Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
A IDA AO TEATRO
A IDA AO TEATRO
MULHER — Eu gostaria de saber o que você tem pra pentear? Você não pode
nem sequer repartir essa vegetação que você tem.
MARIDo — É um hábito que eu tenho e mantenho.
MULHER — Como esse homem pode ser tão vaidoso? Pra quem que você quer
ficar tão bonito? Você me agrada e não precisa agradar mais ninguém.
MARIDO — Pode ser que no teatro sente uma garota interessante do meu lado.
MULHER — E você acha que ela vai te olhar? É pro Fausto que ela vai olhar.
MARIDO — Eu quis dizer no intervalo.
A mulher sai e volta com um jantar: um prato de chucrute e peque nas salsichas.
MARIDO — Prato feito novamente.
MULHER — Mas aqui nunca tem outra coisa.
Tem uma salsicha pra cada um. Ele pega ambas, tira um metro do bolso da
calça, mede as salsichas, dá a menor pra mulher e fica com a maior. Depois os
dois enfiam precipitadamente os garfos nos chucrutes, e eles se prendem. Eles
puxam dos dois lados. Por fim, com um gol pe de faca, e separa os garfos.
Durante esse vai e vem, ele olha o relógio na parede.
MULHER — Pronto, agora ele entortou. Mas ao menos eu sei quem entortou os
nossos garfos. Agora vamos comer depressa.
MARIDO — Comer depressa faz mal à saúde.
MULHER — Toma: chucrute.
Ela se levanta e põe chucrute no prato dele, O marido, furioso a impede com a
mão.
MARIDO — Eu posso muito bem me servir
Ele se olha no espelho.
MULHER — Chega de fazer caretas, você não precisa ficar se olhando no
espelho enquanto come.
MARIDO — Justamente. Assim eu como duplamente.
Os dois comem ruidosamente.
MARIDO — E o menino? O que que a gente faz com o menino quando ele voltar
do trabalho?
MULHER — Já pensei nisso. A gente já deixa o jantar quente e antes de sair
escrevemos um bilhete. Você continua só a comer; eu vou escrever, (Pega papel
e lápis.) Então vou escrever que nós não estamos em casa.
MARIDO — Não precisa escrever isso; ele vai ver. É preciso que você escreva
que nós saímos.
MULHER — Mas, é o que eu que ria dizer. Eu vou escrever que nós não estamos
aqui, porque saímos.
MARIDO — Escreva: “Munique, 19 de junho..
MULHER — Não, eu vou escrever: “Querido..
Os DOIS — Mas como é que ele se chama mesmo?
MULHER — Você, o pai dele, de via saber como é que se chama o garoto.
MARIDO — Você é a mãe dele. Você é que devia saber.
MULHER — É que a gente sempre chama ele de “garoto”. Mas, como é que ele
se chama?
3
A IDA AO TEATRO
A IDA AO TEATRO
MULHER — Mas se ele não olhar, você terá posto o bilhete à toa.
MARIDO — Bem, espera. Eu continuo. Agora você escreve um outro bilhete:
“Quando você chegar, olha logo no espelho.”
MULHER — Eu vou escrever:
“Quando você chegar, olhe logo no espelho que você vai ver uma coisa.” Bem,
agora que nós perdemos tanto tempo com esses bilhetes, já vão dar sete horas.
Felizmente o teatro só começa às oito horas.
MARIDO — Começa às sete e meia.
MULHER — Eu acho que eu vou lavar a louça só amanhã de manhã, senão vai
ficar muito tarde. (Ele tira a mesa. O marido procura por todos os lugares abre as
gavetas e levanta a cabeça.)
MULHER — Pronto, vai recomeçar a caçada ao botão do colarinho. Mas, eu te
dei cem mil botões.
MARIDO — É muito. Eu só preciso de só um.
A mulher dá uma caixa de botões, ele encontra um que esfrega triunfalmente no
nariz da mulher.
MULHER — Bem, então eu vou me preparar. Ah. é preciso ir de novo à cozinha.
(Ela sai.)
MARIDO (Gritando) — Onde você botou meu maldito colarinho?
MULHER — No mesmo lugar que você deixou ontem.
Marido se tortura para fechar o colarinho mas não consegue fechar o botão.
MARIDO — Fanny, fecha meu colarinho, pelo amor de Deus, antes que eu fique
louco.
Mulher volta para apertar o colarinho.
MULHER — Depois eu vou me vestir. Assim pelo menos um vai ficar pronto na
hora. Ponho meu vestido preto?
MARIDO — Sim.
MULHER — Ou será que eu boto o marrom?
MARIDO — É.
MULHER — Eu não posso botar os dois ao mesmo tempo. É perda de tempo te
perguntar alguma coisa. Bem eu vou botar o marrom mesmo. Numa outra
oportunidade eu uso o preto.
Ela sai, O marido, nesse tempo põe o colarinho e a gravata. Depois ele procura
os sapatos, encontra e enquanto ele tenta amarrar um, co loca o outro em cima
da mesa. Os laços do sapato começam a dar nós e ele fica louco. A mulher volta
com o vestido marrom.
MULHER — Será que dava para você fechar meu vestido que eu não posso fazer
isso sozinha.
MARIDO — Ah, ô-la-lá, de novo os quinhentos colchetes. Quando a gente
consegue botar um maldito colchete, o outro já soltou.
MULHER — Para de resmungar e acaba logo com isso.
MARIDO — Mas isso não é roupa que se faça.
Mulher com dois chapéus na mão, experimentou um
MULHER — Acho que esse chapéu não combina com meu vestido marrom,
5
A IDA AO TEATRO
A IDA AO TEATRO
A IDA AO TEATRO