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Capítulo 5
5.1 Introdução
No decorrer do desenvolvimento dos projetos da construção civil, as inúmeras
decisões tomadas pelos projetistas das mais variadas especialidades devem estar
embasadas em diversos critérios. Em particular, na seleção de materiais, os
critérios devem ser estabelecidos de modo a propiciar que tais materiais atinjam
os desempenhos esperados (durabilidade, vida útil, facilidade de manutenção e
assim por diante), e também estejam coerentes com o orçamento estimado,
respeitando as normas técnicas, os aspectos estéticos e o meio ambiente. Nessa
seleção é preciso focalizar sempre o sistema a que os materiais pertencem, para
que o desempenho seja obtido em cada um dos elementos constituintes da
construção e, também, de forma global.
No planejamento, na concepção do projeto e no seu desenvolvimento
propriamente dito tem-se a maior possibilidade de interferência, tanto nos
aspectos de custo, quanto de qualidade e desempenho. A Figura 1 demonstra a
necessidade de se decidir bem, desde o início dos estudos de viabilidade, para que
se possa obter o resultado esperado dos custos de produção. A oportunidade para
influenciar as características finais do edifício é grande na fase de planejamento,
mas toma-se progressivamente menor durante o desenvolviment? ~o projeto. Na
fase inicial de estudo de viabilidade, as horas gastas com a análise do produto
representam uma despesa muito menor do que nas fases seguintes. ~ém disso,
nessa etapa podem ser feitas grandes mudanças do rumo da soluçao adotada
(BATLO UNI NETO 2003). Nas fases seguintes, de concep ção e
desenvolvimento do p;ojeto, que também_ t~m. ~ande influ~ncia, fazem-se as
definições e escolhas. A seleção de mate:1ais! mtunamente ligada ao pr?cesso
construtivo, deve ser exaustivamente d1scut1da ?essas ~a~es, por meio_ dos
diversos critérios que serão apresentados neste capitulo. Iniciada a construçao, a
124 J. Batlouni Neto
100%
LEGENDA
c:J Planejamento
c:J Concepção
c:J Projeto
Construção
c:J
QUALIDADE NA QUALIDADE
ESPECIFICAÇÃO,
AQUISIÇÃO,
RECEPÇÃO E
e NA APLICAÇÃO
( • doa materiais
aceaa6rlo a)
e QUALIDA DE
NA OPERAÇÃO
E
ARMAZENAMENTO MANUTENÇÃO
'Mais detalhes sobre este assunto podem ser encontrados no capítulo 3 deste livro.
126 J. Batlow1i Neto
obrigando neste caso, a recorrer-se a normas internacionais re~ o~e ~id as. Apesar
de todas essas dificuldades, é dever dos agentes da construçao civil cumprir as
exigências constantes nas normas técnicas e legislações oficiais.
Figu ras 3 - Exem plos de aplic ação de mad eira de reflo resta men to (euc alipt o salig na) em (a) tamp o de pia e em (b)
estru tura porta nte e telha do.
- .
Figura 5 - Acondicionamento de resíduos separados por tipo, em bombonas plásticas ou em baias.
Figura 6 - Torneiras com dispositivos "economizadores": (a) por temporizador do fabricante DECA
(www.deca.com.br) e (b) por sensor de infra-vermelho do fabricante DOCOL (www.doc ol.com.br ).
Desde a estabilidade da moeda brasileira, que se deu com o Plano Real a partir
de 1994, as construtoras começaram a utilizar a qualidade do orçame nto da obra
como diferencial de competitividade. A redução do custo de constru ção passou a
ser a melhor forma de aumentar os lucros, substituindo os ganhos que antes eram
auferidos com a correção monetária advinda da variação da inflação . O orçame nto,
antes uma "peça de ficção", mascarado pelas constantes variaçõ es de preços ,
passou a ser algo orientador e controlável.
Sem dúvida um dos critérios mais rigorosos na seleção dos materia is, desde o
. '
início do projeto, é o custo que eles representam. Como o orçame nto da obra é hoje
um guia a ser cumprido, cada decisão de projeto ~e_ve te: seu ~usto v~rific.ado e~
ento co em particular, as decisões para a escolha dos ~atenai s. 0,1d~al e que seJa feito um
mocon trabalho integrado entre projetistas e engenh~rr?s responsa~e1s pelo custo, para que
adores" a meta orçamentária seja atendida sem preJlllZO da qualida de e desemp enho de
projeto, comparando, a todo momento, o custo do materia l especif icado com o
Valor previsto no orçamento.
130 J. Batlouni Neto
Figura 7 - "Kit'' porta-pronta fixado por espuma (catálogo eletrônico do fabricante Sincol www.sincol.com.br)
CUSTO DE CUSTO DE
CUSTO DE UTILIZA ÇÃO MANUTE NÇÃO
CONSTRUÇÃO
IOPERA CÃOl IREPOS ICÃOl
Na seleção dos materiais, o custo de aquisição deve ser confrontado também com
o tempo de vida útil do material e, conseqüentemente, com a sua reposição. Um
caso típico é a comparação de duas lâmpadas que tenham a mesma característica
quanto à eficiência luminosa (medida por lumens por watt - lrn/W), mas com vida
média prevista diferente: uma 30% superior ao da outra. Pode-se concluir ser mais
conveniente comprar a lâmpada de maior durabilidade, caso seu preço, por
, que
" . exemplo , seja apenas 10% mais elevado.
cer
portan
132 J. Batlouni Nero
I 1 1l
ena
ição
e
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l---j
..
Figura LO - Pequenos erros de execução que poderiam ser evitados: guarnição recortada; espelho elétrico e azulejos
manchados por verniz.
5.2.5 Desempenho
exposição: um local yúbli.co, de. alto tráfego, que ?eve estar pe~~enternente
limpo e, portanto, nao suJar facilmente. As necessidades dos usuarios tarnb,
. - d di ern
devem ser le~adas em conta:. .º piso nao ~o e ser e~correg~ o~ deve ter
rugosidades diferentes para facilitar a percepçao de deficientes visuais, e ass'
por diante. Certamente alguns pisos atenderão aos desempenhos solicitad un
pedras nanrrais, ladrilhos hidráulicos, placas pré-fabricadas de concreto, dive:s,8
tipos de cimentados, pisos intertravados de concreto, entre outros (Figuras uº
12). Caberá então, ao projetista, utilizando-se dos outros critérios de sele -e
(custo, disponibilidade, aspectos estéticos, normas técnicas), escolher dentreçao
pisos aprovados aquele que melhor se apresentar. os
Figura 11 - Calçadas da cidade de Bl~ena~ (S~) em piso intertravado de concreto: Rua XV de novembro e
Averuda Berra-no, margem do Rio Itajaí-açu.
Figura 12 - Calçada trabalhada em cerâ · , · na cidade de Abu Dhabi nos Emirados Árabes
nuca rusttca
52.6 Disponibilidad d ..
e os matenazs e da mão-de-obra
ae Umd ·d
.os cu1 ados que o projetist d
specificação feita é possível d a eve ter nas suas escolhas é a de verificar se
Po ' no 1ocal onde a obra sera'
expostos e ser realizad ·
,, a, nos diversos aspectos a seguir·
r ser o Brasil um ,, construida.
tecnológica ' alguns materiais
pais podem
continental
f il ' com elevada diversidade cultural e
ac mente ser encontrados em uma região e
Critérios de Projeto para Seleçtio de Materiais 135
~ a capacidade
µ-eas molhávi
lima porta co~~
pormas técni' I
seja inferior !l
íleros casos, s
nente as no
fnho, sob o · Figura 14 - (a) Protótipo de quadro elétrico e (b) local onde será instalado.
erros cometid
ecificações SJ J ificação
- por desempenho
adquiri-los. Aspectos gerais da especificaçao e a especz
N t a seleção deve ser objeto do
determma
°
arq ~ caso dos materiais de acabam~n e deve zelar pelos aspectos
Uiteto p · , 1 , 1 1
estéf , ois e e e quem 1 ngenheiro responsave pe o
O
orça icos, mas auxiliado sempre pe de a balizar em que faixa de
rnento do empreendime nto, de mo 0
138 J. Batlouni Neto
ão perceb e
adequa d
estabe lec
iais devem
de ser feit
ermina ção
terial contl'f' ~
'd ...... 1
ti o,_ a nolftta
o pavim ento
segu_in~es) S~á
proJeti stas tio
pela equipe da obra, como mencionado no item ante~or. Oco~ que o engenhe·
hoje mais voltado à produção e até mesm? ! questoes adrrurustr~tivas, não Iro,
tempo para elucidar dúvidas na descnçao d~ prod~to advmdas de ufein
inconsistente especificação. Portanto, quanto m~s preci~a for a especifica~
maior a possibilidade de a requisição chegar tambem pr~~1s! ao departarnent~
suprimentos da construtora, repercutindo numa boa aqms1çao.
Critério
Produto
Local de a lica - o
Normas técnicas
Desem nho/durabilldade
Características do concreto
Trabalhabilidade
A re ado
Pre
5
A ABESC (Associação Brasile· d s . s· duscon·5pe
outras construtoras I b d ira os erviços de Concretagem) elaborou juntamente com o in ue está
co a ora oras uma min ta em q
estabelecida uma sén'e de · 1" _ u para a contratação dos serviços de concretagem
m onnaçoes necessári .
as para a boa caractenzação do concreto.
Critério.1· de Pro·
'}elo para Seleção de Materiais
141
.2 Disju11tor elétrico
s.4
0111 cn11cnhc iro está elabora~do um projeto elétrico . " .
Finalizou os calculos para determmação dos circuitos elétricde um~ res1~enc1a.
'pecificar os disjuntores que protegerão os condut dos e ~ai s~lec1onar e
es b U ·1· ores os crrcmtos contra
rrentes de so recarga. ti 1zou, para tanto as nonnas NBR 5410 . _
eO b ·
Jétricas de aixa -
tensao (ABNT ' Instalaço
, 2004) e NBR NM 60898 .. 0 ISJUntore
. .· es
e ~ d b . _ s para
proteçao e so reco!1"~ntes para mstalaçoes domésticas e similares ABNT
2004). Optou pelos d1sJuntores padrão DIN6 (europeu) confonne Quadr~ 2: '
Quadro 2 - Especificação de disjuntor
Critério
Características
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