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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO

PATROCÍNIO
Graduação em psicologia

A PSICOLOGIA NO ATENDIMENTO A PACIENTES COM EPISÓDIOS


DE IDEAÇÃO SUICIDA EM UMA UNIDADE EMERGENCIAL

Emerenciana de Deus Lelis Silva

PATROCÍNIO
2017
Emerenciana de Deus Lelis Silva

A PSICOLOGIA NO ATENDIMENTO A PACIENTES COM EPISÓDIOS


DE IDEAÇÃO SUICIDA EM UMA UNIDADE EMERGENCIAL

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


exigência parcial para obtenção do grau de
Bacharelado em Psicologia, pelo Centro
Universitário do Cerrado Patrocínio – UNICERP,
como requisito para elaboração do trabalho de
conclusão de curso.

Orientadora: Prof. Esp. Tereza Helena Cardoso

PATROCÍNIO
2017
Centro Universitário do Cerrado Patrocínio
Curso de Graduação em Psicologia

Trabalho de conclusão de curso intitulado " A Psicologia no atendimento a pacientes com


episódios de ideação suicida em uma unidade emergencial ”, de autoria da graduanda
Emerenciana de Deus Lelis Silva aprovado pela banca examinadora constituída pelos
seguintes professores:

. Profª.Orientadora. Esp. Tereza Helena Cardoso


Instituição: UNICERP

Instituição: UNICERP

Instituição: UNICERP

Data de aprovação: / /

Patrocínio, de Dezembro de 2017


DEDICO este estudo a Deus e a minha mãe pelo esforço em manter
meus estudos pela motivação e apoio, e também aos pacientes com
ideação suicida, que estão na luta pela vida.
“Quando percebem que foram profundamente ouvidas, as pessoas
quase sempre ficam com os olhos marejados. Acho que na verdade
trata-se de chorar de alegria. É como se estivessem dizendo:
"Graças a Deus, alguém me ouviu. Há alguém que sabe o que
significa estar na minha própria pele”. ”

CARL ROGERS
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo dom da vida por ter me concedido: paciência, resiliência e amor
pelo meu curso, e pela sua misericordiosa graça, pois só através Dele consegui concluir esse
sonho.

A minha amada mãe por todo esforço em me manter firme e estudando, que mesmo
quando éramos privados de recursos financeiros tirava de si, para que eu fosse feliz, a ela todo
meu orgulho, meu amor e minhas eternas saudades, apenas por ela termino esse curso com a
certeza que mesmo quando tudo for tristeza, existe um Deus enorme que faz com que o
impossível seja possível.

Aos meus irmãos, Mateus, Adriano, Artur, Ingridi e Adriana pelo orgulho
demonstrado a mim sempre que possível, agradeço em especial a minha irmã Ingridi pelo
nascimento do meu sobrinho Willian, ao qual me fez crescer um amor tão grande que fez crescer
minha empatia e amar mais ainda o meu próximo.

Agradeço também a todos meus familiares que de alguma forma estiveram presentes
nessa caminhada, agradeço em especial aos meus avós José Felisbino e Sudália, a qual tenho
grande saudades, a eles minha gratidão pela compreensão quando me ausentava dos almoços
de domingo, para cumprir grade horaria para melhor conclusão dos estágios.

Agradeço as minhas irmãs do coração as quais seria inferior chamar de amigas,


agradeço a Lidia, por parcialmente tudo, pelo ombro amigo nos dias de desespero, pela presença
nos meus momentos de alegria, pela sabedoria ao entender todos meus momentos de crise, e
aos açaís terapêuticos que alegravam sempre meus dias de angustia, a Naiara pelo ponta pé
inicial, meu exemplo para começar a ser alguém na vida, agradeço pelos passeios em
Uberlândia, pelas conversas e conselhos da madrugada e por acreditar no meu potencial, quando
eu ao menos sabia que ele existia, agradeço também a Braiene, pelos conselhos sinceros e pelas
caminhadas, tanto físicas quanto da vida.
Agradeço também as minhas colegas e amigas de curso, principalmente a Duana
minha dupla, meu braço direito e meu cérebro em dias de provas, a Miriã pela experiência em
aconselhamentos, a Leticia pelas risadas bobas, ao Marco Tulio por ser esse amigo insuportável
que a gente no fundo gosta de aturar, a Laura pela empatia e irmandade em Cristo, e a Larissa
pelo ombro amigo além dos portões da faculdade.

A minha orientadora Esp. Tereza Helena Cardoso, a qual profundo enorme admiração
e gratidão, pelo apoio e contribuição para realização deste trabalho.

Agradeço a Coordenadora do Curso de Psicologia Profa. Dra. Vanessa Cristina


Alvarenga, professora por qual possuo grande admiração e respeito.

A prof. Esp. Vanessa Costa Santos, pelas orientações de estágio e por me fazer
reconhecer o amor pela saúde pública.

A todos professores, que de forma grandiosa contribuíram para minha formação,


plantando uma sementinha que vem germinando dia após dia e me fazendo amar sempre a
psicologia.

Agradeço também a minha amiga e colega Rosania por colaborar para minha liberação
do serviço sempre quando necessário.

Enfim, agradeço a todos que colaboraram de forma direta ou indireta para essa
conquista.
RESUMO

O ato do suicídio é considerado o ápice de um fenômeno complexo e multifacetado, resultante


da interação de diversos fatores; atualmente, a cada 45 segundos ocorre um suicídio em algum
lugar do planeta e esta é uma prática que cresce gradualmente no Brasil e no mundo. Pesquisas
confirmam que para cada caso de autoextermínio consumado, existem aproximadamente 10
tentativas com gravidade considerável. Sabe-se que a psicologia no contexto emergencial,
requer psicólogos que lidem diretamente com esta reação divergente do esperado no processo
de adoecimento e a hospitalização e que, ultrapassa a condição biológica, envolvendo uma
dimensão psicossocial. Neste contexto, o psicólogo tem papel importante pois é o profissional
que, inserido na equipe multiprofissional, propicia uma escuta especializada e uma
compreensão subjetiva do paciente, podendo inclusive avaliar a necessidade de avaliação
psiquiátrica imediata ou possibilidade de encaminhamento para atendimentos especializados
em ambulatórios. Diante disso os objetivos são, analisar a percepção do paciente e de seus
familiares e/ou acompanhantes quanto à atuação da equipe multiprofissional frente ao paciente
com ideação suicida e a inclusão do psicólogo, em casos de atendimento de tentativa de
autoextermínio no Pronto Socorro de Patrocínio. Conhecer as razões que levam os pacientes a
tentarem suicídio, e verificar a percepção de todos os envolvidos, com relação a ausência do
profissional de psicologia nesse tipo de atendimento. Trata-se de um estudo qualitativo e
descritivo, realizado através de um questionário relativo ao tema, com questões especificas
direcionadas a 3 pacientes, 3 acompanhantes e 3 profissionais de saúde. Os participantes foram
abordados na Unidade de Pronto Socorro, de acordo com a demanda, sendo a pesquisadora
chamada sempre que ocorriam casos de tentativa de autoextermínio. Os principais resultados
obtidos demonstraram que, com relação à necessidade de um profissional psicólogo neste tipo
de atendimento, pacientes, familiares e profissionais foram unanimes em responder
afirmativamente. Observou-se também que todas as participantes pacientes entrevistadas foram
mulheres, e os motivos relatados sobre as causas da tentativa de autoextermínio foram
depressão e problemas conjugais. A presença do psicólogo é de suma importância no âmbito
emergencial no caso de tentativas de suicídio, seja para atendimento de pacientes e
acompanhantes, seja para a equipe multiprofissional. Através de uma escuta qualificada, o
psicólogo imprime qualidade e humanização ao atendimento, além de propiciar, a partir de
informações pertinentes, uma atenção em rede, interligando os serviços de referência e contra
referência.

Palavras-chave: autoextermínio; emergência; profissional psicólogo.


LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Dados sócio demográficos dos pacientes entrevistados.................25

QUADRO 2 – Dados sócio demográficos dos acompanhantes entrevistados........26

QUADRO 3 – Dados sócio demográficos dos profissionais entrevistados............27

QUADRO 4 - Categorias e subcategorias...............................................................28


LISTA DE SIGLAS

CFP – Conselho Federal de Psicologia

COEP - Comitê de Ética e Pesquisa

OMS – Organização Mundial de Saúde

OPAS – Organização Pan Americana de Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

PS - Pronto Socorro

UNICERP - Centro Universitário do Cerrado Patrocínio


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................12

2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................................15

2.1 O suicídio..........................................................................................................................15
2.2 A Psicologia no âmbito emergencial................................................................................16
2.3 Humanização multidisciplinar..........................................................................................17
2.4 Depressão..........................................................................................................................18

3 OBJETIVOS.......................................................................................................................21

3.1 Objetivo Geral...................................................................................................................21


3.2 Objetivo Específico...........................................................................................................21

4 METODOLOGIA..............................................................................................................22

4.1 Tipos de Pesquisa..............................................................................................................22


4.2 Cenário da Pesquisa..........................................................................................................23
4.3 Participantes da Pesquisa..................................................................................................23
4.4 Técnicas de coleta de dados..............................................................................................23
4.5 Procedimentos para Análise de Dados..............................................................................24
4.6 Aspectos Éticos.................................................................................................................24

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................25

5.1 Perfil Sociodemográfico ...................................................................................................25

5.2 APRESENTAÇÃO DAS CATEGORIAS TEMÁTICAS................................................28


5.2.1 O paciente.................................................................................................................29
5.2.1.1 O motivo..........................................................................................................29
5.2.1.2 O acompanhamento psicológico......................................................................30
5.2.2 O acompanhante.......................................................................................................31
5.2.2.1 O motivo..........................................................................................................31
5.2.2.2 O acompanhamento psicológico......................................................................31
5.2.3 O profissional de saúde.............................................................................................32
5.2.3.1 O preconceito...................................................................................................32
5.2.3.2 O acompanhamento psicológico......................................................................34

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................36

REFERÊNCIAS....................................................................................................................38

APÊNDICE............................................................................................................................42

ANEXOS................................................................................................................................48
12

1 INTRODUÇÃO

O comportamento suicida é uma prática que cresce gradualmente no Brasil e no


mundo; pondera-se que para cada caso de autoextermínio consumado, existem
aproximadamente 10 tentativas com gravidade considerável, e que deveriam ser conduzidas a
atendimento médico; além disso, esses comportamentos podem ser até quarenta vezes mais
recorrentes que os suicídios irrevogáveis (BERTOLOTE; FLEISCHMANN,2004).
Segundo Minayo (2005), é provável que a maioria dessas tentativas não sejam
consideradas de relevância para serem conduzidas á atendimento hospitalar; mesmo quando os
pacientes adentram às unidades emergenciais, os registros sistematizados nos serviços de
emergência costumam apontar apenas a lesão ou o trauma em virtude das tentativas que
exigiram cuidados profissionais.
Oliveira (2008), afirma que onde existe sofrimento psíquico deve haver participação
do psicólogo; sendo assim a Psicologia necessita estar presente nesta problemática.

E, segundo Bruck (2009):

“A psicologia das emergências postula, em primeiro lugar, a emergência do


humano”. Sendo assim, as primordialidades que devem ser acolhidas são
pertinentes às manifestações de determinados indivíduos, para que assim,
depois da primeira escuta e consequentemente auxílio, este consiga enfrentar
a situação e as consequências resultantes.”

Neste sentido, a Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), desde 1983, reforça a
integração da psicologia como profissão indispensável nos serviços de saúde, incluindo os
serviços de emergência. Segundo a mesma, estudos epidemiológicos executados têm
demonstrado que grande parte de queixas de pacientes que recorrem aos serviços de
atendimento de saúde em geral, nesta circunstância, denotam também problemas psicossociais
e psicossomáticos. (ROMANO, 1999).
Na maioria dos casos, é na tentativa de suicídio que acontece o primeiro encontro entre
o paciente e o profissional de saúde, mais especificamente o de saúde mental e,
preferencialmente o psicólogo. Para tanto, Rosa (2012), afirma que, a possibilidade de ser
acolhido e ouvido por um profissional de psicologia é algo significativo aos olhos dos pacientes.
Embora se preconize que no âmbito hospitalar os atendimentos sejam breves e focais, o
13

acolhimento especializado possui o intuito de minimizar o sofrimento de pacientes e seus


familiares.
A situação paradoxal entre o desejo de morte, como forma de terminar com o
sofrimento e o “reviver” novamente, denunciam a coexistência no sujeito de ideias
contraditórias o qual, por um lado, o sujeito tenta morrer, mas é socorrido por terceiros, ou ele
mesmo procura ser resgatado e sair dessa situação ileso (BERTOLOTE, MELLO-SANTOS e
BOTEGA 2010).
Minayo (2007), salienta que diante desta situação em que todos se encontram
vulneráveis, pode-se detectar o despreparo dos profissionais de saúde nos atendimentos de
emergência, quanto ao acolhimento e atendimento humanizado aos pacientes suicidas.
Equivocadamente os mesmos acreditam que pacientes que cometem tal ato, não necessitam de
uma atenção diferenciada e nem emergente, cometeram tal ato conscientemente e, portanto, é
um trabalho que poderia ser evitado.
Para Nascimento (2011), percebe-se claramente, que os profissionais da área de saúde
nos atendimentos de emergência não estão preparados para acolher este paciente como alguém
que necessita de ajuda, e que na maioria das vezes, o profissional de enfermagem, que é o
primeiro a ter contato com o paciente, adota posturas regadas de preconceito e discriminação
em relação ao mesmo. Os profissionais de saúde, especialmente os que atuam no âmbito
hospitalar, trabalhando com fenômenos como a vida e a morte, possuem um conjunto de
sentimentos complexos e variáveis como anseios, sofrimentos e toda gama de aflições
recorrentes ao ser humano. Sendo assim o modelo tecnicista e fragmentado ao qual são
submetidos no âmbito da educação e, após o término de sua graduação, na maioria das unidades
hospitalares tendem a retê-los, e pior, tendem a permanecer estagnados nesse modelo.
Igue, Rolim e Stefanelli (2002), mostram que os cursos de graduação formam os
profissionais de saúde para atuarem no ato de cuidar e salvar vidas e, sendo assim, as palavras
morte e suicídio somente são aceitas quando há relação com portes clínicos. A abordagem sobre
o tema é formado sob o respaldo da forma técnica. Essa visão, distante de qualquer sentimento,
se estende à morte e ao fenômeno autoextermínio mesmo quando os mesmos tornam-se um fato
real.Ou seja, o paciente, ao tentar contra a própria vida, desestabiliza a equipe de saúde, na
medida em que desafia o seu suposto poder através de seu ato, tornando-se, na maioria das
vezes, um paciente indesejado no pronto socorro (CARVALHO, 2008).
Em uma equipe multidisciplinar o profissional da psicologia poderá intermediar a
relação equipe/paciente, sendo o porta-voz das necessidades e desejos do paciente, intervindo
diretamente na clareza das informações, propiciando o desenvolvimento de uma linguagem
14

comum, necessária à uma interação conjunta que traga eficiência da equipe e benefícios ao
paciente e sua família. (ROMANO,1999).
Fukumitsu (2005), considera que, quando há potencial de suicídio, é importante que o
paciente não fique desacompanhado. O trabalho de acompanhantes terapêuticos ou psicólogos
na internação em instituições especializadas devem ser considerados. É importante ampliar o
sistema multidisciplinar, dando assim melhor apoio, procurando ajudar a família na
compreensão dos motivos do ato suicida numa abordagem multidisciplinar.
Diante do exposto, questiona-se qual a importância da atuação do psicólogo da área de
saúde, frente ao atendimento a pacientes com episódios de ideação suicida em uma unidade
emergencial? Acredita-se que a atuação do psicólogo em todas as áreas em que o ser humano
esteja inserido é essencial, pois o saber deste profissional tende a trabalhar o indivíduo como
ser singular, deixando de lado todos seus preconceitos e limitações, possibilitando uma melhor
maneira de agir diante o paciente com ideação suicida, dando suporte a equipe multidisciplinar
e orientação ao acompanhante do paciente, trabalhando a promoção, prevenção e tratamento da
saúde mental.

O interesse pelo tema surgiu pelo fato da aluna pesquisadora trabalhar na área de saúde,
no setor de odontologia, como funcionária pública na Prefeitura Municipal de Patrocínio,
cumprindo carga horária como auxiliar de odontologia no Pronto Socorro Municipal Doutor
Carlos Afonso Nunes nos finais de semana. Neste local observa-se frequentemente enorme
demanda de pacientes com episódios de autoextermínio, em que o paciente e a família não são
orientadas em termos de referência e permanecem a mercê de informações claras, acerca de
como agir posteriormente ao episódio.
15

2 REVISÃO LITERATURA

2.1 O Suicídio

O Suicídio é considerado a conclusão de um fenômeno complexo e multifacetado,


resultante da interação de diversos fatores (MCGIRR, et.al,2007.)
Os estudos de Durkheim (2003) mostram o suicídio como um fenômeno totalmente
social, apontando que é uma patologia da época. Para este autor a sociedade é uma realidade
diferente das instituições e dos indivíduos, que não existem sem ela. Sua teoria está fomentada
a ideia de que é a maneira de tratamento da sociedade que determina as atitudes individuais
desses indivíduos, ou seja, existem estímulos sociais que tendem a fazer o indivíduo a desistir
da própria vida.
Para a psicanálise, o suicídio seria uma válvula de escape para o sujeito, uma ação que
tem como objetivo a finalização de seus conflitos psíquicos, uma aversão radical ao sofrimento
e à dor de viver, agregado à pulsão de morte, conceito psicanalítico descrito para justificar a
tendência do homem para a morte, e presente em todo ser humano (FREUD, 1920).

Conforme Bahls, et.al 2007:

As tentativas de suicídio e o comportamento suicida podem ser conceituados


como atos intencionais de autoagressão que não resultam em morte, podendo
envolver atos mais graves, para os quais são necessárias hospitalizações.
Algumas autoagressões podem, ainda, não necessitar de atendimento médico,
o que dificulta a realização de estudos acerca das tentativas de suicídio.

A cada 45 segundos ocorre um suicídio em algum lugar do planeta. Há um contingente


de 1.920 pessoas que põe fim à vida diariamente. Atualmente, essa cifra supera, ao final de um
ano, a soma de todas as mortes causadas por homicídios, acidentes de transporte, guerras e
conflitos civis (VARNIK, 2012; OMS, 2014).

No Brasil, a taxa geral de mortalidade por suicídio, em 2012, foi de 5,3/100


mil habitantes. O total de suicídios no país, entre os anos 2002 e 2012, passou
de 7.726 para 10.321, representando um aumento de 33,6%, superando o
crescimento da população do país no mesmo período, que foi de 11,1%, os
homicídios que aumentaram 2,1% e os óbitos por acidentes de transporte que
cresceram26,5%. Waiselfisz (2014).
16

Segundo Durkheim (2003), a sociedade é um dos principais fatores para evolução


pessoal do indivíduo. Fatores sociais e familiares, instituições de ensino, grupos sociais dos
quais participa, amigos e comunidade, influenciam categoricamente na criação de um episódio
suicida, tanto para que o indivíduo o faça, quanto para que o evite. Neste olhar, os indivíduos
estão incorporados em um grupo social, ajustado por regras e padrões.
Para os pacientes que passam por episódios de tentativas de suicídio, é relevante que
as práticas de atenção ofereçam acesso universal aos serviços de saúde, almejando a
integralidade do cuidado. Dessa forma, é essencial a capacitação dos profissionais de saúde da
atenção básica, das unidades de emergência e dos serviços de saúde mental, os quais deveriam
se articular de forma organizada e resolutiva dentro da rede social de assistência à saúde
(VIDAL, et.al, 2013). Neste contexto, é preciso conhecer, atualizar e sistematizar a frequência
de autoextermínio e das tentativas de suicídio de determinada população, até mesmo quanto ao
número de suicídios concluídos, com vistas a elaborar programas de prevenção e promoção à
saúde mental (PALMA, et.al, 2011).

2.2 A Psicologia no âmbito emergencial

O papel da psicologia em uma unidade de PS ainda é pouco estudado. A chance cedida


ao psicólogo no contexto emergencial tem pouco respaldo na legislação. Certifica-se que essas
conclusões por meio da Política Nacional de Atenção às Urgências do Ministério da Saúde, no
momento em que, este documento salienta que a atuação do psicólogo se limita apenas ao
serviço de suporte, acompanhamento clínico e reabilitação e, não necessariamente, como
exclusivo da unidade. Sendo assim conclui-se que, mesmo onde há atenção e encaminhamento
para a urgência psiquiátrica não se tem a garantia do profissional da Psicologia como um de
seus responsáveis (BRASIL, 2006).
Segundo Muñoz y Lillo (2003), considera-se que as funções do psicólogo em uma
unidade de emergência são determinadas diante um leque de possibilidades, devendo-se,
portanto, levar em consideração essencial, tanto os fatores internos ao quadro clínico em
questão, quanto aos fatores subjetivamente interligados ao paciente e todo o contexto
psicossocial em que está envolvido.
17

O psicólogo serve como instrumento facilitador do processo de


hospitalização, pois atua como um elo na relação entre a
equipe/paciente/família, servindo de porta-voz das necessidades e desejos das
pessoas, intervindo para minimizar os desencontros de informações. Ele é,
ainda, um personagem importante nas unidades médicas, participando das
decisões frente a condutas adotadas com os pacientes, possuindo, também,
caráter estratégico na elaboração de diagnóstico e na aplicação de terapias,
estabelecendo relações cooperativas entre pacientes, família e equipe técnica
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, CFP, 2006).

O paciente ao adentrar em uma Unidade de Pronto Socorro se depara com uma situação
de abandono e, de certa forma, perde sua autonomia, pois se retira da posição de sujeito,
indivíduo subjetivo, passando a objeto de intervenção. Deverá se resignar a procedimentos
médicos que, embora resultem em sua melhora, tendem a adquirir um caráter agressivo e
invasivo. Assim, ele vive um momento de ausência referencial, que vem acompanhado por
episódios de isolamento, abandono e rompimento de laços afetivos, profissionais e sociais.
Sendo assim esse sofrimento que transpassa a passagem do paciente pelo Pronto Socorro (PS),
pode ser minimizado pela intervenção psicológica. (COPPE & MIRANDA, 2002)
É nesse contexto de trabalho, em função do choque das dos pacientes/acompanhantes
na demanda dos serviços de urgências e emergências, que o psicólogo vem para somar aos
demais profissionais da equipe de saúde, de modo a praticar acolhimento, intermediar e fazer
ponte entre paciente/família e a própria equipe multidisciplinar, lidando com os sentimentos
contraditórios, ambivalentes e reações frente ao adoecimento, hospitalização e tratamento,
deixando mais claras e de fácil compreensão as condições necessárias para que o funcionamento
psicológico seja eficaz de acordo com a situação (SÁ, WERLANG, & PARANHOS, 2008).

2.3 Humanização multidisciplinar

Segundo Martins (2001), a humanização é um processo amplo, demorado e complexo,


ao qual se oferecem resistências, pois envolve mudanças de comportamento, que sempre
despertam receio e medo. Os padrões conhecidos parecem mais seguros; além disso, os novos
não estão prontos nem em decretos nem em livros, não tendo características generalizáveis pois
cada profissional, cada equipe, cada instituição terá seu processo singular de humanização.
A proposta de humanização da assistência à saúde tem como parâmetros à melhoria
da qualidade de acolhimento e atendimento ao usuário e das condições de trabalho para os
profissionais. Esse processo de humanização refere-se ao resgate da dignidade do ser humano
e ao respeito por seus direitos (CARVALHO, 2008). Assim sendo, humanizar é “adotar uma
18

prática em que profissionais e usuários consideram o conjunto dos aspectos físicos, subjetivos
e sociais que compõem o atendimento à saúde” (BRASIL, 2001, p.9).
Pessini e Bertichini (2004), apontam que a prática da humanização no atendimento
requer dos profissionais da saúde, capacidade de compartilhar vivências e experiências tais que
maximizem o foco de suas ações, via de regra restritas ao cuidar enquanto sinônimo de auxílio
às possibilidades da sobrevivência. Ou seja, cada encontro entre o profissional de atendimento
humanizado e o paciente reveste-se de empatia e de uma tomada de consciência quanto aos
valores éticos e morais norteadores de suas ações, num contexto relacional.

Segundo Caponi (2000):

“O reconhecimento de simetria numa relação de compaixão é possível, mas


apenas quando existe proximidade e identificação com a pessoa considerada
desafortunada; apenas quando podemos reconhecer naquele que sofre um
semelhante, alguém com o qual seja possível argumentar e discordar, formular
perguntas e respostas, alguém, enfim, que possa preferir prescindir do nosso
auxílio.”

Considerando que, no contexto da atenção à saúde, humanização significa cuidar do


paciente em sua totalidade, valorizando o contexto familiar e social, respeitando os valores, as
esperanças, os aspectos culturais e as preocupações de cada um, Knobel (1999), salienta sobre
a necessidade de manter e preservar a dignidade do paciente respeitando-o como ser humano,
a partir dos princípios morais e éticos. À partir do momento que se entende de forma empática
o outro que está à sua frente, imagina-se a verdadeira assistência com qualidade,
disponibilizando uma escuta ativa ao paciente. Diante e além disso, é de suma importância o
trabalho do psicólogo em unidades emergenciais em situações de tentativas de autoextermínio
“mal” sucedidas, pois os sujeitos encontram-se com importante sofrimento e confronto
emocional ambivalente onde, em estado caótico, solicita socorro através deste ato desesperado,
mas, ao mesmo tempo, deseja de fato, o fim de seu sofrimento psíquico.

2.4 Depressão

A OMS salienta que a depressão é uma doença psiquiátrica que atinge em média cerca
de 3% da população mundial. Define-se por variações súbitas de humor, com incidentes de
depressão e de mania (antônimo da depressão). Suas causas são variadas, sendo algumas
biológicas, porém a maioria delas se tornam psicossomáticas, com o aumento do estresse diário
19

da população, principalmente nas metrópoles, não é de estranhar-se que este número esteja cada
vez maior. Dados da Organização Mundial de Saúde demonstram que, nas próximas duas
décadas, a depressão deve ficar em primeiro lugar no ranking das patologias, apresentando-se
como a doença mundial mais comum, contagiando mais pessoas do que qualquer outro
problema de saúde, estando na frente do câncer e doenças cardíacas. Na atualidade, mais de
450 milhões de pessoas sofrem diretamente por transtornos psicológicos, grande parte delas nos
países em desenvolvimento. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, OMS. 2017)

Para Saxena (2017), médico do Departamento de Saúde Mental da OMS:

“Os números da OMS mostram claramente que o peso da depressão (em


termos de perdas para as pessoas afetadas), vai provavelmente aumentar, de
modo que, em 2030, ela será sozinha a maior causa de perdas (para a
população) entre todos os problemas de saúde".

A depressão é a principal razão de problemas de saúde e incapacidade permanente ou


temporária em todo o mundo. Conforme as mais atuais estimativas da Organização Mundial da
Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas convivem com a depressão, um aumento de
mais de 18% entre 2005 e 2015. A falta de suporte às pessoas com transtornos psicológicos,
juntamente com o medo do preconceito, impossibilitam muitas pessoas a inclusão do tratamento
de que necessitam, para viver vidas saudáveis e produtivas. A depressão também é um fator de
risco considerável para o suicídio, que acaba com centenas de milhares de vidas anualmente
(OMS, 2017).

Segundo Saxena (2017):

"Uma melhor compreensão da depressão e como ela pode


ser tratada, embora essencial, é apenas o começo. O que
precisa ser seguido é a expansão sustentada dos serviços
de saúde mental acessíveis a todos, até mesmo às
populações mais remotas do mundo".

A interligação entre depressão e suicídio é explícita; a porcentagem de indivíduos com


tentativas de autoextermínio aumenta mais de 20 vezes em indivíduos com episódio depressivo
maior, e sendo ainda mais comum em sujeitos com comorbidades, seja por outros transtornos
psicológicos ou patologias clínicas (LONNQVIST, 2000).
20

Durkheim (2003), em sua obra O Suicídio, ressalta a influência da depressão na


ocorrência do ato suicida quando define as suas categorias nos estados psicopáticos. O suicídio
melancólico, uma das categorias definidas pelo autor, tem ligação, na maioria das vezes, a um
estado de profunda depressão, elevada tristeza, que faz com que o paciente já não consiga mais
agraciar de maneira saudável as relações com as pessoas e as coisas que o cercam.
O diagnóstico feito imediatamente, acompanhado de um tratamento correto de
depressão é, comprovadamente, a forma mais eficaz de prevenção ao suicídio. (MANN et
al.,2005; OMS, 2004).
21

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivos Gerais

Analisar a percepção do paciente e de seus familiares e/ou acompanhantes quanto à


atuação da equipe multiprofissional frente ao paciente com ideação suicida e a inclusão do
psicólogo, em casos de atendimento de tentativa de autoextermínio no Pronto Socorro de
Patrocínio.

3.2 Objetivos Específicos

Conhecer as razões que levam os pacientes à tentarem suicídio, e que são atendidos na
unidade de emergência do Pronto Socorro Municipal de Patrocínio.

Verificar a percepção dos pacientes, seus familiares e da equipe multiprofissional com


relação a ausência do profissional de psicologia nesse tipo de atendimento.
22

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de pesquisa

Para melhor andamento do trabalho, é importante que se escolha um caminho a seguir,


determinando de forma clara e congruente aos meios pelos quais se alcançará os objetivos
formulados, tentando elaborá-los dentro de um raciocínio que a acompanhe aos mesmos
levantados para que, por meio da coleta de dados possa se transformar em resultado
considerável para a problemática apresentada.
O seguinte trabalho será realizado através de pesquisa qualitativa, de campo, com
caráter descritivo, que faz o pesquisador ler e refletir sobre seu tema escolhido para estudo.

Segundo Prodanov e Freitas (2013, p.69 e 70):

A pesquisa qualitativa considera-se que há uma relação dinâmica entre o


mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo
e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A
interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no
processo de pesquisa qualitativa. Esta não requer o uso de métodos e técnicas
estatísticas.

A pesquisa qualitativa considera-se um tipo de estudo no qual observa-se aspectos da


realidade que não são contáveis, focando a descrição, entendimento e explicação das relações
sociais, descrevendo a realidade percebida, em determinada sociedade, grupo ou o próprio
indivíduo sua singularidade (MARCONI, LAKATOS, 2002).
Segundo Cervo, Bervian e Silva (2007, p.61), a pesquisa descritiva observa, registra,
analisa e correlaciona fatos sem manipulá-los. Esse tipo de pesquisa tenta compreender as
distintas relações que acontecem na vida em sociedade, na política e economia, além do
comportamento humano, tanto individual quanto em grupo.
23

4.2 Cenário da Pesquisa

A presente pesquisa foi realizada no Pronto Socorro Municipal Doutor Carlos Afonso
Silva, no município de Patrocínio, atendendo à microrregião que compõe a região do Alto
Paranaíba, no Estado de Minas Gerais. Esta Unidade presta serviços de urgência e emergência
com base no protocolo de classificação de risco de Manchester, com habilidade e competência
de promover o bem social, e sua razão social é a Prefeitura Municipal de Patrocínio.

4.3 Participantes da Pesquisa

Os participantes dessa pesquisa foram 3 pacientes, 3 familiares e 3 profissionais de


enfermagem, de ambos os sexos, com idade entre 16 e 50 anos e que passaram pela experiência
relacionada a tentativa de autoextermínio. Tais sujeitos foram indicados aleatoriamente, eles
eram entrevistados a partir do momento em que adentravam o Pronto Socorro, sendo assim a
recepcionista de plantão entrava em contato com a pesquisadora, não houve distinção de
religião, raça, classe social ou qualquer outra. Assim, a pesquisadora conversou pessoalmente
com cada sujeito, foi explicado que se tratava a pesquisa, e para os que aceitaram foi aplicado
o questionário semiestruturado pela pesquisadora. Todos participaram das entrevistas após
leitura do Termo Livre e Esclarecido e assinatura do Termo de Consentimento Livre, após
Esclarecimento.

4.4 Técnica de Coleta de Dados

Os dados foram coletados, de forma individual, por meio de um questionário


semiestruturado, elaborado pela pesquisadora (APÊNDICE A) que possibilitou aos
entrevistados responderem sobre a motivação do ato sobre a relação e suas vivências em relação
a tentativa de autoextermínio. A pesquisadora aplicou o questionário individualmente no PS,
para coleta dos dados os entrevistados que aceitaram sua participação na pesquisa eram levados
a uma sala disponível na unidade e assim eram aplicadas as entrevistas, assegurando a
confidencialidade e resguardando o anonimato dos mesmos, que receberam nomes de flores.
Recomendações do CFP (Resolução n.º 16/2000) orientam da necessidade de que o
entrevistado seja informado acerca de riscos aos quais estará sujeito e da maneira como os
24

resultados serão divulgados; sendo assim o sujeito não está exposto a quaisquer danos, o que é
citado especificamente em seu Artigo 9º da mesma recomendação, discorre sobre o dever de
todos os membros da equipe de pesquisa manterem sigilo quanto às informações confidenciais
obtidas, como forma de proteger a privacidade dos participantes.
As entrevistas foram feitas de modo que todos os entrevistados leram e responderam
a mesma de acordo com suas cognições, sendo anotadas observações sempre que necessárias,
e transcritas em citações nos resultados de discussão, para coleta das falas citadas, todos os
entrevistados tinham um espaço no final de cada questão para suas considerações aquém das
opções sugeridas na entrevista.
A realização das entrevistas ocorreu de forma a privilegiar a escuta, sendo registrado
na integra o sentimento e subjetividade de cada um dos entrevistados.

4.5 Procedimentos de Análise de Dados

Após a coleta dos dados foi feita a análise de conteúdo, com a finalidade de
sistematizar os dados de forma a categoriza-los, O que se mostrou viável devido ao
fornecimento de respostas para o problema abordado. Sendo assim, foram analisadas e
classificadas as respostas coletadas nos questionários do presente trabalho, alcançando os
objetivos apresentados pelo mesmo.
Nota-se que a análise de dados é um conjunto de técnicas de análise de interlocuções,
que tem como finalidade desmistificar as incertezas e engrandecer a leitura dos dados coletados.
Como afirma Chizzotti (2006, p. 98), “o objetivo da análise de conteúdo é compreender
criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou latente, as significações
explícitas ou ocultas”.

4.6 Aspectos Éticos

Esta pesquisa foi executada de acordo com a Resolução 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde, que estabelece diretrizes para a pesquisa envolvendo seres humanos. O mesmo foi
submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do UNICERP (COEP/UNICERP) e a
coleta de dados somente foi realizada após aprovação do COEP/UNICERP, após autorização
do secretário de saúde do município de Patrocínio (ANEXO A) e da assinatura do Termo de
Consentimento Livre após Esclarecimento (APÊNDICE B)
25

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta pesquisa foi realizada para identificar se a inclusão do psicólogo na unidade


emergencial é um fator relevante, conhecendo também as razões pelas quais os pacientes
entrevistados cometeram a tentativa de autoextermínio, verificando ainda como a equipe
multiprofissional recebe esse paciente, e se o mesmo sofre algum tipo de preconceito, isso sob
a ótica multilateral, ou seja, sob a percepção do paciente e acompanhantes, quanto a do
profissional de saúde. A entrevista foi realizada com 3 acompanhantes e 3 profissionais de
saúde, na cidade de Patrocínio, Minas Gerais, e para manter-se o sigilo das respostas, os
entrevistados foram tratados por nomes de flores.
Fez-se uma amostra em tabelas dos dados sócios demográficos dos participantes da
entrevista para melhor compreensão da análise.

5.1 Perfil sócio demográfico

Para melhor identificação dos participantes do presente estudo, fez-se uma


classificação diante das características de cada um.

QUADRO 1: Dados sócio demográficos dos pacientes entrevistados.


Nome fictício Sexo Idade (anos) Estado Civil Escolaridade

Margarida Feminino 32 Casada Ensino Médio completo

Rosa Feminino 50 Casada Ensino fundamental


incompleto
Orquídea Feminino 27 Casada Ensino Médio completo

Fonte: dados da pesquisa

Nota-se no quadro acima, a prevalência de pacientes do sexo feminino no universo das


entrevistadas. No decorrer da coleta de dados, houve restrito número de pacientes do sexo
masculino, porém nestes casos os mesmos chegaram à óbito não se encaixando na metodologia
apresentada pela pesquisadora. Observou-se que as formas utilizadas pelas participantes da
26

pesquisa em suas tentativas de autoextermínio foi a intoxicação exógena, e no caso dos homens
foi enforcamento.
De acordo com Alacan et al. (2002), o sexo feminino é mais susceptível às tentativas
de suicídio; pelo fato das mulheres serem mais vulneráveis às alterações da passagem para a
vida adulta e estão mais sujeitas a maus-tratos em casa, comumente sofrendo preconceito por
parte da própria sociedade, podendo levar à depressão e a outros transtornos mentais
Marín-Leon e Barros (2003), relatam uma pesquisa de análise de gêneros, realizada
em Campinas, no período de 1997 e 2001, que confirma os dados acima. Esta investigação
encontrou taxas de mortalidade mais altas entre homens com idades entre 35 e 54 anos.
Enforcamento e uso de armas de fogo foram os métodos de suicídio mais comuns utilizados
pelos homens, enquanto que o envenenamento foi o mais comum entre as mulheres.
Percebe-se também, que 100% das mulheres entrevistadas eram casadas, e apenas uma
delas não aponta o cônjuge como motivo maior de sua tentativa de autoextermínio. Uma das
causas mais decorrentes do stress psicológico são os desentendimentos interpessoais
(Morris,1973). Esses conflitos quando acontecem nas relações conjugais parecem estar
fortemente interligados com a ocorrência de tentativas de suicídio (BHAGAT, 1976).

QUADRO 2: Dados sócio demográficos dos acompanhantes entrevistados.


Nome Paciente Sexo Idade Grau de Escolaridade
fictício acompanhado (anos) parentesco
Copo de leite Margarida Masculino 35 Marido Ensino Médio
completo
Ensino
Lírio Orquídea Feminino 40 Irmã fundamental
incompleto
Ensino
Girassol Rosa Feminino 47 Mãe Fundamental
completo
Fonte: dados da pesquisa

Percebe-se que os dados do quadro 2 confirmaram os dados expostos no quadro 1, ou


seja, embora todas fossem casadas apenas um cônjuge acompanhou sua esposa em seu
atendimento, já as outras duas foram familiares próximos que as acompanharam.
Para Sarti (2005), a família tem papel crucial na decisão sobre a busca de cuidado e o
querer estar vivo, além de a sua postura é determinante para o bem-estar do paciente. Do ponto
27

de vista assistencial, o cuidado de forma zelosa à família é tão importante quanto aquele
ofertado pelo próprio indivíduo.
Percebe-se também que 67% dos acompanhantes entrevistados são mulheres e apenas
33% é do sexo masculino. Lautert, Echer e Unicovsky (1998), salientam que em momentos de
crise, como é o caso do adoecimento, o qual existe a necessidade de acompanhamento, é a
família e, principalmente a mulher, que acaba desempenhando esse papel. Sendo assim, cuidar
é uma função característica das mulheres. O trabalho referente ao cuidado é associado com o
feminino e mostra-se como prática social sexuada e generalizada. Convoca para o seu exercício,
contingentes de mulheres que, de acordo com o “dever-ser”, exigem atribuições que não se
adequam a ordem dos conhecimentos técnicos e científicos pois precisam ser mantenedoras de
qualidades percebidas como “inatas” às mulheres, intrínsecas à sua natureza feminina e
reveladoras de suas atribuições como reprodutora.

QUADRO 3: Dados sócio demográficos dos profissionais entrevistados.


Nome fictício Sexo Idade (anos) Profissão Escolaridade
atuante
Tulipa Masculino 25 Técnico em Ensino superior
enfermagem em enfermagem
completo
Técnica em Ensino Superior
Hortência Feminino 28 enfermagem em psicologia
completo
Técnica em Ensino técnico
Holanda Feminino 35 enfermagem em enfermagem
completo
Fonte: dados da pesquisa

Verifica-se no quadro 3 que o primeiro contato do paciente no âmbito emergencial é


com o profissional técnico de enfermagem, sendo que cem por cento dos entrevistados exercem
essa função.
É importante ressaltar também que. além do curso técnico, 67% dos entrevistados
possuem curso superior, e apenas 33% cursou apenas o técnico; interessante destacar também
que uma das entrevistadas é formada em psicologia o que tornou mais fácil o diálogo entre
entrevistadora e entrevistada, respondendo de forma mais empática, estando no lugar de técnica
28

e ao mesmo tempo de profissional de psicologia, destacando a importância da humanização do


atendimento.
Pessini e Bertichini (2004), apontam que a humanização no atendimento requer dos
profissionais da saúde, principalmente, compartilhar com seu paciente vivências e experiências
que totalize na maximização do foco de suas ações, via de regra restritas ao cuidar como
sinônimo de auxílio às possibilidades da sobrevivência. Sendo, cada encontro entre o
profissional de atendimento humanizado e o paciente reveste-se de empatia e uma tomada de
consciência quanto aos valores éticos e morais norteadores de suas ações, num contexto
relacional.

5.2 APRESENTAÇÃO DAS CATEGORIAS TEMÁTICAS

Após estudos aprofundados dos conceitos, emergiram as seguintes categorias e subcategorias:

QUADRO 4: Categorias e subcategorias


CATEGORIA SUBCATEGORIA ASSUNTO TRATADO

O que motivou a tentativa


Subcategoria 01 – de autoextermínio.
Categoria 01 - O Motivo
Pacientes A necessidade de um
Subcategoria 02 – acompanhamento
O acompanhamento psicológico psicológico durante
atendimento emergencial.

Subcategoria 01 – O que motivou a tentativa


O Motivo de autoextermínio.
Categoria 02 -
Acompanhantes Subcategoria 02 – A necessidade de um
O acompanhamento psicológico acompanhamento
psicológico durante
atendimento emergencial.

Subcategoria 01 – A visão do profissional de


O preconceito saúde frente ao paciente.
Categoria 03 -
Profissionais de saúde
Subcategoria 02 – A necessidade de um
O acompanhamento psicológico acompanhamento
psicológico durante
atendimento emergencial.
29

Diante do ambiente hospitalar, são claras as diversas formas de atuação que vão de
acordo com o público alvo e as demandas específicas. O psicólogo tem a viabilidade de efetuar
atendimentos individuais e/ou em grupos, tanto com os usuários/pacientes, como também com
os familiares/acompanhantes e equipe de profissionais (Filgueiras, Rodrigues, e Benfica, 2010).

5.2.1 O paciente

5.2.1.1 O motivo

Percebe-se entre os pacientes entrevistados que o fator propulsor para cometer tal ato
foram problemas conjugais; de 3 pessoas 2 marcaram esta opção como motivo de tentarem o
autoextermínio, sendo apenas 1 fora de contexto, pois a paciente não sabia definir a
pesquisadora o porquê da tentativa.

Em relação a percepção dos mesmos em tentarem contra a vida obteve-se as seguintes


respostas:

“Meu marido disse que se eu me separar dele ele vai me matar e depois matar
ele, não aguento mais viver isso, por isso bebi remédio, mas aí minha irmã me
achou.” (Orquídea)

“Não aconteceu nada específico, tenho um bom marido, uma boa família, só
não tenho mais vontade de viver.” (Margarida)

Múltiplos são os fatores que os sujeitos relacionam à tentativa de autoextermínio.


Segundo documentos da Organização Mundial da Saúde (OMS 2002), inúmeras circunstâncias
cotidianas produtoras de estresse tendem a aumentar o risco de suicídio, como: divórcio,
pobreza, perda de um ente querido, discussões familiares ou com amigos, depressão, ruptura de
uma relação afetiva e problemas legais ou no trabalho.
Na fala de Copo de leite podemos observar que a mesma não consegue perceber um
provável início de depressão, contudo, sem nenhum diagnóstico, sendo assim ela se encontra
em uma unidade emergencial para cuidar de questões biológicas estando a mercê de sua própria
sorte, pois a mesma descreve um vazio existencial que nem ela consegue explicar o porquê,
sendo que, ela tem “tudo” para ser feliz.
Segundo Viana et al., (2008, p. 39), o suicídio é consequência de uma alteração, tanto
na essência da cognição quanto no comportamento do paciente. “É a maneira encontrada para
30

o alívio do sofrimento, do sentimento de desesperança, do desamparo, dos conflitos pessoais


ou interpessoais e do estresse”, ou seja, o suicídio está relacionado com as necessidades
fracassadas ou não realizadas.
O suicídio consiste na tentativa de resposta a um problema ou conflito que está
provocando profundo sofrimento e desespero, conjugado a necessidades não realizadas,
sensação de desesperança e abandono, divergências entre a supervivência e estresse intolerável,
redução das alternativas e procura pela fuga, em que o suicida manifesta sinais de sofrimento
(KAPLAN et al., 2002 apud BANDEIRA DE SÁ, 2010).

5.2.1.2 O acompanhamento psicológico

Percebe-se que todos as pacientes entrevistadas retratam a necessidade de um


psicólogo na unidade emergencial, afirmando que o saber de ter alguém para os ouvir já é algo
importante, pois, em sua maioria, elas não possuem uma escuta qualificada em suas residências,
e quando encontram um meio equivocado de “pedir socorro” através da tentativa de
autoextermínio, se deparam com um lugar que não está preparado para recebê-las, pelo menos
não para atender seus sofrimentos psíquicos e sua vulnerabilidade.
Em relação a participação do psicólogo no PS obteve-se as seguintes respostas:

“É importante um psicólogo aqui, pra poder desabafar, porque meu marido


não deixa eu conversar com ninguém.” (Orquídea)

É preciso a presença de um psicólogo nesse lugar, primeiro para poder me


ouvir, depois para me mandar pra algum lugar que eu possa ter uma ajuda”.
(Rosa)

Segundo Romano (1999), numa Unidade Emergencial, o psicólogo procura proteger o


paciente na medida do possível, os atendimentos são breves, focais e procuram reduzir o
sofrimento imediato de pacientes e familiares. O psicólogo procura “resgatar” o sujeito, à partir
da oferta de uma escuta qualificada, que permite a explicitação do sofrimento. É à partir dessa
escuta que se torna possível discriminar a urgência médica de seu caráter subjetivo.
Segundo Vieira (2008), o acolhimento visa à escuta, a importância das queixas do
paciente/família, a identificação das suas necessidades, de acordo com às diferenças, enfim é
uma tecnologia de relações transpassado pelo diálogo.
31

5.2.2 O acompanhante

5.2.2.1 O motivo

Percebe-se que a maioria dos entrevistados acreditam que o motivo pelo qual os
pacientes tentaram autoextermínio é depressão, marcando esta opção como fato desencadeador
para tal ato; um participante definiu pela opção problemas com o conjugue, porém quando
perguntado se havia algo que queria acrescentar verbalizou o seguinte:

“Foi problema com o marido dela que fez ela fazer isso, mas também está com
muita depressão.” (Lírio)

Para McGirr et al. (2007), o suicídio é considerado a finalização de um fenômeno


complexo e multifatorial, e decorrente da junção de múltiplos fatores. Para OMS (2000), é
unânime entre os pesquisadores em suicidologia a concepção de que não existe um fator
unitário capaz de responder pela tentativa ou pelo suicídio consumado. Dentre os indicadores
de risco amplamente estudados destacam-se tentativas preliminares de suicídio, fatores
genéticos, suporte social e familiar e psicopatologia.
De modo conexo, sintomas depressivos tendem também ser cruciais como fator
etiológico de ideação suicida e tentativas de autoextermínio. Em um estudo de caso-controle,
Da Silva et al. (2006), reportaram que sintomas depressivos, especialmente falta de energia e
humor depressivo, apareceram de forma consolidada à associação na tentativa de
autoextermínio.

5.2.2.2 O acompanhamento psicológico

Nota-se que 100% dos entrevistados, afirmam a necessidade de um psicólogo na


unidade emergencial, relatando que nesse momento se sentem perdidos, e que seria necessário
alguém para orientação de como agir, por exemplo, com o paciente. Ainda, segundo os
acompanhantes, com a escuta psicológica e sigilo as pacientes sentiriam mais à vontade para
expressar seus sofrimentos diante do comportamento suicida, além de afirmarem também que
no ambiente emergencial não existe diálogo pessoal com os profissionais de saúde, apenas
atendem a patologia que surgiu, deixando os familiares alheios ao que realmente está
acontecendo com seu familiar, amigo, etc.
32

Em relação a participação do psicólogo no PS obtivemos as seguintes respostas:

“É mais fácil de se abrir e falar o assunto com um profissional, falar coisas


que normalmente eu não falaria para amigos e nem com minha mulher”.
(Copo de leite)

“Eu queria conversar com um psicólogo, o médico não tem estudo para
entender essas coisas”. (Lírio)

“Às vezes tinha que orientar mais a família, eles entraram pra lá com minha
filha e até agora não sei se ela acordou, a gente pergunta, mas ficar
perguntando toda hora, sei que fica chato”. (Girassol)

Verifica-se a necessidade de um psicólogo na unidade emergencial, não apenas no


acompanhamento aos pacientes, mas também aos seus acompanhantes, pois todos têm direito a
saúde física e mental, em concordância Rothschild (1997):

“O risco de suicídio não deveria ser uma preocupação exclusivamente médica,


mas de todos os profissionais de saúde mental, e talvez da comunidade
humana em sua totalidade. Nos pacientes em risco de suicídio consideram-se
necessárias intervenções em múltiplos níveis, incluindo psicoterapia,
farmacoterapia, terapias biológicas, psiquiatria comunitária, hospitalização,
além de medidas psicopedagógicas.”

Desconforme a outras atuações da psicologia, no ambiente hospitalar se trabalhará em


conjunto com a equipe multidisciplinar, através da troca de informações relevantes entre as
diversas áreas da saúde que estão responsáveis pelo acolhimento a cada paciente, entendendo
que, a equipe de saúde passe a atender e compreender o paciente e seu acompanhante de modo
biopsicossocial (CHIATTONE, 2011).

5.2.3 O profissional de saúde

5.2.3.1 O preconceito

Percebe-se que 100% dos entrevistados apresentam formas de preconceito quanto ao


paciente suicida. Embora muitos não expressem o sentimento de forma clara e objetiva, o
preconceito é intrínseco em cada palavra dita ou na forma de se expressar quando se referem a
esses pacientes, que segundo esta visão distorcida, estes pacientes são pessoas que “caçaram
com as próprias mãos”, e sendo assim, merecem sofrer.
33

Em relação a percepção sobre preconceito no atendimento ao paciente suicida obteve-


se as seguintes respostas:

“Eu acho que tem preconceito, porque a maioria das pessoas que estão aqui
realmente precisam de ajuda, e eles caçam com as próprias mãos.” (Holanda)

“Acredito que tem preconceito sim, porque primeiro ele é julgado pela atitude,
ninguém acredita no seu sofrimento, pois faz pra aparecer.” (Hortência)

Segundo Law, Rostill e Goodman (2009), as atitudes estigmatizantes intervém de


forma negativa na atenção, empatia e na forma de tratar esses pacientes; sendo assim, têm
grande impacto na cognição do paciente e de seu bem-estar, intervindo como bloqueio
considerável para que os mesmos procurem ajuda, acesso ao tratamento, adesão e
consequentemente a eficácia do mesmo.
Pesquisas abordam que o preconceito é comum entre médicos e profissionais de
enfermagem sobre os pacientes que cometem tal ato, descrevendo-os como manipuladores e
chamadores de atenção (FRIEDMAN, 2006).
O indivíduo vítima de tentativa de autoextermínio deve ser tratado de maneira holística
para sua recuperação clínica e psíquica. A equipe de enfermagem deve saber como lidar com
estes indivíduos, diminuindo assim, a recidiva desses casos no atendimento de urgência com o
mesmo diagnóstico, cabendo também ao enfermeiro estabelecer medidas que amenizem o
preconceito em relação aos pacientes que tentaram tirar a própria vida, viabilizando o convívio
social dos mesmos (TINBY; SMITH, 2005).
Com relação à responsabilização da ausência de humanização na relação
paciente/profissional, ressalta-se que nenhum dos profissionais participantes trazem esta
responsabilidade para si, dizendo o preconceito sempre na terceira pessoa, conforme
exemplificado na resposta abaixo:

“Na maioria das vezes quando é reincidente, usam procedimentos dolorosos,


como uma sonda mais grossa para a lavagem para que isso não volte mais a
acontecer”. (Tulipa)

Para Nascimento (2011), percebe-se claramente que os profissionais da área de saúde


nos atendimentos de emergência, não estão preparados para acolher este paciente como alguém
que necessita de ajuda, e que na maioria das vezes, os profissionais adotam posturas regadas de
preconceito e discriminação em relação a este paciente. Embora, alguns profissionais reflitam
suas práticas do ato suicida, a maioria mantém distância dos casos, muito provavelmente por
34

questões emocionais, preferindo não se envolverem com o fato ou com as dificuldades do


paciente.
De acordo com as respostas dadas verifica-se que a maioria dos profissionais já
passaram ou conhecem algum colega que pratica o preconceito, ignorando princípios básicos
de humanização, não sendo empático em nenhum momento, dificultando assim a relação
profissional/paciente, tornando tratamento menos eficaz.

"Assim humanizar em saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se


em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas presentes
em todo relacionamento humano... é resgatar a importância dos aspectos
emocionais, indissociáveis dos aspectos físicos na intervenção em
saúde"(BRASIL/PNH, 2001, p. 33).

5.2.3.2 O acompanhamento psicológico

Nota-se que 100% dos entrevistados percebem a importância do psicólogo na unidade


emergencial, reconhecendo que seu atendimento, na maioria das vezes, é rápido e preciso,
tratando o paciente simplesmente como mais um número de leito, excluindo toda singularidade
do paciente, considerando apenas do problema físico que o fez prestar socorro ao paciente
suicida. Não oferece uma boa escuta sobre o que levou o paciente a tentar contra sua vida, não
considerando se o mesmo pode apresentar uma reincidência; diante de tudo isto, os mesmos
reconhecem que a presença de um psicólogo na unidade para um acolhimento a esse paciente,
seria essencial, evitando inclusive mais reincidências.

Algumas respostas em relação a inclusão do psicólogo no PS:

“Às vezes é uma forma de pedir socorro, com o psicólogo aqui ele pode
conversar e ter essa atenção que tanto precisam”. (Tulipa)

“Se o paciente chegou nessa situação de autoextermínio ele necessita de um


acompanhamento de um profissional psicólogo”. (Holanda)

A atuação do psicólogo no hospital e numa Unidade de Pronto Socorro deve estar


inclinada à escuta da urgência subjetiva, se tornando assim o responsável pela demanda daquilo
que é urgente para cada indivíduo, naquele momento. A realização da escuta qualificada em
situações cruciais pode operar como um meio mais eficiente de se trabalhar frente à essa
urgência (MOURA, 2000).
35

Segundo Muñoz y Lillo (2003), considera-se que as funções do psicólogo em uma


unidade de emergência são determinadas diante um leque de possibilidades, devendo-se,
portanto, levar em consideração essencial, tanto os fatores internos ao quadro clínico em
questão, quanto aos fatores subjetivamente interligados ao paciente, e todo o contexto
psicossocial em que está envolvido.
O psicólogo faz interligação na relação equipe/paciente preferencialmente e
especificamente, devendo colaborar frequentemente de forma a assegurar o desenvolvimento
de uma linguagem ideal e de conhecimentos unilaterais, necessários para a interação de ambos,
visando à compreensão e abordagem harmoniosa do paciente e sua família (ROMANO,1999).
Através da fala de uma das profissionais entrevistadas corrobora-se o que vem sendo
dito anteriormente, sobre o atendimento especificamente biológico, deixando assim a demanda
psicossocial a mercê de atendimento:

“Porque na Unidade ele só recebe atendimento médico e de enfermagem, e


nessa hora seria o momento em que a maioria quer conversar e expor seu
sofrimento”. (Hortência)

De acordo com Muñoz y Lillo (2003), considera-se que as ações do psicólogo em uma
unidade de emergência são determinadas dentro de uma multiplicidade, ou seja, trabalhando
em conjunto com a medicina e a enfermagem. Sendo assim, leva-se em consideração como de
forma essencialmente importante, tanto os fatores inerentes ao quadro clínico em questão
quanto os fatores associados ao paciente e todo o contexto psicossocial envolvido.
36

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo, percebeu-se que a presença do psicólogo é de suma importância no


âmbito emergencial em casos de tentativa de autoextermínio, seja para atendimento de
pacientes quanto aos acompanhantes, além de auxílio à equipe multiprofissional, pois nota-se,
nesta situação, a ausência de uma escuta qualificada que auxiliaria, seja em relação à equipe,
ao paciente suicida e seu acompanhante, possibilitando um acolhimento e consequentemente a
amenização do sofrimento dos pacientes e seus familiares ou acompanhantes.
Com relação aos profissionais entrevistados, percebe-se, em sua maioria, que embora
não tenha sido explicitado o termo “preconceito” em suas falas no momento da entrevista, o
mesmo permanece implícito em cada resposta oferecida por estes. Sempre que questionados
objetivamente, esses profissionais negaram ter algum tipo de preconceito quanto a pacientes
suicidas, porém todos reconheceram que há outros profissionais na equipe que não apresentam
uma conduta humanizada frente a esse paciente com tentativa de autoextermínio, citando o uso
inadequado de métodos invasivos e dolorosos, com a intenção de “prevenir” a reincidência dos
mesmos. Ressalte-se que por motivo de sigilo os profissionais entrevistados não nomearam os
profissionais que se utilizam desta prática desumana e eticamente condenável. Tais
profissionais de saúde, que ignoram princípios de humanização, acreditam que através dessa
prática estarão prevenindo e advertindo os pacientes com ideação suicida, que são tratados
como inferiores e não dignos de tratamento, conforme a maioria trouxe em suas falas, “tem
gente que precisa mais, e eles fazem isso porque querem”.
A presente pesquisa cumpriu os objetivos a que se propôs, se mostrando fundamental,
uma vez que, à partir da mesma observou-se certa sensibilização por parte dos profissionais da
unidade de emergência e dos acompanhantes participantes da pesquisa, sendo possível inferir
que tais pacientes poderão passar a ser compreendidos enquanto pacientes dignos de atenção,
seres singulares em sua demanda, e não apenas mais um número ou “estorvo”, que “caçam
doenças com as próprias mãos”, conforme determinado comumente pela equipe de atendimento
da unidade.
Foi também observado atitudes ambíguas frente ao tema preconceito, pois embora este
tenha sido detectado como comumente praticado e expresso de forma verbal pela equipe e
37

acompanhantes, quando perguntado formalmente pela pesquisadora, ele foi prontamente


negado.

Outro resultado significativo foi a maioria da amostra composta por mulheres em casos
de tentativas de autoextermínio que adentram ao PS, sendo nesta pesquisa 100% do universo
das participantes. E, embora não tenha sido formalmente considerados na pesquisa, por não se
adequarem às condições determinadas para participantes na mesma, importante ressaltar que os
casos consumados durante o período do estudo foram 100% de homens. Diante disto, conclui-
se que independente do gênero, é preciso rever e considerar políticas de saúde pública que
contemplem cuidados psicossociais, a começar da atenção primária, através da inclusão de
programas de qualidade de vida, promoção e prevenção ao suicídio.
Por fim, ficou constatado através da presente pesquisa que a inclusão do psicólogo na
unidade emergencial foi considerada essencial por 100% dos entrevistados, pois o psicólogo
imprime qualidade e humanização ao atendimento, que preconiza o cuidado subjetivo e
individualizado à pessoas que possuem sentimentos, cognições, que adentram ao âmbito
emergencial repletos de esperanças ou desesperanças, que planejam novas tentativas mais bem-
sucedidas contra sua vida. Devido a própria característica de uma unidade de urgência e
emergência, os profissionais de saúde se acomodam a um atendimento breve, anônimo e pouco
afetuoso, principalmente quando se trata de um paciente suicida. A presença do psicólogo na
equipe multiprofissional de emergência poderá imprimir melhoria e qualificação na prestação
deste serviço, considerando princípios básicos de humanização, o olhar subjetivo ao outro, e o
acolhimento solidário. O profissional psicólogo também se coloca como uma “ponte” que
produz o desvelamento da comunicação entre profissional de saúde/acompanhante/paciente,
apresentando informações claras, pertinentes e esclarecedoras. Portanto, através desta ação
catalisadora, o psicólogo da saúde, inserido no contexto da urgência e emergência, poderá ser
o elo da atenção em rede, possibilitando e interligando os serviços de referência e contra
referência, que são determinantes para a efetividade das políticas de saúde pública.
38

REFERÊNCIAS

ALACAN, PL, et al. Manual de práticas Clínicas para a atenção à integridade da saúde na
adolescência. Ciudad de La Habana: MINISAP; 2002.

BHAGAT, M. Os cônjuges da tentativa suicídios: um estudo de personalidade. Brit. J.


Psychiat. 128: 44-6, 1976.

BAHLS SC, Botega NJ. Epidemiologia das tentativas de suicídio e dos suicídios. In: Mello MF,
Mello AAF, Kohn R. Epidemiologia da saúde mental no Brasil. Porto Alegre: Artmed; 2007.
p. 151-71.

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APÊNDICE
43

APÊNDICE A - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

NOME FICTÍCIO:

IDADE:

SEXO:

ESTADO CIVIL:

ESCOLARIDADE:

PACIENTE

1- O que o levou a cometer auto extermínio?


( ) Depressão
( ) Problema pessoal, uma forma de pedir socorro
( ) Problemas com o conjugue e/ou familiares
( ) Problemas financeiros e/ou profissionais
( ) Outro
Qual? ________________________________________________________

2- Como é seu convívio familiar?


( ) Péssimo
( ) Ruim
( ) Regular
( ) Bom
( ) Ótimo

3- Antes de cometer a tentativa de auto extermínio, procurou algum tipo de ajuda?


( ) Sim
( ) Não
( ) Se sim, qual? _________________________________________________
4- Para você, nesta situação, o acompanhamento de um psicólogo seria importante?
( ) Sim
( ) Não
Por que? _________________________________________________
44

NOME FICTÍCIO:

IDADE:

SEXO:

ESTADO CIVIL:

ESCOLARIDADE:

PROFISSÃO ATUANTE:

PROFISSIONAL DE SAÚDE QUE PARTICIPOU DO ATENDIMENTO

1- Qual sua visão sobre pacientes com tentativa de autoextermínio?


( ) Depressão
( ) Problema pessoal, uma forma de pedir socorro
( ) Problemas com o conjugue e/ou familiares
( ) Problemas financeiros e/ou profissionais
( ) Outro
Qual? ________________________________________________________

2- Você acredita que esse perfil de paciente sofre algum tipo de preconceito no
atendimento?
( ) Sim
( ) Não
Por que? _________________________________________________

3- Após alta, esse paciente recebe algum encaminhamento para instituições de apoio
psicossocial como o CAPS?
( ) Sim
( ) Não
Por que? _________________________________________________

4- Você acredita ser importante, o acompanhamento de um psicólogo nessa situação?


( ) Sim
( ) Não
Por que? _________________________________________________
45

NOME FICTÍCIO:

IDADE:

SEXO:

ESTADO CIVIL:

GRAU DE PARENTESCO:

ACOMPANHANTE

1- Como você avalia seu grau de proximidade e afetividade com o paciente?


( ) 10%
( ) 30%
( ) 50%
( ) 75%
( ) 100%

2- Você ou o paciente acreditam ter sofrido algum tipo de preconceito da equipe de


saúde por tal fato?
( ) Sim
( ) Não
Por que? _________________________________________________

3- O que você acredita que motivou o paciente a cometer tal ato?


( ) Depressão
( ) Problema pessoal, uma forma de pedir socorro
( ) Problemas com o conjugue e/ou familiares
( ) Problemas financeiros e/ou profissionais
( ) Outro
Qual? ________________________________________________________

4- Você acredita ser importante, o acompanhamento de um psicólogo nessa situação?


( ) Sim
( ) Não
Por que? _________________________________________________
46

APENDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

UNICERP – CENTRO UNIVERSITÁRIO DO CERRADO - PATROCÍNIO


COEP – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA DO UNICERP

A inserção do serviço de psicologia em casos de autoextermínio na unidade de pronto


socorro de Patrocínio/MG.

TERMO DE ESCLARECIMENTO

Você está sendo convidado(a) a participar do estudo “A inserção do serviço de psicologia em


casos de autoextermínio na unidade de pronto socorro de Patrocínio/MG. ”. Com isso você
poderá contribuir com os avanços na área da saúde, já que tais avanços só podem dar-se por
meio de estudos como este, por isso a sua participação é importante. Este estudo tem como
propósito realizar uma pesquisa e analisar se o psicólogo tem papel importante em um ambiente
de urgência e emergência e caso você participe, será necessário participar de uma entrevista.
Não será feito nenhum procedimento que lhe traga qualquer desconforto ou risco à sua vida;
mas poderá ocorrer algum constrangimento na aplicação da entrevista, por parte do participante,
o qual poderá desistir de sua participação na pesquisa em qualquer momento.
47

Você poderá obter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar
seu consentimento a qualquer momento, sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação
no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as
despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome
não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificado com um nome
fictício.

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO

Eu, ______________________________________________________________, li e/ou ouvi


o esclarecimento acima e compreendi o propósito e a relevância deste estudo e o(s)
procedimento(s) a(os) que(ais) serei submetido. As explicações que recebi esclarecem os riscos
e benefícios do estudo. Eu entendi que tenho liberdade para interromper minha participação a
qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não me trará nenhum prejuízo. Sei
que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro por participar
do estudo. Eu concordo em participar do estudo.

Patrocínio, ............./ ................../................

__________________________________ ____________________

Assinatura do voluntário ou seu responsável legal Documento de identidade

______________________________ ____________________________

Tereza Helena Cardoso Emerenciana de Deus Lelis Silva

Telefone de contato dos pesquisadores:

Tereza Helena Cardoso: (34) 98848-1552 / (34) 3831-2513

Emerenciana de Deus Lelis Silva: (34) 98815-0215

__________________________________________________________________

Em caso de dúvida em relação a esse documento, você poderá entrar em contato com o Comitê Ética em Pesquisa
do UNICERP, pelo telefone 3831-3721 ou pelo e-mail: pesquisa@unicerp.edu.br
48

ANEXOS
49

ANEXO A- AUTORIZAÇÃO DO SECRETÁRIO DE SAÚDE DO MUNICIPIO DE


PATROCINIO
50

ANEXO B - APROVAÇÃO DO COMITE DE ETICA


51

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