A Visita como Rito de Passagem - O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore na
visão dos estudantes SANTOS (2014)
É impossível falar do Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore sem mencionar
a história de Théo Brandão, seu idealizador, executor, seu pai, sua mãe. Theotônio Vilela Brandão nasceu em Viçosa e desde cedo teve contato com diversos intelectuais e literaturas sobre folclore. Théo Brandão formou-se em medicina e farmácia, mas entre essas formações cresceu nele o apego pela carreira de folclorista. Atuando como pediatra, ele recolheu a maior parte dos dados de suas pesquisas através conversas com as mães das crianças. O apreço pelo folclore aumentou no momento de sua entrada do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas com pesquisas voltadas para medicina popular, antes disso, a pesquisa sobre o folclore era apenas um hobby. Théo Brandão também esteve envolvido no “Movimento Folclórico Brasileiro”, que tinha como objetivo a valorização e defesa das tradições populares e a inclusão do folclore como disciplina acadêmica. Esse movimento tomou força com a criação da Comissão Nacional do Folclore (CNFL), ligado ao Instituto Brasileiro de Educação, Ciências e Cultura (IBECC). Além do fomento à pesquisa, incentivava-se a criação de instituição de divulgação, pois o movimento baseava-se no pensamento de que o folclore estava fadado ao desaparecimento devido ao processo de modernização do país. Incentivados por essas correntes, foi criada em Alagoas a Subcomissão Alagoana de Folclore em 1948, sendo Théo Brandão seu secretário. Após a publicação do livro “Folclore de Alagoas”, “O Reisado Alagoano” e “Os Pastoris”, Théo Brandão ganha prêmios e elogios, tornando-se referência nos estudos sobre o folclore alagoano. Assim como os outros folcloristas, ele também compartilhava da ideia do folclore como sendo a maneira de se encontrar as raízes da nacionalidade e da identidade do povo alagoano, o folclore era a representação da “alma coletiva”. Além de se dedicar às pesquisas folclóricas, Théo foi o responsável pela criação do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal de Alagoas e foi o primeiro formador de antropólogos em Alagoas. Segundo Santos (2014), a criação do Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore é fruto do Movimento Folclórico Brasileiro, pois o mesmo também preconizava a pesquisa e recolhimento de material folclórico e fotográfico. O Museu Théo Brandão surgiu de peças de arte popular e acervo audiovisual particular de Théo Brandão, a sua preocupação era de que outros pesquisadores e alunos tivessem acesso a esse material. Em 1974 consegue-se uma sala no Campus da universidade, contudo, com o aumento dos cursos, o museu ficou sem sala; devido a isso, durante algum tempo, e no intuito de mostrar a importância do acervo, exposições foram feitas no hall da sede administrativa do Campus Tamandaré. Em agosto de 1975, o Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore, ligado à UFAL, foi criado no Campus Tamandaré/Pontal da Barra. Com a mudança para o Campus A. C. Simões, e a necessidade de mudar o museu, Théo solicitou que o museu ficasse no antigo alojamento feminino no palacete dos Machados, onde hoje se encontra o museu. A transferência do acervo ocorreu em 1977. Os responsáveis pelo museu foram fazendo acréscimos no acervo. O patrimônio material do museu é composto de peças decorativas, imagens sacras, chapéus de brincantes do Guerreiro, além do acerto documental que compreende os fichários de pesquisa, material fotográfico, fita cassete, além da biblioteca de Théo Brandão doada após a sua morte ela família. Em 1988, o museu precisou ser transferido para o espaço cultural devido às condições precárias do museu; foram feitas exposições itinerantes durante esse tempo em Maceió e em cidades do interior. Foi nesse período que parte do acervo museológico foi perdido. É apenas em 1999 que Carmen Lúcia se movimenta no sentido de restaurar a sede do museu e o acervo. O museu é reaberto ao público em 2002 segundo os conceitos museológicos do movimento da nova museologia. A exposição foi aberta com 10 salas temáticas em exposição permanente. Santos (2014) aponta de 1975 a 1977 seria o período heroico do museu, que corresponde à criação do museu numa sala da universidade até a primeira transferência para o palacete; de 1977 a 1999, seria o de ampliação do acervo no palacete e sua transferência do acervo para o espaço cultural; 1999 a 2005, é o de restauração, nele há a preocupação com a restauração do prédio e do acervo; de 2005 em diante, o museu estava voltado para a criação de um núcleo educativo e a abertura para pesquisas. A autora também destaca projetos como o Letra Viva, que tinha como objetivo o incentivo à leitura nas escolas públicas em 2005; a Dinamização do Museu Théo Brandão que teve como ação o mapeamento dos artesãos alagoanos entre 2005v e 2006; em 2008 houve o projeto Todos os sentidos: Arte e Inclusão que promovia ações de inclusão de pessoas com deficiência; de 2011 até os dias atuais têm sido desenvolvidos projetos de recuperação e disponibilização do acervo sonoro, fotográfico e documental do museu.