BRONQUITE: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
1. Introdução
A função da respiração é essencial
à manutenção da vida e pode ser
definida, de um modo simplificado,
como uma troca de gases entre as
células do organismo e a
atmosfera. O ar chega aos
pulmões através das fossas nasais
ou da boca e sucessivamente,
atravessa a faringe, a laringe, a
traqueia e os brônquios, que se
ramificam, penetrando nos
pulmões. Os brônquios se
ramificam à partir do hilo e cada
ramo penetra em um lobo. No
interior do lobo os brônquios
voltam a se ramificar,
estabelecendo ligações com os
diversos segmentos que compõem
cada lobo. Dentro deles, os ramos
brônquicos, já chamados de
bronquíolos, continuam a se
ramificar até formarem os
diminutos bronquíolos
respiratórios, dos quais provém os
condutos alveolares. Estes se
abrem em dilatações chamadas
sáculos alveolares formados pelos
alvéolos pulmonares, local onde se
processa a oxigenação e a
eliminação do dióxido de carbono
do sangue.
2. Bronquite
A bronquite é uma condição
inflamatória da árvore
traqueobrônquica, causada
geralmente por infecção, e que
caracteriza-se por perca da função
ciliar, acúmulo de secreção e
obstrução das vias aéreas.
A bronquite pode ser classificada
como sendo aguda ou crônica. A
bronquite aguda caracteriza-se por
tosse seca irritativa, com sensação
de desconforto retroesternal com a
duração de cerca de três semanas.
No início da doença não é
perceptível sinais físicos. Quando
o processo patológico se estende
da traqueia atingindo os brônquios
pode-se ouvir roncos e sibilos
difusos. E com o avanço da
infecção surgem escarros de início
mucoso e depois mucopurulento.
Nesta ocasião, o doente já
apresenta manifestações gerais de
infecção respiratória
Já a bronquite crônica caracteriza-
se por uma obstrução persistente
das vias respiratórias, tosse
produtiva com duração superior a
três ou mais meses por ano e
durante pelo menos dois anos
consecutivos e apresenta carácter
progressivo.
As alterações encontradas na
bronquite crônica caracterizam a
Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica (DPOC).
3. Epidemiologia
A bronquite aguda é uma das
doenças mais comuns. Cerca de
5% dos adultos são afetados e
aproximadamente 6% das crianças
tiveram ao menos um episódio
relatado de bronquite.
Já a bronquite crônica, que possui
uma taxa de prevalência de 3,4% a
22% na população em geral, leva a
um quadro significativo de
incapacidade, perda de
produtividade e piora da qualidade
de vida, que se agravam
substancialmente com a pneumonias graves, pneumotórax,
progressão da doença.
Em geral, aqueles que
desenvolvem grandes
complicações com o quadro de
bronquite são:
 Os idosos
 Crianças pequenas
 Pessoas com histórico de
infecções respiratórias
recorrentes
 Pessoas com histórico familiar
de doenças pulmonares
 Fumantes (ativo ou passivo)
 Pessoas com outras condições
importantes de saúde,
incluindo afecções cardíacas
ou pulmonares, doença do
refluxo gastroesofágico, câncer
ou diabetes
 Pessoas que não foram
imunizadas para a gripe,
pneumonia e coqueluche.
4. Etiologia
Entre as causas mais comuns
estão os agentes químicos que
penetram no pulmão, como por
exemplo, vapores de ácidos fortes,
amoníaco, alguns solventes
orgânicos, cloro, sulfureto de
hidrogênio, dióxido de enxofre,
brometo, poeira, fumo, tinta; focos
de infecções nas amigdalas, nos
seios paranasais (sinusite) e junto
às raízes dos dentes. Como a
bronquite pode ser também de
origem viral ou bacteriana, os vírus
mais comuns são: Adenovírus,
Influenza, Coronavírus, Rhinovírus
e as bactérias: Chlamydia
pneumoniae, Bortella pertussis,
Mycoplasma pneumoniae.
Secundariamente, o Pneumococos
também pode invadir a árvore
brônquica.
5. Prognóstico
Os preditores de mortalidade na
bronquite crônica são a idade
avançada, o grau de obstrução de
vias aéreas, a gravidade da
hipoxemia e a presença de
hipercapnia. A bronquite crônica
pode aparecer entre as causas de
morte geralmente devido a
associação com complicações,
como falência respiratória aguda,
arritmias cardíacas ou embolismo
pulmonar.
6. Alterações Patológicas
Com a presença de partículas ou
gases nocivos acontece uma
inflamação crônica que aumenta a
produção de muco, que fica
acumulado nos brônquios e o
corpo não consegue eliminá-lo.
Na bronquite aguda, as células que
revestem os brônquios são
infectadas. A infecção geralmente
começa no nariz ou garganta e
viaja para os tubos brônquicos.
Quando o corpo tenta combater a
infecção, faz com que os tubos
brônquicos inchem. A inflamação
também faz com que menos ar
seja capaz de se mover através
dos tubos brônquicos, o que pode
causar sibilos, aperto no peito e
falta de ar. Eventualmente, o
sistema imunológico combate a
infecção. A bronquite aguda
geralmente dura de 3 a 10 dias. No
entanto, a produção de tosse e
muco pode durar várias semanas
após a infecção ter desaparecido.
Porém as maiores alterações
patológicas das vias aéreas podem
ser observadas nos casos de
bronquite crônica.
Ao sofrer injúria, inicialmente a
mucosa das vias aéreas torna-se
edemaciada e hiperemiada. A
seguir a secreção de muco é
intensificada na tentativa de
proteger a superfície mucosa.
Porém as células epiteliais e seu
aparelho ciliar são danificados,
com consequente retenção destas
secreções. A ação leucocitária
local também é prejudicada,
acabando o conjunto por favorecer
a instalação de infecções.
Persistindo a injúria, a secreção de
muco é ainda mais acentuada pelo
aumento do número de células
mucossecretoras em meio ao
epitélio e pela hipertrofia das
glândulas mucossecretoras no
córion da mucosa. Ainda, como
uma defesa local, pode haver
áreas de substituição do epitélio
ciliado por epitélio escamoso. Nos
bronquíolos formam-se tampões
de muco retido que, além de
promoverem obstrução ao fluxo
aéreo, servem como meio
favorável à instalação de novas
infecções. A irritação leva ao
broncoespasmo e nas paredes
destas vias aéreas ocorre
inflamação cada vez mais intensa
e fibrose, aumentado a respiratória
broncoconstrição. A obstrução
não-uniforme da via respiratória
tem efeitos substanciais na
ventilação e na troca de gases. Os
tampões mucosos ou
mucopurulentos produzidos são
densos e de alta viscosidade,
difíceis de serem eliminados,
dificultando a passagem do ar
constituindo obstáculos ao fluxo
aéreo. Normalmente estes
obstáculos são mais difíceis de
serem vencidos no movimento
expiratório, onde não há
participação do esforço muscular.
Se a expulsão do ar é dificultada,
logicamente haverá retenção do
conteúdo aéreo.
Caracteriza-se assim a instalação
de Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica (DPOC).
7. Manifestações clínicas
Vale salientar que o início da
doença geralmente é bacteriana.
assintomático e quando as
manifestações são perceptíveis a
doença se encontra em estado Para começar o tratamento, é
avançado. importante eliminar o cigarro (caso
As manifestações clinicas da o doente seja tabagista), ingerir
bronquite, que vão desde a bastante líquido, repouso, evitar
bronquite aguda a bronquite ambientes com emissão de gás
crônica, incluem: tóxico e poluição. No caso da
 Tosse; bronquite crônica, embora a lesão
 Expectoração; pulmonar seja irreversível, os
 Falta de ar; sintomas podem ser tratados
 Sibilância; através de: broncodilatadores que
 Cianose; diminuem a viscosidade das
 Inchaço nas extremidades do secreções evitando que a secreção
corpo devido à piora do forme obstruções melhorando
trabalho cardíaco; assim o fluxo de ar, diminuindo a
 Febre quando a bronquite sensação de falta de ar e a
crônica estiver associada à sibilância; exercícios da terapia de
uma infecção respiratória; reabilitação pulmonar que fazem
com que o paciente seja capaz de
 Cansaço;
utilizar a sua energia melhor ou de
 Falta de apetite;
uma forma em que haja menor
 Taquicardia; gasto de oxigênio; oxigenoterapia
 Aumento dos volumes quando necessária, também pode
pulmonares; melhorar os sintomas, além de
 Aérea cardíaca aumentada; aumentar a expectativa de vida;
 Artérias pulmonares corticoides assim como os
proeminentes; antibióticos minimizam os
 Redução global no fluxo e no sintomas da inflamação crônica
volume expiratório; dos brônquios.
 Dissociação ventilação-
perfusão; 10. Referências Bibliográficas
 Hipoxemia (mesmo em [1] MACHADO, M. G. R. Bases da
repouso); Fisioterapia Respiratória: terapia
 Hipercapnia; intensiva e reabilitação. Rio de
 Aumento da acidose Janeiro: Guanabara Koogan. 2008.
com alcalose [2] MCPHEE, S. J., GANONG, W.
metabólica compensatória; F. Fisiopatologia da Doença: Uma
 Policitemia. Introdução a Medicina Clínica.
Porto alegre: AMGH. 2011.
8. Diagnóstico [3] CUF. Hospitais e Clínicas.
O diagnóstico baseia-se em Bronquite. Disponível em: <
elementos obtidos da história https://www.saudecuf.pt/mais-
clínica, que irá definir se o caso é saude/doencas-a-z/bronquite>
agudo ou crônico, do exame físico, Acesso em: Nov 2018.
em que o médico pode notar [4] AMERICAN LUNG
roncos e outras alterações na ASSOCIATION. Learn About
auscultação do tórax com o Acute Bronchitis. Disponível em: <
estetoscópio, e dos exames https://www.lung.org/lung-health-
complementares, tais como: and-diseases/lung-disease-
radiografia do tórax, exame de lookup/acute-bronchitis/learn-
escarro, análise do sangue, about-acute-bronchitis.html>
gasometria arterial e espirometria. Acesso em: Nov 2018.
9. Tratamento
É importante saber que a maioria
dos casos de bronquite aguda não
requer o uso de antibióticos para
tratamento. Eles só serão
importantes no caso de ser
confirmada uma infeção