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A IDA AO TEATRO

Texto distribuído pelo portal de cultura www.oficinadeteatro.com

Marido, na mesa, lê o jornal; mulher entra precipitadamente.


MULHER — Adivinha só meu velho, quando eu tava subindo as escadas, eis que
a nossa senhoria deu de cara comigo e me ofereceu uma coisa. Adivinha o que
ela me ofereceu?
MARIDO — Deixe de bancar a criança. Diz logo.
MULHER — Toma, olha. Dois ingressos de teatro para o Fausto, Que que você
me diz?
MARIDO — Muito obrigado, mas por que não vai ela mesma, essa velha coruja?
MULHER — Ah, sem dúvida ela não tem tempo,
MARIDO — Ah, ah, Ela não tem tempo e, nós temos de ter tempo.
MULHER — Não seja tão mal-agradecido.
MARIDO — Você sabe muito bem que essa mulher tem uma pinimba com a
gente, senão ela não teria oferecido os ingressos justamente para nós.
MULHER — Mas ela só queria nos fazer uma gentileza.
MARIDO — Ela? Para nós? E por acaso nós já lhe fizemos alguma gentileza?
Nunca.
MULHER — Então, você vai comigo? Sim ou não?
MARIDO — E quando é que isso começa?
MULHER — Eu não sei. Vou descer e perguntar pra ela.
MARIDo — Tá bom, começa às sete e meia.
MULHER — Já são quinze pras sete. A gente não vai estar pronto na hora,
nunca. Mas, geralmente os teatros só começam mais tarde, às oito horas.
MARIDO — Começam entre sete e meia e oito horas.
MULHER — Antes das oito horas, certamente não. Os teatros começam sempre
mais tarde.
MARIDO — Bom, então que que a gente faz?
MULHER — Não fica pensando muito, vamos.
MARIDO — E depois nós ainda não jantamos.
MULHER — O jantar está pronto.
MARIDO — Eu me apronto rápido. É só o tempo de me pentear.
MULHER — Você pode fazer isso depois, primeiro vamos comer.
Ela sai, o marido pega um espelho e o põe à mesa; o espelho cai sempre. A
mulher chega com pratos e talheres.
MULHER — Bom, agora não vamos mais perder tempo. Ah, mais essa! Põe ele
direito.
O espelho fica em pé, mas ao contrário.
MARIDO — Mas eu não posso olhar nele assim.
MULHER — Pois bem, vire ele,
O marido vira o espelho mas ele continua caindo. A mulher conserta, o marido se
penteia. barba e cabelo.
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MULHER — Eu gostaria de saber o que você tem pra pentear? Você não pode
nem sequer repartir essa vegetação que você tem.
MARIDo — É um hábito que eu tenho e mantenho.
MULHER — Como esse homem pode ser tão vaidoso? Pra quem que você quer
ficar tão bonito? Você me agrada e não precisa agradar mais ninguém.
MARIDO — Pode ser que no teatro sente uma garota interessante do meu lado.
MULHER — E você acha que ela vai te olhar? É pro Fausto que ela vai olhar.
MARIDO — Eu quis dizer no intervalo.
A mulher sai e volta com um jantar: um prato de chucrute e peque nas salsichas.
MARIDO — Prato feito novamente.
MULHER — Mas aqui nunca tem outra coisa.
Tem uma salsicha pra cada um. Ele pega ambas, tira um metro do bolso da
calça, mede as salsichas, dá a menor pra mulher e fica com a maior. Depois os
dois enfiam precipitadamente os garfos nos chucrutes, e eles se prendem. Eles
puxam dos dois lados. Por fim, com um gol pe de faca, e separa os garfos.
Durante esse vai e vem, ele olha o relógio na parede.
MULHER — Pronto, agora ele entortou. Mas ao menos eu sei quem entortou os
nossos garfos. Agora vamos comer depressa.
MARIDO — Comer depressa faz mal à saúde.
MULHER — Toma: chucrute.
Ela se levanta e põe chucrute no prato dele, O marido, furioso a impede com a
mão.
MARIDO — Eu posso muito bem me servir
Ele se olha no espelho.
MULHER — Chega de fazer caretas, você não precisa ficar se olhando no
espelho enquanto come.
MARIDO — Justamente. Assim eu como duplamente.
Os dois comem ruidosamente.
MARIDO — E o menino? O que que a gente faz com o menino quando ele voltar
do trabalho?
MULHER — Já pensei nisso. A gente já deixa o jantar quente e antes de sair
escrevemos um bilhete. Você continua só a comer; eu vou escrever, (Pega papel
e lápis.) Então vou escrever que nós não estamos em casa.
MARIDO — Não precisa escrever isso; ele vai ver. É preciso que você escreva
que nós saímos.
MULHER — Mas, é o que eu que ria dizer. Eu vou escrever que nós não estamos
aqui, porque saímos.
MARIDO — Escreva: “Munique, 19 de junho..
MULHER — Não, eu vou escrever: “Querido..
Os DOIS — Mas como é que ele se chama mesmo?
MULHER — Você, o pai dele, de via saber como é que se chama o garoto.
MARIDO — Você é a mãe dele. Você é que devia saber.
MULHER — É que a gente sempre chama ele de “garoto”. Mas, como é que ele
se chama?
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MARIDo — Espera, eu vou perguntar à vizinha.


MULHER — Não. Nós vamos conseguir nos mesmos; Jesus... Maria... José... Ah.
É José o nome dele. Bom... “Meu caro José..
MARIDO — Você não pode escrever isso porque ele é meu também.
MULHER — Nesse caso eu vou escrever: “Nosso caro José...” para que você nos
deixe em paz. “Nosso caro José..
MARIDO — “Muito honrado senhor nosso caro José. .“
MULHER — “Teu jantar está na cozinha, no forno. Aqueça nova mente porque
pode esfriar.”
MARIDO — Já estamos no inverno.
MULHER — Mas eu estou falando do jantar, que pode esfriar e nós te mos que ir
ao teatro.
MARIDO — Mas se a gente não tem vontade, nós não temos de ir.
MULHER — Então eu vou escrever: que nós podemos. . . temos a
oportunidade... queremos... deve mos...
MARIDO — Que nós vamos,
MULHER — Mas quando ele ler esse bilhete nós já teremos saído.
MARIDO — Então, escreve:
fomos..
MULHER — “No caso do teatro estar fechado, nós voltaremos, tal vez
certamente, pra casa. Receba as saudações..
MARiDO — “As mais respeito sas..
MULHER — “... dos teus pais que saíram, assim como da tua mãe.
MARIDO — Mas a mãe já está incluída nos pais.
MULHER — E agora eu vou botar um ponto final, senão aquele imbecil vai
continuar lendo.
MARIDO — Acrescente: “No caso de você preferir seu jantar frio, você não
precisa esquentá-lo.”
MULHER — “Porque senão ele ficará muito quente.” Agora vamos deixar o
bilhete na mesa. Mas, pode ser ‘que na mesa ele não veja logo, normalmente ele
entra pela porta... Bem, vamos deixar o bilhete no chão. Com as botas sujas e
não vai poder mais ler.
Ele põe o bilhete na mesa e co loca o vaso por cima.
MULHER — Aí, não pode. Com o jarro de flores ele vai pensar que é o
aniversário dele.
MARIDO — Mas não é o aniversário dele.
MULHER — Mas isso vai confundi-lo, Não, aí não pode.
O marido põe a carta no espelho.
MARIDO — É sensacional, olha:
ele entra, vai até ali, se olha no espelho e d o que será esse bilhete? e então ele
o vê.
MULHER — Nós, é claro, vemos porque nós sabemos que ali tem um bilhete,
mas ele não tem a menor idéia, E se ele não olhar no espelho?
MARIDO — Mas é absolutamente necessário que ele olhe.
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A IDA AO TEATRO

MULHER — Mas se ele não olhar, você terá posto o bilhete à toa.
MARIDO — Bem, espera. Eu continuo. Agora você escreve um outro bilhete:
“Quando você chegar, olha logo no espelho.”
MULHER — Eu vou escrever:
“Quando você chegar, olhe logo no espelho que você vai ver uma coisa.” Bem,
agora que nós perdemos tanto tempo com esses bilhetes, já vão dar sete horas.
Felizmente o teatro só começa às oito horas.
MARIDO — Começa às sete e meia.
MULHER — Eu acho que eu vou lavar a louça só amanhã de manhã, senão vai
ficar muito tarde. (Ele tira a mesa. O marido procura por todos os lugares abre as
gavetas e levanta a cabeça.)
MULHER — Pronto, vai recomeçar a caçada ao botão do colarinho. Mas, eu te
dei cem mil botões.
MARIDO — É muito. Eu só preciso de só um.
A mulher dá uma caixa de botões, ele encontra um que esfrega triunfalmente no
nariz da mulher.
MULHER — Bem, então eu vou me preparar. Ah. é preciso ir de novo à cozinha.
(Ela sai.)
MARIDO (Gritando) — Onde você botou meu maldito colarinho?
MULHER — No mesmo lugar que você deixou ontem.
Marido se tortura para fechar o colarinho mas não consegue fechar o botão.
MARIDO — Fanny, fecha meu colarinho, pelo amor de Deus, antes que eu fique
louco.
Mulher volta para apertar o colarinho.
MULHER — Depois eu vou me vestir. Assim pelo menos um vai ficar pronto na
hora. Ponho meu vestido preto?
MARIDO — Sim.
MULHER — Ou será que eu boto o marrom?
MARIDO — É.
MULHER — Eu não posso botar os dois ao mesmo tempo. É perda de tempo te
perguntar alguma coisa. Bem eu vou botar o marrom mesmo. Numa outra
oportunidade eu uso o preto.
Ela sai, O marido, nesse tempo põe o colarinho e a gravata. Depois ele procura
os sapatos, encontra e enquanto ele tenta amarrar um, co loca o outro em cima
da mesa. Os laços do sapato começam a dar nós e ele fica louco. A mulher volta
com o vestido marrom.
MULHER — Será que dava para você fechar meu vestido que eu não posso fazer
isso sozinha.
MARIDO — Ah, ô-la-lá, de novo os quinhentos colchetes. Quando a gente
consegue botar um maldito colchete, o outro já soltou.
MULHER — Para de resmungar e acaba logo com isso.
MARIDO — Mas isso não é roupa que se faça.
Mulher com dois chapéus na mão, experimentou um
MULHER — Acho que esse chapéu não combina com meu vestido marrom,
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A IDA AO TEATRO

MARIDO — Põe um outro, anda logo.


MULHER (Faz que vai mas não vai.)
MULHER — Ai, antes de sair ainda tenho que dar um jeito na casa.
MARIDO — No teu lugar eu ainda lavaria a escada e limparia o chão da cozinha,
empregadinha caprichosa!
MULHER — Não seja tão estúpido. Da outra vez que vá ela mesma ao teatro e
não venha encher o saco dos outros. É, toda vez que aparece alguma coisa que
pode me dar um pouco de distração, é sempre assim. Para trabalhar o ano
inteiro, para isso eu sirvo.
MARIDO — E eu para ganhar dinheiro.
MULHER — Pronto, vai começar tudo de novo. Eu já conheço essa história.
Agora nada mais vai te parar. Agora, daqui até o teatro a gente vai discutir. No
teatro a gente vai continuar discutindo. E daqui até o fim da noite nós não vamos
fazer outra coisa senão discutir. Mas eu vou te dizer uma coisa. Eu por mim
prefiro ficar em casa e você vai sozinho ao teatro.
MARIDO — Como é que posso ir sozinho ao teatro com dois ingressos?
Mulher se senta e chora.
MULHER — Mas meu Deus, que culpa tenho eu se me deram dois ingressos?
MARIDO — Eu já esperava por essa. Ao teatro!
MULHER — Eu estou tão irritada, você sabe que eu não suporto essas
discussões. Eu não quero mais sair, eu não posso mais sair. Você pode ir ao
teatro com quem você quiser. Agora eu vou tirar minha roupa e vou para a cama.
Ai que enxaqueca infernal.
MARIDO — Ora, toma um comprimido para dor de cabeça,
Ele dá o remédio para ela.
MULHER — Para isso eu não preciso de você, Vai embora, já que você quer ir.
Ela toma o comprimido e sai. O marido vê que comprimido deu.
MARIDO — Alto! Você já tomou? Cospe ele de volta.
MULHER — Você não deu o comprimido certo?
MARIDO — Mas também você engole qualquer coisa que a gente dá para você.
MULHER — Mas fala, o que você me deu?
MARIDO — Pílulas laxativas.
MULHER — Você me deu um purgante? Deixa eu ver essa porcaria. Está escrito:
efeito imediato. Ação em uma hora. Agora são sete e meia e às oito e meia a
gente vai estar exatamente no teatro. Aí então vai começar.
MARIDO — Não começa às sete e meia, Vamos logo,
MULHER — Mas ainda por cima você está vestido dessa maneira, Quando é que
você vai perder essa mania de andar imundo. Que camisa é essa?
MARIDO — É uma camisa de homem.
MULHER — Você não vai ao teatro com essa camisa de jeito nenhum. É a mais
velha que você tem, Tem mais de quinze dias que você não tira ela.
MARIDO — Mas isso ninguém vai notar.
MULHER — Mas eu não saio com você com essa camisa de forma alguma. As
pessoas vão pensar que eu sou uma miserável.
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A IDA AO TEATRO

MARIDO — Ah, não tem importância.


MULHER Não senhor, você vai tirar essa camisa já e botar uma outra. Eu vou lá
pegar. (Sai.)
MARIDO — Não vou conseguir nunca na vida esquecer esta noite. Nunca mais,
nunca mais eu vou ao teatro,
Ele tira a roupa inteira e fica só com a camisa. Nesse momento entra a vizinha,
Ao vê-lo, nu, de camisa, ela dá um grito de pavor.
MULHER — Por que é que você não bate na porta antes de entrar? E você vai
ficar parado aí, nu dessa maneira? Vá se trocar lá no quarto. (Pra vizinha) Agora
a gente está muito ocupado; estamos indo ao teatro.
A VIZINHA — Ah... desculpe incomodar; eu só queria um pouquinho
de azeite para botar na salada.
MULHER — Você aparece sempre no pior momento. Além do mais está sempre
pedindo alguma coisa em prestada. (Pega a lata de azeite.) Bom, quanto você
quer?
A VIZINHA — Só uma gotinha (A mulher bota o azeite numa xícara: nesse
instante o marido volta. Ele está ainda com as calças na mão. Ao entrar ele dá
um encontrão no cotovelo da mulher, no momento que cia põe o azeite.)
MARIDO — Mas onde é que você botou a minha camisa? (O azeite derrama no
vestido da mulher.)
MULHER — Meu Deus do céu, Só me faltava essa.
A VIZINHA — Eu sinto muito, nem sei como me desculpar...
MULHER — Estragou todo o vestido. Pelo menos é azeite, não vai ficar
manchado. Agora chega. Toma. (Dá o azeite pra vizinha.)
A VIZINHA — Muito obrigada... (Sai.)
MARIDO — Mas, afinal das contas, onde está minha camisa?
MULHER — Em cima da cadeira. MARIDO (Pega a camisa. Ao levantá-la vê que
ela é uma camisa de criança.) — Meu Deus, meu Deus...
MULHER — Mas é uma camisa de criança. É a única que havia dentro do
guarda-roupa. Você é engraçado, deixa suas camisas sujas e não bota pra lavar.
Faz o seguinte: bota só o peitilho e fecha bem o paletó. Olhe, aqui tem um limpo.
MARIDO — Mas esse é muito grande.
MULHER — Bem, então rasga o que sobrar. (Ele rasga a parte de baixo do
peitilho.)
MARIDO — Anda logo, senão vamos perder a hora, (A mulher ajuda-o a vestir o
peitilho.)
MULHER — Desse jeito a gente vai chegar atrasado, Vamos ter de pegar um táxi
se quisermos pegar o início do espetáculo. 1h, a gente ia esquecer os binóculos.
(Ela pára de ajudá-lo e vai pegar o binóculo. Bota na mão do marido e volta a
ajudá-lo. O binóculo escapole das mãos dele.)
MARIDO — Quebrou..
MULHER — Pra mim é o suficiente. (Abre o estojo, está vazio.) Ainda bem que
eles não estão aqui, senão estariam em pedaços. Vamos assim mesmo, Você
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A IDA AO TEATRO

pegou as chaves da casa? Ah. não se esqueça de fechar as janelas; nunca se


sabe quando vai cair um temporal.
MARIDO — Anda, anda.
MULHER — Apague as luzes.
MARIDO (No escuro) — Os ingressos estão com você?
MULHER — Não, estão com você.
MARIDO — Comigo? Deixa eu acender as luzes. (Começa a pro curar o botão.)
MULHER — Eu dei pra você logo que eu vim da rua,
MARIDO — Vai ver que caíram no chão.
MULHER — Eu vou dizer uma coisa: a próxima vez que alguém tiver a idéia de ir
ao teatro, eu vou ter um xilique. Se ao menos a gente achasse os ingressos.
senão não vamos nem poder entrar.
MARIDO — Estão aqui.
MULHER — Até que enfim. Vou botá-los na minha bolsa senão é capaz de você
perdê-los de novo. Eu só queria saber se as outras pessoas quando saem, é
exatamente assim como nós.
MARIDO — Exatamente igual.
MULHER — Eu não acredito que possa ser assim em nenhum lugar do mundo.
MARIDO — É que ninguém diz, só isso.
MULHER — Deixa eu conferir a hora que começa. Está aqui: começa oito em
ponto. Quem tinha razão, mais uma vez? Eu. A mulher sempre tem razão. Está
escrito aqui no ingresso: o espetáculo tem início às oito em ponto.
MARIDO — É, você tem razão. Início às oito em ponto, sexta-feira, 17 de julho.
MULHER — Como? Sexta-feira?
Mas hoje ainda é quinta!!! (Os dois se entre olham petrificados: cai o pano.)

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