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Tolerância ao calor em ovelhas Santa Inês de


pelagem clara e escura

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Cecília Veríssimo Cristiane Gonçalves-Titto


Instituto de Zootecnia University of São Paulo
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Luciana M Katiki Gerson Barreto Mourão


Instituto de Zootecnia University of São Paulo
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ISSN 1519 9940

Tolerância ao calor em ovelhas Santa Inês de pelagem clara e escura

Heat tolerance of Santa Ines ewes with light and dark colored pelage

VERÍSSIMO, Cecília José1; TITTO, Cristiane Gonçalves2*; KATIKI, Luciana Morita1;


BUENO, Mauro Sartori1; CUNHA, Eduardo Antonio da1; MOURÃO, Gerson Barreto3;
OTSUK, Ivani Pozar1; PEREIRA, Alfredo Manoel Franco4; NOGUEIRA FILHO, José
Carlos Machado2; TITTO, Evaldo Antonio Lencioni2*

1
Instituto de Zootecnia, Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios, Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, Nova Odessa, São Paulo, Brasil.
2
Universidade de São Paulo, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Departamento de
Zootecnia, Pirassununga, São Paulo, Brasil.
3
Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Departamento de
Zootecnia, Piracicaba, São Paulo, Brasil.
4
Universidade de Évora, Departamento de Zootecnia, Évora, Portugal.
*Endereço para correspondência: titto@usp.br

RESUMO SUMMARY

Objetivou-se avaliar o índice de tolerância ao The heat tolerance index (HTI) of 16 light
calor (ITC) em ovelhas da raça Santa Inês, 16 colored and 15 dark colored pelage of Santa
de pelagem clara e 15 de pelagem negra, na Inês breed was evaluated. This study was
época do calor, com ITGU superior a 90. Para o carried out on hot days with BGHI greater than
cálculo do índice foram registradas as 90. In order to calculate HTI (10 – (RT2 - RT1))
temperaturas retais (TR) às 13 h (TR1), após rectal temperature (RT) was recorded at 01:00
duas horas em descanso na sombra; em seguida, p.m. (RT1) after two hours of rest in the shade.
os animais ficaram expostos ao sol por uma Later they were exposed to direct sun light for
hora e, depois, à sombra por mais uma hora, one hour and then they rested one more hour
quando se registrou a TR2, às 15 h (10 – (TR2 – under shade, when the RT2 was recorded at
TR1)). Utilizou-se o delineamento inteiramente 03:00 p.m. A completely randomized design
ao acaso para avaliar comprimento do pelo (CP), was used to analyze hair length (HL), coat
espessura do pelame (EP), temperatura da pele thickness (CT), skin temperature (TS) and coat
(TPele) e do pelame (TP). Não houve efeito da cor temperature (TC). No differences on RT were
do pelame na TR das ovelhas Santa Inês. Todas observed between light colored and dark
as ovelhas aumentaram a TR após o estresse colored hair coat ewes, but all of them raised
(P<0,05). Não houve diferença entre as ovelhas their temperatures (P<0.05) after heat stress. No
quanto ao ITC, EP, CP e TPele; as ovelhas de differences on HTI, CT, HL, and TS were
pelame negro tiveram maior TP (P<0,05). A cor observed between groups, but the black colored
do pelame não interfere na tolerância ao calor hair coat ewes had the highest TC (P<0.05). No
em ovelhas Santa Inês nas condições de calor do effect on heat tolerance between dark colored
local. and light colored hair coat Santa Inês breed in
heat conditions is observed.
Palavras-chave: cor de pelagem, estresse
Keywords: coat color, heat stress, rectal
calórico, temperatura do pelame, temperatura
temperature, skin temperature
retal

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INTRODUÇÃO animal que alteram o seu


comportamento e bem-estar
(SILANIKOVE, 2000). Esses fatores
provocam prejuízos em relação à
A criação brasileira de ovinos destinada
ingestão e digestão de alimentos
à produção de carne tem expandido na
(DIXON et al., 1999; LOWE et al.,
última década. Dentre as raças criadas
2002) e alteração da taxa metabólica
no País, destaca-se a Santa Inês, raça
dos animais (STARLING et al., 2005).
nativa, deslanada e com grande variação
Isto pode afetar negativamente o
de pelagem (SANTOS, 2003). É uma
desempenho (STARLING et al., 2002;
raça desenvolvida no nordeste
NEIVA et al., 2004) e a função
brasileiro, resultante do cruzamento
reprodutiva (SILANIKOVE, 2000;
intercorrente das raças Bergamácia,
MARAI et al., 2007).
Morada Nova, Somalis e outros ovinos
Starling et al. (2002) estudaram a
nativos sem raça definida. As
temperatura retal, freqüência
características atuais decorreram da
respiratória e taxa de evaporação total
seleção natural e dos trabalhos de
de ovinos Corriedale submetidos a três
técnicos e criadores resultantes de
temperaturas ambientes (20, 30 e 40ºC).
seleção genealógica. A tese de sua
Esses autores concluíram que a
origem é confirmada pelas suas
utilização das variáveis fisiológicas
características.
temperatura retal e frequência
O porte, o tipo de orelhas, o formato da
respiratória como parâmetros únicos
cabeça e os vestígios de lã evidenciam a
para a seleção de animais mais ou
participação da raça Bergamácia, bem
menos tolerantes ao calor não é
como a condição de deslanado e as
suficiente para avaliar o grau de
pelagens correspondem à Morada Nova.
adaptação a temperaturas elevadas. Em
A participação da raça Somalis é
pesquisa posterior, Starling et al. (2005)
evidenciada pela apresentação de
corroboraram esta afirmativa.
alguma gordura em torno da
O índice de tolerância ao calor (ITC),
implantação da cauda (SANTOS, 2003).
proposto por Titto et al. (1998a),
Animais com pelame escuro,
consiste em uma prova de tolerância ao
geralmente, são mais susceptíveis ao
calor, a qual representa a capacidade
estresse calórico que os de pelame claro
dos animais dissiparem o calor
por absorverem maior carga térmica
absorvido durante a exposição ao sol. É
radiante (SILVA et al., 2001). Embora a
vantajoso por ser um teste simples,
reflexão seja maior em uma capa de
rápido e facilmente executável na
coloração clara, para que essa vantagem
própria fazenda.
seja efetiva, a epiderme deve ser
Um índice capaz de revelar a
pigmentada e os pelos, densamente
adaptabilidade de ovinos a determinado
distribuídos sobre ela.
ambiente é fundamental para adequar
A tolerância ao calor e a adaptabilidade
genótipos às diferenças existentes entre
a ambientes tropicais são fatores muito
os diversos biótipos. Além disso, essa
importantes na criação e produção
ferramenta, juntamente com outras
ovina. O aumento da temperatura
características que medem tolerância ao
ambiente e, conseqüentemente, do
calor, como cor e espessura do pelame,
estresse calórico acarreta aumento da
pode ser imprescindível no processo de
secreção do hormônio cortisol
seleção dos animais para clima tropical.
(STARLING et al., 2005), provocando
uma série de efeitos no metabolismo do

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O objetivo neste trabalho foi avaliar a onde ficaram totalmente expostos ao sol
tolerância ao calor em ovelhas da raça durante uma hora. Após esse período de
Santa Inês de pelame claro e escuro, exposição ao sol, foram colocados para
além de conhecer alguns parâmetros descansar à sombra por mais uma hora.
fisiológicos desses animais relacionados Às 15 h foi realizada a segunda medição
à tolerância ao calor, como da temperatura retal (TR2). Durante
comprimento médio do pelo e espessura esse período, os animais não tiveram
do pelame. acesso a água e alimento, seguindo as
orientações de Titto et al. (1998b) de
que a temperatura retal aumenta
MATERIAL E MÉTODOS significativamente com a ingestão e
digestão de alimentos. Esse
procedimento foi realizado nos dias 16,
O trabalho foi realizado na Unidade de 21, 22 e 23 de novembro de 2005, dias
Ovinos do Instituto de Zootecnia, em de calor, sem nebulosidade e com baixa
Nova Odessa, SP. A região caracteriza- velocidade do ar. Para avaliar a
se por clima frio e seco no inverno e temperatura retal, utilizou-se um
quente e chuvoso no verão, clima do termômetro clínico digital, com escala de
tipo Aw, segundo classificação de 32 a 43,9ºC, mantido no reto do animal
Köeppen, com temperatura média do ar até que emitisse um sinal sonoro, que
de 22ºC e médias máximas e mínimas indicava a estabilização da temperatura.
de 32 e 13ºC, respectivamente. A coleta O índice foi calculado segundo a
dos dados foi feita no centro de manejo fórmula: ITC = 10 – (TR2 – TR1).
dessa unidade, dotado de currais As temperaturas da pele e do pelame
cimentados, em área descoberta, e baias, foram avaliadas com auxílio de
brete e tronco de contenção, em área termômetro infravermelho digital,
coberta com telha francesa. apontado para a região dorsal do
Foram selecionadas ovelhas adultas, animal, no horário das 14 h,
secas e vazias, entre 2 e 6 anos de idade, imediatamente após exposição ao sol de
de boa condição corporal, mantidas sob uma hora. A temperatura da pele foi
pasto de capim-aruana (Panicum medida em uma pequena área
maximum cv. Aruana), dotado de tricotomizada no dorso. Os animais
sombra natural e artificial, cocho de sal foram avaliados somente uma vez, a
mineral e água tratada, situado próximo cada dia de observação, para esses
às instalações onde os animais foram parâmetros.
avaliados. Foram avaliadas 16 ovelhas De cada animal foram retiradas da
da raça Santa Inês de pelagem clara região da paleta três amostras de pelo,
(vermelhas, brancas com pintas utilizando-se um alicate de eletricista
vermelhas, malhadas de vermelho e especialmente adaptado para essa
branco) e 15 de pelagem escura. O peso finalidade (BERTIPAGLIA et al.,
médio das ovelhas foi de 53 kg. 2008). As amostras foram
Os animais foram encaminhados ao acondicionadas em um único recipiente
pasto às 11 h e mantidos em repouso plástico, devidamente identificado com
por duas horas à sombra. Às 13 h foi o número do animal. Os 30 maiores
realizada a primeira medição da pelos foram medidos com paquímetro e
temperatura retal (TR1), dentro do a média configurou a variável
tronco de contenção. Em seguida, foram comprimento do pelo. O comprimento
soltos em pátio cimentado, sem sombra, dos pelos é a distância entre seu

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extremo superior e o ponto de inserção ajustadas, pelo método dos quadrados


na epiderme (BERTIPAGLIA et al., mínimos, de acordo com Nelder &
2008). Wedderburn (Wolf et al., 2008). Em
A espessura da capa do pelame foi ambos os casos, por se tratar de medidas
medida com o auxílio de uma régua repetidas no mesmo animal, utilizou-se
metálica milimetrada, na região da uma estrutura de covariância composta
paleta (BERTIPAGLIA et al., 2008). A simétrica. As comparações entre médias
espessura da capa do pelame é a para os efeitos estudados foram
distância perpendicular entre a epiderme realizadas por meio do teste Tukey-
e a superfície da capa de pelos. Kramer a 5% de probabilidade. Para as
No momento da coleta dos dados da análises das variáveis temperatura da
temperatura retal, foram registrados os pele e pelame, comprimento do pelo e
seguintes dados climáticos: temperatura comprimento do pelame, foi utilizado o
e umidade relativa do ar, por meio de delineamento inteiramente ao acaso,
um termohigrômetro analógico, e adotando o procedimento GLM do
temperatura de globo negro situado ao programa SAS® (2003), a 5% de
sol, a 0,5 m do solo, e outro à mesma probabilidade do teste F.
altura, na sombra.
O índice de temperatura de globo negro
e umidade ao sol (ITGUsol) e à sombra
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(ITGUsb) foi calculado segundo
Buffington et al. (1981), com as
respectivas temperaturas dos globos
negros situados ao sol e à sombra e a Os valores médios das variáveis
umidade do ar segundo a fórmula: climáticas foram considerados ideais
ITGU = Tgn + 0.36 Tpo + 41.5, em que para a realização do teste de tolerância
Tgn é temperatura de globo negro (ao ao calor (Tabela 1). Ao avaliar o valor
sol ou à sombra) e ºC; Tpo, temperatura da temperatura ambiente (30,1ºC) e,
de ponto de orvalho, em ºC. principalmente, do índice de
Para a análise estatística da temperatura temperatura do globo negro e umidade
retal, foi adotado um modelo ao sol (ITGUsol = 98), no horário das
matemático que incluiu os efeitos fixos 13 h, constatou-se que os animais
da cor do pelame (clara ou escura), a estavam sob forte calor quando iniciou
hora da coleta (13 e 15h) e a interação sua exposição ao sol. Um animal em
entre esses, além dos efeitos aleatórios ambiente com ITGU acima de 85
de animal e dia de coleta, utilizando-se encontra-se em situação de emergência
o procedimento GLIMMIX do em termos de exposição a estresse
programa SAS® (2003). Para a análise calórico, o que significa que
do Índice de Tolerância ao Calor foi providências urgentes como
utilizado o mesmo procedimento sombreamento ou resfriamento do
anterior, com um modelo matemático ambiente precisam ser tomadas para
que incluiu o efeito fixo da cor do evitar prejuízos aos animais
pelame (clara ou escura), além dos (BUFFINGTON et al., 1981).
efeitos aleatórios de animal e dia de Não houve diferença significativa na
coleta, porém, neste caso, utilizou-se a temperatura retal entre ovelhas de
metodologia dos modelos lineares pelame claro e escuro antes e depois do
generalizados e comparações estresse, no entanto, a temperatura das
estatísticas realizadas sobre as médias ovelhas elevou-se (P<0,05) após

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exposição ao estresse por calor medida logo após a exposição ao sol,


(Tabela 2). Não houve diferença inferior (35,9ºC, P<0,05, Tabela 4) às
significativa (P>0,05) para o índice de de pelame escuro (36,9ºC). Não houve
tolerância ao calor de ovelhas claras e diferença significativa em relação à dos
escuras (Tabela 3). animais escuros (37,3ºC), embora a
As médias de espessura do pelame, temperatura da pele para os animais
comprimento do pelo e temperatura do claros tenha sido menor (36,9ºC).
pelame e da pele das ovelhas Santa Inês A tricotomia realizada nos animais
escuras e claras apresentadas na Tabela permitiu visualizar que, naqueles de
4 indicam que os animais de pelagem pelagem clara com pintas marrons, a
clara e os de pelagem escura tiveram pigmentação da pele acompanhava a
espessura do pelame e comprimento do pigmentação do pelame. Em área com
pelo semelhantes, com médias de 4,6 e pelo branco, a pele era despigmentada e,
9,3 mm, respectivamente. em área com pelo pigmentado,
As ovelhas de pelame claro pigmentada (Figura 1). Nos animais
apresentaram temperatura do pelame, escuros, a pele era bem pigmentada.

Tabela 1. Valores médios da temperatura ambiente (TA), umidade relativa do ar (UR),


temperatura do globo negro à sombra (TGNsb) e ao sol (TGNsol), e índice de
temperatura do globo negro e umidade à sombra (ITGUsb) e ao sol (ITGUsol)

Itens TA (ºC) UR (%) TGNsb (ºC) TGNsol (ºC) ITGUsb ITGUsol


13h 30,1 54,0 31,6 48,6 81 98
15h 31,3 51,0 32,2 41,7 81 91

Tabela 2. Médias por quadrados mínimos e erro-padrão da temperatura retal (ºC) de


animais da raça Santa Inês, antes (TR1) e após estresse (TR2), de acordo com
a cor do pelame

Coloração do pelame TR1 TR2 Média


Claro 38,55 (0,045) 38,76 (0,045) 38,66 (0,042)A
Escuro 38,54 (0,047) 38,73 (0,047) 38,64 (0,043)A
Média 38,54 (0,033)b 38,75 (0,033)a ---------
Médias seguidas de letras diferentes minúsculas na linha e maiúsculas na coluna diferem entre si pelo
teste Tukey (P<0,05).

Tabela 3. Médias por quadrados mínimos e erro-padrão do índice de tolerância ao calor


(ITC) de ovelhas Santa Inês com diferentes colorações de pelame

Cor do pelame ITC P<0,05


Claro 9,80 (0,094) Ns
Escuro 9,83 (0,095) Ns

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Tabela 4. Valores médios de espessura do pelame (EP), comprimento do pelo (CP) e


temperatura do pelame (TP) e da pele (Tpele) de ovelhas Santa Inês com
diferentes colorações de pelame

Cor do pelame EP (mm) CP (mm) TP (ºC) Tpele (ºC)


Claro 4,7 (0,02) a 9,1 (0,27) a 35,9 (0,31) b 36,9 (0,28) a
Escuro 4,5 (0,02) a 9,4 (0,28) a 36,9 (0,32) a 37,3 (0,29) a
Média Geral 4,6 9,3 36,4 37,1
CV% 16,80 11,78 3,40 3,03
Médias seguidas de letras diferentes nas colunas diferem (P<0,05) entre si pelo teste F.

Figura 1. Pigmentação da pele em ovelhas Santa Inês de pelagem clara com pintas
marrons (no detalhe, a área tricotomizada)

Balieiro et al. (2003) também não observou efeito da coloração do pelame


encontraram efeito da coloração do sobre a temperatura retal dos animais.
pelame sobre a temperatura retal e Symington (1960) verificou efeito da
frequência respiratória em ovelhas da cor do pelame sobre a temperatura retal
raça Santa Inês de diferentes cores de de ovelhas deslanadas às 12h30 no
pelame (branca, vermelha e preta). No sudeste da África, onde as de coloração
entanto, Dias et al. (2007), em Brasília, preta tiveram menores (P<0,05)
DF, constataram que ovelhas Santa Inês temperaturas retais e incremento de
de pelagem branca tiveram freqüência temperatura que as marrons e chitadas.
respiratória menor (P<0,05) que aquelas Às 6h30 não foram observadas
de pelame castanho ou preto, porém, diferenças significativas entre as
não houve efeito da pelagem sobre a temperaturas retais dos animais de
temperatura retal. Medeiros et al. diferentes cores do pelame. A pele da
(2007), avaliando caprinos sem raça raça nativa deslanada estudada por
definida, de coloração do pelame preta Symington (1960) era principalmente
ou branca, mantidos sob aprisco coberto pigmentada, particularmente em áreas
com telha cerâmica, no mês de janeiro, de pelame escuro, tal como foi
constataram que aqueles de cor branca observado nas ovelhas da raça Santa
tiveram menor (P<0,05) FR que os de Inês de pelagem clara neste trabalho.
coloração preta. Este fato também Uma capa de pelame com pigmentação
ocorreu neste trabalho, no qual não se escura apresenta maior absorção para a

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radiação solar de ondas curtas e, estado de São Paulo. Santos et al.


portanto, armazena maior quantidade de (2006), estudando as respostas
energia térmica que uma de coloração fisiológicas de estresse ao calor de
clara, que apresenta maior refletividade. ovinos das raças Santa Inês, Morada
No entanto, essa diferença se dilui na Nova e seus mestiços com a raça
temperatura da pele, pois, nos animais Dorper, concluíram que os animais da
de pelame branco, a radiação que não é raça Morada Nova foram os mais
refletida penetra profundamente, adaptados ao calor e os mestiços Santa
atingindo a epiderme, principalmente Inês x Dorper, os menos adaptados às
quando o pelame é pouco denso e os condições do semi-árido.
pelos, eretos (SILVA et al., 2001). Isto Conclui-se que a cor do pelame não
parece ter acontecido neste interfere na tolerância ao calor e no
experimento, no qual houve diferença comprimento e espessura de pelame de
significativa (P<0,05) nas temperaturas animais da raça Santa Inês adaptados ao
do pelame, mas não (P>0,05) na clima quente e chuvoso de verão na
temperatura da pele. região centro-leste do Estado de São
Morão et al. (1989) estudaram algumas Paulo.
características do pelo e do pelame em
ovinos deslanados no estado de São
Paulo, como comprimento do pelo e AGRADECIMENTOS
espessura do pelame, e obtiveram
respectivas médias de 10,72 e 4,83 mm,
Ao Instituto de Zootecnia de Nova Odessa, SP,
semelhantes às observadas neste
pelo uso dos animais e instalações.
trabalho. Alterações no comprimento de
pelo e pelame são respostas de
adaptação de longo prazo e, assim, REFERÊNCIAS
necessitam de exposição mais longa às
condições ambientais de frio ou calor, o
que não ocorreu neste trabalho.
Entretanto, em um ambiente BALIEIRO, J.C.C.; PRADO, M.D.;
caracterizado por altas temperaturas, ALKMIN, L.H.F.; IVO, M.A.;
como de uma região tropical semelhante MARTINELLI, D.Z.; SILVA, A.R.
ao encontrado no local de criação dos Análise de algumas variáveis
animais neste experimento, a elevada fisiológicas em ovinos da raça Santa
incidência da radiação solar certamente Inês submetidos ao estresse calórico na
é o fator climático decisivo para que região da Mantiqueira paulista. In:
ocorram essas modificações nas CONGRESSO BRASILEIRO DE
propriedades físicas do pelame (MAIA AGROMETEOROLOGIA, 13., 2003,
et al., 2003). Santa Maria. Anais...Santa Maria: SBA,
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Calor próximos a 10 mostram que os
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Data de recebimento: 29/02/2008


Data de aprovação: 09/12/2008

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