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Universidade Federal da Bahia - UFBA

Instituto de Matemática - IM
Sociedade Brasileira de Matemática - SBM
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional - PROFMAT
Dissertação de Mestrado

Alguns tópicos da Escola Pitagórica

Euclides Araujo dos Santos Filho

Salvador - Bahia
2016
Alguns tópicos da Escola Pitagórica

Euclides Araujo dos Santos Filho

Dissertação de Mestrado apresentada


à Comissão Acadêmica Institucional do
PROFMAT-UFBA como requisito parcial para
obtenção do tı́tulo de Mestre em Matemática.

Orientadora: Profa. Dra. Luciana Salgado.

Salvador - Bahia
2016
Alguns tópicos da Escola Pitagórica

Euclides Araujo dos Santos Filho

Dissertação de Mestrado apresentada


à Comissão Acadêmica Institucional do
PROFMAT-UFBA como requisito parcial para
obtenção do tı́tulo de Mestre em Matemática,
aprovada em 2016.

Banca Examinadora:

Prof. Dra. Luciana Salgado(Orientadora)


UFBA

Prof. Dra. Hale Aytaç Molitor


UFBA

Prof. Dr. Evandro Carlos F. dos Santos


UFBA
À minha famı́lia
Agradecimentos

Em primeiro lugar, agradeço ao Grande Arquiteto do Universo que me deu todas as


condições para realizar este sonho. Aos meus pais, Euclides e Neildes, deixo um obrigado
especial pelo empenho incansável em abrir junto comigo os caminhos por onde trilho
minha vida com muita retidão.
Agradeço a Sheila por não ser apenas minha irmã, mas sim um porto seguro onde
me sinto forte. Aos familiares por rezarem sempre pelo meu sucesso, em especial a D.
Helena (minha voinha).
Entre os caminhos que percorri na vida, consegui cruzar com Fabiane que comple-
tou minha famı́lia, me dando as duas jóias mais raras que já recebi, Clarinha e Heleninha,
vocês formam o motivo da minha luta diária em busca da vitória.
Não posso esquecer de pessoas tão importantes na minha vida que me ajudaram a
crescer intelectualmente, portanto fica meus agradecimentos aos meus irmãos da Luz da
Aliança Universal e do colégio São José.
Cheguei neste curso uma pessoa e saio mais fortalecido com meus companheiros
(colegas e professores) do PROFMAT-Ufba que foram de extrema importância nesta jor-
nada, inclusive aos Doutores Hale Aytaç e Evandro Carlos, que dispensaram de seus
preciosos tempos para acompanhar meu trabalho nesta reta final.
E não posso deixar de agradecer a minha amiga, irmã e orientadora Luciana Sal-
gado que, não somente como orientadora, mas sempre que precisei nunca recebi um não
como resposta.
”A Entre os homens não há sábios.
Há apenas amantes da Sabedoria”.
Pitágoras
Resumo

Este trabalho propõe uma discussão sobre alguns tópicos da Escola Pitagórica,
como Números Racionais e sua aplicação na música, a razão Áurea e o número de ouro, o
teorema de Pitágoras com demonstrações e aplicações em diversas áreas da Matemática
e outras Ciências finalizando com um estudo de teoremas análogos ao de Pitágoras em
geometrias Não Euclidianas. Veremos sugestões de como abordar de forma lúdica e inte-
ressante conteúdos dessa escola.
Durante a pesquisa, foi possı́vel inserir os recursos tecnológicos para estreitar mais
a ligação entre a teoria e a prática da matemática, tornando assim a relação Homem X
Mı́dia mais forte e prazerosa.
Palavras chave: Escola Pitagórica, Teorema de Pitágoras, Geometria Hiperbólica.
Abstract

This paper proposes a discussion of some topics of the Pythagorean School as


Rational Numbers and its application in music, the Golden ratio and the number of
gold, the Pythagorean theorem with demonstrations and applications in various areas of
mathematics and other sciences ending with a study analogues to theorems of Pythagoras
in Euclidean geometries not . We will see suggestions of how to approach a playful and
interesting content of this school .
During the research , it was possible to enter the technological resources to strengthen
further the link between theory and practice of mathematics, thus making the relationship
Man X Media stronger and enjoyable.
Key words: Pythagorean School, Pythagora’s Theorem, Hyperbolic Geometry.
Sumário

Introdução 1

1 Música na escola pitagórica 2


1.1 Alguns conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Música na Escola Pitagórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Escalas Temperada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Caso particular: os trastes do violão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2 Teorema de Pitágoras 11
2.1 Demonstrações do Teorema de Pitágoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Aplicações do Teorema de Pitágoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.1 Na Geometria Analı́tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.2 Em Números Complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.3 Na Trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.4 Na Geometria Plana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.5 Na Geometria Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.6 O túnel de Eupalinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Número de ouro e a natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Raiz quadrada de um número inteiro na reta real . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5 Ternos Pitagóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.6 Teorema em geometrias não-euclideanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.1 Axiomas da Geometria Euclideana Plana . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.1.1 Noções Comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.1.2 Postulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.2 Geodésicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.6.3 Geometria no espaço complexo C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6.3.1 Forma Algébrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6.3.2 Forma Polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6.4 Analogias em geometrias não euclideanas . . . . . . . . . . . . . . 33

9
2.6.4.1 Transformações de Möbius . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.6.4.2 O disco de Poincaré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.6.4.3 Teorema de Pitágoras na Geometria Hiperbólica . . . . . . 35

3 Atividades para sala de aula 37


3.1 Verificando o teorema de Pitágoras no GeoGebra . . . . . . . . . . . . . . 37
3.2 Empilhamento e transporte de tubos cilindricos . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.3 Os pássaros e as torres . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.4 Corda esticada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

4 Considerações finais 46
Introdução

Pitágoras nasceu no ano de 570 a .C na ilha de Samos, na região da Grécia.


Provavelmente viveu por volta de 70 anos e dedicou sua vida a filosofia. Apesar de não
existirem registros escritos de suas obras, com certeza tornou-se um dos matemáticos
mais importantes e citados em toda humanidade. Fundou uma escola filosófica conhecida
como Escola Pitagórica. Uma instituição iniciática em que seus membros buscavam o
aperfeiçoamento das obras matemáticas sem preocupações em ganhar a notoriedade das
descobertas. Hoje, se questiona muito sobre a autoria das obras, porém era uma prática
dos iniciados da escola pitagórica não assiná-las em detrimento do engrandecimento da
instituição.
Este trabalho busca apresentar de forma lúdica algumas das obras dos pitagóricos.
No primeiro capı́tulo mostraremos seu ponto de vista sobre a relação entre números
racionais e a música.
O segundo capı́tulo será dedicado ao bem conhecido Teorema de Pitágoras, através
do qual podemos calcular o lado de um triângulo retângulo a partir dos seus outros dois
lados. São feitas duas demosntrações, inclusive com o uso do aplicativo GEOGEBRA,
para trazer um caráter mais lúdico e concreto para os alunos. Mostramos várias aplicações
deste teorema na matemática, como na Geometria Plana e Espacial, na Trigonometria, na
Geometria Analı́tica, nos Números Complexos e em outras ciências tais como na Mecânica
e na Dinâmica.
Apresentamos também a noção de proporção dos pitagóricos culminando na pro-
porção áurea e no número de ouro, buscando sempre a ilustração com elementos da
natureza.
Neste capı́tulo ainda direcionamos o estudo do teorema de pitágoras na geometria
hiperbólica.
O último capı́tulo é destinado a atividades a serem desenvolvidas em sala de aula
para pôr em prática os conteúdos aqui abordados.

1
Capı́tulo 1

Música na escola pitagórica

Este capı́tulo é dedicado à associação entre a matemática e a música desde a


percepção pitagórica até a adequação para a escala temperada usada atualmente nas
composições ocidentais.

1.1 Alguns conceitos


Aqui são apresentados alguns conceitos usados no texto.
A bem conhecida definição de Números Racionais: aqueles números que podem
ser obtidos pela divisão de dois números inteiros,

n m ∗
o
Q = x | x = , m ∈ Z, n ∈ Z
n
m
sendo o número racional n
também chamado de razão de m para n.
Desta definição tem-se que o número racional é a representação de uma parte de
um total, ou seja a fração de um total. Isso para um aluno do ensino fundamental é
um pouco complicado e leva os educadores fixarem seus exemplos nos mais tradicionais
possı́veis.
Onda é um movimento causado por uma perturbação, e esta se propaga através de
um meio. Existem alguns tipos de ondas que conhecemos bem, mas que não identificamos
em geral a olho nu, como o som.
Frequência é uma grandeza fı́sica que indica o número de ocorrências de um
evento (ciclos, voltas, oscilações etc) em um determinado intervalo de tempo, normalmente
é medida em Hertz (Hz), número de oscilações por segundo.
As ondas sonoras1 são originadas através de vibrações ou pertubações no meio
que vai se propagar, por exemplo, o ar. Suponha que toquemos uma das cordas de uma
1
As ondas sonoras são perceptı́veis ao ouvido humano quando estão dentro do intervalo de 20 Hz e
20.000 Hz, sendo consideradas infrassons se menor que 20 Hz ou ultrassons se maior que 20.000 Hz.

2
3

harpa. Esta, por sua vez vibra e empurra as moléculas de as ao seu redor que segue
provocando esta perturbação nas moléculas adjacentes e assim sucessivamente.
Outra diferença importante de se compreender é entre a frêquencia sonora(altura)
e a sua intensidade (volume). Enquanto a freqência sonora está ligada a quantidade de os-
cilações que a onda faz em determinado intervalo de tempo, o volume fica relacionado com
a amplitude que estas ondas atingem, portanto podemos ter ondas de mesma frequência
com amplitudes diferentes e vice versa.
No que segue, apresentamos o desenvolvimento musical desde a escala pitagórica
à escala temperada, numa proposta de trabalhar conceitos matemáticos como inteiros,
racionais, irracionais, progressões e logarı́tmos.

1.2 Música na Escola Pitagórica


Pode-se dizer que a confluência entre a Música e a Matemática se deu a partir da necessi-
dade de buscar embasamentos cientı́ficos para a harmonia entre sons e resolver problemas
entre consonância e dissonância musical.
A Pitágoras é atribuı́do o primeiro estudo cientı́fico da música e seus intervalos de frequências.
A história conta que ele, ao passar pela frente de uma oficina, ouviu os sons das bati-
das de martelo em diferentes materiais de diferentes tamanhos. Isto o fez despertar para
uma possı́vel harmonia entre os sons produzidos. Ele então teria iniciado uma pesquisa
cientı́fica para assim fazer uma associação entre os diferentes sons e os números, pois para
a escola Pitagórica tudo na natureza estava ligado aos números inteiros.
O primeiro projeto feito por Pitágoras para entender melhor esta consonância entre
as batidas, foi o Metalofone, instrumento feito de metal com duas baquetas que simula as
batidas dos martelos nas chapas.

Figura 1.1: Metalofone


Fonte:
4

Depois de alguns estudos e análise entre as consonâncias e dissonâncias dos dife-


rentes sons, ele pode verificar que essa harmonia acontecia quando as chapas tinham uma
relação de 1 para 2, ou seja, se uma nota Dó fosse entonada de uma chapa do metalofone,
encontrava-se uma nova nota Dó quando a batida fosse feita numa chapa que tivesse a
metade do tamanho da anterior, contudo com um tom mais agudo. Isto ocorre pois o
número de vibrações obtida na nova chapa é o dobro em relação à original, fazendo soar
assim a mesma nota com uma frequência maior, gerando este som mais agudo.
Para entender melhor o que acontece levamos em consideração a nota Lá que por
convenção possui uma frequência de 440 Hz, se reduzirmos a chapa que produz essa nota a
metade, ela passa a vibrar o dobro de vezes no mesmo intervalo de tempo 880 Hz, gerando
uma nova nota Lá, só que mais aguda.
Pitágoras continuou sua investigação sobre as relações dos sons agradáveis aos
ouvidos e os números inteiros. O instumento usado que ajudou essa pesquisa foi o chamado
Monocórdio (Mono = uma e Córdio = corda). Uma única corda esticada e presa por
dois cavaletes fixos nas extremidades e com um cavalete móvel que o possibilitava alterar
os comprimentos desta corda, fazendo vibrá-la em frequências distintas.

Figura 1.2: Modelo de monocórdio. Figura 1.3: Pitágoras e seu monocórdio.


Fonte: [12] Fonte: [13]

2
Como resultado desta investigação, Pitágoras percebeu que a corda reduzida a 3
do seu tamanho original, produzia também um som harmonioso que hoje chamamos de
3
Quinta Justa, e que reduzida a 4
produz outra chamada atualmente de Quarta Justa.
Podemos listar alguns princı́pios criados por Pitágoras após as suas investigações.
1
1o - Equivalência: divisão da corda na razão de 2
(Oitava).
o
2 - Limite: deve estar sempre entre a corda toda e sua metade.
2
3o - Unidade de divisão: progressiva na razão de 3
do seu tamanho.
Assim foi criada a escala Diatônica com sete notas (cinco com intervalos de tons
e duas com intervalos de semitons) Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó, ficando a repetição
como sendo a primeira só que mais aguda, chamada de Oitava, por ser a oitava nota da
sequência.
5

Uma curiosidade é que os nomes dados às notas desta escala tem origem nas
primeiras sı́labas de cada estrofe do texto do hino a São João Baptista. Sendo que a
primeira sı́laba Ut, por ser mais difı́cil de ser cantada, foi substituı́da por Dó.

Ut queant laxis,
Resonare fibris,
Mira gestorum,
Famuli tuorum,
Solve polluti,
Labii reatum.
Sancte Ioannes

Para que possam, livres,


Ressoar nas fibras,
Os admiráveis feitos,
Os servos teus,
Remove, do impuro,
Lábios, o pecado.
Ó São João2

Figura 1.4: Oitava da escala Diatônica


Fonte: Própria

A escala Pitagórica deixa uma lacuna, pois usando as quintas justas não encontra
uma nota correspondente ao ciclo de oitavas. Observe que analisando as frequências
das oitavas chegamos a função f (n) = 2n , enquanto as frequências nas quintas justas
determinam uma função do tipo g(m) = ( 23 )m , tornando impossı́vel encontrar algum
2
Na ordem direta, a tradução é, “Para que os teus servos possam cantar livremente os feitos admiráveis,
remove o pecado do lábio impuro, oh São João”.
6

valor inteiro para m e n tal que f(n) = g (m). Após várias tentativas, verificou-se que o
valor mais próximo para esta igualdade acontecia quando n = 7 e m = 12, gerando f(7) =
128 e g(12) = 129,74. Apesar dos valores encontrados serem muito próximos, pouco mais
de 1% de diferença, isto comprometia a execução musical. Esta diferença ficou cconhecida
como Coma Pitagórica.
Outro problema na escala Pitagórica é a relação entre as frequências de seus tons
e semitons. A tabela a seguir ajuda-nos a entender melhor essa relação.

Figura 1.5: Razão entre as frequêcias dos tons


Fonte: Própria

Assim é possı́vel verificar que a soma entre dois semitons não coincide com a
frequência de um tom.
Uma maneira de atenuar esse problema foi, ao invés de dividir a escala em sete
notas como na escala diatônica, criou-se a escala Cromática, que consiste em dividı́-la
em doze semitons,

Dó, Dó#, Ré, Ré#, Mi, Fá, Fá#, Sol, Sol#, Lá, Lá#, Si, Dó.

Ainda que não conhecessem a “equação de ondas”do cálculo diferencial, os pi-


tagóricos observavam os sons consonantes nas relações entre as frequências na razão de 23 ,
quando se tomava a corda em dois terços da inicial, chamando de Ciclo das Quintas.
Desta maneira, podemos garantir que a quinta do Dó é o Sol e por sua vez a quinta
so Sol é o Ré, e assim por diante, encontrando a sequência,

Dó, Sol, Ré, Lá, Mi, Si, Fá#, Dó#, Sol#, Ré#, Lá#, Fá, Dó.

1.3 Escalas Temperada


O modelo criado por Pitágoras era o mais aceito pela comunidade musical, contudo
existiam erros. Muitos músicos e matemáticos tentaram corrigir as “falhas”do modelo
7

grego. A escala cromática trazia um problema quando se precisava executar uma música
em diferentes oitavas, tendo que reafinar o instrumento em cada mudança de oitava, pois
não havia o encaixe perfeito como citado anteriormente.
Com o intuito de encontrar uma solução, o matemático e fı́sico Simon Stevin(1548-
1620) criou o Temperamento.
O temperamento é um ajuste feito na escala cromática para que as notas tenham
a mesma distância e encaixem perfeitamente no ciclo de oitavas. Para tanto ele saiu do
universo dos números racionais e passou a trabalhar no universo irracional. Fazendo-se
os 12 semitons equidistantes foi possı́vel fechar o ciclo de oitavas com esses 12 intervalos.
O processo consiste em uma leve “desafinação”das notas sem que houvesse prejuı́zo na
execução das músicas. A ideia baseia-se em criar um semitom cuja frequência, quando
elevado a 12 fosse igual a uma oitava, ou seja,

f 12 = 2

f = 12 2 (Irracional)
f∼
= 1, 059463.

Comparando a escala Temperada com a Pitagórica encontramos,

Figura 1.6: Comparativo entre as escalas


Fonte: Própria

A tabela abaixo faz um comparativo das diferenças entre as escalas, podendo assim
perceber uma leve diferença entre as frequências das notas na escala Pitagórica e na escala
Temperada.
8

Figura 1.7: Frequências das notas.


Fonte: Própria

Foi o alemão Johann Sebastian Bach quem de forma brilhante compôs a obra
que mudaria na época a cara da música européia. Com grande influência barroca, em
1722, Bach compilou algumas de suas obras e lançou “O cravo bem temperado”, que
utiliza exatamente a escala temperada na sua composição. Anos após sua morte outros
brilhantes músicos como Mozart e Beethoven fizeram grandes tributos à importância da
sua obra.

Figura 1.8: J. S. Bach


Fonte:
9

1.4 Caso particular: os trastes do violão


Como já sabemos, as frequências crescem exponencialmente, enquanto o compri-
mento das cordas que as produzem são inversamente proporcionais. Para determinar a
melhor posição entre os trastes de um violão com respeito à pestana e ao cavalete e (lem-
√ 1
brando que a razão entre as notas na escala temperada valem 12 2 = 2 12 ) podemos utilizar
o modelo matemático,
 n
1
dn = d0 1
2 12

onde,
n : ordem do traste.
dn : distância entre o traste de ordem n e o cavalete.
d0 : comprimento da corda solta (distância entre a pestana e o cavalete).
Com isso, podemos garantir, por exemplo, que o traste de ordem 12 ficará locali-
zado exatamente na metade da corda solta e assim sucessivamente. A figura e a tabela a
seguir nos ajudam a visualizar melhor estas posições num violão de seis cordas.

Figura 1.9: Violão


Fonte: adaptada

Estes conceitos podem ser aplicados em outros instrumentos de trastes como viola,
bandolim, guitarra, cavaquinho bastando apenas conhecer o comprimento das cordas.
10

Figura 1.10: Posição dos trastes.


Fonte: Própria
Capı́tulo 2

Teorema de Pitágoras

Teorema:
“Em todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao qua-
drado da hipotenusa”.

2.1 Demonstrações do Teorema de Pitágoras


1o modo:
Não se sabe ao certo qual o método usado por Pitágoras para demonstrar este
teorema, contudo um dos métodos mais clássico é através das áreas dos quadrados gerados
com os lados do triângulo retângulo.
1o passo - num quadrado qualquer traça-se duas retas paralelas aos lados, de forma
que elas se cruzem num ponto interno deste quadrado, gerando assim dois quadrados
menores de lados a e b, respectivamente, e dois retângulos de lados a e b como na figura
2.1.
2o passo: dividem-se os retângulos traçando-se as diagonais c como é mostrado
na figura 2.2, encontrando-se assim um quadrado de lado a, outro quadrado de lado b e
quatro triângulos retângulos de catetos a e b e hipotenusa c.
3o passo: rearrumar as áreas de modo a conservar a área do quadrado maior de
lado (a+b).
Com isso, por comparação das áreas, podemos demonstrar que a soma da área do
quadrados de lados a com a área do quadrado de lados b resulta na área do quadrado de
lado c.

a2 + b 2 = c 2

11
12

Figura 2.1:
Fonte: Própria

Figura 2.2:
Fonte: Própria
13

Figura 2.3: Fonte: Própria

Figura 2.4: Rearrumando as áreas.


Fonte: Própria

2o modo: Podemos demonstrar o teorema de Pitágoras usando a Álgebra Linear


através da soma de vetores.
Seja V um espaço vetorial real com produto interno e u e v elementos de V orto-
gonais temos

ku + vk2 = hu + v, u + vi ⇒

ku + vk2 = hu, ui + hu, vi + hv, ui + hv, vi

lembrando que se u e v são ortogonais hu, vi = hv, ui = 0, então

ku + vk2 = hu, ui + hv, vi ⇒

ku + vk2 = kuk2 + kvk2


14

2.2 Aplicações do Teorema de Pitágoras


Em várias áreas da matemática e em outras ciências, o teorema de Pitágoras é
muito aplicado, dando uma certa imortalidade à sua obra. Aqui veremos algumas de suas
aplicações, como:

2.2.1 Na Geometria Analı́tica


Calculando a distância entre dois pontos de um plano Cartesiano:
Sendo dois pontos A(xa , ya ) e B(xb , yb ), marca-se ambos num mesmo plano Carte-
siano, como mostra a figura 2.5.

Figura 2.5:
Fonte: Própria

Traça-se um segmento de reta ligando os pontos A e B, e em seguida fecha um


triângulo retângulo cujos catetos medem xb − xa e yb − ya , e a hipotenusa dA,B como
mostrado na figura 2.6.

Figura 2.6:
Fonte: Própria
15

Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo obtemos

d2A,B = (xb − xa )2 + (yb − ya )2

daı́,

p
dA,B = (xb − xa )2 + (yb − ya )2

2.2.2 Em Números Complexos


A norma de um complexo no plano de Gauss é a distância entre o afixo e a origem
deste plano. Para calcularmos esta norma, fazemos de forma similar a citada na subseção
anterior.
Temos P, o afixo de Z = a + bi no plano de Gauss como na figura 2.7,

Figura 2.7:
Fonte: Própria

Aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo OPQ (ver figura 2.8)

Figura 2.8:
Fonte: Própria

obtemos,
16

|z|2 = a2 + b2 ⇒

|z| = a2 + b2 .

2.2.3 Na Trigonometria
Considere um triângulo retângulo de catetos b e c, hipotenusa a e um ângulo agudo
α (ver figura 2.9). Podemos calcular o seno e o cosseno deste ângulo.

Figura 2.9:
Fonte: Própria

b
sin α =
a
e
c
cos α = ,
a
daı́,
 2  
2 2 b c 2
sinα + cos α = + ⇒
a a
b2 c2
sinα2 + cos α2 = + ⇒
a2 a2
b2 + c 2
sinα2 + cos α2 = ⇒
a2
a2
sinα2 + cos α2 = 2 ⇒
a
2 2
sinα + cos α = 1.
17

2.2.4 Na Geometria Plana


Dado um quadrado ABCD de lado medindo l. É possı́vel calcular a medida de sua
diagonal através do teorema de Pitágoras, traçando um triângulo retângulo, como mostra
a seguir a figura 2.10.

Figura 2.10: Diagonal do quadrado


Fonte: Própria

Pelo teorema de Pitágoras, sabemos que

d2 = l 2 + l 2 ,

Então,
d2 = 2l2 ⇒

d = 2l2 ⇒

d = l 2.

determinando assim, a diagonal do quadrado a partir do seu lado.

2.2.5 Na Geometria Espacial


A diagonal de um paralelepı́pedo pode ser obtida pela aplicação do teorema de
Pitágoras duas vezes. Dado um paralelepı́pedo reto de arestas a, b e c, como na figura
2.11, podemos calcular a diagonal da base d, aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo
retângulo de lados a, b e d.
18

Figura 2.11: Paralelepı́pedo


Fonte: Própria.

podemos determinar,
d 2 = a2 + b 2

Em seguida, torna-se a aplicar o teorema no triângulo de lados d, c e D,como na figura


2.12, onde D é a diagonal do paralelepı́pedo.

Figura 2.12: Diagonal do paralelepı́pedo


Fonte:Própria

Temos então,
D 2 = d 2 + c2 ⇒

D 2 = a2 + b 2 + c 2 ⇒

D = a2 + b 2 + c 2 .
19

2.2.6 O túnel de Eupalinos


A ilha de Samos, há 2500 anos atrás, era habitada por gregos e entrou para história
por ser a terra natal de Pitágoras. Por volta do ano de 530 a.C., Polı́crates dominava
aquelas terras e preocupado com o abastecimento de água resolveu abastecer a cidade com
fontes que ficavam do outro lado do Monte Castro. Como sugestão ele poderia circular
o monte e trazer água pela superfı́cie, contudo ficariam vulneráveis a ataques bárbaros
que certamente cortariam este abastecimento. A solução encontrada foi cavar um túnel
para transpor a água por dentro do monte. Neste momento entra a figura do matemático
Eupalinos que usando os conhecimentos pitagóricos conseguiu fazer tal obra.
Primeiro ele definiu os dois pontos ao redor do monte que seriam os pontos de
entrada e saı́da do túnel (aqui chamaremos de pontos A e B). Em seguida, traçou um
poligonal formado por segmentos perpendiculares ao redor do monte (figura 2.13) deter-
minando assim as medidas dos lados AK e BK do triângulo ABK e, aplicando o teorema
de Pitágoras, pode determinar a distância entre os pontos A e B.

Figura 2.13: Secção transversal de um monte


Fonte: Própria

Após a descoberta da distância a ser cavada, um outro problema estava na certeza


da direção que deveria ser cavado tal túnel e para surpresa na comunidade, Eupalinos
anunciou que, para reduzir o tempo da construção, iniciaria a obra nos dois sentidos
fazendo estes buracos se encontrarem no meio do caminho. Para isso ele usou triângulos
retângulos semelhantes, pois ele sabia que se construı́sse dois pequenos triângulos com
lados proporcionais aos lados de ABK e os colocassem nos vértices A e B, os seus ângulos
20

agudos seriam iguais.


Considere o teorema: Se dois triângulos retângulos têm catetos proporcionais, então
seus ângulos agudos são iguais.
b0
Na figura 2.14, se b
c
= c0
, então ∠ab = ∠a0 b0 e ∠ac = ∠a0 c0 .

Figura 2.14: Semelhança de triângulo.


Fonte: Própria

Entretanto, Eupalinos não usou exatamente o teorema acima e sim uma con-
sequência dele que diz: Sejam abc, a’b’c’ triângulos com um vértice em comum. Se
b b0
os catetos b e c’ são perpendiculares e além disso, tem-se c
= c0
, então as hipotenusas a
e a’ estão em linha reta.
Certamente o túnel já tinha tamanho e direção, contudo faltava apenas resolver
a questão de inclinação para que a água não encontrasse obstáculo para descer. Para
isso calculou-se o desnı́vel entre os pontos A e B, fazendo-o através do poligonal. Ver
ilustração da visão lateral do monte.

Figura 2.15: Secção meridional de um monte


Fonte: Própria.

AM
Fazendo a razão AB
= s, foi descoberta que a cada unidade de comprimento que
fosse perfurado o túnel, o nı́vel deveria abaixar unidades.
21

O fato é que o túnel sobre o Monte Castro existe e está lá para constatação de
sua grandiosidade, contudo houve um erro de aproximadamente 9 metros na horizontal
e 3 metros na vertical que é considerado insignificante para a dimensão da construção e
para a tecnologia da época. Este desvio relata dois pontos interessantes. O primeiro é
que a ponta que começou no lado mais alto A ficou acima da ponta que começou do lado
mais baixo B. Isto mostra a preocupação em não ter obstáculos caso ficasse um desvio
contrário. O segundo ponto é que gerou uma cachoeira sem interromper o fluxo de água.

2.3 Número de ouro e a natureza


Os pitagóricos foram os precursores no desenvolvimento de uma técnica para ob-
tenção de demonstrações que misturavam a álgebra tradicional com a geometria em que
hoje é chamada de álgebra geométrica que é muito encontrada no Livro II de Euclides,
como por exemplo a proposição 4 deste livro que diz,

(a + b)2 = a2 + 2ab + b2 .

Assim decompondo o quadrado de lado a + b em dois quadrados e dois retângulos de


áreas a2 , b2 , ab e ba, podemos comprovar esta identidade algébrica usando a geometria
(ver figura 2.16).

Figura 2.16:
Fonte: Própria
22

Os pitagóricos mostravam muito interesse pela proporção áurea e pela razão áurea
(conhecida também como razão dourada) determinando o número de ouro (ϕ). Este
interesse era tão notável que os membros da escola pitagórica carregavam uma insı́gnia de
um pentágono estrelado, pois existia neste emblema uma razão áurea entre as diagonais
e os lados do pentágono.
Diz-se que um ponto divide um segmento de reta em média e extrema razão ou
em secção áurea, se o mais longo dos segmentos é a média geométrica entre o menor e o
segmento todo. A razão entre o segmento menor e o segmento maior é chamado de razão
áurea.

Figura 2.17:
Fonte: Própria

Para encontrarmos o número de ouro basta considerar AB = x e BC = y.

Figura 2.18:
Fonte: Própria

Daı́ podemos dizer que

x y
y
= x+y

y 2 = xy + x2 ⇔
( xy )2 = y
x
+ 1.

y 1± 5
Agora, considerando x
= m, temos a equação quadrática m2 = m + 1, onde m = 2
.
√ √
1− 5 1+ 5
Como m = 2
não convém, temos m = 2
≈ 1, 618 o número de ouro.
Vale salientar que algumas escolas utilizam o número de ouro como sendo ϕ =

−1+ 5
2
≈ 0, 618, contudo vamos acompanhar [3] que considera os dois bastando ver a
relação montada.
23

Uma forma de encontrar este número de ouro é através do quadrado oblongo 1 .


Apartir de um quadrado ABCD de lado unitário, marca-se o ponto médio E do lado AB
e determina o segmento EC.

Figura 2.19:
Fonte: Própria

Usando o teorema de Pitágoras podemos determinar

2 2 2
EC = EB + BC ⇔
2
EC = ( 12 )2 + 12 ⇔
2 1
EC = 4
+1⇔
2 5
EC = 4


5
EC = 2
.

Com um compasso traçamos o segmento EF como na figura 2.19, e encontramos



1+ 5
o segmento AF = 2
≈ 1, 618
Retomando o pentágono estrelado verificamos que ao traçar suas diagonais, estas
se cruzam em pontos que dividem as demais em razão áurea.

Figura 2.20: Pentágono estrelado


1
Este tipo de construção era muito usado nos templos em geral. Uma curiosidade é que na igreja
católica a região limitada pelo quadrado era reservada para os fiéis, enquanto a prolongação referente ao
retângulo encontrato era reservada para o altar.
24

Tratando-se de número de ouro, podemos falar de Leonardo de Pisa (1175 - 1250),


também conhecido como Leonardo Fibonacci. Um dos problemas mais estudados por ele
é relacionado a reprodução de coelhos e está citado abaixo:
“Quantos pares de coelhos serão produzidos num ano, começando com um só par,
se cada mês cada par gera um novo par que se torna produtivo a partir do segundo mês.”
Tal sequência é formada por 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13... sendo chamado também de
números de Fibonacci, pode ser sintetizada por ϕ1 = 1, ϕ2 = 1 e ϕn+2 = ϕn+1 + ϕn ,
sabendo que tal sequência não é limitada superiormente. Entretanto se tomarmos a razão
entre qualquer termo desta sequência e seu sucessor encontramos uma nova sequência do
ϕn+1 1 2 3 5
tipo F (n) = ϕn
, sendo F (1) = 1
= 1, F (2) = 1
= 2, F (3) = 2
= 1, 5, F (4) = 3
=
1, 666... e assim sucessivamente.
Representando num gráfico da figura 2.21, onde o eixo horizontal é a sequência de
Fibonacci, obtém-se uma sequência que vai se aproximando do número de ouro.

Figura 2.21:
Fonte: Própria

Com isso podemos mostrar que a partir de um quadrado podemos construir o


retângulo áureo, obedecendo a sequência de Fibonacci (ver figura 2.22).

Figura 2.22: Retângulo áureo


Fonte:http://4.bp.blogspot.com/-
8AmW0Pl4ZSI/T2YvoDPnZBI/AAAAAAAAAV4/9yaAumVKOuM/s1600/fibonacci20spiral.png

Leonardo Da Vinci, com a obra “O homem de Vitrúvio”, figura 2.23, estabeleceu


uma das mais belas obras que relata a existência do número de ouro nas proporções do
corpo humano, como por exemplo:
1-Medindo a sua altura dividindo pela altura do seu umbigo até o chão.
25

2-Medindo o seu braço inteiro, dividindo pelo tamanho do seu cotovelo até ao dedo.
3-Meça a sua perna inteira e divida pelo comprimento do seu joelho até o chão.
Entre estas e várias outras razões o resultado sempre é o número de ouro (aproxi-
mandamente 1,618).

Figura 2.23: O homem de Vitrúvio


Fonte: http://www.designculture.com.br/wp-content/uploads/2015/06/Dc-11.jpg

Ainda no campo da arte, o próprio Da Vinci, pintou o quadro Gioconda, também


conhecido por Mona Lisa. Esta é considerado a imagem mais perfeita da mulher, pois
nele encontra-se o número de ouro entre suas razões (ver figura 2.24)

Figura 2.24: Mona Lisa


Fonte:

O Nautilus marinho é um tipo de molusco que possui uma concha que pode ser
inscrita num retângulo de ouro como podemos ver na figura 2.25
Na arquitetura, os gregos trabalhavam usando o numero de ouro nas suas cons-
truções, como por exemplo o Partenon, ver figura 2.26

2.4 Raiz quadrada de um número inteiro na reta real


Nesta seção aplicaremos o teorema de Pitágoras na verificação geométrica de raı́zes
quadradas não exatas auxiliando na compreensão dos números irracionais, pois garante
26

Figura 2.25: Nautilus marinho


Fonte: http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/alegria/fibonacci/fig06.png

Figura 2.26: Partenon


Fonte: https://vibraraapi.files.wordpress.com/2014/03/0451.png

sua existência e localização na reta real.


Em primeiro lugar, traça-se um semicı́rculo de diâmetro AB = R num plano
cartesiano, sendo A(0, 0), B(R, 0) e centro no ponto C( R2 , 0), como mostra a figura 2.27.

Figura 2.27:
Fonte: Própria

Em seguida traça-se uma reta perpendicular ao eixo x passando pelo ponto D(1, 0),
até determinar sobre a semicircunferência o ponto E, ver figura 2.28, sendo o triângulo
R R
CDE retângulo, com lados CE = 2
e CD = 2
− 1, Podendo assim, aplicar o teorema de
Pitágoras e encontrar,
27

Figura 2.28:
Fonte: Própria

DE 2 = ( R2 )2 − ( R2 − 1)2 ⇒
 2  2
2 R R
DE = − +R−1⇒
2 2
DE 2 = R − 1.

Em seguida, aplica-se novamente o teorema de Pitágoras, só que agora no triângulo


ADE, sendo AD = 1 e DE 2 = R − 1. ver figura 2.29.

Figura 2.29:
Fonte: Própria

AE 2 = AD2 + DE 2 ⇒

AE 2 = 1 + R − 1 ⇒

AE 2 = R ⇒

AE = R.

Finalmente basta pegar o compasso com centro em A e abertura AE e marcar um



ponto E 0 sobre o eixo x, determinando assim AE = R, como na figura 2.30.
28

Figura 2.30:
Fonte: Própria

2.5 Ternos Pitagóricos


Quando os três números que satisfazem ao Teorema de Pitágoras são naturais,
são chamados de Ternos Pitagóricos. O Terno Pitagórico mais conhecido é o (5, 4, 3).
Contudo existe uma infinidade de ternos que satisfazem esta relação, dentre os quais
podemos citar os proporcionais a este, como (10, 8, 6); (15, 12, 9); (20, 16, 12). Um terno
pitagórico é chamado de primitivo quando estes números naturais são primos entre si.
Definição:
Se (a, b, c) ∈ N∗ tal que a 2 = b 2 + c 2 , denominamos de (a, b, c) de Terno Pi-
tagórico.
Os Ternos Pitagóricos podem ser encontrados de uma forma geral pela relação:

a = x 2 + y2

b = x 2 − y2

c = 2xy

Demonstração:
Sendo
b 2 + c 2 = (x 2 − y 2 )2 + (2xy)2

b 2 + c 2 = x 4 − 2x 2 y 2 + y 4 + 4x 2 y 2

b 2 + c 2 = x 4 + 2x 2 y 2 + y 4

b 2 + c 2 = (x 2 + y 2 )2

b2 + c2 = a2

Para melhor ilustrar esta relação do Terno Pitagórico, podemos lembrar aos alunos
que ao atribuir valores para x , y devemos ter o cuidado para x > y e se o objetivo for
29

encontrar Ternos primitivos sempre devemos ter o cuidado de escolher valores para x e
y, sempre um par e outro ı́mpar, caso contrário o terno encontrado será formado por
números pares, podendo assim ser simplificado.

2.6 Teorema em geometrias não-euclideanas


Neste capı́tulo, comentamos algumas geometrias, distintas da geometria euclide-
ana, como a esférica e a hiperbólica. Para esta última, apresentamos uma versão do
teorema de Pitágoras, com a mesma apresentação da geometria plana. Durante algum
tempo acreditou-se que era impossı́vel provar este resultado, com o formato a2 = b2 + c2
em outra geometria (Ver [16]).
A geometria euclideana e a geometria hiperbólica diferem não somente em seus
conteúdos mas também pela forma que foram construı́das. Enquanto a euclideana parte
de uma percepção tátil e visual para em seguida ser axiomatizada, a hiperbólica foi axio-
matizada para posteriormente desenvolver modelos matemáticos para a percepção visual
desta geometria.

2.6.1 Axiomas da Geometria Euclideana Plana


Sabemos que a geometria plana tem base axiomática, ou seja, parte de afirmações
que se acredita ser verdade sem uma necessidade de demonstração. Os dez axiomas de
Euclides foram divididos em duas partes: Noções Comuns e Postulados.
A diferença entre estas partes é que as Noções Comuns são aplicadas em qualquer
ciência e aceitas pelo senso comum, enquanto os Postulados são aplicados peculiarmente
na Geometria. A geometria plana foi sintetizada pelo matemático grego Euclides - 300
a.c., e seus axiomas são:

2.6.1.1 Noções Comuns

1 - Coisas que são iguais a uma mesma coisa são também iguais.
2 - Se iguais são adicionados a iguais, os totais são iguais.
3 - Se iguais são subtraı́dos de iguais, os restos são iguais.
4 - Coisas que coincidem uma com a outra, são iguais.
5 - O todo é maior do que qualquer uma de suas partes.

2.6.1.2 Postulados

1 - Pode-se traçar uma única reta ligando quaisquer dois pontos.


30

2 - Pode-se continuar, de maneira única, qualquer reta finita continuamente em


uma reta.
3 - Pode-se traçar cı́rculos com qualquer centro e qualquer raio.
4 - Todos os ângulos retos são iguais.
5 - Se uma reta ao cortar outras duas, forma ângulos internos, no mesmo lado, cuja
soma é menor que dois angulos retos, então as duas retas se continuadas, encontra-se-ão
no lado onde estão estes ângulos cuja soma é menor que dois ângulos retos.
Vale salientar que durante séculos o quinto postulado de Euclides foi submetido
a várias tentativas de demonstrações usando os quatro postulados anteriores, por vários
matemáticos de diversas regiões do mundo e em momentos diferentes do de Euclides, como
por exemplo: Ptolomeu (85-165), Proclus Diadochus (410-485 D.C.), John Playfair (1748-
1819), Carl Friedrich Gauss (1777-1855), Janos Bolyai (1802-1860), Nikolai Ivanovich
Lobachewsky (1793-1856), entre muitos outros, tendo todos algum erro ou simplesmente
usando a hipótese do próprio Euclides.
Estas tentativas de demonstração foram o alicerce para a percepção e a forma-
lização de novas geometrias. Os axiomas de Euclides não se aplicam nestas geometrias e
foi motivo de muita pesquisa e discussão entre matemáticos de várias gerações, principal-
mente da comunidade cientı́fica que assumia naquela época a geometria euclideana como
a mais completa obra geométrica da humanidade.
Temos, como exemplos de geometrias não-euclideanas, a esférica e a hiperbólica.

Figura 2.31: Plano esférico. Figura 2.32: Plano hiperbólico.


Fonte: Fonte:

Um dos matemáticos que mais contribuiu para essas “novas”geometrias foi Gauss.
Depois de muito tentar demonstrar o quinto postulado de Euclides por absurdo, ele chegou
a conclusão de que não seria possı́vel. Ele, junto com Bolyai, chegaram a conclusão que
nem sempre retas paralelas não se cruzam e principalmente que por um ponto fora de
uma reta é possı́vel passar infinitas retas paralelas a ela.
Gauss está entre os primeiros matemáticos que sinalizaram para a existência de
uma nova geometria que intitulou de geometria não Euclideana.
31

2.6.2 Geodésicas
Para chegarmos ao objetivo desta seção, é necessário saber que geodésicas são as
curvas que determinam a menor distância entre dois pontos de uma superfı́cie. Quando
trabalhamos numa superfı́cie plana, a curva que minimiza a distância entre dois pontos
é sempre uma reta. Contudo na superfı́cie esférica, por exemplo, a curva que liga dois
pontos quaisquer será uma arco de circunferência de extremidades nesses pontos. Uma
forma de comentar isso com nossos alunos e ilustrar mais a situação, tornando a ideia
de geodésica mais concreta, é imaginar um navio navegando longas distâncias em mar
aberto. Isso nos dá a impressão de que este navio afundou no mar pois ele não percorre
um segmento “retilı́nio”e sim um segmento “curvado”, (ver figura 2.33).

Figura 2.33: retas na esfera


Fonte: Própria

Na geometria plana, as retas são as curvas que fazem o papel de geodésicas, uma
vez que são elas que minimizam as distâncias entre dois pontos. Nas geometrias não-
euclideanas, as geodésicas são, em geral, curvas mais complexas. Defini-las formalmente
exigiria um aparato grande de informações da geometria diferencial que não fazem parte do
escopo deste trabalho. Mas, em palavras simples, uma geodésica é uma curva diferenciável
α(t) sobre uma superfı́cie orientada M tal que o vetor aceleração α00 é ortogonal a todos
os pontos de α(t).
32

2.6.3 Geometria no espaço complexo C


2.6.3.1 Forma Algébrica

Em C podemos colocar uma estrutura métrica, que nos possibilita trabalhar com
distâncias e ângulos. Para isso, definimos z = a + bi ∈ C, a, b ∈ R, com Re(z) = a e
Im(z) = b as Partes Real e Imaginária, respectivamente, e z̄ = a − bi ∈ C, o conjugado

de z. Lembrando ainda que a norma de z é dada pela expressão |z| = a2 + b2 .
Com esta definição, podemos representar o eixo horizontal (abscissa) como o eixo
real de z e o eixo vertical (ordenada) como o eixo imaginário de z, resultando no Plano
de Gauss

Figura 2.34:
Fonte: Própria

Assim, o número complexo z pode ser visto como uma coordenada (a, b), ou como
vetor (a, b) (ver figura 2.34. Isto facilita o entendimento da distância entre dois complexos
z1 e z2 , como sendo |z1 − z2 |.

2.6.3.2 Forma Polar

Da mesma forma que é possı́vel escrever o número complexo na forma algébrica


z = a + bi, existe uma forma mais confortável de representar este número, a Forma Polar
(ou Trigonométrica). Sabemos que se z = a + bi, então existem números reais r > 0,
sendo r a norma de z, e θ ∈ R > 0 tais que

a = r cos θ e b = r sin θ.

Assim sendo podemos garantir que z = a + bi, pode ser escrito que na forma

z = r cos θ + r sin θ
z = r(cos θ + sin θ)
33

Definindo %iθ = cosθ + isinθ, podemos concluir que

z = r%iθ

b

com θ = arctan a
do complexo z.

2.6.4 Analogias em geometrias não euclideanas


Nesta seção, vamos apresentar, de forma bastante resumida, uma versão do teorema
de Pitágoras na geometria hiperbólica sobre o disco de Poincaré dada por [15].
Durante muito tempo acreditou-se que não haveria uma forma equivalente ao teo-
rema em geometrias não-euclideanas. Assim achamos interessante apresentá-lo aqui, por
questões de curiosidade e cunho cientı́fico.

2.6.4.1 Transformações de Möbius

Sejam a, b, c e d números complexos com ad − bc 6= 0, então a função complexa


definida por
az + b
T (z) =
cz + d
é chamada um Transformação de Möbius. A condição ad − bc 6= 0 é uma garantia
para que a função T (z) não seja constante, pois se ad − bc = 0 (ad = bc) teremos as
az + b
seguintes possibilidades para T (z) = :
cz + d
ad a
ad az + b az + (cz + d) a
1. se b = , com c 6= 0 temos T (z) = = c = c =
c cz + d cz + d cz + d c
2. para a existência da função complexa T (z), as constantes c e d não podem ser
b
simultaneamente nulas. Com c = 0 e ad = bc, temos d 6= 0 e T (z) = .
d
Observamos que em ambos os casos a função T (z) é constante, o que descaracteriza
como uma função transformação, daı́ a necessidade da condição acima.
Vamos trabalhar as transformações de Möbius no disco complexo unitário D =
{z : |z| < 1} no plano complexo por
z0 + z
z → %iθ = %iθ (z0 ⊕ z)
1 + z0 z
onde θ ∈ R, z0 ∈ D, z0 é o conjugado de z0 e ⊕ define a adição de Möbius no disco.
34

2.6.4.2 O disco de Poincaré

No modelo do disco de Poincaré, o plano hiperbólico é definido a partir de uma


região limitada por uma circunferência que denotamos de D. Sendo λ uma circunferência
de centro O e raio OR, D é o conjunto de todos os pontos P, tais que OP < OR. Os
pontos sobre a circunferência λ não fazem parte do plano hiperbólico, são chamados de
pontos ideais e delimitam o horizonte hiperbólico. Os arcos de circunferências contidas
em D e ortogonais ao horizonte são as retas hiperbólica. Assim, neste modelo podemos
verificar a existência de infinitas retas paralelas que passam por um mesmo ponto P (ver
figura 2.35).

Figura 2.35: Fonte: Própria

Entender a noção de distância no Disco é fundamental para nos desprendermos


da visão euclideana e podermos aceitar uma nova geometria, a hiperbólica no caso. O
Disco é um espaço infinito, ou seja, um indivı́duo pode caminhar no sentido do horizonte e
nunca chegar ao fim de sua caminhada ainda que os passos sejam do mesmo tamanho. Um
observador externo vê os passos tornarem-se cada vez menores se sua visão for inteiramente
euclideana no plano hiperbólico.

Figura 2.36: distância entre pontos


Fonte: Própria
35

Definição:
A função distância hiperbólica de Poincaré em D é:

a−b
d(a, b) =
= |a b|,
1 − āb

de modo que a b = a ⊕ (−b), ∀a, b ∈ D .


Para garantir que d(x,y) é uma métrica é indispensável obedecer a desigualdade
triangular

d(a, c) ≤ d(a, b) ⊕ d(b, c).

Observe que o lado direito da desigualdade pode ser escrito como

tanh(tanh−1 d(a, b) ⊕ tanh−1 d(b, c)),

logo a desigualdade pode ser reescrita na forma

tanh−1 d(a, c) ≤ tanh−1 d(a, b) ⊕ tanh−1 d(b, c),

a qual envolve a adição ordinária de números reais ao invés de Möbius.


Também é usual definir-se a função distâcia da adição hiperbólica em D como
 
−1 1 1+d(a,b)
h(a, b) = tanh d(a, b) = 2 ln 1−d(a,b) ,

daı́,

h(a, c) ≤ h(a, b) + h(b, c),

para todo a, b, c ∈ D, provando que é válida a desigualdade triangular.

2.6.4.3 Teorema de Pitágoras na Geometria Hiperbólica

Agora, vamos enunciar e provar o Teorema de Pitágoras hiperbólico.


Sabe-se que a medida do ângulo hiperbólico entre dois de um triângulo hiperbólico é
a medida Euclideana dos raios tangentes. Um triângulo reto hiperbólico é aquele triângulo
com um dos ângulos igual a π2 .
Teorema: Seja 4ABC um triângulo hiperbólico de vértices a, b, c no disco de
Poincaré, cujos lados (no sentido horário) são

A = −b ⊕ c, B = −c ⊕ a, C = −a ⊕ b.

Se os lados A e B são ortogonais, então |A|2 ⊕ |B|2 = |C|2 .


36

Demonstração. Seja 4ABC um triângulo reto hiperbólico de vértices nos pontos a, b, c


do disco e cujos lados A, B, C são segmentos geodésicos, com os lados A e B ortogonais,
como na figura 2.37.
Aplicando-se uma tranformação de Möbius apropriada podemos mover o ângulo
reto para o centro de D de modo que os lados ortogonais estejam sobre os eixos real e
imaginário de D, como na figura 2.37.
Transformações de Möbius são isometrias conformes, i.e., preservam os compri-
mentos hiperbólicos de segmentos geodésicos e a medida dos ângulos hiperbólicos. Logo,
o triângulo resultante 4A0 B 0 C 0 pela transformação, é congruente ao 4ABC, fig. 2.37,
no sentido de que ambos possuem os mesmos comprimentos hiperbólicos para lados cor-
respondentes e medidas iguais para ângulos correspondentes.

Figura 2.37:
Fonte:

Os vértices do triângulo reto hiperbólico 4A0 B 0 C 0 são A0 = x, B 0 = iy, C 0 = 0,


para alguns x, y ∈ (−1, 1).
O comprimento do segmento geodésico unindo dois pontos a, b do disco é |b a|.
Assim, os comprimentos hiperbólicos |A|, |B|, |C| dos lados A, B, C do triângulo 4A0 B 0 C 0
são dados por

|A|2 = |b0 c0 |2 = y 2 ,
|B|2 = |a0 c0 |2 = x2 , e
x − iy 2
|C|2 = |a0 b0 |2 = |x iy|2 = | | = x2 ⊕ y 2 .
1 − ixy
portanto,

|A|2 ⊕ |B|2 = |C|2 ,

donde verifica-se o Teorema de Pitágoras para triângulos retos hiperbólicos no disco de


Poincaré.
Capı́tulo 3

Atividades para sala de aula

3.1 Verificando o teorema de Pitágoras no GeoGebra


Uma das formas de trazer o aluno para o mundo da matemática é envolvendo
cada vez mais nas tecnologias e nas ferramentas computacionais que tanto eles gostam e
interagem. Tendo em vista isso, promovemos como atividade a verificação do teorema de
pitágoras pela soma das áreas, usando o GeoGebra como ferramenta. Após a abordagem
do conteúdo em sala de aula, os alunos devem ser reunidos em laboratório de informática
(se possı́vel individualmente em cada computador) e seguir os passos descritos a seguir:
1o passo: traça-se uma reta a partir de dois pontos.

Figura 3.1:
Fonte: Própria

37
38

2o passo:traça-se uma reta perpendicular à reta dada passando pelo ponto A.

Figura 3.2:
Fonte: Própria

3o passo: marca-se um ponto C sobre a reta perpendicular.

Figura 3.3:
Fonte: Própria
39

4o passo: Esconde-se as retas deixando somente os pontos visı́veis.

Figura 3.4:
Fonte: Própria
Obs.: Deve-se pressionar a tecla “Esc”para fazer as retas desaparecerem.

5o passo: Traça-se o triângulo ABC.

Figura 3.5:
Fonte: Própria

6o passo: Constrói-se um quadrado sobre cada um dos lados deste triângulo


40

retângulo

Figura 3.6:
Fonte: Própria

7o passo: Com o botão direito do mouse e clicando sobre a figura desejada pode-se
exibir o rótulo e em propriedades selecionar o modo “valor”.

Figura 3.7:
Fonte: Própria

8o passo: movimentando qualquer um destes vértices, é possı́vel verificar que a


soma das áreas dos quadrados menores é igual a área do maior quadrado, podendo assim
comprovar o Teorema de Pitágoras.
41

3.2 Empilhamento e transporte de tubos cilindricos


Dois lingotes cilindricos são colocados lado a lado de modo a se encostarem ao
longo de sua extensão. Um terceiro lingote é colocado sobre os dois.

Figura 3.8:
Fonte: Própria

Problema
a) Qual a altura h da pilha, se o diâmetro de cada lingore é de 40 milı́metros?
b) Empilhando-se tubos longos de 20 cm de diâmetro em n camadas e mantendo-os
bem ajustados uns nos outros, que altura teria a pilha?
Solução:
a) Ligam-se os centro dos três cı́rculos que representam as bases dos lingotes cilin-
dricos formando um triângulo equilátero de lado 40 mm.

Figura 3.9:
Fonte: Própria
42

Em seguida traça-se uma das altura h0 deste triângulo dividindo-o em dois triângulos
retângulos(ver figura 3.10).

Figura 3.10:
Fonte: Própria


40 3 √
h0 = = 20 3mm
2
Finalmente adiciona-se dois raios e teremos a altura h da pilha, resultando

h = h0 + 40 = (20 3 + 40)mm

Figura 3.11:
Fonte: Própria

b) seguindo o mesmo raciocı́nio ao empilhar n fileiras de tobos teremos a situação


da figura abaixo.
43

Figura 3.12:
Fonte: Própria

daı́, temos o triângulo de lado igual a (2n-2) raios, ou seja 10(2n-2).

Figura 3.13:
Fonte: Própria

Calculamos a altura deste triângulo e somamos com dois raios encontrando como

resposta h0 = [10 3(n − 1) + 20]cm.

3.3 Os pássaros e as torres


Duas torres, uma com 40 m de altura e a outra com 30 m de altura, estão situadas
a 50m uma da outra. Entre ambas torres há uma fonte (de tamanho despresı́vel), para a
qual dois passarinhos partem, em um mesmo instante e com velocidades iguais, do alto
de cada torre. Sabendo que os passarinhos chegam à fonte simultaneamente, calcule a
distância da fonte à base da torre mais baixa.
Solução: Se os pássaros saem no mesmo instante com velocidades iguais e chegam
simultaneamente à fonte, podemos concluir que os espaços percorridos por eles são iguais,
44

daı́ temos a figura 3.14.

Figura 3.14:
Fonte: Própria

Aplicando o teorema de Pitágoras, podemos chegar ao um sistema,


(
y 2 = 402 + (50 − x)2
y 2 = 302 + x2
Fazendo as devidas igualdades, obtemos:

302 + x2 = 402 + (50 − x)2 ⇒


900 + x2 = 1600 + 2500 − 100x + x2 ⇒
100x = 3200 ⇒
x = 32m

3.4 Corda esticada


(Enem 2014) Um antigo problema chinês: No alto de um bambu vertical está presa
uma corda. A parte da corda em contato com o solo mede 3 chih (uma antiga unidade de
medida usada na China). Quando a corda é esticada, sua extremidade toca o solo a uma
distância de 8 chih do pé do bambu.
O comprimento do bambu é, aproximadamente:
a) 8,6 chih.
45

Figura 3.15: Corda esticada


Fonte: Enem 2014

b) 9,2 chih.
c) 9,8 chih.
d) 10,5 chih.
e) 11,3 chih.
Solução:
Chamamos o comprimento do bambu de x chih e consequentemente a corda mede
x + 3 chih, uma vez que a parte da corda que toca o chão mede 3 chih.
Ao esticar esta corda, verificamos que o triângulo retângulo gerado possui catetos
x chih e 8 chih e hipotenusa x + 3 chih.

Figura 3.16: Corda esticada (adaptada)


Fonte: Enem 2014

Aplicando o teorema de Pitágoras obtemos,

(x + 3)2 = x2 + 82 ⇒
x2 + 6x + 9 = x2 + 64 ⇒
6x = 55 ⇒
x ≈ 9, 2chih
Capı́tulo 4

Considerações finais

Não existe publicação nem registro das obras e ensinamentos da escola pitagórica
da antiga Grécia, contudo seus ensinamentos foram passados entre as gerações e podemos
citar alguns de suas sentenças avulsas, aforismo e pensamentos para que seja possı́vel
construir uma concepção filosófica desta escola. Segundo [6], foram palavras de Pitágoras:
1- Deus geometriza.
2- Tudo são números.
3- Educai as crianças e não será preciso punir os adultos.
4- Nunca devemos querer exceder os outros, a não ser em justiça.
5- A Terra é esférica e gira em torno do Sol.
6- Os números são anteriores e superiores a todas as coisas.
7- Uma boa velhice é a recompensa de uma vida virtuosa.
8- Quando dois homens são iguais em força, vence aquele que está com a razão.
9- A melhor maneira de atingir a perfeição é aproximar-se de Deus.
10- As honrarias, fáceis de receber,são também fáceis de se perder.
11- Entre os homens não há sábios...há apenas amantes da Sabedoria.
12- Os polı́ticos recebem o Poder como uma dádiva do povo e devem administrar
as coisas públicas como algo a ser, um dia, devolvido.
13- A soma de todas as virtudes sem a sabedoria é apenas a sombra da Virtude.

O estudo nos proporcionou um conhecimento mais aprofundado das aplicações


da matemática no cotidiano. Este trabalho foi direcionado a ajudar professores a apli-
car conceitos da matemática relacionada a escola pitagórica, fugindo dos tradicionais e
tentando aplicações mais enriquecedoras. Ainda que não tenhamos uma bibliografia ex-
clusiva dos feitos dos pitagóricos, seus conhecimentos e suas descobertas ultrapassaram
os tempos e, nos dias de hoje, são muito aplicados e serve de alicerce para muitas ciências

46
47

e muitos ramos tecnológicos. Por fim, gostarı́amos de relatar que é possı́vel despertar
nele uma visão matemática e lógica do universo que vivemos, claro que levando em con-
sideração a sua idade e condições cognitivas correspondentes, mostrando que Pitágoras
tinha “razão”quando dizia que tudo na natureza podia ser representado por números e
assim concluimos que “Em tudo na natureza tem matemática”!
Referências Bibliográficas

[1] Barbosa, João Lucas Marques, Geometria euclidiana plana. 11.ed. - Rio de Ja-
neiro:SBM (2012)

[2] Barbosa, João Lucas Marques, Geometria hiperbólica. Rio de Janeiro:IMPA (2012)

[3] Boyer, Carl B., História da matemática. tradução Elza F. Gomide; 2.ed. - São
Paulo:Edgard Blücler, (1996)

[4] Bushaw, Donald; Beel, Max; Pollak, Henry O., tradução Domingues, Hygino H.,
Aplicações da atematica escolar - São PauloEditora ATUAL, (1997).

[5] Calçada, Caio S.; Sampaio, José L.; Fı́sica Clássica - Ondas.Editora ATUAL, (1998).

[6] Conte, Carlos B., Pitágoras ciência e magia na antiga grécia, 4nd. ed. Mandras, SP,
pp. 126–127.2010.

[7] Eves, Howard; tradução Domingues, Hygino H., Introdução a história da matemática.
Editora UNICAMP, Vol. 1 (2004).

[8] Junior, Francisco Nairon Monteiro; Medeiros, Alexandre; Medeiros, Cleide; Ma-
temáica e Música: As progressões geometricas e o padrão de intervalos da escala
cromática.BOLEMA, (2003).

[9] Leon, Steven J.; tradução Taboada, Sérgio Gilberto, Álgebra linear com Aplicações.

[10] Lima, Elon Lages, Meu professor de matemática e outras histórias. 5.ed. - Rio de
Janeiro:SBM (2006)

[11] Lovis, Karla Aparecida; Franco, Valdeni S.- GeoGebra na construção de planos hi-
perbólicos - disponı́vel em http://www.geogebra.org.uy/2012/actas/10.pdf.

[12] Monocórdio - disponı́vel em http://www.scielo.br/img/fbpe/rbef/v24n2/a08fig01.gif.

[13] Monocórdio - disponı́vel em http://i1.sndcdn.com/artworks-000086698100-ugxya0-


t300x300.jpg.

48
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[14] Muniz Neto, Antônio Caminha, Geometria euclidiana plana. 2.ed. - Rio de Ja-
neiro:SBM, Vol 02 (2013)

[15] Ungar, A. A., The Hyperbolic Pythagorean Theorem in the Poincare Disc Model of
Hyperbolic Geometry. The American Mathematical Monthly, Vol. 106, No. 8 (Oct.,
1999), pp. 759–763.

[16] Wallace, E. C., West, S. F., Roads to Geometry, 2nd. ed. Prentice Hall, NJ, pp.
362–363.1998.

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