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oglobo.globo.com

Artigo: Corrupção e crime eleitoral


Raquel Dodge
5-6 minutes

O Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da


República, se debruçará nesta semana sobre um tema relevante
para o estado de direito e para a democracia representativa: definir
qual órgão jurisdicional — Justiça Comum Federal ou Justiça
Eleitoral — é competente para processar e julgar crimes federais,
como a corrupção e a lavagem de dinheiro, que sejam conexos a
crimes eleitorais.

A PGR tem sustentado que uma decisão justa resultará em dar a


cada qual o que é seu: competência bipartida entre a Justiça
Eleitoral e a Justiça Federal.

A Constituição não cuidou de toda competência criminal da Justiça


Eleitoral. Limitou-se a tratar dos chamados writs constitucionais
(habeas corpus, mandado de segurança, habeas data e mandado
de injunção; CF art. 121, § 4º, inc. V), e deferiu a lei ordinária
regulamentar os demais aspectos.

O Código Eleitoral é a lei que definiu a competência criminal da


Justiça Eleitoral. Seu artigo 35-II estabelece que cabe aos juízes
eleitorais processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que
lhes forem conexos.

O fato de a Constituição ter fixado a competência da Justiça


Federal e remetido à lei ordinária a definição das atribuições da
Justiça Eleitoral já aponta para a não aplicação do art. 78-IV do

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Código de Processo Penal, para a solução da controvérsia.

É que, definida pela Constituição, a competência criminal da


Justiça Federal não admite exceções feitas em lei: cabe à Justiça
Federal processar e julgar “os crimes políticos e as infrações
penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesses
da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas,
excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça
Militar e da Justiça Eleitoral” (art. 109-IV). É competência material
absoluta, ou seja, os crimes federais, apesar de serem comuns, só
podem ser julgados pela Justiça Federal, ainda que conexos a
crimes de qualquer outra natureza.

Normas infraconstitucionais — como a dos artigos 35-II do Código


Eleitoral e 78-IV do Código de Processo Penal — não modificam a
Constituição nem inovam o sistema jurídico com regras que
alterem a competência da Justiça Federal. O STF tem firme
jurisprudência contrária à interpretação da Constituição a partir do
que estabelece a lei ordinária. É por essa razão que, em caso de
conexão entre crimes federais comuns e crimes eleitorais, não se
pode excluir da Justiça Federal a competência para processar e
julgar os crimes federais e remetê-los para a Justiça Eleitoral. Tal
interpretação estaria calcada em norma infraconstitucional, o que
equivaleria fazer prevalecer a lei ordinária sobre a Constituição, o
que não é admitido.

A interpretação das normas de competência em caso de conexão


entre crimes federais comuns e eleitorais não pode incluir apenas a
legislação ordinária. Deve prevalecer a regra constitucional, de
modo a considerar cada Justiça — a Federal e a Eleitoral — como
a competente para processar os crimes que, pela Constituição (no
caso da Justiça Federal) e pela Lei (no caso da Justiça Eleitoral)
lhes cabem.

Por este entendimento, em caso de conexão entre crimes federais

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comuns e crimes eleitorais, a respectiva investigação ou ação


penal deve ser cindida, sendo os primeiros julgados na Justiça
Federal e os segundos na Eleitoral.

Esta interpretação, aqui defendida, é simétrica — do ponto de vista


constitucional — à solução que tem sido pacificamente aplicada
para as hipóteses de conexão entre crimes comuns federais e
crimes militares (CF art. 109-IV-parte final).

Ademais, a Justiça Eleitoral, que presta relevante serviço à


sociedade brasileira na fiscalização da lisura do processo eleitoral,
não detém os instrumentos e mecanismos necessários para
conduzir a investigação e processar complexos casos criminais
que envolvem, além de crime eleitoral, corrupção e lavagem de
dinheiro, praticados por organizações criminosas.

Não é por outra razão que a própria Justiça Federal tem se


especializado no combate a esse tipo de criminalidade sofisticada
e organizada, com a criação de varas especializadas em matéria
financeira e de lavagem de dinheiro.

Como procuradora-geral da República, tenho defendido que a


Suprema Corte, considerando a competência constitucional e
também a especialização da Justiça Federal na apuração de
crimes contra o patrimônio público federal, garanta a efetividade no
combate à corrupção, anseio da sociedade e de todos que
trabalham neste tema.

Raquel Dodge é procuradora-geral da República

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