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Comunicações
Breves
O significado clínico-epidemiológico
da pressão diastólica baixa na elevação da
pressão de pulso ou Importância da pressão
de pulso no risco cardiovascular
Lucélia Batista Neves Cunha Magalhães
Liga Bahiana de Hipertensão e Aterosclerose
Sociedade Brasileira de Hipertensão
Coordenadoria de Doenças Cardiovasculares da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia

P esquisadores experimentais e cipais: a força geradora de pressão, 1) Pressão arterial média (PAM)
epidemiologistas têm como uma das nossa bomba (coração), e seu conti- = 1/3 (PAS) + 2/3 (PAD) ou (PAD +
mais importantes funções encontrar nente, os vasos. Estes componentes 1/3[PAS-PAD]). É uma medida
informações para que nós, clínicos, com suas dinâmicas complexas deter- estável que praticamente não varia
possamos cada vez mais reconhecer minam a força com que o sangue flui. em diferentes partes do leito vascular,
no indivíduo à nossa frente quais seus Como o coração se contrai e se determinada exclusivamente por duas
riscos, como deve ser o melhor manejo dilata ciclicamente, isto provoca uma medidas hemodinâmicas: débito
e qual seu prognóstico. onda de pulso periódica nas artérias. cardíaco (DC) e resistência vascular
Hipertensão arterial é o mais im- Além de condutoras, as grandes (RV). A PAM grosseiramente indica
portante fator de risco para eventos artérias transformam o fluxo pulsátil a pressão de perfusão tecidual.
cardiovasculares afetando o cérebro, o em um fluxo mais constante, expan- 2) Pressão de pulso (PP) = (PAS)
coração e os rins. Além disso, é uma dindo-se durante a sístole para amor- – (PAD). É um componente oscilató-
condição muito comum em todo o mun- tecer a ejeção do sangue e recuando rio em torno da PAM e representa
do, com possibilidade de tratamento e passivamente durante a diástole para com mais fidelidade a forma da curva
prevenção, devendo ser considerada impelir o sangue para a circulação pressórica. Está bem estabelecido que,
como um problema de saúde pública. periférica (efeito Windkessel). Contu- para o mesmo nível de PAM, dife-
Assim sendo, a cada dia encontra- do, desta complexa onda, comumente rentes padrões de PP podem ser obser-
mos na literatura um contingente enor- só são avaliadas na rotina clínica a vados, de acordo com a ejeção
me de novas informações a esse res- pressão arterial sistólica (PAS) e a ventricular e a distensibilidade da
peito. Quanto mais simples for perceber pressão arterial diastólica (PAD). parede arterial. A PP se modifica
e reproduzir essas variáveis apresen- Porém, alguns outros índices vêm bastante dependendo do território
tadas e analisadas pelo estudiosos, mais sendo estudados, tentando retratar vascular avaliado. Este dado é muito
útil e resolutivo será para os clínicos. melhor esta curva e, conseqüente- importante; contudo, para esses
Informações sobre pressão arte- mente, uma melhor avaliação da estudos, métodos sofisticados e
rial e risco cardiovascular são muito condição vascular e do seu desgaste. invasivos necessitam ser usados.
atraentes devido à acessibilidade desta Esses índices têm sido avaliados em Assim, maiores valores de PP são
variável em qualquer avaliação clínica hipertensos e normotensos, procu- observados na artéria femoral comum
de rotina, em todo lugar do mundo. rando melhor dimensionar risco e e os menores na saída da aorta e das
Pressão arterial (PA) é um dado prognóstico. Os índices mais utiliza- carótidas. São várias as razões para
vital que tem como componentes prin- dos são: este fenômeno, porém o mais im-

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portante é a somação da onda de independente preditor de mortalidade Apenas uma publicação de Miura
reflexão ao longo da árvore arterial. cardiovascular. Neste trabalho foi et al. (2001) não confirmou esses
Esses achados tornam-se ainda mais possível demonstrar essa relação em achados, porém vale ressaltar alguns
evidentes com o avançar da idade. mulheres provavelmente devido à pontos para explicar essas divergên-
Alguns trabalhos discutem a baixa taxa de mortalidade cardio- cias nos resultados em relação aos
pressão diastólica considerada baixa vascular nesse grupo, especialmente outros estudos.
(igual ou menor que 80) como fator de em francesas brancas. 1) Existe um consenso em vários
risco cardiovascular em hipertensos Corroborando esses achados, desenhos de estudos que a PAD, em
ou normotensos, associado ou não à Blacher et al. (2000) mostraram em todas as populações, aumenta até os 50
análise da pressão de pulso. um estudo de metanálise de três anos, depois apresenta um platô até os
Alguns destes trabalhos serão ensaios clínicos clássicos com idosos 65 anos, quando começa a decrescer.
avaliados principalmente em hiper- que a pressão de pulso foi o maior Na população de Miura, constituída de
tensos. determinante de risco cardiovascular. voluntários de Chicago, a PAD elevava-
Na década de 1980, alguns pesqui- Analisaram-se dados individuais de se em todas as faixas etárias, sugerindo
sadores descreveram a curva de risco aproximadamente 8.000 hipertensos ser esta população totalmente diversa
da PAD em J, ou seja, se a PAD se tratados. A PAM não mostrou ser das já estudadas até então.
apresentasse baixa, além de um determinante de risco. Nesse trabalho, 2) Os autores decidiram colocar a
determinado limite, esses indivíduos, hipertensão arterial sistólica foi o tipo PP junto com a PAS e a PAD no
ao invés de proteção, teriam um risco predominante, como era de se esperar. mesmo modelo de análise (Cox model)
cardiovascular aumentado. Essas O aumento de risco foi proporcional e somente se a PAD apresentasse
suspeitas deveram-se a observações ao nível da PAS, porém mostrou-se uma relação inversa com a mortalidade
de que hipertensos com PAD menor ainda maior com a queda da PAD e cardiovascular é que a separariam.
que 70 mmHg apresentavam maior consequente aumento da PP. Essa relação inversa não foi observada
morbimortalidade em análises epide- Smulyan e Safar ressaltaram em no estudo deles, talvez pela falta de
miológicas adequadas. Uma das artigo de revisão que a PAS é melhor queda da PAD após os 60 anos e isso
possíveis explicações seria que o preditor de risco que a PAD e, por tornou os resultados diferentes dos
aumento da pressão de pulso, ou seja, isso, deve ser tratada; porém, marcante até então apresentados.
PAS elevada com PAD baixa refletiria hipotensão diastólica deve ser evitada, 3) Miura et al. fizeram apenas uma
doença aterosclerótica em grandes pois uma PP elevada é ainda melhor medida da pressão arterial na posição
artérias. É bem documentado que a preditor de risco cardiovascular. de pé, diferente dos outros estudos
condição das grandes e médias artérias É interessante notar que um trabalho que convencionalmente medem a
são de fundamental importância para na população de Framingham, que é pressão arterial duas ou mais vezes
morbimortalidade cardiovascular, pois uma importante referência para con- em posição sentada, como recomenda
a imensa maioria desses indivíduos ceitos de risco cardiovascular, mostrou a Organização Mundial da Saúde
tem complicações nessas áreas, tais que em indivíduos saudáveis de 50 a 79 (OMS). Esses procedimentos, sem
como estenose, ruturas ou tromboses. anos, no início da avaliação e acompa- dúvida nenhuma, reduziram a precisão
Em 1994, Madhavan et al. estuda- nhados por 20 anos, houve aumento do da PA.
ram hipertensos e observaram que risco de coronariopatia com queda da Gostaríamos de ressaltar que a
PP ≥ 63mmHg antes do tratamento PAD para PAS maior ou igual a 120 PAD e a PAS continuam a ter uma
anti-hipertensivo associava-se com mmHg, sugerindo que PP é um impor- correlação positiva com o risco cardio-
doença cardiovascular (DCV) e que tante falar determinante deste risco. vascular na grande maioria dos hiper-
em subgrupos haveria um maior risco Vários outros trabalhos têm sido tensos; e nada mudou neste ponto.
de desenvolver infarto agudo do concordantes com estes dados, ou Porém, o que ao nosso ver passa a
miocárdio. Esses achados foram mais seja, que o aumento da PP e a queda enriquecer o conhecimento clínico é
contundentes que a queda da PAD da PAD elevam o risco cardiovascular, que em pessoas idosas a melhor estra-
pelo tratamento. principalmente de um evento coroná- tégia para estimativa do risco cardio-
Em 1998, Benetos et al. mostra- rio, em idosos. Mesmo trabalhos como vascular é primeiro determinar o nível
ram em uma grande amostra popula- de Sesso et al. (2000) com médicos da PAS e, então, acrescentar risco se
cional acompanhada por 19 anos que saudáveis e apenas 25% da amostra ≥ existir uma larga pressão de pulso
em homens, hipertensos ou não, o 60 anos, a PAS ou a PP foram capazes aproximadamente maior ou igual a
aumento da pressão de pulso foi um de predizer um evento cardiovascular. 60 mmHg.

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Há grande plausibilidade biológica pulsátil da onda de pulso após os 65 PAS ou PP, principalmente por coro-
para esses achados. anos são o aumento da resistência nariopatia.
Existem outras situações cardioló- vascular periférica, provavelmente 3) Pressão de pulso, embora alta-
gicas que alargam a PP e que aumen- pelo encolhimento do leito vascular, o mente correlacionada com a PAS, é
tam eventos cardiovasculares, como aumento do enrijecimento da parede e um excelente indicador de risco, pois
a coarctação da aorta, na qual um a diminuição da distensibilidade incorpora a PAS elevada com a PAD
marcado aumento da pressão nas arté- arterial. A despeito do aumento da baixa, especialmente em idosos.
rias da parte superior do corpo leva resistência vascular periférica, a PAD 4) Em populações saudáveis e de
com mais freqüência à dissecção e ao pode permanecer no mesmo nível ou não-idosos, a PP como marcador de
aneurisma da aorta e do cérebro em cair, se este enrijecimento superar o risco elevado não é tão consistente e
comparação com indivíduos hiper- aumento da resistência vascular peri- independente. Análises clínicas
tensos com o mesmo nível de PAM. férica. Além disso, essa rigidez arte- individuais definirão a melhor conduta.
Outros estudos prospectivos têm mos- rial acarreta aumento da velocidade Em jovens é mais comum ocorrer PP
trado que a elevação da PP, refletindo da onda de pulso, que, ao retornar aumentada associada a co-morbidades
um enrijecimento arterial com a idade, mais rápido pela onda de reflexão, importantes.
associa-se também a maior risco de soma-se ao fluxo pulsátil na fase da 5) A perfusão cerebral depende
insuficiência cardíaca congestiva, hi- sístole. Isso acarreta aumento do pico mais da PAS e a perfusão coronária
pertrofia ventricular e outras mortes sistólico (1a onda) e diminuição do depende mais da PAD.
não-cardiovasculares em normotensos. pico diastólico (2 a onda) com 6) Parece haver, no momento, algu-
Estudos com indivíduos com arte- conseqüente aumento da PP. Em ma luz a respeito da curva J e mortalidade
rioloesclerose obliterante dos membros jovens o aumento da PP relaciona-se em idosos hipertensos ou com outras
inferiores mostraram, após ajustes para com o aumento da ejeção ventricular morbidades cardiovasculares. Nessa
a PAM, que a PP aumentada relacio- por razões funcionais, anatômicas ou população a PAS menor que 130 mmHg
nou-se à severidade da claudicação patológicas e a PAD entre 80 e 89 mmHg parecem
intermitente. A análise da PAS, PAD e PP e ser as cifras mais seguras.
O risco aumentado de coronario- suas correlações ainda não está total- 7) Terapias agressivas que dimi-
patia com PAD baixa ou aumento da mente esclarecida. Há uma vasta nuam muito a PAD deverão ser
PP em idosos faz sentido já que a necessidade de estudos experimentais evitadas.
perfusão coronária ocorre durante a e populacionais a serem delineados 8) Terapias que melhorem a com-
diástole. Pressões baixas no enchimento com esta finalidade, por um longo placência arterial, tais como: NaCl
resultarão em menor pressão de fluxo. tempo de observação. Além disso, (sal), nitratos e inibidores da enzima
Interessantes também têm sido os análises invasivas de ondas de pulso convertora de angiotensina (IECA),
estudos com biomateriais e/ou em diferentes territórios e outros podem ser consideradas. Uma im-
biopróteses. Nesses estudos para uma parâmetros hemodinâmicos clássicos portante redução na ingesta de sal, ao
mesma PAM, quanto maior a pulsa- em subgrupos talvez representem nosso ver, deve ser recomendada para
tibilidade da onda de pulso ou PP, mais também informações úteis. todos os indivíduos independentemente
rápido era demonstrado o desgaste Contudo, algumas conclusões podem da idade, do sexo ou da condição
desses biomateriais. ser retiradas de todas essas informa- cardiovascular.
Outros fatores reconhecidamente ções para os clínicos até o presente Acreditamos que esse será um
de risco como o tabagismo e o dia- momento: grande campo de estudo e que cada
betes produzem modificações no 1) Tratar adequadamente todos os vez mais, de modo simples, possamos
componente oscilatório ou refletido indivíduos adultos com pressão arterial nós, clínicos, pela análise da pressão
da onda de pulso, podendo alterar, ≥ 140 mmHg e/ou 90 mmHg. arterial com um esfigmomanômetro,
portanto, a PP. 2) Pressão diastólica < 70 mmHg melhorar o manejo dos que nos pro-
Os mecanismos envolvidos que em idosos é também um marcador de curam solicitando ajuda e informações
explicam o aumento do componente risco de morte independentemente da sobre sua saúde.

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