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FICHAMENTO

PEIRCE, Charles Sanders. Os Três Tipos de Bem. In: Semiótica. trad. José Teixeira Coelho Neto. São
Paulo: Perspectiva, 1999.

Aluno: Danillo Costa Lima

Disciplina: Seminário de Pesquisa I

1. As Divisões da Filosofia
... por filosofia, entendo aquele departamento da Ciência Positiva, ou Ciência do Fato, que não se
ocupa com reunir fatos, mas simplesmente com aprender o que se pode ser aprendido com essa
experiência que nos acossa a cada um de nós diariamente e a todo momento. Não reúne novos fatos
porque não necessita deles, [...] tais fatos novos, por mais notáveis que possam ser, proporcionam um
suporte bem mais fraco, e de muito, à filosofia do que essa experiência comum, da qual ninguém
duvida ou pode duvidar...
[...]
A filosofia tem três grandes divisões. A primeira é a Fenomenologia, que simplesmente contempla o
Fenômeno Universal e discerne seus elementos ubíquos, Primeiridade, Secundidade, Terceiridade,
juntamente, talvez, com outras séries de categorias. A segunda grande divisão é a Ciência Normativa,
que investiga as leis universais e necessárias da relação dos Fenômenos com os Fins, ou seja, talvez,
com a Verdade, o Direito e a Beleza. A terceira divisão é a Metafísica, que se esforça por compreender
a Realidade dos Fenômenos. [...] A metafísica é a ciência da Realidade. A realidade consiste na
regularidade. Regularidade real é lei ativa.
[...]
A Ciência Normativa não é uma prática, nem uma investigação conduzida com vistas à produção de
uma prática. [...] mesmo que a Ciência Normativa não tenda, de modo algum, ao desenvolvimento de
uma prática, seu valor continua o mesmo. Ela é puramente teórica. [...] o fato de os homens, em sua
maioria, demonstrarem uma predisposição natural para aprovar quase os mesmos argumentos que a
lógica aprova, quase os mesmos atos que a ética aprova, e quase as mesmas obras de arte que a estética
aprova, pode ser encarado como um fato tendente a apoiar as conclusões da lógica, ética e estética.
Mas, um tal apoio é absolutamente insignificante; e, num dado caso em particular, afirmar que algo é
bom e válido logicamente, moralmente ou esteticamente por nenhuma outra razão melhor exceto a de
que os homens têm uma tendência natural para assim pensarem, pouco me importando quão forte e
imperiosa essa tendência possa ser, constitui uma falácia das mais perniciosas que já se registraram.
[...]
Uma estreiteza sutil quase inerradicável na concepção da Ciência Normativa atravessa quase toda a
moderna filosofia levando-a a relacionar-se, exclusivamente, com o espírito humano. O belo é
concebido como sendo relativo ao gosto humano, o certo e o errado dizem respeito apenas à conduta
humana, a lógica lida com o raciocínio humano. Ora, em seu sentido mais verdadeiro, estas ciências
são, certamente, ciências do espírito. Só que a moderna filosofia nunca foi de todo capaz de desfazer-
se da ideia cartesiana do espírito, como algo que “reside” – tal é o termo – na glândula pineal. [...] esta
é uma concepção muito estreita de espírito.
- pp. 197-201

2. O Bem Ético e o Bem Estético

Pois, sendo a Ciência Normativa em geral a ciência das leis de conformidade das coisas com seus fins,
a estética considera aquelas coisas cujos fins deve incorporar qualidades do sentir, enquanto que a ética
considera aquelas coisas cujos fins residem na ação, e a lógica, aquelas coisas cujo fim é o de
representar alguma coisa.
[...]
O ato de inferência consiste no pensamento de que a conclusão inferida é verdadeira porque em
qualquer caso análogo uma conclusão análoga seria verdadeira. Assim, a lógica é coeva do raciocínio.
Todo aquele que raciocina ipso facto sustenta virtualmente uma doutrina lógica, sua logica utens.1
Essa classificação não é mera qualificação do argumento. Envolve, essencialmente, uma aprovação
do argumento [...]. Ora, a aprovação de um ato voluntário é uma aprovação moral. A ética é o estudo
sobre quais as finalidades de ação que estamos deliberadamente preparados para adotar. Isto é a
ação correta que está em conformidade com os fins que estamos deliberadamente preparados para
adotar. [...] O homem correto é o homem que controla suas paixões, e as faz conformarem-se com os
fins que ele está deliberadamente preparado para adotar como fins últimos. [...] Um pensador lógico é
um pensador que exerce um grande autocontrole sobre suas operações intelectuais; e, portanto, o bem
lógico é simplesmente uma espécie particular do bem moral. [...] Por outro lado, um fim último da
ação deliberadamente adotada – isto é, razoavelmente adotada – deve ser um estado de coisas que
razoavelmente se recomenda a si mesmo em si mesmo, à parte de qualquer consideração ulterior. Deve
ser um ideal admirável, tendo o único tipo de bem que um tal ideal pode ter, ou seja, o bem estético.
Deste ponto de vista, aquilo que é moralmente bom surge como uma espécie particular daquilo que é
esteticamente bom.
[...] a fim de analisar a natureza do bem lógico precisamos, primeiramente, obter apreensões claras
sobre a natureza do bem estético e, especialmente, do bem moral.
[...]
À luz da doutrina das categorias, eu diria que um objeto, para ser esteticamente bom, deve ter um sem-
número de partes de tal forma relacionadas umas com as outras de modo a dar uma qualidade positiva,
simples e imediata, à totalidade dessas partes; e tudo aquilo que o fizer é, nesta medida, esteticamente
bom, não importando qual possa ser a qualidade particular do total. 2
[...]
Minha opinião é que há inúmeras variedades de qualidade estética, mas nenhum grau puro de
excelência estética.

1
Nota: lógica utens (lógica do senso comum) x lógica docens (erudita).
2
Nota: a ideia do belo é associada à unidade. É esteticamente bom aquilo que provoca um estado/experiência de unidade.
- pp. 201-203

O único mal moral é não ter um objetivo último.


Em vista disso, o problema da ética é determinar qual fim é possível.
[...] cabe-nos indagar o que pode ser um fim último, capaz de ser perseguido no curso indefinidamente
prolongado de uma ação.
[...]
Ao mesmo tempo, é necessário que, ao final, não tenda a ser perturbado pelas reações sobre o agente
provenientes desse mundo exterior pressuposto na própria ideia de ação. [...] a regra da ética será a de
aderir ao fim absoluto possível, e esperar que ele resulte atingível.
- p. 204

3. O Bem da Lógica

O campo está, agora, limpo para a análise do bem lógico, ou do bem da representação. Há uma
variedade especial do bem estético que pode pertencer a um representâmen, a saber, a expressividade.
Há também um bem moral especial das representações, a saber, a veracidade. Mas, além deste, há um
modo peculiar de bem que é o lógico.
... O modo de ser de um representâmen é tal que é capaz de repetição. [...] Um representâmen que só
tivesse uma única corporificação, incapaz de repetição, não seria um representâmen, mas uma parte
do próprio fato representado. [...] Todo representâmen está relacionado ou é capaz de ser relacionado
com uma coisa reagente, seu objeto, e todo representâmen concretiza, em algum sentido, alguma
qualidade, que pode ser chamada de sua significação...
[...]
O bem estético, ou a expressividade, pode ser possuído, e num certo grau deve ser possuído, por
qualquer tipo de representâmen – rema, proposição ou argumento.
O bem moral, ou veracidade, pode ser possuído por uma proposição ou por um argumento, mas não
pode ser possuído por um rema. Um juízo mental ou inferência deve possuir algum grau de
veracidade3.
Quanto ao bem lógico, ou verdade, os enunciados a respeito nos livros são falhos; e é da mais alta
importância, para nossa investigação, que sejam corrigidos. Os livros distinguem entre a verdade
lógica, que alguns acertadamente restringem a argumentos que não prometem nada além do que
realizam, e verdade material, que pertence às proposições, sendo aquilo que a veracidade objetiva ser;
e esta é concebida como sendo um grau mais elevado de verdade do que a mera verdade lógica. Eu
corrigiria esta concepção do seguinte modo: em primeiro lugar, todo nosso conhecimento baseia-se
em juízos perceptivos. Estes são necessariamente verídicos num grau maior ou menor conforme o

3
Verídico é aquilo que não posso negar.
esforço feito, [...] toda a verdade que meu juízo pode ter, deve consistir na correção lógica daquelas
inferências.
- pp. 204-206

Estes três tipos de raciocínio são a Abdução, Indução e Dedução. A Dedução é o único raciocínio
necessário. É o raciocínio da matemática. Parte de uma hipótese, cuja verdade ou falsidade nada tem
a ver com o raciocínio; e, naturalmente, suas conclusões são igualmente ideais. [...] A Indução é a
verificação experimental de uma teoria. [...] A única coisa que a indução realiza é a determinação do
valor de uma quantidade. Parte de uma teoria e avalia o grau de concordância dessa teoria com o fato.
Nunca pode dar origem a uma ideia, seja qual for. Tampouco pode a dedução. Todas as ideias da
ciência a ela advém através da Abdução. A Abdução consiste em estudar os fatos e projetar uma teoria
para explica-los.
[...] enquanto que o raciocínio Abdutivo e o Indutivo são inteiramente irredutíveis, quer um ao outro
ou em relação à Dedução, ou a Dedução é irredutível em relação a quaisquer deles, mesmo assim a
única rationale destes métodos é essencialmente Dedutiva ou Necessária.
[...]
Todo raciocínio necessário [dedução], quer seja bom ou mau, é da natureza do raciocínio matemático.
[...] É com base em tais análises que declaro que todo raciocínio necessário, ..., tanto quanto possa
haver uma aparência de necessidade nesse raciocínio, é raciocínio matemático.
[...]
Se os senhores admitirem o princípio de que a lógica se detém onde se detém o autocontrole, ver-se-
ão obrigados a admitir que um fato perceptivo, uma origem lógica, pode envolver generalidade. Isto
pode ser demonstrado em relação à generalidade ordinária. Mas se os senhores já se convenceram de
que a continuidade é generalidade, será um tanto mais fácil mostrar que um fato perceptivo pode
envolver continuidade do que pode envolver uma generalidade não-relativa.
Se os senhores objetarem que não pode haver uma consciência imediata da generalidade, concordo. Se
acrescentarem que não se pode ter uma experiência direta do geral, também estou de acordo. A
generalidade, a Terceiridade, precipita-se sobre nós em nossos próprios juízos perceptivos, e todo
raciocínio, na medida em que depende do raciocínio necessário, isto é, do raciocínio matemático, gira,
a todo instante, ao redor da percepção da generalidade e da continuidade.
- pp. 207-209

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