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Estadual de
Londrina
FLAVIA MESTRINER BOTELHO
LONDRINA
2008
FLAVIA MESTRINER BOTELHO
LONDRINA
2008
FLAVIA MESTRINER BOTELHO
COMISSÃO EXAMINADORA
____________________________________
Profa. Leila Sollberger Jeolás
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Profa. Martha Celia Ramírez-Galvez
Universidade Estadual de Londrina
____________________________________
Profa. Carolina Branco de Castro Ferreira
Universidade Estadual de Londrina
RESUMO
ABSTRACT
This monograph aims to understand the relation between the construction of female
bodybuilders’ bodies, the implied risks and the consumption market directed at the
body. The research looks at the risk logic in the construction of body practices among
women who practice this sport. Through their bodies, these women attempt to
elaborate individual projects based on challenging personal physical limits and
constructing e constructing marks of personal distinction. The research was carried
out in cyberspace, accessing athletes’ private sites and Orkut communities that join
bodybuilding athletes and discuss training, diet and the use of anabolic steroids. The
theoretical framework followed is the Anthropology of the Body. The studies of Le
Breton guide the discussion, compared with Csordas’ proposal of understanding the
body not as an object, but as a subject of culture.
INTRODUÇÃO............................................................................................................9
CONCLUSÃO.............................................................................................................73
REFERÊNCIAS...........................................................................................................75
INTRODUÇÃO
2
A definição foi retirada do site da Confederação Brasileira de Culturismo e Musculação.
3
Esteróides anabolizantes são hormônios sintéticos derivados a partir da testosterona, que tem como objetivo
o aumento do volume da massa e de força muscular, administrados por via oral ou injetável.
construir corpos extremante fortes e definidos parece uma tentativa de construir
um sentido de singularização em contraposição ao padrão feminino de beleza
vigente e também ao processo de massificação e homogeneização próprio de
uma sociedade de consumo como a nossa. Tais idéias são compartilhadas
também por Featherstone (1995) e Hall (2006) que acreditam que a modernidade
e os novos tipos de consumo levam os indivíduos a experienciarem crises
identitárias em função das múltiplas referências produzidas e circuladas na
sociedade (HALL, 2006).
Sabe-se que tais drogas têm a venda proibida por lei, apesar de vendidas
indiscriminadamente em farmácias, em academias de musculação, muitas vezes
pelos próprios profissionais, e também na Internet, com grande facilidade. A
proibição se deve aos inúmeros efeitos colaterais tais como, o aparecimento de
pêlos por todo o corpo, o engrossamento da voz, problemas no fígado, entre
outros. Esse comércio paralelo acontece com facilidade nas comunidades da
Internet, algumas vezes camuflados por postagens anônimas, quando o contato
para compra é feito através de e-mail e outras vezes em comum acordo entre os
próprios usuários dos sites e das comunidades.
O terceiro capítulo traz a análise das entrevistas por mim realizadas com
mulheres que praticam fisiculturismo, na tentativa de responder as questões
levantadas pelo trabalho e os objetivos propostos. Foram realizadas quatro
entrevistas com atletas que disputam competições de fisiculturismo tanto nacional
como mundial. Essas atletas foram contatadas através de seus perfis no Orkut e,
após a troca de e-mails, foram realizadas entrevistas ao longo do período da
pesquisa. Com uma delas consegui concluir o roteiro de entrevista por mim
elaborado e, embora não o tenha concluído com as outras três atletas, as
respostas obtidas foram significativas e de grande importância para a análise das
questões propostas.
CAPÍTULO 1
Fonte: Arquivo pessoal de L. no Orkut
CAPÍTULO 2
Fonte: Orkut
5
Os dados foram retirados de informações disponíveis na página do Orkut.
quando as “dicas” vinham de pessoas com algum prestígio nessa prática, fosse
esse prestígio virtual, alcançado através das informações de seus perfis,
quantidade de amigos ou devido à sua participação atual no universo do
fisiculturismo. Atitude semelhante á constatada por Latanza (2007) em seu
trabalho sobre Beleza, Cirurgia Estética e Risco no Ciberespaço:
7
Cibercultura abrange os fenômenos relacionados ao ciberespaço. (Guimarães Jr, 1997)
Guimarães Jr (1997), existem duas abordagens hoje que dão conta dos estudos
sobre Internet. A primeira analisa a Internet como um fenômeno total, tecendo
considerações a respeito das relações com a sociedade, em blocos. Nessa
abordagem sociedade é analisada como um todo. Já para a segunda abordagem
a Internet é muito mais do que um simples artefato tecnológico, ela estabeleceu
um novo tempo e espaço de interação social, o que fez emergir novas e diferentes
formas de sociabilidade. Segundo o autor, que segue em seu trabalho a segunda
abordagem, “as redes telemáticas configuram, mais que um meio de
comunicação, um espaço de sociabilidade no meio do qual se desenvolvem
culturas relativamente autônomas (grifos do autor)” (Guimarães Jr, 2000, p.141).
Um dos conceitos de virtual mais adotados atualmente, inclusive pelo autor
citado, Guimarães Jr (1997; 2000), é de Pierre Lévy. Para Lévy o virtual não se
opõe ao real, mas sim o complementa e o transforma, ao subverter suas
limitações espaço – temporais. (Lévy, apud Guimarães Jr, 1997). Guimarães Jr
(2000, p. 142) concorda e mostra que “o virtual não é o oposto do real, mas sim
uma esfera singular da realidade, onde as categorias de espaço e tempo estão
submetidas a um regime diferenciado”. Nesse sentido, segundo o mesmo autor, “o
ciberespaço pode ser, portanto, considerado como uma virtualização da realidade,
uma migração do mundo real para um mundo de interações virtuais” (1997, p. 3).
É nesse espaço virtual e explorando essa nova forma de sociabilidade que
nascem as redes sociais e as comunidades virtuais. A princípio as redes sociais
foram estudadas pelas Ciências Exatas, que criaram a chamada Teoria dos
Grafos. Recuero (200-?) explica que um Grafo era representado por um conjunto
de nós conectados por arestas, formando uma rede. Esses Grafos passaram a ser
estudados por outros pesquisadores na tentativa de aplicar essa teoria de forma
que ela pudesse explicar como se davam as relações complexas no mundo ao
nosso redor. A partir desses estudos foram criados três modelos de redes: o
modelo de redes aleatórias, o modelo de mundos pequenos e o modelo de redes
sem escala. O modelo de redes aleatórias explica a formação de redes sociais de
forma randômica. Ou seja, todas os nós poderiam se ligar aleatoriamente.
Segundo Recuero (200-?, p. 2), “todos os nós em uma determinada rede,
deveriam ter mais ou menos a mesma quantidade de conexões, ou igualdade de
chance de receber novos links, constituindo-se, assim, como redes igualitárias. Já
o modelo de mundos pequenos defende que uma rede social por apresentar um
padrão altamente conectado, tende a formar pequenas quantidades de conexões
entre cada individuo. A autora afirma que esse modelo demonstraria “que a
distância média entre quaisquer duas pessoas no planeta não ultrapassaria um
número pequeno de outras pessoas, bastando que alguns laços aleatórios entre
8
grupos existissem”. O modelo de redes sem escalas sugere que quanto mais
conexões um nó possui, maior a possibilidade de ele adquirir novas conexões.
Segundo Recuero (200-?, p. 7), “esses sistemas funcionam como o primado
fundamental da interação social, ou seja, buscando conectar pessoas e
proporcionar sua comunicação e, portanto podem ser utilizados para forjar laços
sociais”. A autora vai mostrar ainda que essas redes sociais, normalmente
associadas a um grupo de atores, chamados “nós” e às conexões, as “arestas”,
foram complexificadas no ciberespaço, quando da sua apropriação por um novo
meio através da interação mediada por computador. Tal apropriação é, ainda
segundo a mesma autora, capaz de gerar novos usos, novas formas de
construção social. Recuero (200-?) afirma em seu trabalho que a partir de várias
teorias é possível perceber que as interações através do computador têm
possibilitado o surgimento de novos grupos sociais na Internet, muitos deles com
características comunitárias e que esses grupos estão sendo construídos a partir
de uma nova forma de sociabilidade, decorrente da inserção mediada pelo
computador, sendo assim, capazes de gerar laços sociais.
As comunidades virtuais seriam construídas a partir dessa nova forma de
sociabilidade. Para Recuero (200-?, p.65) “ o conceito de comunidade virtual é
uma tentativa de explicar os agrupamentos sociais surgidos no ciberespaço. Trata-
se de uma forma de entender a mudança da sociabilidade, caracterizada pela
existência de um grupo social que interage através da comunicação mediada por
computador”. Ela ainda define quais seriam os elementos formadores de uma
8
Foi a partir desse modelo, que Orkut Buyukkokten se inspirou para criar a rede de relacionamentos Orkut, a
qual faz parte de minha pesquisa. Ele acreditava que todos as pessoas estariam ligadas entre si por um número
máximo de cinco pessoas.
comunidade virtual: “discussões públicas; pessoas que se encontram e se
reencontram, ou que mantém contato através da Internet para levar adiante a
discussão; o tempo e o sentimento”. Recuero (200-?, p. 69) traz uma definição
sobre as comunidades virtuais que vale ressaltar aqui:
Fonte: Orkut
Cenário: A comunidade “Fisiculturismo Feminino” reúne 750 participantes,
tanto do sexo masculino como do sexo feminino e é dedicada tanto às mulheres
que praticam fisiculturismo como àqueles que admiram mulheres que cultivam
músculos. Nos tópicos criados discute-se quais tipos de treinos são praticados
pelas participantes, muitos deles sendo sugeridos por outras pessoas que
participam da comunidade. São criados tópicos para que elas contem suas
experiências de treinos e perguntem se estão no caminho certo, muitas vezes
alegando que o treino passado pelo professor na academia não parece estar
funcionando muito bem. Existem também alguns tópicos voltados para a
propaganda de venda de esteróides anabolizantes, suplementos alimentares, DVD
´s de treinos e de mulheres musculosas, venda de biquínis especiais para as
apresentações, anúncios de campeonatos, nos quais são apresentados links que
vão direto para sites ou e-mails particulares de vendedores. Outros mostram
também links para outros sites e comunidades referentes ao tema. Apesar de
existirem muitos tópicos a maioria deles apenas conta com uma ou duas
participações o que demonstra que a comunidade tem um caráter muito mais
voltado para homenagear as mulheres que praticam fisiculturismo do que
propriamente para discutir sobre isso. Apesar disso, o que me chamou a atenção
nesta comunidade foram dois únicos tópicos nos quais são discutidas questões de
gênero. Em um deles um participante levanta a questão da necessidade de se dar
mais valor às mulheres que praticam fisiculturismo, alegam que em competições
elas não são tão valorizadas como os homens e as que resolvem treinar pesado
são muitas vezes vítimas de preconceito de ambos os sexos.
Tal comunidade me pareceu uma vitrine de um mercado voltado para o
fisiculturismo, com seus inúmeros tópicos de venda, o que me ajudou a conhecer
como funciona o consumo dentro desse grupo. Sendo muitas vezes ilícitos os
produtos utilizados por elas, a Internet se torna a grande mediadora, possibilitando
uma maior privacidade na hora de comprar. Esse mercado tem seu sucesso
facilitado pela possibilidade de propagandas gratuitas e das postagens anônimas
nas comunidades e é venda quase sempre garantida.
Atores: Os atores dessa comunidade são aqueles apresentados nos/pelos
perfis que participam e interagem nos tópicos da comunidade. Esses perfis são de
homens e mulheres que tem em comum o gosto pelo fisiculturismo e boa parte
traz uma foto em seu perfil que o identifica como apreciador dessa prática, seja na
foto de apresentação ou em seu álbum. As comunidades das quais participam
também mostram essa identificação e é freqüente a participação em outras
comunidades relacionadas ao mesmo tema (está estranha a redação dessa frase
anterior). Existe uma predominância de laços fracos, já que existem poucos
tópicos com discussões e não se observam participantes partilhando informações
pessoais ou marcando encontros fora do espaço virtual, sendo as participações e
criação de novos tópicos esporádicas.
Regras: Normalmente no Orkut as regras são descritas na apresentação da
comunidade. Nessa em especial, a única regra é que se respeitasse o
fisiculturismo feminino e as pessoas que praticam. Essa atitude se deve à
freqüente estigmatização que as praticantes de fisiculturismo sofrem, por serem
consideradas muitas vezes masculinizadas, quando um outro membro entra na
comunidade apenas para tecer críticas às participantes, com xingamentos,
acusações de masculinização entre outros.
Fonte: Orkut
Cenário: Essa comunidade é a maior em números de perfis, das quais
participo. Constam 20.167 membros, sendo aceitas apenas mulheres. Aqui as
discussões são quase sempre constantes e os tópicos costumam ser grandes.
Como não é uma comunidade voltada especialmente para o fisiculturismo, por
isso as discussões são mais amplas, mas, tendo como principais temas treinos,
dietas, suplementação. Uma grande parte dos tópicos é aberta pelas participantes
para que as outras “amigas” da comunidade dêem suas sugestões a respeito dos
treinos e das dietas, tornando o tópico um meio de elas compararem suas dietas e
treinos. O que é um tanto preocupante já que poucas são habilitadas a dar esse
tipo de instrução, pois não têm formação médica ou no esporte. Tal comunidade é
uma das mais freqüentadas por mulheres que querem se informar e tirar dúvidas
sobre os temas relacionados à musculação, incluindo aí o fisiculturismo, sendo
que a musculação aparece como o primeiro passo para alguém que pretende
construir um corpo musculoso e hipertrofiado. Muitas delas não participam dos
fóruns, passam apenas como espectadoras da opinião alheia. Outras tantas
participam e dão suas opiniões leigas e algumas vezes com algum embasamento
cientifico. Em muitos tópicos são trazidas pesquisas e reportagens sobre os
benefícios da musculação e das vantagens de se construir e esculpir o corpo,
tornando-o belo, forte e musculoso.
Perfil da comunidade:
OS 10 MANDAMENTOS DA MUSCULAÇÃO
I Want Muscles!
Fonte: Orkut
Cenário: A comunidade conta com a presença de 5931 membros de ambos
os sexos. Sua mediação é feita também por um homem. E em sua descrição ela já
deixa claro o que o participante precisa ter para poder participar da comunidade,
existe uma seleção de perfis a serem aceitos:
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Tópicos criados com mensagens repetidas e que são enviadas para várias comunidades e perfis sem qualquer
controle ou distinção. Normalmente são anúncios de produtos ou postagens do tipo sexuais, nas quais os links
relacionados muitas vezes levam a vírus instalados no computador de quem abre.
Você, homem, que também está cansado dessas mulheres de
pernas finas, bunda murcha, peito mole, com as costelas a mostra,
cheias de frescuras, magrela com sintomas de anorexia ou
bulimia, que só comem alface para manter um ridículo corpinho de
top model...essa é sua comunidade!!
Fonte: http://www.unrealmuscle.com
F. foi uma das primeiras atletas com quem troquei mensagens. Educada,
atenciosa e acessível, logo aceitou meu pedido para ser adicionada em seu Orkut.
Quando me identifiquei como pesquisadora, ela se prontificou em esclarecer
qualquer dúvida sobre o esporte e sobre seu cotidiano. Além de participar da
pesquisa, ela me disse que seria uma forma de também contribuir para a
divulgação do esporte que ela ama, “mas que infelizmente ainda tem muito a
crescer ainda em nosso país”. Compete na categoria body fitness.
O início de sua trajetória no esporte se deu a partir de um
descontentamento com o peso, aos dezesseis anos, quando começou a treinar
musculação, pois, segundo ela, era obesa. Ainda de acordo com a entrevistada,
sua família tem tendência ao excesso de peso, a mãe pesava noventa e cinco
quilos e o pai cento e cinco. Segundo F. os fatores principais que a levaram a
buscar o esporte foram a saúde, a possibilidade de elevar a auto-estima e buscar
mais qualidade de vida. Como mostra Azize (2005, p.4) no contexto
contemporâneo da classe média, corpo e saúde emergem como conceitos
“inflacionados, foco de investimentos que não estão ligados necessariamente, à
prevenção ou ao tratamento de doenças”. Argumenta ainda que:
O corpo é base para uma saúde que prescinde de um oposto para
ser objeto de preocupação e investimentos; a intervenção em
busca de saúde não mais precisa de doença para justifica-las.
De lá pra cá, já se passaram onze anos. Solteira, fez da paixão pelo esporte
uma profissão, se formou em Educação Física e hoje trabalha como personal
trainer. Essa é uma maneira de se manter no esporte, já que os atletas de
fisiculturismo no Brasil, especialmente as mulheres, sofrem com a falta de
patrocínios para as competições, e com os prêmios que não cobrem as despesas
com a suplementação e dietas das atletas. F. argumenta que é o prestígio no
esporte que traz alunos para sua academia. Em sua página no Orkut ela exibe
com orgulho os títulos conquistados em competições locais, estaduais e nacionais.
Mas, para que pudesse conquistar todos esses títulos, F. teve que sofrer
durante anos com exercícios intensos, uma suplementação especializada e uma
dieta rigorosa:
Minha dieta e dividida em 7 refeições diárias, as principais
refeições são equilibradas com tudo, vegetais do grupo 1 e 2,
carnes, leguminosas e carboidrato, além de frutas e suplementos
como whey protein (esse e fundamental pra todo atleta de
fisiculturismo), os demais suplementos variam de acordo com a
fase de treinamento bem como toda a alimentação e treino.
Outra coisa que pude notar analisando seu perfil no Orkut é o preconceito
sofrido por mulheres que praticam esse esporte. Em sua página tem um grande
desabafo destinado às criticas que ela recebe, seja com relação às dietas, à rotina
de treinos, campeonatos e com relação ao seu tamanho corporal: “pessoas que
implicam dizendo que corpo assim é feio”. Ela se defende pedindo que respeitem
seu “estilo de vida”.
Para F. é necessário gostar muito do que faz porque o esporte não oferece
qualquer apoio financeiro às atletas e é muito caro devido à alimentação, sempre
em grande quantidade e a toda suplementação necessária que também não é
barata. Não se tem retorno algum. A não ser que, como ela, se tenha uma
profissão ligada ao meio.
A trajetória de M.: “Eu tive que esculpir meu corpo, isso dói”
Para M. se sente realizada e diz que o esporte mudou sua vida. Aumentou
sua auto-estima, conheceu lugares e pessoas que nunca imaginou conhecer. Só
desanima quando diz que não é possível viver só do esporte, pela falta de
patrocínio. Quando perguntada sobre qual, seu grande sonho, colocado por ela
todo o tempo na entrevista fica claro que tanto quanto uma relação profissional, de
prestigio e status, como a relação pessoal com seu corpo são levadas em
consideração na decisão continuar treinando:
Sua rotina começa as 5:45 da manhã, quando ela sai da cama direto para a
esteira que fica ao lado ou subindo 4 vezes as escadas do prédio (ela mora no 18º
andar). Ela mesma prepara as refeições que vai fazer durante o dia e leva com
ela. Os treinos diários acontecem à noite, uma hora e meia por dia. A filha de 17
anos é sua companheira de treinos e viagens.
L. reclama do tratamento dado pela mídia e pela sociedade aos
fisiculturistas. Para ela existe um preconceito que dificulta a aceitação das atletas: