Orçamento público é um instrumento de planejamento e execução das
finanças públicas. Na atualidade, o conceito está intimamente ligado à previsão das Receitas e à fixação das Despesas públicas. No Brasil, sua natureza jurídica é considerada como sendo de lei em sentido formal, apenas. Isso guarda relação com o caráter meramente autorizativo das despesas públicas ali previstas. O orçamento contém estimativa das receitas e autorização para realização de despesas da administração pública direta e indireta em um determinado exercício que, no Brasil, coincide com o ano civil.
CONCEITOS DE ORÇAMENTOS.
Lino Martins (2002, p. 26), conceitua o tema dividindo-o em dois pontos,
objetivo e subjetivo. No primeiro, é tratado como ramo das finanças, devido ao estudo da Lei do Orçamento e demais normas pertinentes ao período correspondente a propositura até sua execução e posterior controle, é chamado de fase jurídica por trazer todas as etapas do orçamento. No tocante ao ponto de vista subjetivo, aborda a aprovação dos gastos públicos pelo povo através dos seus representantes eleitos.
O princípio constitucional da legalidade das despesas públicas, corolário
do princípio da legalidade tributária, conquistado a duras penas, informa-nos que nenhuma despesa pode ser feita sem uma prévia aprovação legislativa. No entanto, não podemos esquecer que todo o poder emana do povo e, em última análise, é ele quem acaba aprovando ou reprovando a utilização da receita pública em determinada despesa, não é apenas a mera fixação de receitas visando o pagamento de certas despesas, mas sim o direcionamento das receitas públicas para cumprimento das diversas finalidades estatais, atribuindo verbas a cada uma das diversas dotações orçamentárias, desdobrando-se cada uma delas em vários elementos de despesas, atendendo ao princípio da transparência orçamentária e possibilitando a fiscalização e o controle eficiente dos gastos públicos pelo Legislativo. No entanto, o orçamento público não nasceu do modo como o temos hoje. Como parte do ordenamento jurídico, que é dinâmico e se modifica conforme a sociedade se evolui, o orçamento público, também, foi se modificando com o tempo, ganhando cada vez mais um aspecto social e deixando de ser a simples análise das contas público. Atualmente o exame do orçamento permite identificar o plano de ação governamental, bem como saber se as promessas de campanhas do governante eleito estão refletidas ou não nesse programa de governo.
Ensina-nos RICARDO LOBO TORRES, que:
Os princípios representam o primeiro estágio de concretização dos
valores jurídicos a que se vinculam. A justiça e a segurança jurídica começam a adquirir concretude normativa e ganham expressão escrita. Mas os princípios ainda comportam grau elevado de abstração e indeterminação, nas décadas de oitenta e noventa, o princípio do equilíbrio orçamentário foi revigorado com uma nova roupagem em face dos crescentes déficits estruturais advindos da dificuldade do Estado em financiar os extensos programas de segurança social e de alavancagem do desenvolvimento econômico, nossas Constituições, desde a Imperial até a atual, sempre deram tratamento privilegiado à matéria orçamentária. De maneira crescente, foram sendo incorporados novos princípios orçamentários às várias cartas constitucionais reguladoras do Estado brasileiro, foi com a Constituição Imperial, outorgada em 25.03.1824, que se instaurou, no Brasil a ordem constitucional. Tal diploma constitucional, de conturbada elaboração (sendo redigido, às portas fechadas, por um grupo de dez cidadãos pertencentes ao Partido Português), em seus artigos 171 e 172, instituiu as primeiras normas sobre o orçamento público brasileiro.
O orçamento público em seus aspectos jurídicos, não obstante, sempre
foi matéria de debates que sempre esteve e sempre estará em pauta nas normas jurídicas brasileiras, como supramenciona o texto, que não é matéria atual e sim, já se discutia nas nossas constituições brasileiras, como até hoje ainda é pauta importantíssima na Constituição, como podemos observa no texto da CRFB/88, que faz referência ao princípio da exclusividade, O princípio da exclusividade sofreu duas modificações na Constituição da República Federativa do Brasil de 05.10.1988. Na primeira, não mais se autoriza a inclusão na lei orçamentária de normas sobre o destino a dar ao saldo do exercício como o fazia a Constituição da República Federativa do Brasil, de 24.01.1967. Na segunda, podem ser autorizadas quaisquer operações de crédito, por antecipação de receita ou não.
A Constituição de 1988, ainda, inovou em termos de constitucionalização
de princípios regentes dos atos administrativos em geral e aplicando-os à matéria orçamentária, elevando a nível constitucional os princípios da clareza e da publicidade, a exemplo do previsto no art. 165, § 6º - que determina que o projeto da lei orçamentária venha acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções, anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia - e no art. 165, §3º - que estipula a publicação bimestralmente de relatório resumido da execução orçamentária.
BRASIL, Constituição dos Estados Unidos do Brasil, promulgada em 18 de
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BRASIL, Lei nº 4.320, de 17/03/1964 - Estatui Normas Gerais de Direito
Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4320.htm>. Acesso em: 05 jul. 2010. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 15 de março de 1967.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 5. Ed.
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CHIAVENATO, Idalberto, Administração nos Novos Tempos, São Paulo: