Sunteți pe pagina 1din 20

DOI: 10.30962/ec.1484 www.e-compos.org.

br
Recebido em: 08 de março de 2018 | Aceito em: 21 de junho de 2018 | E-ISSN 1808-2599 |

As identidades negras da
diáspora e a descolonização
da representação

ID 1484
Lucianna Sousa Furtado Brito e Laura Guimarães Corrêa

Resumo Introdução

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
Este artigo teórico apresenta uma reflexão sobre as
identidades culturais da diáspora negra, investigando
O processo histórico da colonização junto
sua constituição por meio da multilocalidade, dos
processos históricos coloniais de objetificação racial ao tráfico intercontinental de africanos
e das práticas de resistência negra nas dimensões
escravizados e movimentos migratórios globais
individual e coletiva, centralizando a dimensão
compartilhada por sua diversidade e pluralidade. complexificaram as interações raciais e a forma
Abordando o uso das imagens e das formas de como a construção social da raça articula
representação como mecanismo para a naturalização
das hierarquias raciais, este estudo discute a ruptura
significados de diferença e práticas de exclusão.
com o projeto colonial, por meio do desenvolvimento O objetivo deste artigo teórico é sistematizar
da consciência crítica junto a novos olhares e
uma revisão bibliográfica acompanhada de
perspectivas, e apresenta os pontos de convergência
nos discursos identitários da diáspora negra. uma reflexão crítica sobre as identidades da
Palavras-Chave diáspora negra, investigando sua constituição
Diáspora negra. Racismo. Interseccional.
nas relações com a matriz africana, com as
comunidades locais e entre si, em busca dos
aspectos centrais que orientam seus discursos.
Para isso, o trabalho abordará o conceito
de diáspora e as especificidades da vertente
africana, historicizando a construção social
Lucianna Sousa Furtado Brito da negritude por meio dos processos coloniais de
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social
da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas atribuição de identidades fixas e inferiorizadas,
Gerais, Brasil. E-mail: lucianna.furtado@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-4818-9370 junto à representação nos meios de comunicação

Laura Guimarães Corrêa como mecanismos da dominação racial.


Doutorado em Comunicação Social pela Universidade Federal
de Minas Gerais, Brasil. Professora adjunta da Universidade
Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. O artigo contemplará as práticas de
E-mail: guimaraes.laura@gmail.com
https://orcid.org/0000-0002-7218-1782 contestação, descolonização, desenvolvimento
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

do olhar crítico e organização coletiva pelos específicas, como um entrelaçamento de múltiplas


direitos civis, realizadas pelas pessoas negras, jornadas e narrativas.
como formas de resistência, apresentando
pontos de convergência entre os discursos Pensar em diáspora, para Brah (1996), implica
identitários da diáspora negra. Sem pretender as condições econômicas, políticas e culturais

ID 1484
homogeneizar essa vasta diversidade de que conectam as trajetórias de um grupo
experiências, tampouco subestimar a étnico-racial que compartilha a mesma origem,
materialidade das particularidades locais em uma confluência de narrativas articulada
na formação das identidades diaspóricas, em processos individuais e coletivos de memória
mobiliza-se o conceito de diáspora com o e re-memória. Nessa perspectiva, a mobilização

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
intuito de focar os aspectos em comum que do conceito de diáspora enfatiza precisamente
constroem e consolidam a conexão entre essa matriz de inter-relações que constituem
os filhos da diáspora negra. Desse modo, o um domínio comum entre os componentes
artigo enfatizará a dimensão compartilhada do grupo dispersado, delineando um campo
dessas práticas de resistência, referentes de identificações. Na visão de Brah (1996),
às formas de representação e de construção a identidade da comunidade diaspórica não
das imagens, nos meios de comunicação, é fixa, predeterminada, mas constituída na
que reverberam marcas da colonização na materialidade da vida cotidiana e das narrativas
constituição discursiva e cultural como forma socialmente construídas.
de legitimação do racismo em sua dimensão
de violência e desigualdade estrutural. As principais características das diásporas,
segundo Safran (1991, apud CLIFFORD, 1994,
A diáspora negra p. 305) são: um histórico de dispersão; mitos
e memórias da terra natal; alienação no país
O conceito de diáspora, originado para designar anfitrião; desejo de retorno; apoio contínuo à
a dispersão geográfica das populações judaicas pátria de origem; e uma identidade coletiva
em migrações forçadas ou voluntárias, é usado fortemente marcada por essa relação. Clifford
na contemporaneidade para se referir, mais (1994) ressalta que essa definição, ao partir
amplamente, à dispersão de uma miríade de da diáspora judaica tradicional como modelo
grupos étnico-raciais entre diversas localizações. normativo, mostra-se excessivamente restrita
Como destaca Avtar Brah (1996), diásporas e não contemplaria, por exemplo, a diáspora
não são homogêneas, mas formações mistas africana, que se configura de maneira
constituídas por uma diversidade de experiências descentralizada e não necessariamente
históricas e dotadas de particularidades orientada pelo desejo de retorno.
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

Para o autor (1994), esses vínculos paralelos afrocêntricas, são alternativas consistentes à
e descentralizados, reunificados pelo teleologia do retorno como vínculo com a terra
compartilhamento de processos contínuos de origem.
de deslocamento, opressão, adaptação ou
resistência, são tão significativos quanto a Conforme o mapeamento conceitual de

ID 1484
teleologia do retorno. Brah (1996) reafirma que Butler (2001, p. 192), parte significativa dos
nem todas as diásporas focam o retorno físico, pesquisadores da área concorda quanto a três
e que a pátria de origem pode se manifestar características básicas. A primeira é a dispersão
na multilocalidade que marca a construção populacional em uma disseminação para dois
de suas identidades, subjetividade e imaginário ou mais locais, em oposição à transferência para

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
coletivo. Como aponta Kim Butler (2001), um destino único, visto que essa dispersão é o
a construção sociocultural da terra natal é que dá origem aos vínculos em locais distintos.
essencial para a identidade diaspórica – não O segundo ponto é um relacionamento com
obrigatoriamente pelo retorno, mas emergindo uma terra natal, seja esta real, seja socialmente
nos saberes, costumes, no imaginário ancestral, construída, que servirá como alicerce para a
na sensação de conexão e pertencimento. identidade diaspórica. A terceira característica
é a autoconsciência de sua identidade coletiva,
Clifford aponta que algumas dimensões conscientemente construída e mantida, que não
da própria diáspora judaica, tomada como apenas vincula os sujeitos à terra de origem,
modelo normativo, já não preenchem todos como os conecta entre si. A autora acrescenta
os requisitos apontados por Safran (1991, um quarto aspecto, ligado à dimensão temporal
apud CLIFFORD, 1994), propondo não se e histórica da diáspora, que é um mínimo de
fixar em um modelo obsoleto, mas investigar duas gerações – do contrário, se trataria de um
e mapear a diversidade de formas diaspóricas. exílio temporário. Em sua visão, diásporas são
Como a diáspora africana é formada necessariamente multigeracionais e combinam a
majoritariamente por descendentes de experiência migratória individual com a história
africanos escravizados, levados à força para coletiva de dispersão e recriação de comunidades
outros continentes e privados de registros, em outros locais.
é comum a impossibilidade de traçar essa
origem específica no continente africano, o Cultura, identidade e
que inviabiliza sua orientação para o retorno. consciência da diáspora
Processos de descolonização e resistência,
como a recusa ao eurocentrismo na adoção de Cultura, segundo Brah (1996), é a construção
referências culturais, intelectuais e estéticas simbólica do conjunto de experiências de um
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

grupo social; a corporificação de sua história, Para Clifford (1994), as diásporas desempenham
entremeadas pelas condições materiais, relações de tensionamento, adaptação e resistência
marcadas pelas configurações sociais e com as narrativas nacionalistas hegemônicas do
econômicas desse grupo em seus múltiplos país anfitrião, tendo sua cultura ligada aos regimes
estágios históricos. Para a autora, culturas de dominação política e desigualdade econômica

ID 1484
não são fixas ou estáticas, mas evoluem ao longo que permeiam seus deslocamentos. Desse modo,
do tempo: embora sejam socializados para são marcadas por relações paradoxais e ambíguas
aprender e reproduzir tradições, os sujeitos entre assimilação e diferenciação, integração e
atuam sobre elas por meio da aceitação ou rejeição; marcadas pela opressão estrutural como
recusa; de reiteração ou repúdio; de modo que uma ruptura na assimilação; complexificadas

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
as práticas sociais nas interações cotidianas pela negociação entre pertencimento/aceitação e
podem filtrar e transformar essas tradições. exclusão/discriminação; desenvolvendo relações de
A cultura e a construção de significados sociais identificação e desidentificação, da multilocalidade
estão fortemente ligadas à formação das que permeia as identidades da diáspora.
identidades junto às experiências individuais
e coletivas. A identidade, para Brah (1996), é No período pós-colonial, a diáspora negra no Reino
simultaneamente subjetiva e social, constituída Unido articulou novas identidades, negociadas entre
na cultura e por meio da cultura, de modo permanecer e ser diferente, entre ser britânico e
que esses dois conceitos estão intrinsecamente ser algo mais: uma identidade relacionada à África
vinculados um ao outro. e às Américas em histórias compartilhadas de
escravidão, subalternização, racismo, hibridização
Sobre o pertencimento da diáspora, Clifford e resistência (CLIFFORD, 1994). Para o autor, essa
(1994) aponta que mesmo as ideologias nacionais formação evidencia o termo “diáspora” como um
de assimilação, cujas narrativas de unificação significante não apenas de transnacionalidade e
acolhem imigrantes sob a noção de integração, dispersão, mas de cooperação em lutas políticas
tendem a não contemplar populações diaspóricas, nas comunidades locais.
devido à sua história coletiva de deslocamento,
perda, violência e preconceito contínuo. Segundo Esse movimento está relacionado ao que Clifford
o autor, esse processo de imigração, acolhimento (1994) chama de consciência da diáspora
e integração nunca funcionou plenamente para (“diaspora consciousness”), originada de duas
africanos e seus descendentes no Novo Mundo, vertentes. Na dimensão positiva, ela emerge
escravizados ou imigrados livremente, devido ao da identificação com a construção social da
racismo e à exclusão estruturais que regem essas origem, própria ou de antepassados, criando
interações e esses lugares sociais. uma identidade local “diferente”. Negativamente,
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

está ligada à exclusão racial e à desigualdade supostamente inferior, a população negra era
socioeconômica que levam à organização coletiva incapaz de progressos intelectuais. A autora
para sobrevivência. O autor evidencia que podem (2017) traça um paralelo entre as práticas
emergir novas alianças dessa marginalização: na educacionais da dominação branca sobre as
década de 1970, quando o termo “negro” era usado diásporas negras na África do Sul, em Granada

ID 1484
no Reino Unido para discriminar imigrantes e nos Estados Unidos, dedicadas ao ensino da
de pele escura sul-asiáticos, afrocaribenhos hierarquização racial, à colonização das mentes
e africanos, esses grupos uniram-se em negras e seu confinamento à subalternidade.
movimentos trabalhistas antirracistas.
Em toda diáspora africana, condições legais,

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
Outro exemplo de alianças políticas entre econômicas e sociais impedem ou limitam
grupos culturais distintos é a própria diáspora significativamente o acesso da população negra
africana. Como avaliado por Butler (2001), a à educação formal, à ascensão em carreiras
heterogeneidade cultural dos descendentes de acadêmicas e em profissões intelectualizadas,
africanos escravizados, trazidos de diversas de prestígio e poder financeiro. O desenvolvimento
nações da África para as Américas, poderia ter intelectual não ocorre, porém, apenas na
sido desfavorável à solidariedade e à união. No educação tradicional, mas em diversas formas de
entanto, a discriminação, exclusão e violência transmissão e criação de saberes, entremeados
baseadas no pertencimento étnico-racial negro nas práticas culturais e na sociabilidade da
levaram à formação de laços de cooperação nas diáspora negra por meio da oralidade, da música,
comunidades diaspóricas africanas, apesar da da arte, em formatos dinâmicos e dialógicos
sua multiplicidade étnico-cultural. A autora de construção do conhecimento. No entanto,
enfatiza esse contato entre comunidades a educação formal recebe um reconhecimento
da diáspora, independente do contato com e uma legitimação social não atribuídos às
a terra ancestral, como vital na construção tradições orais de grupos subalternizados.
da consciência diaspórica e na formação de A hierarquização e o apagamento de saberes,
instituições e redes de apoio. ciências, culturas e formas de conhecimento
representam uma dimensão significativa da
Na transformação das comunidades locais, estrutura racista.
Angela Davis (2016) centraliza o acesso
à educação nas lutas da diáspora negra Abordando a arte como uma forma de consciência
estadunidense. Esse é um movimento que social que desperta práticas criativas de
tensiona e contraria a ideia hegemônica do país transformação da opressão, Davis (2017) atribui
de que, por ter sido propriedade de outros e às manifestações artísticas um potencial
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

sensibilizador e catalisador, de promover a as comunidades afro-atlânticas poderiam ter


participação em movimentos sociais: seguido outras trajetórias de assimilação, como
os afro-hispânicos que optaram por identidades
A arte progressista pode ajudar as pessoas a
aprender não apenas sobre as forças objeti-
hispânicas em vez de identidades negras
vas em ação na sociedade em que vivem, mas (BUTLER, 2001, p. 207). Nessa perspectiva,
também sobre o caráter intensamente social

ID 1484
a identidade é fundamental na constituição
de suas vidas interiores. Em última análise, ela
pode incitar as pessoas no sentido da emanci- diaspórica, transformando-as a partir da
pação social (DAVIS, 2017, p. 166).
realidade física da dispersão para a construção
da realidade psicossocial da diáspora.
Na perspectiva da autora, essas formas de arte

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
aceleram o progresso social ao contestar a cultura Para Stuart Hall (1990), as identidades da
dominante, o que é evidenciado na relação entre diáspora são constantemente produzidas e
a música negra estadunidense e as lutas pelos reproduzidas, em processos de transformação
direitos civis. Davis afirma que a função social da e diferenciação por meio do reconhecimento
música na tradição africana passou despercebida da diversidade e heterogeneidade, em uma
pela escravocracia, e os cantos escaparam às identidade que não se constitui apesar da
proibições: “Em consequência disso, o povo diferença, mas por meio dela, em processos de
negro foi capaz de criar com sua música uma hibridização. Hall define a identidade cultural
comunidade estética de resistência que, por sua negra nas Américas como a articulação entre
vez, encorajou e nutriu uma comunidade política a presença africana da origem, a europeia da
de luta ativa pela liberdade” (2017, p. 167). Para colonização e a americana do novo continente
a autora, a arte progressista e revolucionária só onde essa identidade foi hibridizada – não de
é concebível associada a movimentos políticos forma igualitária, mas por meio das relações
radicais pela transformação social. de poder, dominação e resistência entre essas
três dimensões. Na perspectiva do autor,
A consciência diaspórica não surge, portanto, enquanto a presença africana foi silenciada,
automaticamente, mas depende desse contato sufocada, a presença europeia se impôs como
entre os grupos, da construção de um imaginário voz predominante; como a voz que nomeia,
de unificação e identificação em torno da história define, atribui significados e hierarquias no
compartilhada e da opressão contemporânea. sistema colonial; como símbolo da exclusão,
Para Butler (2001), a diáspora africana existiu imposição e expropriação.
por aproximadamente quatro séculos antes
de ser posta em prática. Antes de construírem A identidade cultural, portanto, é uma questão
uma identidade coletiva em torno da negritude, de “se tornar” tanto quanto de “ser” (HALL,
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

1990, p. 225). Para Hall, essa identidade não é circunscritas a essa ideia de “outro” (HALL,
uma essência fixa, intacta, à parte da história 1990, p. 225). Nessa perspectiva, o processo da
e da cultura, mas se relaciona aos processos colonização não se referiu apenas aos corpos e
históricos, aos seus efeitos materiais e simbólicos, ao trabalho, mas à colonização da cultura, do
em constante transformação. Como observa imaginário, das mentes das pessoas negras.

ID 1484
o autor, mesmo em referências ao passado
histórico, essa identidade não aciona um passado O pensamento de Hall (1990, 2003) sobre o papel
essencialista nem se prende ao mero resgate da política de representação na epidermização do
de um passado estático – ela historiciza as racismo e inferioridade reverbera as contribuições
narrativas do passado e suas relações de poder, teóricas de Frantz Fanon (2008)1. Para o autor,

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
elaborando como estas posicionam socialmente a herança colonial, além da dimensão material
os sujeitos e, por meio da construção dessa e econômica, também colonizou as mentes,
identidade, como os sujeitos se posicionam impondo o eurocentrismo e a branquitude como
diante delas. A retomada do passado não trata representativos da razão civilizadora, da beleza,
simplesmente de desenterrar as continuidades do intelecto e da pureza.
suprimidas pela experiência colonial em uma
Na Europa, o preto, seja concreta, seja simbolica-
redescoberta da identidade: trata-se da produção mente, representa o lado ruim da personalidade.
da identidade (HALL, 1990, p. 224). Enquanto não compreendermos esta proposição,
estaremos condenados a falar em vão do ‘pro-
blema negro’. O negro, o obscuro, a sombra, as
Hall (1990) evidencia o caráter traumático trevas, a noite, os labirintos da terra, as profun-
dezas abissais, enegrecer a reputação de alguém
da experiência colonial e suas reverberações
[...]. O arquétipo dos valores inferiores é repre-
contemporâneas, enfatizando que os regimes sentado pelo negro (FANON, 2008, p. 160).
dominantes de representação nos meios de
comunicação e sua imposição às pessoas negras Fanon (2008) repudia o essencialismo atribuído
correspondem a uma parte significativa dos às representações racistas, defendendo que
processos de criação e manutenção das relações as convenções socioculturais e o inconsciente
de poder. Na concepção do autor, as normas coletivo não vêm de uma herança física, mas são
de representação não apenas construíram as consequência de uma imposição cultural irrefletida
pessoas negras como “diferentes”, como “outro”, e incontestada. O autor enfatiza a atuação das
mas atuaram para que as próprias pessoas negras formas de representação no sistema educacional,
vissem a si mesmos e a suas experiências como assim como em jornais, revistas, livros, cinema e

1   Sua obra Pele negra, máscaras brancas foi originalmente publicada em 1952.
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

outros meios de comunicação, na constituição parte da experiência da diáspora não está


do imaginário sobre o papel social das pessoas escrita: está inscrita nas artes criativas, na
negras; na construção de sua imagem associada a cultura material e nas tradições orais” (BUTLER,
selvageria, irracionalidade, vilania, desonestidade, 2001, p. 212). Para a autora, a representação e
inferioridade intelectual; na sua desumanização reinterpretação podem ser mais significativas

ID 1484
e seu confinamento à subalternidade. na construção da identidade diaspórica do que
a própria realidade dessa terra ancestral.
Considerando o racismo em sua dimensão
estrutural, econômica e também cultural, Hall (2003) evidencia a rica cultura popular negra
que atua nos processos sociais de significação, como um terreno de apropriação e rearticulação

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
naturaliza essa hierarquização e legitima seletivas da cultura europeia junto às tradições
discursivamente essa violência material, Fanon africanas, produzindo novas formas de expressão,
(2008) propõe a completa reestruturação do resistência, ocupação dos espaços sociais e
mundo como forma de contestar esse cenário fortalecimento de laços. O imaginário da terra
colonial e seus ecos contemporâneos. Abordando ancestral, junto às experiências históricas e
seus efeitos sobre a consciência das pessoas processos de codificação da memória, emerge
negras, o autor sugere a ação conjunta sobre o nessas culturas populares:
indivíduo e o grupo social, conscientizando a luta
Em sua expressividade, sua musicalidade, sua
contra as hierarquias coloniais da supremacia oralidade e na sua rica, profunda e variada
branca, e orientando ações para a mudança das atenção à fala; em suas inflexões vernaculares
e locais; em sua rica produção de contranarra-
estruturas sociais. Portanto, para Fanon (2008),
tivas; e, sobretudo, em seu uso metafórico do
a superação da herança colonial deve contemplar vocabulário musical, a cultura popular negra
tem permitido trazer à tona, até nas modalida-
a conquista de direitos civis e a descolonização
des mistas e contraditórias da cultura popular
das mentes das pessoas da diáspora negra. mainstream, elementos de um discurso que é
diferente - outras formas de vida, outras tradi-
ções de representação (HALL, 2003, p. 342).
As identidades da diáspora são construídas,
portanto, mediante condições culturais e
materiais, entremeando o imaginário da terra Desse modo, a diáspora negra não apenas resgata
ancestral às conexões com outros grupos dessa a referência africana, mas a reconstrói, por
diáspora e às relações locais de conflito e meio de memórias, mitos e símbolos estéticos
pertencimento. Segundo Butler, o elo com a terra acionados em suas culturas populares. Como
de origem perpassa gerações e se manifesta no enfatizado por Hall (1990), essa referência já não
vínculo emocional artístico e na reinterpretação é um resgate concreto, mas a constituição do que
das culturas ancestrais na diáspora: “Grande essa África se tornou nas Américas, do imaginário
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

desse continente ao ser renarrado na diáspora. contexto, foi construído o mito da democracia
A referência à África e sua constante racial, um cenário de suposta harmonia e mistura
reconstrução são, portanto, questões centrais igualitária entre as raças no qual as hierarquias
na identidade cultural da diáspora – não apenas coloniais ainda influenciam a distribuição de
como ponto de origem, mas como vínculo de poder, renda e legitimidade de fala. Gonzalez

ID 1484
reunificação entre seus povos fragmentados. aponta que a ideologia de branqueamento que
governa essas sociedades, veiculada, por exemplo,
Para tratar da diáspora negra na América pelos meios de comunicação, perpetuam as
Latina, Lélia Gonzalez (1988) propõe observar classificações raciais e consolidam os valores
as especificidades locais das relações coloniais, eurocêntricos como norma.

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
as teorias de miscigenação e assimilação, assim
como suas reverberações contemporâneas nas Em contraponto às denominações “afroamericano”
dinâmicas culturais que organizam as interações e “africanoamericano”, que reproduzem a noção
entre as raças. Na visão da autora, o caráter imperialista que centraliza os Estados Unidos
rigidamente hierárquico das sociedades ibéricas, como a América e ignora os demais países do
que submetia os mouros e judeus a um violento continente, Gonzalez (1988) propõe uma nova
controle social e político, estendeu às colônias forma de pensar a diáspora negra na América
latino-americanas seu sistema de classificação como um todo: os “amefricanos”. A categoria de
e estratificação social por meio da raça. Desse amefricanidade elaborada pela autora contempla
modo, Gonzalez afirma que a igualdade de todos os processos históricos de adaptação, resistência,
perante a lei constituiu-se sob um caráter apenas reinterpretação e invenção criativa de maneira
formalista, já que, na prática, essas sociedades afrocentrada, ligada à diversidade de origens
mantêm pessoas negras e indígenas em um lugar culturais africanas que a compõem – apontando-a
de subordinação. como ponto de partida para uma identidade étnico-
racial que não apenas afirma sua herança africana,
Na perspectiva de Gonzalez (1988), as sociedades mas reelabora e reconstrói essa matriz cultural em
latino-americanas constituíram o racismo sua diáspora nas Américas.
por denegação, originado na racionalidade
administrativa colonial que naturalizou a Representação e
violenta dominação branca contra os povos construção das identidades
ditos primitivos. Em sua visão, essas dinâmicas
culturais sofisticaram a violência contra os Conforme discutido na seção anterior, as políticas
colonizados, revestindo-a de uma máscara de e práticas de representação exercem um papel
legitimidade e superioridade natural. Nesse significativo nas relações de poder, na constituição
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

das identidades e naturalização do racismo. Para a construção de imagens da negritude para afirmar
Hall (1990), esses processos implicam perspectivas, a superioridade branca, o imperialismo político e
lugares sociais, posicionamentos de enunciação: o desejo branco de dominar antecede a formação
os produtos culturais que constroem as figuras da diáspora negra, desde os primórdios do contato
de representação operam não como um espelho colonial com o continente africano. Segundo hooks,

ID 1484
secundário que meramente reflete o que já existe, desde então a supremacia branca já reconhecia
mas como capazes de constituir novas maneiras de o controle sobre as imagens como central para
subjetividade, permitindo aos sujeitos a descoberta a manutenção do sistema de dominação racial –
de novos lugares sociais de expressão, novas enfatizando, porém, que essa representação não é
posições de enunciação. imperativa, dotada de poder absoluto, mas passível

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
de desconstrução, contestação e resistência. Para
Em vez de pensar em identidade como um hooks (1992), é importante não tomar os sujeitos
fato consumado que as práticas culturais como vítimas passivas da socialização, para não os
simplesmente representam, Hall propõe tomá- eximir da responsabilidade de refletir criticamente
la como um processo produtivo que nunca se sobre a reprodução de práticas culturais racistas
completa, que está sempre em construção por e sobre a dimensão estrutural dessa opressão.
meio dos regimes de representação (1990, p. 222).
Referindo-se ao cinema, o autor enfatiza que Abordando o olhar como um gesto político
as produções negras modernas oferecem ao de resistência, dotado de potencial de
público negro a possibilidade de se verem e se questionamento, confronto e desafio à autoridade,
reconhecerem em novas histórias de si mesmos, hooks (1992) o relaciona à própria constituição
constituindo pontos de identificação com esses do indivíduo como sujeito. Historicizando o
posicionamentos e atuando positivamente junto imaginário desse gesto no contexto racializado
à construção das identidades culturais. das relações de poder, a autora aponta que
pessoas negras escravizadas eram punidas por
Em consonância com esse pensamento, bell olhar fixamente, por olhar demais, por olhar sem
hooks2 (1992) afirma que a representação atua permissão, sendo privadas do direito de dirigir
na socialização e no aprendizado de modo a o olhar conforme sua vontade. Para hooks, a
naturalizar, internalizar e institucionalizar tentativa de reprimir o olhar das pessoas negras
as normas de hierarquização racial que fez com que ele emergisse como insubordinação,
desumanizam pessoas negras. Para a autora, ato de rebelião, gesto crítico e oposicionista:

2   A autora, chamada Gloria Watkins, adotou o nome da avó como pseudônimo e pede que sua grafia seja feita em letras
minúsculas, como forma de centralizar não sua figura como escritora, mas o conteúdo de sua produção intelectual.
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

ao afirmar o direito de olhar, declara-se também embranquecimento, promovendo a valorização


o desejo de mudar a realidade observada. Em sua da negritude e a construção de perspectivas
concepção, o movimento do olhar é um espaço positivas para a estética e as identidades negras.
de resistência, no qual as pessoas negras podem
se posicionar como sujeitos, contestar o olhar do Conforme aponta hooks (1992), as comunidades

ID 1484
Outro e nomear o que veem. segregadas nos Estados Unidos representaram um
espaço para experiências positivas da negritude,
Desse modo, hooks (1992) analisa o contato em oposição aos locais de integração racial nos
das pessoas negras com a televisão e cinema quais a cultura dominante racista determina a
mainstream estadunidenses como um gesto maior parte das interações sociais. Apesar da

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
espectador consciente da atuação desses meios violência, da violação de direitos e da profunda
de comunicação na reprodução e manutenção desigualdade social no contexto da segregação
da supremacia branca. Nos movimentos pelos racial, a autora vê nessa comunidade negra um
direitos civis, os olhares negros desenvolveram-se espaço seguro para promover a descolonização e
cada vez mais como interrogadores, contestadores estabelecer relações positivas com a cultura e a
e críticos quanto aos modos de representar identidade negras. Em sua perspectiva, o amor
pessoas brancas e pessoas negras na cultura à negritude é um ato de resistência e intervenção
dominante. O papel do espectador, para hooks, revolucionária, com o potencial de transformar
pode ser de agência, principalmente na medida o olhar e a subjetividade.
em que olha criticamente e recusa a identificação
com a narrativa representada. Conforme aponta hooks (1994), o movimento
Black Power na década de 1960 nos Estados
No processo de descolonização das mentes, Unidos foi marcado pelo combate ao racismo
hooks (1992) afirma que a representação internalizado nas dimensões estética e
negra e seus debates tendem a focar na intelectual, por meio de formas de representação
problemática da aversão, do ódio; da denúncia; positivas e da centralidade de autores negros
da impotência, da posição como vítima; da como referência, abordando criticamente
introjeção das normas raciais impostas pela a cultura hegemônica para a descolonização
cultura dominante e presentes na consciência das mentes e do imaginário das pessoas negras.
coletiva das pessoas negras – propondo, então, Segundo a autora, o amor próprio individual
que a produção passe a contemplar o amor à e coletivo da comunidade negra se tornou uma
negritude (“loving blackness” no original), um agenda política radical, substituindo padrões
potente ato de resistência. A ideia da autora é racistas por visões progressistas para contemplar
superar essa hierarquia racista e a busca pelo a diversidade da estética negra, contestando
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

a naturalização do racismo reforçada pela problematizados e, em muitos casos,


representação midiática, práticas educacionais, abandonados – como as punições mais severas
relações familiares, dentre outras formas de no ambiente escolar para crianças de pele
socialização e aprendizado. mais escura, o alisamento capilar como forma
de suavização dos traços negros e adaptação

ID 1484
Foram feitas diversas críticas à suposta a padrões estéticos brancos, práticas de
superficialidade da questão estética – noção hierarquização no próprio ambiente familiar,
repudiada por hooks (1994), para quem essa assim como a passividade individual diante da
dimensão ultrapassa a autoestima e a vida discriminação racial dirigida a outros sujeitos.
afetiva: “ser visto como desejável não afeta

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
apenas a habilidade de atrair parceiros; Enfatizando o potencial coletivo da
também melhora a mobilidade social de classe transformação estética e intelectual, hooks
em espaços públicos, em sistemas educacionais afirma: “Esse processo de descolonização
e na força de trabalho” (1994, p. 180). O promoveu mudanças poderosas nas vidas de
colorismo, sistema que hierarquiza pessoas todas as pessoas negras nos Estados Unidos.
do mesmo grupo étnico-racial de acordo com o Isso significou que, agora, nós podíamos
distanciamento do fenótipo branco nos traços e militantemente confrontar e mudar as
na cor da pele, foi contestado no Black Power, devastadoras consequências psicológicas
problematizando a vantagem das pessoas de pele do racismo internalizado” (1994, p. 175).
clara em detrimento de seus companheiros de Contestar a herança colonial foi fundamental
pele escura. Conforme observa hooks, o slogan para a construção de identidades negras
“Black is beautiful” confrontou a inferiorização orgulhosas, combativas e conscientizadas,
da negritude, intervindo na hierarquização em que se juntaram à luta pelos direitos civis
castas para valorizar a imagem negra em sua e conquistaram avanços significativos.
intensidade e multiplicidade. Ecoando as ideias de Fanon (2008), bell
hooks (1992, 1994) enfatiza o papel central da
Nesse contexto, hooks (1994) relata mudanças descolonização e educação para a consciência
significativas na sociabilidade motivadas crítica na transformação social. Na concepção
por essa intervenção político-estética, da autora, para intervir nas políticas de
conscientizando sobre racismo e colorismo representação determinadas pelo colonialismo,
e se contrapondo às práticas cotidianas de é preciso reconhecer o poder das imagens
hierarquização racial. Segundo a autora, dos meios de comunicação na construção da
comportamentos consolidados baseados nessas realidade social, articulando a organização
castas de cor passaram a ser questionados, coletiva em movimentos progressistas.
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

Interseccionalidade e lugar de fala as identidades na busca por direitos. Na visão


da autora, essas articulações identitárias
A visão da identidade de um grupo social não são mero resultado de fatores étnicos e
como fixa, predefinida e homogênea remete ao socioeconômicos, mas caracterizam a própria luta
olhar colonial, que ignora a multiplicidade de pela autodeterminação. Clifford (1994) concorda

ID 1484
experiências e particularidades dos sujeitos, que os estudos da diáspora devem atentar para a
objetificando-os, atribuindo ao grupo uma exploração econômica e o racismo, alertando que
aparente uniformidade. Reivindicar novas o foco único no aspecto cultural das fronteiras
perspectivas sobre as identidades negras limita a discussão a questões de educação e
da diáspora exige um posicionamento contra tolerância. Para o autor, a diversidade cultural é

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
esses movimentos totalizadores, essencialistas, importante, mas quando tratada de forma isolada,
visto que os discursos que se pretendem não contempla as especificidades de gênero, raça
universais tendem a hierarquizar pontos de e classe que configuram as interações – portanto,
vista e se organizar em torno dos sujeitos mais deve estar atrelada à transversalidade dessas
privilegiados de acordo com as categorias de demandas concretas, materiais e estruturais.
gênero, raça, classe e sexualidade, dentre outras.
Considerar uma única categoria analítica pode Referindo-se à ação dos estudos culturais para
silenciar e invisibilizar as formas de opressão identificar e transformar os mecanismos de
que resultam da combinação e sobreposição desumanização que organizam as sociedades,
de dois ou mais recortes. Para contestar essa hooks (1994) defende um olhar interseccional,
pretensa universalização da experiência e evitar no que ela chama de abordagem holística das
a narrativa única, é preciso interseccionalizar a formas de opressão. Para a autora, o foco dessa
discussão para que ela contemple perspectivas e vertente de estudos na cultura popular abre um
lugares sociais diversos. espaço poderoso para a contestação, intervenção
e transformação – em um diálogo constante
Enfatizando a heterogeneidade de experiências com a sociedade para modificar os costumes e
históricas que compõem uma diáspora, Brah hábitos; educar para o desenvolvimento de uma
(1996) aponta as categorias de classe e gênero, consciência crítica e de olhares politizados,
dentre outras, como marcadores significativos insurgentes e contra-hegemônicos; combinando
na experiência individual e coletiva dos sujeitos teoria e prática, crítica e ação.
diaspóricos. Para Butler (2001), as construções
sociais de raça, gênero e sexualidade interagem Trazendo sua experiência acadêmica como
com as questões estatais e internacionais nas exemplo, hooks (1994) expressa seu profundo
novas narrativas pós-coloniais, reconfigurando incômodo com lutas que se afirmam progressistas
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

por repudiar uma forma de dominação, enquanto A abordagem interseccional e o processo


praticam outra; com sujeitos comprometidos de subjetivação, ou seja, o ato de tornar-se
com um ou alguns dos recortes de raça, gênero, sujeito para se autodefinir e autodeterminar
classe, sexualidade, enquanto reproduzem, coletivamente, são ideias que se aproximam
perpetuam e ativamente se beneficiam de do conceito de lugar de fala – mais comum nas

ID 1484
outros. Em defesa da abordagem holística como discussões feministas, mas que se aplica às demais
ponto de partida para as revoluções culturais, categorias sociais de desigualdade. Elaborando
a autora afirma que a igualdade só pode ser o conceito a partir do feminist standpoint
construída mediante o contraponto a todas as (ponto de vista feminista), Djamila Ribeiro (2017)
esferas de dominação hierárquica que implicam desenvolve o lugar de fala não como um marcador

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
privilégios individuais e coletivos. Na visão de pessoal, individual, mas como uma perspectiva que
hooks (1994), se os sujeitos se comprometerem considera experiências de dominação e opressão
apenas com a desconstrução das políticas de coletivas, compartilhadas por grupos socialmente
dominação que os prejudicam individualmente, construídos segundo recortes como gênero, raça,
eles mantêm o vínculo com o status quo, classe e sexualidade. Para a autora, pensar em
alimentando e perpetuando esses mesmos lugar de fala envolve questionar quem recebeu
sistemas de dominação. autorização e legitimidade de fala no projeto de
colonização, romper com o silenciamento dos
Nesse sentido, hooks (1994) reafirma o caráter grupos subalternizados – promovendo um debate
interdependente desses sistemas, defendendo estrutural, considerando como a normatização
sua transformação de maneira interligada. Essa hegemônica articula a demarcação dessas
abordagem busca evitar o que a autora chama de identidades de forma hierarquizada, como lugares
“pontos cegos”: o apagamento e a invisibilização sociais de desigualdade e vulnerabilidade.
dos sujeitos vítimas de opressão social em suas
múltiplas formas e combinações. Como observa Assim como hooks (1992) aborda a autodefinição
hooks, a revolução cultural exige uma mudança e autodeterminação política como formas de
radical no comportamento, pensamento e resistência, contestando a posição historicamente
olhar: “Ao descolonizar nossas mentes e nosso imposta como objetos para se constituir como
imaginário, nós aprendemos a pensar de forma sujeitos, Ribeiro (2017) aponta a autodefinição
diferente, a enxergar tudo com ‘os novos olhos’ como uma estratégia de enfrentamento à visão
que Malcolm X disse que precisaríamos para colonial. Trata-se de atribuir a devida relevância
entrar na luta como sujeitos e não como objetos” aos discursos de grupos subalternizados, de modo
(1994, p. 7) – retomando a questão de tornar-se que essas pessoas possam, enfim, falar por si
sujeito e a autodeterminação. mesmas e serem ouvidas. Muito além da questão
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

individual da legitimidade de fala, essa prática determinados grupos, assim como para
foca na dimensão estrutural, coletiva, mediante silenciar, segregar, excluir e violentar outros,
o questionamento de discursos hegemônicos as políticas identitárias são estruturais e,
– desestabilizando as ideologias dominantes portanto, fundamentais nesse processo de
e desafiando a pretensa universalização descolonização. É precisamente no caráter

ID 1484
da epistemologia eurocêntrica, por meio da estrutural que reside a importância do lugar de
descolonização do conhecimento, da valorização fala, ao contemplar os grupos oprimidos como
de tradições orais populares e de saberes sujeitos, e não mais como objetos; considerar
historicamente silenciados. diferentes perspectivas, origens, experiências,
historiografias; reconhecer a pluralidade de

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
Como afirma Ribeiro, considerar outras saberes e formas de produção do conhecimento
epistemologias implica “desestabilizar e que constituem as sociedades. Trata-se,
transcender a autorização discursiva branca, assim, de uma oposição direta e consciente à
masculina cis e heteronormativa e debater narrativa única da centralização epistemológica
como as identidades foram construídas nesses e discursiva eurocêntrica, que se pretende
contextos” (2017, p. 28). O debate sobre a universal enquanto opera de forma excludente.
construção das identidades é fundamental para
um contexto progressista de descolonização do Considerações finais
conhecimento, na medida em que os processos
culturais vigentes de invisibilização, silenciamento Este artigo abordou a identidade cultural da
e apagamento estão diretamente ligados às diáspora africana na complexidade de suas
práticas de legitimação discursiva da violência e relações de identificação, deslocamento e
exclusão materializadas nas relações sociais. pertencimento nas sociedades em que se
inserem, assim como a relação com a África em
Trazendo aportes teóricos de Linda Alcoff (2016 suas construções sociais, míticas, intelectuais
apud RIBEIRO, 2017), para quem a criação e e culturais. Foram discutidas as relações
reificação de identidades é uma ferramenta coloniais de atribuição de identidades fixas e
colonial de administração e hierarquização inferiorizadas como estratégia de dominação,
dos povos, Ribeiro enfatiza: “não é possível os movimentos de oposição e resistência a esse
fazer um debate amplo sobre um projeto de olhar, junto às reverberações contemporâneas
sociedade sem enfrentar o modo pelo qual desse sistema de hierarquização racial por
certas identidades são criadas dentro da lógica meio das imagens e da representação nos
colonial” (p. 30). Considerando as normas meios de comunicação. Nessa discussão
identitárias como mecanismos para privilegiar teórica sobre a descolonização das identidades
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

negras, foi possível identificar dois focos de entre si devido às particularidades de cada
convergência: a questão da autodefinição na ponto da diáspora, compartilham de um terreno
constituição de sua identidade como sujeitos, comum nessa busca pela autodeterminação
junto à autodeterminação política no combate identitária, cultural e política. A diversidade
à desigualdade e ao racismo estrutural; e a da diáspora negra, portanto, não se limita às

ID 1484
questão da diversidade de subjetividades, da histórias, às trajetórias e aos contextos distintos
multiplicidade de experiências, em proximidade da fragmentação causada pela dispersão, mas
com a importância da abordagem interseccional se refere também aos sujeitos que, como grupo
da diáspora. social, reúnem uma multiplicidade de vivências
e experiências impossíveis de homogeneizar.

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
Os discursos da diáspora negra se organizam, Essas identidades serão, então, definidas por
principalmente, em torno de processos de sua subjetividade e ação como sujeitos diante
descolonização, por meio da educação e da de marcadores de dominação que se combinam
transformação dos modos de representação e complexificam a questão racial, evidenciando
que atuam diretamente na construção a abordagem interseccional a partir de lugares
das identidades. Esse foco orienta-se pelo de fala contra-hegemônicos como chave para a
desenvolvimento do pensamento crítico e de transformação cultural decolonial e a construção
novos olhares para a construção de identidades de sociedades igualitárias.
afirmativas, combativas, de resistência, para
lutar coletivamente por mudanças estruturais.
Sem ignorar a subjetividade individual ou Referências
as especificidades de cada comunidade da BRAH, Avtar. Cartographies of Diaspora: Contesting
diáspora negra, é possível identificar como identities. London and New York: Routledge, 1996.
ponto comum essa busca pela ruptura definitiva BUTLER, Kim D. Defining diaspora, refining a
com as relações coloniais e suas reverberações discourse. Diaspora: A Journal of Transnational
contemporâneas articuladas nos processos de Studies, Toronto, v. 10, n. 2, p. 189-219, 2001.

dominação e hierarquização racial. CLIFFORD, James. Diasporas. Cultural Anthropology,


Northampton, v. 9, n. 3, p. 302-338, aug. 1994.

Não se trata, nesse caso, de uma homogeneização DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. São Paulo:
das experiências ou uma atribuição essencialista Editora Boitempo, 2016.

às identidades negras da diáspora, mas de _______. Mulheres, cultura e política. São Paulo:
práticas de resistência em resposta a processos Editora Boitempo, 2017.

históricos de exploração e seus resquícios nos FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas.
dias atuais – que, embora apresentem diferenças Salvador: EDUFBA, 2008.
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de


amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro,
No. 92/93, p. 69-82, jan./jun. 1988.

HALL, Stuart. Cultural Identity and Diaspora. In:


RUTHERFORD, Jonathan (Org.). Identity: Community,
Culture, Difference. London: Lawrence & Wishart,

ID 1484
1990. p. 222-237.

_______. Que “negro” é esse na cultura negra?


In: SOVIK, Liv (Org.). Da diáspora: Identidades e
mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG,
2003. p. 335-349.

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
hooks, bell. Black looks: race and representation.
Boston: South End Press, 1992.

_______. Outlaw culture: resisting representations.


New York, London: Routledge, 1994.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Coleção


Feminismos Plurais. Belo Horizonte: Editora
Letramento, 2017.
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

Black identities in diaspora Las identidades negras de la


and the decolonization diáspora y la descolonización
of representation de la representación
Abstract Resumen
This paper addresses the cultural identities of the Este artículo presenta una reflexión sobre las

ID 1484
black diaspora, exploring its constitution through identidades culturales de la diáspora negra,
multi-locality, the colonial historical processes of investigando su constitución por medio de la
racial objectification and the practices of black multilocalidad, de los procesos históricos coloniales
resistance on its individual and collective dimensions. de objetificación racial y de las prácticas de
Approaching the use of images and the forms of resistencia negra en las dimensiones individual y
representation as mechanisms to naturalize racial colectiva. Abordando el uso de las imágenes y de las

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
hierarchies, this study discusses the disruption formas de representación como mecanismo para la
of the colonial project through the development of naturalización de las jerarquías raciales, este estudio
critical awareness alongside new standpoints and discute la ruptura con el proyecto colonial por medio
perspectives, presenting the convergence points on del desarrollo de la conciencia crítica junto a nuevas
the identity discourses of the black diaspora. miradas y perspectivas, presentando los puntos

Keywords de convergencia en los discursos identitarios de la

Black diaspora. Racism. Intersectional. diáspora negra.

Palabras-clave
Diáspora negra. Racismo. Interseccional.
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

Expediente E-COMPÓS | www.e-compos.org.br | E-ISSN 1808-2599


Revista da Associação Nacional dos Programas
A revista E-Compós é a publicação científica em formato eletrônico
de Pós-Graduação em Comunicação.
da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
Comunicação (Compós). Lançada em 2004, tem como principal A identificação das edições, a partir de 2008,
finalidade difundir a produção acadêmica de pesquisadores da área passa a ser volume anual com três números.
de Comunicação, inseridos em instituições do Brasil e do exterior. Indexada por Latindex | www.latindex.unam.mx

ID 1484
CONSELHO EDITORIAL
Ada Cristina Machado Silveira, Universidade Federal de Santa Maria, Brasil Karla Yolanda Covarrubias, Universidad de Colima, México
Alda Cristina Silva da Costa, Universidade Federal do Pará, Brasil Laura Loguercio Cánepa, Universidade Anhembi Morumbi, Brasil
Alfredo Luiz Paes de Oliveira Suppia, Universidade Estadual de Campinas, Brasil Leonel Azevedo de Aguiar, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil
Ana Carolina Rocha Pessôa Temer, Universidade Federal de Goiás, Brasil Leticia Cantarela Matheus, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Ana Regina Barros Rego Leal, Universidade Federal do Piauí, Brasil Ling Chen, Hong Kong Baptist University, China
André Luiz Martins Lemos, Universidade Federal da Bahia, Brasil Luciana Coutinho Souza, Universidade de Sorocaba, Brasil

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
Angela Cristina Salgueiro Marques, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil Marcel Vieira Barreto Silva, Universidade Federal da Paraíba, Brasil
Ângela Freire Prysthon, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Marcia Tondato, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil
Anna Cristina Pertierra, Western Sidney University, Austrália
Márcio Souza Gonçalves, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil
Antonio Carlos Hohlfeldt, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil
Maria Ataide Malcher, Universidade Federal do Pará, Brasil
Arthur Ituassu, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil
Maria das Graças Pinto Coelho, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
Bruno Campanella, Universidade Federal Fluminense, Brasil
Maria Elena Hernández Ramirez, Universidad de Guadalajara, México
Bushra Hameedur Rahman, University of the Punjab, Paquistão, Paquistão
Maria Elisabete Antonioli, Escola Superior de Propaganda e Marketing – SP, Brasil
Cárlida Emerim, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil
Maria Teresa Quiroz, Universidad de Lima, Peru 
Carlos Del Valle Rojas, Universidad de La Frontera, Chile
Marialva Carlos Barbosa, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil
Carlos Eduardo Franciscato, Universidade Federal de Sergipe, Brasil
Marina Poggi, Universidad Nacional de Quilmes, Argentina
Cláudio Novaes Pinto Coelho, Faculdade Cásper Líbero, Brasil
Marli Santos, Faculdade Cásper Líbero, Brasil
Danilo Rothberg, Universidade Estadual Paulista, Brasil
Denise Tavares, Universidade Federal Fluminense, Brasil Mateus Yuri Passos, Universidade Metodista de São Paulo, Brasil
Diógenes Lycarião, Universidade Federal do Ceará, Brasil Mauricio Mario Monteiro, Universidade Anhembi Morumbi, Brasil, Brasil
Dóris Martínez Vizcarrondo, Universidad de Puerto Rico Mayagüez, Porto Rico Mayka Castellano, Universidade Federal Fluminense, Brasil
Eduardo Vicente, Universidade de São Paulo, Brasil Mirta Varela, Universidad de Buenos Aires, Argentina
Eliza Bachega Casadei, Escola Superior de Propaganda e Marketing – SP, Brasil Mozahir Salomão Bruck, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil
Elvira Gomes dos Reis Freitas, Universidade de Cabo Verde, Cabo Verde Neyla Graciela Pardo Abril, Universidad Nacional de Colombia, Colômbia
Eneus Trindade, Universidade de São Paulo, Brasil Nísia Martins Rosario, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil
Erick Felinto de Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil Olga Guedes Bailey, Nottingham Trent University, Reino Unido
Erick Torrico, Universidad Andina Simón Bolívar, Bolívia, Bolívia Paolo Demuru, Universidade Paulista, Brasil
Erly Vieira Júnior, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil Paolo Peverini, LUISS, Itália
Fabio La Rocca, Université Paul–Valéry Montpellier 3, França Paško Bilić, Institute for Development and International Relations, Croácia
Fernando Firmino da Silva, Universidade Federal da Paraíba, Brasil Paula Melani Rocha, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil
Francisco de Assis, FIAM–FAAM Centro Universitário, Brasil Potiguara Mendes Silveira Jr, Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil
Francisco Elinaldo Teixeira, Universidade Estadual de Campinas, Brasil Rafael Cardoso Sampaio, Universidade Federal do Paraná, Brasil
Francisco Gilson Rebouças Pôrto Junior, Universidade Federal do Tocantins, Brasil Rafael Tassi Teixeira, Universidade Tuiuti do Paraná, Brasil
Francisco Sierra Caballero, CIESPAL, Equador Regiane Lucas de Oliveira Garcêz, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
Frederico de Mello Brandão Tavares, Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil Regiane Regina Ribeiro, Universidade Federal do Paraná, Brasil
Gabriela Reinaldo, Universidade Federal do Ceará, Brasil
Renata Pitombo Cidreira, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Brasil
Germán Rey Beltrán, Universidad Nacional de Colombia, Colômbia
Renato Essenfelder, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil
Gilson Vieira Monteiro, Universidade Federal do Sul da Bahia, Brasil
Roberto Elísio dos Santos, Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Brasil
Gustavo Daudt Fischer, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
Robson Borges Dias, Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasil
Gustavo Hernández Díaz, Universidad Central de Venezuela, Venezuela
Rodolfo Rorato Londero, Universidade Estadual de Londrina, Brasil
Heidi Figueroa Sarriera, Universidad de Puerto Rico, Porto Rico
Rosario Sanchéz Vilela, Universidad Católica del Uruguay, Uruguai
Ignacio Aguaded, Universidad Huelva, Espanha
Roseli Figaro, Universidade de São Paulo, Brasil
Inesita Soares de Araújo, FIOCRUZ, Brasil
Saima Saeed, Jamia Millia Islamia, India
Itania Maria Mota Gomes, Universidade Federal da Bahia, Brasil
Sara Brandellero, Leyden University, Holanda
Jiani Adriana Bonin, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil
João Carlos Ferreira Correia, Universidade da Beira Interior, Portugal Simone Maria Andrade Pereira de Sá, Universidade Federal Fluminense, Brasil
Jonathan Cohen, University of Haifa, Israel Sônia Caldas Pessoa, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
José Afonso da Silva Junior, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil Sun Sun Lim, Singapore University of Technology and Design, Singapura
José Luiz Aidar Prado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil Tatiana Oliveira Siciliano, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil
Josette Maria Monzani, Universidade Federal de São Carlos, Brasil Thaïs de Mendonça Jorge, Universidade de Brasília, Brasil
Juçara Gorski Brittes, Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil Valquiria Michela John, Universidade Federal do Paraná, Brasil
Julián Durazo Hermann, Université du Québec à Montreal, Canadá Vicky Mayer, Tulane University, Estados Unidos da América do Norte
Juliana Freire Gutmann, Universidade Federal da Bahia, Brasil Yamile Haber Guerra, Universidad de Oriente, Cuba
www.e-compos.org.br
| E-ISSN 1808-2599 |

CONSELHO CIENTÍFICO
Cristiane Freitas Gutfreind, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil | Eduardo Antonio de Jesus, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil |
Eduardo Morettin, Universidade de São Paulo, Brasil | Irene de Araújo Machado, Universidade de São Paulo, Brasil

COMISSÃO EDITORIAL
Igor Pinto Sacramento, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil | Kelly Cristina de Souza Prudencio, Universidade Federal do Paraná, Brasil | Miriam de Souza
Rossini, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil

EDITORES ASSOCIADOS
Rafael Grohmann, Faculdade Cásper Líbero, Brasil | Thaiane Moreira de Oliveira, Universidade Federal Fluminense, Brasil

ID 1484
CONSULTORES AD HOC
Ada Machado, Universidade Federal de Santa Maria, Brasil | Ana Carolina Escosteguy, Universidade Federal de Santa Maria, Brasil | Andrea França, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil | Ariane Holzbach, Universidade Federal Fluminense, Brasil | Benjamim Picado, Birkbeck College, Inglattera | Bruno
Souza Leal, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil | Eduardo Morettin, Universidade de São Paulo, Brasil | Felipe Trotta, Universidade Federal Fluminense, Brasil
| Francisco Rüdiger, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil | Gislene da Silva, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil | Inês Vitorino,
Universidade Federal do Ceará, Brasil | Isaltina Gomes, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil | Jairo Ferreira, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Brasil |
Karina Janz, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Brasil | Kati Caetano, Universidade Tuiuti do Paraná, Brasil | Lilian França, Universidade Federal do Sergipe, Brasil |
Liziane Guazina, Universidade de Brasília, Brasil | Márcio de Vasconcellos Serelle, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Brasil | Marta Maia, Universidade

Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação | E-compós, Brasília, v.21, n.3, set/dez. 2018.
Federal de Ouro Preto, Brasil | Maurício de Bragança, Universidade Federal Fluminense, Brasil | Nina Velasco e Cruz, Universidade Federal de Pernambuco, Brasil
| Norval Baitello Jr., Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil | Pedro Guimarães, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil | Priscilla Perazzo,
Universidade Municipal de São Caetano do Sul, Brasil | Sofia Zanforlin, International Association of Media and Communication Research, Estados Unidos | Talitha
Ferraz, Escola Superior de Propaganda e Marketing, Brasil | Tattiana Teixeira, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil | Victa de Carvalho Pereira da Silva,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil

EQUIPE DE EDITORAÇÃO
ASSISTENTE EDITORIAL Marcio Telles | REVISÃO DE TEXTOS Fátima Áli | EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Roka Estúdio

COMPÓS | www.compos.org.br
Associação Nacional dos Programas
de Pós-Graduação em Comunicação

Presidente
Marco Roxo
Programa de Pós-Graduação em Comunicação – UFF
marcos-roxo@uol.com.br

Vice-Presidente
Isaltina Gomes
Programa de Pós-Graduação em Comunicação – UFPE
isaltina@gmail.com

Secretária-Geral
Gisela Castro
Programa de Pós-Graduação em Comunicação
e Práticas de Consumo – ESPM
castro.gisela@gmail.com

CONTATO | revistaecompos@gmail.com

S-ar putea să vă placă și