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I - A decretação de indisponibilidade de bens, por ser medida de caráter grave e excepcional, deve se
restringir à extensão dos danos causados, de modo que a contrição judicial não ultrapasse a quantia necessária à
reparação dos prejuízos alegados.
II - Não se justifica o bloqueio de todos os bens do réu, pois tal medida o impede de praticar atos da vida civil
e, via de consequência, ultrapassa daquilo que é razoável para garantir o ressarcimento dos danos que o Parquet
sustenta terem sido causados.
III - Recurso conhecido e parcialmente provido.
Agravante : ...
Agravado : Ministério Público do Estado de Minas Gerais
Relator : Des. Bitencourt Marcondes
ACÓRDÃO
Vistos etc., acorda, em Turma, a 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais,
incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade
de votos, em rejeitar a preliminar e dar provimento parcial ao recurso.
Belo Horizonte, 08 de outubro de 2009.
BITENCOURT MARCONDES
Relator
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
DES. BITENCOURT MARCONDES - Trata-se de agravo de instrumento, com pedido de tutela antecipada,
interposto por ..., em face da r. decisão proferida pela MM. Juiz de Direito ..., da 3ª Vara Cível da Comarca de ... que,
nos autos da ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, deferiu a liminar de
indisponibilidade de bens.
Requer a concessão de efeito suspensivo, pois o bloqueio das contas pode impedir a continuidade do negócio,
devido a restrição de acesso à créditos do sistema financeiro e liberdade para movimentar o capital de giro.
Ressalta a ocorrência de ofensa ao contraditório, uma vez que as requeridas não foram intimadas a apresentar
relatório de consumo de combustíveis, além de não ter qualquer responsabilidade quanto a falta de nota fiscal junto ao
empenho.
Efeito suspensivo concedido às f. 56/57.
O i. Magistrado a quo prestou as informações que lhe foram solicitadas às f. 63.
Contraminuta apresentada às f. 83/87.
Parecer da Procuradoria Geral de Justiça do Estado de Minas Gerais às f. 120/124 pelo não conhecimento do
recurso, em sede de preliminar e, no mérito, pelo provimento parcial do agravo, excluindo-se a indisponibilidade
apenas dos valores em conta corrente bancária, mantendo-se a constrição em relação aos demais bens.
É o relatório.
I - Da preliminar de não conhecimento do recurso em razão da intempestividade.
Rejeito, ab initio, a preliminar suscitada uma vez que, conforme se depreende da certidão de f. 43 v. dos
autos, o mandado de intimação da decisão agravada devidamente cumprido foi juntado aos autos em 17.04.2009 (sexta-
feira), iniciando-se a contagem do prazo em 22.04.2009 (quarta-feira), expirando-se em 04.05.2009 (segunda-feira),
data esta coincidente com a do protocolo do recurso (f. 02).
Desse modo, não há falar-se em extemporaneidade.
DES. EDGARD PENNA AMORIM - De acordo.
DES.ª TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO - De acordo.
DES. BITENCOURT MARCONDES - II - Do objetivo do recurso.
O agravante interpôs o presente recurso com o pleito de tornar sem efeito a decisão liminar de
indisponibilidade de bens proferida em seu desfavor.
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25/09/2017 AÇÃO CIVIL PÚBLICA - INDISPONIBILIDADE DE BENS - MEDIDA JUDICIAL DE CARÁTER EXCEPCIONAL - BLOQUEIO DE TODOS …
Sustenta que o bloqueio das contas pode impedir a continuidade do negócio, devido a restrição de acesso à
créditos do sistema financeiro e liberdade para movimentar o capital de giro.
Ressalta a ocorrência de ofensa ao contraditório, uma vez que as requeridas não foram intimadas a apresentar
relatório de consumo de combustíveis, além de não ter qualquer responsabilidade quanto a falta de nota fiscal junto ao
empenho.
Conforme já manifestei na decisão de f. 56/57, a decretação de indisponibilidade de bens, por ser medida de
caráter grave e excepcional, deve se restringir à extensão dos danos causados, de modo que a contrição judicial não
ultrapasse a quantia necessária à reparação dos prejuízos alegados.
Nesse sentido, já decidiu esta 8ª Câmara Cível:
In casu, o Ministério Público ajuizou ação civil pública, narrando a ocorrência de irregularidades nos gastos
com combustíveis por parte da Administração Municipal 2001/2004, importando em prejuízo de R$ 130.911,24
relativamente ao agravante.
O i. Magistrado a quo deferiu a liminar pleiteada, decretando a indisponibilidade dos bens dos requeridos,
bem como o bloqueio das aplicações financeiras que houverem em nome daqueles, excetuando-se, apenas, as contas-
salário.
Diante desses elementos, tenho que a determinação de indisponibilidade de todos os bens existentes em nome
do agravado não merece prosperar, pois tal medida, na verdade, o impede de praticar atos da vida civil e, via de
conseqüência, ultrapassa daquilo que é razoável para garantir o ressarcimento dos danos que o Parquet sustenta terem
sido causados ao erário.
Nesse particular, vale transcrever ementa de acórdão proferido pela Primeira Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul:
Ressalto, por fim, que o Superior Tribunal de Justiça já analisou a matéria. Confira-se:
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Partindo das premissas acima fixadas e, considerando que no caso em apreço, há perícia contábil elaborada
por departamento especializado do Ministério Público na qual se aponta o total de R$ 130.000,00 (cento e trinta mil
reais) como possível dano de responsabilidade do agravante, é de ser provido em parte o agravo, para que se
desbloqueie somente as contas correntes de titularidade do referido réu, mantendo, no entanto, indisponíveis os demais
bens existentes em seu nome suficiente, se for o caso, para garantir o ressarcimento postulado na ação.
III - Conclusão
Ante o exposto, dou parcial provimento ao agravo para determinar o desbloqueio das contas correntes de
titularidade do agravante, mantendo, entretanto, indisponíveis os demais bens existentes em seu nome, até o limite
indicado, qual seja, R$ 130.000,00 (cento e trinta mil reais).
Custas, na forma da lei.
É como voto.
DES. EDGARD PENNA AMORIM - Peço vista dos autos.
Súmula - REJEITARAM A PRELIMINAR. PEDIU VISTA O 1º VOGAL APÓS O RELATOR DAR PROVIMENTO
PARCIAL AO RECURSO.
NOTAS TAQUIGRÁFICAS
DES. EDGARD PENNA AMORIM - O julgamento deste feito, após rejeitada a preliminar, foi adiado na
Sessão do dia 03.09.2009, a meu pedido, depois de votar o Relator dando provimento parcial ao recurso.
Meu voto é o seguinte:
Pedi vista em sessão pretérita para examinar os autos com profundidade. Tendo-o feito, acompanho, no caso,
o em. Relator, para prover parcialmente o recurso e reduzir a medida de indisponibilidade de bens a patamar
proporcional ao alegado dano, à luz da existência de suficientes indícios da ocorrência de prejuízo do erário de
responsabilidade da empresa ré.
DESª. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO - De acordo com o Relator.
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