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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE RONDÔNIA

ACÓRDÃO N.521/2018

PRESTAÇÃO DE CONTAS N. 0601228-13.2018.6.22.0000 – CLASSE 25 - PORTO


VELHO-RO

Relatora: Juíza Úrsula Gonçalves Theodoro de Faria Souza

Requerente: ELCIRONE MOREIRA DEIRO

Advogado: Luiz Felipe da Silva Andrade – OAB/RO n. 6175

Eleições 2018. Prestação de Contas de campanha.


Intempestividade. Intempestividade na entrega dos relatórios
financeiros de campanha. Gastos eleitorais realizados em data
anterior à data inicial de entrega da prestação de contas parcial.
Doações recebidas em data anterior à data inicial de entrega da
prestação de contas parcial. Falhas que não comprometem o
resultado das contas. Cessão de veículos. Propriedade.
Desnecessidade de comprovação. Valor abaixo do limite. Doação
financeira sem demonstração da origem. Irregularidades graves.
Contas desaprovadas

I — A prestação de contas eleitorais intempestiva não obsta o seu


processamento e final julgamento, se apresentada antes de serem
julgadas como “não prestadas”, caso em que o fato será considerado
no julgamento para induzir apenas ressalva nas contas
eventualmente aprovadas. Precedentes.

II — O descumprimento do prazo para a entrega dos relatórios


financeiros de campanha, bem como a existência de gastos
eleitorais e doações recebidas em data anterior à data inicial de
entrega das parciais, não constituem falhas que comprometem a
regularidade das contas apresentadas, desde que sanadas na
prestação de contas finais, impondo-se a aprovação com ressalvas.

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III — Doações de bens estimáveis em dinheiro realizadas até o limite
de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), por pessoa cedente, estão
dispensadas de comprovação na campanha eleitoral, contudo,
devem estar devidamente registradas no sistema de contas, à luz do
disposto no art. art. 63, § 4º, da Resolução TSE n. 23.553/17.

IV – Doações financeiras promovidas por terceiros ou pelo próprio


candidato na forma diversa da transferência eletrônica, sem
comprovação da origem do recurso doado, configuram
irregularidades graves que impõem a desaprovação das contas.

V — A cessão de veículo pertencente ao patrimônio de pessoa


jurídica, para emprego em campanha eleitoral, encontra vedação no
art. 33, inciso I, da Resolução TSE 23.553/2017 e caracteriza
irregularidade grave bastante para, analisada em conjunto a outras
irregularidades existentes, desaprovar as contas.

VI – Contas desaprovadas.

ACORDAM os Membros do Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia desaprovar a


prestação de contas, nos termos do voto da relatora, à unanimidade. Acórdão publicado em
sessão.

Porto Velho, 14 de dezembro de 2018.

Juíza ÚRSULA GONÇALVES THEODORO DE FARIA SOUZA

Relatora

RELATÓRIO

A SENHORA JUÍZA ÚRSULA GONÇALVES THEODORO DE FARIA SOUZA:


Elcirone Moreira Deiró, candidato eleito ao cargo de deputado estadual pelo partido Podemos
(PODE) nas eleições 2018, apresentou intempestivamente neste Tribunal, em 14/9/2018 (ID
54783), a parcial das contas referentes a sua campanha eleitoral, gerada pelo Sistema de
Prestação de Contas Eleitorais (SPCE).

A prestação final também foi apresentada intempestivamente em 08/11//2018 (ID


187987 / 188237).

Inicialmente submetida à análise da Coordenadoria de Controle Interno e


Auditoria (CCIA) deste Tribunal, foram constatadas impropriedades e ausências de

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documentos a serem esclarecidos e/ou saneados pelo prestador das contas, conforme relatório
de exame preliminar para diligências (ID 362087).

Intimado, o interessado carreou aos autos documentos e prestação de contas


retificadoras (ID 406587 / 406937 e ID 502737).

Após análise final, a unidade de controle interno opinou pela desaprovação,


conforme parecer conclusivo (ID 521837), haja vista que, no entender da unidade técnica, as
irregularidades anotadas nos itens 9.1.1, 9.2.1, 9.5.1, 9.5.3, 9.5.4, 9.6.1, 9.6.2 e 9.6.3 do
reportado parecer, analisadas em conjunto, comprometeram a regularidade das contas sob
exame.

Instada a se manifestar, a douta Procuradoria Regional Eleitoral se pronunciou


também pela desaprovação das contas (ID 560587).

Após parecer da Procuradoria Regional Eleitoral e conclusos os autos para


julgamento, o prestador das contas juntou ao processo a documentação constantes das ID
586487 a 588137.

Retornado os autos ao controle interno, em sede de reanálise, a unidade técnica


manteve a conclusão pela desaprovação das contas (ID 618987).

É o relatório.

PARECER MINISTERIAL

O SENHOR PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL LUIZ GUSTAVO


MANTIOVANI: Senhor Presidente, gostaria de fazer alguns apontamentos: O candidato
Elcirone Moreira Deiro, declarou em sua lista de bens, como patrimônio o valor de
aproximadamente 780.000,00 (setecentos e oitenta mil reais), isso entre valores em
espécie, bens móveis, imóveis, veículos, o que deveria refletir o seu verdadeiro
patrimônio. Como receita, financiamento de campanha, o candidato depositou a seu
favor, na sua campanha, praticamente metade desse patrimônio em dinheiro,
aproximadamente 354.000,00 (trezentos e cinquenta e quatro mil reais).

Em primeiro lugar, chegar aqui e dizer, com um financiamento desse de


campanha, que bancou do próprio bolso, alegar que não tem condições de constituir
alguém para cuidar das suas contas de forma competente, um contador, um advogado
que acompanha a realização dessas transações, do cumprimento da legislação, com
um financiamento próprio de 354.000,00 (trezentos e cinquenta e quatro mil reais)
chega a ser um pouco absurdo. Dizer que as campanhas estão caras, é verdade, tem
candidato que faz campanha com 10.000,00 (dez mil reais), as vezes menos, não é o
caso aqui, é sim de um candidato que tinha muito recurso e buscou investir na
qualidade de sua campanha e na qualidade dos profissionais que o assessoravam. O
pagamento de um profissional no assessoramento de contabilidade por dois, três
meses não pode custar muito mais que o candidato tinha condições de pagar.

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Senhor Presidente, essas irregularidades já são reiteradas, o candidato
sabe, tem conhecimento a respeito do cumprimento da legislação e, ainda assim,
continua a descumprir. Não dá para vir, aqui, depois de diversas oportunidades para
regularizar a situação juntar a documentação de forma intempestiva e querer
regularizar, aquilo que não foi feito, de forma tempestiva.

Esse é o posicionamento que a Procuradoria Regional Eleitoral tem


defendido, aqui, a respeito do compromisso que o candidato tem que ter com a justiça
eleitoral de cumprir os prazos e se não o faz enseja, sim, a desaprovação das contas
porque houve falhas que prejudicaram na transparência. Trazer os documentos ao final
não é transparência é apenas querer regularizar aquilo que não feito ao tempo
adequado.

Por essas razões me manifesto reiterando o parecer acostados aos autos


pela desaprovação das contas, mas deixo feito esses apontamentos.

VOTO

A SENHORA JUÍZA ÚRSULA GONÇALVES THEODORO DE FARIA SOUZA:


(Relatora): Inicialmente, no que se refere aos documentos colacionados após a emissão do
parecer da douta Procuradoria Regional Eleitoral, em homenagem ao princípio da ampla
defesa, entendo que deve ser oportunizada ao candidato a juntada de documentos que
esclareçam as impropriedades detectadas pela CCIA, ainda que intempestiva a sua
manifestação.

Como dito no relatório, tanto a parcial quanto a prestação de contas final foram
apresentadas intempestivamente, pois, nos termos dos artigos 50 e 52 da Resolução TSE nº
23.553/2017, a parcial deveria ser apresentada no período de 9 a 13/9/2018 e quanto à
prestação final, referente ao primeiro turno, até o trigésimo dia após as eleições. Nesta
hipótese, o prazo expirou em 06/11/2018:

Art. 50. Os partidos políticos e os candidatos são obrigados, durante as


campanhas eleitorais, a entregar à Justiça Eleitoral, para divulgação em
página criada na internet para esse fim (Lei nº 9.504/1997, art. 28, § 4º):

(...)

II – relatório parcial discriminando as transferências do Fundo Partidário e


do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), os recursos
financeiros e os estimáveis em dinheiro recebidos, bem como os gastos
realizados.

(...)

§ 4º A prestação de contas parcial de campanha deve ser encaminhada por


meio do SPCE, pela internet, entre os dias 9 a 13 de setembro do ano
eleitoral, dela constando o registro da movimentação financeira e/ou

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estimável em dinheiro ocorrida desde o início da campanha até o dia 8 de
setembro do mesmo ano.

Art. 52. As prestações de contas finais referentes ao primeiro turno de


todos os candidatos e de partidos políticos em todas as esferas devem ser
prestadas à Justiça Eleitoral até o trigésimo dia posterior à realização das
eleições (Lei nº 9.504/1997, art. 29, inciso III).

[grifei]

Todavia, a jurisprudência dos Tribunais Eleitorais, inclusive desta Corte,


sedimentou entendimento no sentido de que a apresentação intempestiva das contas eleitorais
não obsta o seu recebimento e, por si só, não implica em desaprovação. A hipótese, é causa
de ressalva se as contas forem julgadas aprovadas.

Quanto ao mérito, verifico nos autos que muitas das ocorrências apontadas no
relatório preliminar expedido para diligências (ID 362087) foram saneadas com apresentação
das contas retificadoras (ID 406587 a 406937 e ID 502737) e com a documentação
apresentada após o parecer ministerial (ID 586487 a 588137), objeto de reanálise pela unidade
técnica. Porém, algumas delas, por serem insanáveis, como é o caso da intempestividade, e
outras por não terem sido devidamente esclarecidas e/ou comprovadas a regularidade,
permanecem no processo.

Com efeito, restou consignado no parecer técnico conclusivo de reanálise (ID


618987) as seguintes irregularidades ou impropriedades não afastadas das contas sob exame,
verbis:

“Submete-se à apreciação superior a análise dos documentos


juntados aos presentes autos (ID 586437) após a emissão do
Parecer Técnico Conclusivo (ID 521837), os quais tratam sobre a
prestação de contas em epígrafe, abrangendo a arrecadação e
aplicação de recursos utilizados na campanha relativas às eleições
de 2018.

1º - Quanto ao descumprimento do prazo de entrega dos relatórios


financeiros de campanha (item 9.1.1. do Parecer Técnico
Conclusivo), bem como quanto às doações recebidas e gastos
eleitorais realizados em data anterior à data inicial de entrega da
prestação de contas parcial, mas não informadas à época (itens
9.5.4. e 9.6.3. do Parecer Técnico Conclusivo), observo que não
foram apresentados documentos novos. O candidato argumenta
que essas falhas são meros lapsos contábeis e que ocorreram por
incongruência do sistema no interior do Estado. Tecnicamente, tais
omissões constatadas são irregularidades que ensejam
RESSALVAS nas contas, nos termos art. 77, II, da Resolução TSE
n. 23.553/2017. Dessa forma, mantenho o entendimento registrado
no Parecer Técnico Conclusivo.

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2º - Quanto ao registro de gastos eleitorais em data posterior a sua
realização (item 9.6.1. do Parecer Técnico Conclusivo) e quanto à
realização de despesas após a data da eleição (item 9.6.2. do
Parecer Técnico Conclusivo), são elencadas pelo candidato como
“incongruências aptas a gerarem ressalvas”. Nesse caso, é pacífico
o entendimento. Tecnicamente, são impropriedades que ensejam
RESSALVAS nas contas, nos termos art. 77, II, da Resolução TSE
n. 23.553/2017. Dessa forma, mantenho o entendimento registrado
no Parecer Técnico Conclusivo.

3º - Quanto às doações financeiras recebidas de pessoas físicas


ou de recursos próprios, em valores acima de R$ 1.064,10, porém
foram realizadas de forma distinta da opção de transferência
eletrônica (item 9.2.1. do Parecer Técnico Conclusivo) e quanto à
origem e disponibilidade desses recursos (item 9.5.1. do Parecer
Técnico Conclusivo), alguns pontos precisam ser analisados:

a. O candidato reapresentou documentos que já constavam na


prestação de contas final retificadora: recibo do carro Peugeot (ID
586687), contrato de compra e venda de terreno (ID 586737), Nota
de Alteração Contratual da empresa Tozzo (ID 586887) e ofício do
Banco do Brasil (ID 587137). Portanto, esses documentos já
foram minuciosamente analisados no Parecer Técnico
Conclusivo.

O candidato apresentou documentos novos, que não constavam na


prestação de contas final retificadora: declaração e recibo do Imposto de
Renda (ID 586587 e 586637), balancete e balanço patrimonial da empresa
Tozzo (ID 586787 e 586837) e comprovantes de rendimentos (ID 586937,
586987, 587037 e 587087). Tais documentos enfatizam a origem dos
recursos próprios aplicados pelo candidato. Embora esses documentos só
tenham sido apresentados após a emissão do Parecer Técnico Conclusivo,
as informações relevantes que nele constam já foram consideradas quando
da emissão do referido Parecer, pois haviam sido argumentadas em Nota
Explicativa.

Analisados os documentos elencados nas alíneas “a” e “b”, os quais tratam


exclusivamente sobre a origem dos recursos, mantenho o entendimento
registrado no Parecer Técnico Conclusivo.

Quanto a origem de recursos próprios, em primeira análise, observa-se


que o candidato declarou um rol extenso de bens no registro de
candidatura (
http://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2018/2022802018/RO/220000625656/be
), demonstrando ter efetiva existência de patrimônio capaz de sustentar a
aplicação de recursos próprios em campanha no importe de R$ 293.700,00
(duzentos e noventa e três mil e setecentos reais). Contudo, quando foram
apresentados os documentos após a diligência, constatou-se que uma parte
significativa dessa lista de bens já não integrava o patrimônio do candidato
naquela oportunidade. Observa-se que o candidato cometeu uma
impropriedade, geradora de RESSALVAS.

Quanto aos recursos recebidos de terceiros, mediante depósito em


espécie: O candidato permaneceu silente quanto ao recebimento do
depósito em espécie em nome de ELSON MOREIRA DEIRO,

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efetuado em 15/10/2018, no valor de R$ 14.000,00, cujo comprovante foi
apresentado na prestação de contas final retificadora (ID 406887). O art.
22, §3º, da Resolução TSE nº 23.553/2017 dispõe que as doações
financeiras recebidas em desacordo com o artigo 22 da mesma Resolução
não podem ser utilizadas e devem, na hipótese de identificação do doador,
ser a ele restituídas. No presente caso, o candidato não devolveu a doação
financeira recebida de forma diversa da prevista na Resolução e ainda a
utilizou em sua campanha.

Quanto à forma de recebimento de recursos de terceiros e de


disponibilização de recursos próprios para campanha eleitoral, mais
especificamente quanto aos valores arrecadados mediante depósito em
espécie, o candidato afirma que decorreu de uma orientação contábil
errônea/equivocada ante a dubiedade dos termos técnicos empregados na
Resolução TSE n. 23.553/2017. Tecnicamente, esses depósitos em espécie,
analisados em conjunto, correspondem ao montante de R$ 307.700,00
(trezentos e sete mil e setecentos reais), o que representa 77,47% dos
recursos financeiros arrecadados e 80,72% dos recursos arrecadados na
conta bancária destinada a “outros recursos”. Portanto, de grande
repercussão na prestação de contas. Obtidos recursos financeiros da
ordem de R$ 307.700,00, sem a observância das regras que determinam
que as doações financeiras de valor igual ou superior a R$ 1.064,10 só
poderão ser realizadas mediante transferência eletrônica entre as contas
bancárias do doador e do beneficiário da doação com vistas à aferição da
identificação da origem do recurso, não poderia o responsável pelas contas
tê-los utilizados. Dessa forma, mantenho o entendimento de que se trata de
irregularidade grave diante da grande repercussão na prestação de contas,
geradora de potencial DESAPROVAÇÃO, nos termos do art. 77, “III”, da
Resolução TSE n. 23.553/2017.

4º - Quanto à ausência de comprovantes de propriedade de bens cedidos


temporariamente ao candidato (item 9.5.3. do Parecer Técnico
Conclusivo), foram apresentados os documentos de ID 587287, 587337,
587387, 587437, 587487, 587537, 587587, 587637, 587687, 587687,
587737, 587787, 587837, 587887, 587987, 588037, 588087 e 588137.
Temos aqui dois pontos principais a serem analisados:

Foram apresentadas declarações de proprietários “originários”, como


apontado pelo candidato, dos bens cedidos e declarações de testemunhas
de que os doadores possuem propriedade dos veículos cedidos. Entendo
que os documentos apresentados não comprovam a propriedade dos bens
cedidos por seus doadores. A alegação de transferência de bens pela
simples “tradição” não encontra respaldo na Resolução TSE n.
23.553/2017. Além disso, pelo princípio da especialidade, a norma
especial afasta a incidência da norma geral, no caso o apontado Código
Civil. Ademais, o Código de Trânsito Brasileiro, Lei 9.503/97, dispõe que
é obrigatório a expedição de novo Certificado de Registro de Veículo
quanto for transferida a propriedade, no prazo de trinta dias:

Art. 123. Será obrigatória a expedição de novo Certificado de Registro de


Veículo quando:

I - for transferida a propriedade;

II - ...

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III - ...

IV - ....

§ 1º No caso de transferência de propriedade, o prazo para o


proprietário adotar as providências necessárias à efetivação da expedição
do novo Certificado de Registro de Veículo é de trinta dias, sendo que nos
demais casos as providências deverão ser imediatas.

Assim, todo veículo possui o Certificado de Registro de Veículo (CRV),


documento esse que comprova e permite a transferência de propriedade de
veículo, sendo o documento hábil, por si só, para comprovar a venda do
veículo, nos termos do art. 134 do CTB. Logo, das 36 cessões de veículos
registradas na prestação de contas, 15 não tiveram propriedade
devidamente comprovada. Dessa feita, a ausência de comprovação de
propriedade é uma inconsistência grave, geradora de potencial
desaprovação, que denota a ausência de consistência e confiabilidade nas
contas prestadas, uma vez que submetidas a outros elementos de controle,
hábeis a validar/confirmar as informações prestadas, resultaram na
impossibilidade de atestar sua fidedignidade e a real origem dos recursos
declarados.

Quanto à cessão do veículo FORD KA, placa NDV3400, efetuada por


VALDEIR SOARES NUNES, analisando os documentos apresentados
(ID 587987 e 588037), observa-se que, na época da cessão o veículo, o
mesmo pertencia à empresa privada V S NUNES E CIA LTDA ME. O
relatório preliminar para expedição de diligências (ID 362087) foi
expedido em 15/11/2018 e somente em 19/11/2018 foi preenchido o
Certificado de Registro do Veículo (ID 588037). É importante enfatizar
que o art. 33., I, da Resolução TSE n. 23.553/2017 dispõe que é vedado a
partido político e a candidato receber, direta ou indiretamente, doação em
dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de
qualquer espécie, procedente de pessoas jurídicas. O candidato não poderia
ter se beneficiado, ainda que temporariamente, dos recursos obtidos de
fontes vedadas. Dessa forma, mantenho o entendimento de que se trata de
irregularidade grave.

Analisadas as alíneas “a” e “b” desse item em conjunto, são geradoras


de potencial DESAPROVAÇÃO, nos termos do art. 77, “III”, da
Resolução TSE n. 23.553/2017.

CONCLUSÃO

Diante do exposto, mantenho o entendimento registrado no Parecer


Técnico Conclusivo (ID 521837) e opino pela DESAPROVAÇÃO das
presentes contas”.

Nesse diapasão, denota-se que a irregularidade apontada no item 9.1.1 do


primeiro parecer conclusivo, referente ao descumprimento do prazo estabelecido para entrega
dos relatórios financeiros de campanha nos termos da legislação eleitoral, bem como aquelas
descritas nos itens 9.5.4 e 9.6.3, do mesmo parecer, referentes a doações recebidas e gastos

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realizados em datas anteriores ao período de entrega da prestação de contas parcial, mas não
informados à época, permanecem no processo como irregularidades insanáveis em razão da
intempestividade.

No entanto, observo que essas ocorrências não causaram prejuízo à análise das
contas, haja vista que as informações pertinentes vieram aos autos com a prestação de contas
final ou com a retificadora, o que levou, inclusive, o controle interno a opinar, pela consignação
de ressalvas somente (item 1º do Parecer Conclusivo de Reanálise — ID 618987).

Não restam dúvidas que essas irregularidades se tratam de falhas formais que
não têm o condão de impor a desaprovação, mais apenas ressalvas na hipótese de aprovação
das contas, conforme precedentes desta Corte.

Quanto à impropriedade descrita no Item 9.6.1, pertinente à falta de documentos


comprobatórios de despesas eleitorais pagas com receita da rubrica contábil “Outros
Recursos”, consignou o controle interno que essa pendência foi devidamente sanada com a
juntada de documentos fiscais idôneos.

Conquanto evidenciado que tais gastos foram pagos em data posterior ao dia das
eleições (07/10/2018), ficou demonstrado no processo que as respectivas despesas foram
efetivadas antes da eleição, portanto, em conformidade ao disposto no art. 38, § 1º, da
Resolução TSE nº 23.553/2017, no sentido de que os gastos eleitorais se efetivam na data da
sua contratação, independentemente da realização do seu pagamento, e devem ser
registrados na prestação de contas no ato da contratação.

Vejo que os registros dessas despesas na prestação de contas foram feitos no dia
seguinte à realização delas, o que demonstra a intempestividade do ato, hipótese que, por não
ocasionar óbice à aferição das contas, implica somente em ressalvas, conforme registrou a
unidade técnica no item 2º do Parecer Conclusivo de Reanálise — ID 618987.

A irregularidade descrita no item 9.6.2, também diz respeito à pagamentos após


as eleições, mas, à luz da documentação trazida ao processo, comprovou-se que as
correspondentes despesas foram realizadas antes das eleições e pagas depois do pleito, o que
se mostra regular. Mas se observa que tais despesas foram registradas na prestação de contas
posteriormente, de modo a evidenciar a intempestividade do ato nos termos do citado art. 38, §
1º, da Resolução TSE nº 23.553/2017.

Assim, nos mesmos termos da ocorrência apontada no item 9.6.1, esta também
implica apenas a imposição de ressalvas nas contas (item 2º do Parecer Conclusivo de
Reanálise — ID 618987).

A ocorrência registrada no item 9.2.1 (do Parecer Conclusivo — ID 521837), diz


respeito a doações recebidas de pessoas físicas acima de R$ 1.64,10, cujas disponibilização
se deram de forma diversa da transferência eletrônica, como determina o art. 22, § 1º, da
Resolução TSE nº 23.553/2017; e aquela apontada no item 9.5.1 (do mesmo parecer técnico)
refere-se a não comprovação da origem desses recursos (item 3º do Parecer Conclusivo de
Reanálise — ID 618987).

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Inicialmente, a análise técnica das ocorrências capituladas nestes dois itens levou
o controle interno a concluir por recomendar a desaprovação tendo em vista que, mesmo com
a apresentação da retificadora, o prestador das contas não lograra afastar as irregularidades
apontadas.

Com a reanálise da nova apresentação de prestação de contas retificadora e


outros documentos, a unidade técnica, neste ponto, manteve o entendimento pela
desaprovação das contas e anotou, ainda, que por ocasião do registro de candidatura o
prestador das contas havia declarado bens patrimoniais no montante de R$ 776.518,50,
bastante para sustentar recursos próprios empregados na campanha no importe de R$
293.700,00 (duzentos e noventa e três mil e setecentos reais). No entanto, com a apresentação
dos documentos após diligência, constatou-se que parte dos bens listados não mais existia à
época do registro, o que evidencia inconsistência na declaração de bens digna de ressalvas.

No tocante a este item (item 9.2.1), cabe destacar o seguinte. Quanto aos
recursos em espécie recebidos de terceiros através depósito bancário, observa-se nos autos
que o prestador das contas não se pronunciou a respeito da doação efetuada por Elson
Moreira Deiró em 15/10/2018, no valor de R$ 14.000,00 (quatorze mil reais), elencada no item
2.1 do relatório de diligência (ID 362087) e nos itens 9.2.1 e 9.5.1 do primeiro parecer
conclusivo.

Desse modo, citada doação se afigura irregular, pois não se demonstrou a origem
do valor cedido à campanha do candidato por Elson Moreira Deiró, porquanto o recibo
acostado aos autos com a ID 406887, registra depósito em dinheiro, e o prestador das contas
não comprovou que esse valor proveio do patrimônio do doador ou de outra fonte lícita.

Anota a unidade de controle interno que “o candidato não devolveu a doação


financeira recebida de forma diversa da prevista na Resolução e ainda a utilizou em sua
campanha”.

Neste particular, o art. 22, §3º, da Resolução TSE nº 23.553/2017 determina a


restituição da receita financeira irregular ao doador identificado, ou ao Tesouro Nacional caso
não identificado o doador, verbis:

Art. 22. As doações de pessoas físicas e de recursos próprios somente


poderão ser realizadas, inclusive pela internet, por meio de:

I – transação bancária na qual o CPF do doador seja obrigatoriamente


identificado;

(...)

§ 1º As doações financeiras de valor igual ou superior a R$ 1.064,10 (mil e


sessenta e quatro reais e dez centavos) só poderão ser realizadas mediante
transferência eletrônica entre as contas bancárias do doador e do
beneficiário da doação.

(...)

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§ 3º As doações financeiras recebidas em desacordo com este artigo não
podem ser utilizadas e devem, na hipótese de identificação do doador, ser
a ele restituídas ou, se isso não for possível, recolhidas ao Tesouro
Nacional, na forma prevista no caput do art. 34 desta resolução.

[grifei]

Assevere-se que essa ocorrência, ainda que represente pouca expressividade


nas contas, pois equivale a apenas 3,52% do total da receita financeira arrecadada (R$
397.211,13), se analisada em conjunto com outras irregularidades graves torna-se fator de
desaprovação das contas, haja vista tratar-se de receita financeira doada por terceiro na forma
diversa da estabelecida na legislação de regência, em que ficou prejudicada a identificação da
origem do recurso doado. Demais disso, como aduziu o controle interno, essa doação
financeira foi indevidamente utilizada na campanha do candidato, o que se lhe impõe a
obrigação de devolução da correspondente quantia ao doador, nos termos do citado § 3º do
art. 22 da Resolução TSE nº 23.553/2017.

Outra irregularidade evidenciada neste mesmo item 9.2.1 refere-se à


disponibilização de recursos próprios do candidato à sua campanha eleitoral (item. 2.1 do
relatório preliminar — ID 362087), anoto que essa doação corresponde ao montante de R$
293.700,00 (duzentos e noventa e três mil e setecentos reais), equivalente a 73,94% (setenta e
três, ponto noventa e quatro por cento) do total da receita angariada pela campanha do
candidato.

No caso, as disponibilizações foram feitas através depósitos bancários


identificados, meio diverso da transferência eletrônica prevista no art. 22, § 1º, da Resolução
TSE nº 23.553/2017, forma esta que garante a identificação da origem dos recursos financeiros
injetados na campanha eleitoral.

Nesse contexto, embora demonstrado que o montante doado foi promovido pelo
próprio candidato, não restou comprovado no processo que esses valores tiveram como origem
o patrimônio do doador. Haja vista os comprovantes bancários juntados com a ID 406887
registrarem apenas que tais depósitos foram feitos em dinheiro por Elcirone Moreira Deiró (a
pessoa física do candidato). Assim, as doações em tela se afiguram como irregularidade grave,
com expressão bastante para desaprovação das contas.

Como bem anotou a unidade técnica, aludidas receitas por serem captadas de
forma irregular não poderiam ser utilizadas pelo candidato.

É certo que, à luz da legislação de regência, o montante do recurso irregular


recebido na campanha dever ser devolvido ao doador.

Todavia, como visto acima, o § 3º do art. 22 da Resolução TSE nº 23.553/2017


determina a devolução ao Tesouro Nacional somente na hipótese de o valor irregularmente
doado não ter a origem identificada. Mas no presente caso o doador identificado é o candidato,
de maneira que se tornaria inócuo determinar a restituição ao próprio.

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Quanto à ocorrência deduzida no item 5.3 do relatório de diligência, esta alude à
falta de comprovantes de propriedade de bens estimáveis em dinheiro (veículos)
temporariamente cedidos à campanha.

Como é sabido, a doação de bens estimáveis em dinheiro por pessoa física


devem previamente integrar o patrimônio do doador ou, no caso de serviços, fazer parte de
suas atividades econômicas, de modo que, nessa espécie, deve o doador ou cedente
comprovar no processo a propriedade do bem cedido para a campanha eleitoral, conforme
previsão do art. 27 da Resolução TSE 23.553/2017 que estabelece:

Art. 27. Os bens e/ou serviços estimáveis em dinheiro doados por pessoas
físicas devem constituir produto de seu próprio serviço, de suas atividades
econômicas e, no caso dos bens, devem integrar seu patrimônio.

Nessa quadra, esta Corte registra precedentes no sentido de que a posse de


bens móveis se efetiva pela tradição nos moldes do Código Civil, fato jurídico que se aplica à
comprovação da propriedade nas doações de bens estimáveis em dinheiro à campanha
eleitoral. Citem-se:

“Eleições 2014. Prestação de contas de campanha. Cessão de veículos sem a


documentação pertinente. Falta de recibos. Receitas não identificada. Omissão de
despesas nas primeira e segunda parciais. Sobras de campanha. Irregularidades que
comprometem a lisura e confiabilidade das contas. Não aprovação.

I — Receitas de campanha provenientes de cessões de veículos automotores


comprovam-se através dos respectivos recibos, termos de contrato ou cessão e com
os documentos de propriedade, sem os quais configura-se irregularidade bastante a
desaprovar as contas de campanha.

(...)

IV — Contas não aprovadas”.

(TRE-RO — PC 884-23.2014 — Relator: Juiz José Antônio Robles. Publicado no


DJE de 7/05/2015, págs. 14/15)

“Eleições 2016. Recurso eleitoral. Prestação de contas de candidato. Cessão de bem


móvel. Aquisição por tradição. Possibilidade de retificação da comprovação da
propriedade. Ausência de má-fé. Contas aprovadas sem ressalvas. Recurso provido.

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I - A retificação das contas visando esclarecer equívoco, não constitui má-fé por
parte do prestador de contas de campanha. II - Caracterizada a aquisição do bem
móvel por meio da tradição, comprova-se a propriedade do veículo, para o "fim de
cessão de uso em campanha eleitoral.

(...)

V — Recurso conhecido e provido”.

(TRE-RO — RE 451-61.2016 — Relatora: Juíza Rosemeire Conceição dos Santos


Pereira de Souza. Publicado no DJE de 20/04/2017, pág. 4)

Depreende-se dos citados julgados que para se comprovar a propriedade de


veículos não se é exigido o rigor da formalidade legal, podendo ser provada por outros meios
idôneos diversos do Certificado de Registro de Veículo (CRV).

No caso em tela, vejo na ocorrência em apreço tratarem-se de dezoito (18)


cessões de veículos apontadas como irregulares, para as quais o prestador das contas, na
pretensão de comprovar a propriedade dos respectivos cedentes, em derradeiro ato, juntou ao
processo documentos referentes a quinze (15) deles, constantes das ID 587287 a 588137,
objetos da reanálise técnica.

Desses quinze cedentes, verifico que o prestador das contas não logrou
comprovar a propriedade da maioria dos veículos doados, pois o conjunto da documentação
trazida ao processo para tal finalidade trata-se apenas do contrato de cessão, declaração do
cedente que afirma ter comprado o veículo e, em alguns casos, declaração de testemunhas no
mesmo sentido. Esses documentos, a meu ver, não são bastantes para provar, pelo menos, a
propriedade de fatos dos referidos bens (veículos), de modo que as correspondentes cessões
continuam irregulares.

Todavia, neste ponto, esta Corte registra precedentes no sentido de se dispensar


a comprovação de cessão de bens móveis, limitada ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais)
por pessoa cedente, nos moldes previstos na atual Resolução TSE nº 23.553/2017, situação
que se amolda perfeitamente ao caso dos autos. Citem-se:

“RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. ELEIÇÕES 2016.


DOCUMENTOS APRESENTADOS EM FASE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE.
RECURSOS ESTIMÁVEIS. CABOS ELEITORAIS. AUSÊNCIA DE
IRREGULARIDADE. CESSÃO DE VEÍCULOS. PROPRIEDADE.
DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. VALOR ABAIXO DO LIMITE.
OMISSÃO DE DESPESA. ERRO DO FORNECEDOR. FALHA SANADA.
RECURSO PROVIDO. APROVAÇÃO.

I — Não há como conhecer dos documentos juntados na fase recursal, pois verificado
nos autos que houve preclusão consumativa no momento em que o recorrente
apresentou documento na fase oportuna.

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II — Recursos caracterizados pela doação de trabalho de mobilização de rua como
cabos eleitorais são impossíveis de transitarem em conta bancária, por sua natureza
estimável em dinheiro. Dessa forma, quanto a este ponto, não houve vício algum.

III — Ficam dispensadas de comprovação as receitas provenientes da cessão de


bens móveis, limitada ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) por pessoa
cedente, segundo o art. 23, §2º c/c o art. 28, §6º, I, da Lei n. 9.504/97, com as
alterações trazidas pela Lei n. 13.165/2015. Hipótese em que, nos autos, há que
reconhecer a regularidade da doação recebida.

IV — Nota fiscal emitida por erro do fornecedor, a qual foi cancelada, não possui
gravidade, a ponto de retirar a confiabilidade das contas e prejudicar sua análise. Tal
falha foi justificada pelo candidato recorrente, o que é suficiente.

V — Recurso provido para aprovar sem ressalvas as contas do candidato.

(RE n. 240-76.2016.6.22.0011, Relatora: Juíza Rosemeire Conceição dos Santos


Pereira de Souza, julgado em 05/04/2017)

[g.n.]

RECURSO ELEITORAL. PRESTAÇÃO DE CONTAS. ELEIÇÕES 2016.


CANDIDATO A VEREADOR. DOAÇÃO ESTIMADA. PARTIDO POLÍTICO.
AUSÊNCIA DE REGISTRO. NÃO OCORRÊNCIA. CESSÃO DE VEÍCULO.
PROPRIEDADE DO BEM. VALOR ABAIXO DO LIMITE. DESNECESSIDADE
DE COMPROVAÇÃO. IRREGULARIDASES AFASTADAS. RECURSO
PROVIDO. CONTAS APROVADAS.

I – Doações estimáveis devidamente declaradas tanto na prestação de contas da


candidata beneficiária quanto na contabilidade da agremiação doadora, conforme
consulta ao sistema de Divulgação de Candidaturas e Contas Eleitorais do TSE,
atingem a finalidade da norma eleitoral, qual seja a identificação da origem e do
destino dos recursos arrecadados durante a campanha, autorizando a conclusão da
inexistência de má-fé, não implicando prejuízo à confiabilidade e à transparência das
contas.

II – Doações de bens estimáveis em dinheiro realizadas até o limite de R$


4.000,00 (quatro mil reais), por pessoa cedente, estão dispensadas de
comprovação na campanha eleitoral, contudo, devem estar devidamente
registradas no sistema de contas, à luz do disposto no art. 55, §§ 3º e 4º, da
Resolução TSE n. 23.463/2015.

III – Recurso provido e, via de consequência, prestação de contas aprovadas.

(RE n. 270-23.2016.6.22.0008, Relator: Juiz Paulo Rogério José, julgado em


31/01/2018)

[g.n.]

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Conquanto citados julgados se arrimarem no art. 55, § 3º, I, da Resolução TSE n.
23.463/2015, esse permissivo encontra-se reproduzido no art. 63 da atual Resolução TSE n.
23.553/2017, verbis:

Art. 63. A comprovação dos gastos eleitorais deve ser feita por meio de
documento fiscal idôneo emitido em nome dos candidatos e partidos
políticos, sem emendas ou rasuras, devendo conter a data de emissão, a
descrição detalhada, o valor da operação e a identificação do emitente e do
destinatário ou dos contraentes pelo nome ou razão social, CPF ou CNPJ e
endereço.

§ 3º Ficam dispensadas de comprovação na prestação de contas:

I - a cessão de bens móveis, limitada ao valor de R$ 4.000,00 (quatro mil


reais) por pessoa cedente.

Oportuno registrar que embora não comprovada a propriedade dos bens doados
pelos cedentes relacionados, o prestador das contas procedeu ao registro dos valores
correspondentes às operações na sua prestação de contas, de modo a atender ao disposto §
4º do art. 63 da reportada Resolução TSE n. 23.553/17:

Art. 63. Omissis.

§ 4º A dispensa de comprovação prevista no § 3º [dispensa de


comprovação da cessão de bens móveis] não afasta a obrigatoriedade de
serem registrados na prestação de contas dos doadores e de seus
beneficiários os valores das operações constantes dos incisos I a III do
referido parágrafo.

Dessa feita, considerando que o valor estimado para as referidas cessões de


veículos no curto período de campanha, individualmente, é de r$ 1.200,00 (um mil e duzentos
reais), não ultrapassam o teto de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), entendo, com base na
jurisprudências deste TRE, afastada a irregularidade das doações relacionadas neste item 5.3
promovidas pelos cedentes: ALEXSANDRO APARECIDO RODRIGUES (ID 587287),
CARLINDO AMÉRICO FRANCISCO (ID 587387), CLEONIR DA COSTA BRAGA (ID 587437),
EDIMILSON FERREIRA BARBOSA (ID 587487 e 587537), EDNA DE SOUZA MOURA (ID
587587), GIVONE FREIRE SAMPAIO (ID 587637), JAMILE MOLINA NUNI (ID 587687),
JOAQUIM MENDES BARBOSA (ID 587737), PAULO JOELSON FLORES (ID 587837),
THIAGO SE SOUZA MENEZES (ID 587887) , VALDEMIR JUSTINO DA SILVA (ID 588087),
WILLIAN MARQUES VALIM (ID 588137) e FRANCISCO ERINELDO DE SOUZA.

Quanto à propriedade dos veículos cedidos por APARECIDA PUERTA BRAGA e


MARINALDO DE LIMA SILVA restaram comprovadas, pois, em relação à Aparecida Puerta,
consta nos autos (ID 587337) consulta do IPVA junto ao DETRAN dando conta de que o

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veículo cedido pertenceu à cedente até 16/10/2018, portanto após as eleições de 07/10/2018; e
a propriedade do veículo cedido por Marinaldo de Lima, veio ao processo (ID 587787) cópia do
documento oficial de transferência do veículo assinado com firma reconhecida por tabelião em
data de 24/06/2016.

Contudo, no tocante à doação de VALDEIR SOARES NUNES, nota-se nos


referidos documentos (ID 587987) que, à época da cessão, o veículo cedido — FORD KA,
placa NDV 3400 — pertencia à pessoa jurídica da empresa VS NUNES E CIA LTDA-ME, o que
é vedado nos termos do art. 33, inciso I, da Resolução TSE nº 23.553/2017:

Art. 33. É vedado a partido político e a candidato receber, direta ou


indiretamente, doação em dinheiro ou estimável em dinheiro,
inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente
de:

I – pessoas jurídicas;

II – origem estrangeira;

III – pessoa física que exerça atividade comercial decorrente de


permissão pública.

Dessarte, permanece neste item 5.3 a irregularidade atinente à doação efetuada


por VALDEIR SOARES NUNES com expressão bastante para, em análise conjunta às outras
irregularidades demonstradas no processo, desaprovar as contas.

Ante o exposto, em razão das irregularidades descritas acima, e em consonância


com o parecer ministerial, voto no sentido de julgar desaprovadas as contas de Elcirone
Moreira Deiró, relativas à campanha eleitoral de 2018, com base no art. 77, III, da Resolução
TSE n. 23.553/2017. E, com base no art. 22, § 3º, do mesmo normativo, determinar ao
prestador das contas devolver ao doador Elson Moreira Deiró a quantia de R$ 14.000,00
(quatorze mil reais), referente à doação irregular recebida e empregada na campanha do
candidato. Tudo sem prejuízo da remessa de cópia integral dos autos à Procuradoria Regional
Eleitoral, para os fins previstos no art. 22 da Lei Complementar n. 64/90 (Resolução TSE n.
23.553/17, art. 84).

É como voto.

EXTRATO DA ATA

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PRESTAÇÃO DE CONTAS n. 0601228-13.2018.6.22.0000. Origem: Porto Velho
– RO. Relatora: Juíza Úrsula Gonçalves Theodoro de Faria Souza. Assunto: Prestação de
Contas - De Candidato - Cargo - Deputado Estadual. Requerente: Elcirone Moreira Deiro.
Advogado: Luiz Felipe da Silva Andrade – OAB/RO n. 6175. Sustentação oral: Advogado Luiz
Felipe da Silva Andrade.

Decisão: Contas desaprovadas, nos termos do voto da relatora, à unanimidade.


Acórdão publicado em sessão.

Presidência do Desembargador Sansão Saldanha. Presentes o Desembargador


Kiyochi Mori e os Senhores Juízes Rosemeire Conceição dos Santos Pereira de Souza, Flávio
Fraga e Silva, Paulo Rogério José, Clênio Amorim Corrêa e Úrsula Gonçalves Theodoro de
Faria Souza. Ausente justificadamente o Juiz Ilisir Bueno Rodrigues. Procurador Regional
Eleitoral, Luiz Gustavo Mantiovani.

30ª Sessão Extraordinária do dia 14 de dezembro de 2018.

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