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Documentos de Trabalho
nº 82
Lisboa
2009
O CEsA não confirma nem infirma
quaisquer opiniões expressas pelos autores
nos documentos que edita.
Uma aplicação da metodologia de G. Hofstede: inquérito à
cultura organizacional das ONGD em Portugal, Guiné e Cabo
Verde
Carlos Sangreman (coord), Maria João Carreiro, Fátima Proença, Hermínia Ribeiro,
Moniz Fernandes, Braima Sambu, Mário Moniz, Ana Sofia
2009
ACEP
Associação para a Cooperação
entre Povos
Índice
Introdução e metodologia
1. A caracterização das ONGD
a. A Plataforma das ONGD em Portugal
b. A Plataforma das ONGD em Cabo Verde
c. A Plataforma das ONGD na Guiné – Bissau
d. A qualificação de quadros
e. Os valores que as ONGD definem como seus
f. Conclusão
O PROCODE tem como um dos seus objectivos caracterizar três dos actores da cooperação
descentralizada: os estabelecimentos de ensino superior público - as Universidades e os
Institutos Politécnicos -, as ONGD e os Municípios.
Este relatório diz respeito à análise dos dados recolhidos por boletim de inquérito e por
entrevistas às ONGD, intervenientes quer em Portugal, quer em Cabo Verde e na Guiné –
Bissau, em 2007 e 2008.
Procura-se caracterizar a cultura organizacional das ONGD desses três países para compreender
como esses actores funcionam na Cooperação, na lógica do Modelo dos Actores da Cooperação
que o Projecto tem desenvolvido1. Dado que o sector não governamental se foi organizando nos
três países com muito contacto entre os seus membros, mesmo para além dos aspectos mais
profissionais, a expectativa da utilidade destes dados ultrapassa claramente o Projecto, podendo
constituir um elemento valioso de gestão para as Plataformas de ONGD de qualquer dos países,
bem como para um melhor entendimento mútuo por parte dos restantes actores/intervenientes na
Cooperação.
Metodologia
Decidiu-se nos debates da equipa de investigação realizar a recolha de dados junto das ONGD
com base na metodologia desenvolvida pela equipa do investigador Geert Hofstede para
caracterização de valores e atitudes, com questionários já aplicados em cerca de 156 países, mas
apenas a 7 países da África Sub Sahariana e nenhum PALOP.
O criador desta metodologia foi a IBM que realizou estes inquéritos aos seus quadros de 70
países onde tinha filiais em 1966 - 1973, incluindo Portugal. Desde então desenvolveu-se uma
linha específica de investigação internacional com inquéritos, teses de mestrado e doutoramento
e contributos importantes para diferentes áreas do conhecimento intercultural e da política de
cooperação, sobretudo de gestão e assistência técnica internacional de empresas privadas. É para
essa linha – conhecida pela sigla VSM, Values Survey Modules - que se pretende contribuir
com a investigação feita no Projecto. Comparativamente a outros modelos, como por exemplo o
de 7S de McKinsey,1977, os 8 temas de Peter & Waterman, 1979, mais focados nas empresas,
ou as variáveis de Inglehart, sintetizadas em “tradição/racionalidade secular” e
“sobrevivência/expressão individual”, onde Portugal tem valores similares ao Chile, Argentina e
1
Ver Relatório sobre a Teoria da Cooperação.
República Dominicana, consideramos que a investigação de Hofstede pode ser mais adaptável
ao que queremos investigar.
A decisão de realizar esta investigação abre na prática uma nova área, pois os indicadores de
Hofstede têm sido aplicados sobretudo à gestão de empresas com contactos e actividades
internacionais, que pretendem ter em conta na sua gestão as diferenças culturais entre países. A
crítica feita a Hofstede, no sentido que este toma as conclusões de todos os campos micro de
análise como representativos do padrão nacional,2 não nos preocupa; neste documento, apenas
queremos caracterizar a cultura organizacional das ONGD e de mais nenhum dos actores da
Cooperação. Não é portanto correcto tirar daquilo que estes resultados nos dizem conclusões
para outro universo que não seja esse – as ONGD.
Para tal foi elaborado pela equipa um Manual de Instruções que reproduz em resumo o
conteúdo da segunda parte do Guia Metodológico, já feito noutro momento pela equipa do
projecto, fazendo alguma adaptação dos questionários VSM 943 à realidade cultural da Guiné e
de Cabo Verde. A recolha foi feita recorrendo a equipas locais e aproveitando as deslocações
2
Este é um dos pontos da critica à metodologia de Hofstede mais referidos. Veja – se o artigo de Brenda
McSweeney (2002).
3
Ver Guia Metodológico, Parte II, Anexo III do Procode. O número 94 indica a data da versão do
Boletim de inquérito.
que os vários investigadores da equipa realizam, dadas as suas ligações profissionais a actores
da cooperação descentralizada, designadamente estabelecimentos de ensino superior e
organizações não governamentais.
Aquilo que o projecto executou foi um inquérito às pessoas que trabalham num mesmo tipo de
actividade, em organizações diferentes, escolhidas de forma aleatória.
Procurou-se trabalhar com um número de inquéritos que fosse na ordem de grandeza que a
investigação internacional aponta, com alguma margem de erro para obviar as não respostas,
optando-se por 60 inquéritos na GB e outros 60 em CV. Esses inquéritos foram aplicados
directamente por uma pessoa das ONGD locais, com capital social suficiente para obter
respostas sem problemas. Em Portugal enviaram-se inquéritos por mail .e as dificuldades de
obter respostas foram maiores, obrigando a vários envios de pedidos e solicitações verbais. As
respostas obtidas foram 67, pois houve várias pessoas que acabaram por responder depois dos
prazos dados.
Fica-se assim com um resultado inovador, podendo o projecto realizar uma comparação
internacional nunca antes executada e cujos resultados serão enviados à equipa de Geert
Hofstede como contributo do trabalho que procuram realizar há vários anos em todo o mundo.
O universo de estudo foi o das organizações inscritas nas Plataformas das ONG reconhecidas
pela legislação dos respectivos países 5. Temos consciência que este critério origina a inclusão
de entidades, como as Fundações, que têm uma lógica de funcionamento própria. Mas a
ausência de uma legislação que permita fazer a distinção entre os actores/intervenientes na
Cooperação Descentralizada com precisão suficiente, também faz com que haja ONGD que
tenham o estatuto legal de Fundações ou outro e uma lógica de funcionamento como ONGD. É
o exemplo da FEC (fundação) ou do INDE (cooperativa) em Portugal. Também temos
consciência que as Plataformas, tendo sido fundadas em datas muito diferentes (1985, 1996 e
4
Ver Anexo VIII do Procode.
5
Plataforma Portuguesa das ONGD (2003), PlaconGB e ACEP (2006), Plataforma das ONGD de Cabo
Verde (2007). Embora em Portugal haja a diferença entre as ONG inscritas na Plataforma e aquelas que
são reconhecidas pelo Estado para efeito de financiamentos, este critério permite-nos ter um universo nos
três países que é representativo e comparável, com os limites que serão referidos no texto.
2000), em momentos da vida dos respectivos países também distintos, como adiante se
explicita, podem ter reflectido nos seus estatutos reflectido as conjunturas com que se
defrontavam. Por isso tentámos ver documentos, escritos e orais para perceber a análise dos
respectivos contextos em que cada uma funciona. É neste âmbito também que se considera o
grande contributo das entrevistas realizadas anteriormente a membros das ONGD.
Mesmo atendendo às diferenças resultantes de, em PRT, as ONGD terem sido constituídas para
actuarem fora do país (surgindo a actividade de educação para o desenvolvimento
posteriormente) e em CV e GB terem sido vocacionadas desde a fundação para actuarem dentro
do seu próprio país, os respondentes dessas organizações, têm um contacto com pessoas de
outras culturas muito mais elevado do que os seus co-cidadãos, cuja percepção de pessoas de
outras nacionalidades se faz pela televisão, net ou por contactos esporádicos de turismo, de
familiares emigrados ou conhecidos.
A cultura organizacional detectada é característica do “campo” da Cooperação e não
generalizável a outros campos dentro do mesmo país. Também temos consciência que há muito
provavelmente neste campo as “multiple, dissenting, emergent, organic, counter, plural,
resisting, incomplete, contradictory, fluid, cultures” que Brenda Sweeney, (2002) refere, mas
aquilo que queremos obter é a cultura média ou dominante, pois é essa que interessa para tirar
conclusões. Uma pergunta onde as respostas sejam muito dispersas apenas indica que não foi
entendida ou está mal colocada para a realidade inquirida.
O número de pessoas que constituem os recursos humanos existente nas ONGD nestes países
em estudo também não é fácil de calcular, dada a lógica de recurso ao voluntariado e a trabalho
adstrito a projectos específicos, variando o número de pessoas conforme os projectos em curso.
Temos portanto resultados originados nos recursos humanos que no momento do inquérito
estavam a trabalhar nas ONGD. Só a continuação, noutros anos, destes inquéritos, permitirá
saber se estes resultados são constantes ao longo do tempo e das alterações de mudança social
que se vão verificando.
Em Portugal a Plataforma das ONG’s foi formada em 1985, já no processo de adesão do país à
União Europeia, por treze organizações6, muito diferentes entre si. Havia organizações que eram
orientadas para a prestação de caridade (CARITAS, União das Misericórdias), outras herdeiras
da militância politica contra o regime, antes do 25 de Abril de 1974 (CIDAC, Comissão Justiça
6
CIDAC – Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral, União das Misericórdias, Cruz
Vermelha, IED – Instituto de Estudos do Desenvolvimento, CARITAS, Instituto Amaro da Costa, Comité
Português da UNICEF, IAC - Instituto Apoio à Criança, IPSD -Instituto Progresso Social e Democracia
Francisco Sá Carneiro, APRI - Associação para as Relações Internacionais, Comissão Nacional Justiça e
Paz, IEEI -Instituto Estudos Estratégicos Internacionais e Fundação Oliveira Martins.
e Paz), outras cuja vocação era mais de estudos e investigação (IED, IEEI) e outras que eram
organizações muito próximas de partidos políticos (Instituto Amaro da Costa, IPSD -Instituto
Progresso Social e Democracia Francisco Sá Carneiro, Fundação Oliveira Martins). Foi
legalizada como entidade jurídica em 2000.
O Guia para Portugal das ONG quando se refere às pessoas ligadas às ONG, utiliza uma
tipologia com cinco categorias: colaboradores em Portugal, colaboradores locais, cooperantes,
estagiários e voluntários. O número que refere de pessoas a trabalharem é de um total de 16157,
com 56,6 % mulheres e 43,4 % homens, com mais incidência no grupo etário dos 31 – 45 anos
(40,4%), “mas também com peso considerável dos 25 aos 30 anos (22,5%) e, menos, dos 46 –
65 (21,7%) e residual de maiores de 65 anos (6,2%)” (pág.11). Apesar de incluir o boletim de
inquérito, os quadros de apuramentos numéricos apresentados são em número muito restrito e
não permitem uma análise mais aprofundada das variáveis não referidas em texto.
A Plataforma tem 23 anos de fundação e a maior parte das ONG são de formação mais recente,
como se pode ver no Quadro 1.
Quadro 1
ONGs portuguesas por datas de fundação
Escalões8 %
A Plataforma das ONG’s de Cabo Verde foi constituída em 1996, após um processo dinâmico
de organização, participação, tomada de consciência e de afirmação progressivas da sociedade
civil cabo-verdiana, que tem como referências principais a independência do país, em 1975, a
publicação da lei sobre as associações, em 1987 (Lei nº 78/III/87) e a abertura política, em
1991.
7
Embora o texto incluído nesse mesmo volume de Luís de França refira 1782 trabalhadores, dos quais
994 voluntários, 255 expatriados remunerados e 563 a trabalharem em Portugal remunerados.
8
Os escalões correspondem à revolução de 1974, data de fundação da Plataforma, data de adesão à
União Europeia e data da primeira definição governamental de uma estratégia para a Cooperação.
Em 1990 já estavam recenseadas 11 ONG nacionais activas e em 1991, um estudo sobre as
ONG, então realizado pelo PNUD, tinha identificado pelo menos 25 (referido em ACEP, 1997).
Num estudo da ACEP em 1997 foram referenciadas 49, e em 2001 a Plataforma afirma ter 101
filiados. Passou a ter personalidade jurídica em 1998, por despacho do Ministro da Justiça.
O Guia das ONG’s de Cabo Verde (2002 e 2007), afirma que “a maior parte … está registada
sob a forma jurídica de um associação/ONG e umas poucas estão reconhecidas como
agrupamentos profissionais, fundações e ligas, existindo igualmente, grupos, cooperativas e
organizações de solidariedade internacional”9. As 205 destas associações referenciadas nesse
guia, em 2007, têm uma tipologia para os recursos humanos que não permite um levantamento
de quantas pessoas aí trabalham, ao atribuir a designação “membros”, tanto a entidades
colectivas como a indivíduos. Apenas individualiza os dirigentes, a percentagem de mulheres
como questão específica (40%) e nem sequer explicita a qualificação das pessoas que nelas
trabalham, dirigentes ou não. No volume de 2002 deste guia está incluído o boletim de
inquérito, supondo-se que foi utilizado o mesmo em 2006/2007.
O Guia cria uma tipologia das suas associadas em três categorias: 1- aquelas que tem “muitos
anos”, estrutura como sede e pessoal permanente (um terço do total); 2-aquelas que foram
criadas recentemente com poucos meios materiais e humanos e que são cerca de metade; 3- as
restantes ainda embrionárias, “sem sede própria, com os órgãos directivos moribundos, e sem
uma estratégia clara”10. Com uma produção escrita, de encontros e eventos públicos bastante
mais significativa que os restantes, a Plataforma e as ONG em geral têm uma presença na
sociedade cabo-verdiana muito evidente.
As relações com o Estado são pouco conflituosas. Até porque “Os actores da cooperação
descentralizada, sobretudo os municípios têm adquirido uma autonomia e uma dinâmica que
ultrapassa largamente o Estado, e que decorre largamente à margem do controlo, até do
conhecimento deste. Frequentemente, a acção ou até mesmo o programa de cooperação é
negociado directamente entre os doadores e os actores da cooperação descentralizada e o
Estado só entra no processo numa fase mais tardia. Este reforço do papel dos actores da
cooperação descentralizada tem sido, em grande medida, induzido pela dinâmica e lógica dos
parceiros ou doadores da cooperação internacional, que privilegiam a relação directa com os
actores da cooperação descentralizada, desde a fase de concepção dos projectos;…” “tal não
significa que não haja uma relação entre o Estado e os outros actores. Essa relação existe,
mesmo que por vezes seja tensa e na maior parte dos casos, tendem a complementar-se…..” “A
lógica predominante deve ser a da parceria entre a Cooperação bilateral Estado a Estado e a
9
A classificação mais completa que conhecemos está no estudo coordenado pela ACEP (1997 e 2001)
para o MSSS de Portugal, não publicado, pág. 15.
10
pág. 24
Cooperação Descentralizada, porque os dois tipos de cooperação não se substituem nem se
disputam, na verdade complementam-se” (Fontes orais, 2007).
A Plataforma tem 12 anos e mais de metade das ONG foram fundadas depois dessa data, como
se pode ver no Quadro 2:
Quadro 2
ONGs cabo-verdianas por datas de fundação
Escalões11 %
3,6
Anterior a 1975
10,7
Entre 1975 e 1987
8,9
Entre 1988 e 1991
21,4
Entre 1992 e 1996
41,1
Entre 1997 e 2002
14,3
Entre 2002 e 2008
100
Total
Fonte: Plataforma das ONG’s de Cabo Verde (2007)
A Plataforma na Guiné – Bissau passou por um primeiro período em que o Estado fundou em
1984, um organismo – o SOLIDAMI – mandatado para “garantir a mobilização, a coordenação,
a orientação e supervisão da Ajuda Não – Governamental”, “apoiar a emergência e
desenvolvimento das ONG’s nacionais” e “apoiar pequenas iniciativas de base, associações e
outros agrupamentos de base, canalizando para eles a ajuda das ONG’s” (Vários, 1991). Da
dinâmica desenvolvida pelo Solidami12, do aparecimento de ONG’s, dada a liberalização
politica a partir de 1991 e da organização destas durante a guerra civil de 1998/1999 na Guiné e
em Portugal, surgiu em 2000 (legalizada em 2001) a Plataforma, sendo fundadoras 34
organizações de 125 existentes (Plataforma das ONG portuguesas, 2005). A relação com o
Estado teve sempre elementos de conflito mais ou menos acentuado; ainda hoje temos
entrevistados que nos dizem “ De uma forma geral as ONGS funcionam mal tal como o Estado”
, “O Estado olha para as ONG como empresas. Predomina a lógica dos impostos.”, “De que
forma podem as ONGs conviver com um Estado completamente instável?” (Fontes orais).
O Guia das ONGs da Guiné-Bissau é, dos três países, o único que permite uma analise mais
completa dos seus membros, pois tem um anexo com as tabelas de apuramento por variáveis,
11
Os escalões correspondem a: independência, Lei das Associações, abertura politica, data de fundação
da Plataforma e um ano médio entre essa data e 2008.
12
Extinto oficialmente em 1999.
apesar de não incluir o boletim de inquérito. Temos um universo de 468 pessoas que trabalham
nas ONG.
Estas têm estatuto genérico de associações, mas pelas designações, estão nesta plataforma
entidades de cariz religioso, associações profissionais (pescadores, agricultores, etc.),
cooperativas, além de entidades equivalentes às ONG dos outros países. Nesses recursos
humanos a parte de mulheres é de 24% e 76% para os homens, com idades entre os 31-45 como
maioria de 47%, seguindo-se o escalão de 25-30 anos com 33,5 %. O nível mais baixo de idade
é desequilibrado no número de mulheres (83) em relação aos homens (29).
Não é possível construir quadros com as datas de fundação das ONG’s guineenses com a
documentação disponível. À excepção de duas ONG (a AMIC, constituída em 1984, e a
AGUIBEF, em 1987), todas elas surgiram na década de 90, num contexto político caracterizado
pelo início do processo de liberalização e democratização, com a realização das primeiras
eleições multipartidárias e, por outro lado, pelo surgimento de alguns esforços por parte do
governo em termos de planificação do desenvolvimento. ACEP(1997 e 2001)
As percepções sobre as ONG por parte das pessoas que nos deram as entrevistas e que não são
do sector são muito díspares. Os entrevistados dão sempre uma visão mista de positivo e
negativo sobre as ONG: “só meia dúzia(são) activas, mas com esforço grande de parcerias com
impacto nas populações, mas falta o suporte do Estado por detrás. (São)ONGs a funcionar como
bombeiros, sem sustentabilidade dada a imprevisibilidade”, ou “sobre a governação das ONGs:
existem para ajudar mas também como estratégia de sobrevivência e a margem de manobra em
termos de recursos é pequena; atenção à imagem sobre privilégios que se vem criando (também
há “os volvos das ONGs)”(Fontes orais,2007).
A qualificação dos quadros destas ONG é tratada de forma a colocar o peso da análise nas
competências que são pedidas para as funções, e não nas habilitações possuídas. Para o caso
português a única informação é que “Os recursos humanos das ONGD inquiridas possuem em
geral um grau académico elevado (licenciatura a maioria)” (pág. 21). Para Cabo Verde os dados
não permitem saber esse tipo de informação. Para a Guiné-Bissau existem todos os dados que
nos dizem que a percentagem de pessoas com o ensino básico ou menos é de 27 % e que 13%
das pessoas tem formação superior (frequência ou grau).
13
Comité de Apoio ao Desenvolvimento da OCDE.
II. Respect for human rights (respeitar os direitos humanos)
III. Maintain a vision (manter uma visão daquilo que o mundo deveria ser)
IV. Responsibility (ser responsável)
V. Cooperation beyond borders (manter-se estritamente dentro destes valores)
VI. Public mindedness (ter um comportamento de quem gasta fundos públicos)
VII. Accountability (prestar contas públicas)
VIII. Truthfulness (combater a corrupção, suborno e outras práticas similares)
IX. Transparency (ser em todos os actos transparente na informação)
X. Nonprofit Integrity (manter a ausência de lucro como objectivo)
XI. Comprehensive viewpoint (ter uma visão global da sociedade e do mundo)
XII. Voluntarism (o voluntarismo mantém-se como uma das características distintivas)
Com podemos ver, se compararmos com as anteriores, é uma definição mais virada para a acção
cívica, politica em sentido lato, e nem sequer refere uma única vez o termo “valores”. Também
não refere que considera seus os anteriores, limitando-se a remeter para a DUDH na primeira
alínea.
Num documento de uma carta da Plataforma portuguesa das ONG ao Secretário de Estado da
Cooperação, em 1997, tal definição é muito mais clara: “Poder-se-ão citar como valores comuns
o acreditarem na justiça social e na urgência do cumprimento dos direitos sociais e humanos, da
solidariedade entre povos, da participação das populações e da sociedade civil nos esforços para
um desenvolvimento sustentado, tanto no Norte como no Sul.
Quanto aos princípios por que se regem, o princípio da não-governamentalidade e da
independência face aos poderes públicos, económicos ou outros é, porventura, aquele que, sendo
um elemento fundamental de clarificação da natureza das ONGD, é, simultaneamente, objecto
de muitas incompreensões e mal-entendidos nas relações das ONGD com organizações e
instituições de natureza diversa, nomeadamente as de natureza pública.”
A Lei 66/98 de 14 de Outubro que aprova o estatuto das ONG de cooperação para o
desenvolvimento, começa por reiterar que só são ONGD aquelas organizações que não têm fins
lucrativos, nem prossigam fins sindicais, políticos ou religiosos. Reconhece a diversidade das
ONG ao elencar dez áreas em nove alíneas como “áreas de intervenção” (Artigo 9º) e aceita a
capacidade de intervirem na definição de politicas nacionais e internacionais de cooperação para
o desenvolvimento. Em termos de valores remete também simplesmente para a DUDH.
Em Cabo Verde na Lei nº 28/III/87, que regula a liberdade de associação, não há artigos
específicos sobre os valores das ONG, mas refere-se o “fim não lucrativo” (Art.º1, nº1), a
ausência de natureza politica (Art.º1, nº2), afirmando a democracia interna (Art.6º). A legislação
ao listar os fins das mesmas refere a “solidariedade social”, que pode ser vista como um valor.
Essa legislação foi substituída pela Lei nº 25/VI/2003, que ainda faz menos referência aos fins
das mesmas mas mantém as restantes alíneas. O que conhecemos sobre a projectada Lei de
Bases sobre a Cooperação Descentralizada diz-nos que se mantém as mesmas opções. Aliás esta
última tem como “principal objectivo promover a articulação e a coerência entre os diferentes
actores da cooperação descentralizada e o Estado, bem como garantir a centralização da
informação. Tem também como objectivo balizar, ou “disciplinar” as ONG, o que não é
sinónimo de limitar ou controlar a sua acção” (Fontes orais).
Os estatutos e documentos da Plataforma afirmam como visão “Uma sociedade onde cada
cidadão pode exercer os seus direitos de cidadania, num ambiente de progresso, paz, justiça e
oportunidades para todos” e como “Valores e princípios” a “Equidade, justiça social,
honestidade, tolerância e perseverança nutrida pela esperança.” O único artigo dos estatutos que
refere valores apenas afirma que as ONG (se) “Orientam entre outros, pelos princípios da
democraticidade e independência”.
Mesmo num documento de análise das ONG de 1998 (Plataforma das ONG’s de Cabo Verde,
1998) a referencia que é feita sobre os fins das organizações e que se possa interpretar como
referência a valores, é apenas uma: “Defesa do interesse das camadas menos favorecidas,
minimizando as suas dificuldades através da promoção duma maior justiça social;”.
Na Guiné Bissau, onde há uma lei das ONG, mas não uma lei das associações, a plataforma
define-se como uma estrutura de concertação e não de coordenação, que incentiva as suas
associadas a participar cada vez mais nos “processos de desenvolvimento politico, social e
económico do país e na prevenção e resolução de conflitos internos”. Com posições sempre
muito marcadas pela situação politicamente instável em que vive o país, os desafios das ONG
são apresentados como: a promoção de valores como a paz, democracia, boa governação,
respeito pelos direitos humanos, e a equidade entre géneros e de “inclusão social das camadas
populacionais mais desfavorecidas”. O estudo da ACEP (1997 e 2001) identifica princípios
orientadores com ligação às actividades desenvolvidas “que giram em torno da auto-
sustentabilidade das acções de combate à pobreza ou de luta pelo desenvolvimento:
•não há imposição mas antes uma negociação entre as necessidades da comunidade, a avaliação
que a ONG delas faz e os recursos que existem (nomeadamente, os recursos financeiros
disponibilizados à ONG pelos financiadores);
•em directa ligação com o anterior, procuram-se construir parcerias equitativas entre os vários
interlocutores para que as populações sejam os próprios actores do processo de
desenvolvimento.”
Conclusão
Julgamos que a conclusão que se pode tirar deste ponto é que as ONG dos países que queremos
estudar têm como preocupações centrais a participação no desenvolvimento do país, adoptando
sem debate os valores que são definidos por outras instâncias, com excepção da independência
ou autonomia, da procura do real interesse das populações e do objectivo de lutar pela equidade.
Tal conclusão é atenuada pelas entrevistas em CV onde os entrevistados nos afirmaram que “há
um debate, promovido pela Plataforma, para definir e implementar um Código de Conduta para
as organizações da sociedade civil cabo-verdiana. Este código pretende garantir a auto-
regulação e o controlo das práticas das organizações, bem como a sua transparência e
accountability, interna e externamente. O Código será assim e acima de tudo, um instrumento
para validar e reforçar a legitimidade das organizações da sociedade civil cabo-
verdiana.”(Fontes orais). No mesmo sentido se pronunciam alguns dos entrevistados em PRT.
Dado o tempo da sua existência em Cabo Verde e a instabilidade na Guiné tal não é muito
surpreendente, pois a necessidade de intervir em “campos” como o politico, o desenvolvimento
local, de assistência social, etc14, adquire uma pressão pouco propicia a reflexões mais de fundo.
As possíveis consequências nefastas de comportamentos pouco consentâneos com os valores de
que se reclamam “en passant”15, só são verificáveis numa análise mais fina dos estatutos de cada
ONG de cada país, que não cabe neste estudo. Em Portugal, se virmos as datas de fundação do
conjunto de ONG da Plataforma verificaremos que o “campo” é também muito recente para que
a formação de uma cultura estável de organização esteja solidificada. Esta situação sugere que o
“campo” não tem ainda coesão suficiente para criar uma cultura própria, que obrigue a escolhas
mais teóricas, apesar dum papel social prestigiado para a execução da cooperação para o
desenvolvimento (de acordo com o inquérito feito pela Plataforma das ONG portuguesas, 2006)
em comparação com o Estado, as Igrejas ou os Municípios e de termos 62,8 % de ONGs fundadas
já com a Plataforma a funcionar. Julgamos que a análise dos inquéritos feitos poderá ajudar na
interpretação da cultura existente.
Neste momento as ONG portuguesas parecem-nos muito mais “promotores de iniciativa,
quebrando atitudes passivas e expectativas, resolvendo localmente problemas sociais ou
económicos que os Estados não podem ou não querem resolver” (Fátima Proença in ACEP,
2000).
As ONG de Cabo Verde têm, além do papel anterior, desempenham também o de parceiros de
politicas promotoras de desenvolvimento. Se esse for o entendimento do Governo em exercício
terão uma ligação maior com o poder politico eleito, se não forem farão oposição politica (não
14
Por exemplo ACEP(1997 e 2001) refere as seguintes áreas para Cabo Verde: educação formal e
informal, formação profissional, saúde, água e saneamento, preservação ambiental, promoção de
actividades geradoras de rendimento, habitat e agricultura, até às acções de assistência social a idosos,
deficientes e crianças em situação difícil. Afirma também que “Em termos de sectores de intervenção,
grande parte das ONG cabo-verdianas são generalistas, mais por necessidade de irem de encontro às
oportunidades de financiamento do que por vocação. Elas têm definidas normalmente uma ou mais
prioridades em termos de intervenção, mas essas prioridades têm muitas vezes sido redireccionadas em
função das oportunidades de financiamento externo.”
15
E do debate interno às ONGs, como se afirma em texto do IED de 2005: “A ausência e/ou
superficialidade do debate político interno ao movimento não governamental também se auto-justifica
pelo círculo vicioso da lógica da sobrevivência, mas a falta de espaços já deixou de ser só uma questão
física para ser sobretudo mental (no sentido de mentalidade). E continua, assim, a faltar a chamada
massa crítica…”
partidária). Parece-me serem as únicas dos três países com uma noção de exercício de poder
clara. Com uma existência de 12 anos, a sua organização colectiva é ainda mais recente que a
portuguesa. No entanto o mesmo dado de a maioria das ONGs serem fundadas depois da
Plataforma já estar em funcionamento também se verifica.
Quanto à Guiné-Bissau, o que me parece é que o sector no conjunto ainda anda à procura do
que deve ou não fazer, de como se deve relacionar com o poder. E, para muitas situações, não é
o elo mais fraco.
Para análise dos dados recolhidos pelos inquéritos aos valores das ONG a primeira questão que
se nos coloca é se os dados disponíveis de outras fontes nos dão alguma indicação da existência
de uma cultura comum que se possa considerar colectiva.
Pelos dados obtidos até agora podemos fazer dois reparos, embora não nos pareçam muito
significativos:
1º Em PRT e em CV o facto de a maioria das ONGs se terem constituído depois das suas
Plataformas estarem a funcionar é uma correlação que pode indicar que um órgão central
representativo dá uma coesão ao “campo”e que o torna mais atractivo para as organizações. Isto
é notório sobretudo em CV, onde as actividades de apoio directo às ONGs por parte da
Plataforma são concretas, seja em logística – que naquele país adquire importância acrescida por
ser um arquipélago – seja na procura de financiamentos. Para a GB esta correlação não existe e
pelas análises do trabalho da Plataforma feito pelo seu Secretário Executivo (Plataforma das
ONG portuguesas, 2005) não parece estar incluído nas funções que tem desempenhado. Em PRT
esse aspecto não pode ser interpretado do mesmo modo, pela ausência de apoios personalizados às
organizações, parecendo - nos sim que a sua função de “parceiro social” representativo, com
resultados a nível de relacionamento e melhoria da estrutura do Governo (Secretaria de Estado e
organismos financiadores) torna a pertença à Plataforma apelativa.
2º Outro indicador possível seria o tempo médio que medeia entre a fundação de uma ONG e a sua
inscrição na Plataforma, ou seja em quanto tempo pós fundação a ONG toma consciência que a
organização colectiva da actividade é mais benéfica que a pulverização na actuação.16
Se virmos os dados para PRT no Quadro 3 teremos um terço de inscritos no primeiro ano de
actividade e 74 % até aos cinco anos. Ou seja apenas um quarto das ONG se inscrevem na
Plataforma depois de um tempo considerável de 6 ou mais anos de existência.
16
A Plataforma de PRT exige um ano de actividade na cooperação para inscrição. CV e GB não exigem
nenhum tempo de existência. Para as organizações que já existiam antes das respectivas Plataformas foi
considerado como data de fundação a mesma que a da Plataforma, medindo portanto o mesmo tipo de
fenómeno.
Para CV temos dois terços no primeiro ano e 95 % até aos cinco anos. O que é uma diferença
significativa em relação a PRT e confirma a ideia que temos de que em CV a consciência
colectiva da necessidade de uma organização mais coesa é maior do que em PRT.
Quadro 3
ONGs portuguesas e cabo-verdianas
por diferença entre as datas de fundação
e de inscrição na Plataforma respectiva
Escalões CV PRT
% %
60,7 32,6
Entre 0 – 1 ano
33,9 41,9
Entre 2 – 5 anos
3,6 18,6
Entre 6 – 10 anos
1,8 7,0
Mais de 10 anos
100 100
Total
Fonte: Plataforma das ONG’s de Cabo Verde (2007),
Plataforma das ONGD portuguesas (2003)
Para a GB não há dados que permitam calcular esse indicador, mas o Secretário Executivo já
referido afirma que, não havendo nenhum processo de inscrição, “basta uma carta e é
automático”.Como não há lei de associações, mas sim lei das ONG, todas enviam a carta e
passam a dizer que estão na Plataforma, pois tal funciona como uma legitimação.
A amostra
A amostra recolhida dá-nos uma estrutura dos recursos humanos nas ONG por género, como se
pode ver no gráfico junto (Gráfico 1).
Partindo do principio que as organizações em CV distribuíram os inquéritos dentro das ONG de
forma a terem o mesmo número de mulheres que homens17, apenas se pode comparar PRT e GB
. Vendo se aí uma predominância de sinal inverso, embora mais desequilibrado em PRT,
traduzindo aquilo que Roque Amaro interpreta como uma maior disponibilidade das mulheres
para trabalhar em actividades de rendimento mais baixo (Plataforma das ONGD portuguesas,
2003). Na GB traduzirá a ausência de outras actividades mais rentáveis para os homens,
acompanhada de preferência masculina pela cooperação, em detrimento de outros sectores com
menos prestígio social.
Ambas as estruturas estão coerentes com os dados atrás referidos .
Nas ONG as idades dos seus recursos humanos estão distribuídos de acordo com o Gráfico 2
A interpretação destes dados diz – nos que na GB trabalhar nas ONG é uma actividade para
qualquer idade, excepto para os muito jovens, com menos de 20 anos e os mais velhos, acima
dos 60 anos. Mas tal já não é verdade para CV e PRT, onde temos uma pirâmide de idades mais
ou menos regular e muito igual na sua forma entre os dois países: maior peso do escalão 20-24,
diminuição nos seguintes e ligeira subida nos 40-49, seguida de nova descida. O que nos poderá
dizer que as ONG servem de entrada no mercado de trabalho depois da formação académica
concluída e antes de outras actividades.
Quanto à instrução (Gráfico 3), para PRT o resultado mais claro é de que a percentagem de
respondentes com licenciatura é de 70,2 %, enquanto em CV é de 26,9% e na GB é de 8,9%. No
17
Em 2002 a Plataforma tem 40 % de mulheres no total do seu pessoal e nada nos indica que tenha
havido uma alteração tão radical.
total em GB os recursos humanos concentram – se nos escalões de formação média, enquanto
em CV se distribuem mais uniformemente e em PRT estão desequilibrados para os escalões
mais altos.
Ou seja em PRT o trabalho numa ONG é uma actividade com maior grau de conhecimento
formal incorporado e em CV pode dizer-se que corresponde mais ao padrão de uma actividade
mais madura, onde cabem trabalhos executados por pessoas com habilitações muito diferentes.
3. Os indicadores de Hofstede aplicados às ONG
Neste ponto vamos definir o significado dos indicadores (ou dimensões) de síntese desta
investigação para um sector como as ONG. Os resultados foram apurados segundo as fórmulas
de Hofstede com as alterações que se seguem:
PDI/IDH18: = –35m(03) +35m(06) +25m(14) –20m(17) –20+40, na qual m(03) é a media para a
questão 3, etc.
IDV/IDV: = –50m(01) +30m(02) +20m(04) –25m(08) +130, na qual m(01) é a media para a
questão 1, etc.
MAS/IC: = +60m(05) –20m(07) +20m(15) –70m(20) +100+40, na qual m(05) é a media para a
questão 05, etc.
UAI/ICI : = +25m(13) +20m(16) –50m(18) –15m(19) +120-10, na qual m(13) é a media para a
questão 13, etc.
LTO/OT: = -20m(10) +20m(12) +40, na qual m(10) é a media para a questão 10, etc.
:
18
Como se verá adiante estas abreviaturas são da designação em inglês e da sua tradução para português.
Traduz a aceitação da hierarquia dentro da organização por parte daqueles que têm menos
poder. Se o valor for alto teremos uma organização em que as pessoas que nela trabalham
aceitam a hierarquia. Se for baixo significa que as pessoas não julgam a existência da hierarquia
como uma necessidade para a actividade que desempenham. Pode generalizar-se à aceitação da
existência de uma autoridade para qualquer actividade.
Nos extremos para as organizações teríamos:
PDI/IDH baixo PDI/IDH alto
Nível de necessidade de dependência baixo Nível de necessidade de dependência alto
Hierarquia significa uma desigualdade de papéis Hierarquia corresponde à desigual capacidade
estabelecida por conveniência existente
Todos os degraus da hierarquia devem ser A hierarquia implica reserva no acesso aos vários
acessíveis degraus
Todos devem ter direitos iguais A diferentes capacidades diferentes direitos
A diferença de poder não tem a ver com o nível O poder tem de ser correspondente ao nível de
hierárquico hierarquia
Deve haver uma maior descentralização ou O poder deve estar concentrado
delegação
O leque salarial deve ser pequeno Quanto maior responsabilidade maior salário
Os subordinados e os superiores são iguais Os subordinados e os superiores têm papeis
diferentes porque são diferentes
Pode-se evoluir para uma redistribuição de poder Só “à força” se muda o poder numa organização
dentro da organização
Deve existir uma dependência entre os níveis Os níveis de baixo devem depender dos de cima
hierárquicos mas não o contrário
Todos os graus da hierarquia devem ser Os graus superiores da hierarquia devem dizer o
consultados que fazer aos restantes
Os símbolos de poder não devem existir Os símbolos de poder servem para distinguir os
graus de herarquia
O chefe ideal é um democrata competente O chefe ideal é um autocrata benevolente
Fonte: Hofstede (2003) e Finuras (2007) adaptado
Numa escala de 0-100 podemos desde já afirmar que os resultados são no segundo quintil e
apenas Portugal no terceiro e mesmo assim muito perto do anterior. O que significa que para
todos os respondentes a aceitação da hierarquia é mediana. Quem conheça o sector, em qualquer
dos países, as maiores ONGD têm um conjunto de direcções que surgem para um observador
externo como fortes e incontestadas. Mas os próprios respondentes, como um todo, aceitam
essas direcções mas não estão dispostos a ter hierarquias muito acentuadas. O efeito prático é
19
Utilizamos a tradução de Hofstede, G. (2003) feita a partir da edição de 1991 em inglês.
que as direcções têm pressão dentro das suas organizações para serem acessíveis e abertas
naquilo que fazem. E é esse o modelo que passam para os restantes actores. Ou seja o
comportamento ideal para quem tem um IDH mediano é que os restantes actores no mesmo
campo tenham o mesmo tipo de funcionamento, pois a posição que ocupam não significa que
sejam muito diferentes ou muito mais capazes do que eles próprios.
Também indicia que processos de votação secreta tem espaço para se afirmarem. Como
exemplifica um entrevistado em CV sobre uma assembleia de uma ONG onde, apesar de uma
proposta vir do presidente, as pessoas quiseram votar e aprovar essa mesma proposta mas por
método de livre expressão: “Esta incorporação de uma prática democrática efectiva na
sociedade civil é algo de muito recente, com cerca de 10 anos, e que se deve muito ao trabalho
das organizações da sociedade civil.”(Fontes orais)
Neste indicador a GB está no terceiro quintil, CV está no quarto e PRT no quinto. Sendo um
sector recente o resultado da GB não surpreende pois expressa a necessidade de comportamento
em grupo para se ter sucesso. Sendo uma sociedade onde as ligações à família alargada são
fortes, a surpresa é não obtermos valores mais altos, ou seja não dar a indicação mais clara de
que cada respondente considera o grupo importante. Mas não é assim, e a nossa interpretação é
que os respondentes consideram que o sector ainda não oferece garantias de trabalho suficientes.
Ou seja a cultura do sector enquanto actividade que pode proporcionar meios de subsistência é
ainda fraca. Como nos disse um dos entrevistados “As ONG tem um peso grande na economia
porque não existe um sector privado. O emprego, os fornecimentos e a formação têm um peso
grande na economia das famílias”(Fontes orais, 2007) e estes bens são actualmente obtidos
sobretudo através das ONG.
O indicador sobe à medida que a data de formação da Plataforma respectiva recua (GB 2000,
CV 1996, PRT 1985), levando-nos a considerar a hipótese de que essa cultura de segurança na
organização se acentua com o tempo de funcionamento. Julgamos que a instabilidade vivida
ainda na GB nas relações entre o Governo e este sector é diferente do status estabelecido nos
outros dois países, onde as ONG têm relações já estabelecidas formalmente com o Governo e
outros actores.
Saliente-se também que PRT com o valor apresentado pode ser caracterizado pelo extremo
superior da escala. O que significa que os respondentes têm uma noção muito alta de grupo
(vestem muito a “camisola”), sacrificam a vida privada ao trabalho e têm um potencial de
mobilização para a mudança organizada muito grande. Sendo este indicador o mais significativo
em termos de motivação colectiva dos membros do sector, pode-se afirmar que em PRT, o
entusiasmo por aquilo que os membros fazem em conjunto é demonstrativo das origens desta
actividade - a solidariedade e a militância politica ou cívica, com muitos membros a terem uma
motivação derivada mais ou menos inconscientemente, dos valores cristãos de caridade social .
Este indicador para o sector das ONG também pode ser interpretado para avaliar até que ponto
as organizações aceitam as regras ou modelos do exterior, ou seja, até que ponto a aceitação das
prioridades dos financiadores ou das regras do configurador do “campo”20 é pacífica ou é
contestada. Julgamos que quanto mais baixo o valor maior a aceitação de modelos externos.
Como se pode ver no Quadro 5 teremos uma ordenação de repúdio por modelos externos,
20
No caso português o IPAD é o primeiro configurador do “campo” ao ser o financiador maioritário,
sendo o segundo a União Europeia. Para CV ou GB não há configuradores nacionais nem internacionais
dominantes.
condizente com as entrevistas realizadas. Em CV dizem- nos dois dos entrevistados que “O
“modismo”, ou seja, a normalização ou standardização de ideias que são apropriadas
acriticamente, o que provoca a perda da pluralidade das perspectivas, da génese de alternativas,
como se o desenvolvimento fosse um só e só exista um único caminho para o atingir …. tem
vindo a mudar ao longo dos últimos anos, acompanhando o crescer de maturidade da sociedade
caboverdiana e das suas organizações. Há uma maior capacidade de crítica, de questionamento e
de reivindicação, que se traduz numa maior exigência de coerência e de respeito para com os
doadores e parceiros, mas também numa maior capacidade de auto-responsabilização”(Fontes
orais). Como nos dizia outro dos entrevistados “fazia-se cooperação para Cabo Verde,
actualmente faz-se cooperação com Cabo Verde” (Fontes orais). Na GB as posições expressas
são similares: “propostas continuam a ser do norte, com o argumento da falta de capacidades; é
necessário combater o paternalismo, cada um tem o seu saber e o seu papel e é preciso fazer
sensibilização das ONGs do Norte sobre isto”(Fontes orais)
Traduz a forma mais competitiva ou mais consensual como as pessoas pensam que a sua
actividade deve ser exercida. Quanto mais alto mais competição, quanto mais baixo mais
consensos. Esta dimensão começou por ser interpretada a partir da divisão de papeis sociais
pelos dois sexos para se ir pouco a pouco tornando uma interpretação que avalia a tolerância a
relações conflituosas/competitivas em contraponto com a procura de decisões e relações
consensuais. Nos extremos:
MAS/IC baixo MAS/IC alto
As pessoas e as relações entre elas são importantes O sucesso das pessoas e o progresso material são
com ou sem sucesso material importantes para a relação entre elas
Trabalha-se para viver Vive-se para trabalhar
A direcção devem procurar os consensos A direcção deve dizer o que quer fazer
A igualdade, solidariedade e qualidade de vida no A competição e os resultados são importantes
trabalho são importantes
Os conflitos são resolvidos pela negociação e Os conflitos são resolvidos pelo confronto
compromisso
O trabalho tem de ter uma função social de O trabalho é um meio de sucesso e de progresso
melhorar o bem estar dos desfavorecidos material para melhorar o bem estar de todos
A modéstia e a humildade devem prevalecer A visibilidade mesmo com ostentação é importante
Deve-se ajudar, ser solidário e cooperativo Deve-se procurar ser e fazer melhor do que os
outros
Deve-se fazer o melhor que se pode e sabe Deve-se fazer o melhor que existe
21
Utilizamos aqui a nossa própria designação do índice que nos parece não dever ser ligado a binómio
Masculino/Feminino mas sim ao binómio Competição/Consenso em sociedades onde tal conotação
enviesa as análises e sobretudo a compreensão dos valores. A interpretação do próprio Hofstede está, a
nosso ver, mais coerente com a designação que usamos do que com a que ele usa.
Os valores deste índice que podemos encontrar no Quadro 6 são muito expressivos no seguinte
sentido: para PRT o valor está no segundo quadrante, muito perto do primeiro. O valor da GB é
duas vezes superior e o de CV quase três vezes. Estes índices dizem-mos que em PRT, os
respondentes do sector, vêem a sua actividade como cooperativa e com necessidade de pouca
competição. Não têm uma consciência tipo empresarial de concorrência entre si por recursos na
procura de sucesso material.
Têm tendência para considerar que as regras devem ser adaptadas à realidade, ou seja
(conjugando com o índice de individualismo) que as regras devem ser iguais para todos mas
adaptadas à realidade do sector e não importadas por analogia com outros. Está também de
acordo com a interpretação que fizemos a propósito do índice anterior sobre o peso da
solidariedade.
O efeito prático é que a tolerância para a fraca produtividade e para uma relativa incompetência
técnica é alta, mas para a falta de empenho com “boa vontade” é baixa. Aqueles que se
empenham mesmo que não tenham conhecimentos para actividades mais técnicas, são aceites,
mas os que não se empenham ou o fazem em busca de sucesso material não são. Aqueles que
defendem a competição/concorrência e têm um comportamento como no sector empresarial,
disputando recursos escassos sem respeitar o valor da cooperação, escondendo informação,
usando ideias dos outros, são mal vistos ou seja têm dentro do sector um capital social baixo.
Note-se que a recusa da competição implica uma preferência por outras metodologias de acesso
a recursos. Ou seja o capital social, os contactos, o acesso aos financiadores, aos diferentes
níveis de poder politico sobre recursos (central, local, fundações, união europeia, instituições
privadas, etc.), misturam-se com as formas que respeitam a transparência e equidade (concursos,
convites públicos) na constituição da cultura do sector.
Também indicia que os actores do “campo”, mas exteriores ao sector, como a maior parte dos
financiadores, têm dificuldade em conseguir um funcionamento que seja tecnicamente de
acordo com as regras mais comuns de controle e gestão em que funcionam as organizações.
Quadro 6
Masculinity (MAS) ou Índice de Competição (IC)
Países Total M F
Para CV julgamos que a matriz social cristã também presente deveria influenciar mais, baixando
o índice; mas a verdade é que a luta permanente da sociedade do país para progredir a partir de
um território sem recursos físicos (excepto a sua localização geográfica) leva em geral à
valorização dos recursos humanos e portanto a uma maior competição.
Traduz a necessidade das pessoas evitarem a incerteza, aquilo que desconhecem. Quanto mais
alto o índice maior é a intenção de evitar a incerteza; quanto mais baixo maior a capacidade de
as pessoas assumirem riscos, com base em poucas informações ou certezas.
Quanto mais alto o índice de incerteza, maior a tendência para querer ter regras, leis e normas e
menor tolerância perante aqueles que são diferentes por qualquer motivo. Quanto mais baixo o
índice, mais relativistas e menos emocionais as pessoas.
Também é apelidado de índice de ansiedade.
Quadro 7
Uncertainty Avoidance Index (UAI) ou Índice de Controlo da Incerteza (ICI)
Países Total M F
Os valores do Quadro 8 , (se bem que este indicador ou dimensão não seja tão claro como os
restantes naquilo que indicia, por a sua aplicação não ter sido feita em tantos casos como os
restantes), dizem-nos que os respondentes masculinos dos três países estão praticamente todos
no mesmo quintil (PRT está 1,4 fora). Mas as respostas femininas desequilibram completamente
esta similitude, colocando a GB no segundo quadrante – baixo/muito baixo -, CV na fronteira
deste para o terceiro e PRT na fronteira da terceiro para o quarto – alto/médio. Ou seja
considerando que este indicador reflecte o peso da tradição, teríamos as mulheres guineenses a
introduzir no trabalho que fazem esse factor ,como os outros países não fazem, nem os homens
da GB. Outra explicação possível é a divisão de trabalho por género, dentro das sociedade
guineense também se reflectir no sector e este resultado transmitir a preocupação, que cabe mais
às mulheres, com os filhos e em assegurar os bens de todos os dias .
Quadro 8
Long Term Orientation (LTO) ou Orientação temporal (OT)
Países Total M F
A ideia que, numa sociedade mais desenvolvida em geral, as actividades seriam mais planeadas,
também tem aqui expressão; pela relação entre CV e GB, e pela diferença de PRT em relação
aos restantes. Mesmo assim julgamos que a tradição de planeamento da GB e de CV deixou
marcas no comportamento das organizações do sector, aproximando-os entre si e de PRT, onde
esperávamos valores mais afastados. O efeito prático no sector em PRT é que o funcionamento
orientado para algum planeamento de médio e longo prazo pode ter mais sucesso do que se
esperaria.
Se atribuirmos uma classificação qualitativa aos diferentes quintis obtemos o Quadro 9 que,
visto em conjunto para cada país, nos indica que:
em CV as organizações:
- prezam o espírito individual mesmo que tal represente pouca consideração pela hierarquia
estabelecida;
- apreciam alguma competição no trabalho, contanto que não ponha em causa a segurança;
- o futuro e o planeamento não são uma obsessão, mas não são descurados.
As suas congéneres na GB
- apoiam - se mais na organização, embora também não considerem muito a hierarquia como
importante;
- não desdenham a competição mas preferem o consenso no seu funcionamento;
- todo o comportamento das organizações está subordinado à necessidade de segurança, de
preferência com planeamento.
Quadro 9
Indicadores em conjunto por país, por quintil22
Países PDI/IDH ÍDV MAS/IC UAI/ICI LTO/OT
Julgamos que estes indicadores não têm questões que permitam uma ideia de qual a cultura de
avaliação das organizações do sector. É evidente que em culturas marcadas por um grande
empenho afectivo e solidário na actividade e onde ao mesmo tempo a consideração pela
existência de hierarquia é fraca, há tendencia para uma rejeição de processos de avaliação. As
entrevistas realizadas confirmam esta tendência quer em CV, GB ou PRT. Há no entanto o
reconhecimento da existência de um processo de alteração dessa cultura em CV como enfatizou
um dos entrevistados “… a prática da avaliação tem vindo, lentamente, a ser incorporada nos
22
Primeiro quintil = Muito baixo; segundo quintil = Baixo; terceiro quintil = Médio; quarto quintil =
Alto; quinto quintil = Muito Alto. Estando na primeira ou na ultima dezena do quintil seguinte é indicado.
procedimentos das organizações devido à pressão exercida nesse sentido pelos financiadores e
parceiros externos. Por causa deles, os actores da cooperação cabo-verdiana têm feito toda uma
aprendizagem no sentido de utilizar, primeiro de uma forma mais “copiada” e actualmente já de
uma forma mais crítica, ou adaptada, os instrumentos, indicadores e processos de
monitorização. Actualmente, reconhece-se que o uso destes mecanismos aumenta
significativamente o grau de exigência ao nível do planeamento dos projectos mas que em
contrapartida, não só os torna mais eficazes, como essa eficácia é passível de ser aferida com
mais certeza e objectividade.”(Fontes orais, 2007). Note-se que vários entrevistados de CV nos
colocaram em causa as metodologias de avaliação usadas, tendo referenciado que essas
metodologias não eram suficientes pois “limitavam-se a verificar se os resultados do projecto
correspondiam aquilo que era proposto. Mas se ponderarmos elementos como eficiência,
eficácia, impactos, sustentabilidade, ou seja, os resultados reais do projecto relativamente à
melhoria de algo concreto na vida das pessoas, a avaliação do projecto é completamente
diferente.” (Fontes orais, 2007). Para mais quando as ONG têm uma cultura de solidariedade
“Há o efeito moda na cooperação. Tudo está standartizado (planeamento, avaliação, etc). O
papel das ONG é um papel sobretudo social onde a avaliação é complexa: como se avalia a
solidariedade?”(Fontes orais, 2007)
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Os autores
Carlos Sangreman, economista do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), doutor em Estudos Africanos
do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresas (ISCTE), Professor Auxiliar na Universidade de
Aveiro (UA), consultor do PNUD e Banco Mundial na Guiné e Cabo Verde, investigador responsável neste
projecto, coordenador geral do projecto Memória de África e do Oriente, coordenador cientifico do projecto de
investigação Arquitectos de um Espaço Transnacional Lusófono, a diáspora Guineense em Portugal, da Fundação
Portugal África, assessor técnico da reitoria da UA para a Cooperação, resource person da Secretaria de Estado
dos Negócios Estrangeiros e Cooperação para o Fórum da Cooperação da sociedade civil e membro da direcção
do Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento (CESA).
Moniz Fernandes, licenciado em Matemática para Ensino no Instituto Superior de Educação – Cabo Verde,
mestre em Estatística e Gestão de Informação pelo Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação da
Universidade Nova de Lisboa, com uma dissertação sobre a modelização da pobreza em Cabo Verde, professor
na Universidade de Cabo Verde e actual doutorando na Universidade Nova de Lisboa com um tema sobre a
modelização de risco em sistemas bancários.
Maria João Carreiro, licenciada em Estudos Europeus pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,
mestre pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresas (ISCTE) com uma dissertação sobre
transnacionalismo migrante: o caso das Associações de Migrantes Guineenses, investigadora no CEsA, dirige o
projecto de investigação “Arquitectos de um Espaço Transnacional Lusófono, a diáspora Guineense em
Portugal”, financiado pela Fundação Portugal África, técnica no CIDAC e actualmente no SNV holandês em
Bissau.
Hermínia Ribeiro, licenciada em Relações Internacionais pela Universidade Autónoma de Lisboa “Luís de
Camões”, dissertação em fase final do mestrado “Desenvolvimento, Diversidades Locais e Desafios Mundiais”,
no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), Coordenadora de Projectos no
Departamento de Cooperação para o Desenvolvimento, do Instituto Marquês de Valle Flôr, primeiro assessora e
actual presidente da Plataforma Portuguesa das Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento.
Braima Sambu, fundador da ONG AIFA PALOP e coordenador nacional do Programa de Reforço da Intervenção
Local das Organizações da Sociedade Civil da Guiné-Bissau, abreviadamente PROCIVICUS GB, organizou toda
a recolha de dados naquele país.
Mário Moniz, fundador da ONG SOLMI, secretário executivo da Plataforma das ONG’s de Cabo Verde,
organizou toda a recolha de dados naquele país.