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Instituto de Matemática - IM
Sociedade Brasileira de Matemática - SBM
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional - PROFMAT
Dissertação de Mestrado
Salvador - Bahia
2016
Alguns tópicos da Escola Pitagórica
Salvador - Bahia
2016
Alguns tópicos da Escola Pitagórica
Banca Examinadora:
Este trabalho propõe uma discussão sobre alguns tópicos da Escola Pitagórica,
como Números Racionais e sua aplicação na música, a razão Áurea e o número de ouro, o
teorema de Pitágoras com demonstrações e aplicações em diversas áreas da Matemática
e outras Ciências finalizando com um estudo de teoremas análogos ao de Pitágoras em
geometrias Não Euclidianas. Veremos sugestões de como abordar de forma lúdica e inte-
ressante conteúdos dessa escola.
Durante a pesquisa, foi possı́vel inserir os recursos tecnológicos para estreitar mais
a ligação entre a teoria e a prática da matemática, tornando assim a relação Homem X
Mı́dia mais forte e prazerosa.
Palavras chave: Escola Pitagórica, Teorema de Pitágoras, Geometria Hiperbólica.
Abstract
Introdução 1
2 Teorema de Pitágoras 11
2.1 Demonstrações do Teorema de Pitágoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Aplicações do Teorema de Pitágoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.1 Na Geometria Analı́tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.2.2 Em Números Complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2.3 Na Trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2.4 Na Geometria Plana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.5 Na Geometria Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.2.6 O túnel de Eupalinos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.3 Número de ouro e a natureza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.4 Raiz quadrada de um número inteiro na reta real . . . . . . . . . . . . . . 25
2.5 Ternos Pitagóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.6 Teorema em geometrias não-euclideanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.1 Axiomas da Geometria Euclideana Plana . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.1.1 Noções Comuns . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.1.2 Postulados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.6.2 Geodésicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.6.3 Geometria no espaço complexo C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6.3.1 Forma Algébrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6.3.2 Forma Polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6.4 Analogias em geometrias não euclideanas . . . . . . . . . . . . . . 33
9
2.6.4.1 Transformações de Möbius . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.6.4.2 O disco de Poincaré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.6.4.3 Teorema de Pitágoras na Geometria Hiperbólica . . . . . . 35
4 Considerações finais 46
Introdução
1
Capı́tulo 1
n m ∗
o
Q = x | x = , m ∈ Z, n ∈ Z
n
m
sendo o número racional n
também chamado de razão de m para n.
Desta definição tem-se que o número racional é a representação de uma parte de
um total, ou seja a fração de um total. Isso para um aluno do ensino fundamental é
um pouco complicado e leva os educadores fixarem seus exemplos nos mais tradicionais
possı́veis.
Onda é um movimento causado por uma perturbação, e esta se propaga através de
um meio. Existem alguns tipos de ondas que conhecemos bem, mas que não identificamos
em geral a olho nu, como o som.
Frequência é uma grandeza fı́sica que indica o número de ocorrências de um
evento (ciclos, voltas, oscilações etc) em um determinado intervalo de tempo, normalmente
é medida em Hertz (Hz), número de oscilações por segundo.
As ondas sonoras1 são originadas através de vibrações ou pertubações no meio
que vai se propagar, por exemplo, o ar. Suponha que toquemos uma das cordas de uma
1
As ondas sonoras são perceptı́veis ao ouvido humano quando estão dentro do intervalo de 20 Hz e
20.000 Hz, sendo consideradas infrassons se menor que 20 Hz ou ultrassons se maior que 20.000 Hz.
2
3
harpa. Esta, por sua vez vibra e empurra as moléculas de as ao seu redor que segue
provocando esta perturbação nas moléculas adjacentes e assim sucessivamente.
Outra diferença importante de se compreender é entre a frêquencia sonora(altura)
e a sua intensidade (volume). Enquanto a freqência sonora está ligada a quantidade de os-
cilações que a onda faz em determinado intervalo de tempo, o volume fica relacionado com
a amplitude que estas ondas atingem, portanto podemos ter ondas de mesma frequência
com amplitudes diferentes e vice versa.
No que segue, apresentamos o desenvolvimento musical desde a escala pitagórica
à escala temperada, numa proposta de trabalhar conceitos matemáticos como inteiros,
racionais, irracionais, progressões e logarı́tmos.
2
Como resultado desta investigação, Pitágoras percebeu que a corda reduzida a 3
do seu tamanho original, produzia também um som harmonioso que hoje chamamos de
3
Quinta Justa, e que reduzida a 4
produz outra chamada atualmente de Quarta Justa.
Podemos listar alguns princı́pios criados por Pitágoras após as suas investigações.
1
1o - Equivalência: divisão da corda na razão de 2
(Oitava).
o
2 - Limite: deve estar sempre entre a corda toda e sua metade.
2
3o - Unidade de divisão: progressiva na razão de 3
do seu tamanho.
Assim foi criada a escala Diatônica com sete notas (cinco com intervalos de tons
e duas com intervalos de semitons) Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si, Dó, ficando a repetição
como sendo a primeira só que mais aguda, chamada de Oitava, por ser a oitava nota da
sequência.
5
Uma curiosidade é que os nomes dados às notas desta escala tem origem nas
primeiras sı́labas de cada estrofe do texto do hino a São João Baptista. Sendo que a
primeira sı́laba Ut, por ser mais difı́cil de ser cantada, foi substituı́da por Dó.
Ut queant laxis,
Resonare fibris,
Mira gestorum,
Famuli tuorum,
Solve polluti,
Labii reatum.
Sancte Ioannes
A escala Pitagórica deixa uma lacuna, pois usando as quintas justas não encontra
uma nota correspondente ao ciclo de oitavas. Observe que analisando as frequências
das oitavas chegamos a função f (n) = 2n , enquanto as frequências nas quintas justas
determinam uma função do tipo g(m) = ( 23 )m , tornando impossı́vel encontrar algum
2
Na ordem direta, a tradução é, “Para que os teus servos possam cantar livremente os feitos admiráveis,
remove o pecado do lábio impuro, oh São João”.
6
valor inteiro para m e n tal que f(n) = g (m). Após várias tentativas, verificou-se que o
valor mais próximo para esta igualdade acontecia quando n = 7 e m = 12, gerando f(7) =
128 e g(12) = 129,74. Apesar dos valores encontrados serem muito próximos, pouco mais
de 1% de diferença, isto comprometia a execução musical. Esta diferença ficou cconhecida
como Coma Pitagórica.
Outro problema na escala Pitagórica é a relação entre as frequências de seus tons
e semitons. A tabela a seguir ajuda-nos a entender melhor essa relação.
Assim é possı́vel verificar que a soma entre dois semitons não coincide com a
frequência de um tom.
Uma maneira de atenuar esse problema foi, ao invés de dividir a escala em sete
notas como na escala diatônica, criou-se a escala Cromática, que consiste em dividı́-la
em doze semitons,
Dó, Dó#, Ré, Ré#, Mi, Fá, Fá#, Sol, Sol#, Lá, Lá#, Si, Dó.
Dó, Sol, Ré, Lá, Mi, Si, Fá#, Dó#, Sol#, Ré#, Lá#, Fá, Dó.
grego. A escala cromática trazia um problema quando se precisava executar uma música
em diferentes oitavas, tendo que reafinar o instrumento em cada mudança de oitava, pois
não havia o encaixe perfeito como citado anteriormente.
Com o intuito de encontrar uma solução, o matemático e fı́sico Simon Stevin(1548-
1620) criou o Temperamento.
O temperamento é um ajuste feito na escala cromática para que as notas tenham
a mesma distância e encaixem perfeitamente no ciclo de oitavas. Para tanto ele saiu do
universo dos números racionais e passou a trabalhar no universo irracional. Fazendo-se
os 12 semitons equidistantes foi possı́vel fechar o ciclo de oitavas com esses 12 intervalos.
O processo consiste em uma leve “desafinação”das notas sem que houvesse prejuı́zo na
execução das músicas. A ideia baseia-se em criar um semitom cuja frequência, quando
elevado a 12 fosse igual a uma oitava, ou seja,
f 12 = 2
√
f = 12 2 (Irracional)
f∼
= 1, 059463.
A tabela abaixo faz um comparativo das diferenças entre as escalas, podendo assim
perceber uma leve diferença entre as frequências das notas na escala Pitagórica e na escala
Temperada.
8
Foi o alemão Johann Sebastian Bach quem de forma brilhante compôs a obra
que mudaria na época a cara da música européia. Com grande influência barroca, em
1722, Bach compilou algumas de suas obras e lançou “O cravo bem temperado”, que
utiliza exatamente a escala temperada na sua composição. Anos após sua morte outros
brilhantes músicos como Mozart e Beethoven fizeram grandes tributos à importância da
sua obra.
onde,
n : ordem do traste.
dn : distância entre o traste de ordem n e o cavalete.
d0 : comprimento da corda solta (distância entre a pestana e o cavalete).
Com isso, podemos garantir, por exemplo, que o traste de ordem 12 ficará locali-
zado exatamente na metade da corda solta e assim sucessivamente. A figura e a tabela a
seguir nos ajudam a visualizar melhor estas posições num violão de seis cordas.
Estes conceitos podem ser aplicados em outros instrumentos de trastes como viola,
bandolim, guitarra, cavaquinho bastando apenas conhecer o comprimento das cordas.
10
Teorema de Pitágoras
Teorema:
“Em todo triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao qua-
drado da hipotenusa”.
a2 + b 2 = c 2
11
12
Figura 2.1:
Fonte: Própria
Figura 2.2:
Fonte: Própria
13
ku + vk2 = hu + v, u + vi ⇒
Figura 2.5:
Fonte: Própria
Figura 2.6:
Fonte: Própria
15
daı́,
p
dA,B = (xb − xa )2 + (yb − ya )2
Figura 2.7:
Fonte: Própria
Figura 2.8:
Fonte: Própria
obtemos,
16
|z|2 = a2 + b2 ⇒
√
|z| = a2 + b2 .
2.2.3 Na Trigonometria
Considere um triângulo retângulo de catetos b e c, hipotenusa a e um ângulo agudo
α (ver figura 2.9). Podemos calcular o seno e o cosseno deste ângulo.
Figura 2.9:
Fonte: Própria
b
sin α =
a
e
c
cos α = ,
a
daı́,
2
2 2 b c 2
sinα + cos α = + ⇒
a a
b2 c2
sinα2 + cos α2 = + ⇒
a2 a2
b2 + c 2
sinα2 + cos α2 = ⇒
a2
a2
sinα2 + cos α2 = 2 ⇒
a
2 2
sinα + cos α = 1.
17
d2 = l 2 + l 2 ,
Então,
d2 = 2l2 ⇒
√
d = 2l2 ⇒
√
d = l 2.
podemos determinar,
d 2 = a2 + b 2
Temos então,
D 2 = d 2 + c2 ⇒
D 2 = a2 + b 2 + c 2 ⇒
√
D = a2 + b 2 + c 2 .
19
Entretanto, Eupalinos não usou exatamente o teorema acima e sim uma con-
sequência dele que diz: Sejam abc, a’b’c’ triângulos com um vértice em comum. Se
b b0
os catetos b e c’ são perpendiculares e além disso, tem-se c
= c0
, então as hipotenusas a
e a’ estão em linha reta.
Certamente o túnel já tinha tamanho e direção, contudo faltava apenas resolver
a questão de inclinação para que a água não encontrasse obstáculo para descer. Para
isso calculou-se o desnı́vel entre os pontos A e B, fazendo-o através do poligonal. Ver
ilustração da visão lateral do monte.
AM
Fazendo a razão AB
= s, foi descoberta que a cada unidade de comprimento que
fosse perfurado o túnel, o nı́vel deveria abaixar unidades.
21
O fato é que o túnel sobre o Monte Castro existe e está lá para constatação de
sua grandiosidade, contudo houve um erro de aproximadamente 9 metros na horizontal
e 3 metros na vertical que é considerado insignificante para a dimensão da construção e
para a tecnologia da época. Este desvio relata dois pontos interessantes. O primeiro é
que a ponta que começou no lado mais alto A ficou acima da ponta que começou do lado
mais baixo B. Isto mostra a preocupação em não ter obstáculos caso ficasse um desvio
contrário. O segundo ponto é que gerou uma cachoeira sem interromper o fluxo de água.
(a + b)2 = a2 + 2ab + b2 .
Figura 2.16:
Fonte: Própria
22
Os pitagóricos mostravam muito interesse pela proporção áurea e pela razão áurea
(conhecida também como razão dourada) determinando o número de ouro (ϕ). Este
interesse era tão notável que os membros da escola pitagórica carregavam uma insı́gnia de
um pentágono estrelado, pois existia neste emblema uma razão áurea entre as diagonais
e os lados do pentágono.
Diz-se que um ponto divide um segmento de reta em média e extrema razão ou
em secção áurea, se o mais longo dos segmentos é a média geométrica entre o menor e o
segmento todo. A razão entre o segmento menor e o segmento maior é chamado de razão
áurea.
Figura 2.17:
Fonte: Própria
Figura 2.18:
Fonte: Própria
x y
y
= x+y
⇔
y 2 = xy + x2 ⇔
( xy )2 = y
x
+ 1.
√
y 1± 5
Agora, considerando x
= m, temos a equação quadrática m2 = m + 1, onde m = 2
.
√ √
1− 5 1+ 5
Como m = 2
não convém, temos m = 2
≈ 1, 618 o número de ouro.
Vale salientar que algumas escolas utilizam o número de ouro como sendo ϕ =
√
−1+ 5
2
≈ 0, 618, contudo vamos acompanhar [3] que considera os dois bastando ver a
relação montada.
23
Figura 2.19:
Fonte: Própria
2 2 2
EC = EB + BC ⇔
2
EC = ( 12 )2 + 12 ⇔
2 1
EC = 4
+1⇔
2 5
EC = 4
⇔
√
5
EC = 2
.
Figura 2.21:
Fonte: Própria
2-Medindo o seu braço inteiro, dividindo pelo tamanho do seu cotovelo até ao dedo.
3-Meça a sua perna inteira e divida pelo comprimento do seu joelho até o chão.
Entre estas e várias outras razões o resultado sempre é o número de ouro (aproxi-
mandamente 1,618).
O Nautilus marinho é um tipo de molusco que possui uma concha que pode ser
inscrita num retângulo de ouro como podemos ver na figura 2.25
Na arquitetura, os gregos trabalhavam usando o numero de ouro nas suas cons-
truções, como por exemplo o Partenon, ver figura 2.26
Figura 2.27:
Fonte: Própria
Em seguida traça-se uma reta perpendicular ao eixo x passando pelo ponto D(1, 0),
até determinar sobre a semicircunferência o ponto E, ver figura 2.28, sendo o triângulo
R R
CDE retângulo, com lados CE = 2
e CD = 2
− 1, Podendo assim, aplicar o teorema de
Pitágoras e encontrar,
27
Figura 2.28:
Fonte: Própria
DE 2 = ( R2 )2 − ( R2 − 1)2 ⇒
2 2
2 R R
DE = − +R−1⇒
2 2
DE 2 = R − 1.
Figura 2.29:
Fonte: Própria
AE 2 = AD2 + DE 2 ⇒
AE 2 = 1 + R − 1 ⇒
AE 2 = R ⇒
√
AE = R.
Figura 2.30:
Fonte: Própria
a = x 2 + y2
b = x 2 − y2
c = 2xy
Demonstração:
Sendo
b 2 + c 2 = (x 2 − y 2 )2 + (2xy)2
b 2 + c 2 = x 4 − 2x 2 y 2 + y 4 + 4x 2 y 2
b 2 + c 2 = x 4 + 2x 2 y 2 + y 4
b 2 + c 2 = (x 2 + y 2 )2
b2 + c2 = a2
Para melhor ilustrar esta relação do Terno Pitagórico, podemos lembrar aos alunos
que ao atribuir valores para x , y devemos ter o cuidado para x > y e se o objetivo for
29
encontrar Ternos primitivos sempre devemos ter o cuidado de escolher valores para x e
y, sempre um par e outro ı́mpar, caso contrário o terno encontrado será formado por
números pares, podendo assim ser simplificado.
1 - Coisas que são iguais a uma mesma coisa são também iguais.
2 - Se iguais são adicionados a iguais, os totais são iguais.
3 - Se iguais são subtraı́dos de iguais, os restos são iguais.
4 - Coisas que coincidem uma com a outra, são iguais.
5 - O todo é maior do que qualquer uma de suas partes.
2.6.1.2 Postulados
Um dos matemáticos que mais contribuiu para essas “novas”geometrias foi Gauss.
Depois de muito tentar demonstrar o quinto postulado de Euclides por absurdo, ele chegou
a conclusão de que não seria possı́vel. Ele, junto com Bolyai, chegaram a conclusão que
nem sempre retas paralelas não se cruzam e principalmente que por um ponto fora de
uma reta é possı́vel passar infinitas retas paralelas a ela.
Gauss está entre os primeiros matemáticos que sinalizaram para a existência de
uma nova geometria que intitulou de geometria não Euclideana.
31
2.6.2 Geodésicas
Para chegarmos ao objetivo desta seção, é necessário saber que geodésicas são as
curvas que determinam a menor distância entre dois pontos de uma superfı́cie. Quando
trabalhamos numa superfı́cie plana, a curva que minimiza a distância entre dois pontos
é sempre uma reta. Contudo na superfı́cie esférica, por exemplo, a curva que liga dois
pontos quaisquer será uma arco de circunferência de extremidades nesses pontos. Uma
forma de comentar isso com nossos alunos e ilustrar mais a situação, tornando a ideia
de geodésica mais concreta, é imaginar um navio navegando longas distâncias em mar
aberto. Isso nos dá a impressão de que este navio afundou no mar pois ele não percorre
um segmento “retilı́nio”e sim um segmento “curvado”, (ver figura 2.33).
Na geometria plana, as retas são as curvas que fazem o papel de geodésicas, uma
vez que são elas que minimizam as distâncias entre dois pontos. Nas geometrias não-
euclideanas, as geodésicas são, em geral, curvas mais complexas. Defini-las formalmente
exigiria um aparato grande de informações da geometria diferencial que não fazem parte do
escopo deste trabalho. Mas, em palavras simples, uma geodésica é uma curva diferenciável
α(t) sobre uma superfı́cie orientada M tal que o vetor aceleração α00 é ortogonal a todos
os pontos de α(t).
32
Em C podemos colocar uma estrutura métrica, que nos possibilita trabalhar com
distâncias e ângulos. Para isso, definimos z = a + bi ∈ C, a, b ∈ R, com Re(z) = a e
Im(z) = b as Partes Real e Imaginária, respectivamente, e z̄ = a − bi ∈ C, o conjugado
√
de z. Lembrando ainda que a norma de z é dada pela expressão |z| = a2 + b2 .
Com esta definição, podemos representar o eixo horizontal (abscissa) como o eixo
real de z e o eixo vertical (ordenada) como o eixo imaginário de z, resultando no Plano
de Gauss
Figura 2.34:
Fonte: Própria
Assim, o número complexo z pode ser visto como uma coordenada (a, b), ou como
vetor (a, b) (ver figura 2.34. Isto facilita o entendimento da distância entre dois complexos
z1 e z2 , como sendo |z1 − z2 |.
a = r cos θ e b = r sin θ.
Assim sendo podemos garantir que z = a + bi, pode ser escrito que na forma
z = r cos θ + r sin θ
z = r(cos θ + sin θ)
33
z = r%iθ
b
com θ = arctan a
do complexo z.
Definição:
A função distância hiperbólica de Poincaré em D é:
a−b
d(a, b) =
= |a b|,
1 − āb
daı́,
A = −b ⊕ c, B = −c ⊕ a, C = −a ⊕ b.
Figura 2.37:
Fonte:
|A|2 = |b0 c0 |2 = y 2 ,
|B|2 = |a0 c0 |2 = x2 , e
x − iy 2
|C|2 = |a0 b0 |2 = |x iy|2 = | | = x2 ⊕ y 2 .
1 − ixy
portanto,
Figura 3.1:
Fonte: Própria
37
38
Figura 3.2:
Fonte: Própria
Figura 3.3:
Fonte: Própria
39
Figura 3.4:
Fonte: Própria
Obs.: Deve-se pressionar a tecla “Esc”para fazer as retas desaparecerem.
Figura 3.5:
Fonte: Própria
retângulo
Figura 3.6:
Fonte: Própria
7o passo: Com o botão direito do mouse e clicando sobre a figura desejada pode-se
exibir o rótulo e em propriedades selecionar o modo “valor”.
Figura 3.7:
Fonte: Própria
Figura 3.8:
Fonte: Própria
Problema
a) Qual a altura h da pilha, se o diâmetro de cada lingore é de 40 milı́metros?
b) Empilhando-se tubos longos de 20 cm de diâmetro em n camadas e mantendo-os
bem ajustados uns nos outros, que altura teria a pilha?
Solução:
a) Ligam-se os centro dos três cı́rculos que representam as bases dos lingotes cilin-
dricos formando um triângulo equilátero de lado 40 mm.
Figura 3.9:
Fonte: Própria
42
Em seguida traça-se uma das altura h0 deste triângulo dividindo-o em dois triângulos
retângulos(ver figura 3.10).
Figura 3.10:
Fonte: Própria
√
40 3 √
h0 = = 20 3mm
2
Finalmente adiciona-se dois raios e teremos a altura h da pilha, resultando
√
h = h0 + 40 = (20 3 + 40)mm
Figura 3.11:
Fonte: Própria
Figura 3.12:
Fonte: Própria
Figura 3.13:
Fonte: Própria
Calculamos a altura deste triângulo e somamos com dois raios encontrando como
√
resposta h0 = [10 3(n − 1) + 20]cm.
Figura 3.14:
Fonte: Própria
b) 9,2 chih.
c) 9,8 chih.
d) 10,5 chih.
e) 11,3 chih.
Solução:
Chamamos o comprimento do bambu de x chih e consequentemente a corda mede
x + 3 chih, uma vez que a parte da corda que toca o chão mede 3 chih.
Ao esticar esta corda, verificamos que o triângulo retângulo gerado possui catetos
x chih e 8 chih e hipotenusa x + 3 chih.
(x + 3)2 = x2 + 82 ⇒
x2 + 6x + 9 = x2 + 64 ⇒
6x = 55 ⇒
x ≈ 9, 2chih
Capı́tulo 4
Considerações finais
Não existe publicação nem registro das obras e ensinamentos da escola pitagórica
da antiga Grécia, contudo seus ensinamentos foram passados entre as gerações e podemos
citar alguns de suas sentenças avulsas, aforismo e pensamentos para que seja possı́vel
construir uma concepção filosófica desta escola. Segundo [6], foram palavras de Pitágoras:
1- Deus geometriza.
2- Tudo são números.
3- Educai as crianças e não será preciso punir os adultos.
4- Nunca devemos querer exceder os outros, a não ser em justiça.
5- A Terra é esférica e gira em torno do Sol.
6- Os números são anteriores e superiores a todas as coisas.
7- Uma boa velhice é a recompensa de uma vida virtuosa.
8- Quando dois homens são iguais em força, vence aquele que está com a razão.
9- A melhor maneira de atingir a perfeição é aproximar-se de Deus.
10- As honrarias, fáceis de receber,são também fáceis de se perder.
11- Entre os homens não há sábios...há apenas amantes da Sabedoria.
12- Os polı́ticos recebem o Poder como uma dádiva do povo e devem administrar
as coisas públicas como algo a ser, um dia, devolvido.
13- A soma de todas as virtudes sem a sabedoria é apenas a sombra da Virtude.
46
47
e muitos ramos tecnológicos. Por fim, gostarı́amos de relatar que é possı́vel despertar
nele uma visão matemática e lógica do universo que vivemos, claro que levando em con-
sideração a sua idade e condições cognitivas correspondentes, mostrando que Pitágoras
tinha “razão”quando dizia que tudo na natureza podia ser representado por números e
assim concluimos que “Em tudo na natureza tem matemática”!
Referências Bibliográficas
[1] Barbosa, João Lucas Marques, Geometria euclidiana plana. 11.ed. - Rio de Ja-
neiro:SBM (2012)
[2] Barbosa, João Lucas Marques, Geometria hiperbólica. Rio de Janeiro:IMPA (2012)
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Paulo:Edgard Blücler, (1996)
[4] Bushaw, Donald; Beel, Max; Pollak, Henry O., tradução Domingues, Hygino H.,
Aplicações da atematica escolar - São PauloEditora ATUAL, (1997).
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[6] Conte, Carlos B., Pitágoras ciência e magia na antiga grécia, 4nd. ed. Mandras, SP,
pp. 126–127.2010.
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Editora UNICAMP, Vol. 1 (2004).
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