Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
1ª Edição — 1984
2ª Edição Revisada-1991
Impresso no Brasil
pela Copiadora Árvore da Vida
PREFÁCIO
O enfoque mais notório das Epístolas de Paulo é
a economia de Deus do Novo Testamento (Ef 1:10;
3:9; 1 Tm 1:4). Essa economia divina, como o mistério
oculto de Deus revelado na dispensação da graça (Ef
3:9, 5; Cl 1:26), é o mistério de Deus, o qual é Cristo
como a corporificação dc Deus (Cl 2:2, 9), e o mistério
de Cristo, o qual é a igreja, como o Corpo de Cristo (Ef
3:4; 1:23). Para revelar essa economia, a estrutura
básica e intrínseca dos escritos de Paulo é: Deus em
Sua Trindade — o Pai, o Filho e o Espírito
dispensando-se para dentro do Seu povo escolhido,
redimido e regenerado como a vida deles, como
suprimento de vida e como tudo para torná-los os
membros de Cristo (Rm 8:29; Ef 5:30). Como Seus
filhos, eles são edificados juntos para ser Sua
habitação no espírito deles (Ef 2:21, 22), e como
membros de Cristo são misturados para ser Seu
Corpo na vida divina (1Co 12:12, 13). Assim, são
unidos a Ele numa união orgânica espiritual (1Co
6:17), participando da Sua filiação divina (Ef 1:5) e
desfrutando Suas riquezas insondáveis em Cristo (Ef
3;8) até a Sua plenitude (Ef 3:19), para ser Sua
expressão em Cristo pelo Espírito, nesta era e pela
eternidade. Que economia é revelada nessas catorze
epístolas!
Witness Lee
Anaheim, Califórnia, EUA
7 de junho de 1984
Nota do Tradutor
Todas as citações bíblicas deste livro são da
Versão Revista e Atualizada de João Ferreira de
Almeida, salvo quando indicadas pelas seguintes
abreviações: VRC Versão Revista e Corrigida de João
Ferreira de Almeida; IBB - Rev. — Versão da
Imprensa Bíblica Brasileira Revisada; lit. — literal.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 1
PREFÁCIO
Agradecemos ao Senhor por nos ter
proporcionado este treinamento, o qual abrangerá a
vida cristã normal com a vida da igreja adequada.
Daremos toda nossa atenção a esta questão de vida: a
vida cristã e a vida da igreja. Isso significa que o nosso
propósito não é ter um treinamento nas doutrinas,
embora ainda precisemos conhecer as verdades e os
princípios básicos da Palavra Divina. Todo o
treinamento será dedicado ao livro de Romanos.
Precisamos fazer um es-. tudo completo sobre a
Versão Restauração de Romanos. Esta mensagem
servirá de prefácio ao livro de Romanos.
a. A História de um Casamento
Imediatamente após o registro da criação de
Deus, encontramos a história deum casamento (Gn
2:21-25). Nesse casamento, Adão é o tipo de Cristo
como o esposo, e Eva é o tipo da igreja como a esposa.
Em Efésios 5, vemos o casal tipificado por Adão e
Eva: Cristo e a igreja. O tipo de Adão e Eva revela que
as pessoas deste casal universal devem ser da mesma
fonte. Deus criou uma pessoa, Adão, e a partir dessa
pessoa surgiu uma esposa. Eva não foi criada por
Deus separadamente, mas ela saiu de Adão. Eva foi
feita de uma costela, uma parte de osso proveniente
de Adão, indicando que tanto Adão quanto Eva
originaram-se da mesma fonte. Neste casal universal,
a esposa deve sair do esposo. Semelhantemente, a
igreja deve sair de Cristo. As duas pessoas deste casal
devem ser da mesma fonte. Devem também ser da
mesma natureza. Além disso, devem compartilhar de
uma vida comum. A natureza e a vida de Adão eram
também as de Eva. Eva possuía a mesma natureza e
vida de Adão. As duas pessoas deste casal eram de
uma só fonte, de uma só natureza e possuíam a
mesma vida. Sem dúvida, eles tinham também um só
viver. Eles viviam juntos. Eva vivia por meio de Adão
e com Adão, e Adão vivia por meio de Eva e com Eva.
Este, casal é o segredo do universo. O segredo de
todo o universo e que Deus e seus escolhidos venham
a ser um casal. A1cluia! Deus e nós, os Seus
escolhidos somos da mesma fonte, da mesma
natureza e temos a mesma vida. Agora, nós também
necessitamos ter um só viver. Não estamos vivendo
por nós mesmos ou para nós mesmos; estamos
vivendo com Deus e para Deus, e Deus está vivendo
conosco e para nós. Aleluia!
4. Santificação: o Processo-de-Vida na
Salvação
Em seguida, temos a santificação (5:12--8:13).
Quão bom é estar em Deus e desfrutar Deus!
Entretanto, não olhe para si mesmo. Muitas vezes,
enquanto estava desfrutando Deus, louvando-O e
compartilhando Suas riquezas, o sutil disse para
mim: “Olhe para si mesmo. Pense em como tratou
sua esposa esta manhã.” No momento em que aceitei
esta sugestão, desci do céu para o inferno. Fiquei
profundamente desapontado. Enquanto estava em
meu quarto louvando, minha esposa estava na
cozinha, cozinhando. Quando Satanás levantou a
pergunta de como eu havia tratado a minha esposa
aquela manhã, fiquei com medo de que ela ouvisse os
meus louvores e viesse deter-me, dizendo: “Não louve
mais. Você não se lembra do que me fez esta manhã?”
Após sermos justificados, precisamos ser
santificados.
Que significa ser santificado? Mais uma vez
podemos usar a ilustração do chá. Se colocarmos chá
dentro de um copo com água pura, a água será
“chaificada”. Na melhor das hipóteses somos' a água
pura, embora, na verdade, não sejamos puros, mas
sujos. Mesmo se formos a água pura, falta-nos o
sabor do chá, a essência do chá e a cor do chá.
Precisamos que o chá penetre em nosso ser. O
próprio Cristo é o chá celestial. Cristo está em nós.
Aleluia!
Recentemente, enfatizei para os santos em
Anaheim que o nosso Deus é revelado
progressivamente, do começo ao fim do livro de
Romanos. No capítulo 1, Ele é Deus na criação; no
capítulo 3, Deus na redenção; no capítulo 4, Deus
'na justificação; no capítulo 5, Deus na
reconciliação; e no capítulo 6, Deus na identificação.
Quando chegamos ao capítulo 8, vemos que o nosso
Deus está agora dentro de nós. Cristo está em nós
(Rm 8:10)! Ele não está mais simplesmente na
criação, redenção, justificação, reconciliação e
identificação; mas, agora, Ele está dentro de nós, em
nosso espírito. Cristo está em nós fazendo uma obra
transformadora e santificadora, exatamente como o
chá que quando é posto na água trabalha nela o
elemento do chá. Por fim, a água será totalmente
“chaificada”. Terá a aparência, o sabor e o gosto do
verdadeiro chá. Se eu lhe servir um pouco dessa
bebida, estarei servindo-lhe chá, e não água pura.
Se eu lhes perguntasse se vocês foram ou não
justificados, todos responderiam: “Aleluia, fomos
justificados porque Cristo cumpriu a redenção. Deus
reconciliou-nos e agora estamos desfrutando-O.” Isto
é maravilhoso. Entretanto, e quanto à santificação?
Vocês foram santificados? Se alguns irmãos casados
afirmarem que foram santificados, as esposas
discordarão, dizendo: “Os irmãos certamente já
foram justificados, mas é muito duvidoso que tenham
sido santificados.” Irmãos, sua esposa foi santificada?
Esposas, vocês acham que seu esposo foi santificado?
Algumas podem dizer que seu esposo foi santificado
um pouco. Outras podem sentir que ele está um
pouco melhorado. Entretanto, não estou falando
acerca de ser melhorado, mas de ser santificado, isto
é, ter Cristo trabalhado para o interior do nosso ser,
assim como a essência, o sabor e a cor do chá são
trabalhados para dentro da água. Isto é santificação.
7. Transformação: a Prática-de-Vida na
Salvação
Depois disso, temos a seção sobre
transformação, desvendando a prática-de-vida na
salvação (Rm 12:1-15:13). Nesta seção vemos a
prática-de-vida de tudo o que foi produzido pelo
processo-de-vida. Tudo o que é produzido na seção
sobre santificação é posto em prática na seção sobre
transformação. Por fim, santificação torna-se
transformação. Por um lado, estamos em
santificação; por outro lado, estamos também em
transformação. Estamos no processo de vida e na
prática de vida para que tenhamos a vida do Corpo
com a vida particular adequada. Cada aspecto da vida
cristã adequada e da vida da igreja estão incluídos
nesta seção sobre transformação. Enquanto somos
santificados, também estamos sendo transformados,
de uma forma a outra forma, de um formato a outro
formato. Louvado seja o Senhor! Todos nós estamos
sob o processo-de-vida da santificação para a
prática-de-vida da transformação.
1. Salvação
A estrutura principal de Romanos é a salvação,
revelada em 1:1-5:11 e em 9:1-11:31. A salvação inclui
a propiciação, a redenção, a justificação, a
reconciliação, a eleição e a predestinação. Na
eternidade passada, Deus nos predestinou. Em
seguida, nos chamou, redimiu, justificou e nos
reconciliou com Ele mesmo. Assim, temos a plena
salvação.
Precisamos diferenciar a redenção da salvação.
Redenção é o que Cristo cumpriu aos olhos de Deus.
Salvação é o que Deus trabalhou sobre nós baseado
na redenção de Cristo. A redenção é objetiva e a
salvação é subjetiva. Quando a redenção se torna
nossa experiência, ela se torna salvação.
2. Vida
A salvação destina-se à vida revelada em
5:12-8:39. Nesta seção, a palavra vida é usada pelo
menos sete vezes e, de acordo com o capítulo oito,
essa vida é quadruplicada. Veremos isso quando
chegarmos àquele capítulo.
3. Edificação
Na última parte de Romanos, 12:1-16:27, temos a
edificação, o Corpo com todas as suas expressões nas
igrejas locais. A salvação destina-se à vida, e a vida
destina-se à edificação. Assim, as três estruturas
principais de Romanos são salvação, vida e
edificação.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 2
O EV ANGELIIO DE DEUS
O evangelho de Deus é o tema do livro de
Romanos (1:1). Os cristãos costumam dizer que há
quatro Evangelhos: os livros de Mateus, Marcos,
Lucas e João. Entretanto, Paulo refere-se também a
sua Epístola aos Romanos como um evangelho. O
evangelho nos quatro primeiros livros do Novo
Testamento diz respeito a Cristo na carne, vivendo
entre Seus discípulos, antes de Sua morte e
ressurreição. Após Sua encarnação e antes de Sua
morte e ressurreição, Ele estava entre os Seus
discípulos, mas não ainda dentro deles. O evangelho
em Romanos diz respeito a Cristo como o Espírito,
não a Cristo na carne. Em Romanos 8, vemos que o
Espírito da vida que habita em nosso interior é
simplesmente o próprio Cristo. Cristo está em nós.
Cristo nos quatro Evangelhos estava entre os
discípulos; Cristo em Romanos está dentro de nós.
Cristo nos quatro Evangelhos é Cristo após a
encarnação, porém, antes da morte e ressurreição.
Como tal, Ele é Cristo fora de nós. Cristo em
Romanos é Cristo após Sua ressurreição. Dessa
forma, Ele é Cristo dentro de nós. Isto é algo mais
profundo e mais subjetivo do que Cristo nos
Evangelhos. Guarde este único ponto em mente: o
evangelho em Romanos diz respeito a Cristo como o
Espírito em nós, após a Sua ressurreição.
Se tivermos somente o evangelho relacionado a
Cristo como nos quatro primeiros livros do Novo
Testamento, nosso evangelho será muito objetivo.
Necessitamos do quinto evangelho, o livro de
Romanos, para revelar o evangelho subjetivo de
Cristo. O nosso Cristo não é simplesmente Cristo na
carne após a encarnação e antes da ressurreição,
Cristo que estava entre Seus discípulos. O nosso
Cristo é mais elevado e mais subjetivo. Ele é o
Espírito da vida em nosso interior. Ele é esse tal
subjetivo. Apesar dos capítulos 14 e 15 de João
revelarem que Cristo estaria em Seus crentes, isso
não foi cumprido antes da Sua ressurreição. O livro
de Romanos é o evangelho de Cristo após a Sua
ressurreição, mostrando também que agora Ele é o
Salvador subjetivo em Seus crentes. Assim, este
evangelho é mais profundo e mais subjetivo.
1. Em Espírito
Este evangelho é pregado em espírito (1:9). Note
que a palavra espírito aqui começa com letra
minúscula, indicando, assim, que não se refere ao
Espírito Santo. Todos os cristãos crêem que
precisamos estar no Espírito Santo a fim de pregar o
evangelho. Entretanto, nunca ouvi alguém dizer que
precisamos estar em nosso espírito. Mas Paulo diz
que necessitamos estar em nosso espírito. Pregar o
evangelho depende de nosso espírito. Paulo disse que
servia a Deus em espírito no evangelho de Seu Filho.
Quando pregamos o evangelho, não devemos
empregar nenhum artifício; devemos exercitar nosso
espírito.
Por que somente no livro de Romanos Paulo diz
que serve a Deus em seu espírito? Porque neste livro
ele argumenta com os religiosos que constantemente
estão em alguma outra coisa além do espírito — em
letras, em formas, ou em doutrinas. No livro de
Romanos, Paulo argumenta que o que quer que
façamos para com Deus deve ser feito em nosso
espírito, o que quer que sejamos deve ser em espírito
e o que quer que tenhamos deve ser em espírito. No
capítulo 2, versículo 29, ele diz que o povo genuíno de
Deus precisa estar 00 espírito, que a verdadeira
circuncisão não é exterior na carne, mas no espírito.
No capítulo 7, versículo 6, ele diz que devemos servir
a Deus em novidade de espírito. Paulo refere-se ao
nosso espírito humano onze vezes no livro de
Romanos. A última ocasião é encontrada no capítulo
12, versículo 11, onde diz que devemos ser fervorosos
em espírito. Pregar o evangelho de Deus é
absolutamente uma questão do nosso espírito.
2. Pela Oração
Para pregar o evangelho necessitamos de muita
oração (1:9). Necessitamos orar pelas almas e orar
pelo evangelho. Ao pregar o evangelho, a oração é
mais necessária que qualquer tipo de esforço. Se
somos de pouca oração, seremos infrutíferos na
pregação do evangelho.
3. Com Fervor
Terceiro, precisamos pregar o evangelho com
fervor (1:13-15). Se agirmos seriamente com o Senhor
nesta questão de pregar o evangelho, precisamos
exercitar essas três coisas: em espírito, pela oração e
com fervor. Artifícios e técnicas não serão eficazes.
Todos precisamos exercitar nosso espírito para
contatar as pessoas, orar e estar prontos com fervor.
Se o evangelho não lhe inspira, nunca inspirará os
outros. Se o evangelho não lhe pode convencer, nunca
convencerá os outros. Se você mesmo não chora com
o evangelho, ninguém se arrependerá. Se você chora,
outros chorarão em arrependimento. Certa vez li a
biografia de um irmão prevalecente no evangelho. Ele
não pregava muito. Entretanto, quando se levantava,
chorava diante de todas as pessoas. Após um período
de choro diante deles, lágrimas de arrependimento
desciam dos olhos das pessoas. Aquilo era pregar o
evangelho com fervor.
1. Mediante a Obediência da Fé
Os chamados receberam o evangelho de Deus
mediante a obediência da fé (1:5). Que é isto? Sob a
lei de Moisés, Deus deu dez mandamentos para o
povo obedecer. Esse tipo de obediência era a
obediência da lei, a obediência do mandamento.
Nesta era da graça, Deus nos deu um mandamento
único, singular: crer em Jesus. Deus não requer que
guardemos nenhum outro mandamento além desse.
Independentemente de quem somos, precisamos
obedecer ao mandamento de Deus, crer em Jesus.
Todo aquele que crê em Cristo será salvo, e todo
aquele que não crê em Cristo já foi condenado por
causa de sua incredulidade (Jo 3:18). Quando
obedecemos ao único mandamento de Deus, temos a
obediência da fé. Essa é a razão pela qual o Senhor
Jesus disse em João 16:8, 9 que o Espírito Santo
convencerá o mundo do pecado por não crer Nele.
Hoje há um mandamento único, singular — crer em
Jesus — e há um pecado único, singular — não crer
Nele. Se você crê, você tem a obediência da fé e recebe
o evangelho de Deus mediante esta obediência. Aos
olhos de Deus, a pessoa mais obediente é aquela que
crê em Jesus. A pessoa mais desobediente é aquela
que não crê Nele. Nada é mais ofensivo a Deus do que
não crer em Jesus, e, ao contrário, nada é mais
agradável a Deus do que crer Nele. Se qualquer
pecador, qualquer filho pródigo disser: “O Deus,
obrigado por ter enviado Jesus Cristo, eu creio Nele”,
o Pai ficará satisfeito. Deus fica feliz quando você tem
a obediência da fé.
2. Para Graça e Paz
Receber o evangelho mediante a obediência da fé
resulta em graça e paz. Graça é Deus em Cristo como
tudo para nós, para o nosso desfrute; e paz é o
resultado do desfrute da graça de Deus. Esta paz é o
descanso, conforto e satisfação interior, não é algo
exterior.
V. O PODER DE DEUS
Este evangelho é o poder de Deus para a salvação
(1:16). No livro de Romanos a salvação é bastante
significativa. Salvação não significa apenas nos salvar
da condenação de Deus e do inferno; significa
salvar-nos da nossa maneira natural, do nosso
amor-próprio, do nosso individualismo e da nossa
tendência à divisão. Esta salvação salva-nos ao
máximo, capacitando-nos a ser santificados,
conformados, glorificados, transformados, edificados
com os outros como o único Corpo, e a não sermos os
que causam divisão na vida da igreja. O evangelho de
Deus é o poder de Deus para essa salvação plena,
completa e final. É o poder de Deus para todos os que
crêem. Louvado seja o Senhor! Nós cremos.
D. Trocando Deus
Em seguida, a humanidade trocou Deus (1:23,
25). É terrível trocar Deus, pois Ele é a glória e a
realidade do universo. Quando Deus é expresso, isso
é glória. Trocar Deus significa abandoná-Lo por
alguma outra coisa. As pessoas trocaram Deus por
ídolos. Deus é glória; ídolos são vaidade. Deus é
realidade; ídolos são falsidade e mentira. Quão tolo e
horrível foi para o homem trocar Deus por ídolos! A
maioria das pessoas nos Estados Unidos aprendeu a
não adorar ídolos visíveis, embora haja quem os
adore. Contudo, muitas pessoas neste país trocaram
Deus por ídolos feitos por eles mesmos: os futuros,
posições, diplomas e objetivos. Isso significa que seus
futuros, posições, diplomas e objetivos, tornaram-se
seus ídolos. Eles se preocupam com esses ídolos, não
com Deus. Portanto, também trocaram Deus por
ídolos.
Se considerarmos cuidadosamente esses quatro
aspectos da origem da perversidade, veremos que eles
constituem a origem de todo tipo de mal e
pecaminosidade.
1. o Caminho da Restrição
Agora chegamos ao caminho da restrição, o
caminho para restringir o mal e a perversidade. Gosto
desta parte de Romanos. Todos nós, especialmente os
jovens, precisamos dedicar toda atenção a esse
caminho de restrição.
D. Ouvindo a Consciência
Junto com a nossa natureza boa, temos também
uma consciência (2:15). A consciência é uma entidade
maravilhosa e devemos ouvi-la. Apesar dos médicos
não poderem localizá-la, ninguém pode negar que a
possuímos. Nossa consciência continuamente
protesta. Quando você discute com seus pais, a
consciência diz: Não faça isso. Se ofender os seus
pais, sua consciência o aborrecerá por três noites.
Todo esposo que procura divorciar-se da esposa
também será declarado culpado por sua consciência.
Todos os homens possuem consciência. Isto é uma
grande coisa. Na vida cristã normal, todos devemos
cuidar da nossa consciência de uma maneira
adequada.
E. Importando-se com os Arrazoamentos
Adequados
Além da nossa natureza e consciência, temos os
arrazoamentos na mente (2:15). Não seja tão
espiritual a ponto de dizer que nossa mente é
absolutamente inútil. Nela temos bons
arrazoamentos. Às vezes, esses arrazoamentos
acusam e condenam e outras vezes eles desculpam e
justificam. Freqüentemente, ao determinarmos fazer
certa coisa, experimentamos um conflito em nossos
arrazoamentos, com alguns deles dizendo: Sim, está
certo, e outros: Não, está errado. Todos nós
experimentamos isso. Precisamos importar-nos com
nossa natureza, nossa consciência e com os
arrazoamentos em nosso interior.
Vimos cinco itens no caminho da restrição:
conhecer Deus por meio da Sua criação, ter a verdade
de Deus em justiça, viver de acordo com a nossa
natureza, ouvir a nossa consciência e
importarmo-nos com os arrazoamentos adequados.
Se observamos todas estas coisas, seremos
restringidos de todo tipo de mal. Embora todos
sejamos salvos e vivamos em algum lugar nos
capítulos 5 a 8 de Romanos, ainda precisamos
conhecer a origem do mal e o caminho para sermos
restringidos a não praticar o mal. Aleluia, nós o
encontramos! Precisamos conhecer a Deus por meio
da Sua criação e ter a verdade em justiça. Precisamos
agir de acordo com nossa natureza, prestar atenção à
voz da nossa consciência e importarmo-nos com os
arrazoamentos adequados em nosso interior. Se
praticarmos todas estas coisas, seremos protegidos.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 4
A VAIDADE DA RELIGIÃO E A TOTAL
DESESPERANÇA
Nesta, mensagem abordaremos a vaidade da
religião, mostrada na condenação sobre os religiosos
(2:17, 3:8) e a total desesperança manifestada na
condenação de todo o mundo (3:9-20). Como
salientamos, Paulo trata da condenação em quatro
aspectos: sobre a humanidade, em geral, sobre os que
se julgam justos, em particular, sobre os religiosos,
especificamente e sobre todo o mundo, totalmente.
Isso é muito significativo. Desses aspectos da
condenação de Deus podemos ver quatro itens: a
origem da perversidade, o caminho da restrição, a
vaidade da religião e a total desesperança.
I. A JUSTIÇA DE DEUS
A. A Expiação
A expiação no Velho Testamento foi uma
reparação (Lv 25:9; Nm 5:8). Expiação significa
apaziguar Deus em relação a nós, conciliá-Lo,
satisfazendo as Suas justas exigências.
A. A Propiciação
A expiação no Velho Testamento foi um tipo da
propiciação no Novo Testamento. A propiciação é
mencionada pelo menos cinco vezes no Novo
Testamento. Em 1 João 2:2 e 4:10 é-nos dito que
Cristo, o Filho de Deus, é Ele próprio a propiciação
pelos nossos pecados. Em ambas as passagens a
palavra propiciação, na verdade, significa um
sacrifício e deveria ser traduzia como “sacrifício
propiciatório”. A palavra grega nesses versículos é
hilasmos, que significa “aquilo que propicia”, isto é,
um sacrifício propiciatório. Em 1 João 2:2 e 4:10 o
Senhor Jesus é o sacrifício propiciatório pelos nossos
pecados. Uma outra palavra grega relacionada à
propiciação, hilasterion, é encontrada em Hebreus
9:5 e Romanos 3:25. Hilasterion significa o lugar
onde a propiciação era realizada. Os bons livros de
referência indicam que a palavra hilasterion, nestes
dois versículos, significa o lugar de propicíação, e a
versão de João Ferreira de Almeida a traduz como
“propiciatório”, Na Septuaginta, a versão grega do
Velho Testamento, hilasterion é a palavra para
“propiciatório” em Êxodo 25 e Levítico! li. Assim,
hilasterion é o lugar de propiciação. Além disso, em
Hebreus 2:17 aparece a palavra hilaskomai, que é a
forma verbal do substantivo hilasmos. A versão de
João Ferreira de Almeida traduz hilaskomai como
“fazer propiciação por”. Cristo faz propiciação pelos
nossos pecados. A questão da propiciação é
mencionada cinco vezes no Novo Testamento em
relação a Cristo: duas vezes refere-se ao próprio
Cristo como o sacrifício propiciatório, duas vezes
refere-se ao lugar onde a propiciação foi realizada e
uma vez refere-se à ação, de propiciação.
Em adição a estas cinco referências à propiciação
no Novo Testamento, encontramos outra palavra da
mesma raiz usada pelo publicano em sua oração no
templo (Lc 18:13). De acordo com a versão de João
Ferreira de Almeida, o publicano orou: “Ó Deus, sê
propício a mim.” Contudo, o grego diz: “Faça
propiciação por mim.” O publicano, na verdade,
estava dizendo: “O Deus, faça propiciação por mim.
Sou pecador aos Teus olhos. Preciso de propiciação.”
Qual é o significado de propiciação? Como a
distinguiremos da redenção por um lado e da
reconciliação por outro lado? Se lermos o Novo
Testamento cuidadosamente, descobriremos que a
reconciliação inclui a propiciação. Apesar disso, há
uma diferença entre elas. Propiciação significa que
você tem um problema com outra pessoa. Ou você a
ofendeu ou então deve-lhe algo. Por exemplo: se lhe
causo dano ou estou em débito com você, existe um
problema entre nós. Por causa desse problema ou
dívida, você tem uma exigência sobre mim e, a menos
que a sua exigência seja satisfeita, O problema entre
nós não pode ser resolvido. Assim, há a necessidade
de propiciação,
A palavra grega hilasmos implica em que eu lhe
causei dano e que agora estou em débito com você.
Há um problema entre nós, que impede o nosso
relacionamento. A propiciação, portanto, envolve
duas partes, uma das quais causou dano à outra, ficou
em débito com esta e deve agir para satisfazer as suas
exigências. Para a parte ofensora apaziguar a parte
ofendida, ela deve cumprir suas exigências. A
Septuaginta usa a palavra hilasmos para expiação em
Levítico 25:9 e em Números 5:8, porque essa palavra
grega significa conciliar duas partes e torná-las uma.
A forma inglesa para a palavra expiar é “atone”,
que é composta de duas palavras “at” e “one”, isto é,
“em” e “um”. O significado da expiação é fazer com
que duas partes tornem-se uma. Quando duas partes
foram separadas e buscam estar em unidade, há a
necessidade de propiciação. Isto é expiação. O ato de
propiciação é a expiação. A propiciação significa
fazer-nos um com Deus, porque havia uma separação
entre nós e Ele. Qual era o problema que nos
mantinha apartados de Deus, que tornava impossível
termos comunhão direta com Ele? O problema era os
nossos pecados. Os nossos pecados mantinham-nos
apartados da presença de Deus e O impedia de se
achegar a nós. Portanto precisávamos de propiciação
para apaziguar as exigências de Deus. Cristo realizou
isso na cruz quando ofereceu a Si mesmo como
sacrifício propiciatório. Na cruz Ele fez propiciação
por nós e levou-nos de volta a Deus, fazendo-nos um
com Deus.
B. A Redenção
Qual é a diferença entre propiciação e redenção?
A palavra redimir significa comprar de volta algo que
originalmente era seu, mas que foi perdido. Este
hinário me pertence. Se o perdesse e pagasse para
comprá-lo de volta, estaria redimindo o hinário.
Assim, redenção significa readquirir por um custo.
Nós, originalmente, pertencíamos a Deus.
Éramos a Sua possessão. Contudo fomos perdidos.
Apesar disso, Deus não desistiu de nós. Ele pagou o
preço para nos ter de volta, readquirindo-nos por um
alto custo. Isso é redenção. Ele quis ganhar-nos
novamente, mesmo após termos nos tornado
perdidos. Todavia não foi fácil para Deus fazer isso,
porque o nosso ser perdido envolvia-nos em pecados
e em muitas outras coisas que eram contra a Sua
justiça, santidade e glória. Por estarmos perdidos,
tínhamos muitos problemas com Deus em relação à
Sua justiça, santidade e glória. Estávamos sob uma
exigência tripla, a exigência da justiça, santidade e
glória. Muitas exigências foram colocadas sobre nós e
era-nos impossível cumpri-las. O preço era grande
demais. Deus pagou o preço por nós,
readquirindo-nos por um tremendo custo. Cristo
morreu na cruz para realizar a eterna redenção para
nós (GI3:13; 1Pe 2:24; 3:18; 2Co 5:21; Hb 10:12;
9:28). Seu sangue obteve eterna redenção para nós
(Hb 9:12, 14; 1Pe 1:18, 19).
C. A Reconciliação
O problema de ser um inimigo é até mesmo mais
sério do que necessitar de propiciação. Se eu sou seu
inimigo, a propiciação é inadequada. Preciso de
reconciliação. Pecadores precisam de propiciação;
inimigos necessitam de reconciliação. A inimizade é o
maior problema entre o homem e Deus. Quando
éramos inimigos de Deus, não precisávamos apenas
da propiciação, mas também da reconciliação. A
propiciação trata principalmente com pecados; a
reconciliação trata tanto com a inimizade como com
os pecados. Portanto a reconciliação inclui a
, propiciação. Romanos 5 diz-nos que, antes de
sermos salvos, éramos tanto pecadores como
inimigos. Como pecadores precisávamos de
propiciação e como inimigos, de reconciliação. Nisto
está a diferença entre propiciação e reconciliação:
propiciação é para pecados; reconciliação é tanto para
pecados como para inimizade.
A reconciliação está baseada na redenção de
Cristo (Rm 5:10, 11) e foi realizada mediante a
justificação de Deus (2Co 5:18, 19; Rm 5:1, 11). Por
isso a reconciliação é o resultado da redenção com
justificação.
Nos pontos anteriores abrangemos
principalmente a definição de vários termos: a justiça
de Deus, a justificação, a propiciação, a redenção e a
reconciliação. Uma vez que temos a definição
apropriada destes termos, podemos entender o que
significa ser justificado. Agora trataremos
diretamente com a justificação.
1. Sem Lei
O fato de a justiça de Deus ter sido manifestada
sem lei significa que ela não tem nada a ver com a lei.
Jamais confunda a justiça de Deus com a lei. Ambas
devem ser mantidas separadas. A justiça de Deus
nada tem a ver com a lei. Jamais podemos obter a
justiça de Deus indo à lei. No que diz respeito à
justiça de Deus, a lei está terminada. A lei era a velha
dispensação. Agora, sem lei, fora da lei, a justiça de
Deus foi manifestada mediante a fé de Jesus Cristo.
I. O CHAMADO
Abraão foi o chamado. Adão foi criado, mas
Abraão foi chamado. Há uma grande diferença entre
ser criado e ser chamado. O livro de Gênesis está
dividido em duas seções principais: a primeira
abrange os primeiros dez capítulos e meio e relata a
história da raça criada, com Adão como o pai e
cabeça. A segunda seção vai da metade do capítulo
onze até o final do livro, relatando a história da raça
chamada, com Abraão como o pai e cabeça. A história
da raça criada, como descrita em Gênesis, tem seu
auge na edificação da torre e cidade de Babel
(Babilônia em grego). Nomes de ídolos foram escritos
nessa torre, significando que toda a raça criada se
havia voltado à idolatria. Assim, Paulo diz que a raça
humana havia trocado Deus pelos ídolos (1:23, 25).
Paulo escreveu Romanos 1 segundo a história
narrada em Gênesis. Começando na época de Caim, o
homem não aprovou ter Deus em seu pleno
conhecimento e abandonou-O. A humanidade
abandonou Deus e edificou a cidade de Enoque, a
primeira cultura humana, como está relatado em
Gênesis 4. Com aquela cultura, a raça humana caiu
em corrupção e permaneceu nesse estado até que o
dilúvio, como julgamento de Deus, veio sobre eles.
Pela misericórdia de Deus, oito pessoas foram salvas
através da arca, que tipificava Cristo. O número oito é
o número da ressurreição, indicando que essas
pessoas foram salvas e preservadas em ressurreição.
Em certo sentido, Noé era o cabeça da nova raça.
Todavia, não muito tempo depois, os descendentes de
Noé também abandonaram a Deus em Babel, em
Gênesis 11. Quando eles trocaram Deus por ídolos, o
abandono a Deus se completou. O abandono a Deus
não foi completado antes do dilúvio e sim depois,
pelos descendentes de Noé, que caíram em idolatria.
A fornicação seguiu a idolatria. Após Babel,
surgiu Sodoma. Esta foi uma cidade de formicação.
Na língua portuguesa, há as palavras sodomia e
sodomitas, que significam os atos mais vergonhosos
de fornicação. Os habitantes de Sodoma violaram a
sua própria natureza e causaram grande confusão. Na
época de Gênesis 19, a raça humana, que havia
trocado Deus por ídolos, caiu em sodomia. Como
resultado, manifestou-se todo tipo de perversidade.
Essa era a situação relatada em Romanos 1. Este
capítulo foi escrito de acordo com a história da queda
humana: não aprovando ter Deus, trocando Deus por
ídolos, caindo em formicação e produzindo todo tipo
de perversidade.
Durante o terrível processo da queda, a
humanidade substituiu Deus por ídolos e
abandonou-O por completo. Por sua vez, Deus
também abandonou a humanidade. Ele parecia dizer:
“Uma vez que vocês Me abandonaram Eu os deixarei
ir.” A raça criada abandonou a Deus e Ele a
abandonou.
Todavia, Deus chamou para fora dessa raça um
homem com a esposa. Ele não tinha intenção de
chamar uma terceira pessoa. Sua intenção era chamar
uma pessoa completa, que inclui um homem e a
esposa. Se você é um homem solteiro, você está
incompleto. Sem esposa, você é uma pessoa
incompleta, necessitando dela para completá-lo.
Juntos, vocês são uma entidade completa. Assim,
Deus chamou Abraão com a' esposa, como uma
pessoa completa.
Podemos pensar que não somos muito absolutos
por Deus. Todavia, Abraão, nosso modelo e pai
crente, não foi absoluto. Quando foi chamado por
Deus para deixar Ur dos caldeus, ele não apenas levou
a esposa, mas também outros parentes.
Deus chamou Abraão aparecendo a ele como
Deus da glória (At 7:2, 3). Deus não o chamou por
meras palavras, mas por meio de Sua glória. Abraão
viu a glória de Deus' e foi atraído.
A nossa experiência é a mesma. Em certo
sentido, também temos visto a glória de Deus.
Quando ouvimos o evangelho e ele penetrou em nós,
vimos a glória de Deus. Você não viu a glória de Deus
quando foi salvo? Eu a vi quando era um jovem
ambicioso. Não tinha intenção de receber Deus, mas
quando o evangelho penetrou em mim, não pude
deixar de dizer: “Deus, eu quero a Ti.” Não pude
negar que a glória de Deus tinha aparecido a mim. Tal
experiência é indescritível. Nenhuma palavra
humana pode expressar de maneira adequada o que
vimos quando o evangelho penetrou em nosso ser.
Podemos apenas dizer que o Deus da glória apareceu
a nós, atraindo-nos e chamando-nos. Como Abraão,
fomos chamados pelo Deus da glória.
Abraão foi o mesmo que somos. Não deveríamos
pensar que somos diferentes dele. Não deveríamos
apreciar Abraão e depreciar-nos, pois todos estamos
no mesmo nível. Somos todos Abraão. Ele não se
sobressaiu. Quando criança, ouvia a história de
Abraão e pensava que ele era extraordinário.
Contudo, ao ler a Palavra anos mais tarde, percebi
que há pouca diferença entre mim e Abraão, e que
somos quase os mesmos. Apesar de Abraão ter sido
chamado por Deus, ele não teve a ousadia de deixar a
terra da idolatria, forçando Deus a usar o seu pai a
fim de levá-lo para fora de Ur. Abraão foi o chamado,
porém, seu pai deu início à verdadeira partida. Eles
deixaram Ur dos caldeus e habitaram em Harã.
Porém, como Abraão não era suficientemente ousado
para seguir Deus de maneira absoluta, este foi
forçado a levar seu pai. O pai de Abraão morreu em
Harã e Deus o chamou pela segunda vez.
O primeiro chamamento de Abraão está
registrado em Atos 7:2-4 e o segundo em Gênesis
12:1. Deveríamos notar a diferença entre esses dois
chamamentos. De acordo com Atos 7:2, Deus chamou
Abraão para fora de duas coisas: seu país e sua
parentela. De acordo com Gênesis 12:1, outro item é
adicionado: a casa de seu pai. O primeiro
chamamento exigia que Abraão deixasse seu país e
seu povo, o segundo pedia-lhe que deixasse seu país,
sua parentela e a casa de seu pai. Abraão e a esposa
tinham de partir sozinhos. Deus tirou o pai de Abraão
e não queria que ele levasse consigo outro parente.
Se pensarmos no que fez Abraão, perceberemos
que não somos os únicos que não são absolutos em
obedecer ao chamamento do Senhor. Nosso pai
Abraão foi a primeira pessoa a seguir Deus sem ser
absoluto. Ele se sentiu só. Não quis partir sozinho.
Assim levou consigo o sobrinho Lá. Isso violou o
chamamento de Deus. Apesar de Abraão ter
respondido ao chamamento do Senhor, sua resposta,
pelo menos em parte, desobedeceu àquele chamado.
Nenhum de nós respondeu ao Seu chamamento de
um modo absoluto. Entretanto, Deus é absoluto. Não
importa o quanto não somos absolutos, Deus
cumprirá o Seu chamamento: Abraão amava Lá. Deus
usou-o para disciplinar Abraão.
Por fim, Lá separou-se de Abraão e este seguiu o
chamamento de Deus de maneira absoluta. Ele não
mais possuía seu pai ou seu sobrinho. Estava só, com
a esposa. Tinha deixado seu país, sua parentela e a
casa de seu pai. Todavia, Abraão tinha de deixar
ainda uma coisa mais: a si mesmo. Ele se agarrou a si
mesmo.
Sabemos que Abraão ainda se apegava a si
mesmo, pela sua reação diante da sugestão de Sara
para ter um filho por Hagar. Apesar dessa proposta
ter sido feita com boa intenção, era contrária ao
chamamento de Deus. Abraão deveria ter exercitado
discernimento e não ter ouvido a esposa. A sugestão
de Sara foi um teste para provar que Abraão
permanecia no seu velho ego, que parte dele ainda era
a velha criação. A intenção de Deus, porém, era
chamar Abraão completamente para fora de cada
parte da velha criação; não apenas para fora de seu
país, parentela e da casa de seu pai, mas também para
fora de si mesmo. Parecia que Deus estava
dizendo-lhe: “Você não deve fazer nada. Precisa sair
de si mesmo. Eu farei tudo por você . Mas nada posso
fazer enquanto você permanecer em si mesmo.”
Apesar disso, Abraão agiu segundo a proposta de Sara
e o resultado foi Ismael. Esse foi um erro muito sério
e os judeus ainda sofrem por causa dele. Por que
Abraão cometeu tal erro? Por ainda permanecer em si
mesmo. Ele tinha abandonado muitas outras coisas
mas não a si mesmo.
Quando Abraão deixou a si mesmo? Ele se
abandonou quando tinha cem anos de idade, quando
considerou-se como morto. Não tenha dúvida: toda
pessoa morta saiu de si mesma. Na idade de cem
anos, Abraão olhou para si e disse: “Estou acabado.
Sou como morto.” Romanos 4:19 diz: “Nem atentou
para o seu próprio corpo já amortecido” (VRC). Isso
indica que ele tinha finalmente saído de si.
Tornara-se uma pessoa totalmente chamada. Você foi
chamado? Apesar de ser uma pessoa chamada ainda
não abandonou a si mesmo.
Como temos visto, a raça criada corrompeu-se a
tal ponto que trocaram Deus por ídolos. Deus foi
incapaz de fazer qualquer coisa com eles. Até no que
se referia a Deus, a raça criada, sob a liderança de
Adão, era sem esperança, e Ele a abandonou
completamente. Contudo, para fora daquela raça
criada e caída, Deus chamou Abraão para ser o pai e
cabeça de uma nova raça, a raça chamada. A qual raça
pertencemos: à raça criada ou à raça chamada?
Pertencemos à raça chamada! Entretanto, somos o
mesmo que nosso pai Abraão. Nós, como ele, estamos
reagindo ao chamamento do Senhor passo por passo,
não de uma maneira absoluta. Estamos todos no
processo de responder ao chamamento de Deus. Não
importa quão fraco você seja, estou certo de que por
fim será chamado. Todavia, você deveria apressar o
seu chamamento e abandonar tudo o que não é o
próprio Deus. Quanto mais rápido você se mover,
melhor. Eu o encorajo a apressar-se. Saia de tudo o
que não é Deus.
V. FEITO O PAI DA FÉ
Portanto, Abraão tornou-se o pai da fé (Rm 4:16;
GI3:7-9, 29). Ele foi o pai da incircuncisão que tem a
mesma fé (4:11) e da circuncisão que anda nas
pisadas da mesma fé (4:12). Abraão foi o pai de dois
grupos de pessoas: os judeus crentes e os gentios
crentes. Se você crê no Senhor, Abraão é seu pai.
Todos os que crêem em Cristo são seus descendentes.
A EXPERIÊNCIA DE DEUS NA
JUSTIFICAÇÃO
Romanos 4 é um capítulo profundo. Não
devemos compreendê-lo apenas de um modo
superficial. Se penetrarmos nas profundezas deste
capítulo, veremos que ele revela que a justificação
adequada e viva é o trabalho mais profundo de Deus
ao chamar as pessoas caídas para fora de tudo que
não seja Ele e trazê-las de volta a Si mesmo. Deus
criou o homem por Si mesmo e para Si mesmo.
Entretanto, o homem caiu. O significado da queda do
homem é estar afastado de Deus por qualquer coisa
que não seja Deus. O homem que havia sido criado
para Deus, caiu, afastando-se Dele para outras coisas.
Não importa se uma coisa é boa ou má. Contanto que
não seja Deus e afaste o homem de Deus, ela constitui
uma queda. Em sua justificação, Deus chama o
homem caído para fora de tudo, trazendo-o de volta a
Si mesmo. Portanto, quando Deus chamou Abraão,
não lhe disse onde deveria ir, pois a Sua intenção era
trazê-lo de volta a Si mesmo. Momento após
momento e passo por passo, o coração de Abraão teve
de confiar em Deus. Ele precisou confiar Nele a cada
movimento, não deixando Sua presença por nenhum
instante. Em outras palavras, Abraão teve de ser um
com Deus.
Depois que Deus chamou Abraão de Ur dos
caldeus, Deus treinou-o a crer Nele. Como temos
visto, crer em Deus significa crer para dentro de Deus
e fazer-nos um com Ele. Neste tipo de crer, o homem
admite que não é nada, nada possui e nada pode
fazer. Ele concorda que deve ser terminado. Assim,
crer em Deus significa terminar a nós mesmos e
deixá-Lo ser a nossa própria pessoa, deixá-Lo ser
tudo o que devemos ser. Desde o início, quando
cremos Nele, não deveríamos ser alguma coisa.
Deveríamos ser completamente terminados e
permitir a Deus ser tudo em nós. Esse é o significado
exato da circuncisão. É inadequado até mesmo pedir
ao Senhor que circuncide nosso coração, pois a
circuncisão profunda e adequada é terminar a si
mesmo e permitir que Deus seja tudo.
Quando uma pessoa é chamada por Deus desta
maneira, o Deus vivo infunde-se dentro dela. Esta
palavra infundir é importante para descrever o que
acontece no chamamento de Deus. O Deus vivo
espontaneamente infunde-se dentro da pessoa
chamada. Como resultado, ela é atraída por Deus e
para Deus. Inconscientemente, algum elemento,
alguma essência do Deus vivo é infundida dentro
dessa pessoa, e ela reage crendo Nele. Esta reação é
fé.
Ao ouvir o evangelho da glória a respeito do
Senhor Jesus, você se arrependeu. Isso significa que
Deus o chamou para fora de todas as coisas que não
eram Ele. Naquele momento, sem que você soubesse,
o Cristo vivo, em Seu evangelho da glória, infundiu-se
dentro de você (2Co 4:4). Algum elemento de Cristo
penetrou em seu ser, atraindo-o a Ele. Você reagiu, e
sua reação espontânea foi seu ato de crer, sua fé. O
Cristo que se infundiu em você tornou-se sua fé.
Portanto, fé não tem origem em nós; ela vem de Deus.
Fé não é separada de Cristo, porque, na verdade, ela é
o próprio Cristo infundindo-se dentro de nós e
produzindo uma reação em nosso interior.
Nosso crer é um eco. Como pode haver um eco
sem um som? E impossível. Cristo é o som. Quando
este som atinge nosso coração e espírito, ele causa
uma reação, um eco. Esta reação é nossa apreciação e
fé no Senhor Jesus. Esta fé é, na verdade, o próprio
Cristo dentro de nós respondendo ao evangelho.
Portanto, essa fé nos é imputada, por Deus, como
justiça. Quando Cristo infundiu-se dentro de você,
houve uma reação em seu interior — o crer. Após você
ter crido no Senhor, Deus reagiu a você, imputando
sua fé, que é Cristo, como justiça. Não encontraremos
esta experiência na Bíblia se a lermos
superficialmente, mas se sondarmos as profundezas
das Escrituras, lá a encontraremos. É como se Deus
dissesse a nós: “Pobre pecador, você não tem justiça.
Quando Eu, o Deus vivo, estou falando com você,
Minha essência está sendo infundida em você. Isso o
levará a reagir a Mim em fé, e Eu atribuirei esta fé a
você como justiça.” Quando Deus age desta maneira
para conosco, temos uma reação apreciativa e
afetuosa para com Ele. Essa reação é nossa fé, uma fé
que não se origina em nós, mas que é a essência do
Cristo vivo em nosso interior. Essa fé retoma a Deus,
causando uma reação em Deus para conosco: a
justiça de Deus é imputada como nossa, e temos algo
que nunca tivemos antes. Esta é nossa experiência de
Deus na justificação.
Assim, temos a justiça de Deus, que é Cristo.
Isaque foi um tipo de Cristo. Nosso pai que creu,
Abraão, recebeu a justiça de Deus e Isaque. Da
mesma maneira, temos recebido tanto a justiça de
Deus como Cristo, o Isaque atual. Esta é uma
experiência de Deus chamando coisas não existentes
como existentes. Quando nos aproximamos de Deus
no dia em que fomos salvos, não tínhamos nada.
Contudo, Deus apareceu a nós e chamou coisas não
existentes como existentes. Antes, não possuíamos a
justiça de Deus, após uns poucos minutos nós a
tivemos. Antes daquele momento, não tínhamos
Cristo; após uns poucos minutos nós O tivemos.
Uma vez que tenhamos uma experiência da
justiça de Deus e Cristo, nós a guardaremos como um
tesouro inestimável. Proclamaremos: “Eu tenho a
justiça de Deus. Eu tenho Cristo.” Entretanto, um dia
Deus vai intervir e dirá: “Ofereça isto no altar.” Você o
fará? Nem mesmo um entre cem cristãos está
disposto. Pelo contrário, eles dizem: “Ó Senhor, não
me peça para fazer isso. Eu faria qualquer outra coisa,
mas não isso.” Contudo, devemos nos lembrar das
reações vai-e-vem entre o homem e Deus. A justiça de
Deus e Cristo são nossos — vieram como reação de
Deus à nossa fé. Agora devemos fazer esta reação
voltar a Deus, oferecendo-a a Ele. Após reagirmos
desta maneira, Deus reagirá novamente. A primeira
reação de Deus foi chamar coisas não existentes como
existentes. Sua segunda reação é dar vida aos mortos.
Isto é profundo.
De acordo com Romanos 4, o resultado final
desta série de reações é o Cristo ressurreto. Este
Cristo ressurreto está agora nos céus como uma forte
prova de que Deus foi satisfeito e de que nós fomos
justificados. O Cristo ressurreto está no terceiro céu, à
direita de Deus, como evidência conclusiva de que
todas as exigências de Deus foram satisfeitas e de que
nós fomos justificados completa e adequadamente.
Entretanto, este Cristo ressurreto não está somente
nos céus, mas também dentro de nós para dispensar
vida, a fim de que possamos ter uma vida de
justificação. Portanto, justificação não é meramente
uma questão posicional; ela se torna uma questão
disposicional. A morte de Cristo nos deu uma
justificação posicional, e o Cristo ressurreto nos céus
é uma prova disso. Agora o Cristo ressurreto também
vive em nosso interior, reagindo dentro de nós e
vivendo uma vida de justificação disposicional.
Finalmente, somos justificados tanto em posição
como em disposição. Não só temos uma justificação
objetiva, mas também uma justificação subjetiva.
Podemos agora viver tal justificação subjetiva e
disposicional.
Esta justificação é a circuncisão viva e
verdadeira. Que é circuncisão? Circuncisão significa
terminar a nós mesmos e entrar em Deus: ela nos
termina e germina Deus dentro de nós. Os judeus não
se preocupam com a realidade interior da
circuncisão; preocupam-se apenas com a forma
exterior, a prática de cortar fora um pedaço da carne.
Isso não é circuncisão aos olhos de Deus. Aos olhos de
Deus, circuncisão significa cortar fora a você mesmo,
terminar a si mesmo e permitir que o próprio Deus
germine em seu interior para ser sua vida, a fim de
que você possa ter um novo começo. Esta circuncisão
é o selo exterior da verdadeira justificação interior.
Abraão experimentou Deus como Aquele que
chama coisas não existentes como existentes. Por
meio do nascimento de Isaque, Abraão experimentou
Deus dessa maneira. Além disso, pela ressurreição de
Isaque, Abraão experimentou Deus como Aquele que
dá vida aos mortos. Há dois tipos de Isaque: o
primeiro é o Isaque nascido; o segundo é o Isaque
ressurreto. O Deus em quem Abraão creu possuía
esses dois aspectos. Ele creu no Deus que chama as
coisas não existentes como existentes e que dá vida
aos mortos (Rm 4:17).
Não importando quem sejamos ou em que
situação nos encontremos, a condição humana geral é
a de não existente. Isso significa que nada existe. A
segunda condição geral de todos e de tudo é morte.
Assim, a situação global do homem tem dois aspectos
— inexistência e morte. A verdadeira condição de
todos nós é inexistência e morte. Mas o Deus em
quem nosso pai Abraão creu e em quem também
cremos é o Deus que chama as coisas à existência do
nada. Quando dizemos: “Nada”, Ele diz: “Algo”.
Quando dizemos: “Não existente”, Ele diz:
“Existente”. Não diga que a igreja em um certo lugar é
pobre. Ela pode ser pobre aos seus olhos, mas não aos
olhos do Deus em quem Abraão creu. Deus pode dizer
a você: “Você diz que nada existe. Após um minuto,
chamarei algo à existência.” Suponha que a pessoa de
James Barber não existiu. Se Deus quisesse um
James Barber, Ele simplesmente chamaria: “James
Barber”, e James Barber viria a existir. Isso significa
que Deus chamou coisas não existentes como
existentes. Quando Deus disse a Abraão: “Sua
descendência será como as estrelas dos céus”, nada
existia naquela época no que se refere aos
descendentes de Abraão. Não havia sequer um
descendente. Contudo, Deus fez tal declaração acerca
da descendência de Abraão, e Abraão creu.
Aproximadamente um ano mais tarde, o primeiro
descendente de Abraão veio a existir: Isaque nasceu.
Pelo nascimento de Isaque, Abraão experimentou
Deus como Aquele que chama coisas não existentes
como existentes.
Entretanto, esta é apenas metade da experiência
de Deus, pois Abraão também experimentou-O como
Aquele que dá vida aos mortos. Quando Abraão
recebeu Isaque de volta após oferecê-lo a Deus no
altar, ele experimentou Deus dando vida aos mortos.
Uma igreja pode existir numa certa localidade, mas
ser totalmente morta. Não seja rápido no julgamento,
porque Deus dá vida aos mortos. Quando uma igreja
está morta, isso dá uma excelente oportunidade para
o Deus em quem Abraão creu entrar e dispensar vida
àquela igreja morta.
O RESULTADO DA EXPERIÊNCIA
SUBJETIVA DE JUSTIFICAÇÃO
De acordo com Gênesis 15:6, Abraão creu na
palavra de Deus acerca de sua descendência ser como
as estrelas do céus, e Deus imputou sua fé como
justiça. Embora Abraão tenha recebido a justiça de
Deus naquele tempo, ele não a compreendeu muito
bem. Aquela justiça era abstrata, não era sólida nem
concreta. Ela pode apenas ter significado pouco mais
do que um termo a Abraão.
Em Gênesis 16, encontramos o nascimento de
Ismael. Embora Deus tenha imputado justiça a
Abraão, ele não possuía nada de concreto. Então,
Sara propôs que ele tivesse um filho por meio de
Hagar, e Abraão usou sua própria força para produzir
Ismael. Posicionalmente falando, Abraão possuía a
justiça de Deus; disposicionalmente falando, ele não a
possuía. Ele somente tinha um Ismael. Portanto,
Deus interveio e pareceu dizer: “Abraão, você deve ser
completo. Eu sou um Deus completo. Você deve
acreditar na Minha palavra e crer em Mim. Eu
imputei sua fé como justiça a você. Você não deveria
agir por si mesmo para produzir um Ismael para
cumprir Meu propósito. Isto não é o que imputei a
você. Ismael não é a justiça que imputei a você. Você
deve parar a sua ação. Como um lembrete para você,
quero que seja circuncidado." A circuncisão veio
simplesmente porque Abraão agiu por iniciativa
própria para cumprir a justiça de Deus. Gálatas 4
diz-nos que Hagar tipifica a lei. Produzir um Ismael
por meio de Hagar significa ter as obras da lei, obras
que não são a justiça de Deus. Abraão teve de
aprender a terminar a si mesmo, e cessar sua própria
energia, e ser circuncidado.
Em Gênesis 17 Deus fala sobre Isaque,
prometendo fazer Sua aliança com ele. Em tipologia,
Isaque prefigura Cristo como a justiça de Deus
concedida aos que crêem pela fé. Em Gênesis 15
Abraão tinha a justiça de Deus posicionalmente.
Quando Isaque nasceu, ele teve a justiça de Deus
disposicionalmente. Ele teve uma experiência real da
Sua justiça.
O entendimento de muitos cristãos é bastante
superficial. Eles dizem: Nós somos pecaminosos.
Cristo morreu por nós. Se crermos Nele, debaixo de
Seu sangue Deus nos dará Sua justiça e nos
justificará. De acordo com este conceito, justiça é
meramente posicional e objetiva. Entretanto, por
meio de nossas experiências podemos perceber que a
própria justiça que nos foi imputada no tempo em
que cremos foi Cristo. Isaque foi uma figura de Cristo.
Uma vez que Isaque prefigura Cristo, podemos dizer
que Ele foi nossa justiça. Finalmente, a justiça de
Deus não é um termo abstrato, mas uma pessoa, o
Cristo ressurreto. Este Cristo ressurreto se tornou
nosso Isaque atual. Embora tenhamos recebido a
justiça de Deus no dia em que cremos, não
percebemos que esta justiça era, na verdade, Cristo, o
Filho de Deus.
Imediatamente após receber Cristo,
determinamos fazer boas ações para Deus. Isso
significa que nos casamos com Hagar e produzimos
um Ismael. Lembrem-se de que Ismael prefigura a
obra da lei. Mesmo que fizéssemos uma boa obra
Deus diria: “Expulse Ismael. Eu não quero isso. Você
deve ser tratado com a cruz, e colocado nela. Deve ser
terminado. Você deve ser cortado. Deve ser
circuncidado. Você necessita que o meu Filho, como a
justiça viva de Deus, nasça em você e se torne visível.”
Desta maneira, temos uma experiência genuína da
justiça de Deus e somos justificados tanto
disposicional como posicionalmente.
Depois que Abraão recebeu seu Isaque, estava
totalmente satisfeito com ele. Da mesma forma,
quando temos uma experiência de Cristo
individualmente, ficamos muito satisfeitos com Ele e
dizemos: Há poucos anos eu somente conheci a
justiça de Deus. Nunca experimentei que a justiça de
Deus é o próprio Cristo. Agora experimento e
desfruto Cristo como a justiça de Deus. Entretanto,
enquanto estiver desfrutando seu Cristo individual,
Deus aparece, como fez a Abraão, dizendo: “Ofereça o
seu Isaque a Mim.” Talvez o Senhor lhe dirá para ir à
igreja. Isto o incomoda. Você replica: Não me importo
com a igreja. Conquanto que tenha minha experiência
de Cristo, não é suficiente? Este tipo de resposta
prova que você não está querendo apresentar seu
Isaque sobre o altar. Entretanto, se você oferecer seu
Isaque individual a Deus, Ele reagirá a você uma vez
mais, e milhares de Isaques retomarão a você. Abraão
ofereceu um Isaque, mas recebeu milhares de
descendentes de volta. Esses descendentes formaram
o reino, a nação de Israel, para o propósito de exercer
o domínio de Deus. Esta é a razão de Paulo ter dito
que Abraão e seus herdeiros herdariam a terra.
A vida do Corpo está implícita aqui. No capítulo
12 encontramos o Corpo: “Nós, conquanto muitos,
somos um só corpo em Cristo”. No capítulo 14 Paulo
interpreta o Corpo como sendo o reino de Deus,
dizendo-nos que devemos receber todos os irmãos
por causa do reino de Deus. Romanos 14:17 diz que o
reino é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. A vida
do Corpo é o reino de Deus para o cumprimento do
propósito de Deus.
Um dia o Deus da glória veio a nós por meio da
pregação do evangelho. Fomos atraídos, convencidos,
e começamos a apreciá-Lo. Naquele tempo, o Deus da
glória infundiu algum elemento do Seu ser divino em
nós, e cremos Nele espontaneamente. Então
dissemos: “Ó Deus, sou um pecador. Agradeço-Lhe
que Seu Filho Jesus Cristo morreu na cruz por mim.”
Fomos capazes de dizer isso porque o Cristo vivo
trabalhou em nosso interior para ser a nossa
capacidade de crer. Depois daquilo, se alguém nos
aconselhasse a não crer em Cristo, teríamos achado
impossível não crer Nele. Nada pode tirar essa fé de
nós porque ela é, na verdade, o Cristo vivo
trabalhando em nós e reagindo a Deus.
Imediatamente após reagirmos a Deus dessa
maneira, Ele reagiu a nós, nos justificando. Então
tivemos a sensação de que fomos perdoados e
justificados por Deus. Tivemos paz e alegria.
Seguindo-se a isso, todos determinamos fazer o bem
— comportar-nos, amar nossa mulher, e
submeter-nos ao nosso marido. Tudo o que
produzimos foi Ismael. Então percebemos que
precisávamos ser terminados, sermos circuncidados,
para que Deus pudesse trabalhar em nós a fim de
produzir o Isaque atual, que é Cristo, a realidade da
justiça de Deus. Uma vez que tenhamos este Cristo
devemos oferecê-Lo a Deus para que O recebamos de
'volta em ressurreição. O resultado disto é o reino, a
vida da igreja. Isto é o Corpo de Cristo.
Paulo escreveu Romanos 4 porque ele desejava
mostrar que a justificação de Deus é Rara o
cumprimento do Seu propósito, O propósito de Deus
é ter o único Corpo, que é o remo, para expressá-Lo e
exercer Seu domínio sobre a terra. Portanto,
Romanos 4 estabelece a base para Romanos 1216,
onde vemos a prática da vida do Corpo, da vida da
igreja e da vida do reino.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 8
A EXPERIÊNCIA SUBJETIVA DA JUSTIFICAÇÃO (2)
Quando Paulo escreveu o livro de Romanos deve
ter tido em mente o Velho Testamento. Em Romanos
1 encontramos uma clara referência ao livro de
Gênesis. A frase “as suas coisas invisíveis, desde a
criação do mundo, se entendem e claramente se vêem
pelas coisas que estão criadas” (VRC) refere-se a
Gênesis 1. As coisas invisíveis, significando os
atributos divinos de Deus, podem ser entendidas pela
criação. Dessa maneira, Paulo começou o livro de
Romanos com uma menção do primeiro capítulo de
Gênesis. Além disso, a descrição da condenação da
humanidade feita por Paulo segue os estágios da
queda do homem registrados em Gênesis. Em
Gênesis 4, Caim abandonou Deus, não aprovando ter
Deus no seu entendimento. Na época de Gênesis 11,
toda a raça caída havia trocado Deus pelos ídolos.
Trocaram o Deus da glória por ídolos de vaidade e
degeneraram-se em fornicação e confusão, que foram
manifestas ao extremo em Sodoma. Isso resultou na
prática de todo mal imaginável. Paulo usou essa
história da raça corrompida como a base para a seção
sobre a condenação da humanidade. Em Romanos 3,
Paulo faz alusão à figura da arca com sua cobertura
enquanto retrata Cristo como o lugar de propiciação.
Portanto Romanos 3 também foi escrito tendo em
mente o Velho Testamento. Além disso, quando
Paulo chegou na conclusão da justificação, empregou
a história de Abraão como um exemplo completo. A
história de Abraão proporciona um padrão completo
da justificação subjetiva e genuína de Deus. Se
tivéssemos somente o ensinamento de Paulo em
Romanos 3, nunca apreciaríamos as profundezas da
justificação de Deus. Teríamos apenas a semente da
justificação sem o seu âmago.
O TRANSFUNDIR DE DEUS
Sinto a necessidade de compartilhar mais sobre a
experiência subjetiva de justificação. Estou com
encargo em meu espírito para que Romanos 4 seja
totalmente aberto ao povo do Senhor. Como já havia
dito, Romanos 4 é um capítulo profundo, muito mais
profundo do que percebemos. Ele apresenta a
experiência de Abraão com Deus. Abraão é um
exemplo da experiência dos chamados por Deus com
Ele. Não temos a linguagem humana adequada para
descrever esta experiência. Após muito seriamente
ter considerado esta questão, escolhi a palavra
transfundir para ajudar-nos à entender a interação
entre Deus e o homem.
A aplicação da eletricidade depende do fusível, e
podemos dizer que o poder da eletricidade é aplicado
através do fusível. Isso é o transfundir. A eletricidade
celestial está bem longe nos céus, mas o lugar onde
essa eletricidade deve ser aplicada está aqui na terra.
Se essa eletricidade-divina é para vir até nós,
precisamos do transfundir. Desse modo, Deus
transfunde-se para o nosso interior. Desde que
tenhamos esse transfundir, experimentaremos a
infusão espiritual enquanto a essência de Deus
infiltra o nosso ser. Essa infusão do elemento de Deus
nos saturará e permeará. O transfundir introduz o
infundir, e esta infusão nos permeia com o elemento
de Deus.
FÉ COMO UMA REAÇÃO
Este permear causa uma reação. As virtudes
espirituais e os atributos divinos que foram
transmitidos para o nosso interior, reagirão dentro de
nós. A primeira reação é crer. Isto é a nossa fé. Essa é
a mais elevada definição de fé. Fé não é a nossa
habilidade natural ou virtude. Fé é a nossa reação
para com Deus, que resulta do transfundir do próprio
Deus para o nosso interior e da infusão de Seus
elementos divinos para dentro do nosso ser. Quando
os elementos de Deus permeiam o nosso ser,
reagimos a Ele, e esta reação é fé. Fé não é uma
virtude humana; é absolutamente uma reação
causada pela infusão divina que permeia e satura
nosso ser. Uma vez que temos tal fé, nunca a
perderemos. Ela é mais profunda que o nosso sangue,
pois foi infundida em nosso interior e constituída em
nosso ser. Embora possamos tentar não crer, nunca
obteremos sucesso. Isto é o que a Bíblia quer dizer
por crer em Deus.
Se não me falha a memória, Paulo nunca usa o
termo “pela fé em Jesus”. Contudo pelo menos duas
ou três vezes ele menciona “a fé de Jesus”, frase que
causa problema à maioria dos tradutores. Alguns,
encontrando dificuldade para definir tal frase,
trocaram a preposição “de” por “em”. Se trocarmos a
preposição, a frase será lida “fé em Jesus” e significa
que cremos em Jesus por nós mesmos. Esse não é o
significado de Paulo. Paulo quer dizer que cremos no
Senhor Jesus por meio do próprio Senhor Jesus como
nossa fé. Uma vez que não temos a habilidade de crer,
devemos tomar Cristo como nossa habilidade de crer.
Precisamos crer no Senhor Jesus por meio de Sua fé.
Tentei entender isto por quase quarenta anos. No
passado eu explicava fé como Cristo trabalhando-se
em nosso interior. Esta era a melhor definição que eu
tinha naquela época. Contudo, há poucos dias, o
Senhor me deu um termo melhor: fé é a nossa reação
a Deus produzida pelo Seu transfundir, infundir e
saturar.
O PROCESSO DO TRANSFUNDIR
Como este transfundir se cumpre? Deus, como a
eletricidade celestial, vem aos Seus escolhidos. Por
exemplo, Deus foi a Abraão pela Sua aparição a ele.
Se estudarmos Gênesis de 11 a 24, incluindo o registro
de Atos 7, descobriremos que Deus apareceu várias
vezes a Abraão. Atos 7:2 diz que o Deus da glória
apareceu a Abraão. É certo que Abraão foi atraído
pela aparição do Deus da, glória. Ser atraído
simplesmente significa que Deus transfundiu-se para
o interior de Abraão sem que ele percebesse ou
tivesse consciência disso. É semelhante ao
tratamento com rádio praticado pela medicina
moderna. O paciente é colocado sob o raio X,
inconsciente dos raios que estão penetrando nele.
Deus é o mais forte rádio. Se sentarmos sob Ele por
uma hora, Ele transfundir-se-á para o nosso interior.
Esse transfundir originará o infundir, o saturar e o
permear.
O TRANSFUNDIR NO EVANGELHO
Em qualquer pregação adequada do evangelho
deve haver esse transfundir, o transfundir de Cristo
para o interior das pessoas. Como Cristo pode ser
transfundido para o nosso interior? Por meio da
pregação do evangelho. Sempre que pregarmos o
evangelho de Jesus Cristo de uma maneira normal,
haverá uma aparição do Cristo vivo, e esta aparição
transfundirá Cristo para o interior das pessoas.
Posso confirmar isto por minha própria
experiência. Embora tenha nascido na China e
aprendido os ensinamentos de Confúcio, Confúcio
não me atraía. O cristianismo como uma religião
também não me interessava. Quando eu tinha
dezenove anos, o Senhor enviou uma jovem irmã à
minha cidade para pregar o evangelho. Eu tinha
curiosidade em vê-la. Quando sentei no lugar da
reunião e a ouvi cantar e falar, a glória do Senhor
apareceu, e eu fui atraído. Ninguém teve de me
convencer a crer. Enquanto a ouvia, Deus
transfundiu-se para o meu interior, e esse transfundir
me pôs por terra e me conquistou, causando uma
reação muito positiva. Saindo do local da reunião e
caminhando pela estrada, levantei os olhos para os
céus e disse: “Deus, Tu sabes que sou um jovem
ambicioso. Mas mesmo se as pessoas me
prometessem o mundo inteiro por meu império, eu
recusaria. Quero a Ti. Deste dia em diante quero
servir-Te. Quero ser um pregador humilde indo de
povoado a povoado e falando às pessoas quão bom é
Jesus.” Desta maneira o Jesus vivo foi transfundido
para o interior do meu ser. Imediatamente reagi a
Deus, e Deus reagiu de volta a mim. Minha reação
para com Deus foi o meu crer Nele. Isso foi minha fé.
A reação de Deus de volta a mim foi justificar-me e
dar a mim a sua justiça com a paz e a alegria. A justiça
de Deus reagiu a mim, e daquela hora em diante eu
tive a justiça. Cristo foi feito a justiça de Deus para
mim. Assim tive paz e alegria e fui preenchido com a
esperança. Eu havia sido justificado por Deus. Deus
me havia chamado para fora de tudo além Dele.
Uma vez que Cristo transfundiu-se para o seu
interior, você nunca poderá escapar; você tem de crer
Nele. Estou familiarizado com muitos casos que
ocorreram sob: minha própria pregação do
evangelho. Algumas pessoas disseram: Simplesmente
não sei o que aconteceu comigo. Após ter ouvido
aquele pregador pela primeira vez e ter voltado para
casa, disse que não queria nada relacionado a este
Jesus, que não gostava de Jesus. Mas algo entrou em
mim. Tentei expulsar mas não consegui. Embora não
quisesse voltar, algo n<} meu interior insistia em ir
ouvi-lo novamente. Que é isto? E o efeito do
transfundir de Cristo para o interior das pessoas.
Desse transfundir vem uma reação: crer em Jesus
pela fé de Jesus.
A EXPERIÊNCIA DO CRENTE
Podemos aplicar tudo isso à nossa experiência.
Na pregação do evangelho, por meio da aparição e do
transfundir de Deus, reagimos a Deus crendo com
Cristo como fé. Então Deus imputou essa fé de volta a
nós, como nossa justiça, o que foi uma experiência
real de Cristo na época de nossa salvação. Isso foi a
volta de Cristo, a vinda ulterior de Cristo a nós depois
de termos reagido a Deus crendo, tendo-O como
nossa fé. Como resultado da aparição de Cristo e de
Seu transfundir divino, Ele se tornou nossa fé,
reagindo a Deus. Essa fé foi imputada por Deus de
volta a nós como justiça, e Cristo tornou-se,
ulteriormente, a justiça de Deus a nós. Por meio da
vinda ulterior de Cristo, por meio da graça de Deus,
tivemos Cristo como nossa justiça diante de Deus.
Podemos resumir o 'processo desse modo: em Sua
aparição e em Seu transfundir Cristo tornou-se nossa
fé para Deus; e de volta Cristo tornou-se a justiça de
Deus para nós. Então, Cristo tornou-se nossa
experiência.
Além disso, não somente temos Cristo como a
justiça de Deus imputada a nós, mas também temos a
experiência de Cristo como nosso Isaque. Estimamos
esta experiência, mantendo-a como cara e preciosa, e
apreciando-a como única.
I. JUSTIFICADO E RECONCILIADO
Originalmente, não éramos apenas pecadores,
mas também inimigos de Deus. Pela morte redentora
de Cristo, Deus justificou a nós, os pecadores, e
reconciliou a nós, seus inimigos Consigo mesmo (5:1,
10, 11). Isso ocorreu quando cremos no Senhor Jesus.
Recebemos a justificação e a reconciliação de Deus
pela fé. Isso abriu o caminho e nos introduziu na
esfera da graça para o desfrute de Deus.
II. COM O AMOR DE DEUS DERRAMADO
Na esfera da graça, a primeira coisa que
desfrutamos é o amor de Deus. “O amor de Deus é
derramado em nossos corações pelo Espírito Santo,
que nos foi outorgado” (5:5). Muitas vezes, em nossa
vida cristã, precisamos de encorajamento e de
confirmação. Ao passarmos por períodos de
sofrimentos, podemos questionar e ter dúvidas.
Talvez você pergunte: Por que há tantos problemas
em minha vida cristã? Por que há tantas provas e
testes? Podemos ter tais perguntas e dúvidas sobre
nossa situação. Apesar de essas dúvidas surgirem,
não podemos negar que o amor de Deus está dentro
de nós. Desde o dia em que invocamos o Senhor Jesus
pela primeira vez, o amor de Deus foi derramado em
nosso coração por meio do Espírito Santo. Isso
significa que o Espírito revela, confirma e
assegura-nos com o amor de Deus. O Espírito Santo
que habita interiormente parece dizer: “Não duvide.
Deus o ama. Você não entende porque deve sofrer
agora, mas um dia você dirá: 'Pai, agradeço-Te pelos
problemas e provas que passei. ' “Quando você entrar
na eternidade, dirá: Louvado seja o Senhor pelos
sofrimentos e testes que me sobrevieram em minha
jornada. Deus os usou para me transformar.
Oh! O amor de Deus foi derramado em nosso
coração! Embora possamos ser afligidos, pobres e
abatidos, não podemos negar a presença do amor de
Deus dentro de nós. Podemos negar que Cristo
morreu por nós? Cristo morreu por pecadores
impiedosos como nós. Éramos inimigos, mas Cristo
derramou o Seu sangue na cruz para nos reconciliar
com Deus. Que amor! Se Deus nos deu Seu próprio
Filho, certamente, Ele nada fará para nos prejudicar.
Deus é soberano. Ele sabe o que é melhor para nós. A
escolha é Dele, não nossa. Não importa a nossa
preferência, o que Deus planejou para nós será a
nossa porção. Todas as coisas relacionadas conosco
[oram preparadas por nosso Pai. Deveríamos
simplesmente orar: “Senhor, aja segundo a Tua
maneira. Simplesmente quero o que Tu queres. Deixo
tudo inteiramente em Tuas mãos.” Esta é a nossa
reação para com Deus quando novamente
percebemos quanto Ele nos ama e que o Seu amor foi
derramado em nosso coração por meio do Espírito
Santo.
A. Gloriando-se na Tribulação
O nosso ser natural precisa ser santificado,
transformado e conformado. Por essa razão, Deus
introduz certas tribulações e sofrimentos para o
nosso bem. Isso está claramente revelado em
Romanos 8:28, 29, onde nos é dito que Deus faz todas
as coisas cooperarem para o bem, para que possamos
ser conformados à imagem do Seu Filho. Assim a
tribulação e o sofrimento visam a nossa
transformação. Todos nós apreciamos a paz, a graça e
a glória, contudo, ninguém gosta de tribulação.
Recentemente fiz duas operações no olho direito.
Apesar de não gostar deste sofrimento, devo declarar
que nestes últimos anos, nada me favoreceu mais do
que essas duas operações.
Na verdade, a tribulação é a encarnação da graça
com todas as riquezas de Cristo. Isto é semelhante à
encarnação de Deus em Jesus. Aparentemente Ele era
apenas o homem Jesus; na verdade, era Deus.
Aparentemente a nossa situação é tribulação; na
verdade, é graça. Se lermos Romanos 5
cuidadosamente, veremos que a tribulação não está
no mesmo nível que a graça, e sim sob ela. Os seis
itens: amor, graça, paz, esperança, vida e glória,
juntamente com as três Pessoas da Deidade,
substituem a tribulação. Todavia, a tribulação é uma
visitação da graça.
Se dissermos que apreciamos a graça, mas não a
tribulação, é como dizer que amamos Deus mas não
Jesus. Contudo rejeitar Jesus é rejeitar Deus. De
semelhante modo, rejeitar a tribulação é rejeitar a
graça. Por que Deus se encarnou? Por querer vir a
nós. A encarnação de Deus foi a Sua graciosa
visitação. Certamente, todos. amamos esta visita de
Deus. Se amamos a Sua visita, devemos amar a Sua
encarnação. O mesmo ocorre com a graça e a
tribulação. A tribulação é a encarnação da graça nos
visitando. Embora amemos a graça de Deus, devemos
também saudar a tribulação, que é a encarnação da
graça, a doce visitação da graça.
Madame Guyon disse que saudava as cruzes que
eram dadas a ela. Muitas pessoas têm aversão à cruz
porque ela é um sofrimento, uma tribulação. Madame
Guyon, pelo contrário, saudava cada cruz, esperando
por mais, porque percebeu que a cruz trazia Deus a
ela. Ela dizia: “Deus me dá a cruz, e a cruz traz-me
Deus.” Ela dava boas-vindas à cruz, pois quando ela
tinha cruz, tinha Deus. A tribulação é uma cruz e a
graça é Deus como nossa porção para o nosso
desfrute. Esta graça nos visita, principalmente, na
forma de tribulação.
A experiência da tribulação produz perseverança
(5:3). A perseverança é mais do que a paciência; é a
soma da paciência mais o sofrimento. Nenhum de nós
nasceu com perseverança; ela é produzida pelo
sofrimento da tribulação. Portanto, Paulo diz que a
tribulação produz a perseverança.
Podemos experimentar esta perseverança rias
coisas pequenas da vida. Algo que eu não gosto é
ouvir o sinal de ocupado quando faço uma ligação
telefônica. Por que não gosto disso? Por ter pouca
perseverança. Outra pequena coisa que detesto é
quando as pessoas estão atrasadas para um
compromisso. Apesar de esses atrasos serem um
sofrimento para mim, eles me ajudam a ganhar
perseverança.
A perseverança produz aprovação (5:4).
Aprovação é uma qualidade aprovada, resultante da
perseverança da tribulação e do teste. Assim a
aprovação é uma qualidade ou atributo que pode ser
aprovado. Às vezes, é difícil aos irmãos jovens
obterem a aprovação de outros. Eles precisam da
perseverança que produz uma qualidade que seja
facilmente aprovada pelos outros. A tribulação
resulta na perseverança e a perseverança produz a
qualidade de aprovação. Algumas versões traduzem a
palavra grega aqui como “experiência”. Isso está
correto, pois a aprovação inclui a experiência.
Todavia, não é principalmente a experiência em si,
mas o atributo ou a virtude que é obtida por meio das
experiências de sofrimento. Quanto mais você sofre,
mais tem perseverança e mais a virtude de aprovação
será produzida. Aprovação não é um atributo que
temos por meio do nosso nascimento natural.
Considere o exemplo do ouro bruto. Embora seja
ouro verdadeiro, é bruto e sem atrativo. Precisa do
fogo purificador. Quanto mais o ouro sofre o queimar
do fogo, mais uma qualidade aprovada será
produzida. Após a queima e a prova, o ouro adquire
uma qualidade que é facilmente aprovada por
qualquer pessoa. Talvez, muitos dos jovens sejam
como o ouro bruto. Eles não necessitam de polimento
nem de pintura; precisam da queima. Alguns dos
santos que amam o Senhor possuem uma certa
porção de vida e luz. Porque têm essas coisas, pensam
ser adequados para trabalhar para o Senhor.
Entretanto falta-lhes a aprovação. Por um lado,
podem ser produtivos onde quer que forem; por outro
lado, são brutos e falta-lhes a virtude que torna as
pessoas alegres, doces e satisfeitas. Eles possuem o
oposto da aprovação, que podemos chamar de
desaprovação. Por que a sua situação era tão boa no
princípio, mas bastante pobre após um certo tempo?
Era boa no começo por causa do seu dom e da luz que
você possuía. A situação não continuou assim porque
você era demasiadamente bruto, faltando-lhe a
qualidade de aprovação. Se tivermos a virtude da
aprovação, não seremos um problema para os outros.
Todos precisamos orar: “Senhor, conceda-me a
aprovação.”
Se orar dessa maneira, o Senhor lhe perguntará:
“Você está realmente falando sério?” Se responder
afirmativamente, Ele levantará circunstâncias que
produzirão em você a aprovação. Por exemplo, Ele
poderá dar-lhe a esposa mais adequada, mais útil
para produzir esta qualidade em você. A maioria das
esposas são excelentes ajudantes, auxiliando Deus na
produção da aprovação para os Seus servos. A
maioria dos servos do Senhor necessitam de tais
esposas. A esposa não ajuda o marido, ajuda Deus. O
temperamento das mulheres ajuda Deus a produzir a
aprovação nos maridos.
Deus é soberano. Muitos de nós percebemos que
não fomos apenas chamados, mas também
capturados. Precisamos ser escravos de Cristo Jesus,
não temos outra escolha. Se pudesse ter feito outra
escolha, a teria feito. Contudo devo ser escravo do
Senhor. Apesar de sermos escravos de Cristo,
falta-nos aprovação. Isso aborrece a Deus e nos
prejudica. Também aborrece os santos e a família de
Deus. Nós os ajudamos por um lado e os ferimos por
outro. Por meio de nossa luz e do nosso dom nós os
ajudamos; pela nossa falta de aprovação nós os
ferimos. Por isso precisamos da aprovação que
procede da perseverança.
A. Dois Homens
1. Adão
Adão foi o primeiro homem (1Co 15:47). Ele não
somente foi o primeiro homem, mas também o
primeiro Adão (1Co 15:45). Adão foi criado por Deus
(Gn 1:27) e nada tinha da natureza divina e da vida de
Deus. Ele era meramente uma criação de Deus, uma
obra de Suas mãos.
2. Cristo
Cristo é o segundo homem (1Co 15:47) e o último
Adão (1Co 15:45). Que significa dizer que Cristo é o
segundo homem e o último Adão? Significa que
Cristo é o último homem. Após Ele, não existe um
terceiro homem, pois o segundo homem é o último.
Isto exclui a possibilidade de um terceiro homem.
Cristo é o segundo homem e o último Adão.
Após Ele, não há um terceiro Adão. Este segundo
homem não foi criado por Deus. E um homem
amalgamado com Deus. Ele é Deus encarnado para
ser um homem (Jo 1:14). O primeiro homem nada
tinha da
natureza divina e da vida de Deus, pois era
meramente uma criação de Deus. O segundo homem
é o amalgamar de Deus com Sua criatura, pleno da
natureza divina e da vida de Deus. É um homem
amalgamado com Deus, um homem-Deus. A
plenitude da Deidade está corporificada Nele (Cl 2:9;
Jo 1:16).
B. Dois Atos
C. Dois Resultados
Esses dois homens têm dois atos e esses dois atos
produziram dois resultados.
a. O Pecado Entrou
, O pecado entrou pela transgressão de Adão
(5:12). Parece que o pecado é mencionado do capítulo
5 d~ Romanos até o capítulo 8 de uma maneira
personificada. E como uma pessoa que é capaz de
reinar (5:21), dominar sobre as pessoas (6:14),
enganar e matar as pessoas (7:11), habitar nas pessoas
e fazer coisas contra a vontade delas (7:17, 20). O
pecado é vivo e excessivamente ativo (?:9). Assim,
este pecado deve ser a natureza maligna de Satanás, o
maligno, que habita, age e opera na humanidade
caída. O pecado é, na verdade, uma pessoa maligna.
Pela transgressão de Adão o pecado entrou.
a. A Graça Veio
A graça veio (Jo 1:17) pela obediência de Cristo. A
graça de Deus abundou para muitos (5:15). Paulo não
diz que a vida abundou. Isto é semelhante à
transgressão de Adão, na qual veio primeiro o pecado
e a morte o seguiu. Da mesma maneira, por meio da
obediência de Cristo, a graça veio primeiro e a vida
seguiu-a. Morte é contrária à vida e graça é contrária
ao pecado. O pecado veio da transgressão de Adão,
mas a graça veio por meio da obediência de Cristo. O
pecado é Satanás personificado, vindo para
envenenar-nos, danificar-nos e trazer-nos morte. A
graça é Deus personificado, vindo para dar-nos vida e
gozo. Pela transgressão de Adão, o pecado entrou na
raça humana como veneno para a destruição' do
homem, mas pelo ato justo e obediente de Cristo,
Deus veio como graça para o nosso desfrute.
A. Pecado
4. Reinando na Morte
O pecado reina na morte (5:21; 6:12). O pecado,
como qualquer outro rei, precisa de uma autoridade a
fim de poder reinar. A autoridade do pecado é a
morte. O pecado tem autoridade para reinar como um
rei na morte. Romanos 5:21 e 6:12 mostram o pecado
reinando como um rei.
O pecado está na nossa carne, nosso corpo caído.
Este pecado não é um ato de maldade; é a
personificação do maligno. Em Romanos 7:21 Paulo
diz que “o mal” estava presente nele. Neste versículo,
a palavra grega traduzida como “o mal” é kakos, uma
palavra que denota aquilo que é mau em caráter. Isso
deve referir-se ao caráter maligno do próprio Satanás.
Não tenho dúvida de que o pecado que entrou em
nosso corpo é a encarnação de Satanás. Quando o
homem comeu do fruto da árvore do conhecimento,
este fruto entrou em seu ser. Na verdade, tudo o que
comemos vem para dentro do nosso corpo. Como já
vimos, a árvore da vida no jardim denotava Deus e a
árvore do conhecimento significava Satanás.
Portanto, quando o homem p, artilhou ~a árvore do
conhecimento, o homem tomou Satanás, o maligno,
para dentro dele. O corpo criado por Deus,
originalmente, não tinha mal em si. A Bíblia diz que o
homem criado por Deus era muito bom e reto (Gn
1:31; Ec 7:29). Entretanto, depois da queda, um outro
elemento foi injetado no corpo do homem. Esse
elemento era o pecado, a própria natureza do
maligno. Esse pecado reina em nós. Seu poder é a lei
e ele reina na morte.
B. Morte
C. Graça
D. Os Crentes
Os crentes também reinam, pois crentes são reis.
I. OS DOIS MARIDOS
Se quisermos entender a maneira pela qual
fomos libertos da lei, devemos conhecer os dois
maridos em Romanos 7. Em Romanos 5 temos dois
homens, dois atos e dois resultados com as quatro
coisas reinantes. Em Romanos 7:1-6 temos dois
maridos e em 7:7-25 temos três leis. Quais são os dois
maridos em Romanos 7?
Como jovem cristão, eu desejava conhecer a
Bíblia. Achei especialmente difícil, em Romanos 7,
aprender quem era o primeiro marido. Tentei reunir
as melhores exposições das Escrituras. Entretanto eu
ainda não podia determinar quem era o primeiro
marido em Romanos 7. Era ele a lei ou a carne?
Perguntei àqueles que eram cheios de conhecimento
das Escrituras, mas nenhum deles estava claro sobre
isto. Alguns me disseram que o primeiro marido era a
lei, enquanto outros diziam que era a carne. Li
Romanos 7, repetidamente, esforçando-me ao
máximo para entendê-lo. Continuei a estudar essa
questão por anos. Vinte e dois anos atrás conduzi um
estudo minucioso do livro de Romanos, mas mesmo
naquele tempo não estava absolutamente certo sobre
o primeiro marido. Agora, após muitos anos de
estudo e experiência, essa questão está clara.
Quem é o primeiro marido em Romanos 7?
Precisamos nos aproximar dessa questão com uma
visão de toda a Bíblia, pois deveríamos entender cada
versículo, segundo a Bíblia, como um todo. Adotemos
agora essa visão com respeito ao primeiro marido em
Romanos 7.
A. A Lei de Deus
A lei de Deus é justa, boa, santa e espiritual (vs.
12, 14, 16). Essa lei está fora de nós ou podemos dizer
que está acima de nós. Essa lei de Deus faz muitas
exigências e requer muito do homem caído para que
ele possa ser exposto (vs. 711).
B. A Lei do Bem
Enquanto a lei de Deus está acima e fora de nós,
fazendo exigências sobre nós, a lei do bem está na
mente da alma do homem (vs. 23, 22). Podemos dizer
que a lei do bem na nossa mente corresponde à lei de
Deus e responde às suas exigências, tentando
guardá-la (vs. 18, 21, 22). Sempre que a lei de Deus
coloca uma exigência sobre nós, a lei do bem na nossa
mente responde a ela. Se a lei de Deus diz: “Honra a
seus pais”, a lei do bem na nossa mente
imediatamente responde: “Amém! Eu farei isso. Eu
honrarei meus pais.” Essa tem sido nossa experiência
ao longo da vida. Cada vez que a lei de Deus fez uma
exigência, a lei do bem, na nossa mente,
respondeu-lhe e prometeu cumpri-la.
A. O Espírito da Vida
Antes de abordarmos Romanos 8, precisamos
considerar um termo glorioso e maravilhoso
encontrado em 8:2 — “o Espírito da vida”. Esse termo
é usado apenas uma vez em toda a Bíblia. No livro de
Romanos o termo “o Espírito da vida” não é revelado
até 8:2. Entretanto antes do capítulo oitavo temos
várias referências à vida divina, eterna e incriada. A
primeira ocorrência da palavra vida no livro de
Romanos é em 1:17 que diz que o justo terá vida e
viverá por fé. A palavra vida neste versículo denota a
vida divina. A segunda ocorrência desta palavra em
Romanos é em 2:7, onde é-nos dito que “a vida eterna
aos que, com perseverança em fazer o bem, procuram
glória, e honra e incorrupção”. Se buscarmos Deus
continuamente, Ele nos dará vida eterna. Romanos
5:10 diz que seremos salvos em Sua vida, e 5:17
diz-nos que, após recebermos a abundância da graça
e do dom da justiça, reinaremos em vida. Romanos
5:18 menciona a justificação de vida, e 5:21 diz que a
graça reina para a vida eterna. Em 6:4 é-nos dito que
andemos em novidade de vida. Romanos 6:22-23 diz
que a vida eterna é o fim da santificação e que o dom
gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus
nosso Senhor. Assim nos primeiros seis capítulos de
Romanos existem muitas referências à vida divina.
Vida é o objetivo da salvação de Deus. Deus
redimiu-nos, justificou-nos e reconciliou-nos para
que participássemos desta vida. Uma vez que a
recebemos, deveríamos ser salvos em vida, reinar em
vida, andar em novidade de vida e ser santificados em
vida.
Embora os capítulos precedentes em Romanos
digam que deveríamos ser salvos, reinar, andar e ser
santificados em vida, Paulo todavia não disse como
podemos fazer todas essas coisas. Como podemos ser
salvos em vida e reinar em vida? Como podemos
andar em novidade de vida? Como podemos
experimentar a santificação em vida? Paulo não nos
disse. Nem nos disse precisamente como o justo terá
vida. Embora ele diga que esta vida é procedente de
fé, não explicou a questão claramente. Entre os
capítulos primeiro e sexto de Romanos, Paulo
refere-se à vida nove vezes. Agora, em Romanos 8:2,
ele subitamente une vida com o Espírito na frase “o
Espírito da vida”.
O caminho para ter vida é o Espírito. O caminho
para ser salvo em Sua vida é o Espírito. O caminho
para andar em novidade de vida é o Espírito. O
caminho para ser santificado em vida é o Espírito. O
Espírito é o caminho. A vida pertence ao Espírito e o
Espírito é de vida. Esses dois na verdade são um.
Nunca podemos separar vida do Espírito, nem o
Espírito da vida. O próprio Senhor Jesus disse: “As
palavras que eu vos tenho dito, são espírito e são
vida” (Jo 6:63). Nesta palavra o Senhor Jesus une o
Espírito e a vida. Se temos o Espírito, temos a vida; se
não temos o Espírito, não temos vida. Se andamos no
Espírito, andamos em vida, mas se não andamos no
Espírito, não andamos em novidade de vida. Assim a
maneira de experimentar a vida divina, eterna e
incriada é o Espírito. Por meio disso podemos ver a
relação entre Romanos 8 e os capítulos anteriores. Os
sete capítulos precedentes nos levam à vida e
consumam em vida. Agora em 8:2 estamos no auge
da vida. Precisamos dar especial atenção à palavra
vida em Romanos 8.
B. A Vida Quádrupla
A palavra vida é usada quatro vezes no capítulo
oitavo. Romanos 8:2 menciona a lei do Espírito da
vida. Romanos 8:6 diz que a mente posta no espírito é
vida. Em Romanos 8:10 é-nos dito que se Cristo está
em nós, nosso espírito é vida por causa da justiça.
Romanos 8:11 diz que o Espírito que em nós habita
dará vida aos nossos corpos mortais. A primeira vez
que vida é mencionada neste capítulo ela é ligada ao
Espírito Santo, a segunda vez ela é relacionada a
nossa mente, a terceira vez é associada com o nosso
espírito, e a quarta vez é uma questão do nosso corpo.
Romanos 8 desvenda uma vida quádrupla.
Primeiramente, vida é o Espírito. Em seguida o
Espírito vem para dentro do nosso espírito para
torná-lo vida. Então o Espírito espalha-se do nosso
espírito para a nossa mente a fim de torná-la vida. O
Espírito até mesmo dispensa esta vida aos nossos
corpos mortais para tornar o corpo de pecado num
corpo de vida. Temos uma vida quádrupla. O foco
disso tudo é o Espírito Santo habitando em nosso
espírito. Esta vida espalhar-se-á do nosso espírito
para a nossa mente e através de toda a nossa alma,
até mesmo alcançando todos os membros do nosso
corpo. Por fim todo nosso ser será preenchido com
vida e seremos um homem de vida. Você já viu isso?
Podemos chamar isso de vida quádrupla. O Espírito é
vida, nosso espírito é vida, nossa mente é vida, e até
mesmo nosso corpo é de vida. Assim a ligação entre
Romanos 8 e todos os capítulos precedentes é a vida
acrescida do Espírito.
1. Em Cristo
Esta não é uma experiência fora de Cristo, mas
uma experiência absolutamente em Cristo. Em
Cristo, não em Adão ou em nós mesmos, mas em
Cristo, temos o Espírito da vida, que é o próprio
Cristo como o Espírito que dá vida, em nosso espírito.
Em Cristo, nosso espírito foi vivificado com Cristo
como vida. Por estarmos em Cristo, o Espírito da
vida, que é o próprio Cristo, habita em nosso espírito
e amalgama-se a nosso espírito, como um só espírito.
Em Cristo, temos nosso espírito vivificado, a vida
divina e o Espírito da vida. Em Cristo, todos os três:
nosso espírito, a vida divina e o Espírito da vida estão
amalgamados como uma unidade. Em Cristo, com
esta unidade, há o poder espontâneo, que é a lei do
Espírito da vida, que nos liberta continuamente da lei
do pecado e da morte, ao andarmos de acordo com o
espírito amalgamado.
2. Diariamente
Esta experiência não é de uma vez por todas;
deve ser uma experiência diária, contínua. Dia após
dia, momento após momento, precisamos viver no
espírito amalgamado, andar segundo esse espírito e
ter nossa mente posta nesse espírito maravilhoso,
esquecendo-nos de nossos esforços para guardar a lei
de Deus e para fazer o bem, de modo a agradar a
Deus. Pois uma vez que somos impelidos de volta à
nossa maneira velha e habitual de tentar fazer o bem,
somos imediatamente isolados da lei poderosa do
Espírito da vida. Devemos olhar para o Senhor, a fim
de que possamos sempre habitar em nosso espírito de
modo a desfrutarmos a liberdade da lei do Espírito da
vida.
C. A Impossibilidade da Lei
Romanos 8:3 diz: “Porquanto o que era
impossível à lei, visto como estava enferma pela
carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da
carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na
carne” (VRC). Esse versículo diz que há uma
impossibilidade relacionada à lei, não se referindo à
lei do Espírito da vida, com a qual não existe
impossibilidade, mas à lei de Deus fora de nós. Existe
uma impossibilidade associada à lei de Deus, porque
essa lei é fraca por meio da carne. A carne é o fator de
fraqueza, produzindo a impossibilidade mencionada
em 8:3.
O sujeito de 8:3 é Deus. Deus enviou Seu próprio
Filho em semelhança da carne de pecado e, no
tocante ao pecado, condenou o pecado na carne. Esse
versículo, o versículo mais profundo em Romanos 8,
é muito difícil de ser entendido.
Que é a “carne de pecado”? A carne de pecado é o
nosso corpo. Em 8:3 a carne de pecado corresponde à
frase “O corpo do pecado” em 6:6, onde nos é dito que
o-nosso velho homem foi crucificado com Cristo, para
que “o corpo do pecado” seja feito de nenhum efeito.
Por que o nosso corpo é chamado de “corpo do
pecado” e de “carne de pecado”? Porque, como vimos
em Romanos 7, o pecado habita em nosso corpo. Uma
vez que o nosso corpo é o lugar de habitação do
pecado, ele é chamado de “corpo do pecado”. Uma vez
que o nosso corpo tornou-se caído, é também
chamado de a “carne” isto é, de a “carne de pecado”.
Nossa fraqueza em guardar a lei de Deus está em
nosso corpo' de pecado. No que se refere ao guardar a
lei de Deus, nosso corpo é fraco ao máximo. Embora
nossa mente queira guardar a lei de Deus, nosso
corpo não tem a força para fazê10. Ele é enfraquecido
e paralisado pelo pecado. O pecado é como a
poliomielite que paralisa e invalida o corpo das
crianças. Da mesma forma, os corpos humanos foram
paralisados pelo pecado. Esse corpo do pecado é o
fator básico da fraqueza no guardar a lei de Deus.
Romanos 8:3 diz que a lei de Deus era fraca por meio
da carne. Por que a lei de Deus se tornou fraca? Por
causa da carne. A lei de Deus faz suas exigências, mas
o corpo dos pecadores não pode cumpri-las, porque
dentro do corpo está o pecado como o fator
enfraquecedor.
Embora o corpo do pecado ou a carne de pecado
seja excessivamente fraco em guardar a lei de Deus,
ele é poderoso em cometer pecado. A menos que você
tenha misericórdia e graça do Senhor, é difícil
permanecer sentado até o final das reuniões da igreja.
Quando pensa em ir para uma reunião de oração,
você pode dizer: “Não dormi bem a noite passada e
estou com dor de cabeça. Estou muito cansado para ir
à reunião.” Contudo se alguém lhe convidar para ir ao
cinema, o corpo do pecado é enérgico e poderoso.
Portanto nosso corpo é fraco para a lei de Deus, mas
muito forte para cometer pecado. Por isso, por meio
do nosso corpo do pecado a lei de Deus é fraca.
D. O Pecado Condenado
Sendo a lei fraca por meio do corpo do pecado,
que fez Deus quanto a isso? Que Deus fez nessa
situação? A lei de Deus faz suas exigências, mas foi
enfraquecida por meio da carne. O problema não está
com a lei em si; a dificuldade está com o pecado e com
a carne de pecado. O pecado é o transgressor e a
carne de pecado é sua ajudante. Os dois trabalham
juntos. Se Deus fosse resolver o problema, teria de
tratar tanto com o pecado como com a carne. Embora
o pecado, e não a carne, seja o primeiro problema,
Deus tem de tratar com ambos. Como Ele fez isso?
Deus o fez de maneira maravilhosa, de uma maneira
cuja explicação adequada está além das palavras
humanas. Deus solucionou o problema enviando Seu
próprio Filho “em semelhança da carne de pecado.”
Deus foi sábio. Sabia que não devia enviar Seu Filho
para ser carne de pecado, pois, se o fizesse, Seu Filho
seria envolvido com o pecado. Portanto enviou Seu
Filho “em semelhança da carne de pecado”, como
tipificado pela serpente de bronze levantada por
Moisés no deserto (Nm 21:9) e mencionado pelo
próprio Senhor Jesus. Em João 3:14, Jesus disse: “E?
o modo por que Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado”, indicando que a serpente de bronze era
uma figura Dele na cruz em nosso lugar. Quando
estava na cruz, aos olhos de Deus, Jesus estava na
forma de serpente. Quando Deus olhou para Jesus
sendo pregado na cruz, viu-O na forma de serpente.
Quem é a serpente? Satanás. Que é o pecado que foi
injetado no corpo do homem, transmutando-o na
carne de pecado? A natureza de Satanás. Portanto, a
carne de pecado realmente significa a carne com a
natureza de Satanás. A Bíblia diz que Jesus, o Filho de
Deus, tornou-se carne (Jo 1:14). Contudo isto
absolutamente não significa que Jesus tornou-se a
carne com a natureza de Satanás, porque 8:3 diz que
Ele foi enviado “em semelhança da carne de pecado”,
indicando, assim, que Jesus assumiu somente a
“semelhança da carne”, não a natureza pecaminosa
da carne. Além disso, 2 Coríntios 5:21 diz: “Ele O
(Cristo) fez pecado por nós”. Apesar desse versículo
dizer claramente que Cristo foi feito pecado, não
significa que Ele era pecaminoso em natureza. Ele
somente foi feito “em semelhança da carne de
pecado”. A serpente de bronze possuía a forma
serpentina da serpente, mas não possuía o veneno da
serpente. Possuía a forma serpentina, sem a natureza
serpentina. Em forma, Cristo foi feito pecado. Dentro
Dele não havia “nenhum pecado” (2Co 5:21; Hb 4:15).
Ele nada tinha a ver com a natureza do pecado. Ele
somente foi feito na forma da serpente, “em
semelhança da carne/de pecado” por nós.
João 12:31 diz: “Chegou o momento de ser
julgado este mundo, e agora o seu príncipe será
expulso.” Quando o Senhor Jesus proferiu essas
palavras, estava falando acerca de Sua morte
vindoura na cruz. O Senhor estava dizendo que a hora
de Sua crucificação seria a hora do julgamento de
Satanás, pois Satanás é o príncipe deste mundo, cujo
julgamento foi anunciado em João 12:31. Jesus foi
Aquele que foi pendurado na cruz, mas, aos olhos de
Deus, Satanás ali foi julgado. Portanto Hebreus 2:14
diz que pela morte, Cristo destruiu aquele que tem o
poder da morte, o diabo, Satanás. Por Sua morte na
carne sobre a cruz, Cristo destruiu Satanás. Na cruz,
Cristo, “em semelhança da carne de pecado”, não foi
apenas um substituto para os pecadores, tirando todo
seu pecado; Ele também foi crucificado na forma da
serpente destruindo completamente Satanás, o diabo.
A lei de Deus era fraca devido à carne de pecado.
Portanto Deus teve de tratar com ambos, carne e
pecado. Ele enviou Seu Filho “em semelhança da
carne de pecado”, isto é, na forma da serpente. Cristo
trouxe tal carne à cruz e lá crucificou-a. Todos os
seres do mundo espiritual, os anjos e os espíritos
malignos, sabem o significado disso. Quando
entrarmos na eternidade, olharemos para trás e
diremos: “Agora entendo como Satanás foi esmagado
por meio da carne de Cristo na cruz.” Satanás foi
esmagado, destruído por meio da própria carne que
Cristo a Si mesmo vestiu, porque tal carne estava na
forma da serpente. Quando tal carne foi crucificada
na cruz, Satanás foi esmagado e destruído.
Romanos 8:3 não diz apenas que Deus enviou
Seu Filho “em semelhança da carne de pecado”, mas
também que Ele O enviou “no tocante ao pecado”.
Algumas versões traduzem “no tocante ao pecado”
em “como uma oferta pelo pecado”, tomando aqui a
palavra pecado como sendo uma referência à oferta
pelo pecado. Apesar dessa interpretação não estar
errada, ela não transmite a idéia completamente. O
conceito de Paulo é que Deus enviou Seu Filho, não
apenas “em semelhança da carne de pecado”, mas
também “no tocante ao pecado”, isto é, para tudo
relacionado ao pecado, para que condenasse o pecado
e tudo relacionado a ele. Todas as coisas associadas
ao pecado foram condenadas na carne de Cristo na
cruz. Nunca se esqueça que o pecado é a natureza de
Satanás. A natureza de Satanás, isto é, o pecado,
estava na carne, e Cristo vestiu esta carne na qual o
pecado, a natureza de Satanás, habitava. Então Cristo
levou esta carne para a cruz e a crucificou. Por meio
disso, ambos, o pecado e Satanás, foram condenados.
Satanás estava ansioso e feliz por entrar no corpo
do homem, o qual se tornou carne após sua entrada,
ficando contente por ter um alojamento. Não importa
quão sábio seja Satanás, ele nunca poderá superar a
Deus. Deus é muito mais sábio. Deus enviou Seu
Filho em semelhança desta carne na qual Satanás
estava e condenou-a na cruz. Foi como se Satanás
houvesse pensado: “Agora, posso entrar no corpo do
homem.” Contudo Satanás não percebeu que isso era
uma armadilha. Quando Satanás tomou a isca, foi
capturado. Podemos usar a ilustração de uma
ratoeira. É difícil capturar um rato porque ele sempre
foge. Entretanto podemos usar uma ratoeira com
uma isca. O rato entra na armadilha intrigado com a
perspectiva de ter a isca em sua posse. Então é
capturado e um homem pode facilmente esmagá-lo.
Do mesmo modo, Satanás foi capturado e esmagado
na carne de Cristo sobre a cruz. Fazendo isso Deus
resolveu dois problemas de uma só vez: resolveu o
problema do pecado e da carne de pecado. Deus
resolveu o problema do pecado, cuja natureza e fonte
é Satanás, e o problema da carne. Louvado seja o
Senhor!
A. A Carne
Romanos 8:7 diz: “Por isso o pendor da carne é
inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de
Deus, nem mesmo pode estar.” Esse versículo diz
enfaticamente que nossa carne é um caso sem
esperança. Se a nossa mente for posta na nossa carne,
ela também se torna sem esperança. Tudo o que é um
com a carne é sem esperança. Não pense que você
pode santificar a sua carne. Isso é impossível. Carne é
carne, e a carne é absolutamente sem esperança.
Nunca deposite qualquer esperança na sua carne. Ela
nunca pode ser melhorada. Deus tomou a decisão
definitiva de que a carne deve ser terminada porque
ela é totalmente corrupta. Deus julgou a geração de
Noé com o dilúvio porque aquela geração tornara-se
carne (Gn 6:3). Quando aquela geração tornou-se
carne, Deus a considerou sem esperança. Deus achou
impossível resgatá-la, restaurá-la ou melhorá-la.
Deus parecia dizer: “Que tal geração se vá. Preciso
colocá-la completamente sob o meu julgamento.” O
julgamento do dilúvio foi o julgamento sobre a carne.
Somente quando o homem se tornou carne é que
Deus exerceu julgamento sobre ele como carne.
Portanto nunca diga que sua carne pode ser
melhorada. Nunca pense que sua carne hoje é melhor
do que antes de você ser salvo. Quer uma pessoa seja
ou não salva, a carne continua sendo a carne. A carne
é sem esperança, e tudo que se relaciona a ela
também é sem esperança.
Paulo disse que a mente posta na carne é
inimizade contra Deus. A carne é inimizade contra
Deus, e a mente posta nela também é inimizade
contra Deus. A mente posta na carne não está sujeita
à lei de Deus. É impossível a esta mente estar sujeita à
lei de Deus, mesmo se ela o desejar. Assim o veredito
sobre a carne é definitivo. A carne está perdida e
também tudo o que se relaciona a ela.
Paulo prossegue esse pensamento no versículo 8,
que diz: “Os que estão na carne não podem agradar a
Deus.” Enquanto estivermos na carne não podemos
agradar a Deus. Nunca diga que sua carne é boa. Nos
versículos 7 e 8 vemos quatro pontos: que a carne é
inimizade contra Deus, que não está sujeita à lei de
Deus, que não pode estar sujeita à lei de Deus e que
não pode agradar a Deus. Essa é a condição da carne.
c. O Dispensar de Vida
O versículo 11 diz: “E, se o Espírito daquele que
dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele
que dos mortos ressuscitou a Cristo também
vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito
que em vós habita.” O Espírito, nesse versículo, é o
Espírito da ressurreição. Vimos que o nosso espírito é
vida (v. 10) e que a nossa mente também é vida (v. 6).
Chegamos agora ao último item do nosso ser: nosso
corpo mortal. Nosso corpo está perecendo.
Entretanto, a vida é dispensada até mesmo para o
nosso corpo mortal que está perecendo. Nosso corpo
pode participar desta vida, ser sustentado com ela e
ser suprido com esta vida por meio do Seu Espírito
que em nós habita. Sem dúvida o Espírito que habita
interiormente é o Cristo ressurreto (1Co 15:45; 2Co
3:17). Cristo, como o Espírito que habita
interiormente, continuamente dispensa vida a cada
parte do nosso ser.
Uma excelente ilustração disto é a eletricidade.
Embora a eletricidade tenha sido instalada numa
casa, sua corrente pode ser cortada. Cristo, o Espírito
que dá vida, foi instalado em nosso ser como a
eletricidade celestial. Entretanto, só uma pequena
parte do nosso ser Lhe dá um caminho livre; a maior
parte não está aberta para Ele, pelo contrário, O
frustra. Por exemplo, as suas emoções podem ser
uma frustração para Cristo. Portanto, Cristo tem
dificuldade em se dispensar como vida em suas
emoções. Você precisa orar: “Senhor, trata com as
minhas emoções. Transpõe minhas emoções para se
dispensar como vida nelas.” Precisamos desse tipo de
experiência. Não tome isso como uma doutrina ou
ensinamento. Isso deve ser posto em prática. Se
praticar isso, descobrirá que Cristo como vida está
agora em seu espírito, esperando por uma
oportunidade para se expandir em cada área e
avenida do seu ser. Se você se abrir a Ele, Ele até
mesmo se dispensará como vida para o seu corpo
mortal, fazendo de você uma pessoa que é preenchida
com todas as riquezas da Sua vida. Ele se tornará uma
vida quádrupla em você, para fazer o seu espírito,
mente e corpo vivos.
D. Nossa Cooperação
O versículo 12 diz: 'Assim, pois, irmãos, somos
devedores, não à carne como se constrangidos a viver
segundo a carne” e Esse versículo também prova que
após sermos salvos, ainda permanece a possibilidade
de vivermos segundo a carne. Se isso fosse
impossível, por que Paulo nos lembraria que não
somos devedores à carne? Precisamos dizer: 'Aleluia!
Não sou um devedor à carne. Não devo nada a ela.
Não estou obrigado a ela. Estou desobrigado e livre.
Fui libertado totalmente dessa coisa sem esperança
chamada carne. Não sou mais um devedor à carne
para viver segundo ela.”
I. AS BÊNÇÃOS DA FILIAÇÃO
Antes de 8:14 o termo “filhos de Deus” não foi
usado no livro de Romanos. O conceito de “filhos
(crianças) 1 de Deus” é introduzido somente nesse
ponto, provando que Paulo escreveu este livro tendo
em vista um profundo propósito. A partir de 8:14,
Paulo começa a falar sobre os filhos de Deus e os
filhos (crianças) de Deus. Entretanto, o conceito
principal da seção sobre a glorificação (8:14-39) não
diz respeito aos filhos (crianças) ou aos filhos
maduros, mas aos herdeiros. Podemos ser um filho
(criança) de Deus sem o crescimento de um filho
maduro de Deus, ou um filho maduro de Deus sem a
qualificação para herdeiro. Assim o conceito principal
de Paulo, nesta porção de Romanos, diz respeito aos
herdeiros da glória.
Romanos 8:14 diz: “Pois todos os que são
1
*N. R. — No grego, língua original do Novo Testamento, há duas palavras que em português são
traduzidas por “filho”: Teknon e Huios. Teknon (filho; criança), dá ênfase ao fato do nascimento,
enquanto que Huios (filho) enfatiza a dignidade e o caráter do relacionamento de filho (vine's). No
original do Estudo-Vida em inglês, Teknon = child e Huios = son.
guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”
Esse versículo é uma continuação da porção anterior
na qual Paulo nos diz que devemos andar de acordo
com o espírito (v. 4). Em certo sentido, andar de
acordo com o espírito é estar debaixo da direção do
Espírito Santo. Assim o versículo 14 continua o
pensamento de Paulo ao dizer que todos os que são
guiados pelo Espírito Santo, ou pelo Espírito de Deus,
são filhos de Deus. Por meio dessa pequena sentença,
Paulo muda todo o conceito transferindo o enfoque
de “os santificados” para os “filhos de Deus”. No final
do versículo 13 o pensamento era referente aos
santificados, aos que foram condenados, justificados,
reconciliados, identificados e finalmente santificados.
Com o versículo 14, Paulo introduz o conceito de
filhos de Deus. Como somos santificados? Andando
segundo o espírito. Em certo sentido, andar segundo
o espírito significa ser guiado pelo Espírito de Deus, e
“todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses
são filhos de Deus.” Desta maneira Paulo nos faz
voltar de santificação para filiação. Agora chegamos à
questão dos filhos de Deus.
Precisamos abordar o assunto da filiação no
espírito, não na letra. Se estivermos na letra, teremos
dificuldades. Por quê? Porque de acordo com a letra
todas as irmãs estão excluídas. Como as irmãs podem
ser filhos? Paulo não disse: “Todos os que são guiados
pelo Espírito de Deus, esses são os filhos e as filhas de
Deus.” Contudo todos nós, irmãos e irmãs
igualmente, somos filhos de Deus. Devemos ler a
Bíblia não meramente na letra, mas em espírito.
Embora sejamos homens e mulheres, irmãos e irmãs,
em espírito somos todos filhos de Deus. Na
eternidade não haverá filhas somente filhos.
O Um dia os saduceus vieram ao Senhor Jesus
perguntando-Lhe à respeito da ressurreição (Mt
22:23-33). Eles pensavam que eram muito sábios.
Perguntaram ao Senhor sobre o caso de uma mulher
que casara sucessivamente com sete irmãos. Após
todos eles terem morrido, morreu também a mulher.
Então os saduceus perguntaram-Lhe de quem ela
seria esposa, na ressurreição, uma vez que todos os
sete tinham-na desposado. O Senhor disse que eles
estavam errados e não conheciam as Escrituras, nem
o poder de Deus. O Senhor disse, além disso, que na
ressurreição não casaríamos nem seríamos dados em
casamento, mas seríamos como os anjos de Deus.
Seremos pessoas maravilhosas sem diferença entre
homens e mulheres. Não apenas seremos justificados
e santificados, mas também glorificados. Seremos
todos pessoas glorificadas, os filhos eternos de Deus.
Se andamos de acordo com o espírito, não há
diferença entre homens e mulheres, porque somos
todos filhos de Deus. Contudo não devemos esquecer
que ainda estamos na carne. Na carne temos homem
e mulher, esposo e esposa. Não devemos aplicar algo
que será verdade na ressurreição à situação atual. Se
fizermos isso, teremos problemas. Apesar disso,
todos nós, irmãos e irmãs igualmente, somos filhos
de Deus.
A. O Espírito de Filiação
“Porque não recebestes o espírito de escravidão
para temerdes novamente, mas recebestes o espírito
de filiação, no qual clamamos: Aba, Pai.” Como
recebemos esse espírito de filiação? Pelo Espírito do
Filho de Deus vindo para dentro do nosso espírito.
Gálatas 4:6, um versículo semelhante a Romanos 8:15
diz: “E, porque vós sais filhos, enviou Deus aos nossos
corações o espírito de seu Filho, que clama, Aba, Pai.
Romanos 8:15 diz que “recebemos o espírito de
filiação Gálatas 4:6 diz que “Deus enviou o Espírito de
seu Filho para dentro de nós. Porque o Espírito do
Filho de Deus entra dentro do nosso espírito, nosso
espírito torna-se em espírito de filiação. Assim, o
versículo 15 diz que recebemos o espírito de filiação.
Além disso o versículo 15 menciona “o espírito de
filiação, no qual clamamos: Aba Pai”; mas Gálatas 4:6
diz que: ” 0 Espírito de seu Filho; clama: “Aba, Pai.”
Há uma diferença aqui. Não obstante, se nos
clamamos ou se Ele clama, ambos clamamos juntos.
Quando clamamos, Ele clama em nosso clamor.
Quando Ele cl~~a, clamamos com Ele. De acordo
com a gramática o sujeito de clamar é “nós” no
versículo 15, mas em Gálatas 4:6 o sujeito é “o
Espírito”. Esses dois versículos provam que nós e Ele,
nosso espírito e o Espírito, são um. Quando
clamamos: “Aba, Pai”, Ele se junta a nós em nosso
clamor. O Espírito clama em nosso clamor, porque o
Espírito do Filho de Deus habita em nosso espírito.
Daí não há temor, apenas um doce clamor: “Aba,
Pai.”
“Aba” é uma palavra aramaica que também
significa pai. Quando esses dois termos “Aba” e “Pai”
são colocados juntos, o resultado é um sentido
profundo e doce, um sentido que é extremamente
íntimo. “Aba, Pai” é docemente intensificado. As
crianças de todas as raças dirigem-se a seus pais
dessa maneira doce; no Brasil dizemos: “Papai”; na
China eles dizem: “Baba”; nas Filipinas dizem:
“Papa”. Não falamos uma sílaba, tal como: “Pa” ou
“Ba”. Não seria nada doce se falássemos apenas uma
sílaba. Precisamos dizer: “Papai”,
“Baba” ou “Papa”. Necessitamos clamar: “Aba,
Pai”. Se fizer isso, perceberá quão doce é. Por que
clamamos: “Aba, Pai”? Porque temos o espírito de
filiação. Se certo homem não é meu pai, será difícil
para mim chamá-lo: “Papai”. Pode ser fácil, para
mim, chamá-lo: “Senhor”, mas não sou capaz de
chamá-lo: “Papai”. Para mim seria ainda mais difícil
dizer-lhe: “Aba, Pai”. Na verdade seria impossível. Se
meu querido pai ainda estivesse vivo, gostaria de
chamá-lo: “Papai”. Seria tão doce dirigir-me a ele
dessa maneira, porque nasci dele. Jovens, não há
necessidade de duvidarem se são ou não filhos de
Deus. Quando você diz: “Aba, Pai”, você tem uma
sensação doce e íntima dentro de você? Se tiver, isso
prova que você é um filho de Deus e que tem o
espírito de filiação. Se você se acha capaz de
chamá-Lo Deus, mas não Aba Pai, isso indica que
você não é um filho de Deus. Contudo, uma vez que
você pode chamar: “Aba, Pai”, docemente, pode estar
certo que você é filho de Deus.
B. O Testificar do Espírito
“O próprio Espírito testifica com o nosso espírito
que somos filhos de Deus.” No versículo 14 vemos “os
filhos de Deus” e no versículo 15 “o espírito de
filiação”, Por que no versículo 16 Paulo, de repente,
menciona “os filhos (crianças)”? Porque o Espírito
testifica algo básico. Testifica o nosso relacionamento
primário e inicial com Deus. Como já mencionei,
podemos ser filhos (crianças) de Deus sem o
crescimento de um filho adulto, e podemos ser filhos
adultos sem a qualificação de um herdeiro. Seria
prematuro para o Espírito Santo testificar que todos
nós somos herdeiros de Deus. A maioria de nós não
está maduro o suficiente para tal testemunho. Assim
o Espírito testifica o relacionamento mais básico e
elementar — o de sermos filhos (crianças) de Deus.
Ele testifica com o nosso espírito que somos os filhos
(crianças) de Deus. Portanto o testificar do Espírito
Santo começa com a tenra idade, desde o nosso
nascimento espiritual. A despeito de quão jovem ou
novo você possa ser, se for um filho (criança) de Deus,
o Espírito de Deus testifica com o seu espírito. Note
que o versículo não diz “em nosso espírito”. Se
dissesse “em nosso espírito”, significaria que apenas o
Espírito de Deus testifica, mas que o nosso espírito
não testifica. Contudo diz que o Espírito testifica com
o nosso espírito, significando que ambos testificam
juntos. O Espírito de Deus testifica e,
simultaneamente, nosso espírito testifica junto com
Ele. Isso é maravilhoso!
Alguns podem dizer: “Não sinto que o Espírito de
Deus testifica. Onde está o Espírito de Deus? Não o
sinto. Não tenho qualquer sensação de que o Espírito
de Deus esteja dentro de mim. Nunca O vi e não sou
capaz de senti-Lo. Simplesmente não posso senti-Lo”.
Entretanto você não sente que o seu espírito testifica?
Você deve perceber que enquanto o seu espírito está
testificando, significa que o Espírito Santo também o
está. Você não pode negar que o seu espírito testifica
dentro de você. O apóstolo Paulo foi muito sábio. Ele
disse que o Espírito testifica com o nosso espírito.
Quando o nosso espírito testifica, isso é também o
testificar do Espírito~ porque os dois espíritos foram
misturados como um. E muito difícil para qualquer
pessoa distinguir esses dois espíritos.
C. O Guiar do Espírito
Muitos cristãos têm um conceito natural e errado
com respeito ao guiar do Espírito. As pessoas
constantemente pensam que a direção do Espírito
vem de repente do terceiro céu ou de qualquer outra
parte. Alguns pedem ao Senhor um sinal, dizendo: “6
Senhor, dá-me um sinal, uma indicação, se devo ou
não comprar isto. Senhor, se houver transporte
disponível, isto será um sinal que Tu queres que o
compre, mas se não houver transporte, significa que
Tu não desejas que eu compre. Senhor, mantém as
lojas abertas, pois se elas estiverem fechadas indicará
que Tu não queres que eu compre qualquer coisa.”
Esse é um exemplo de um conceito errado com
respeito à direção do Senhor.
Você observou a primeira palavra no versículo 14
relacionada ao guiar do Senhor? A primeira palavra é
“porque”, uma palavra que nos leva de volta ao que
Paulo mencionou anteriormente e que indica que o
versículo 14 é uma continuação daquele assunto.
Assim o guiar no versículo 14 relaciona-se aos itens
que foram abordados nos versículos precedentes.
Agora o ponto principal dos versículos anteriores é
andar de acordo com o espírito para podermos
cumprir os requisitos. justos da lei de Deus. Como
podemos ter o guiar do Espírito? Não é pelo orar nem
pelo olhar para sinais ou indicações. Podemos ter o
guiar do Espírito por andarmos de acordo com o
espírito.
A direção do Espírito não provém, nem depende
de coisas externas. O guiar do Espírito é o resultado
da Vida Interior. Eu diria que ele vem da sensação da
vida, da consciência da vida divina dentro de nós. A
palavra vida é mencionada no mínimo cinco vezes em
Romanos 8. Assim a direção do Espírito é uma
questão de vida, uma questão da sensação e da
consciência da vida. A mente posta no espírito é vida
(v. 6). Como podemos conhecer essa vida? Não é por
meio de coisas exteriores, mas pela sensação interior
e pela consciência da vida. Há um sentido interior
que vem de pôr a mente no espírito. Se nossa mente é
posta no espírito, somos imediatamente fortalecidos
e interiormente satisfeitos. Também somos lavados e
refrescados. Por meio dessa sensação e dessa
consciência podemos conhecer a vida dentro de nós, e
por meio desse sentido da vida podemos conhecer
que estamos andando corretamente. Em outras
palavras, sabemos que estamos debaixo do guiar do
Espírito. Portanto o guiar do Espírito no versículo 14
não depende de coisas exteriores; depende
totalmente da sensação da vida dentro do nosso
espírito.
Irmãs, quando vocês estão para ir às compras
não precisam orar: “Senhor, devo ir às compras ou
não? Se não devo ir, dá-me um sinal.” Não há
necessidade de orarem dessa forma. Vocês não
deveriam dizer: “6 Senhor, se não queres que eu vá à
loja, impede-me.” Nunca ore ou pense dessa maneira.
Não pense que, se o Senhor não a impedir de ir fazer
compras, você tem o guiar do Senhor. Tudo poderia
estar desimpedido externamente, mas como estaria
interiormente? Talvez após estacionar o automóvel e
enquanto estiver andando em direção à porta da loja,
você não tenha paz interior. Ao invés de estar
interiormente fortalecida, você se sente frustrada.
Entretanto, uma vez que tudo está desimpedido
exteriormente, você prossegue. Contudo,
interiormente, quanto mais perto da loja você estiver,
mais vazia se sentirá. Você pode ser capaz de se
justificar por meio de coisas externas: pelo fato de
que você tem o dinheiro; que o seu marido, que receia
por você, está consentindo; que o tempo está
excelente, e que há pouco tráfego. Você diz a si
mesma: “Você não crê que Deus é soberano? Todas as
coisas estão cooperando para o bem.” Não questiono
as coisas externas. Pergunto a respeito das suas
sensações interiores. Embora tudo esteja certo
externamente, você está vazia e fraca interiormente.
Você não tem a unção, o lavar ou a paz interior.
Que isso significa? Significa que a direção do
Espírito está dentro de você, em sua vida interior. Os
incrédulos não têm a vida divina que está dentro de
nós. A vida divina dentro de nós nos guia
constantemente, não através de sinais ou indicações,
mas por nos dar uma sensação interior, um
sentimento ou uma consciência. Assim Paulo diz:
“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus
são filhos de Deus.” Se você é guiado por coisas
exteriores, isso não prova que você é um filho de
Deus. Contudo, se você é guiado pela sensação
interior da vida divina, isso indica que você é um filho
de Deus. Somos os filhos de Deus porque temos a
vida de Deus. Por que as pessoas do mundo não são
filhos de Deus? Porque eles não têm a vida de Deus.
Considere o caso do burro usado por Balaão, o
profeta pagão. Sem dúvida, o burro foi levado a falar
uma linguagem humana. Apesar disso aquela direção
não proveio da vida, mas de um dom miraculoso. O
guiar que vem de tal dom não indica que somos filhos
de Deus. O burro foi levado a falar linguagem
humana, mas isso não era indicação de que ele tivesse
vida humana, muito menos que fosse um filho de
Deus.
Quando vocês, irmãs, estão para ir a uma loja,
embora tudo esteja claro externamente, vocês
precisam obedecer a sensação interior da vida.
Quando se aproximar da entrada da loja, algo
interior, dentro de você, pode lhe falar: “Volte”. Você
não ouve uma palavra audível, mas tem a sensação de
trevas, fraqueza e sequidão, quando está quase para
entrar na loja. Uma vez que você é um filho de Deus,
tem tal indicação da vida interior. Você tem algo que
as pessoas no mundo não têm. Porque você tem a
vida de Deus, tem o guiar que resulta dessa vida. Essa
direção indica que você é um filho de Deus. Essa é a
razão pela qual no versículo 14 Paulo diz que todos os
que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus.
Onde está o guiar que Paulo menciona no
versículo 14?
Está nos versículos 4 e 6. A direção do Espírito
vem quando você anda de acordo com o espírito e põe
sua mente no espírito. Se você andar de acordo com o
espírito e puser sua mente no espírito, descobrirá que
tem o guiar do Espírito. Você terá a consciência de
que está andando, comportando-se e vivendo de
acordo com o espírito. Você não deveria violar essa
sensação interior ou desobedecer essa consciência
interna, pois ela é, verdadeiramente, o guiar do
Espírito. Quando você tem essa sensação interior,
significa que está sendo conduzido pelo Espírito.
Portanto, pôr sua mente no espírito é estar debaixo
do guiar do Espírito. A vida interior dá a você a
sensação, mesmo nas pequenas coisas, de que você
está ou não debaixo da direção do Senhor. Assim
somos guiados pelo Espírito por andarmos de acordo
com o espírito e por colocarmos nossa mente no
espírito. Portanto, o guiar do Espírito mencionado no
versículo 14 não veio do ambiente exterior, mas da
sensação interior e da consciência da vida divina.
Esse guiar prova que somos filhos de Deus, pois
“todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus.”
Gostaria de dizer uma palavra especialmente
para os adolescentes que possam estar lendo esta
mensagem. Enquanto seus colegas de classe estão
conversando de maneira mundana, vocês podem se
achar, até certo ponto, incapazes de se juntar a eles na
conversa. Embora nada exteriormente os frustre,
vocês sentem uma proibição interior. Esse controle
interior vem da vida de Deus dentro de você, a vida
que faz de você um filho (criança) de Deus. Os seus
colegas de classe podem estar discutindo sobre coisas
pecaminosas de maneira alegre, excitada, mas a vida
divina dentro de você não lhe permite dizer uma
palavra. Pelo contrário ela leva você para longe deles.
Esse é o guiar do Espírito. Essa direção do Espírito o
distingue como um filho maduro de Deus. Por causa
dessa separação pelo guiar do Espírito, seus colegas
de classe desejarão saber o que lhe aconteceu. Eles
desejarão saber porque você não fala o que eles falam
e o que é diferente em você. Desejarão saber por que
eles são filhos do diabo e por que você é um filho de
Deus. Você tem a direção do Espírito dentro de si.
Também gostaria de dizer uma palavra sobre
modas e estilos de roupas. Hoje os filhos do diabo
têm seus estilos e modas. Certamente toda última
moda é o guiar do diabo. A última moda é uma marca
dos filhos do maligno. Nenhum cristão deveria
vestir-se de tal maneira. Apesar de as igrejas na
restauração do Senhor não afixarem uma lista de
regulamentos exteriores com respeito ao vestir,
dentro de você há a vida divina que o faz um filho de
Deus. Quando os seus amigos, parentes e colegas de
classe se vestem de maneira diabólica, dentro de você
está uma sensação que não lhe permite vestir-se
daquela maneira. Essa é a direção do Espírito, a
marca que o designa um filho de Deus.
Como sabemos que somos os filhos de Deus?
Sabemos pelo guiar do Espírito, pois o guiar do
Espírito põe uma marca sobre nós. A vida interior
constantemente nos dá uma sensação ou consciência
de que não deveríamos nos comportar como as
pessoas mundanas o fazem. Devemos ser diferentes
dos nossos parentes, amigos, colegas de classe e
vizinhos. Quando obedecemos a sensação interior da
vida, espontaneamente expomos uma marca que diz
às pessoas que somos diferentes dos filhos do diabo,
que temos a vida de Deus dentro de nós, a qual nos
faz filhos de Deus. Esse é o guiar do Espírito. Não
considere o guiar do Espírito mencionado no
versículo 14 como uma questão exterior. É totalmente
uma sensação interior, que provém da vida divina em
nosso espírito.
Este guiar do Espírito pela sensação interior da
vida divina não acontece como um acidente. É uma
questão contínua em nossa vida diária, exatamente
como a respiração. A respiração normal é uma
respiração contínua. Quando a respiração se torna
algo acidental, é uma indicação que algo está errado
com a nossa saúde. Visto que o guiar do Espírito é
uma questão de vida, deveria continuar normalmente
em cada aspecto do nosso andar diário. Esse é o guiar
do Espírito. Essa direção do Espírito em nossa vida
diária é a prova de que nós somos filhos de Deus.
Se não vivemos e andamos de acordo com esse
guiar do Espírito, podemos ser filhos (crianças) de
Deus no que diz respeito a que o Espírito testifica com
o nosso espírito em clamar: “Aba, Pai”, mas nós não
temos a marca que nos designa filhos de Deus.
Podemos ser os filhos (crianças) de Deus, mas não
termos o crescimento que vem pelo viver e andar de
acordo com o guiar do Espírito na vida. O guiar do
Espírito nos distingue como os filhos maduros de
Deus, no crescimento de vida.
Precisamos perceber a diferença entre os filhos
(crianças) de Deus no versículo 16 e os filhos maduros
de Deus no versículo 14. Os filhos (crianças) de Deus
estão no estágio inicial da vida divina, o estágio que
diz respeito principalmente ao nascimento, enquanto
os filhos maduros de Deus estão em um estágio mais
avançado, o estágio que diz respeito ao crescimento
em vida. Para sermos filhos (crianças) de Deus,
precisamos do testificar do Espírito com o nosso
espírito, mas a fim de sermos os filhos maduros de
Deus precisamos da direção do Espírito, por meio da
sensação da vida divina. Uma vez que temos o
testificar do Espírito com o nosso espírito, temos a
certeza de que somos os filhos (crianças) de Deus.
Contudo, a fim de termos a prova, a marca, de que
somos os filhos maduros de Deus, precisamos ter a
direção do Espírito e viver e andar de acordo com a
sensação interior da vida divina. Todos os cristãos
verdadeiros são filhos (crianças) de Deus, tendo o
testificar do Espírito com o espírito deles, mas nem
todos têm a marca de que eles são os filhos maduros
de Deus, que estão crescendo na vida divina e vivendo
e andando de acordo com a direção do Espírito.
Portanto todos nós devemos avançar no crescimento
em vida, do estágio inicial de sermos os filhos
(crianças) de Deus para o estágio mais avançado,
mostrando que somos os filhos maduros de Deus por
levarmos a marca distinta do guiar do Espírito em
vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 19
HERDEIROS DA GLÓRIA (2)
D. As Primícias do Espírito
Romanos 8:17 diz: “E, se filhos, também
herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo;
se é certo que com ele padecemos, para que também
com ele sejamos glorificados” (IBB — Rev.). No
versículo 17 vemos que progredimos de filhos para
herdeiros. Somos herdeiros de Deus e co-hcrdeiros de
Cristo. O pensamento de Paulo aqui
é muito forte. Notem, por favor, o ponto e vírgula
neste versículo. Ele indica que há uma condição
envolvida em ser-, um herdeiro. Não deveríamos
dizer que simplesmente por sermos filhos somos
herdeiros. Isso é muito precipitado. Não há qualquer
condição imposta para nós sermos os filhos de Deus.
Uma vez que o Espírito testifica com o nosso espírito,
somos os filhos de Deus. Contudo para progredirmos
de filhos para herdeiros há uma condição. Essa
condição é mencionada na parte final do versículo.
A condição para sermos herdeiros de Deus e
co-hcrdeiros de Cristo é que “se é certo que com ele
padecemos, para que também com ele sejamos
glorificados.” Podemos não gostar de sofrimento, mas
necessitamos dele. Lembrem-se de que o sofrimento
é a encarnação da graça. Não deveríamos ser afligidos
pelo sofrimento. Se sofrermos com Ele, seremos
glorificados com Ele. Embora eu não possa dizer que
sem sofrimento não seremos 'glorificados, é certo que
o grau do nosso sofrimento determina o grau da
nossa glória. Quanto mais passarmos por sofrimento,
mais nossa glória será intensificada, pois o
sofrimento aumenta a intensidade da nossa glória.
Gostamos de ser glorificados ~as não queremos
experimentar o sofrimento. Contudo o sofrimento
aumenta a glória. Em 1 Coríntios 15:41 Paulo diz que
uma estrela difere da outra em glória, indicando que
algumas estrelas brilham mais intensamente que
outras. Todos brilharemos e todos seremos
glorificados: mas a intensidade da nossa glória
dependerá da quantidade de sofrimento que
desejamos suportar. É certo que o apóstolo Paulo
naquele dia brilhará mais intensamente que todos
nós. Você crê que brilhará tão intensamente quanto
Paulo? Todos seremos glorificados, mas a intensidade
da nossa glória diferirá de acordo com o nosso
sofrimento. Por isso Paulo diz no versículo 18:
“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos
do tempo presente não são para comparar com a
glória por vir a ser revelada em nós.” O sofrimento
presente nada significa comparado com a glória
vindoura.
No versículo 19 lê-se: “A ardente expectativa da
criação aguarda a revelação dos filhos de Deus.”
Todos somos filhos de Deus. Como mencionei
anteriormente, se dissermos as pessoas na rua que
somos filhos de Deus, elas pensarão que estamos
loucos. Elas dirão: “Olhe para você e para mim. Qual
é a diferença entre nós? Nós dois somos seres
humanos. Você não é diferente de mim. Você é
apenas outra pessoa. Por que você diz que é um filho
de Deus?” Contudo o dia virá quando os filhos de
Deus serão manifestados. Naquele dia não haverá
qualquer necessidade de declarar: “De agora em
diante somos os filhos de Deus”, porque todos
seremos glorificados. Estaremos na glória,
designados como filhos pela glória de Deus. Então
todas as outras pessoas terão de admitir que somos os
filhos de Deus. Elas dirão: Olhe para estas pessoas.
Quem são estas pessoas tão cheias de glória. Elas
devem ser filhos de Deus.” Não haverá necessidade de
dizermos nada. Seremos designados pela nossa
glorificação. Toda a criação está esperando por isto
com olhos vigilantes, pois a criação aguarda
ardentemente a revelação dos filhos de Deus.
O versículo 20 continua: “Pois a criação está
sujeita à vaidade não voluntariamente, mas por causa
daquele que a sujeitou.” Devemos notar a palavra
“vaidade”. Toda a criação está sob a vaidade. Tudo
debaixo do sol é vaidade. O sábio rei Salomão disse:
“Vaidade de vaidade! Tudo é vaidade” (Ec 1:2). A
criação está sujeita à vaidade.
Em seguida, o versículo 21 diz: “Na esperança de
que também a própria criação há de ser liberta do
cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos
filhos de Deus” (IBB — Rev.). Devemos notar outras
duas palavras: “escravidão” e “corrupção”, Em todo 6
universo não há nada exceto vaidade e corrupção,
Essa corrupção é uma espécie de escravidão, uma
escravidão que amarra toda a criação. A criação foi
sujeita à vaidade na esperança de que estará livre da
escravidão da corrupção para a liberdade da glória
dos filhos de Deus. Um dia os filhos de Deus serão
glorificados, introduzidos na glória. No tocante
àquela glória haverá liberdade, e aquela liberdade
será um reino, uma esfera ou domínio. A glória toda
será um reino, uma esfera para dentro da qual
seremos levados. Quando formos levados para aquela
liberdade ou reino de glória, a criação será libertada
da vaidade, da corrupção e da escravidão. Essa é a
razão porque toda a criação está esperando aquele
tempo. Temos muito a ver com a criação, pois o
destino futuro dela depende de nós. Se
amadurecermos lentamente, a criação culpar-nos-á e
murmurará contra nós. Ela dirá: “Queridos filhos de
Deus, vocês estão crescendo muito lentamente;
estamos esperando pelo tempo da sua maturidade, a
época quando vocês entrarão na glória, a época
quando seremos libertos da vaidade, da corrupção e
da escravidão.” Devemos ser fiéis à criação e não
desapontá-la.
O versículo 22 diz: “Porque sabemos que toda a
criação, conjuntamente, geme e está com dores de
parto até agora” (IBB — Rev.). Parece que uma estrela
geme para a outra e que a lua geme para os planetas.
Todos eles gemem juntos. Não somente a criação
geme juntamente, ela também suporta angústia como
nas dores de parto. Toda a criação está gemendo e
suportando angústias até agora.
O versículo 23 segue dizendo: “E não somente
isso, mas também nós mesmos, que temos as
primícias do Espírito, até nós gememos em nós
mesmos, aguardando ardentemente a filiação, a
redenção do nosso corpo.” Embora tenhamos nascido
pela regeneração como filhos de Deus e temos o
Espírito como a primícia, também gememos porque
ainda estamos no corpo que está ligado à velha
criação. Devemos admitir que nosso corpo ainda
pertence à velha criação. Uma vez que o nosso corpo
pertence à velha criação e ainda não foi redimido,
estamos gemendo nele como faz a criação. Contudo
enquanto estamos gemendo, temos a primícia do
Espírito. A primícia do Espírito é para o nosso
desfrute, é um antegozo da colheita vindoura. Essa
primícia é o Espírito Santo como amostra do sabor
completo de Deus como nosso desfrute de tudo o que
Deus é para nós. Deus é muito para nós. O sabor
completo virá no dia da glória. Apesar disto, antes de
vir o sabor completo, Deus nos deu hoje um antegozo.
Esse antegozo é o Seu Espírito divino como primícia
da colheita do desfrute pleno de tudo o que Ele é para
nós.
Se você falar com os incrédulos eles admitirão
que, de certa forma, têm algum gozo em suas
diversões, tais como dançar e jogar. Contudo, eles
também lhe dirão que são infelizes. Você pode
perguntar-lhes: “Por que você vai dançar ou vai a uma
casa de jogos”? Eles responderão: “Por estar muito
triste, muito deprimido. Eu preciso fazer alguma
coisa.” Eles também estão gemendo, mas somente
gemendo, nada mais. Nós, pelo contrário, quando
estamos gemendo, temos dentro de nós o Espírito
como a primícia, como um antegozo do próprio Deus.
Mesmo quando estamos sofrendo, temos gozo.
Temos o sabor da presença do Senhor. A presença do
Senhor é simplesmente o Espírito como a primícia
para o nosso gozo. Assim somos diferentes das
pessoas do mundo. Elas experimentam o gemer sem
o gozo interior. Nós, contudo, gememos
exteriormente, mas regozijamo-nos interiormente.
Por que nos regozijamos? Regozijamo-nos porque
temos a primícia do Espírito. O Espírito divino dentro
de nós é o antegozo de Deus que nos conduz a
experimentar completamente o desfrute de Deus.
Esse é um grande item nas bênçãos da filiação.
Enquanto estamos gemendo e desfrutando da
primícia do Espírito, estamos aguardando a filiação.
Aqui filiação significa a filiação plena. Ainda que
tenhamos a filiação dentro de nós, esta filiação ainda
não se tornou plena. Naquele dia conheceremos a
filiação plena. Que é a filiação plena? É a redenção do
nosso corpo. Temos a filiação em nosso espírito pela
regeneração e podemos também ter a filiação em
nossa alma pela transformação, mas por enquanto
não a temos em nosso corpo, por meio da
transfiguração. No dia vindouro também teremos a
filiação no nosso corpo. Isto é a filiação plena, a nossa
ardente esperança.
Enquanto estamos esperando, precisamos
crescer. Não precisamos tanto de gemer como
precisamos de crescer. Ainda que precisemos nos
alegrar continuamente, enquanto estamos nos
alegrando, precisamos crescer. Muitos entre nós são
muito jovens, muito imaturos. Todos precisamos
crescer e ser amadurecidos. A hora da vinda daquele
glorioso dia depende do nosso crescimento em vida.
Quanto mais depressa crescermos, mais cedo aquele
dia virá.
No versículo 24 Paulo diz: “Porque na esperança
fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é
esperança; pois o que alguém vê) como o espera?”
Qual é a esperança aqui mencionada? E a esperança
da glória. Fomos salvos na esperança de que algum
dia entraremos na glória. Paulo diz que “a esperança
que se vê não é a esperança; pois o que alguém vê,
como o espera?” Que isso significa? Significa que
aquilo pelo qual nós esperarmos será maravilhoso,
pois nunca o vimos. Portanto é uma esperança real.
Se tivéssemos visto ainda que um pouco dela, tal não
seria uma esperança excelente. Se você me
perguntasse acerca da glória no futuro, eu diria que
não sei nada sobre ela porque nunca a vi. Não posso
falar sobre aquela glória porque não a vi. É uma
esperança maravilhosa.
O versículo 25 continua: “Mas, se esperamos o
que não vemos, com paciência o aguardamos.”
Muitos santos esperançosos têm perguntado:
“Senhor, por quanto tempo? Outros dez anos? Mais
uma geração? Quanto tempo Senhor?” Isso é um teste
para a nossa paciência.
E. A Ajuda do Espírito
“E da mesma maneira também o Espírito ajuda
as nossas fraquezas; porque não sabemos o que
havemos de pedir como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis” (VRC). Que a frase: “da mesma
maneira” significa? Por que Paulo diz isso? E difícil
entender essa frase. Eu creio que ela tem um
significado todo-inclusivo. “Da mesma maneira”
inclui todos os pontos dos versículos precedentes:
aguardando, ardentemente, gemido, perseverança,
esperança e assim por diante. A frase “da mesma
maneira” relaciona-se a todos estes pontos. Enquanto
estamos gemendo, o Espírito Santo também está
gemendo. Enquanto estamos aguardando, Ele está
aguardando. Enquanto estamos esperando e
perseverando, Ele está esperando e perseverando.
Tudo o que somos Ele também é o mesmo. “Da
mesma maneira” o Espírito se une para ajudar-nos.
Que conforto' isto é! Enquanto estamos gemendo,
vigiando e aguardando, Ele também está gemendo,
vigiando e aguardando. Ele é exatamente como nós.
Se estamos fracos, Ele também está aparentemente
fraco, embora na verdade Ele não seja. Ele se
compadece das nossas fraquezas. Ele parece estar
fraco por causa de nossa fraqueza para poder
participar nela. Quando oramos alto: “Oh, Pai”, Ele
também ora alto. Ele também ora em voz baixa
quando oramos em voz baixa. Podemos dizer: “Oh,
Pai, sou tão miserável. Tenha misericórdia de mim.”
Quando oramos desta maneira, Ele também ora por
nós “da mesma maneira”. Da forma como oramos,
Ele também ora. Da forma como somos, Ele também
é. Se oramos rápida, alegre e altamente, Ele também
ora dessa maneira. Nossa maneira é a Sua maneira.
Não pense que o Espírito Santo é tão diferente de nós
que quando O recebermos seremos pessoas
extraordinárias. Não é este o pensamento contido em
Romanos 8. Romanos 8 revela-nos que o Espírito
Santo é de acordo com a nossa maneira. Irmãs, vocês
estão desiludidas? Algumas irmãs dizem: “Não
podemos gritar. Não podemos orar da maneira alta
como os irmãos. Por causa disso, parece que fomos
desprezadas.” Confortem-se irmãs. O Espírito ora na
maneira de vocês. De qualquer maneira que você seja,
Ele também é. Louvado seja o Senhor!
Paulo também diz que o Espírito une-se a nós
para ajudar-nos. Ele participa nas nossas fraquezas a
fim de ajudar-nos. O Espírito não nos pede que nos
unamos a Ele; Ele se une a nós. O Espírito não diz:
“Suba para o mais elevado padrão para unir-se a
mim.” Nenhum de nós pode fazer isso. Assim o
Espírito une-se segundo a nossa maneira. Se a sua
maneira é rápida, Ele também será rápido. Se você é
lento, Ele será lento. Tente orar. Quer você ore forte
ou fracamente, alto ou de maneira baixa, não importa
para Ele. Se você orar, Ele orará em você “da mesma
maneira”. “Da mesma maneira” Ele unir-se-á a você
para ajudá-lo.
Se um homem é coxo e eu quiser ajudá-lo a
andar, tenho de ter a sua maneira. De igual forma, se
quero aproximar-me de um menininho, devo fazê-lo
da sua maneira. Não deveria dizer: “Menininho, eu
sou um grande gigante que veio ajuda-la.” Se fizer
isso, o menino olhará para mim e dirá: “Não quero
você. Você é muito diferente de mim.” Se quiser
ajudar o menininho, devo diminuir-me e
espremer-me até ser um menininho e dizer: “Posso
brincar com você?” Se disser isso, o menininho ficará
feliz e responderá: “Bom! Vamos brincar juntos.” Isso
quer dizer que me uno para ajudá-lo na maneira dele.
Algumas vezes os irmãos mais velhos na vida da
igreja são muito grandes, muito altos. Embora eles
tentem ajudar os santos, eles não os ajudam na
maneira deles. No dia da ressurreição, o Senhor Jesus
veio para dois discípulos que estavam no caminho de
Emaús (Lucas 24:13-33). O Senhor uniu-se a eles
totalmente à maneira deles. Enquanto eles estavam
conversando, o Senhor Jesus aparentou não saber de
nada. Ele parecia perguntar: “Que vocês estão
falando?” Os dois discípulos repreenderam-No: “Não
sabes as coisas que aconteceram nestes dias?” O
Senhor disse: “Que coisas?” Eles disseram: “O
homem Jesus de Nazaré, um profeta poderoso em
palavra e obras foi condenado à morte e crucificado.”
O Senhor Jesus nem os repreendeu nem se revelou a
eles. Manteve-se segundo a maneira deles,
caminhando com eles até chegarem perto da vila. Eles
pediram-Lhe para ficar com eles e Ele o fez. Enquanto
estavam sentados na sala, o Senhor tomou o pão e o
partiu. Somente então os olhos deles foram abertos
para ver que era o Senhor. Quando perceberam que
era o Senhor, Ele desapareceu.
Na vida da igreja os irmãos e irmãs mais velhos
precisam ajudar os mais novos conforme a maneira
deles. Eles precisam unir-se para ajudá-las nas suas
fraquezas. Nenhum de nós é muito forte. Todos
estamos gemendo, aguardando e dizendo: “Oh
Senhor, quando?” Dia após dia estamos sofrendo.
Apesar disso o Espírito Santo está presente,
unindo-se a nós para ajudar-nos à nossa maneira.
F. o Interceder do Espírito
Paulo continua dizendo: “Porque não sabemos o
que havemos de pedir como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós com gemidos
inexprimíveis” (VRC). O Espírito intercede por nós
com gemidos, de acordo com nossa maneira. Este
gemido é aparentemente nos, so gemido, mas em
nosso gemido há o gemido do Espírito. E por isso que
o Seu gemido é da mesma maneira que nosso gemido.
Ele está em nós e Seu gemido está em nosso gemido.
Ele geme conosco “da mesma maneira”. A maioria
das nossas orações são bem expressadas com
palavras claras, mas podem não ser provenientes do
nosso espírito. Mas quando temos um encargo real
para orar, ainda que não saibamos como expressá-lo,
então, espontaneamente, somente gememos com
aquele encargo sem qualquer palavra exprimível.
Esta será a melhor oração, em que interiormente o
Espírito intercede por nós gemendo conosco.
Esta espécie de oração inexprimível visa
principalmente o crescimento de vida, com respeito a
verdadeira necessidade da qual não temos muito
entendimento. No tocante a nossa necessidade
material e assuntos de negócios somos claros e
expressamos a oração acerca dessas coisas, mas com
relação à questão do nosso crescimento em vida
estamos necessitados de ambos — do entendimento e
expressão em palavras. Contudo, se estamos
buscando o Senhor com relação ao crescimento em
vida, freqüentemente no profundo do nosso espírito
seremos encarregados com alguma oração acerca da
qual não temos um entendimento claro e pela qual
não temos expressão com palavras. Assim,
espontaneamente somos forçados a gemer. Enquanto
estamos gemendo de dentro do profundo do nosso
espírito, o Espírito que habita em nosso espírito
automaticamente une-se ao nosso gemido,
intercedendo por nós principalmente para que
tenhamos a transformação em vida para o
crescimento até a maturidade da filiação.
O versículo 27 diz: “E aquele que sonda os
corações sabe qual é a mente do Espírito, porque
segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos
santos.” O Espírito intercede segundo Deus. Que
significa isso? Significa que o Espírito intercessor ora
por nós a fim de que possamos ser conformados à
imagem de Deus. Consideraremos mais sobre isso na
próxima mensagem.
G. A Filiação Completa
Temos visto que somos os filhos de Deus
desfrutando todas as bênçãos da filiação. Podemos
enumerar as bênçãos: O Espírito de filiação, o
Espírito que testifica, o conduzir do Espírito, as
primícias do Espírito, o ajudar do Espírito e o
interceder do Espírito. Finalmente teremos a filiação
completa dos filhos de Deus revelada na liberdade da
glória (vs. 19, 21).
Nesta porção da Palavra são usados três termos
importantes — filhos crianças, filhos e herdeiros.
Estas três palavras correspondem aos três
estágios da filiação. A vida de Deus opera em três
estágios para tornar-nos filhos de Deus. A vida de
Deus regenera-nos em nosso espírito, transforma-nos
em nossa alma e transfigura o nosso corpo. Assim
temos regeneração, transformação e transfiguração.
Esses juntos dão-nos a filiação completa. Como
resultado destes três estágios os filhos são
plenamente amadurecidos.
Nesta porção de Romanos está dito que o
Espírito testifica com nosso espírito que somos filhos
(crianças) de Deus (v. 16). No versículo 16 não diz
filhos ou herdeiros, pois no primeiro estágio da
filiação somos simplesmente criancinhas que foram
regeneradas pela vida de Deus. Após isso
cresceremos. Então o versículo 14 diz: “Pois todos os
que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus.” No versículo 14 não mais somos bebês ou
filhos crianças, mas filhos maduros. Quando somos
capazes de ser guiados pelo Espírito, significa que
atingimos certo crescimento em vida. Crescemos de
filhos crianças para filhos maduros que podem ser
guiados pelo Espírito. Isso quer dizer que estamos no
segundo estágio, o estágio de transformação. Como
resultado, tornar-nos-emos herdeiros. Segundo a lei
antiga, os herdeiros tinham de ser maiores,
declarados legalmente herdeiros a fim de
reivindicarem a herança. Portanto, nessa porção de
Romanos temos filhos (crianças) pela regeneração,
filhos maduros pela transformação e herdeiros pela
transfiguração ou glorificação. Nascemos filhos
(crianças) de Deus, estamos crescendo como filhos de
Deus e estamos esperando pelo tempo quando
estaremos totalmente maduros e legalmente
declarados os legítimos herdeiros de Deus. O
processo que nos torna legalmente herdeiros é a
transfiguração do nosso corpo, isto é, a redenção do
nosso corpo, a redenção plena (v. 23). A
transfiguração do nosso corpo qualificar-nos-á para
sermos os herdeiros da herança divina. Essa
transfiguração será consumada pela glorificação.
Há grandes riquezas nesta porção de Romanos e
precisamos de várias mensagens para abrangê-las.
Nesta mensagem vimos um dos três estágios da
composição dos filhos de Deus: regeneração,
transformação e glorificação. Como resultado desses
três estágios, obteremos a filiação plena. Estes três
estágios correspondem aos três estágios da salvação
de Deus: o primeiro estágio, a justificação, produz os
filhos (crianças); o segundo estágio, a santificação,
capacita os filhos (crianças) para crescerem até serem
filhos; e o terceiro estágio, a glorificação, resulta na
transfiguração do corpo a fim de podermos nos
tornar legalmente herdeiros da herança divina.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 20
HERDEIROS DA GLÓRIA (3)
B. Co-herdeiros de Cristo
Daqui em diante precisamos ler mais versículos
de Romanos 8 e comentá-los, incluindo alguns dos
versículos que abrangemos nas duas mensagens
anteriores. Podemos começar com o versículo 17. “E,
se filhos, herdeiros também; herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo, se de fato sofrermos com Ele
para que com Ele também sejamos glorificados” (IBB
— Rev.). Filhos crianças não podem ser legalmente
herdeiros. A fim de tornarem-se legalmente
herdeiros, os filhos crianças devem crescer até serem
filhos e os filhos devem crescer até serem herdeiros.
Quando atingirmos este estágio de crescimento,
seremos glorificados. Embora tenhamos considerado
esse versículo na última mensagem, quero abordá-lo
agora de um outro ângulo. Precisamos entender que o
crescimento genuíno de qualquer tipo de vida
depende de sofrimento e dor. Sem sofrimento ou dor
é difícil para qualquer vida crescer. No versículo 17
encontramos a questão de sofrimento. Já salientei
que quanto mais sofrimentos experimentarmos,
maior será o nosso grau de glória. Entretanto o
sofrimento mencionado no versículo 17 não se
relaciona apenas à glorificação exterior; sofrimento é
também para o crescimento em vida. Quanto mais
sofremos, mais crescemos e mais rápido ficamos
maduros. Se uma safra no campo pudesse falar, ela
diria que não cresce somente pela ação do solo, água,
fertilizante, ar e luz solar, mas também pelo
sofrimento. Até mesmo a própria luz solar é uma
fonte de sofrimento, pois o calor ardente do sol
queima a safra até a colheita. Portanto, se espera
crescer, você precisa dizer ao Senhor: “Senhor, eu não
rejeito qualquer tipo de sofrimento. O sofrimento
ajuda o meu crescimento.” Não deveríamos esperar
uma vida livre de sofrimento.
Muitas vezes usei a ilustração do casamento.
Como um irmão jovem, você sem dúvida espera ter
como esposa uma irmã que se ajuste exatamente à
sua situação. Finalmente, contudo, você descobre que
sua esposa é totalmente o oposto de suas
expectativas. Não pense que seu casamento é
destinado para cortar você em pedaços. Não, você
deve dizer: “Senhor, eu Te agradeço por tal boa
esposa. Minha esposa não me corta em pedaços, ela
me ajuda a crescer.” Nenhum marido gosta de ouvir a
palavra “não” da boca da esposa. Todos nós gostamos
que nossa esposa diga “sim”. Quão doce isso é!
Todavia parece que a maioria das esposas está
acostumada a dizer “não”. Estes “não” proporcionam
muito crescimento para nós, maridos. Irmãos jovens,
vocês deveriam ser confortados quando suas queridas
esposas dizem “não” a vocês. Não fiquem perturbados
ou ofendidos, mas digam: “Senhor, eu Te agradeço
por todos estes 'nãos'.” Tal sofrimento nos ajuda a
crescer e amadurecer. Entretanto, como Paulo diz no
versículo 18, “os sofrimentos deste tempo presente
não são dignos de serem comparados com a glória
vindoura, a ser revelada a nós”. Nós abrangemos esse
aspecto de sofrimento na mensagem anterior.
D. Glorificação
C. Cristo, Perto de Ti
Por favor, prestem atenção ao que Paulo diz no
versículo 8: “Porém, que se diz? A palavra está perto
de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da
fé que pregamos.” O Cristo ressurreto, como a Palavra
viva, está perto de nós, em nossa boca e em nosso
coração. Neste versículo Paulo repentinamente usa o
termo “a palavra” de maneira permutável com Cristo,
indicando assim que esta Palavra é sem dúvida o
próprio Cristo. Cristo em ressurreição, como o
Espírito que dá vida, é a Palavra viva. Isto
corresponde à revelação do Novo Testamento de que
a Palavra é o Espírito. Se ler Efésios 6:18 no texto
grego, você descobrirá que o Espírito é a Palavra.
Portanto, Cristo em ressurreição é tanto o Espírito
como a Palavra. Ele é o Espírito para tocarmos e Ele é
a Palavra para entendermos. Podemos recebê-Lo
tanto como o Espírito quanto como a Palavra. O
Cristo ressurreto como o Espírito que dá vida é a
Palavra viva que está tão perto de nós. Ele está em
nossa boca e em nosso coração. Nossa boca é para
chamar e nosso coração é para crer. Assim podemos
invocá-Lo com a nossa boca e crer Nele com o nosso
coração. Quando O invocamos somos salvos; quando
cremos Nele somos justificados.
Após ser processado por meio da encarnação e
ressurreição, Cristo hoje é tanto o Senhor sentado no
trono de Deus nos céus, como o Espírito que dá vida
movendo-se na terra. Assim, Ele está perto e acessível
a nós. Está tão perto que está até mesmo em nossa
boca e em nosso coração. Ninguém pode estar mais
perto do que isto. Ele é tão acessível que, todo aquele
que Nele crer com o seu coração e invocá-Lo com a
sua boca, participará Dele. Ele cumpriu todas as
coisas, e passou por meio de todo o processo. Agora
Ele está movendo-se na terra, pronto e acessível para
todo aquele que deseja recebê-Lo.
A. Transformação
Antes de considerarmos 12:1, 2, gostaria de dar a
definição de transformação. Transformação é uma
boa palavra. Em grego ela inclui o significado de
mudar, ter uma mudança. Assim a versão em inglês
“King James” traduziu essa palavra em 2 Coríntios
3:18 por “mudados” em vez de “transformados”.
Todavia, essa versão traduz a mesma palavra grega
como “transformados” em Romanos 12:2. Traduzir
essa palavra grega como “mudados” é muito
inadequado. Transformação não denota meramente
uma mudança; significa que algo é mudado tanto em
natureza como em forma. Em português, as palavras
transformado e transformação também significam
uma mudança tanto em natureza como em forma.
Esse tipo de mudança é uma mudança metabólica.
Não é apenas uma mudança exterior, mas uma
mudança tanto na constituição interior como na
forma externa. Essa mudança ocorre por meio do
processo de metabolismo. No processo de
metabolismo, um elemento orgânico cheio de
vitaminas entra em nosso ser e produz uma mudança
química em nossa vida orgânica. Essa reação química
muda a constituição do nosso ser de uma forma para
outra. Isso é transformação.
Suponhamos que certa pessoa tenha uma
aparência muito pálida e que outra pessoa qualquer,
desejando mudar seu aspecto descorado, aplica-lhe
sobre a pele alguma maquilagem. Isso, sem dúvida,
produz uma mudança exterior, não sendo, contudo,
uma mudança orgânica, uma mudança em vida.
Como, então, pode uma pessoa possuir
verdadeiramente um rosto corado? Assimilando
diariamente em seu corpo comida saudável, com os
elementos orgânicos necessários. Pelo fato de o seu
corpo ser um organismo vivo, quando entra nele uma
substância orgânica, um composto químico é
organicamente formado pelo processo do
metabolismo. Gradualmente esse processo interior
mudará a coloração de sua face. Essa mudança não é
exterior, é uma mudança do interior, mudança que
resulta do processo do metabolismo.
De acordo com a Bíblia, essa mudança
metabólica é denominada transformação. No
processo de transformação, a vida de Cristo é
adicionada ao nosso ser. Quando a Sua vida, que é
orgânica e cheia de vitaminas, penetra em nosso ser,
um composto químico espiritual é formado. Isso
muda a nossa constituição tanto em natureza como
em forma. Isto é transformação. Não se trata de uma
correção exterior ou de um ajuste externo. É
totalmente uma mudança metabólica interior, em
nosso elemento orgânico, uma mudança em vida e
com vida por meio do Senhor Espírito (2Co 3:18). No
processo de transformação, o elemento divino é
trabalhado em nós. Se guardarmos em mente esse
entendimento adequado sobre a transformação, ao
abordarmos Romanos 12 até 16, perceberemos que
essa porção da Palavra é totalmente diferente daquilo
que o nosso conceito natural nos levaria a crer que é.
No final de Romanos 8, o processo de vida atinge
a sua conclusão. No capítulo um éramos pecadores,
miseráveis, pessoas vis e cheias do mal. Todavia, após
passarmos por vários capítulos e chegarmos ao final
de Romanos 8, fomos santificados e conformados
como filhos de Deus. Que diferença! No final de
Romanos 8 chegamos à conformidade de filhos de
Deus, filhos amados Dele para sempre. Assim, os
primeiros oito capítulos de Romanos desvendam o
processo da vida que nos leva de pecadores a filhos de
Deus. Então, em Romanos 9 até 11, Paulo
proporciona-nos a revelação da eleição de Deus, da
economia de Deus e do nosso destino. Nessa porção,
Paulo ajuda-nos a perceber como Deus nos elegeu,
fez-nos vasos para contê-Lo, como Ele deseja
preencher-nos com todas as riquezas de Cristo e
estabeleceu uma economia relacionada à ordem na
qual os homens serão salvos. Após falar sobre essas
coisas, Paulo está pronto para falar sobre a prática da
vida. No princípio de Romanos 12, Paulo está
preparado para nos dizer como praticarmos a própria
vida na qual fomos processados e ainda o estamos
sendo. A prática desta vida processada é a vida da
igreja.
B. A Vida do Corpo
A. O Rogar do Apóstolo
Romanos 12:1 diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
compaixões (lit.) de Deus que apresenteis os vossos
corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,
que é o vosso culto racional.” Em 12:1 Paulo fala
rogando, revelando a importância da questão da qual
ele nos irá incumbir. Esta desvenda o desejo e o
propósito de Deus. Por séculos e eras Deus tem
possuído um único desejo — ter um Corpo para
Cristo. Por isso o apóstolo disse: “Rogo-vos, pois,
irmãos, pelas compaixões (lit.) de Deus”. Note que
não se trata de “compaixão” no singular, mas
“compaixões” no plural. Em 9:15 vimos que
compaixão é mais rica e profunda do que
misericórdia. Deus não possui apenas um tipo de
compaixão, mas muitos tipos de compaixões com
respeito a nós. Ele teve compaixão para conosco ao
eleger-nos. Teve compaixão para conosco ao
chamar-nos, salvar-nos e levar-nos à Sua vida. Como
mostram os capítulos anteriores, Ele teve muitas
compaixões a nosso favor, no passado. Foi por meio
dessas compaixões de Deus que o apóstolo Paulo
rogou-nos que apresentássemos nosso corpo a Deus.
Se percebermos as compaixões de Deus e formos
comovidos por elas, faremos o que o apóstolo nos
rogou.
2. Serviço no Serviço
A palavra “serviço” no versículo 7 indica o serviço
dos diáconos e das diaconisas nas igrejas locais (ver
Rm 16:1; 1Tm 3:8-13 e Fp 1:1). Os diáconos e
diaconisas são aqueles que servem em uma igreja
local. Eles. precisa~ ter um espírito de servir e uma
atitude de servir. Eles tem de se manter sempre em
serviço. A prática da vida do Corpo necessita desse
tipo de serviço.
3. Ensino em Ensino
Qual é a diferença entre ensinar e profetizar?
Como vimos, profetizar é falar pelo Senhor sob Sua
inspiração direta, isto é, falar segundo a revelação que
o Senhor dispensou. Ensinar é diferente disso. E falar
fundamentado no profetizar. Alguns irmãos podem se
apropriar do que é dado no profetizar dos outros e
ensinar as pessoas de acordo com isso. Isso é ensino.
Os que ensinam têm de se manter no exercício do seu
dom de ensino.
4. Exortação em Exortação
Que, então, é exortação? Em que ela se difere da
profecia e ensino? A profecia, o ensino e a exortação
são todos dons de falar. Entretanto, a exortação
baseia-se tanto na profecia como no ensino. Talvez
durante uma conferência ou treinamento especial,
um irmão profetize sob a inspiração direta de Deus.
Alguns irmãos recebem a revelação dada naquele
profetizar, levam-na de volta com eles para sua
localidade e ensinam outros segundo ela. Isto é o
ensino. Então, baseado no falar direto sob a
inspiração de Deus e no ensino segundo essa
inspiração, outros podem exortar. Isto é exortação.
Esses três tipos de falar são para a edificação do
Corpo; eles ministram o suprimento de vida aos
santos para que possam crescer juntos pela Palavra
de Deus. Os que exortam também têm de se manter
no exercício do seu dom de exortar.
5. Dar em Simplicidade
A habilidade de dar com simplicidade é também
um dom da graça em vida. Isto denota o dar que
supre e cuida dos necessitados na igreja. Na igreja,
precisamos desses que dão. Precisamos desses que
estão aptos a dispensar bens materiais para ajudar os
necessitados, para apressar a obra do Senhor e para
cuidar das necessidades práticas da igreja. Portanto,
precisamos de muitos santos com tal medida de vida
a fim de que tenham o dom de dar e estarem aptos a
dar com simplicidade.
6. Liderança em Diligência
“O que lidera”, significa os irmãos líderes na
igreja. Todo aquele que deseja ser um irmão líder,
deve primeiro aprender a ser diligente. Se é
desleixado, você não pode tomar parte na liderança.
Eu chamaria a atenção de todos os irmãos líderes
para uma coisa: que a primeira qualidade da
liderança é a diligência. Um irmão líder, isto é, um
presbítero, precisa ser diligente em tudo, de toda
maneira, todo o tempo. A habilidade, a função e o
dom dos presbíteros em tomar a direção depende da
sua diligência.
1. Amando
Ao viver uma vida normal, primeiramente
devemos ter amor para com os outros, No versículo 9
Paulo diz: “O amor seja sem hipocrisia,” e no
versículo 10 diz: “Amai-vos cordialmente uns aos
outros com amor fraterna1.”
2. Mostrando Honra
O versículo 10 também fala de “preferindo-vos
em honra uns aos outros.” Na questão de mostrar
honra devemos nos mover rapidamente e ser os
primeiros a mostrar honra a outros.
1. Não Remissos
Na vida da igreja precisamos ser diligentes.
Nenhuma pessoa remissa pode prevalecer em
praticar a vida da igreja. Para o bem do Corpo, a
nossa preguiça deve ser tratada.
2. Ardendo em Espírito
Pela vida do Corpo, precisamos de um corpo que
é apresentado, uma mente que é renovada na
transformação da alma e um espírito que é ardente.
Todo o nosso ser espírito, alma e corpo — está
incluído na vida da igreja. Pelo bem da vida da igreja,
o nosso corpo precisa ser apresentado, a nossa alma
precisa ser transformada e a nossa mente
metabolicamente mudada. Nossa mente deve ser
renovada, não simplesmente por ser ensinada, mas
por ser transformada, tendo o elemento de Cristo
espalhado para dentro dela, para produzir uma
mudança metabólica. A transformação da nossa alma
primariamente depende da renovação da nossa'
mente. Se levamos a sério praticar a vida da igreja,
precisamos apresentar o nosso corpo, ter a nossa
alma transformada e estar ardentes e ardendo em
nosso espírito. Se temos um coração para a vida da
igreja, mas falhamos em apresentar nosso corpo para
a igreja, não somos práticos. Contudo, suponha que
estejamos fisicamente na vida da igreja, mas nossa
mente está cheia de velhos conceitos, pensamentos e
tradições. Suponha que nossa mente esteja ocupada
por nossa esperteza, imaginações e conceitos
naturais. Podemos vir para a igreja com nosso corpo,
mas. trazemos conosco nossa mente muito
problemática. Tal mente não renovada será um
grande problema para a igreja. O nosso corpo deve
ser apresentado e a nossa mente deve ser renovada.
Suponha, pela misericórdia do Senhor, que o nosso
corpo fosse apresentado e a nossa mente fosse
renovada, mas o nosso espírito ficasse frio. Isso
jamais funcionará na vida da igreja. Após a
apresentação do nosso corpo e a renovação da mente,
precisamos do arder do espírito. Como desejamos ver
todos os santos na restauração do Senhor tendo três
características: um corpo que tem sido totalmente
apresentado para a vida da igreja; uma mente que
tem sido completamente renovada pela
transformação metabólica na alma, uma mente que é
livre de pensamentos mundanos, naturais e
religiosos, inteiramente saturada com a mente do
Senhor; e um espírito que é inflamado. Se todos os
santos na restauração do Senhor forem assim, quão
maravilhosa a vida da igreja será.
C. Para Conosco
Em Romanos 12 também vemos quatro aspectos
de uma vida normal para conosco.
1. Regozijando em Esperança
Nós, cristãos, deveríamos ser um povo alegre,
pois sempre temos o gozo do Senhor. Se desfrutamos
o Senhor em Suas riquezas, não apenas seremos
felizes interiormente, mas alegres exteriormente.
Mesmo em tempos de problema, deveríamos e
podemos nos regozijar em esperança. Não somos
pessoas que estão sem Deus e sem Cristo, não tendo
esperança (Ef 2:12). Temos Deus e temos Cristo.
Portanto, independentemente da situação, temos
esperança e podemos nos regozijar em esperança.
2. Perseverando em Tribulação
Nós, cristãos, também devemos ser capazes de
perseverar em tribulação. Devemos ser um povo
perseverante. Por meio de nos regozijarmos em
esperança, podemos perseverar em qualquer tipo de
tribulação. O capítulo 5:3 diz que podemos exultar
em tribulação. Não apenas perseveramos, mas
também exultamos em tribulação.
3. Persistindo em Oração
Para perseverarmos em tribulação precisamos
ser persistentes em oração. Precisamos orar
persistentemente. Isso não apenas nos capacitará a
perseverar em tribulação, mas também a permanecer
no gozo do Senhor, na Sua presença e na Sua vontade.
I. EM SUBMISSÃO
Romanos 13:1 diz: “Todo homem esteja sujeito às
autoridades superiores; porque não há autoridade
que não proceda de Deus; e as autoridades que
existem foram por ele instituídas.” Um caráter
natural é um caráter rebelde, mas um caráter
transformado é submisso. Submeter-nos às
autoridades designadas por Deus requer certa
quantidade de transformação. Irmãs, se vocês
querem submeter-se a seus maridos, precisam de
transformação. Se somos submissos às autoridades
designadas por Deus, é uma indicação que temos
certa quantidade de transformação, porque nosso
caráter natural e disposição são rebeldes. Nascemos
rebeldes e nossa resposta natural à autoridade é
dizer: “Não.” Portanto, submissão à autoridade
requer transformação, proveniente do crescimento
em vida. “De modo que aquele que se opõe à
autoridade, resiste à ordenação de Deus; e os que
resistem trarão sobre si mesmos condenação” (v. 2).
Não é bom resistir à autoridade. O julgamento ou
cairá sobre você, vindo da autoridade, ou virá a você
diretamente de Deus.
No versículo 5 Paulo diz que “é necessário estar
sujeitos, não somente por causa da ira, mas também
por causa da consciência.” Por causa da consciência,
precisamos aprender, por meio de sermos
transformados, ser sujeitos às autoridades.
Além disso precisamos pagar tributos e impostos
a quem é devido. Também devemos dar respeito e
honra a quem é devido. Dar tributos, temor e honra a
quem é devido, indica que estamos sujeitos à
autoridade.
II. EM AMOR
“A ninguém fiqueis devendo cousa alguma,
exceto o amor com que vos ameis uns aos outros: pois
quem ama ao próximo, tem cumprido a lei. Pois isto:
Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não
cobiçarás, e se há qualquer outro mandamento, tudo
nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo
como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o
próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o
amor.” O mandamento para amar engloba todos os
outros mandamentos. Precisamos do Espírito Santo
para operar em nós e nos dar uma quantidade de
transformação em vida, para que possamos praticar o
amor para com todos os homens. Amor é a expressão
da vida. Não é apenas um comportamento exterior,
mas a expressão da vida interior. Simplesmente
tentar amar sem o suprimento da vida não funciona.
Para amar pessoas e espontaneamente cumprir os
mandamentos, precisamos do suprimento de vida e
da transformação em vida. Nossa vida natural não é
urna vida do amor de Deus. Precisamos ser
transformados em vida, para que tenhamos a
natureza divina de amor para amar pessoas. Se somos
descuidados em amar os outros, não precisamos
transformação em vida. Mas se vamos praticar amor
para com todos os homens, precisamos ser
transformados em vida.
III. NO COMBATE
Agora chegamos à transformação no combater o
combate, indicando combate espiritual. O versículo 11
diz: “E digo isto a vós outros que conheceis o tempo,
que já é hora de vos despertardes do sono; porque a
nossa salvação está agora mais perto do que quando
no princípio cremos.” Salvação aqui significa salvação
no último estágio, que é a redenção do nosso corpo.
Salvação abrange nosso espírito, alma e corpo. No
primeiro estágio da salvação, o Senhor regenera
nosso espírito, no segundo, Ele transforma nossa
alma, e no terceiro, que é o último, no tempo de Sua
volta, Ele transfigurará nosso corpo desprezível em
um glorioso (Fp 3:21). Quando o versículo 11 diz que a
nossa salvação está mais próxima agora do que
quando cremos, está referindo-se ao terceiro estágio
da salvação, à transfiguração do nosso corpo, ou, para
usar outro termo, à filiação plena revelada em 8:19,
21 e 23.
D. Revestir-se de Cristo
O versículo 14 é muito importante. “Mas
revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e nada disponhais
para a carne, no tocante às suas concupiscências.” No
versículo 12 nos é dito para “revestirmo-nos das
armas da luz” e no versículo 14 para “revestirmo-nos
do Senhor Jesus Cristo.” Pondo essas duas frases
juntas, podemos ver que o Senhor Jesus é, Ele
mesmo, as armas da luz. Além disso, a frase “nada
disponhais para a carne” corresponde a 8:12, onde
Paulo diz que “somos devedores, não à carne como se
constrangidos a viver segundo a carne.” O combate
em 13:14 é entre as concupiscências e o Espírito,
como em Gálatas 5:17. Cristo é o Espírito (2Co 3:17).
Por isso precisamos nos revestir de Cristo para lutar a
batalha contra nossas concupiscências. Aqui, a
batalha não é com respeito ao diabo ou principados
do ar, como em Efésios 6:12; refere-se às
concupiscências, contra as quais devemos lutar, por
meio de revestirmo-nos do Senhor Jesus Cristo como
nossas armas da luz. Esse tipo de combate é diferente
daquele em 7:23. Ali há a lei do mal da nossa carne
combatendo a lei do bem na nossa mente; nada tem a
ver com o Espírito. Mas aqui é que nós, por meio de
revestirmo-nos de Cristo, lutamos contra as obras
carnais das trevas.
Que significa revestir-se de Cristo? Fomos
batizados em Cristo e já estamos em Cristo (Rm 6:4;
Gl 3:27). Por que então ainda precisamos revestir-nos
de Cristo? Revestir-se de Cristo, na verdade, significa
viver por Cristo e viver Cristo. Embora estejamos em
Cristo, precisamos viver por Cristo e viver Cristo
praticamente. Precisamos ter um viver diário que é
por Cristo e que expressa Cristo. A expressão de
Cristo em nossa vida diária é a nossa arma, para
lutarmos contra a carne. Uma vez que a batalha, no
versículo 14, não é contra o diabo e a perversidade
espiritual, mas contra a carne com todas as suas
concupiscências, precisamos viver por Cristo. Quanto
mais vivemos por Cristo, mais Ele se torna nossas
armas contra as concupiscências da carne.
V. SEGUNDO CRISTO
Paulo era muito sábio. Se não estivermos no
espírito ao ler esta porção de Romanos, perderemos
muito das profundezas daquilo que Paulo escreveu.
Paulo inicia a seção sobre o acolhimento aos santos
com a questão dos conceitos doutrinários, conceitos
mantidos principalmente pelos judeus religiosos, e a
conclui com o acolhimento aos santos segundo Cristo.
Devemos acolher os crentes não segundo os conceitos
doutrinários, mas segundo Cristo.
A. Suportando as Fraquezas do Fraco
Romanos 15:1 diz: “Mas nós, que somos fortes,
devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não
agradar a nós mesmos” (VRC). No acolhimento aos
crentes, devemos suportar as fraquezas do fraco e não
agradar a nós mesmos. O Senhor Jesus sempre
suporta a fraqueza de Seus crentes (2Co 12:9) e não
agrada a Si mesmo. Ao acolher os crentes, temos de
fazer o mesmo segundo Ele, não agradando a nós
mesmos, mas suportando as fraquezas dos outros.
I. DEUS EM ROMANOS
Vimos que Deus é revelado progressivamente ao
longo de todo o livro de Romanos. Neste livro, Deus é
revelado em doze situações. Em primeiro lugar,
Romanos mostra-nos Deus em Sua criação (1:19, 20).
Deus é invisível; contudo as coisas invisíveis de Deus,
tais como Seu eterno poder e Sua divindade, são
claramente vistas, sendo compreendidas pelas coisas
criadas por Ele.
Em segundo lugar, Romanos revela-nos Deus na
condenação (Rm 2). Após ser criado, o homem caiu e
tornou-se pecaminoso. Isso introduziu a condenação
de Deus.
Depois disso, Romanos apresenta-nos Deus na
redenção (Rm 3). A condenação de Deus revela a
necessidade de salvação do homem, mas para que o
Deus justo salve o homem pecaminoso, a redenção é
necessária.
Após a redenção, Deus é revelado na justificação
(Rm 3 e 4). Deus é justo, Ele não pode ser injusto. A
morte redentora de Cristo cumpriu e satisfez as
exigências justas de Deus para nós, pecadores.
Portanto, a redenção de Cristo não apenas
proporcionou a Deus a base justa para justificar
aqueles que crêem na redenção de Cristo, mas
também o próprio Deus é obrigado por Sua justiça a
fazer assim.
Em seguida, Deus é visto na reconciliação (Rm
5). Éramos não apenas pecadores, mas também
inimigos de Deus. A justificação de Deus está baseada
na redenção de Cristo e resulta em Sua reconciliação.
Aqui, exultamos em Deus e desfrutamos Dele ~m
tudo o que Ele é para nós.
Mais do que isso, Deus é percebido por nós em
nossa identificação com Cristo (Rm 6). Deus não
apenas nos reconciliou Consigo mesmo, mas também
identificou-nos com Cristo. Nascemos em Adão, mas
Deus transferiu-nos de Adão para Cristo. Em
Romanos 6, Deus se tornou o Deus na identificação,
tendo cumprido urna grande tarefa a fim de fazer-nos
um com Ele mesmo. Deus nos identificou com Ele
mesmo em Cristo.
Romanos também mostra que Deus é
experienciado por nós na santificação (Rm 6 a 8). Ele
nos fez um com Cristo, para que fôssemos
santificados não apenas posicionalmente mas
também disposicionalmente, Portanto, a
identificação resulta em santificação. Na santificação,
Ele é Deus em nosso espírito. O próprio Deus que nos
criou, redimiu e nos justificou está agora em nós! Ele
não é mais meramente objetivo para nós, mas é muito
subjetivo. Ele não está apenas nos céus, longe de nós,
está agora dentro de nós, em “nosso espírito” (8:16).
Romanos também revela que Deus é desfrutado
por nós na glorificação (Rm 8). Ele nos preconheceu,
predestinou, chamou e nos justificou. Agora, está
santificando-nos e Ele nos glorificará (8:29, 30).
Além disso, Deus é revelado a nós ainda mais em
Seu amor, que assegura o nosso destino (8:31-39). Na
justificação, Ele nos fez participantes da Sua justiça;
na santificação está trabalhando Sua santidade para
dentro do nosso ser e na glorificação nos levará para
Sua glória. Seu amor é a segurança de todas essas
coisas.
Deus também é visto em Sua eleição (Rm 9 a 11).
Não fornos nós que O elegemos, e, sim, foi Ele que
nos elegeu. Sua eleição é o nosso destino. Em Sua
eleição, fornos destinados a ter urna parte, urna
porção Nele.
Finalmente, Deus é glorificado no Corpo de
Cristo (Rm 12). No capítulo 12, Deus está no Corpo.
Ele não é apenas Deus no espírito dos crentes, mas
também é Deus em urna entidade corporativa e
coletiva.
Por fim, Romanos revela-nos que Deus é
expresso na vida da igreja (Rm 16). O Corpo de Cristo
é espiritual e universal. Ele deve ser expressado de
maneira prática como igrejas em várias localidades.
Deus é expresso em Cristo, Cristo é expresso em Seu
Corpo e o Corpo de Cristo é ex-presso nas igrejas.
Quando chegamos em Romanos 16, descobrimos que
Deus está nas igrejas locais. Por um lado, Deus está
em nosso espírito; por outro lado, está em todas as
igrejas locais.
AS SEÇÕES PRINCIPAIS
Agora precisamos considerar as principais seções
do livro de Romanos. Nenhum dos outros livros na
Bíblia é tão bem organizado como Romanos.
Portanto, é fácil subdividi10. Este livro está
subdividido em três seções principais. O capítulo um
até o oito compõem a primeira seção; o capítulo nove
até o onze, a segunda seção; o doze até o dezesseis, a
tercei! a seção. Nesta mensagem colocaremos de lado,
temporariamente, a seção intermediária e
consideraremos apenas a primeira e a última seção.
A SALVAÇÃO PESSOAL
A primeira seção trata da salvação pessoal dos
que creêm em Cristo. Em outras palavras, é uma
seção referente à salvação pessoal. Não vemos o
Corpo nessa seção. Temos os muitos irmãos de Cristo,
mas ainda não temos os muitos membros do Corpo.
No capítulo oito lemos a respeito dos muitos irmãos
do Primogênito (v. 29). Embora os muitos irmãos
sejam, sem dúvida, os membros do Corpo de Cristo, o
capítulo oito não se refere a eles como membros, mas
como irmãos do Filho primogênito. No capítulo oito,
o conceito não foi tão longe a ponto de alcançar o
Corpo. É ainda uma questão da vida divina produzir
os muitos filhos. Assim, os muitos filhos são
chamados não os muitos membros do Corpo de
Cristo, mas os muitos irmãos do Filho primogênito.
No Novo Testamento, o Filho de Deus está
relacionado à vida. Se você tem o Filho de Deus, você
tem a vida (1Jo 5:11-12). Se você não tem o Filho, não
tem a vida. Porque temos a vida divina, tornamo-nos
irmãos do Filho primogênito. Agora Deus não apenas
tem o único Filho, apenas o Filho gerado, mas
também os muitos filhos, os irmãos do Primogênito.
CONSTITUÍDOS PECADORES
A partir de 5:12, Paulo não expõe o que fizemos,
mas o que somos. Somos constituídos pecadores
(5:19). Antes de termos pecado, já tínhamos sido
constituídos como pecadores. Tomem como exemplo
uma macieira. Antes de ela produzir maçãs, ela já é
um pé de maçã. Ela produz maçãs porque é uma
macieira. Se não fosse um pé de maçã, não seria capaz
de produzir maçãs. Do mesmo modo, cometemos
pecados porque somos pecadores. Não pense que nos
tornamos pecadores por cometermos pecados. Não,
cometemos pecados porque somos pecadores,
exatamente como a macieira produz maçãs, porque é
uma macieira. Não diga: “Eu não sou um pecador,
porque não faço coisas malignas. Sou sempre muito
bom.” Embora possa ser bom, você ainda é um
pecador, pois nasceu um pecador. Você foi
constituído um pecador antes mesmo de ter nascido.
Quando viemos ao mundo, viemos como pecadores.
Não pense que você se tornou um pecador depois de
ter nascido. Não, você foi constituído um pecador em
Adão, muito antes de ter nascido. Esse é o conceito de
Paulo. Assim, em nosso comportamento, somos
pecaminosos e em nosso ser somos constituídos
pecadores.
Além disso, somos também carentes da glória de
Deus (3:23). O pensamento de carecermos da glória
de Deus pode soar estranho para muitos. Nenhum
conceito humano pode explicar isso. As pessoas
podem entender-nos quando lhes falamos que suas
ações são pecaminosas e podem ser convencidas de
que foram constituídas pecadores. Porém, se lhes
dissermos que, como pecadores constituídos que
fazem coisas malignas, eles são carentes da glória de
Deus, eles dirão: “Que você quer dizer? Que é a glória
de Deus?” A glória de Deus é o próprio Deus expresso.
Sempre que Deus é expresso, a glória é vista. Fomos
feitos por Deus à Sua imagem para podermos
expressar a Sua glória. Contudo, pecamos. Agora, ao
invés de expressarmos Deus, expressamos pecado e o
nosso ego pecaminoso. Por isso somos carentes da
glória de Deus. Somos pecaminosos no que fazemos,
somos constituídos pecadores no que somos e somos
carentes da glória de Deus. Essa é a nossa situação,
nossa condição.
O CORAÇÃO DE DEUS
Como salientamos numa mensagem anterior,
após Paulo nos mostrar o trabalho da justiça de Deus,
o saturar de Sua santidade e a glorificação de Sua
glória, ele nos introduz no coração de Deus (8:31-39).
Deus faz tanto por nós, simplesmente porque nos
ama. Ele nos amou eternamente. Desde a eternidade
passada Deus nos amou e Ele ainda nos ama hoje.
Seu coração é nosso apoio, nossa segurança e o Seu
amor é nossa proteção. Não tenha qualquer dúvida
sobre sua salvação pessoal. Deus ama você e lhe
assegura que realizará tudo a seu favor. Se você
cooperar com Ele, Ele realizará isso suavemente. Se
não cooperar com Ele, Ele encontrará algumas
dificuldades, mas finalmente terminará. Embora
possa proporcionar-Lhe algum contratempo, você
não pode frustrá-Lo. Esse contratempo não significa
muito para Ele. Mais cedo ou mais tarde você dirá:
“Pai, eu Te adoro porque Tu me amas. Tu me
escolheste, predestinaste, chamaste e justificaste-me.
Louvado sejas, Senhor, porque Tu me santificaste e
ainda me glorificaste. Aqui estou em glória.” Um dia,
todos nós oraremos dessa maneira. Não mais
louvaremos o Senhor por tais coisas como carros e
casas. Pelo contrário, louvá-Lo-emos pela justiça de
Deus, santidade de Deus, glória de Deus e amor de
Deus. Essa é a estrutura dos oito primeiros capítulos
do livro. de Romanos.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 33
OS PONTOS BÁSICOS NOS CAPÍTULOS CINCO A OITO
Nesta mensagem consideraremos alguns dos
pontos básicos em Romanos 5 a 8.
EM ADÃO
Em Adão há três coisas principais: o pecado, a
morte e o sermos constituídos pecadores (5:19). Em
Adão, herdamos o pecado, estávamos sob o reinar da
morte (5:12, 14) e éramos constituídos pecadores.
Sem dúvida, estávamos também sob a condenação de
Deus. Se éramos bons ou maus, nada significa.
Mesmo que fôssemos as melhores pessoas, em Adão
ainda éramos pecadores sob a condenação de Deus.
Em Adão herdamos o pecado, estávamos sob o reinar
da morte e éramos constituídos pecadores sob a
condenação de Deus. Estes são os fatos. Todos fomos
condenados mesmo antes de nascer. Essa era a nossa
situação.
EM CRISTO
Louvado seja o Senhor por termos o segundo
fato, o fato de estar em Cristo! Como resultado de
estar em Cristo temos graça com justiça (5:17). Em
Adão tivemos o pecado; em Cristo temos graça com a
justiça. O que temos não é só justiça ou só graça, mas
graça com a justiça. A graça com a justiça é contra o
pecado. Em Adão herdamos o pecado. Em Cristo
recebemos graça com o dom da justiça. A graça e a
justiça trabalham juntas porque a graça opera por
meio da justiça. Além disso, em Cristo temos a vida
eterna em lugar da morte. Podemos até reinar nesta
vida eterna (5:17). Embora a morte reinasse uma vez
sobre nós (5:14), agora podemos reinar em vida.
Ainda mais, em Cristo não estamos sob a condenação
de Deus; estamos debaixo da Sua justificação. Em
Cristo fomos todos justificados.
Talvez você esteja perguntando como pode estar
em Cristo. Não ternos dúvidas a respeito de estarmos
em Adão. Mas como podemos estar em Cristo? É por
sermos batizados para dentro Dele (6:3) e crendo
Nele (Jo 3:15). Ser batizado para dentro de Cristo
inclui crer Nele. Portanto, estamos em Cristo por crer
e por sermos batizados. Quando você crê em Cristo,
você, na verdade, crê a si mesmo para dentro Dele. Da
mesma forma, ser batizado dentro da água é um sinal
indicando que estamos sendo batizados para dentro
de Cristo. Deus nos pôs dentro de Cristo (1Co 1:30) e
devemos todos crer neste fato e contar com ele.
Aleluia, estamos em Cristo! Fomos transferidos de
Adão para dentro de Cristo. Hoje posso testificar
confiantemente que não estou mais em Adão — estou
em Cristo. Por estar em Cristo, Sua morte, Sua
ressurreição e tudo o que Ele é tornou-se meu. Tudo o
que Ele fez é meu porque estou Nele.
Considere o exemplo da arca de Noé. A arca, com
as oito pessoas dentro dela, passou por muitas coisas.
O que quer que a arca tenha passado foi também a
experiência daquelas oito pessoas, porque elas
estavam na arca. Este é um tipo claro do nosso estar
em Cristo. Cristo é a nossa arca e nos, o povo
ressurreto, estamos Nele. (O número oito significa
ressurreição). Tudo o que Cristo obteve e conseguiu, e
tudo o que Ele é, agora é nosso. Sua morte é nossa,
Sua ressurreição é nossa e Sua vida é nossa. A morte
de Cristo terminou com todas as coisas negativas no
universo, e Sua morte é nossa. Nada põe fim a uma
pessoa como a morte. Se alguém lhe perguntar se está
morto ou não, você deve responder fortemente: “Sim,
morri dois mil anos atrás (6:6). A morte de Cristo na
cruz resolveu tudo para mim e terminou comigo
completamente. Estou morto.” Louvado seja o Senhor
que estamos todos mortos! Por um lado morremos
com Cristo, por outro lado ressuscitamos com Ele
(6:8, 11). Estamos ressurretos, estamos vivendo e
estamos crescendo juntamente com Cristo na
semelhança da Sua ressurreição (6:5). Todos nós
devemos crer nesses fatos, reconhecê-los e nos
considerar de acordo com eles.
Se permanecermos nesses fatos, podemos nos
apresentar a Deus como escravos, e apresentar
nossos membros como armas de justiça para a
santificação (6:13, 19). Quando consideramos o fato
de que o nosso velho homem foi crucificado e que
estamos vivos para Deus em Cristo Jesus, e quando
nos apresentamos com todos os nossos membros
como armas de justiça para Deus, o caminho está
aberto para a vida divina trabalhar livremente dentro
do nosso ser. Esta vida divina transfundirá tudo o que
Deus é para dentro do nosso ser. Isso é santificação,
Não se trata da redenção objetiva na cruz; este é o
trabalho subjetivo e santificador de Deus em nosso
próprio ser.
NA CARNE
Após percebermos que morremos com Cristo,
devemos também ver que não temos mais nada a ver
com a lei. Por estarmos mortos, estamos libertos,
desobrigados da lei (7:6). Não volte para a lei. Voltar
para a lei significa decidir fazer o bem. Quando você
decide fazer o bem, você está retomando à lei. Se você
ora: “Ó Deus, ajuda-me a ser humilde de agora em
diante”, você está voltando à lei. Embora esteja
orando a Deus, você não está indo a Deus; está indo à
lei. Considere um marido que se arrepende por não
amar a mulher. Ele decide amar sua esposa de agora
em diante e pede ao Senhor para ajudá-lo a amá-la.
Essa oração indica que ele está voltando para a lei.
Posso assegurar-lhe que ele não será capaz de amá-la.
Por mais que ele tente amá-la, mais falhará em
amá-la. Ele encontrar-se-á em Romanos 7, na
situação de não fazer o que deseja mas de fazer o que
não deseja (7:19). Embora possa desejar amar a sua
esposa, você não pode fazê-lo. Você pode desejar
nunca se irar, mas por fim se ira como nunca. Por
quê? Porque indo à lei você está indo à fonte errada.
Você ainda não percebeu que é um caso
completamente sem esperança e sem solução.
Precisamos rejeitar a nós mesmos e dizer ao ego:
“Ego, não confio em você. Ego, não decida fazer coisa
alguma. Você não é apto para fazer qualquer coisa.”
Quando um marido é tentado a decidir amar a
mulher, ele deveria imediatamente dizer: “Satanás, vá
embora de mim. Jamais tentarei isso. Em vez disso,
eu rejeitarei o ego. Meu ego deve ir embora.”
Não decida fazer o bem. Paulo disse: “Pois o
querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo”
(7:18). Paulo prosseguiu dizendo: “Porque não faço o
bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço”
(7:19). Portanto, no versículo seguinte ele conclui:
“Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem
o faz, e, sim, o pecado que habita em mim.” (7:20).
Como mostramos, essa foi a experiência de Paulo
antes de ele ser salvo, mas quase todos os cristãos
passam por isso após serem salvos. Se não tivermos
tal experiência, não seremos expostos ao máximo e
não perceberemos quão sem esperança somos.
Talvez hoje mesmo você tenha decidido fazer o
bem. É tão natural, tão fácil querer isto. Quando
estava um pouco frio para com o Senhor, não decidiu
fazer-Lhe o bem, mas após ser reanimado e voltar-se
ao Senhor, você imediatamente decidiu fazer o bem.
Toda vez que decide fazer o bem, você faz um
mandamento, uma lei autoconfeccionada, para si
mesmo. Essas não são as leis dadas por Moisés; são as
leis decretadas pelo ego. Contudo, o princípio é o
mesmo. Quer seja uma lei dada por Moisés ou uma lei
feita pelo ego, você acabará sendo exposto.
Muitos anos atrás eu costumava orar: “Ó Senhor,
— não quero ficar irado com minha esposa. Quero ser
um bom esposo e amar minha esposa todo o tempo.
Senhor, ajuda-me a amá-la.” Segundo a minha
experiência, nunca recebi uma resposta para tal
oração. Na verdade, quanto mais eu orava sobre
perder a calma, mais eu a perdia. Se você não orar
dessa maneira, pode não perder a calma por uma ou
duas semanas. Mas se orar assim, você perderá a
calma logo após. Nos anos passados, muitas irmãs
vieram a mim e disseram que elas oravam sobre ter
uma boa atitude para com o marido e filhos, mas que
no mesmo dia que oravam, suas atitudes eram piores
do que nunca. Quando as pessoas me faziam tais
perguntas nos anos passados do meu ministério, eu
era como elas. Falando doutrinariamente, eu lhes
dizia que isto era para ajudá-las a saber o que elas
eram. Isso é mera doutrina para nós, até que um dia
somos forçados a perceber que não somos.
absolutamente bons. Uma vez que vemos isso, jamais
decidiremos fazer o bem. Em vez disso, iremos para
Romanos 8.
NO ESPÍRITO
Em Romanos 8 encontramos algo muito simples.
Esqueça-se de fazer o bem. A mente deve ser uma
esposa submissa, mas ela presume ser o esposo. No
capítulo sete, Paulo disse claramente: “Com a mente,
sou escravo da lei de Deus” (v. 25). Essa mente é
muito independente. A mente deveria ser uma
mulher, mas ela presume ser um homem. No capítulo
oito vemos que deveríamos simplesmente andar
segundo o espírito (8:4). Mas e a nossa mente? A
mente dever ser posta no espírito (8:6). Precisamos
andar segundo o espírito e pôr nossa mente no
espírito. Isso é suficiente. Não decida fazer o bem
nem ore para que o Senhor o ajude a fazer o bem.
Esqueça todos esses conceitos religiosos. Precisamos
andar, comportar-nos e ter nosso ser segundo o
espírito e continuamente pôr nossa mente no
espírito. Então teremos liberdade e o Cristo que
habita interiormente dispensará vida para dentro de
todas as partes do nosso ser, até mesmo para dentro
dos membros fracos do nosso corpo mortal (8:11).
Então, todo nosso ser será infundido com a vida
divina. Esta não é uma questão de fazer o bem, de
guardar a lei ou de cumprir os requisitos da lei. É uma
questão de vida vivida pelo nosso espírito. Essa vida
fará até mais do que cumprir os justos requisitos da
lei. Quando nos comportamos, andamos e temos
nosso ser segundo o espírito amalgamado, e quando
colocamos nossa mente no espírito, não permitindo à
mente agir por si só para fazer qualquer coisa,
desfrutamos o dispensar de vida pelo Cristo que
habita interiormente. Desfrutamos a salvação de
Deus e a santificação que procede do ser saturado
com a Sua vida.
ESTUDO-VIDA DE ROMANOS
MENSAGEM 34
SENDO LIBERTOS DO PECADO, DA LEI E DA CARNE
Na mensagem anterior vimos que o pensamento
central do livro de Romanos é que Deus está
transformando pecadores em filhos para formar o
Corpo de Cristo. Isto, e não a justificação pela fé, é o
conceito básico deste livro. Se não tivermos esta
visão, teremos uma compreensão muito superficial de
Romanos. Em suma, este livro não é meramente para
nossa salvação pessoal; é para a formação do Corpo
de Cristo.
QUATRO ESTAÇÕES
No livro de Romanos há quatro estações:
justificação, santificação, o Corpo e as igrejas. Todos
os cristãos podem ser classificados de acordo com
essas quatro estações. Muitos cristãos verdadeiros
pararam na estação da justificação. Eles foram
redimidos, justificados, reconciliados e salvos, mas
pararam sua jornada na justificação. Parece que eles
estão satisfeitos e não querem ouvir nada além. No
passado conversei com muitos cristãos sobre buscar o
Senhor e prosseguir com Ele. Mas alguns disseram:
“Não é bom o suficiente ser salvo? Fui salvo, o sangue
de Jesus me redimiu, fui regenerado e agora sou um
filho de Deus. Um dia irei para o céu. Por favor não
me perturbe com outras coisas.” Uma grande parte de
cristãos genuínos não vão além dessa estação.
Pela graça do Senhor, outros cristãos buscam o
que é chamado de vida profunda ou a vida interior.
Eles não estão satisfeitos meramente com
justificação, mas perseguem alguma coisa a mais,
mais elevada, mais rica e mais profunda. Estes
cristãos finalmente atingem a estação de santificação
em Romanos 8.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, alguns
dos santos na segunda estação começaram a falar
muito a respeito do Corpo. Segundo o livro de
Romanos, o capítulo doze é a estação da vida do
Corpo adequada. Mas de acordo com a experiência de
muitos cristãos hoje, não é, na verdade, a estação do
Corpo, mas a estação do falar do Corpo. Portanto,
podemos chamar estes cristãos de faladores do
Corpo. Quando vim para este país, estava surpreso
com toda a conversa sobre o ministério do Corpo.
Mais tarde aprendi que aquilo que se entendia por
ministério do Corpo era várias pessoas pregando,
uma a uma, ao invés de apenas uma pregando.
Embora os cristãos falem muito acerca do Corpo,
onde está o Corpo? Quanto mais falam a respeito do
Corpo, mais divisão provocam. Antes de 1945 não
havia tantas divisões nos Estados Unidos como há
hoje. Mas desde aquele tempo, centenas de pequenos
grupos começaram a se formar, quase todos eles
falavam sobre o Corpo.
Não temos o Corpo simplesmente por falar a
respeito do Corpo. O Corpo pode ser percebido
somente nas igrejas locais. Se você não tem a vida da
igreja, como pode ter o Corpo? Portanto, juntamente
com a terceira categoria de cristãos — os faladores do
Corpo-, há a quarta categoria: aqueles que praticam a
vida da igreja. Esta é a quarta estação em Romanos.
Onde você está com relação a essas quatro
estações? Tenho plena certeza de que estou na
estação quatro. Deus tem trabalhado e ainda está
trabalhando para transformar pecadores em filhos de
Deus. Esses filhos de Deus são os membros formando
o Corpo de Cristo para expressar Cristo. Como temos
visto, Deus está em Cristo, Cristo está em Seu Corpo e
Seu Corpo está nas igrejas locais. Este é o conceito
básico e o pensamento central deste livro. Se não
vemos isso, somos pessoas de visão curta.
O PROBLEMA DA LEI
No tempo da queda, o pecado entrou no homem.
Contudo, o homem não percebeu quão pecaminoso
era. Isso trouxe a necessidade de Deus dar ao homem
a lei para que a pecaminosidade do homem pudesse
ser exposta. Embora a lei não devesse ser um
problema, tornou-se contudo um problema. A
intenção de Deus em dar ao homem a lei era para
expô-lo e convencê-lo de sua pecaminosidade. Mas
apesar de o homem ser exposto pelos requisitos da
lei, ele ainda se recusou a admitir que era pecador.
Pelo contrário, ele usou a lei de uma maneira
imprópria, como se dissesse: “A lei é excelente. Eu
cumprirei todos os seus requisitos.” A intenção de
Deus era usar a lei para expor o homem, mas o
homem pensou que a podia guardar. Contudo, o
propósito de Deus ao dar a lei foi cumprido. Quanto
mais o homem tentou guardar a lei, mais a infringiu,
e quanto mais infringiu a lei, mais foi exposto. Assim
não temos apenas o problema do pecado, mas
também o problema da lei.
Como temos visto, o problema do pecado é
resolvido em Romanos 6. Mas como pode ser
resolvido o problema da lei? Em Romanos 7 temos o
caminho para sermos libertos da lei. O caminho para
ser livre da lei, bem como o caminho para ser liberto
do pecado é por meio da morte do velho homem. No
capítulo seis, nosso velho homem é a pessoa que peca,
mas no capítulo sete nosso velho homem é o marido
que se auto-assumiu. O velho homem não deveria ter
sido o marido, ao invés disso, ele deveria ser a
mulher. O velho homem, contudo, não manteve sua
posição, mas assumiu a posição de marido. Louvado
seja o Senhor que o velho homem como a pessoa que
peca e como o marido que se auto-assumiu foi
crucificado e sepultado! Agora estamos libertos do
pecado e da lei. Isso abrange a primeira parte de
Romanos 7.
O PROBLEMA DA CARNE
Na segunda parte deste capítulo temos um outro
problema: a carne. O pecado levou nosso corpo a
tornar-se um corpo de carne pecaminosa. Assim,
juntamente com o problema do pecado, temos o
problema do corpo caído, a carne pecaminosa. Nosso
corpo caído de maneira alguma é bom; ele se tornou a
carne. Em 7:18 Paulo diz: “Porque eu sei que em mim,
isto é, na minha carne, não habita bem nenhum”.
Posicionando-se absolutamente ao lado da lei de
Deus, Paulo sinceramente queria fazer o bem e
guardar a lei, mas ele notou que a sua carne, que se
opunha ao seu desejo, era uma grande frustração. Em
7:22 e 23 ele diz: “Porque, no tocante ao homem
interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos
meus membros outra lei que, guerreando contra a lei
da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado
que está nos meus membros.” Em 7:25 ele diz: “Com
a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a
carne da lei do pecado.” Todos nós precisamos ser
libertos do pecado, da lei e da carne, todos os quais
vieram como um resultado de nossa queda.