das áreas nas quais
haveria necessidade de sofrer ajustes a fim de praticar uma administração
participativa. Aprofundar o tema sobre a gestão participativa é justificável em
função da participação popular ganhar importância cada vez maior no geren-
ciamento das cidades brasileiras.
Durante toda a feitura do Plano Diretor Participativo de Rio Branco, com-
56 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
preende-se que houve a manifestação popular. A população foi representada
pelos segmentos: poderes públicos, empresários, trabalhadores, categorias
profissionais, categorias acadêmicas, ONGs e movimentos sociais e populares.
Falar sobre a questão social se constitui uma oportunidade de aprender e
ajudar na construção desse processo de forma diferente, uma vez que não foi
encontrada nenhuma pesquisa elaborada na cidade de Rio Branco.
1. GESTÃO DA CIDADE
A cidade possui dentro de seu universo espaços para atividades distintas,
lugares específicos para o desenvolvimento de ações e, ainda demanda geren-
ciamento.
Falar de gestão da cidade com a participação popular demanda que se
avalie o capital social, apresentado por Fukuyama (1996, p. 21 e 22) como
“(...) a capacidade de as pessoas trabalharem em conjunto, em grupos ou
organizações que constituem a sociedade civil, para a prossecução de cau-
sas comuns”.
Tal participação só acontece quando a população confia nos gestores e na
motivação dos mesmos ao apresentaram suas propostas.
3. PARTICIPAÇÃO POPULAR
A história da participação política no Brasil apresenta várias mudanças
que ocorreram ao longo dos anos. Inicialmente os ocupantes dos cargos do
poder Legislativo eram escolhidos mediante comprovação de renda – esse fato
aconteceu durante o Império, em 1822, após a Independência. A Lei Saraiva,
depois disso, define que o eleitor para tomar parte nas tomadas de decisões
precisava ter sido alfabetizado. Somente em 1932 foi concedido o direito ao
voto para as mulheres. Com o golpe militar, em 1964, os ocupantes de cargos
executivos passam a ser escolhidos ou indicados. Em 1979 foi permitida a
reorganização dos partidos políticos, no entanto, o eleitor tinha que vincular
suas escolhas no momento da votação para candidatos de um mesmo partido.
O Movimento Diretas Já nasceu pela insatisfação com esse governo.
Em registros feitos por Putnam, Leonardi e Nanetti (2002, p. 128), consta
que uma parte dos representantes políticos italianos da década de 1970 achava
que a democracia cresce quando há a participação popular, e que a descentra-
lização aumenta a eficácia administrativa.
Uma das consequências da democracia é resguardar o direito de participa-
ção da população na condução da gestão do lugar, sendo que a participação da
população funciona como um mecanismo que garante a eficácia dessa gestão.
A gestão democrática da cidade enfatiza a democracia participativa, tanto
no nível federal como estadual e municipal.
Embora seja necessária a participação popular, percebe-se que esse assun-
to não é interessante para as camadas populares e, por conta disso, muitos não
participam dos eventos de tomadas de decisão para o município, ainda que
sejam convidados para isso.
Tomando-se por base essas verdades, percebe-se que no caso de Rio Bran-
co/AC, a baixa participação deu-se também porque as pretensões da popula-
ção – que no geral tem necessidades mais imediatas – não eram prioridades
durante as discussões nas oficinas de leituras comunitárias e técnicas, ao lon-
go de todo o processo.
4. PLANO DIRETOR
Plano Diretor é um conjunto de regramentos e diretrizes técnicas para
o uso e ocupação do solo do município. Esse instrumento contribui para o
desenvolvimento do mesmo, no que diz respeito aos aspectos físico, social,
econômico e administrativo. Mas é necessário que esse conjunto de normas
seja construído com a participação da população local, pois somente dessa
forma atenderá seus anseios.
58 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Sobre essa temática, em entrevista concedida a Muniz, o ex-prefeito da
cidade de Fortaleza/CE, Vicente Fialho, opinou:
60 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
5. ANÁLISE DE RESULTADOS E DIAGNÓSTICO
Feito e aprovado o Plano Diretor, foram aplicados questionários com o
propósito de extrair qual a visão que os entrevistados tiveram do processo e
se haviam participado dos eventos. Essa pesquisa alcançou um total de 170
entrevistados, dos quais 49% eram homens e 51% eram mulheres.
O Gráfico 1 ilustra os percentuais de participação nos eventos. Chama aten-
ção o fato de 70% dos entrevistados não terem tomado parte em nenhum deles.
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Resumo: Este estudo teve como objetivo investigar como os adolescentes co-
meçam a cometer atos infracionais e por que em algumas situações ocorre a
reincidência mesmo após o cumprimento da medida socioeducativa. Diversos
são os motivos pelos quais os adolescentes encontram-se em conflito com a
lei. Fatores sociais, familiares, psicológicos, culturais são o mais frequentes.
Percebe-se a necessidade de investimentos em políticas sociais integradas que
atendam a população em suas necessidades. O Estatuto da Criança e do Ado-
lescente é a expressão máxima do desejo da sociedade brasileira de garantir
direitos das crianças e dos adolescentes fragilizados e principalmente os de
classe menos favorecida, e apesar de ter boas diretrizes e prever os direitos e
deveres na forma da lei não é totalmente eficiente. Verificada a prática infra-
cional, a autoridade competente deverá aplicar ao adolescente medida socioe-
ducativa levando em conta sua capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a
gravidade da infração. As medidas socioeducativas quando aplicadas e ade-
quadamente executadas se mostram eficazes na ressocialização de adolescen-
tes infratores, desde que aplicadas corretamente como proveu o legislador na
elaboração do ECA, devendo haver rígido acompanhamento do adolescente e
não somente no que diz respeito ao cumprimento da medida.
Palavras-chave: Adolescente. Ato infracional. Medida socioeducativa. Rein-
cidência.
64 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
are the most frequent. We see the need for investments in integrated social
policies that meet population needs. The Statute of Children and Adolescents
is the ultimate expression of the desire of Brazilian society to ensure rights of
children and vulnerable adolescents and especially the least favored class, and
despite having good policies and lay down the rights and duties under the law
does not It is totally efficient. Checked for criminal behavior, the competent
authority shall apply to the adolescent socio-educative measure taking into
account their ability to fulfill it, the circumstances and the seriousness of the
offense. The educational measures when applied and properly implemented
are effective in the rehabilitation of young offenders, if properly applied as
provided the legislator in the preparation of ACE and should be hard teen
monitoring and not only with regard to the fulfillment of the measure.
Key-words: Adolescents. Infraction. Socio-educational measures. Recurrence.
INTRODUÇÃO
A abordagem do adolescente ainda hoje é muito discutida em diversas
variáveis como sexualidade, conflito com a lei, maioridade penal, entre outros.
Em especial, o caso de adolescentes autores de atos infracionais é o mais de-
batido. De acordo com dados da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), a in-
cidência de delitos cometidos por adolescentes e jovens chega a 15% e a rein-
cidência nos atos vai de 13% a 22% em uma escala nacional (PASSOS, 2015).
No Estado do Acre, um das Unidades Federativas com as maiores taxas
de internação (onde em cada 10 mil adolescentes, 39,9 estão internados), um
estudo no ano de 2011 apontou cerca de 397 adolescentes cumprindo medi-
das socioeducativas, sendo tanto em meio aberto quanto fechado e realizavam
apoio técnico mediante supervisão (BRASIL, 2012).
Diversos são os motivos pelos quais os adolescentes encontram-se em con-
flito com a lei. Fatores sociais, familiares, psicológicos, culturais são os mais
frequentes. Percebe-se a necessidade de investimentos em políticas sociais in-
tegradas que atendam à população em suas necessidades.
Os adolescentes autores de atos infracionais necessitam mais de uma Rede de
Proteção do que de um sistema que os responsabilize. No entanto, todos os ado-
lescentes que cometerem delitos devem ser obrigatoriamente responsabilizados.
É dever do Estado, da sociedade e da família promover este direito e o
apoio por meio de políticas públicas voltadas principalmente para a educação,
esporte, cultura e lazer. Buscar medidas adequadas a cada situação e soluções
para evitar ou ao menos reduzir os atos e a consequente reincidência.
Instituir políticas que visem à autonomia das famílias e em reformas es-
truturais que permitam uma melhor distribuição de renda, de forma que a
própria unidade familiar possa suprir suas necessidades.
66 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
O Estatuto da Criança e do Adolescente apresenta 267 artigos, constituindo-
se de dois livros: Parte Geral (artigo 1º ao artigo 85) e Parte Especial (artigo 86 ao
258), tendo ainda, as Disposições Finais e Transitórias (artigo 259 ao artigo 267).
Para o ECA em seu artigo 2º, considera-se criança, para os efeitos dessa
Lei, a pessoa até 12 anos de idade incompletos, e adolescentes aquela entre 12
e 18 anos de idade.
De acordo com BRASIL (1990), a Política de Proteção Integral, com ênfa-
se na defesa dos direitos de crianças e adolescentes, veio substituir os modelos
vigentes e, como consequência, provocou uma necessidade premente de reor-
denar o sistema existente. Estabeleceu-se uma preocupação com a criminali-
dade juvenil e a conscientização quanto à gravidade das precárias condições
dessa população (p.11).
Com tal política, cabem duas abordagens principais: a promoção de direitos e
a defesa de direitos. A promoção de direitos estabelece: (1) direito à sobrevivência:
vida, saúde e alimentação; (2) direito ao desenvolvimento pessoal e social: educa-
ção, cultura, lazer e profissionalização; e (3) direito à integridade física, psicológi-
ca e moral: dignidade, respeito, liberdade, convivência familiar e comunitária. Já
a defesa de direitos objetiva manter crianças e adolescentes a salvo de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (LIMA, 2014).
O ECA surgiu no contexto de expansão da democracia social, pós-regime
militar, e de participação social, voltado para a promoção dos direitos sociais,
econômicos e civis dos jovens.
Tendo em vista uma nova legislação e de extrema importância, princípios
norteadores foram imprescindíveis para se concretizar e conscientizar o Estado
e a sociedade do momento de mudança que atravessavam, adotando-se os princí-
pios de: proteção integral, prioridade absoluta, condição peculiar da pessoa em
desenvolvimento, intervenção mínima, dentre outros (SOUZA & SILVA, 2012).
De acordo com Soares (2008), o ECA sistematiza, ainda, uma linha de
defesa de direitos através da instituição de medidas de proteção (artigos 98 a
102). As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre
que os direitos reconhecidos nessa Lei forem ameaçados ou violados: por ação
ou omissão da sociedade ou do Estado; por falta, omissão ou abuso dos pais
ou responsável; e em razão de sua conduta.
2. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Segundo Souza & Silva (2012), o adolescente infrator tem um tratamento
mais rigoroso do que a criança. O rol das medidas apresenta-se taxativo e sua
limitação decorre do princípio da legalidade. Desta feita, fica vedado impor
medidas diversas das previstas no artigo 112 do ECA, o qual dispõe:
Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá
aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
I – advertência;
II – obrigação de reparar o dano;
III – prestação de serviços à comunidade;
IV – liberdade assistida;
V – inserção em regime de semiliberdade;
VI – internação em estabelecimento educacional.
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta sua capacidade
de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a presta-
ção de trabalho forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental re-
68 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
ceberão tratamento individual e especializado, em local adequado às
suas condições (BRASIL, 1990).
O principal objetivo das medidas socioeducativas é a busca da reeduca-
ção e ressocialização do menor infrator que possui um elemento de punição,
uma vez que tem por finalidade reprimir futuras condutas ilícitas (SOUZA &
SILVA, 2012).
Há a necessidade, como regra geral, de se verificar, antes da aplicação
de medidas, a existência de provas suficientes da autoria e da materialidade
da infração.
2. SINASE
Instituído pela Lei Federal 12.594/2012 em 18 de Janeiro de 2012, o SI-
NASE é também regido pelos artigos referentes à socioeducação do ECA,
pela Resolução 119/2006 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente (CONANDA) e pelo Plano Nacional de Atendimento Socioedu-
cativo (Resolução 160/2013 do CONANDA).
A Lei nº 12.594, de 18 de janeiro de 2012 institui o Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo em todo o território nacional e regulamenta a
execução das medidas socioeducativas destinadas ao adolescente que pratique
ato infracional.
O marco legal do SINASE é resultado de forte mobilização da socieda-
de e ação propositiva do governo brasileiro que durante as últimas décadas
discutiu, propôs e se empenhou em assegurar direitos aos adolescentes que
cumprem medidas socioeducativas (BRASIL, 2012).
A articulação das políticas e normas regulamentadoras para a proteção e
promoção dos direitos de adolescentes cumprindo medida socioeducativa é
executada pelo Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE),
por qual é organizada a execução das medidas socioeducativas aplicadas a
adolescentes aos quais é atribuída a prática de ato infracional (BRASIL, 2006).
O SINASE reafirma a diretriz do ECA sobre a natureza pedagógica da
medida socioeducativa e articula os três níveis de governo para o desenvolvimento de
programas de atendimento, considerando a intersetorialidade e a corresponsabilidade
da família, comunidade e Estado. E estabelece ainda as competências e res-
ponsabilidades dos conselhos de direitos da criança e do adolescente, preven-
do sua integração com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos
(SGD), tais como o Poder Judiciário e o Ministério Público (BRASIL, 2012).
Priorizaram-se as medidas em meio aberto (prestação de serviço à
comunidade e liberdade assistida) em detrimento das medidas privativas ou
restritivas de liberdade em estabelecimento educacional (semiliberdade e
internação), haja vista que estas somente devem ser aplicadas em caráter de
excepcionalidade e brevidade (BRASIL, 2006).
3. ADOLESCÊNCIA
A adolescência é definida como um período biopsicossocial que com-
preende, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1965), a segunda
década da vida, ou seja, dos 10 aos 20 anos, dividida em três fases: pré-ado-
lescência, dos 10 aos 14 anos; adolescência, dos 15 aos 19 anos completos; e
juventude, dos 15 aos 24 anos. Esse também é o critério adotado pelo Ministé-
rio da Saúde do Brasil (Brasil, 1990) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) (Brasil, 1990).
A fase da adolescência varia de pessoa para pessoa, de cultura e do perío-
do histórico que se analisa. Há algumas décadas a adolescência começava aos
13 e terminava aos 18 anos.
A adolescência pode ser entendida como um processo fundamental biológi-
co de vivências orgânicas, na qual se aceleram o desenvolvimento cognitivo e a
estruturação da personalidade que constitui o período da vida de 10 a 20 anos.
Por juventude entende o período entre 15 e 24 anos e resume uma categoria
sociológica que constitui o processo sociocultural demarcado pela preparação
dos indivíduos para assumir o papel de adulto na sociedade, no plano familiar
e profissional (LINS, 2002).
O processo de adolescer envolve a sociedade, o lar, a família, grupos, es-
cola, lazer, leis, serviços de saúde, planejamento urbano e todos os cenários
necessários para a existência adolescente (HEIDEMANN, 2006).
Segundo (HEIDEMANN, 2006), pode-se caracterizar a adolescência
como o processo de desenvolvimento físico, emocional e social do ado-
lescente como uma fase de mutação. Cabe uma diferenciação entre pu-
berdade e adolescência. Puberdade refere-se às modificações biológicas, e
adolescência refere-se às transformações biopsicossociais.
Para Prates (2001) a principal razão para a adolescência ser chamada de ida-
de-problema se deve ao fato de que os adolescentes, com muita frequência, são
julgados pelos padrões adultos e não pelos que são adequados às suas idades.
70 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
As condutas adolescentes agressivas com a família, escola e sociedade, tão
criticadas e abominadas, surgem em resposta aos seus conflitos anteriores.
Nessa situação, a agressão é a forma que o adolescente encontra para pedir
socorro e comunicar que ele não está bem (HEIDEMANN, 2006).
Estatisticamente, jovens de 12 a 15 anos sentem-se solitários com maior
frequência do que os de 16 a 20 anos, não existindo nítidas diferenças entre
meninos e meninas (KLOSINSKI, 2006).
Segundo Prates (2001), a família que maltrata crianças e adolescentes,
contribui para o aumento no número de jovens infratores, ocasionando fugas
do lar e desamparo, passando a se dedicar a atividades como vagar pelas ruas,
brincar, furtar, pedir dinheiro, usar drogas e prostituir-se.
A agressividade, como comportamento juvenil, pode ter muitas causas,
em parte condicionadas pelo desenvolvimento, e que ainda continuam sendo
normais. Mas por outro lado a agressão também pode ser entendida como
reação às numerosas contradições do mundo dos adultos.
Para Klosinski (2006), a inclinação para a violência e a criminalidade como
expressão de comportamento agressivo podem ser entendidas como sendo o
estágio final de um processo biopsicossocial; trata-se da união de várias cau-
sas, para o qual ocorrem muitos pressupostos das mais diferentes espécies, e
ao qual se acrescentam fatores situacionais e contextuais.
Entretanto, não há um conceito unificado de violência no Direito Penal,
como também não existem critérios que permitam estabelecer distinção entre
ações sociais e violência (KLOSINSKI, 2006).
Ainda segundo o mesmo autor, a violência reúne poder, prepotência,
opressão, abuso. Um contexto familiar agressivo aumenta a disposição para os
comportamentos agressivos. Crianças e adolescentes que são duramente cas-
tigados ou maltratados apresentam intensas fantasias de agressão. Por outro
lado, pessoas criadas em regime não autoritário têm-se mostrado fortemente
angustiadas, inseguras, irritáveis e reativamente agressivas.
Influências situacionais, como grande falta de espaço, a inexistência
de possibilidades adequadas de jogo e de ocupação, as situações frustran-
tes que impossibilitam a cooperação, ou condições de competição exces-
siva sem criação de laços, levam com frequência à raiva e agressão (KLO-
SINSKI, 2006).
Fatores típicos de influência sociocultural são ainda a violência familiar,
o abuso e abandono das crianças, o alcoolismo dos pais e o comportamento
violento dos adultos; tais fatores deixam marcas que fazem com que os que fo-
ram vítimas na infância mais tarde venham a ser os culpados na adolescência.
Por todos esses motivos é que a adolescência é a fase mais favorável para a
pessoa se envolver em práticas delituosas (VIDAL, 2003).
72 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
de atos infracionais estão vinculados à influência emocional dos abandonos
vivenciados por eles (SOARES, 2008).
No entanto, torna-se insuficiente o trabalho psicológico somente, sendo
necessária uma visão ampla e sistêmica da vida desses jovens, envolvendo di-
versos setores e áreas de conhecimento, buscando reflexões e soluções para
uma realidade cruel que lhes é apresentada e estabelecida (VIDAL, 2013).
74 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Por meio da delinquência, a criança ou o adolescente manifesta a espe-
rança de encontrar um quadro de referência, ou seja, um controle externo
que o liberte de seus medos e ansiedades e o torne livre para viver, explorar
e dimensionar seus impulsos construtivos e destrutivos (WINNICOTT, 2005).
CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo investigar como os adolescentes
começam a cometer delitos e por que em algumas situações ocorre a reinci-
dência mesmo após o cumprimento da medida socioeducativa.
Ao fim da pesquisa, foi possível perceber que o resgate do adolescente autor
de ato infracional não pode desconsiderar suas relações e interligações com a
sua realidade social. O ECA, apesar de ter boas diretrizes e prever os direitos e
deveres das crianças e adolescentes na forma da lei e de ter sido um marco após
o Código de Menores, mesmo sendo obedecido, não é totalmente eficiente.
Primeiramente, as medidas socioeducativas devem ser aplicadas de acor-
do com as características da infração, circunstância sociofamiliar e disponibi-
lidade de programas e serviços em nível municipal, regional e estadual.
Também se faz necessária a presença do Assistente Social para acompa-
nhamento. Tal profissional irá avaliar a aplicação da medida no ambiente do
adolescente; caso ele se ache impedido de cumpri-la, de nada adiantará sua
execução.
O Serviço Social também é responsável por fiscalizar se as tarefas descri-
tas na medida estão sendo realizadas, além da frequência do adolescente e os
incidentes que eventualmente podem ocorrer.
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WINNICOTT, D. W. Privação e delinquência. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Abstract: The relevance of this work was to demystify to the population the
conditions for the reception of children/adolescents living in shelters, know-
ing that in Brazil there are about 37.240 children and adolescents living in
institutional care; it is what reveals the National Register of Children and
Adolescents received (CNCA), maintained by the National Council of Justice
15
Professora do Curso de Serviço Social da Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO),
graduada em Serviço Social na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO), acadêmica do 5º
ano de Direito na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO), pós-graduada em Psicologia,
Serviço Social e Direito na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO).
16
Graduada em Serviço Social na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO), acadêmica do
6º período de História na Universidade Federal do Acre (UFAC), pós-graduada em Psicolo-
gia, Serviço Social e Direito na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO).
78 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
(NYCs). The majority of children/adolescents in reception is male, reaching
the total of 19.641 persons. The State of Acre has only one shelter for chil-
dren/adolescents in situation of special protection and institutional host: it is
Educandário Santa Margarida, located in Rio Branco – capital city of State of
Acre –, and it’s capacity to attend just 40 children, from 0 to 12 years. There-
fore, within this reality we found some myths created by society, because all
the complexity that involves the history of each family is not known. Among
these myths we can cite as main: abandoning family; every child/adolescent
is for adoption and adoption is the best solution to the problem. On the con-
trary of the society’s vision, the Federal Constitution of 1988 and the Statute
of the Child and Adolescent (ECA) determine legally as should occur the In-
stitutional Host, which will be explained hereafter.
Key-words: Institutionalization. Family. Children. Teenagers.
INTRODUÇÃO
No mundo todo, sempre houve crianças e adolescentes negligenciados,
maltratados, abandonados e assim por diante, necessitando de um amparo
legal que regulamentasse sua situação.
No Brasil existem cerca de 37.240 crianças e adolescentes vivendo em
abrigos, que é o que revela o Cadastro Nacional de Crianças/Adolescentes
(CNCA), mantido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). São Paulo é o
estado com o maior número de crianças e adolescentes em acolhimento, com
8.485 do total. Na sequência aparecem os estados de Minas Gerais (5.574), Rio
de Janeiro (4.422), Rio Grande do Sul (3.802) e Paraná (2.943). A maioria das
crianças e adolescentes em acolhimento é do sexo masculino, chegando a um
total de 19.641; as do sexo feminino somam 17.599.
No Acre, o único abrigo destinado a crianças e adolescentes em situação
de proteção especial de acolhimento é o Educandário Santa Margarida, com
capacidade para acolher 40 crianças e adolescentes, com idade de zero até 12
anos completos.
Este trabalho tem como meta mostrar, a partir de pesquisas bibliográfica e
de dados colhidos em campo, os mitos criados sobre o acolhimento institucio-
nal de crianças e adolescentes no Educandário Santa Margarida.
Portanto, a escolha do tema visa contribuir com o debate sobre acolhimen-
to institucional no Estado do Acre, desconstruir a ideia que é “melhor manter
a criança/adolescente em situação de risco em abrigo institucional do que no
seu próprio lar”, sendo que o lugar adequado para eles é no seio familiar, que
tem um papel fundamental no seu desenvolvimento.
Este artigo propõe ainda discutir a importância da atuação do Serviço
Social, Psicologia e Direito no processo de acompanhamento e acolhimento
institucional de crianças e adolescentes.
80 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Os novos arranjos se fortaleceram após a promulgação da Constituição Fe-
deral Brasileira de 1988, que estabelece que os filhos extraconjugais tenham
os mesmos direitos que os nascidos da relação matrimonial, e dispensa o vín-
culo do casamento civil para que se possa reconhecer uma família, relação
esta conhecida como uma união estável. E o que era conhecido anteriormente
como pátrio poder, com a nova Carta Magna é denominado poder familiar.
Assim, o modelo patriarcal cada vez menos se faz presente na atuali-
dade, e o que observamos são relações baseadas no carinho, afeto que conduz
o casal a viver harmonicamente com os filhos, sejam biológicos ou não.
Outro ponto relevante é que a união pode ser duradoura ou não, pois
a Constituição Federal Brasileira de 1988 aprovou também o divórcio dos
cônjuges. Podemos destacar também dois novos tipos de arranjos familiares
mais presentes nas famílias contemporâneas, que são elas: família homoafeti-
va – que se constrói a partir da união de duas pessoas do mesmo sexo; família
monoparental – que é chefiada pelo o pai ou pela mãe e uma ou mais crianças
ou adolescentes.
O conceito de família vai mudando de acordo com as mudanças sociais, ou
seja, a família já não é mais a mesma de pouco tempo atrás.
Segundo Marconi e Presoto (2009), dentre as funções da família alguns
estudiosos destacam quatro, que são: sexual, reprodução, econômica e educa-
cional. Sexual – atende às necessidades sexuais do casal permitidas através do
matrimônio ou da união. Reprodução – visa perpetuar a espécie, mesmo em
sociedades onde há liberdade sexual, a procriação é regulada com normas e
sanções que legitimam a família. Econômica – assegura o sustento e proteção
do grupo, conduzindo a divisão de tarefas e a estratificação, com status dife-
renciados entre os membros. Educacional – o grupo tem a responsabilidade
de transferir os conhecimentos de geração a geração.
Cabem, então, às famílias a responsabilidade pela criação, educação, de-
senvolvimento e formação da criança. Porque é através da família que esse
pequeno ser recebe orientação e estímulo para ocupar seu lugar na socie-
dade adulta. Os jovens aprendem e assumem atitudes e papéis do pai e da
mãe; o marido exerce o papel de elo entre família e meio social através da
provisão de bens materiais, e a esposa e mãe é responsável pela criação dos
filhos e cuidados do lar (PRADO, 1984 p.76).
Meninos e meninas a partir de seus sete anos de idade iam para as casas de
outras pessoas, para trabalharem, sendo chamados de aprendizes. Porém, com
o tempo, a necessidade de uma educação teórica substituiu a educação prática
e pelo costume desenvolveu a escolarização, onde os pais desenvolveram um
sentimento novo em relação às crianças, sendo esse clima sentimental diferente
do que se tinha antes, algo mais próximo da nossa realidade nos dias de hoje.
No Brasil Colonial, as famílias eram numerosas, sendo normal uma família
ter até 33 filhos, e nesse período não se tinha muita afetuosidade para com a
criança, que, de acordo com Kidder e Fletcher vemos:
Nesse período, além das famílias serem numerosas, tinha-se ainda inúme-
ros casos de mortes de crianças ainda com pouca idade, e isso explica o fato
de os pais não terem muito apego às mesmas.
Essa realidade começou a mudar quando as crianças aos poucos vão ga-
nhando espaço e reconhecimento na sociedade. Com o decorrer do tempo, as
crianças foram transformadas em menores, e passaram a ser objeto de aten-
ção de médicos, juristas, psicólogos e pedagogos, sob a influência da “filosofia
das luzes”, do utilitarismo e da medicina higienista.
Já as famílias que deram origem à população acriana foram duas: família
indígena e família seringueiro. Dessa forma, tínhamos o perfil de dois tipos de
crianças no Acre: a indígena e os filhos de seringueiros.
As crianças indígenas ajudavam os pais em algumas atividades e a realização
de tarefas correspondentes à idade, como por exemplo, cuidar dos irmãos mais
novos para as meninas, e os meninos ajudavam os pais, por exemplo, a pescar.
Elas eram ainda livres para brincar durante o dia, para tomar banho no rio, can-
tarem e brincarem de roda e assim aprenderem as tradições da tribo.
82 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Já os filhos de seringueiros aprendem cedo o ofício da extração do látex
com os pais (nesse caso a maioria das vezes para os meninos); as meninas
aprendem muito pequenas ainda, com a mãe a cuidar da casa, lavar a roupa,
fazer doces, cuidar dos irmãos etc.
Nesses dois modelos familiares encontrados na região acriana as crianças
cedo tinham que aprender as responsabilidades da vida adulta e por conse-
quência logo formavam suas famílias.
Na atualidade, embora seja lamentável a situação de risco social em que
se encontra grande parcela de crianças e adolescentes, o Estatuto da Criança
e do Adolescente veio então proporcionar às crianças e adolescentes do país
uma nova realidade, tornando-os sujeitos de direitos e deveres, rompendo
com uma visão de ser desvalorizado, objeto de intervenção para a cidadania
plena dos seus direitos.
84 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
1. A criança chora, chama e busca ao progenitor ausente, recusando
quaisquer tentativas de consolo por outras pessoas.
2. Retraimento emocional que se manifesta por letargia, expressão facial
de tristeza e falta de interesse nas atividades apropriadas para a idade.
3. Desorganização dos horários de comer e dormir.
4. Regressão ou perda de hábitos já adquiridos, como, por exemplo, fa-
zer xixi e/ou cocô na roupa (ou cama), falar como se fosse mais novo.
5. Desinteresse paradoxal, que se manifesta por indiferença às recorda-
ções da figura cuidadora (fotografia ou menção do nome), ou mesmo
uma espécie de “ouvido seletivo”, que parece não reconhecer essas
pessoas.
6. Como comportamento alternativo, a criança pode mostrar-se exata-
mente ao contrário das características acima; torna-se extremamente
sensível a qualquer recordação do(a) cuidador(a), apresentando mal
-estar agudo diante de qualquer estímulo que lembre da pessoa.
7. Chama as mães sociais ou alguém que cuide dele (a) de “mãe”, ao in-
vés de suas mães biológicas.
8. Agressividade, irritabilidade, depressão, entre outros.
86 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
problema que ainda não foi erradicado. Milhares de crianças e adolescentes
ainda vivem em abrigos em situação de acolhimento institucional, e como
uma herança histórica trouxe consigo uma bagagem de mitos, um exemplo é
pensar que esses sujeitos estão abandonados pelos pais ou se encontram em si-
tuação de adoção, mas como podemos ver, isso não é real. Existe um pequeno
número de crianças e adolescentes que se encontram nessas situações, porém
são exceções. As crianças e adolescentes em risco social são encaminhados
pelo Juizado de Menores ou Conselhos Tutelares por se encontrarem com seus
direitos violados, e não entregues ao abrigo para adoção, como se pensava.
A sociedade comumente tem a ação de julgar as famílias desses indivíduos
como responsáveis por essa situação, mas desconhecem a real problemática de
seus familiares. No Acre, em especial, esses pais estão diretamente ligados ao
fato de serem usuários de drogas, com deficiência mental, dentre outros pro-
blemas. Cabe então aos profissionais que atuam nessa área, assistentes sociais,
psicólogos e operadores do Direito, desmitificarem essa situação, apoiando e
incentivando as famílias à reabilitação química para futuramente recuperar a
guarda de seus filhos.
Cabe ainda a esses profissionais, em especial os psicólogos, olhar para a
subjetividade desses indivíduos com o intuito de proporcionar autoconfiança
para a resolução de seus conflitos pessoais e principalmente auxiliar para que
crianças e adolescentes sofram menos com os impactos do acolhimento insti-
tucional, para que as mesmas não levem consigo traumas para o resto da vida.
Aos assistentes sociais existe a necessidade de não intervir de forma frag-
mentada, visando apenas às crianças e adolescentes, mas sim o núcleo familiar
inteiro, levando em consideração que muitas vezes não são apenas as crianças e
adolescentes que se encontram com seus direitos violados, mas a família toda.
Por isso, deve-se desenvolver junto às famílias alternativas de mudanças com a
finalidade de auxiliar as mesmas em novas possibilidades de vida, assim empo-
derando-as e fortalecendo-as. E ajudar aos pais a romper com a ideia de que ins-
titucionalizar crianças e adolescentes seja uma forma de garantir seus direitos.
Temos, então, o dever de mostrar à população e às famílias que o abrigo
institucional, por mais que deva parecer com um lar, não é um lugar propício
para crianças/adolescentes, e sim que é dever da família desenvolver tal fun-
ção de cuidar e proteger seus filhos. Existe a necessidade de olharmos para
essas crianças/adolescentes em situação de acolhimento como uma realidade
que precisa de mudanças, pois o Poder Público e a sociedade de maneira
geral não se importa com os mesmos, ficando eles esquecidos em abrigos e
ignorados por todos, como um problema que a séculos o Brasil ainda tem que
enfrentar. Sendo que temos que vê-los como o futuro da nação e temos que
nos questionar: será que estamos fazendo algo para melhorar essa problemáti-
ca? Quem serão esses pequenos indivíduos na vida adulta? Qual o futuro que
queremos para o nosso país? O que posso fazer para mudar essa realidade?
88 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
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2004.
90 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
ABSTRACT: The lack of planning in relation to financial aspects is one of the
main reasons for the failure of companies in Brazil. According to SEBRAE
data, more than 70% of micro and small Brazilian companies close their doors
in the first five years. So for a new entrepreneur to get success you need to
follow some precautions when it comes to the financial life of the new business.
In Brazil, every day, micro and small companies are trying to survive in the
market, seeking better ways to lower their costs so they have a better economic
development, from this information we seek to show in this paper that a way
for these businesses to achieve better performance capability is tax planning,
which show how much these companies account for the GDP (gross domestic
product) national, and how they are affected by high Brazilian tax burden,
which often come to fail by not supporting the cargo and also for lack of
knowledge of the manager to manage the enterprise. In this context, we seek
to show through tests and demonstrations, which, with proper tax planning,
we can minimize the tax burden and thus the costs, with the demonstration a
small fictitious company in the business of providing financial services.
Key-words: Tax Planning. Simple national. Presumed profit.
INTRODUÇÃO
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), o Brasil possui a maior carga tributária da América Latina, onde, de
acordo com o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), no ano
de 2014, o percentual da carga foi de 35,42% do Produto Interno Bruto (PIB). É
nesse cenário que as micro e pequenas empresas tentam se firmar no mercado,
exigindo que seus gestores procurem formas de minimizar seus custos para que,
assim, aumentem consideravelmente seus lucros e consigam sobreviver.
É notório que as micro e pequenas empresas pontuam entre um grupo
considerável e de vital importância para a economia brasileira e, segundo o
SEBRAE (2011, p. 43), estas correspondem a 99% dos estabelecimentos for-
mais no país. Ainda segundo o SEBRAE, um dos motivos que potencializam
os investimentos nesse setor é “o maior motivo de início de uma MPE é a des-
coberta de uma oportunidade de negócio. [...] O segundo maior motivo é a
experiência em outra MPE [...]” (SEBRAE, 2011, p. 45), o que, de certa forma,
intensifica maior possibilidade de sucesso. Ainda de acordo com o SEBRAE, a
maioria das micro e pequenas empresas não sobrevivem aos primeiros cinco
anos (SEBRAE, 2010), e isso se deve à falta de conhecimento e planejamento
do empreendedor em gerenciar de modo geral o seu negócio, levando em
consideração também os seus aspectos financeiros e tributários, pois, segun-
do Fabretti (2006, p. 33), “o planejamento tributário exige, antes de tudo, um
bom planejador”.
1. PLANEJAMENTO
1.1. Conceito de Planejamento
Podemos encontrar muitos autores discorrendo a respeito de planejamen-
to fiscal, e um deles é Chiavenato, que descreve da seguinte forma o planeja-
mento tributário:
Tendo como base o texto acima, podemos dizer que planejamento é uma
tarefa que busca organizar, preparar e estruturar uma ideia de modo que ela
possa ser executada da melhor forma possível, com o intuito de se alcançar o
objetivo pretendido. O indivíduo que assume essa responsabilidade é o gestor
ou administrador do negócio, tornando-se essencial para que as tomadas de
decisões venham ser coerentes e precisas, de modo que se possibilite alcançar
o objetivo, pois aquele que planeja tem maior chance de prever que pode
acontecer e agir com eficácia.
Para fazer um planejamento é necessário traçar metas para que a empresa
possa, através delas, obter seus objetivos, a fim de ter eficácia e eficiência na-
quilo que deseja alcançar, no caso a redução dos custos.
92 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
1.2. Planejamento Tributário
O planejamento tributário é um instrumento pouco utilizado pela mi-
croempresa, porém é uma das melhores formas de economizar, conforme o
livro de Gustavo Oliveira, onde ele mostra o seguinte sobre o planejamento
tributário:
2. REGIMES TRIBUTÁRIOS
A condição estabelecida para as micro e pequenas empresas deve ser es-
tudada de modo especial, seja pelo impacto que a carga tributária causa sobre
a mesma, ou devido aos regimes de enquadramento tributário vigente, seja o
lucro presumido ou o simples nacional, pois em simples gesto da escolha de
um regime, sem antes planejar, pode acarretar no insucesso do negócio.
94 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
nesse regime de tributação, basta a empresa possuir receita anual de até R$
3.600.000,00, não podendo ultrapassar esse valor, enquadrar-se na definição
de microempresa ou empresa de pequeno porte, cumprir os requisitos pre-
vistos na lei e formalizar a opção. O Simples Nacional abrange os seguintes
impostos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, COFINS, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição
para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa
jurídica (CPP); recolhidos através do DAS (Documento de Arrecadação Sim-
plificado), onde o vencimento é todo o dia 20 de cada mês.
Segundo Ferreira (1997, p. 56), citando a Lei 9.317/96, as principais obri-
gações das empresas optantes pelo Simples consistem em efetuar o pagamen-
to dos impostos e contribuições unificados pelo Simples em uma guia única,
apresentar anualmente declaração simplificada e possuir livro-caixa, livro de
registro de inventário de todos os documentos nos quais se baseia a escritura-
ção desses livros.
Assim, as exigências das obrigações solicitadas pelo fisco para as empresas
optantes pelo Simples Nacional são bem simplificadas, para não dificultar a
inclusão no sistema e para melhor compreensão do contribuinte. Mantendo
as obrigações em dia, a empresa se mantém sem pendências, prolongando sua
permanência nesse regime de tributação. Além de ser obrigado a apresentar
as obrigações acessórias, como o regime do lucro presumido.
96 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
A empresa possui 15 funcionários com remuneração de R$ 788,00, veja
abaixo:
Fonte: http://idealsoftwares.com.br/tabelas/tabela
98 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
Acima temos a Tabela 3 utilizada pelo anexo III do Simples Nacional,
e como podemos observar a alíquota a ser aplicada sobre o faturamento
tem como base os últimos 12 meses de receita, e à medida que ela (receita)
aumenta, a alíquota do imposto sobe. Também vemos que através de uma
guia única são recolhidos os seguintes impostos: IRPJ, CSLL, COFINS, PIS
E INSS/CPP; é uma forma de simplificação.
A Tabela 4 demonstra que a empresa teve alíquota inicial de 4%, pois era
início de atividade, não possuindo nenhum faturamento anterior; na coluna
de Serviços, expõe o valor da receita mensal, o Documento de Arrecadação
mensal (DAS) que significa o valor do imposto do Simples Nacional a recolher
e o ISS, que é calculado sobre o faturamento, possui uma alíquota de 5%, pois
no Município de Rio Branco é determinado que o ISS seja recolhido em uma
alíquota fixa para o município. O valor de impostos federais recolhidos no ano
foi de R$ 34.551,31 e municipal R$ 31.215,00
Para cálculo dos impostos recolhidos na folha elaboramos uma breve pla-
nilha expondo os valores recolhidos. Como dito anteriormente, constam ape-
nas os encargos devidos pelas empresas do Simples Nacional, vejamos:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O planejamento tributário não é somente uma forma de reduzir custos,
mas também traz uma oportunidade competitiva. O planejamento deve ser
elaborado de forma lícita, amparada pela legislação, a fim de o contribuinte
reduzir sua carga tributária. No planejamento tributário apresentado neste
artigo (da empresa prestadora de serviço contábil), como dito anteriormente,
seu regime atual é o Lucro Presumido, onde observamos que não foi uma
boa escolha, pois recolheu um valor maior de impostos. Quando realizamos
esse planejamento tributário observamos que no Lucro Presumido a empresa
recolheu um valor de R$ 131.914,39; já no Simples Nacional recolheria um
total de R$ 65.766,31, onde teria economizado um valor de R$ 66.148,08,
uma quantia considerável que poderia ser utilizada para outros investimentos,
talvez em capacitação de funcionários, novas máquinas que agregassem valor
aos serviços prestados aos seus clientes etc.
O planejamento fiscal é importante tanto para micro e pequenas como
para empresas de grande porte, pois ele reflete, diretamente, na economia da
empresa.
As pequenas e microempresas são as que mais sofrem, devido a menor
capacidade financeira, não dispondo de adequada assessoria jurídica-contábil
que as mantenham informadas e atualizadas quanto à aplicação da legislação
tributária vigente no momento da realização de seus negócios. A dificuldade
para interpretar a legislação tributária que as pequenas e microempresas bra-
sileiras enfrentam é grande (MONTSERRAT, 2007). Diante de todo o exposto
neste artigo, podemos concluir que para que um negócio obtenha sucesso,
perante nossa economia que não é estável, necessita de meios que diminuam
seus custos, e um desses meios é o Planejamento Tributário.
REFERÊNCIAS
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SEBRAE-SP (2010), “12 anos de Monitoramento da Sobrevivência e Mortalidade
102 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL APLICADA
A MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
Jessica Campos Borel20
Maria de Fátima Rodrigues dos Santos21
Abstract: This paper discusses the bookkeeping applied to micro and small
business, in which we will cover an analysis from origin of accounting until
the present day, with business and accounting professionals has been adapting
to the setting of accounting records and their changes is a time in the daily
business. The goal set is to identify where it goes until the level of knowledge that
entrepreneurs have regarding the importance of bookkeeping in the company.
The methodology used was through literature searches, research conducted
field with entrepreneurs. The results obtained showed that most entrepreneurs
do not have enough knowledge about the bookkeeping in the company.
Key-words: Accounting. Businessman. Level of knowledge.
INTRODUÇÃO
A escrituração contábil para micro e pequenas empresas, tem importância
fundamental tanto para a organização da empresa, quanto ao seu desempe-
nho, ou até mesmo para auxiliar na tomada de decisões.
20
Graduada em Ciências Contábeis pela Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO), Rio
Branco/AC.
21
Graduada em Ciências Contábeis, especialista em Docência do Ensino Superior, vice-
coordenadora do Curso de Ciências Contábeis e coordenadora do curso de Secretariado
Executivo.
1. CONTABILIDADE
1.1. Conceito de Contabilidade
A contabilidade possui vários conceitos como sendo a ciência que estuda
e controla o patrimônio.
104 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
1.4. Escrituração
De acordo com o CFC e o SEBRAE, a escrituração contábil tem como
obrigatoriedade o respaldo no código comercial, que estabelece que todos os
comerciantes devem seguir uniformemente a escrituração, obter livros neces-
sários, e além disso, encerrar anualmente um balanço patrimonial. A escritu-
ração deve seguir um padrão, de forma que alcance todas as operações que
são necessárias para o livro diário, desde que tenha individuação e clareza nos
seus registros. Os registros devem estar em ordem cronológica de dia, mês e
ano, não podendo haver intervalos em branco, borradoras, emendas, entreli-
nhas e raspaduras. Caso o empresário se recuse a apresentar os livros perante
o poder Judiciário, ele responderá perante as autoridades responsáveis.
1.5. Ativo
Segundo o Conselho de Contabilidade, 2012, NBC TG1000, o ativo possui
o benefício econômico futuro, pois é através de seu potencial de contribuição
de forma direta (ou até mesmo na forma indireta) para os fluxos de caixa ou
os equivalentes de caixas da empresa, e esses fluxos podem ser de origem do
uso do ativo ou da sua liquidação.
Ainda de acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, 2012, NBC
TG1000, a maioria dos ativos como os imobilizados e bens imóveis, possuem
a forma física, mas essa forma não é essencial para a existência de ativo, pois
alguns ativos são intangíveis.
Ademais, quando se determina a existência do ativo, o direito de proprie-
dade passa a ser não essencial, como por exemplo: os bens imóveis colocados
no regime de arrendamento mercantil são ativo se a empresa controlar os
resultados esperados que fluam sobre os bens imóveis.
1.6. Passivo
O passivo possui uma característica de que a empresa tem a obrigação de
registrar todos os fatos que provem o que acontece em uma determinada ins-
tituição. A FASB, em seu pronunciamento SFAC 6, relata três características
essenciais para o passivo:
a) contém uma obrigação ou responsabilidade presente com uma ou mais
entidades, prevendo liquidação pela transferência futura provável ou
pelo uso de ativos numa data especificada ou determinável, na ocorrên-
cia de um evento predeterminado, ou assim que seja solicitada;
b) a obrigação ou responsabilidade compromete dada entidade, permi-
tindo-lhe pouca ou nenhuma liberdade para evitar o sacrifício futuro;
c) a transação ou outro evento que obriga a entidade já ocorreu.
1.8. Receita
De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade, 2012, NBC TG1000,
a receita é definida como todos os ganhos obtidos para a empresa, ou seja, é o
aumento do patrimônio da entidade através de atividades desenvolvidas pela
empresa distinguidas por várias definições como: vendas, juros, honorários,
aluguéis, royalties, dividendos e lucros distribuídos. E ganho é um elemento
que se enquadrada como aumento no patrimônio líquido, mas não é conside-
rado uma receita propriamente dita, e para seu reconhecimento nas demons-
trações contábeis fica diferenciado das demais receitas, para se tornar útil nas
tomadas de decisões. (CONSELHO DE CONTABILIDADE, 2012).
1.9. Despesa
A despesa envolve todas as perdas que se originam através de atividades
da empresa, ou seja, são todos os gastos que uma empresa precisar ter para
obter uma receita, por exemplo: o custo das vendas, depreciação e salários,
e emprega geralmente a redução do ativo como caixa e equivalente de caixa,
bens do ativo e estoques. E perda também é considerada um fato redutor do
patrimônio, que se origina através das atividades da empresa, mas é reconhe-
cida separadamente das outras despesas nas demonstrações de resultado, pois
suas informações são de útil importância para as tomadas de decisões econô-
micas. (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2012).
2. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
De acordo com Ribeiro (2009), conforme a Lei n° 6.404/76, demonstra-
ções contábeis são a representação de relatórios elaborados através de infor-
mações adquiridas dos registros contábeis mantidos pela empresa, ou seja, a
demonstração é representação da estrutura da situação patrimonial e financei-
ra, e também o desempenho da empresa.
106 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
2.2. Apresentações das Demonstrações Contábeis
É obrigação da empresa divulgar com clareza cada demonstração contá-
bil e notas explicativas, e diferenciá-las das outras informações apresentadas
eventualmente no mesmo documento. A empresa transparecer informações
necessárias de forma que estejam destacadas, e se necessário repeti-las para
que haja uma boa compreensão da informação disponibilizada como, por
exemplo: o nome da empresa a qual pertence a demonstração contábil, se as
demonstrações se referem a uma entidade individual, a data do encerramen-
to, a moeda utilizada e o nível de arredondamentos efetuados. (OSNI MOU-
RA RIBEIRO, 2013)
A obrigação da empresa de divulgar informações nas notas explicativas se
torna obrigatório devido ter que colocar algumas informações básicas como
sua localização, o país onde foi registrada, a atual localização do seu escritório,
as principais atividades desenvolvidas na empresa e também a descrição da
origem das operações da entidade (RIBEIRO, 2013)
5. ESTUDO DE CASO
5.1. Pesquisa De Campo
A pesquisa foi realizada através de formulário, com perguntas voltadas à
contabilidade da empresa, com o objetivo de descobrir o nível de conhecimen-
to que os empresários têm em relação à utilização da escrituração contábil na
empresa.
108 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
O gráfico acima representa que 30% das empresas pesquisadas possuem
um contador apenas para gerar tributos, e 70% das demais empresas utilizam
além da apuração dos impostos.
110 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
CONCLUSÃO
Neste artigo foi desenvolvido o trabalho sobre escrituração contábil apli-
cada à micro e pequena empresa, com o objetivo de evidenciar os principais
procedimentos contábeis aplicáveis às micro e pequenas empresas de acordo
com as Normas Brasileiras de Contabilidade. Foram realizadas pesquisas bi-
bliográficas e pesquisa de campo aplicada em 10 empresas de diferentes ra-
mos de negócios na cidade de Rio Branco, Estado do Acre.
Com as pesquisas foi esclarecido que a contabilidade surgiu há muito tem-
po, desde os tempos do homo sapiens, e através disso, foi descoberto que a Con-
tabilidade é de fundamental importância para o desenvolvimento da entidade,
e comprova que com sua aplicação dentro da empresa traz confiabilidade nas
tomadas de decisões, pois além de fornecer subsídios contribui para o desen-
volvimento da empresa.
Analisando as informações coletadas, obteve-se resultados tanto positivos
quanto negativos, pois eles demonstraram que para se fazer escrituração na
empresa é necessário que se tenha conhecimento além da teoria da contabi-
lidade, pois o empresário precisa colocar em prática esses procedimentos, e
para que isso seja executado de maneira certa, é necessário que a empresa
tenha um profissional na área de contabilidade para disponibilizar essas infor-
mações ao empresário ou ao seus administradores.
Durante a pesquisa, foi encontrado que há uma deficiência muito ampla
em relação ao empresário com o contador. Conforme a pesquisa realizada
nas empresas, 60% dos questionários respondidos apresenta a ideia de que o
contador só serve para fazer uma contabilidade fiscal, ou seja, apenas serve
para apurar imposto para o empresário pagar. Conforme a pesquisa, 40%
das empresas têm um pouco a mais de conhecimento em relação ao papel do
contador, que segundo eles o contador além de fazer apuração dos tributos,
auxilia fornecendo informações necessárias para a tomada de decisão.
Também foram encontradas muitas outras dificuldades em parte do em-
presariado em relação à contabilidade, inclusive a maioria das entidades entre-
vistadas concorda que é importante manter a contabilização da sua empresa
em dia, mas não fazem isso porque na maioria das vezes não têm auxílio
do contador, ou, mesmo tendo o contador orientando, não querem praticar
os procedimentos corretos, principalmente empresários mais antigos que, na
maioria das vezes discriminam os princípios da contabilidade.
A maioria dos empresários só veem o contador como uma despesa a mais
à empresa; que só fazem apuração de impostos para a empresa pagar. Mas, na
realidade o contador não serve somente para isso; serve para a empresa como
uma ferramenta de fundamental importância.
Com auxílio do contador, a empresa obtém grandes vantagens, além de
colocar a escrituração em dia, ele terá confiabilidade nos resultados infor-
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112 n Revista de Iniciação Científica da FAAO n Rio Branco - AC n Vol. XII n n. 1 n Fevereiro 2016
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DA COOPERATIVA
DE SAÚDE DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO CORPO
DE BOMBEIROS DO ESTADO DO ACRE (CBSAÚDE)
PARA OS MILITARES DA CIDADE DE RIO BRANCO
Bárbara Heliodora Bandeira Bezerra22
Francisca Vânia Sabino23
Abstract: This article aims to present how the employee the importance of the
work of the Cooperative Health of the Public Servants of the State of Acre
Fire Department - CBSAUDE for Rio Branco military. Having divided the
development into several parts which show its operation and development,
such as work carried out by the State of Acre Fire Department in Rio Branco
municipality, every service and training. Soon we see the role of CBSAUDE
toward the military, noting the importance that cooperatives have today, its
growth in the cooperative sector, the role of as a future administrator may
22
Acadêmica do Curso de Administração na Faculdade da Amazônia Ocidental (FAAO).
23
Orientadora. Pedagoga, especialista em Administração Escolar, professora do Curso de
Administração, coordenadora da Pós-Graduação da FAAO, editora assistente da revista de
iniciação científica, revisora técnica e metodológica.
INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais remotos, a cooperação constitui processo social
básico e era meio necessário de defesa contra todos os inimigos. Podemos
afirmar que a cooperação desde cedo atraiu a atenção do homem como
processo que merecia ser encorajado. As provas de que realmente produzia
resultados são encontradas em todos os recantos do mundo e, por isso mesmo,
as ideias concernentes à sua complicada natureza têm caráter universal.
Podemos pegar as práticas de cooperação, tais como as que foram realizadas
pelos Pioneiros de Rochdale, que em 1844 organizaram uma cooperativa de
consumidores e através disso deram origem a grandes movimentos referentes a
esse tipo de cooperativismo, principalmente na Inglaterra, dentre outros países
Com o objetivo de desenvolver e colocar em ação a prática associativa e incentivar
modelos que permitissem obter um desenvolvimento econômico e um avanço
no modo de produção, o cooperativismo, nas últimas décadas, vem se firmando
como uma alternativa segura de quem opta por um mundo mais justo.
O presente trabalho visa mostrar todo o trabalho desenvolvido numa
cooperativa de saúde que tem como finalidade maior o bem-estar e a certeza
de que seus associados estão tendo um serviço digno. Criada por militares
do Corpo de Bombeiros do Estado do Acre (onde o vínculo com o Estado
está apenas no fato de se tratar de militares), podemos assim observar que
a cooperação vem ganhando um olhar seguro, levando em conta todas as
vantagens que o cooperativismo oferece. Tais vantagens, como as econômicas,
são resultante do desaparecimento do conflito trabalho versus capital; vantagens
sociais provenientes da participação dos associados na gestão da cooperativa;
vantagens de ordem interna, como resultado da manutenção da liberdades
democráticas e da realização da democracia econômica. Assim sendo, o grande
enfoque deste artigo é apresentar a importância da sua atuação para com os
associados, apresentando um serviço de agrado e competência, levando ao
associado a facilidade dentre os serviços prestados pela cooperativa.
O trabalho apresentado contém três capítulos. O primeiro capítulo é sobre
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a administração, suas perspectivas, suas influências, abordando o histórico e a
conceituação do cooperativismo; sua atuação e desenvolvimento no Brasil;
seus ramos; a classificação das sociedades cooperativas segundo a legislação; os
movimentos cooperativistas. Abordamos ainda os princípios do cooperativismo,
sua representação nacional, entidades, suas características, diferenças e
responsabilidades sociais. No segundo capítulo será desenvolvido uma abordagem
sobre o Corpo de Bombeiros no Estado do Acre, traçando uma linha do tempo,
sucinta, desde o surgimento à execução desses serviços propostos; o papel do
administrador nas cooperativas, mantendo-as em pleno funcionamento.
Para o terceiro capítulo abordar-se-á o papel da CBSAÙDE como prestador
de saúde para seus associados e como essa cooperativa é vista por eles.
1. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
Desde o início da história humana exigia-se organização para executar
tarefas, que a princípio estava ligada à atividade doméstica e familiar. Nesse
primeiro momento da história já é possível notar as bases da administração
que mais tarde se aprimorariam para atender às necessidades de grupos e
organizações em diversos contextos. Em cada período histórico, ao surgir pro-
blemas decorrentes da evolução humana, precisava-se de novas soluções para
atender essas necessidades.
Nos tempos atuais, a sociedade vista como típica de países desenvolvidos é
uma sociedade pluralista de organizações, na qual a maior parte das obrigações
sociais – tais como a produção de bens ou serviços – é de responsabilidade
das organizações (por exemplo, indústrias, universidades, escolas etc.). E
que necessitam serem administradas para com isso se tornarem eficientes e
eficazes. Nas proximidades do século XIX, a sociedade era diferente, contendo
um número mínimo de pequenas organizações, tais como pequenas oficinas,
artesãos independentes, dentre outros. Mesmo sabendo que o trabalho sempre
tenha existido na história da humanidade, as organizações e sua administração
formam um capítulo recente. Com o aumento da competitividade e a oferta de
produtos e serviços, é natural surgir com mais frequência enfoques e tendências
que ajudem as organizações a serem mais eficientes, e principalmente a
sobreviverem nesta época incerta e de mudanças constantes.
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associados e não para auferir lucros, confere uma marca distinta ao
capital social da cooperativa (SÁ LEITÃO, 1987, p. 16).
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operacional em Rio Branco, o 1° Grupamento de Incêndio (1° G.I), situado
na Estrada da Usina, nº 669, bairro Morada do Sol. O efetivo total é de 279
militares; destes, 122 estão classificados no 1° G.I, onde são distribuídos em
guarnições que ficam num plantão de 24 horas para atender às emergências
que chegam do Centro Integrado de Operações e Serviços Públicos (CIOSP),
através do telefone 193.
Para melhor atender à população, o CBMAC realiza os seguintes serviços:
combate ao incêndio, resgate, corte de árvores, vistoria técnica, palestras
educativas, formação de brigada, além de ser o órgão de coordenação e
execução dos serviços da defesa civil.
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cessita ser visto como fim ou objetivo último do processo econômico, mas,
sobretudo, deve ser visto como um instrumento necessário para a prestação
dos serviços e sua expansão; portanto, deve ser visto como um meio de demo-
cratização de oportunidades e de renda. Entretanto, se faz necessário que o
grau de satisfação do cooperado em relação ao desempenho da cooperativa
esteja em níveis elevados para, assim, se ter a realimentação dos cooperados
em todo o processo. De uma forma mais ampla, estando os cooperados sa-
tisfeitos com o desempenho da CBSAÚDE, eles irão adquirir consciência da
responsabilidade da participação e influenciarão cada vez mais no destino da
cooperativa. Desta forma, a participação dos cooperados pode promover um
maior engajamento, que resulta em criatividade e inovação, fatores estes que
em conjunto realimentam positivamente o ciclo produtivo e faz com que a
CBSAÚDE se torne uma organização com grande desempenho.
CONCLUSÃO
Podemos concluir que a importância da prestação de serviços que a coopera-
tiva oferece para os militares de Rio Branco vem da maneira de como se comuni-
cam e saber lidam com diferentes situações com os próprios cooperados oferecer
um plano com os melhores profissionais, atendendo em todas as especialidades
além das necessidades dos militares. Contando com um ambiente amplo e confor-
tável com o objetivo da satisfação dos seus usuários, com funcionários oferecen-
do o melhor comportamento, sobretudo usando a ética profissional, sempre no
momento em que algum militar chega à cooperativa ou até mesmo por telefone,
dando um “bom dia”, fazendo com que o cooperado sinta-se como parte da orga-
nização da cooperativa, respeitando os colegas e chefes, evitando desentendimen-
to na própria cooperativa, pois uma boa postura gera satisfação dentro da orga-
nização. Hoje, saber se comunicar é muito importante, ter uma boa expressão e
saber falar e, principalmente, ouvir, pois conviver com pessoas diferentes requer
capricho e determinação dentro de um ambiente organizacional.
O comprometimento dos militares (cooperados) e seus superiores traz
para a cooperativa confiança, credibilidade e melhora no aspecto de estar
sempre procurando trazer o melhor para os associados. A cooperativa está no
caminho certo e obtendo seus objetivos de alcançar a qualidade de um plano
de saúde que futuramente não apenas só para militares, mas como para toda
a população do município de Rio Branco.
REFERÊNCIAS
ADMINISTER33. O que é Administração. Disponível em < https://administer33.
wordpress.com/page/2/> Acesso em 23 de setembro de 2015.
ANDRIOLI, Antônio Inácio; GIEHL, Pedro Roque. PCE – Programa de Cooperati-
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