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A POSSIBILIDADE DE PERDA DA NACIONALIDADE DO BRASILEIRO NATO

PORTADOR DE GREEN CARD AO OPTAR PELA NACIONALIDADE NORTE-


AMERICANA1

Cynara de Barros Costa2

Recentemente uma decisaoo poleimica do STF num processo de Extradiçaoo trouxe ana tona
a questaoo da possibilidade de perda da nacionalidade originaa ria pelo brasileiro nato que
decide adquirir a cidadania norte-americana, mesmo sendo portador do chamado Green Card,
ou “Cartaoo Verde”, em portugueis.

Com efeito, na Ext.1462, decidida em março desse ano, o tribunal concedeu a


Extradiçaoo, para os Estados Unidos, de brasileira naturalizada americana, alegando que ao
optar pela cidadania da terra do Tio Sam, o portador de Green Card perderia a cidadania
brasileira, porque decide voluntariamente por nova nacionalidade. Segundo a 1 a Turma do
STF, o Green Card jaa daria a maior parte dos direitos relativos ana cidadania, logo, ao optar por
naturalizar-se, o brasileiro nato naoo se encaixaria nas exceçooes do art. 12, par. 4 o, II, da CR/88.

Com efeito, conforme o rol exaustivo previsto na Constituiçaoo da Repua blica de 1988, o
brasileiro nato pode perder a nacionalidade originaa ria, nas situaçooes previstas no paraa grafo 4 o
do art. 12, nos seguintes termos “Seraa declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II
- adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: a) de reconhecimento de nacionalidade
originaa ria pela lei estrangeira; b) de imposiçaoo de naturalizaçaoo, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condiçaoo para permaneincia em seu
territoa rio ou para o exercíca cio de direitos civis”.

Ou seja, de acordo com a nossa Constituiçaoo, se o brasileiro nato opta por adquirir
outra nacionalidade, tornando-se cidadaoo de outro paíca s, ele perderia, regra geral, a
nacionalidade brasileira. Haa , porea m, duas exceçooes previstas no proa prio art. 12: se esse
brasileiro for reconhecido como nacional de outro paíca s desde o seu nascimento (ou seja, se for
reconhecido como italiano ou alemaoo nato, por ex., por ser filho de pais alemaoes ou italianos)
ou se a aquisiçaoo de uma nova nacionalidade for imposta como condiçaoo para exercíca cio de
1 Texto publicado na coluna semanal da autora no site www.analisejuridica.com.br. Referências: COSTA, Cynara de
Barros. A possibilidade de perda da nacionalidade do brasileiro nato portador de green card ao optar pela
nacionalidade norte-americana. Novembro de 2017. Disponível em: http://analisejuridica.com.br/possibilidade-
de-perda-da-nacionalidade-do-brasileiro-nato-portador-de-green-card-ao-optar-pela-nacionalidade-norte-americana/
2 Advogada. Doutora em Direito Internacional pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Professora
Adjunta da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Professora Efetiva da Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB).
direitos civis ou permaneincia no territoa rio de outro paíca s. Em ambas as exceçooes, o brasileiro,
ao adquirir ou ter reconhecida essa nacionalidade estrangeira, conservaria a nacionalidade
brasileira, em tíca pico caso de mua ltipla nacionalidade (dupla, tripla, etc.).

Entaoo qual a poleimica em torno do acoa rdaoo do STF?


Na verdade, a decisaoo, a meu ver, ea absurda. Veja-se que o chamado Green Card ea o cartaoo que
atesta apenas a posse do visto de permaneincia nos Estados Unidos e daa ao seu portador o
direito de trabalhar, residir, entrar e sair do paíca s por períca odo determinado, dentre outros
direitos. Como todo visto, porea m, ea ato de soberania e pode ser revogado pela autoridade a
qualquer momento, alea m de sua renovaçaoo tambea m ser discricionaa ria. Ou seja, naoo impediria
a deportaçaoo, expulsaoo, extradiçaoo ou simples proibiçaoo de reingresso no paíca s, por exemplo.
Em janeiro desse ano (2017), aliaa s, houve grande discussaoo acerca de um decreto expedido
por Donald Trump que impedia qualquer cidadaoo do Iraque, Síca ria, Irao, Sudaoo, Líca bia, Somaa lia ou
Ieimen, que naoo fosse americano, de entrar nos Estados Unidos, ainda que portador de Green
Card. Se assim o fizessem, seriam presos e deportados.

Alea m disso, o Cartaoo Verde tambea m naoo concede um dos direitos mais elementares: a
capacidade eleitoral (votar e ser votado), essencial para o exercíca cio da cidadania,
principalmente quando a migraçaoo ea permanente e formam-se verdadeiras comunidades de
“estrangeiros” em um paíca s com histoa rico racista e xenoa fobo (notoriamente nos estados do
Sul). E naoo precisa regredir muito na histoa ria norte-americana para entender esse cenaa rio:
basta olhar para a eleiçaoo de Donald Trump, cujo discurso era, em boa parte das vezes,
xenoa fobo e contraa rio ana garantia de direitos aos imigrantes, mesmo os portadores de Green
Card (veja-se o decreto supramencionado).

Ou seja, ea notoa rio, exceto para os senhores ministros do STF, que ao portador do Green
Card naoo se concede a mesma proteçaoo que ea dada ao americano naturalizado. Alea m disso,
apesar de tanto se falar em segurança juríca dica, parece que o tribunal desconsidera a situaçaoo
dos milhares de brasileiros que migraram para os Estados Unidos nas dea cadas passadas e
fizeram a opçaoo de naturalizaçaoo para a garantia de exercíca cio de direitos. Pelo recente
entendimento do tribunal, todos esses brasileiros deveriam perder a nacionalidade originaa ria.

Como a decisaoo ea de turma, e naoo do pleno, resta esperar que as decisooes futuras
tenham mais sensatez – coisa difíca cil no STF nos ua ltimos tempos.

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