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LFG
Palestrantes: Luiz Flávio Gomes, Sílvio Maciel, Alice Bianchini,
Rogério Sanches e Ivan Luís Marques
Parte I
excesso de presos cautelares (44% - 220 mil presos), ou seja, sem sentença definitiva. LFG vê
com bons olhos essa mudança; quem responde a processo, a partir de 4 de julho, pode ter
decretada a prisão cautelar;
a lei cumpre a Constituição da República, pois a prisão é a ultima ratio. Na verdade, é a extrema
ratio da ultima ratio, é a extrema medida dentro do direito penal. Prender, só em último caso; só
há duas prisões cautelares: preventiva e temporária. Todas as outras foram abolidas;
o juiz não pode mais decretar preventiva de ofício na fase policial. O juiz não pode ser
investigador, para não abalar sua imparcialidade;
não pode haver mais execução provisória contra o réu (a favor pode). O STF já se posicionou
nesse sentido. Ex: réu condenado no semi-aberto e recorre, a situação não pode ser piorada
(proibição da reformatio in pejus). Antes da coisa julgada, só se prende em preventiva.
Nesse sentido, correta a decisão que liberou o jogador Edmundo, pois não há coisa julgada no
caso, tendo sido concedida a liminar;
Separação absoluta de preso provisório e preso definitivo: é obrigatória a separação. Na prática,
vai trazer problemas, pois há Comarcas onde não há estrutura. A defesa irá postular o regime
domiciliar (é uma tese do LFG);
não há mais vadio (no Código), ou seja, não há mais a vadiagem como fundamento da preventiva.
- PONTOS POLÊMICOS:
a) Aplicação da lei na vacatio legis – sim, pode, na opinião do LFG. Formalmente, só entra em
vigor no dia 4 de Julho, mas já estampa o direito a ser aplicado, versando sobre cautelares.
Materialmente, não pode ser aplicada. Cuidado: os Tribunais não admitem essa tese.
Concurso para Defensoria: sim, defender a tese do LFG;
b) Muitos estão presos em flagrante (90%). Raramente os juízes cumprem a Constituição na
fundamentação do flagrante. No dia 04 de julho, cerca de 180 mil presos em flagrante deverão
ter sua prisão convertida em preventiva ou ter aplicada alguma medida cautelar. Nesse ponto,
atentar para o entendimento jurisprudencial que se formará. Flagrante não permite mais
segurar a prisão;
c) Só pode ser aplicada a preventiva aos crimes com pena máxima superior a 04 anos. A partir de
04 de julho, essa prisão será considerada ilegal, salvo se houver reincidência. Aplica-se o
princípio da homogeneidade das medidas cautelares – o resultado esperado não é a pena
de prisão, então por que prender agora? (questão aberta da magistratura do RS);
d) Contraditório – somente se a medida for compatível com esse princípio. Ex: monitoramento
eletrônico;
e) Detração penal – o tempo de prisão cautelar é detraído da pena final. Com a lei, haverão 11
medidas cautelares (ex: réu comparecer perante o juiz; recolhimento domiciliar). A detração
dependerá de qual medida cautelar for aplicada. Ficar recolhido em casa é mais grave do que
comparecer perante o juiz;
f) O valor da fiança pode chegar a 109 milhões de reais (imagine o tipo de réu que irá pagar isso).
Portanto, ganhou força com a nova lei.
g) Na visão do LFG, a alteração promovida pela lei é equilibrada e moderna, mas não é isenta de
problemas..
SÍLVIO MACIEL
PRISÃO EM FLAGRANTE
- PONTOS IMPORTANTES:
ROGÉRIO SANCHES
PRISÃO PREVENTIVA
PONTOS IMPORTANTES:
a) O artigo 311 vai trazer os legitimados para a prisão preventiva, podendo o juiz continuar a
decretá-la de ofício, porém somente na fase processual. Isso não significa que não irá
converter o flagrante em preventiva de ofício, se for o caso; o que não pode é decretar de
ofício. A intenção da lei é deixar o juiz eqüidistante da fase policial, para não se contaminar, não
querendo depois justificar a medida extrema que ele aplicou;
b) As leis especiais que permitem que o juiz decrete a preventiva de ofício na fase inquisitorial.
Para Rogério Sanches, deve ser obedecida a intenção da reforma, ou seja, aplica-se a
regra do novo CPP, lei geral. A professora Alice Bianchini discorda da posição de
Rogério Sanches;
c) A autoridade policial continua representando pela preventiva. O que mudou: assistente de
acusação agora tem o poder para requerer a preventiva, sendo um novo legitimado. A vítima
passa a trabalhar ao lado do Ministério Público, em busca da prevenção, ressocialização e
punição do criminoso (prevenção geral e especial – ver Rogério Greco);
d) O artigo 312 continua trazendo os mesmos requisitos da prisão preventiva: prova da
materialidade e indícios suficientes de autoria (justa causa). Quanto aos fundamentos, foram
mantidos os clássicos: garantia da ordem pública (fundamento questionável, amplo, poroso,
não obedecendo a taxatividade; criticado por Paulo Rangel); garantia da ordem econômica;
conveniência da instrução criminal (o legislador deveria ter corrigido esse absurdo, pois a lei
fala em conveniência da instrução criminal, mas como pode algo ser imprescindível quando
meramente conveniente? Vicente Greco critica isso veementemente); garantia da aplicação da
lei penal. O parágrafo único do artigo 312 traz um novo fundamento: descumprimento
injustificado das cautelares impostas. Deve o juiz permitir, antes, o contraditório e a ampla
defesa. Porém, há casos em que aguardar o contraditório e a ampla defesa causam riscos,
aplicando o juiz a regressão.
Rogério Sanches entende que para aplicação da preventiva devem ser obedecidos os
requisitos do artigo 313. Eugênio Pacelli possui entendimento contrário, entendendo que há
dispensa do cumprimento do art. 313, sendo possível, p.ex., preventiva em homicídio culposo.
e) O artigo 313 traz as condições de aplicação: crime com pena máxima superior a 04 anos
(justificativa: nos crimes abaixo de 04 anos admite-se o regime aberto); réu reincidente em
crime doloso, não importando a pena máxima; violência doméstica e familiar contra a mulher,
criança, idoso, deficiente ou enfermo. O parágrafo único traz a preventiva no caso de
dificuldade de identificação;
f) Recurso cabível contra a concessão de cautelar – a lei não previu recurso para o caso. Alguns
entendem ter sido isso proposital, pois decisão favorável ao réu não deve desafiar recurso.
Rogério entende ser cabível o Recurso
Um bom conselho é dar uma estudada na lei, pois além de ter a possibilidade
desta ser cobrada nos concursos em andamento, bem como na prova da Ordem
2011.1, manter-se atualizado no meio jurídico é a essência de todas as carreiras,
sejam estas ligadas ou não ao direito, afinal são as leis que regem o cidadão!
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Art. 1º Os arts. 282, 283, 289, 299, 300, 306, 310, 311, 312, 313, 314, 315, 317,
318, 319, 320, 321, 322, 323, 324, 325, 334, 335, 336, 337, 341, 343, 344, 345,
346, 350 e 439 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de
Processo Penal, passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:
“Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem
escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de
sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do
processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva.
“Art. 299. A captura poderá ser requisitada, à vista de mandado judicial, por
qualquer meio de comunicação, tomadas pela autoridade, a quem se fizer a
requisição, as precauções necessárias para averiguar a autenticidade desta.”
(NR)
“Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem
pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para
assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria.
“Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da
prisão preventiva:
IV – (revogado).
“Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar
pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7
de dezembro de 1940 – Código Penal.” (NR)
“Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será
sempre motivada.” (NR)
“Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o
agente for:
Parágrafo único. Para a substituição, o juiz exigirá prova idônea dos requisitos
estabelecidos neste artigo.” (NR)
§ 1º (Revogado).
§ 2º (Revogado).
§ 3º (Revogado).
(NR)
I – (revogado)
II – (revogado).” (NR)
“Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de
infração cuja pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro)
anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá
em 48 (quarenta e oito) horas.” (NR)
III – nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático;
IV – (revogado);
V – (revogado).” (NR)
III – (revogado);
“Art. 325. O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos
seguintes limites:
a) (revogada);
b) (revogada);
c) (revogada).
§ 2º (Revogado):
I – (revogado);
II – (revogado);
“Art. 334. A fiança poderá ser prestada enquanto não transitar em julgado a
sentença condenatória.” (NR)
“Art. 336. O dinheiro ou objetos dados como fiança servirão ao pagamento das
custas, da indenização do dano, da prestação pecuniária e da multa, se o réu for
condenado.
“Art. 337. Se a fiança for declarada sem efeito ou passar em julgado sentença
que houver absolvido o acusado ou declarada extinta a ação penal, o valor que a
constituir, atualizado, será restituído sem desconto, salvo o disposto no
parágrafo único do art. 336 deste Código.” (NR)
“Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais
encargos a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo
penitenciário, na forma da lei.” (NR)
“Art. 350. Nos casos em que couber fiança, o juiz, verificando a situação
econômica do preso, poderá conceder-lhe liberdade provisória, sujeitando-o às
obrigações constantes dos arts. 327 e 328 deste Código e a outras medidas
cautelares, se for o caso.
§ 2º Qualquer agente policial poderá efetuar a prisão decretada, ainda que sem
registro no Conselho Nacional de Justiça, adotando as precauções necessárias
para averiguar a autenticidade do mandado e comunicando ao juiz que a
decretou, devendo este providenciar, em seguida, o registro do mandado na
forma do caput deste artigo.
§ 4º O preso será informado de seus direitos, nos termos do inciso LXIII do art.
5o da Constituição Federal e, caso o autuado não informe o nome de seu
advogado, será comunicado à Defensoria Pública.
Art. 3º Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias após a data de sua publicação
oficial.
Art. 4º São revogados o art. 298, o inciso IV do art. 313, os §§ 1º a 3º do art. 319,
os incisos I e II do art. 321, os incisos IV e V do art. 323, o inciso III do art. 324,
o § 2º e seus incisos I, II e III do art. 325 e os arts. 393 e 595, todos do Decreto-
Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código de Processo Penal.
Brasília,