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455/97
APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 3
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................... 4
1. DIPLOMAS NORMATIVOS ..................................................................................................... 4
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS ............................................... 4
CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS
CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES ............................................................................ 4
CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA ................ 4
CONSTITUIÇÃO FEDERAL ............................................................................................. 5
2. TORTURA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE ................................................................ 5
3. TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA RELÓGIO ....................................................................... 6
4. COMPETÊNCIA ...................................................................................................................... 6
5. PRESCRIÇÃO ......................................................................................................................... 7
DOS CRIMES ................................................................................................................................. 8
1. OBSERVAÇÕES GERAIS ....................................................................................................... 8
AÇÃO PENAL ................................................................................................................... 8
ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................. 8
2. TORTURA-PROBATÓRIA, TORTURA-CRIME E TORTURA-DISCRIMINATÓRIA ................. 8
PREVISÃO LEGAL ........................................................................................................... 8
OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................... 9
OBJETO MATERIAL......................................................................................................... 9
NÚCLEO DO TIPO ........................................................................................................... 9
SUJEITO ATIVO ............................................................................................................... 9
SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................ 10
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 10
2.7.1. Tortura-probatória .................................................................................................... 10
2.7.2. Tortura-crime ........................................................................................................... 10
2.7.3. Tortura-discriminatória ............................................................................................. 11
CONSUMAÇÃO.............................................................................................................. 12
LEI 9.099/95 ................................................................................................................... 12
3. TORTURA-CASTIGO OU TORTURA-PUNIÇÃO ................................................................... 13
PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 13
OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................. 13
OBJETO MATERIAL....................................................................................................... 13
NÚCLEO DO TIPO ......................................................................................................... 13
SUJEITO ATIVO ............................................................................................................. 13
SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................ 14
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 14
CONSUMAÇÃO.............................................................................................................. 14
TENTATIVA .................................................................................................................... 14
LEI 9.099/95 ................................................................................................................... 14
4. TORTURA DE PRESO OU DE PESSOA SUJEITA À MEDIDA DE SEGURANÇA ................ 14
PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES...................................................................... 15
OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................. 15
OBJETO MATERIAL....................................................................................................... 15
NÚCLEO DO TIPO ......................................................................................................... 15
SUJEITO ATIVO ............................................................................................................. 16
SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................ 16
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 17
CS – TORTURA 2019.1 1
CONSUMAÇÃO.............................................................................................................. 17
TENTATIVA .................................................................................................................... 17
LEI 9.099/95 ................................................................................................................... 17
5. OMISSÃO NA APURAÇÃO DA TORTURA ........................................................................... 17
PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................... 17
OBJETIVIDADE JURÍDICA............................................................................................. 18
OBJETO MATERIAL....................................................................................................... 19
NÚCLEO DO TIPO ......................................................................................................... 19
SUJEITO ATIVO ............................................................................................................. 19
SUJEITO PASSIVO ........................................................................................................ 19
ELEMENTO SUBJETIVO ............................................................................................... 19
CONSUMAÇÃO.............................................................................................................. 20
TENTATIVA .................................................................................................................... 20
LEI 9.099/95 ................................................................................................................... 20
CONFRONTO COM O CRIME DE PREVARICAÇÃO .................................................... 20
6. FIGURAS QUALIFICADAS .................................................................................................... 20
7. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ....................................................................................... 21
CRIME COMETIDO POR AGENTE PÚBLICO ............................................................... 21
CRIME COMETIDO CONTRA CRIANÇA, GESTANTE, PORTADOR DE DEFICIÊNCIA,
ADOLESCENTE OU MAIOR DE 60 ANOS ............................................................................... 21
SE O CRIME É COMETIDO MEDIANTE SEQUESTRO ................................................. 21
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO ............................................................................................... 21
9. EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL ........................................................................ 23
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APRESENTAÇÃO
Olá!
O Caderno Legislação Penal Especial – Tortura possui como base as aulas do professor
Cleber Masson, do Curso G7 Jurídico.
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a)
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar),
ano 2017 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2018, ambos da Editora
Juspodivm.
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você
faça uma boa prova.
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito
importante!! As bancas costumam repetir certos temas.
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1. DIPLOMAS NORMATIVOS
Como se sabe, a DUDH foi proclamada pela Assembleia das Nações Unidas, em 10 de
dezembro de 1948. Em seu art. 5º prevê, claramente, que ninguém poderá ser submetido a
tortura e a nenhuma pena ou tratamento desumano, cruel e degradante.
A Convenção foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1984, entrou em vigor em
1987, sendo ratificada pelo Brasil em 1989.
• 1ª Parte - diz respeito aos sujeitos ativos e passivos da tortura, sua definição e as medidas
a serem tomadas pelos Estados que a ela aderirem;
• 3ª Parte - cuida da adesão dos Estados-partes à Convenção, bem como emendas que
possam vir a sugerir.
Editada em 1985.
Artigo 2 - Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato
pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos
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físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de
intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou
com qualquer outro fim. Entender-se-á também como tortura a aplicação,
sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima,
ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física
ou angústia psíquica.
Não estarão compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos
físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou
inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos atos ou a
aplicação dos métodos a que se refere este artigo.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
A CF, em seu art. 5º, III, prevê que ninguém será submetido a tortura e nem a tratamento
desumano e degradante. É o direito fundamental do ser humano de não ser torturado.
Além disso, o art. 5º, XLIII, considera a tortura um crime inafiançável e insuscetível de graça
e anistia. Portanto, a Lei de Tortura atende a um mandado expresso de criminalização. É um crime
equiparado a hediondo (recebe o mesmo tratamento).
Obs.: Nem todos os crimes da Lei de Tortura são considerados hediondos, a exemplo da tortura
omissão.
Segundo o STF, “a tortura constitui a negação arbitrária dos direitos humanos, pois reflete –
enquanto prática ilegítima, imoral e abusiva – um aceitável ensaio de atuação estatal tendente a
asfixiar e, até mesmo, a suprimir a dignidade, a autonomia e a liberdade com que o indivíduo foi
dotado, de maneira indisponível, pelo ordenamento positivo”. (HC 70389)
Salienta-se, ainda, que o art. 5º, XLIII é verdadeiro mandado de criminalização, o qual
impõem ao legislador, para o seu devido cumprimento, o dever de observância do princípio da
proporcionalidade como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente.
Sofreu duras críticas, pois foi considerado um tipo penal extremamente aberto, uma vez que
não define o que é considerado tortura e quais são os atos de torturas (bater, xingar, castigo). Em
razão disso, muitos consideravam inconstitucional, por violação ao princípio da taxatividade.
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Além disso, incriminava apenas a tortura contra menores de 18 anos.
De origem norte-americana, está relacionado com o direito penal do inimigo e com a tortura.
Imagine que João, por vingança, sequestre o filho de seus ex-empregadores. A polícia, após
a ligação de João solicitando o resgate, consegue localizá-lo em uma lanchonete. João nega-se a
informar o local do cativeiro, sendo irônico com o Delegado, afirma que não irá falar a localização
da criança. Diante disso, o delegado passa a torturar João, filmando tudo, obtendo a localização do
cativeiro. O delegado será indiciado por tortura? A resposta dependerá do entendimento adotado.
Obs.: Em um concurso para Defensoria adotar a proibição absoluta. Já em concurso para delgado
adotar a proibição relativa.
Por fim, ressalta-se que o art. 2º, item 2, da Convenção Contra a Tortura e Outros
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, promulgada pelo Decreto 40/1991,
dispõe que: “em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais tais como ameaça
ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como
justificação para a tortura”.
4. COMPETÊNCIA
Ademais, aplica-se o art. 70, caput, do CPP, competência fixada pelo local da consumação.
Por fim, até o advento da Lei 13.491/2017 a tortura, mesmo quando praticada por militar,
não era julgada pela Justiça Militar, tendo em vista que não estava arrolada como crime militar.
Atualmente, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º,
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pode estar prevista no Código Penal Militar ou na legislação penal “comum”, portanto, será julgada
pela Justiça Militar.
5. PRESCRIÇÃO
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DOS CRIMES
1. OBSERVAÇÕES GERAIS
AÇÃO PENAL
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo.
PREVISÃO LEGAL
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OBJETIVIDADE JURÍDICA
Além disso, segundo Cleber Masson, tutelam garantias constitucionais e legais das pessoas
em geral frente aos arbítrios cometidos por funcionários públicos e por particulares.
OBJETO MATERIAL
Dito isso, nos três crimes do inciso I, do art. 1º, o objeto material é a pessoa física que suporta
a tortura, seja ela probatória, crime ou discriminatória.
NÚCLEO DO TIPO
o núcleo do tipo nada mais do que o verbo(s) do crime. No caso do inciso I, art. 1º, é
CONSTRANGER.
Por constranger entende-se a conduta de obrigar alguém a fazer algo contra a sua vontade,
retirando a sua liberdade de autodeterminação.
Para constranger a vítima o agente se vale de alguns meios de execução, quais sejam:
• Violência à pessoa - emprego de força física contra a vítima, mediante lesão corporal
ou vias de fato.
Como elemento normativo do tipo penal temos a provocação de sofrimento físico (corporal)
ou mental (psicológico) à pessoa. Assim, o agente constrange a vítima, mediante violência à pessoa
ou grave ameaça, causando-lhe um sofrimento físico ou mental.
Destaca-se que o sofrimento mental é aquele que se processa por meio de um estado de
angústia e estresse infligido à vítima por outros meios que não a agressão física.
Por outro lado, a ausência do sofrimento físico ou mental é causa de exclusão da tortura e,
consequentemente, de reconhecimento de delito menos grave, a exemplo da lesão corporal,
constrangimento ilegal, ameaça, etc.
Por fim, ressalta-se que no crime de tortura o legislador vinculou sua ocorrência a três
finalidades (alinhas a, b, c), o que provoca uma limitação do alcance da lei, bem como deixa outras
hipóteses de tortura sem punição, a exemplo da pessoa que tortura por prazer ou sadismo.
SUJEITO ATIVO
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Trata-se de crime comum ou geral, pode ser praticado por qualquer pessoa. Por isso,
também é conhecida como CRIME JABUTICABA, já que nos demais países a tortura só pode ser
praticada por funcionário público.
Quando o delito for cometido por agente público, haverá a incidência de uma causa de
aumento da pena (art. 1º, §4º, I).
Art. 1º (...)
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
I - se o crime é cometido por agente público;
SUJEITO PASSIVO
A Lei de Tortura refere-se a alguém, este alguém será qualquer pessoa física.
Ademais, o sujeito passivo pode ser a pessoa contra quem se dirige a violência ou a grave
ameaça, bem como qualquer outra pessoa prejudicada pela conduta criminosa. Assim, é
perfeitamente possível a unidade do crime de tortura com a pluralidade de vítimas.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo mais o especial fim de agir de cada uma das alinhas (finalidade específica).
Segundo Cleber Masson, há uma limitação indevida da aplicabilidade dos tipos penais
previstos na Lei 9.455/1997. Exemplos: excesso de maldade e sadismo não irá incorrer no crime
de tortura.
2.7.1. Tortura-probatória
Segundo Masson, é a tortura que ainda está presente no dia a dia policial.
CF, art. 5º, XLVI: “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos.”
2.7.2. Tortura-crime
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Na tortura-crime a finalidade é provocar ação ou omissão de natureza criminosa (alinha b).
Ou seja, através da tortura obriga-se alguém a pratica um crime. Ressalta-se que não haverá tortura
quando a prática for de contravenção penal.
PC/MS FAPEMS 2017 - O funcionário público que constrange fisicamente o estagiário a praticar
contravenção penal poderá ser responsabilizado pelo crime de tortura do artigo 1° da Lei n°
9.455/1997. Errado!
Obs.: A coação moral irresistível, prevista no art. 22 do CP, exclui a culpabilidade, tendo em vista
que se retira do agente a exigibilidade de conduta diversa. Nesta conduta, há três pessoas
envolvidas: o COATOR, o COAGIDO e a VÍTIMA do crime. Não há concurso de pessoas, somente
o coator responderá pelo crime praticado pelo coagido E responde por tortura. O coagido fica isento
de pena.
2.7.3. Tortura-discriminatória
Aqui, ao que parece, a lei não reclama a prática de nenhuma conduta por parte da vítima.
Contudo, segundo o Prof. Cleber Masson, o dispositivo foi mal redigido, tendo em vista que se exige
uma ação ou omissão da vítima, em virtude da discriminação racial ou religiosa.
Por exemplo, vítima deixa de entrar em determinado restaurante porque é ameaçada devido
a sua cor ou a sua crença religiosa.
O conceito de discriminação racial encontra no art. 1ª, parágrafo único, I, da Lei 12.288/2010,
observe:
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Já discriminação religiosa é a discriminação em razão da crença (católico, umbandista,
evangélico, espirita, budista).
Ressalta-se que este dispositivo não engloba outras formas de discriminação, tais como
ideológica, política e de orientação sexual.
Em provas, costuma ser cobrado sobre a discriminação devido a orientação sexual. Observe
a questão da prova de Delgado da PC/SE e de Juiz do TJ/MG:
PC/SE CESPE 2018 - Situação hipotética: Um cidadão penalmente imputável, com emprego de
extrema violência, submeteu pessoa homossexual a intenso sofrimento físico e mental, motivado,
unicamente, por discriminação à orientação sexual da vítima. Assertiva: Nessa situação, é incabível
o enquadramento da conduta do autor no crime de tortura em razão da discriminação que motivou
a violência. Correto!
TJ/MG CONSUPLAN 2018 – Nos termos da Lei nº 9.455/97, constitui crime de tortura constranger
alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental, em
razão de discriminação racial, sexual ou religiosa. Errado!
Por fim, quando ocorrer o crime de tortura discriminatória estará caracterizado o concurso
com algum delito da Lei 7.716/1989.
CONSUMAÇÃO
LEI 9.099/95
São crimes de máximo potencial ofensivo, a CF exigiu um tratamento mais severo. Por isso,
são crimes incompatíveis com os institutos da Lei 9.099/95.
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CF, Art. LIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
3. TORTURA-CASTIGO OU TORTURA-PUNIÇÃO
PREVISÃO LEGAL
OBJETIVIDADE JURÍDICA
Protege-se a incolumidade física e mental das pessoas sob guarda, poder ou autoridade do
agente, submetida a castigo pessoas ou caráter preventivo.
OBJETO MATERIAL
NÚCLEO DO TIPO
O agente se vale, mais uma vez, de violência a pessoa ou de grave ameaça (meios de
execução).
Por fim, destaca-se que a finalidade do agente é aplicar castigo pessoal (ação repressiva)
ou medida de caráter preventivo. Essas duas hipóteses são indicativas de correção e disciplina a
cargo de quem tem a obrigação ou o dever de vigilância, guarda ou autoridade sobre a vítima.
SUJEITO ATIVO
Trata-se de crime próprio ou especial, tendo em vista que somente pode ser autor desse
crime quem tiver a guarda da vítima ou exercer sobre ela alguma espécie de poder ou autoridade,
ainda que de forma momentânea.
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Cita-se, como exemplo, o pai contra o filho; tutor contra tutelado; professor em relação ao
aluno.
SUJEITO PASSIVO
O tipo penal reclama um sujeito passivo qualificado. Por isso, a tortura castigo é considerada
um crime bi próprio (sujeito ativo e sujeito passivo).
A pessoa que está sob guarda, poder ou autoridade exercida pelo sujeito ativo, mesmo que
de fato e em caráter momentâneo, a exemplo do filho, do interdito, do preso e do aluno.
Obs.: É possível a tortura no âmbito do matrimônio (ou da união estável)? Não. Interpretação do
artigo 226, §5º da CF.
CF, art. 226, § 5º: “Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.”
Exceção: Submissão da vítima, pelo agente, ao seu poder de fato, não por força da questão
de gênero ou do matrimônio (ou união estável). Exemplo: marido castiga a mulher porque ela
zombou do seu time de futebol.
ELEMENTO SUBJETIVO
É o dolo, mas também se reclama um elemento subjetivo específico, qual seja: como forma
de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo” = “animus corrigendi”.
CONSUMAÇÃO
TENTATIVA
É crime plurissubsistente, como a conduta é composta de vários atos e, pode ser fracionada,
é possível a tentativa.
LEI 9.099/95
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PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES
Lei 9.455/1997, Art. 1º. § 1º. Na mesma pena incorre quem submete pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida
legal.
Percebe que o tipo penal não faz referência à violência a pessoa e grave ameaça.
A LEP, em seu art. 3º, garante ao preso e ao internado todos os direitos que não forem
atingidos pela sentença, o preso suporta a perda temporária do direito à liberdade.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
Protege-se a incolumidade física e mental dos presos e das pessoas sujeitas a medida de
segurança.
OBJETO MATERIAL
NÚCLEO DO TIPO
Novamente, utiliza-se o verbo “submeter”. É uma figura equiparada ao caput, mas possui
autonomia em relação ao delito do caput.
O tipo penal possui elemento normativo, já que a conduta criminosa recai sobre a pessoa
presa ou sujeita a medida de segurança (internação em hospital de custodia de tratamento
psiquiátrico ou tratamento ambulatorial).
Pode ser qualquer tipo de prisão, bastando que seja lícita. A prisão ilícita EXCLUI esse crime
CS – TORTURA 2019.1 15
• Criminal – pelo cometimento de um crime
Imagine, por exemplo, que policiais façam a detenção ilegal de uma pessoa, simplesmente
em razão de seu “estereótipo criminoso” e, dentro da viatura, resolvem castigá-la com choques. Por
qual crime eles respondem?
Como a prisão é ilegal, responderão pelo art. 1º, II da Lei de Tortura, e não pelo art. 1º, § 1º.
Os policiais valeram-se da autoridade de seus cargos para deter a pessoa e castigá-la. Não houve
prisão propriamente dita, e sim uma restrição ilegal da liberdade.
• Ato não previsto em lei pode ser qualquer ação ou omissão constrangedora e
contrária à legislação em geral. Exemplo: deixar o preso em cela escura e
extremamente fria.
• Ato não resultante de medida legal é toda ação ou omissão abusiva, porque
desvinculada de fundamento legal. Exemplo: sanção disciplinar de isolamento do
preso na própria cela, sem ato motivado do diretor do estabelecimento prisional (LEP,
art. 53, inc. IV).
SUJEITO ATIVO
1ª Corrente - trata-se de crime próprio ou especial, pois o tipo penal pressupõe tenha o autor
poder sobre a pessoa presa ou submetida a medida de segurança. A conduta somente pode ser
cometida por agente público.
2ª Corrente: O crime é comum ou geral, embora normalmente seja praticado pelo funcionário
público. Exemplo: um preso (ou grupo de presos) submete outro detento, integrante de facção rival,
a sofrimento físico e mental, como na hipótese em que o ofendido é mantido trancafiado no interior
da rede de esgoto da penitenciária.
SUJEITO PASSIVO
Obs.: os adolescentes são submetidos a medida socioeducativas. Não há, tecnicamente, falando
prisão.
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ELEMENTO SUBJETIVO
CONSUMAÇÃO
TENTATIVA
LEI 9.099/95
Trata-se de crime de máximo potencial ofensivo, assim não se aplicam os benefícios da Lei
9.099/95.
CS – TORTURA 2019.1 17
Também chamado de tortura imprópria ou tortura anômala. Não é crime equiparado a
hediondo.
MP/RS 2017 - Do art. 1º, da Lei n. 9.455/97, que incrimina a tortura, extraem-se, as espécies
delitivas doutrinariamente designadas tortura-prova, tortura-crime, tortura-discriminação, tortura-
castigo, tortura-própria e tortura omissão, equiparadas aos crimes hediondos, previstas na
modalidade dolosa e com apenamento carcerário para cumprimento inicial em regime fechado.
Errado! Tortura omissão não é equiparado a hediondo.
Lei 9.455/97, Art. 1º. § 2º. Aquele que se omite em face dessas condutas,
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
de um a quatro anos.
Aqui, não há um ato de tortura propriamente dito, o agente se omite quanto à apuração de
um crime de tortura já praticado.
O tipo penal, em uma leitura apressada, traz a ideia de que aquele que se omite na apuração
da tortura irá responder por ela também. Imagine por exemplo, que Fernando torturou Flávio. Como
João, policial, deixou de apurá-la também irá responder.
Está ideia é falsa, entender assim violaria o princípio da proporcionalidade e seria contrário
a redação do art. 13, § 2º, do CP e do art. 5º, XLIII, da CF, pois falta o poder de agir no caso
concreto.
Para existir a omissão penalmente relevante, não basta o dever de agir também se exige o
poder de agir no caso concreto. Pela redação da lei de tortura, aquele que tem o dever de agir e
que não pode agir por qualquer circunstância também é penalizado, viola a proporcionalidade.
A solução é aplicar este tipo penal somente a quem tem o dever de apurar a tortura e não
de evita-la. Por isso, por exemplo, o policial militar que presencia a tortura e que podendo agir para
evitá-la se omite, responde pela tortura, em face da regra contida no art. 13, § 2º, do CP.
Obs.: “Bis in idem” e inaplicabilidade da agravante genérica prevista no art. 61, inc. II, “g”, do CP, e
da causa de aumento da pena contida no art. 1º, § 4.º, inc. I, da Lei n.º 9.455/1997 ('se o crime for
cometido por agente público'). Em razão de o crime necessariamente ser praticado por funcionário
público, somente pode ser imputado àquele funcionário que tinha o dever de apurar a tortura, e não
a qualquer agente público.
Por fim, não se deve confundir dever de apuração com dever de evitação, observe:
• DEVER DE APURAÇÃO - Quem tinha o dever de apurar, podia apurar e não apurou
responde pelo crime do art. 1º, §2º da lei de tortura.
OBJETIVIDADE JURÍDICA
CS – TORTURA 2019.1 18
Protege-se a Administração da Justiça, uma vez que seus interesses não se compactuam
com o comportamento do funcionário público que não cumpre com seus deveres, ao se omitir diante
de um fato bárbaro, nada obstante tenha o dever de agir.
OBJETO MATERIAL
É a pessoa torturada.
NÚCLEO DO TIPO
O verbo é “omitir”, “Omitir”, significa a abstenção do agente público frente à atuação que lhe
competia em razão da sua posição funcional.
Trata-se de um crime omissivo próprio ou puro, eis que a omissão está descrita no próprio
tipo penal. Além disso, é crime acessório (de fusão ou parasitário), pois não existe de forma
isolada no mundo jurídico, depende da prática de um crime anterior. Existiu um crime de tortura e o
funcionário público que tinha o dever de apurá-lo se omitiu.
Destaca-se que dever de apurar não se confunde com dever de instaurar procedimento
investigatório, pois:
DPE/PE CESPE 2018 - Comete o crime de tortura aquele que, tendo o dever de evitar a conduta,
se mantém omisso ao tomar ciência ou presenciar pessoa presa ser submetida a sofrimento físico
ou mental, por meio da prática de ato não previsto legalmente. Correto!
SUJEITO ATIVO
É crime próprio ou especial, qualquer funcionário público que, tendo o dever jurídico de
apurar a prática da tortura, em qualquer de suas modalidades (art. 1º, inc. I, “a”, “b”, “c”, inc. II, e §
1º, da Lei 9.455/1997), queda-se inerte.
SUJEITO PASSIVO
ELEMENTO SUBJETIVO
CS – TORTURA 2019.1 19
É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica.
CONSUMAÇÃO
TENTATIVA
É crime omissivo próprio (puro), por isso não admite tentativa. É crime unissubsistente, não
há como fracionar a conduta.
LEI 9.099/95
6. FIGURAS QUALIFICADAS
Art. 1º, §3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena
é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a
dezesseis anos.
A morte, a lesão gravíssima e a lesão grave qualificam a tortura, pois são produzidas a título
de culpa. Por outro lado, a lesão corporal de natureza leve é absorvida pela tortura, pois não há
previsão legal e a violência é meio de execução da tortura.
CS – TORTURA 2019.1 20
Por fim, ressalta-se que as qualificadoras não se aplicam ao crime de omissão na apuração
de tortura. Primeiro, em razão da falta de proporcionalidade; segundo, porque não há tortura
propriamente dita.
Estão previstas no §4º do art. 1º, podem elevar a pena acima do máximo legal, incidem na
terceira fase da dosimetria da pena.
A pena será aumentada de um sexto até um terço quando for praticada por agente público
(conceito está no art. 324 do CP).
Obs.: Vedação do “bis in idem” e inaplicabilidade ao delito previsto no art. 1º, § 2º (omissão na
apuração da tortura): a condição de servidor público funciona como elementar do tipo penal.
Para incidir essa majorante o agente deve conhecer essa peculiar característica da vítima.
Baseia-se na:
• fragilidade da vítima;
Aqui, temos a privação da liberdade como modo de execução da tortura, ou seja, utiliza-se
o sequestro para submeter a vítima a sofrimento físico ou mental.
A privação da liberdade deve ser o modo de execução da tortura para que incida essa
majorante. Quando a privação da liberdade se limita ao tempo necessário à realização da tortura,
não incide a majorante.
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO
CS – TORTURA 2019.1 21
Previsto no art. 1º, §5º da Lei de Tortura, vejamos:
Ressalta-se que não basta a perda do cargo, o agente deverá ficar impedido de realizar a
função pelo dobro do tempo da pena.
PC/GO – UEG 2018 Na hipótese de um servidor público ser condenado pelo crime de tortura
qualificada pelo resultado morte a uma pena de doze anos de reclusão, referida condenação
acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício por
a) cinco anos
b) dez anos
c) doze anos
d) vinte e quatro anos – Correta! A pena foi de 12 anos, o dobro será 24 anos.
e) trinta e seis anos
Somente após reabilitação poderá prestar novo concurso para a função. Ademais, os efeitos
da condenação só serão aplicados após o trânsito em julgado da condenação.
Por fim, salienta-se que os feitos da condenação alcançam os crimes de tortura praticados
por policiais militares. Inaplicabilidade do artigo 125, § 4º, da Constituição Federal, pois a tortura
não é crime militar.
CS – TORTURA 2019.1 22
EM RELAÇÃO AOS APELANTES ANTÔNIO MARCOS DE FRANÇA E
ELENILSON NUNES DA SILVA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO
PARCIAL DO RECURSO.” 3. Agravo regimental DESPROVIDO. (ARE
799102 AgR-segundo, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado
em 09/12/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-026 DIVULG 06-02-2015
PUBLIC 09-02-2015)
Art. 2º - O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido
cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira (princípio da
personalidade) ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira
(princípio do domicílio).
CS – TORTURA 2019.1 23