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‫ – למודי תנך מתקדמים‬Estudos Bíblicos Avançados

Conceitos básicos sobre o Movimento


Hassídico

Hassidismo, ou Judaísmo Hassídico (‫ )חסידות‬ou “pietismo” é um


termo que se refere a um movimento religioso judaico, surgido
como um movimento de “renovação” no Oeste da Ucrânia,
durante o século XVIII; espalhando-se em seguida, para a Europa
Ocidental. Atualmente, boa parte dos grupos situam-se no
Estado de Israel, bem como nos Estados Unidos da América.

Grupos Hassídicos em geral, apontam o Rabino Israel ben (filho


de) Eliezer, popularmente chamado “Ba’al Shem Tov” (o
mestre/conhecedor do “bom” Nome, um eufemismo para o
“Nome” de Deus) como “fundador” do movimento. Os diferentes
líderes então, seriam seus discípulos e/ou disseminadores.

Atualmente, os grupos Hassídicos se subdividem e, apresentam-


se como ortodoxos (Datí) ou, Ultra Ortodoxos (Haredí), notórios
por seu conservadorismo religioso extremo, e parcial/total
reclusão social.

Seus membros aderem a interpretações rígidas e quase sempre


literais, de obras jurídico-religiosas do século XIV (Arba’a Turim,
publicado em 1270 por Iáacov ben Asher) e Século XVI (Shul’han
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Arúh, publicado em 1565 por Iossef Karo), com as ênfases


próprias de cada movimento.

Os rituais e costumes variam de acordo com as tradições dos


Judeus da Europa Ocidental, além de incluir costumes
posteriores, como estilo de vestir específico e o uso do idioma
Yiddish. Aos que aderem a estes costumes de forma estrita,
chamam de Hassidim.

O pensamento hassídico é fortemente ligado e derivado de um


ramo específico do misticismo, chamado “Cabalá Luriânica”,
termo que se refere ao Rabino Itzhak Luria (1534 – 1572),
popularmente chamado ARIzal (O ARI, de abençoada memória),
onde ARI implica: o leão, construído a partir do nome do rabino
“Izthak Luria”.

Ele foi um rabino místico da Comunidade de Safed, na região da


Galiléia, durante o domínio Otomano.

Muitos o consideram “pai” da Cabalá contemporânea. Apesar


disso, ele não escreveu muitas obras (só alguns poemas).
Aqueles que declararam ser seus discípulos sim produziram
muitos materiais. O seu pensamento, porém, seria uma
renovação por sobre o trabalho do rabino Moshe ben Iáacov
Cordovero (1522-1570), sobre o Zohar; que proveu uma
sistematização “racionalizada” dos conceitos místicos que deram
para a Cabalá, uma estrutura teológica.

Este procedimento seguia, no período do “renascimento místico”


no século XVI em Safed, quando então o, também chamado,
“Lurianismo” se propagou, superando em popularidade, o
anterior “Cordoverismo”. Só depois do ARI então, foi que o
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Zohar foi reinterpretado, em termos “Luriânicos”, expandindo as


teorias místicas dentro do sistema.

Foi sobre o sistema de Luria, que discutiram, logo no início do


movimento, os líderes Hassídicos e os líderes Mitnagdim
(contrários, ao movimento Hassídico).

Também foi destes conceitos, que o Sabateanismo (movimento


de Shabatai Tzvi) derivou suas concepções, ainda que
reinterpretando a relação entre o Misticismo e a Lei Judaica
normativa.

Os ensinamentos Hassídicos baseiam-se na Cabalá Luriânica, que


ensina sobre os conceitos de Imanência Divina no Universo, a
necessidade de aproximação e ligação com Ele, todo o tempo
por meio dos líderes religiosos; enfatizando também aspectos
devocionais nas práticas rituais, e a concepção de “dimensão”
espiritual, em contraste com as atividades “mundanas”.

Deste modo, Hassidim, organizaram seitas independentes,


conhecidas como “dinastias”, cada uma com seu próprio líder,
hereditariamente substituído, denominado “Rebe”.

A reverência e obediência absoluta ao Rebe é um dos conceitos


primordiais, posto que ele é considerado “um santo”, e o meio
pelo qual, seus seguidores ganham acesso ou, proximidade a
Deus.

Dentre as várias “dinastias”, compartilham-se convicções


similares, embora sejam todos independentes e possuam
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características culturais próprias. A filiação é, em geral, mantida


numa mesma família por gerações, e a lealdade a Dinastia dos
Rebes, é totalmente religiosa. As várias dinastias, possuem
milhares de membros, subdivididos em grupos menores.

Em 2016, um censo indicou que, grupos Hassídicos por todo o


mundo, compreendem apenas 5% da População Judaica total.

De onde vem o nome?

O termo “Hassíd”, bem como “Hassidut”, significa literalmente


Pietista da palavra Piedade em Hebraico. Trata-se de uma
palavra que representa um conceito, na Tradição Judaica
Clássica.

O Talmud, bem como outras fontes, refere-se a Pietistas do


Passado (‫ )חסידים הראשונים‬que contemplavam, ou seja, ficavam
em silêncio por pelo menos uma hora, antes de fazer orações.

A frase denota então, certos indivíduos que não só eram


observantes dos rituais judaicos, mas, praticavam boas ações,
para além daquilo que era exigido pela religião.

No Tratado talmúdico de Eruvin (18b), o Rabino Meir declara:


Adam foi um grande Pietista, jejuando por 130 anos.

Mas, o primeiro epíteto da ideia de Hassidim, no coletivo, surgiu


apenas na Era do Segundo Templo, e eram conhecidos como
Hassideanos, conforme a pronúncia Grega do termo.
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Alguns pesquisadores acreditam que, tal grupo, pode ter servido


de modelo, para a posterior elaboração no Talmud. O título
então, continuou a ser aplicado como se fosse, honorífico, para
alguém que se distinguisse dos demais, em devoção.

Mas, foi somente no século XII, na região de Renânia (nome


genérico de uma região a Oeste da Alemanha), chamada por
Judeus de Ashkenaz, que surgiria uma escola de pensamento
asceta, que assumiria para si o título de Hassidim, distinguindo-
se do restante da Comunidade. Mais tarde, pesquisadores
aplicariam o termo Hassidim Ashkenazim para estes grupos.

É no século XVI, quando a Cabalá populariza o misticismo, que o


título é associado também aos “místicos”.

O Cabalista Português, Iáacov ben Haím Zemah (século XVII) teria


sido então, aquele que escreveu em seu glossário, sobre a versão
de Itzhak Luria do Shulchan Aruch (o código jurídico de 1565),
dizendo: Se alguém deseja conhecer o topo da sabedoria oculta,
deve se conduzir no modo dos pietistas.

Imagina-se que o movimento foi fundado por Israel ben Eliezer


(1698 – 1760) que, no século XVIII, adotou o termo Hassidismo
numa nova conotação.

Quando a seita cresceu e desenvolveu atributos próprios (a


partir de meados de 1770), certos termos tradicionais recebem
novas atribuições. Os membros comuns de grupos liderados por
autoridades espirituais, são então conhecidos como Hassidim.
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A transformação, porém, do ponto de vista histórico, foi lenta. O


movimento foi, no começo, chamado de “novos hassidim”, por
observadores do fenômeno (como o fez, Shlomo Maimon {1753-
1800} em sua biografia). Isso visava, não os confundir com os
termos usados no Talmud e obras Clássicas; pois, havia forte
oposição de outras autoridades religiosas judaicas tanto ao
movimento em particular quanto ao misticismo em geral. Por
isso, estes opositores foram apelidados de Mitnag’d’im (aqueles
que se opõem) ao Hassidismo.

Hassid então, veio a denotar uma pessoa que seguia algumas


destas seitas pietistas. É por esta razão que, no Hebraico
Moderno, o termo é explicado como “aderente” a um
movimento específico. Discípulo.

Como observou o historiador David Assaf, a pessoa não era


mais, simplesmente um hassid (alguém, piedoso) mas, era
alguém membro de alguma destas dinastias em particular.

A transformação linguística do conceito, ocorreu em paralelo


com o termo ‫ צדיק‬Tzadik = Justo, o qual, os líderes Hassídicos
adotaram (com o apoio de seus discípulos) a si mesmos com
exclusividade. Ainda que sejam mais conhecidos, pelo título
icônico de Rebe, ou, o honorífico Admor (Adoneinu Moreinu
veRabeinu = Nosso Senhor, Nosso Professor, Nosso Mestre).

Originalmente, “justo” denotava alguém observante, pessoa


moral e virtuosa em termos gerais. Na literatura Hassídica, o
termo tzadik torna-se sinônimo do líder religioso, e do
seguimento hereditário daquela liderança.
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Qual a Filosofia Hassídica?

Tanto a ampla história do Hassidismo, as numerosas escolas de


pensamento que produziu, como as suas particularidades no uso
das obras homiléticas e sermões – geraram reinterpretações de
obras da Literatura Judaica Clássica, conforme obras do
Misticismo. Todos os livros importantes, como Tanah (A Bíblia
Hebraica), Talmud (a compilação das tradições orais) e suas
explicações, são colocados como base; embora, o quanto estas
obras foram interpretadas, realmente de acordo com o conceito
tradicional, é algo altamente debatido entre pesquisadores.

Como percebido por Iossef Dan (Universidade Hebraica de


Jerusalém): Toda tentativa de apresentar (ao Hassidismo) um
corpo coerente de ideias, falhou. Mesmo, a motivação, o viés
entre os estudiosos, ao lidar com o Hassidismo e suas
contribuições, foram descobertas por outros pesquisadores,
como mera repetição de conceitos de predecessores tanto
apoiadores, ou de oponentes; como disse Iossef Dan: Os estudos
apresentaram um papel proeminente nos trabalhos do
movimento não hassídico e anti hassídico (Hadisim: Teachings
and Literature, por Joseph Dan).

A dificuldade de separar a “filosofia do movimento” de sua


“inspiração” na Cabalá Luriânica, e em determinar o que é
mitológico, do que é recapitulação e do que é, histórico; também
continua difícil para Historiadores até hoje.
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Alguns estudiosos, como Louis Jacobs (1920-2006) considerou os


primeiros mestres do Hassidismo, como inovadores que
introduziram muito do que era novidade, ainda que fosse só por
dar ênfase (Basic Ideas of Hassidism, por Louis Jacob).

Outros pesquisadores, como Mendel Piekarz (autor do Hasidism


withou Romanticism = Hassidismo sem Romantismo), argumenta
no sentido contrário a Jacob, dizendo que, muito pouco, de real
e genuína originalidade, pode ser encontrado no movimento
Hassídico, pois este apenas popularizou ensinos que acabaram
virando ideologia, em seitas organizadas depois. ( ‫בן ידוליגיה‬
‫ למציות‬Ben Ideologuia LiMetziut Da Ideologia à realidade, por
Mendel Piekarz).

Entre as características particulares, associadas ao Hassidismo tal


qual popularizado, estão a importância dada ao rejúbilo e
alegria, durante serviços religiosos e, em relação a vida religiosa
em geral – apesar de o grupo, sem qualquer dúvida, ser ainda
famoso por enfatizar este ponto, como uma clara inclinação
populista.

Outro exemplo é, o valor dado ao simples, Judeu comum, em


aparente contradição ao Sistema de favoritismo elitista que
caracteriza as “dinastias”. Tais ideias (da valorização do judeu
comum) já existiam muito antes do movimento Hassídico.

O movimento no começo, desafiava então, o sistema em que o


Judaísmo se encontrava e o consenso geral dos rabinos, sobre
como a religião era compreendida. Os rabinos sempre deram
ênfase ao estudo sistemático, bem como a suprema autoridade
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da Torá, por sobre figuras religiosas. Estas ênfases foram ou


relaxadas (oração por sobre estudo) ou reinterpretadas (estudo
de obras místicas, ao invés de tradicionais).

Atualmente, a imagem dos opositores do movimento


(mitnagdim) continua como a de intelectuais “frios”, ou “não
religiosos”, ou ainda, não entendedores dos “mistérios
espirituais”, e reflete-se sobre todos os que rejeitaram o
Hassidismo e/ou rejeitam o Misticismo em geral, juntamente
com toda ideologia asceta e de isolamento social.

Iossef Dan, aplicou todas estas “percepções” aos assim


chamados escritores “Neo-Hassídicos”, como Martin Buber. Suas
palavras foram: As tentativas de “reinterpretação” neste “neo-
hassidismo”, estariam influenciadas por um discurso, com
tênue relação com a realidade. (Hasidim: Teachings and
Literature)

Complicações adicionais, dividem-se entre pesquisadores, sobre


o sentido do termo “hassidismo primevo”, que teria terminado
em meados de 1800, e o estabelecimento de outro Hassidismo,
dali em diante. Enquanto o anterior, seria mais dinâmico, como
movimento de renovação religiosa; o posterior, é mais
caracterizado pela consolidação das seitas, e da liderança
hereditária.

Os ensinos místicos formulados durante a primeira “era”, não


teriam sido repudiados pelos intelectuais, de imediato. Isso foi
observado por Benjamin Brown (Professor da Universidade
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Hebraica, em Tel Aviv) que enfatiza que, Buber teria adotado, a


visão mais comum, de que a “rotinização” da prática ritual
Judaica, constituiria sua “decadência”; um argumento que foi
refutado por estudiosos posteriores; que demonstraram que, os
grupos não Hassídicos, continuaram, tão inovadores quanto os
demais. (Hasidism Without Romanticism por Benjamin Brown)

Assim, muitos aspectos do “Hassidismo Primevo” foi, de fato, em


favor de enfatizar uma expressão religiosa mais convencional, e
seus conceitos radicais foram amplamente neutralizados. Alguns
“Rebes” adotaram, mais tarde, uma postura aparentemente
racionalista, enquanto mantinham ainda os conceitos místicos; e
papéis teúrgicos (milagreiros) em suas comunidades, agindo as
vezes, como líderes políticos. Para seus Hassidim, a relação era
cada vez menor da ideia de se admirar um líder carismático, e
mais, uma forma de honrar aquela “família” daquela “dinastia”
específica. (Men of Silk, por Glenn Dynner – Oxford University
Press - páginas 49-55, 63-67)

A Teoria Hassídica da Imanência

Um dos temas mais populares de todas as seitas Hassídicas, é a


ideia de Imanência de Deus no Universo, as vezes expresso,
conforme a frase na obra Tikunei Zohar (correções do Zohar): Leit
Atar Panui Mi-Néia = Nenhum local é vazio Dele. Este conceito
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Panenteísta é derivado de um discurso Luriânico, amplamente


expandido pelo Hassidismo. No começo, para conseguir “criar o
mundo”, Deus se contraiu (tzimtzum), contraindo sua
Onipresença (o Ein Sof), deixando um vácuo vazio (Kahal Panui);
destituído de uma presença óbvia e, portanto, capaz de
possibilitar “livre-arbítrio”, contradições, e outros “fenômenos”,
aparentemente separados de Deus. Pois isto seria impossível,
conforme o modo original, que era perfeito. Mas, a própria
realidade do mundo, foi criado dentro do vazio, sendo ainda
totalmente dependente de sua origem divina. A matéria seria
então, nula e vazia, sem uma espécie de essência espiritual que,
possuiria. Do mesmo modo, o infinito Ein Sof (sem fim) não
poderia se manifestar no Vácuo “vazio”, e deveria “se” limitar
conforme a corporalidade perceptível. ( ‫יש ואין – דפוסי יסוד‬
‫ – במשחבה החסידות‬Iesh VeÁin – Difussei Iessod BeMah’shava
HaHassidut = Existência e Não existência – Publicações de
fundamentos do pensamento Hassídico, por Rachel Elior –
Instituto Bialik, 1994, páginas 53-54)

Portanto, há um dualismo entre o verdadeiro aspecto de toda


coisa, e o lado físico que seria falso, mas, inevitável. Assim Deus
deveria se Comprimir e se “disfarçar” (conceito usado em vários
livros Hassídicos), para que humanos e a matéria em geral,
ascendessem e se reunissem a Ele na Onipresença. A Professora
Rachel Elior (Universidade Hebraica de Jerusalém) comenta,
citando Shneu Zalmar de Liadi (fundador do movimento Chabad)
que: Ele escreveu: Este é o propósito da criação, da infinitude
para a finitude, de modo que seja invertido do estado de
Finitude, para aquele da Infinitude. Deste modo, este misticismo
estaria dando ênfase a evocação de termos “cósmicos”,
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referindo-se a ideias de como Deus progressivamente “se


diminuiu”, dentro do mundo, por meio de “várias dimensões” ou
“Sefirot” (emanações).

O Hassidismo então, aplica tal conceito aos aspectos mais


corriqueiros da existência humana. Todas as escolas de
pensamento Hassídicas, devotaram-se ao ensino do misticismo,
com distintas acentuações, para deste modo “modificarem” a
natureza do “Ein” que seria “infinito e imperceptível”, para que
se torne “Iesh”, “existente” – e vice versa. Eles usam o conceito
como um “prisma”, para suprir as “necessidades” do espírito.
Elior acrescenta: A realidade perde, nesta concepção, sua
natureza estática e valor permanente, que agora é medido por
um novo padrão; procurando expor o divino, a essência
ilimitada, manifesta no tangível, em seu outro polo.

Outra característica derivada da concepção Hassídica, é a ideia


de Devekut ou Comunhão. Como Deus estaria por toda parte, a
conexão com Ele teria que ser procurada sem cessar. Tal
experiência, estaria em tese, ao alcance de todos (os Judeus, por
meio do Rebe. E aos não Judeus, por intermédio dos Judeus),
que teriam que negar seus “impulsos inferiores”, e aceitarem a
“verdade da emanação divina”, algo que, lhe permitiria unir-se e
obter o “estado de perfeição”. Os Mestres Hassídicos, versados
nos ensinos da Comunhão, seriam aqueles que, nesta teoria,
obtiveram este estado de perfeição e por isso, seriam capazes de
guiar este “rebanho”. Devekut não se limitaria, deste modo, a
uma experiência em particular, mas, como é descrito de muitas
maneiras, do êxtase que os discípulos dos Rebes teriam, durante
rezas com ênfase emocional.
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Ligado ao conceito anterior, existe o conceito de Bitul HaIesh


(negação da existência), ou do “corpóreo”. O Hassidismo ensina
que, enquanto a observância do universo e da realidade é
superficial, pois ocorre apenas por meio dos “olhos da carne”
(literalmente dito assim, Einei HaBassar), consequentemente,
refletiria a realidade de todas as coisas profanas e mundanas. O
verdadeiro devoto, deveria transcender esta fachada ilusória, e
perceber que não há nada além de Deus. Esta não seria só uma
questão de percepção, mas, algo prático; por exige abandonar
todas as preocupações e atividades materiais, para se ocupar só
com a “verdade”, as verdades espirituais, ignorando
completamente, as distrações da vida, que estariam “em volta”.
Quem tiver sucesso em se divorciar destas distrações, e se ver
como “ein” (no sentido de nada), seria considerado como o
desfrute máximo do Hassidismo. Com este argumento, a
verdadeira essência do homem, poderia ascender as dimensões
superiores, aonde não possuiriam existência independente de
Deus. Este ideal é chamado Hitpashtut haGashmiut, a expansão
(ou, remoção) da corporalidade. Seria o oposto dialético, da
“contração de Deus”, no mundo.

Por esta razão, para conseguir realmente o Bitul HaIesh, e


alcançar as dimensões espirituais, desafiando os impulsos
primitivos do corpo, a pessoa deveria superar sua “alma bestial”,
ligada ao “olho da carne” falado antes. A ligação ideal então, se
propõe a desenvolver um tipo de equalização, ou Hishtavut, na
linguagem Hassídica; sobre todas as coisas materiais, revelando
sua superficialidade.
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Mestres Hassídicos orientam seus seguidores a “negarem-se”,


dando pouca atenção a preocupações “mundanas”, e assim,
facilitarem este ideal. O conflito e a dúvida entre a crença da
Emanação Divina e a própria experiência na realidade, de um
mundo indiferente; é a chave da literatura produzida pelo
movimento. Muitos tratados foram escritos, justamente para
lidar com este assunto, reconhecendo que a carnalidade “rude e
viciosa”, são dicas para se apressar a tal ideal. Estes são desafios
extremamente difíceis de superar, mesmo no nível puramente
intelectual. Logicamente o será, no nível físico.

Outra implicação deste dualismo, é a noção de Culto por meio da


Corporalidade, ou Avodat beGashmiut. Tal como na ideia de Ein
Sof, metamorfizada em substância, de tal modo, que poderia ser
elevada a seu estado. Similarmente, as maquinações das
“Sefirot” superiores, exerceriam influencia no mundo, se
realizadas corretamente e com entendimento; provocando o
efeito reverso. De acordo com a doutrina de Luria, o Mundo
Etéreo, estaria pleno de fagulhas divinas, escondidas dentro de
cascas, Kelipot. As fagulhas teriam que ser “recuperadas” e
elevadas, de volta, para seu lugar.

A ideia seria a de que, a materialidade mesma, seria com isso,


consagrada, observa Glenn Dynner; e os Hassídicos seriam os
que ensinam como agir em atos comuns, como danças ou comer,
feitos com tais pensamentos, fariam que as fagulhas fossem
liberadas.

Deste modo, a ideia de Avodat BeGashmiut, teria uma clara, se


não implícita, ponte ao Antinomianismo (de Lutero); só que
igualando as Mitzvot (os rituais sagrados) já ordenados pelo
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Judaísmo no dia a dia, imbuindo-os com esta ideia, que aos olhos
do crente, funcionam do mesmo modo. Enquanto que, em certos
momentos, o movimento parece seguir nesta direção
literalmente, - por exemplo, nas orações matinais, preparação de
alimentos, e atos assim, levaram membros do Hassidismo a
negligenciar o estudo das obras fundamentais – Líderes
Hassídicos, proviam, por meio de seus estudos, aquilo que os
membros deixavam de fazer. Assim, ninguém mais estudava
profundamente por si só, mas, apenas ouviam aquilo que era
elucidado pelo mestre e, apenas liam aquilo que ele ordenava,
ou autorizava.

Em versões mais extremas desta linha e visão de mundo,


também influenciados por ideias cabalistas, como os Sabateanos,
a ideia de culto focado na corporalidade era amplamente
limitada e cuidadosamente restrita. Os membros eram ensinados
a exercer a corporalidade minimamente, por poucas ações e
apoio financeiro a seus líderes.

O oposto complementar ao culto corporalista, ou da elação do


finito no infinito, é o conceito de Hamshahá, ou “trazer abaixo”,
ou ainda “absorver” – ideia de Hamshat HaShefa – Absorção da
Efluência. É a ideia de que, durante a ascensão espiritual, a
pessoa serviria como um sifão, dos “poderes que emanam das
dimensões superiores”, para o mundo físico, aonde, ele seria
então manifesto. Isto incluiria iluminação espiritual, êxtase no
culto, ou outros objetivos “espirituais”, além de curas
instantâneas, livramento de perigos e problemas, e prosperidade
econômica. Assim, por causa destas “motivações” tangíveis,
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seguidores tornaram-se mais numerosos. Tanto o culto


corpóreo, e o da absorção, atraíram massas, em busca das
promessas desta concepção. Daí o conceito das “peregrinações”
Hassídicas.

E finalmente, outro conceito derivado da ideia de Ein-Iesh, seria


a ideia de transformação do “mal” em “bem”, e as relações entre
estes dois polos, além de outros conceitos contraditórios –
incluindo vários traços emocionais e de personalidade, como
orgulho e humildade, pureza e profanidade, etc. Pensadores
Hassídicos argumentam que, para redimir as “fagulhas”
escondidas nestes conceitos, a pessoa deve se associar, não só
com o corpóreo, mas com pecado e o mal. O exemplo é a ideia
de que é feita “elevação de pensamentos impuros” durante as
orações, que os transformaria em “pensamentos nobres”, ao
invés de reprimi-los. Este aspecto, mais uma vez, tem
implicações Antinomianas fortes, e foi usado pelos Sabateanos,
para justificarem certos “pecados”, no sentido de violações de
certas normas judaicas. Este conceito, acabou mais “abafado” no
Hassidismo posterior, e mesmo antes, líderes procuraram ser
cautelosos para que tal ideia não fosse transformada em prática,
mas entendida só no sentido contemplativo.

A Teoria Hassídica do “Justo”.


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Enquanto os ensinamentos éticos e místicos do movimento


Hassídico, não são tão facilmente distinguidos dos ensinos do
“Judaísmo” em geral, posto que, o movimento se coloca como
“voz autorizada” e “legítima” da religião; a doutrina Hassídica de
um “santo líder”, que serve como inspiração e age como figura
institucional e organizadora do movimento, é uma característica
própria.

Nos livros Hassídicos, existe a referência a um Tzadik – O Justo –


as vezes mencionado pelo termo honorífico Admor (Nosso
Mestre, nosso Senhor, nosso Rabino), dado aos rabinos
Hassídicos em geral, tal como o termo coloquial, Rebe.

A ideia de que, em cada geração, existem justos que por meio da


efluência divina, que drena para o mundo material, enraizada no
pensamento cabalístico; o qual alega, que um deles é a suprema,
reencarnação de Moshe. Assim, o Hassidismo elabora a noção de
Tzadik, em todo seu sistema de pensamento, a tal ponto que, o
próprio termo ganhou um sentido independente, a partir do
sentido original do termo, que indica uma pessoa boa,
observante e temente a Deus. (David Assaf, em The Regal Way:
The Life and Times of Rabbi Israel of Ruzhin; páginas 101-104)

Quando a seita começou a atrair seguidores e a se expandir,


desde um pequeno círculo de discípulos até um movimento
massivo, ficou evidente que, sua filosofia complexa poderia
implicar, ainda que parcialmente, um novo nível enquanto grupo
social. E mesmo intelectuais esforçaram-se com a questão da
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relação da ideia de infinidade e corporalidade, de modo tal que


havia pequena esperança de que o público comum,
internalizasse, para além de meras abstrações ou repetições,
conceitos tais. Seus representantes, exortam o público a ter fé
nos conceitos, mas a verdadeira questão, que marca seu
surgimento como uma seita distinta, é o entendimento da ideia
de Tzadik.

Um mestre Hassídico, serve como uma espécie de encarnação


viva dos ensinamentos místicos e suas ideias teóricas. Conforme
a maior parte do seu rebanho não consegue isso, eles se ligam a
ele, obtendo indiretamente seu benefício. Suas ordens e, por
vezes – em especial nas primeiras gerações – sua presença
carismática, reafirmava a fé e demonstrava aos seguidores, a
verdade da sua filosofia, contendo as dúvidas de certo modo.
Mas, muito mais do que o bem-estar espiritual estava em jogo.
Desde que, se acredita que eles poderiam “ascender em
dimensões superiores”, o líder seria então capaz de colher as
efluências e as trazer para seus discípulos, provendo-os com
benefícios materiais. Como percebe, Glenn Dynner, “a
cristalização daquela fase teúrgica, marca a evolução do
Hassidismo num movimento social pleno”.

No discurso Hassídico, a volição do líder em se “sacrificar” no


êxtase, e completar sua unidade em Deus, é visto como um
pesado sacrifício em prol da congregação. Seus seguidores
apenas deveriam sustentar e, especialmente, o obedecer;
conforme a crença de que ele possuiria um conhecimento
superior, um entendimento alcançado por meio da comunhão. A
“descida do justo” (Ieridat há-Tzadik) na matéria do mundo, foi
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descrita como sinônimo da necessidade de salvar os pecadores e


redimir as fagulhas ocultas, nos lugares mais baixos. Tal conexão
entre suas funções como líder comunitário e guia espiritual,
legitimaram o poder político que passou a deter. Também
impediu o retorno do mestre Hassídico ao modo de vida
“ermitão” e passivo, como muitos movimentos místicos
anteriores fizeram. Sua autoridade “terrena” era percebida,
como uma longa missão, para elevar o mundo corpóreo a
infinidade divina.

Até certo ponto, ao santo se atribui para sua congregação (e


apenas para ela) uma limitada capacidade messiânica, durante
sua vida. Após o desastre Sabateano, esta abordagem moderada,
procurava prover uma saída segura, para as ânsias escatológicas.
Pelo menos dois líderes do Hassidismo, radicalizaram esta área, e
causaram fortes controvérsias: O Rabino Nachman, de Breslov
(1772-1810 de Bratzlavia, Ucrânia) que (sobre o qual) se
proclamou como o único verdadeiramente Tzadik, e o Rabino
Menachem Mendel Schneerson (1902-1994, de Mykolaiv,
Ucrânia), cujos seguidores acreditam (que ele teria declarado)
ser o Mashiach (messias).

Os Rebes tiveram diversas hagiografias, e são frequentemente


comparados a personagens bíblicos. Argumentou-se que, desde
que seus seguidores apenas poderiam “negar a si mesmos”
suficientemente, para transcender a matéria, eles deveriam
então, negar a si mesmos por se submeterem ao Santo (hitbatlut
La-Tzadik) e assim, ligando-se a ele, para se permitirem acessar o
que ele alcançou em termos espirituais. Deste modo, no
Hassidismo o justo serve como uma ponte mística, atraindo a
efluência para baixo, e elevando as orações e petições de seus
admiradores.
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Este relacionamento forjado na ideia de santidade com as


massas, proveu ao líder o papel inspiracional. Ele então, passa a
ser consultado em todos os assuntos, e se espera que interceda
em favor de seus seguidores, com Deus, para garantir seu
sucesso financeiro, saúde e filhos homens. O padrão continua a
caracterizar as seitas Hassídicas, por meio de prolongadas
atividades rotineiras que, transformaram os Rebes em líderes
políticos influentes. O papel de um santo, é obtido via carisma,
demonstração de erudição em temas místicos e religiosos, apelo
ao antigo Hassidismo. Mas, no final do século XIX, o justo da
ideologia Hassídica, começou a alegar legitimidade por meio da
ancestralidade com mestres Hassídicos do passado,
argumentando que, por isso, eles conectavam-se com suas
habilidades em lidar com a infinitude, associados que estariam
com seus próprios corpos. Portanto, foi aceito que nenhum
Tzadik haveria, que não fosse um filho de um Tzadik. E
literalmente, todas as seitas modernas mantém este conceito de
hereditariedade. Por exemplo, as famílias dos Rebes, mantém
procedimentos endógamos, permitindo casamentos apenas
entre membros de Dinastias.

Hassidismo como escola de pensamento


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Algumas dinastias Hassídicas desenvolveram filosofias distintas,


com características próprias em vários temas, do conceito geral
do movimento. Várias destas escolas Hassídicas, tiveram
influência duradoura sobre outras. Algumas, porém,
desapareceram com seus representantes. Na esfera doutrinária,
as dinastias poderiam ser divididas em vários espectros. Alguns
são caracterizados pelos Rebes, que são predominantemente, os
juízes da Torá para o grupo, derivando sua autoridade, de um
modo similar a rabinos não Hassídicos. Tais “tribunais” colocam
grande ênfase na observância estrita, literal e rigorosa e no
estudo das obras obrigatórias. Exemplos que se destacam neste
espectro, é o da Dinastia Hassídica, Tzanz; bem como seus
dissidentes, tal como Satmar ou Belz.

Outras seitas, como Vizhnitz, tem uma característica um pouco


mais populista e carismática, centrada na admiração das massas
pelo santo, seu estilo de orações enfatizando o êxtase, e sua
conduta teúrgica, propagando a ideia de milagres constantes.
Alguns, ainda retém em alta valia os temas místicos do antigo
Hassidismo, encorajando os membros a ler obras cabalistas.
Dentre várias dinastias menores, os Ziditchover, aderem à esta
concepção. (Benjamin Brown, na obra: The Two Faces of
Religious Radicalism – Orthodox Zealotry and Holy Sinning in
Ninettenth Century Hasidism in Hungary and Galicia)

Outros grupos, focam na contemplação de ideias místicas para


busca pela perfeição. Nenhuma dinastia, porém, devota-se a
apenas um destes aspectos mencionados. Todas combinam e
recombinam estes fatores por conta própria.
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Em 1812, uma cisma ocorreu entre o “Vidente de Lublin” (o


Rabino Iáacov Itzhak Horowitz, 1745-1815) e seu discípulo
principal, o “Santo Judeu de Przysucha” (o Rabino Iáacov Itzhak
Rabinowicz, 1766-1813), devido a questões pessoais e
doutrinárias. O “vidente” tinha características mais populistas,
centradas nas funções teúrgicas do justo, para atrair as massas.
Ele ficou famoso por sua conduta plena de êxtase, entusiasmo,
durante orações e toda forma de culto, sendo extremamente
carismático. Ele entendia que, o Tzadik, tinha a missão de prover
a efluência ao povo comum, para que fossem capazes de
absorver a luz divina, para satisfazerem suas necessidades
materiais, e assim, converte-las na causa espiritual.

O “santo judeu” procurava um curso mais introspectivo,


mantendo que o papel do Rebe seria de servir como mentor
espiritual, para um grupo seleto, ajudando-os a alcançar o estado
máximo de contemplação, objetivando restaurar o homem a seu
estado de unidade com Deus, o qual Adam, supostamente teria
perdido, quando comeu o fruto proibido. O santo Judeu e seus
sucessores, nem apresentavam a função de milagreiros, nem
expunham performances de êxtase; estando mais preocupados
com a postura contida. A escola de Przysucha, tornou-se
dominante da Polônia Central, enquanto o Hassidismo populista,
se assemelhava mais, ao que parecia ser a tendência em Lublin.

Um dos representantes extremos, que surgiu de Przysucha, foi o


rabino Menachem Mendel de Kotz (1787-1859, Goray, Polônia).
Ele adotou uma postura elitista, de atitude linha-dura,
amplamente denunciando a cultura folclórica de outros tzadikim,
e rejeitando apoio financeiro. Agrupando um pequeno grupo de
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devotos, em busca da perfeição espiritual e sob forte oposição,


ele procurava enfatizar a importância da seriedade e totalidade,
declarando ser melhor ser um perverso completo, do que só um
pouco justo.

A escola do Chabad, limitada ao nome proeminente de sua


dinastia, foi fundada pelo rabino Shneur Zalman de Liadi (1745-
1812, Liozna, comunidade Lituano-Polonesa) e, foi elaborada por
seus sucessores, até o final do século XX. O movimento ainda
mantém características do antigo Hassidismo, antes da grande
distinção entre “o justo” e seus seguidores ter sido estabelecida.
Os Rebes Chabad, insistem para seus seguidores, que se ocupem
de buscas contemplativas, na dinâmica do ocultamento divino, e
em como isso afeta a mente humana. O próprio acrônimo
Chabad (Chochma – Biná – Daát) faz alusão as três, penúltimas
Sefirot (emanações), que são associadas a mente, na simbologia
cabalista.

Outra filosofia famosa, foi formulada pelo rabino Nachman de


Breslov (Hassidut Breslov). Em contraste com a maioria dos seus
paralelos, este movimento acredita que Deus deve apenas ser
cultuado, por meio da alegria e júbilo; embora o rabino Nachman
também represente o mundo físico com concepções negativas,
como um lugar vazio da imediata presença de Deus; e que o
papel da alma seria se libertar disso. Ele desconsiderava as
tentativas de perceber a natureza da dialética do infinito-finito
(de outros movimentos), e a questão da maneira pela qual Deus
continua a ocupar o Vazio, ainda que; de modo paradoxal, isso
esteja além do entendimento. Apenas a fé não questionadora,
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em tal concepção, bastaria. Meros mortais, em constante


conflito para superar o profano, teriam que se libertar de suas
limitações intelectuais, para ver o mundo como realmente seria.

Devemos lembrar ainda, de Tzvi Hirsh de Zidichov (1763-1931m


de Sambir, Ucrânia) que foi um dos maiores Tzadik da Galícia,
discípulo do “Vidente de Lublin”, e que combinava sua inclinação
populista com a observância rigorosa, imposta sobre seus
seguidores; além de grande pluralismo em questões místicas,
tidas como emanações das almas individuais.

E também, Mordechai Iossef Leiner de Izbica (1801-1854,


Tomashov, Polônia), que promulgou um entendimento radical
sobre o “livre arbítrio”, que ele considerava totalmente ilusório
por ser, derivado diretamente de Deus. Ele argumentava que, a
pessoa que obtiver um nível espiritual suficiente, poderia
simplesmente banir de sua mente, maus pensamentos que,
inclinam a transgredir leis judaicas. Esta potencialidade volátil
acabou levando a doutrina de “transgressão em nome dos Céus”,
encontrada também em outros textos Hassídicos, especialmente
no primeiro período. Seus sucessores, removeram esta ênfase,
por vezes, apagando seus comentários. Um de seus discípulos, o
rabino Tzadok HaKohen de Lublin (1823-1900), também
desenvolveu um sistema filosófico complexo, que apresenta uma
concepção dialética na história, argumentando que, grandes
progressos serão sempre precedidos por grandes calamidades e
crises.
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Um pouco sobre práticas e cultura

O Rebe e o Tribunal

As Comunidades Hassídicas são organizadas em setores,


denominados “cortes” (‫חצר‬, hatzer ou ‫ האף‬Hoif em Yiddish). Nas
primeiras fases do movimento, um Rebe em particular, residia na
mesma cidade que levava o nome da Dinastia, e os hassidim
eram categorizados por estes locais: Um Hassid de Belz, Vizhnitz
e assim por diante, moravam nestas respectivas cidades. Depois,
após a Segunda Guerra Mundial, as dinastias mantiveram os
nomes de suas localidades Europeias, conforme se mudavam.
Assim, a “corte” estabelecida pelo rabino Ioel Teitelbaum (o
Rebe de Satmar, 1887-1979) em 1905, na Transilvânia, continuou
conhecida pelo nome da cidade, Satmar (Satu Mare, Romênia),
mesmo que sua Sede, seja em Nova Iorque.

O mesmo ocorreu com todas as outras seitas Hassídicas –


embora existam grupos Hassídicos fundados após os
movimentos migratórios, como a Dinastia Hassídica de Boston,
estabelecida em 1915 (o Rebe de Boston, é o rabino Pinchas
Duvid Horowitz, 1877(6) – 1941).
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Em relação ao seu status espiritual, o Rebe é também o líder


administrativo da comunidade. Os grupos possuem, muitas
vezes, suas próprias Sinagogas, centros de estudo, mecanismos
de arrecadação de fundos via caridade, além de sistemas
educacionais amplos. O Rebe é a figura de autoridade suprema,
não só para a instituição. Os Hassidim de alto nível, devem se
consultar com ele sobre todo tema de importância e, as vezes,
procurar sua bênção. Ele é também, pessoalmente atendido, por
uma espécie de mordomo, chamado Gabai, ou Mashbak.

Muitos rituais Hassídicos, ocorrem ao redor do líder. No Shabat,


Iamim Tovim (festas de peregrinação) e celebrações em geral, os
Rebes realizam um Tisch (mesa) uma ampla festividade, para os
membros masculinos do grupo. Juntos, cantam, dançam, comem
e o líder do grupo cumprimenta os seguidores e os abençoa, as
vezes, também palestrando. O Chozer (repetidor), é selecionado
por sua boa memória, para registrar por escrito o que foi dito,
após o Shabat. Em muitas “cortes”, mantém-se o costume,
relacionado as sobras dos alimentos providos, sobre os quais se
acredita estarem “imbuídos” da santidade, de modo que são
redistribuídos, e até disputados. Frequentemente, um prato em
tamanho grande, é preparado de antemão para o Rebe apenas
provar, transmitindo assim a santidade, para que o público
então, coma.

Fora tal reunião, festejos ocorrem também em luas novas, na


terceira refeição ao final do Shabat, e após o Shabat (Melave
Malka); sempre acompanhado de cantos e, por vezes, danças e
sermões. Um costume que serve como fator econômico
importante, em muitas “cortes”, é o Pidion, (resgate), mais
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conhecido em Yiddish como Kvitel (pequenino): Os seguidores


escrevem pedidos por escrito, para que o mestre os ajude em
questões próprias, adicionando ao bilhete, alguma quantia em
dinheiro como, um ato de caridade.

Assim, estes momentos das “cortes” servem como pretexto para


ajuntamento de massas, demonstrações de “poder e
proeminência” de tal e tal grupo Hassídico, além de
demonstrações de riqueza e tamanho. Casamentos de membros
da família do líder, por exemplo, são exuberantes e chamativos,
plenos da presença de Hassidim, com o Rebe e seus parentes
jantando, e com celebrações e realização do costume de “mitzvá
tantz” (dança Hassídica).

Estes aspectos festivos, porém, coexistem com tensões de


alianças, entre dinastias e o Rebe; que não raro, são
acompanhadas também por violência. (Hasidic People: A place in
the New World, de Jerome R Mintz, Harvard University Press)

São notáveis as disputas entre as “cortes”, que inclui conflitos


como o de 1926-34, quando o Rebe Chaim Elazar Spira (1868-
1937, Hassidut Munkacs) amaldiçoou o falecido Rebe Yissachar
Dov Rokeach I, de Belz. Além desse, o conflito de 1980-2012
devido a coalisão Satmar-Belz, depois de Yissachar Dov Rokeach
II, romper com o Concílio Ortodoxo de Jerusalém; conflito tão
forte, que ele teve que transitar com carro à prova de balas. E
desde 2006, até o momento presente, no conflito da disputa
pela sucessão Satmar, entre os irmãos Aharon Teitelbaum e
Zalmar Teitelbaum; provocando diversos conflitos.
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Como em todos os grupos, conhecidos por ultra-ortodoxos (e


alguns Ortodoxos); membros de grupos Hassídicos que
desejarem de desafiliar do grupo, enfrentam fortíssima
hostilidade, não rara, violência física, psicológica e diversas
medidas punitivas, chegando a calúnias, difamações, separação
dos filhos em casos de casais, aonde uma das partes permanecer
na comunidade, dentre outras medidas. Devido a sua visão
religiosa extrema, totalitária e abertamente autoritária, os que
saem do grupo, carecem de conhecimentos básicos
educacionais, profissões e em alguns países, conhecimento do
vernáculo do país (falam apenas Yiddish fluentemente),
tornando imensamente difícil sua integração na sociedade. (Um
exemplo clássico desta dificuldade: O relato de Judy Bolton-
Fasman, “Off the Path, Memoirs of ex-Hasidic Jews Shine Light o
Faigy Mayer’s World”.)

Existem também escândalos em comunidades, sobre abuso


sexual e violência contra a mulher, aonde diversos incidentes
foram reportados. As lideranças Hassídicas são acusadas de
silenciar sobre os casos, embora o tema esteja se tornando cada
vez mais presente, nas diversas seitas. (O jornalista Joseph
Berger, comentou sobre, num artigo para o The New York Times,
com o título: Sexual Abuse Questions Swirl Around Yeshiva
Leaders in Kiryas Joel.)

Outro fenômeno relacionado, recentemente, diz respeito aos


Mashpi’im (influenciadores). Este que, era apenas um título de
instrutor nos grupos Hassídicos, Chabad e Breslov, de natureza
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institucionalizada da “corte” estabelecida; acabou por levar


membros a buscar orientação e inspiração, de pessoas que
seriam, líderes autoproclamados, embora fossem mashpi’im.
Tecnicamente, eles estariam preenchendo o papel original dos
Rebes, provendo o bem-estar espiritual das pessoas, mas, sem
usurpar o título, por medo de represarias.

Há muita informação a respeito. Esperamos que esta visão geral


possa prover aos colegas, reflexões sobre movimentos pietistas,
seu impacto social e, no modo como o Judaísmo em geral, foi
afetado, por tal fenômeno cultural, de modo tanto positivo
quanto negativo.

A. Bentzion.

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