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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
05 a 08 de abril de 2009
Belém – Pará – Brasil
ISBN – 978-85-7691-081-7
CC 07
Resumo
Neste trabalho, trataremos da análise de documentos, livros e artigos publicados por célebres matemáticos
e expoentes da comunidade científica, que se dedicaram ao estudo dos números negativos. Nele, daremos
ênfase às principais dificuldades encontradas por estes pesquisadores. Dificuldades estas que ainda hoje
atormentam estudantes de nível fundamental e médio e até mesmo superior. Buscaremos ainda, em ordem
cronológica, enfatizar os motivos que levaram os números negativos a serem ‘negados’ por vários
matemáticos da época e evidenciaremos ainda algumas demonstrações relativas aos conceitos que foram
abordados por matemáticos na tentativa de legitimar a presença dos negativos na matemática.
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VIII SEMINÁRIO NACIONAL DE
HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
05 a 08 de abril de 2009
Belém – Pará – Brasil
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Introdução
Os números negativos, os quais atualmente, manipulamos com extremo domínio, deve-se a
brilhantes matemáticos que durante muitos anos (Chang Tsang, 200 a.C. a Hankel, 1867 d.C.)
contribuíram exaustivamente para a construção epistemológica deste assunto. Neste trabalho, buscamos
através da análise de documentos, explicitar a intrigante e difícil historia dos números negativos, dando
ênfase às dificuldades encontradas ao longo dos tempos.
Existem diversos trabalhos de cunho didáticos destinados à análise de conceitos numéricos. Jean
Piaget (1949), por exemplo, baseando-se em observações do comportamento infantil, fez um extenso
comentário às dificuldades inerentes aos números negativos. Em seu estudo, Piaget cita textos de
D'Alembert, onde afirma que a única dificuldade estaria residida no caráter fixo (estático) do número e
que este obstáculo desapareceria se associarmos um número à ação (dinâmica) e não a um estado.
Neste artigo opta-se em ressaltar as dificuldades encontradas para a aceitação dos números
negativos que serão amplamente discutidos de forma cronológica por matemáticos que se dedicaram ao
estudo dos números negativos através dos séculos.
Conceito de número
A origem deste conceito ocorreu simultaneamente com o surgimento da Matemática. As
atividades práticas do homem, por um lado, e as exigências internas da Matemática por outro
determinaram o desenvolvimento do conceito de número. A necessidade de contar objetos levou ao
aparecimento do conceito de número Natural. A exemplo, o pastor de ovelhas, que para saber quantas
ovelhas tinha associava cada ovelha a uma pedrinha e a guardava num saquinho, quando ia recolher o
rebanho retirava uma pedrinha do saco para cada ovelha que encontrava e no final da contagem se
sobrasse alguma pedrinha era porque alguma ovelha havia se extraviado. Assim, o homem aprendeu a
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contar fazendo comparações. Mas, para comparar, o homem usava principalmente os dedos das mãos
surgindo assim à idéia comum aos dois conjuntos que ele comparava, o número. Além, de pedras, o
homem também registrava números fazendo nós em corda. Existem também, registros de mais de 30 mil
anos atrás, na Tchecoslováquia de um osso de lobo que fora encontrado com 55 incisões profundas,
estavam dispostas em duas séries, uma com 25 incisões profundas e outra com 30, e em cada série, os
riscos estavam dispostos em grupos de 5.
Estudos na área de educação infantil mostram que se dermos a uma criança de dois anos de idade,
que ainda não aprendeu a contar, três brinquedos, deixá-la brincar e, depois de algum tempo, retirar dois
deles sem que ela perceba, a criança sentirá falta dos brinquedos, mesmo sem tê-los contado. Isso porque
a criança tem uma noção de número, ou melhor, possui senso numérico, embora não saiba representa
números por meio de palavras ou símbolos, ela reconhece, na situação em questão, que alguma coisa
mudou em sua coleção de brinquedos, logicamente o senso numérico não deve ser confundido com
contagem, haja vista, que o senso numérico pode ser observado, até mesmo em algumas espécies
irracionais, ao passo que a contagem é um atributo exclusivamente humano.
fig.1
Na figura 1, temos a escala horizontal das posições relativas aos números positivos e negativos.
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O "Tratado da Álgebra" (1748) publicado após a morte de seu autor, Colin Maclaurin, tornou-se
uma obra de referência na Grã-Bretanha, a qual tratou de definições sobre quantidades negativas. Nesta
obra, Maclaurin expõe a idéia de que uma quantidade negativa é tão real quanto uma positiva, porém
tomada em sentido oposto. Entretanto, ele afirmava que esta quantidade só existiria por comparação e
nunca isoladamente. Para isto ele enunciou: "se uma quantidade negativa não possui outra que lhe seja
oposta não se pode desta subtrair outra menor ". Ou seja, Maclaurin somente admitia quantidades
negativas em relação ao zero origem. Algo que outrora causava grandes conflitos, pois não se faziam a
distinção do zero absoluto ao zero relativo a origem. Em um trecho de sua obra ele define a regra de
sinais, esta dedução deu início a uma era de formalismo até então inexistente.
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Referências
DESCARTES, R. The Geometry of René Descartes. Dover, Ny, 1954.
BOYER, B. C. "História da Matemática". Editora Edgard Blücher. SãoPaulo, 1996.
EULER, L. Elements à Álgebra, Projeto Euclides. 2ª ed, IMPA, 1987.
CAJORI. Florian. A history of mathematical notations. Dover. Chicago, 1928.
MEDEIROS, Alexandre. MEDEIROS, Cleide. Números Negativos: Uma história de incertezas. Bolema,
ano 7, n.° 8, pp. 49 a 59, 1992
TALAVERA, Leda Maria Bastoni. Uma abordagem histórica dos números negativos. USP.
KLINE, Morris. Mathematics for the nonmathematician. Dover. Mineola, 1967
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