Sunteți pe pagina 1din 54

OONTRIBUIÇÃO PARA O CONHEOIMENTO

DAS ROOHAS HIPERALOALINAS E ALOA-


LINAS (GNAISSES HASTINGSfTIOOS)
DO ALTO ALENTEJO (PORTUGAL) (I)

POR

C. TORRE DE ASSUNÇÃO (2)


e
FRANCISCO GONÇALVES CS)

RESUMO

As rochas hiperalcalinas distribuem-se por cinco alinhamentos, NW-SE:


1- Figueira de Cima-Cevadais; 2 - Assumar, 3 - Alter Pedroso-Varche-
-Falcato, 4 - Cabeço de Vide-São' Romão e 5 - Estremoz.
Os gnaisses alcalinos com hastingsite .dOnstituem três faixas; uma, mais
pequena, é interrompida pelo maciço subvulcânico de Santa Euláli·a; as
outras passam em Arronches e são cortadas, nas vizinhanças da barragem
do Caia, pelo maciço citado.
O niodo de ocorrência das rochas hiperal.calinas põe em avidência
importante tectónica de fractura, de direcção NW-SE. Este sistema de frac-
turas foi definido pelas rochas básicas da região. Estas constituem maciços
alongados, dispondo-se segundo alinhamentos de que os mais importantes
são: Alter do Chão-Elvas, e Benavila-São Saoturnino-Veiros.
As rochas básicas da região devido à constituição semelhante, bem
como ·ao facto de estarem, segundo parece, em relação çom a mesma tectó-
nica, podem ter génes·e comum, talvez contemporânea. De acordo com estas
considerações, as rochas desta natureza ter-se-iam instalado posteriormente

(1) Trabalho realizado no âmbito do Projecto de Investigação - Estudo e


Cartogl·afict Geológica d o Alto Alelltejo, do Centro de Estudos de Geologia da Facul-
dade de Ciências de Lisboa (Fundação do I. A. c.). Tema de comunicação apresen-
tada na sessão científica da Sociedade Geológica de Portugal, realizada em 4 de
Fevereiro de 1971.
(2) Professor da Uni versidade de Lisboa.
( 3) Investigador da Universidade de Lisboa e bolseiro do I. A. C.
T88

ao Silúrico inferior. Assim, as rochas hipera:lcalinas seriam de formação


mais recente.
Não é de excluir, no ,entanto, a hipótese de existirem rochas hiperalca-
linas de idades diferentes.
Qua:nto ao modo de formação, as rochas hiperalcalinas par;ecem estar
associadas geneticamente às lJochas básicas.
Os gnaisses hastingsíticos, embora anteriores a ortognaisses graníticos
e alcalinos, são provàv:elmente da mesma idade das mchas hiperalcalinas.
As duas séries, tal como em Galifieiros (Vigo), estão associadas nalguns
afloramentos, o que sugere contemporaneidade e génese comum. Est:as séries
estão, no geral, associadas a xistos e gnaisses anfibólicos e outros tipos de
composição básica.

GEOLOGIA

As rochas hipercalcaHnas e os gnaisses hastingsíticos formam


maciços es tra ti formes , orientados predominantemente na direcção
NW-SE.
Antes da descrição pormenorizada dos diferent.es afloramentos
convém fazer referência sumária à geologia da região onde exis-
tem tão discutidas rochas. Na área onde afloram há terrenos do
Precâmbrico e do Câmbrico.
'0s terrenos precâmbricos situam-se entre Crato e Campo
Maior, onde é possível definir duas séries: uma, inferior, a «série
negra», outra, que lhe sucede, a série xisto-gresosa da Urra que
é, provàvelmente, a parte inferior do Complexo xisto-grauváquico
ante-ordovícico. Nos núcleos de dobras anticlinais, existentes nestes
terrenos, afloram ortognaisses graníticos, alcalinos. Em estrutura
idêntica, no eixo Crato-Campo Maior, deu-se uma granitização
representada por migmatitos, com aspecto quartzo-diorítico, em
certos locais.
No núcleo de dobras sinclinais afloram os terrenos câmbricos,
de Ouguela e de Assumar. Para sudoeste, desenvolve-se o extenso
monoclinal câmbrico de Elvas.
Há rochas básicas e ultrabásicas, de idade posterior ao Silúrico
inferior, no Precâmbrico (Campo Maior) e no Câmbrico (Alter do
Chão e Elvas). Convém assinalar, ainda, a sérieespiHtica do topo
do Câmbrico.
Além do maciço granítico ,de Aldeia da Mata, Nisa, Cas-
telo de Vide e do pequeno afloramento de Elvas cita-se os
189

prováveis maciços subvulcânicos de Crato, Carrascal(PortaJegre) e),


Fronteira e Santa Eulália em relação com alinhamentos tectó-
nicos de direcção W -E.
Quanto à tectónica de fractura, além, da direcção W-E refe-
rida, a r,egião foi atingida por sistemas de fracturas NE-SW (falhas
de Castelo de Vide, de Campo Maior e de Elvas), N-S (falhas
de Mosteiros), NW-SE, etc.
Na tectónica de dobramento assinala-se a mudança de ver-
gência que coincide com o eixo Crato-Campo Maior. Para norte
des'te ei:xü, as dobras tombam para nordeste; a sul, a vergência
é para sudoeste.
Assinale-se, ainda, o cavalgamento do Precâmbrico (série
xisto-gresosa da Urra) sobre o Paleozóico (2). Em território
espanhol, as séries não estão invertidas, prolongando-se o cavalga-
mento, provàvelmente, nos metassedimentos precâmbricos .. A su-
doeste, convém referir, também, o carreamento do Câmbrico de
Elvas sobre o Silúrico inferior.
Esta é, a traços largos, a panorâmica geológico-estrutural da
região onde se situam as rochas hiperalcalinas e os gnaisses has-
tingsíticos.

ROCHAS HIPERALCALINAS

Os afloramentos hiperalcalinos distribuem-se por cinco alinha-


mentos estruturais (NW-SE) : 1 - Figueira de Cima-Cevadais,
2 - Assumar, 3 - Alter Pedroso-Varche-Falcato, 4 - Cabeço de
Vide-São Romão e 5 - Estremoz (não figurado no esboço anexo).

1- ALINHAMENTO DE FIGUEIRA DE CIMA-CEVADAIS

Os afloramentos de cevadaisito, intercalados na «série negra»,


são os de Cevadais e de Figueira de Cima (que não é senão a
continuação para noroeste daquele).

(1) . Este recentemente assinalado, pela primeira vez na região de Fortios por
A. PEINM)OR FERNANDES.
(2) Cavalgamento assinalado na carta tectónica de Portugal, na escala de
1/1000000, ainda inédita, coordenada por ANTÓNIO RIBEIRO.
Em Figueira de Cima o ortognaisse hiperakalino é bastante
espesso, apresentando aspectos diferentes; por exemplo, no limite
nordeste, a rocha é melanocrática. Junto do monte há pequena
lentícula de xistos no ortognaisse. Para noroeste, no leito de uma
linha de água, junto do monte das Algueireiras, observa-se rocha
hiperalcalina com aspectos semelhantes aos que se vêem ~m Figueira
de Cima. A rocha é, em geral, melanocrática. Na trincheira da
estrada de Portalegre, o grau de alteração é tão acentuado que
não é possível r,econhecêJla como tal; no entanto, como se situa
no -enfiamento do· afloramento anterior, bastante largo, é provável
que represente a continuação.
Perto do monte Martim Tavares a rocha hiperakalina foi
desligada pelas falhas de Mosteiros (N-S).
A estrada que conduz a Cevadais cruza, 1875 m a SW do
monte, pequena intercalação de rocha hiperalcalina, repetição
provável por dobramento da faixa principal.

2- ALINHAMENTO DE ASSUMAR

A faixa de Assumar situa-se na parte superior da serre cal-


cária (intercalada, em parte, nela) e, para NW (junto desta
povoação) no limite do Câmbrico com os xistos negros, siliciosos,
às vezes, anfibólicos, do Precâmbrico.
A rocha não aflora na região entre monte do Alcaide e
Fonte da Vila (Assumar); no -entanto, a leste do monte dos
Escudeiros há afloramento que parece pertencer à referida faixa.
A SE, a rocha hiperalcalina é interrompida por microgranito róseo
do maciço subvulcânico de Santa Eulália. A sul do maciço, no mesmo
enfiamento, não se conhecem afloramentos de rocha hiperalcalina.

3- ALINHAMENTO DE ALTER PEDROSO-VARCHE-FALCATO

É o mais importante, pois, nele se situam os maciços mais


extensos: de Alter Pedroso-Vaia monte, e de Outeirão-Varche-Fal-
cato. O maciço de Alcamins, a SW deste, é talvez a sua repe-
tição, por dobramento. A NE deste alinhamento há dois peque-
nos afloramentos, que descreveremos neste capítulo: o da Geberela
e o do monte da Degola, este mais afastado.
Maciço de Alter Pedroso-Vaiamonte

No monte do Tapadão, cerca de 3 km a N de Alter do Chão,


há gnaisse Gno, riebequítico, com aspecto semelhante ao que aflora
a l,este de Alter Pedroso. Existe bom afloramento na linha de
água que cruza o caminho do monte, onde se obs.erva encrave
de ortognaisse granítico nároGha hiperalcalina. Esta, aflora, tam-
bém, na malhada do monte Peringote, entre o conglomerado basal
do Câmbrico e o ortognaisse granítico. A rocha hiperalcalina é
contínua desde o granito de Crato até o de Monforte, sendo
acompanhada, quase sempre, a NE, pelo maciço estratiforme de
ortognaisse granítico. A espessura da rocha é superior a 500 m
a N de Alter do Chão. Junto da estrada projectada para Porta-
legre, a faixa, constituída por gnaisse fino, bifurca-se, indo, o ramo
sudoeste, passar em Alter P,edroso e monte de Almanhares, para
se ligar, por sua vez, com a .faixa principal a N do monte de Bati-
gelas. Entre os dois ramos há estreitas faixas de conglomerado
basal e de calcários do Câmbrico, transformados em corneanas.
A faixa, em Alter Pedroso, apresenta-se bastante larga, o
que deve estar em relação com a presença do maciço básico de
Alter do Chão.
Para sudes'te, sempr,e associada ao conglomerado de base e
ao ortognaisse, a rocha passa perto do v. g. de Ameixial e a cerca
de 1 km e E do v. g. de Herdadinha do Nabo. No monte dos Tocos
liga-se com a faixa de Vaiamonte, já conhecida.
Em Alter Pedroso, na Arribana da Serra dos Tojos e noutros
locais (1), o contacto da rocha hiperakalina com o maciço alon-
gado de rochas ultrabásicas e básicas de Alter do Chão é sublinhado
por brecha ,eruptiva com grandes eLementos angulosos de gabro, sem
sinais evidentes, em exame macroscópico, de tectonização.
Bm Alter Pedroso são frequentes sienitos tectonizados, onde
se observam bandas estreitas de segnegações melanocráticas.
Ao longo do maciço há variação ,evidente de granularidade
e cor; vê-se, nalguns pontos, rocha granular médIa, com aspectos
leucocrático e melanocrático. Em Alter Pedroso as texturas pegma-

(1) Comunicação oral de C. Teixeira.


192

títicas, onde o mineral corado mais abundante é riebequite (em


cristais atingindo dimensões superiores a 0,50 m) são frequentes.
No entanto, parece predominar o gnaisse de grão fino, às vezes,
microgranular, de cor clara, com fr-acturação intensa. A variedade
«pedrosito» observa-s'e, por eX'emplo, 300 m a W do monte do
Tapadão, 750 m a N da .horta do Pote (Alter Pedroso),
1300 maNE do v. g. de São Pedro, perto da casa do caminho de
ferro, a E do monte de Almanhates, etc. Os afloramentos de
pedrosito estão, frequentemente, salientes na planura, em relação
à rocha de grão fino, leucocrática.
É de notar o contraste flagrante entre a zona de Alter Pedroso
(onde predominam as texturas grosseiras) e a região vizinha,
que estabelece a ligação com o afloramento principal (com texturas
finas e cores claras): esta, na planura, aquela em relevo, subindo
bruscamente. A variação de granularidade, cor, relevo e grau de
alteração dificulta a cartografia destas rochas, aliás, em toda. a
vasta região alentejana onde existem.
No monte dos Tocos, o gnaisse hiperalcalino corta os calcá-
rios metamórficos e o conglomerado de base do Câmbrico, bem
como o ortognaisse granítico (com aspecto semelhante ao granito
tectonizado de Portalegre).
Os metassedimentos do Câmbrico estão muito dobrados a NE
de Vaiamonte, tendo-se instalado, ao longo de uma estrutura
sinclinal, rocha hiperalcalina. No núcleo da dobra há xistos,
quartzitos e arcoses, com intercalações de ofiolitos da série flys-
chóide do Câmbrico; nos flancos, há mármores transformados
em corneanas pelo maciço de rochas ultrabásicas e básicas de Alter
do Chão. A W de Tocos, a faixa de conglomerado do Câmbrico
bifurca-se, constituindo o fecho noroeste do sinclinal. Do lado
sudeste, a estrutura é ocupada, como foi dito, por rocha hiperalca-
lina, separada do afloramento principal por estreita faixa de cal-
cários.
Em Monforte há corneanas calco-silicatadas isoladas na rocha
hiperalcalina, bem como outros tipos de corneanas; no entanto,
quando nos afastamos da orla de metamorfismo de contacto do
granito de Monforte, aparecem calcários cristalinos e não cor-
neanas, atestando que os contactos das rochas hiperalcalinas com
193

eles são de natureza mecânica. O referido metamorfismo de con-


tacto está, portanto, ,em relação com a intrusão subvulcânica.
Não foram, até agora, encontrados testemunhos da faixa de
Alter Fedroso-Vaiamonte nas intercalações arqueadas de corneanas
várias pertencentes ao maciç-o subvulcânico de Santa Eulália. No
enfiamento as únicas rochas intrusivas existentes nelas são gabros
e dioritos híbridos relacionados com a estrutura do maciço subvul-
cânico.

Maciço de Outeirão-Varche-Falcato

O afloramento de Outeirão, situado a S da estrutura subvul-


cânica citada, é acompanhado, do lado NE, por filão de
gabro. Este, parece continuar (embora com interrupções relacio-
nadas provàvelmente com a instalação das rochas hiperalcalinas)
até perto de Calçadinha, aflorando, em vários pontos, entre
São Pedro das Vinhas e aquela povoação, no contacto dos calcá-
rios com a rocha hiperalcalina. A noroeste do afloramento de
Outeirão está incorporada bjjecha ,eruptiva tectonizada com ele-
mentos de rochas sieníticas alcalinas e cimento básico, fino, com
fácies mineralógica dos xistos verdes.
Do lado SE, entre o afloramento do Outeirão e a extensa
mancha de Varche, há xistos da séde flyschóide que, na extre-
midade N, estão entre o r:eferido filão de gabro e a rocha
hiperalcalina.
O afloramento de Varche, desligado, assim, do de Outeirão,
é cortado transversalmente, naquela localidade, pelo novo traçado
da estrada internacional. Prolonga-se desde a quinta de Santo Antó-
nio até Lage. O afloramento do Fakato fazia parte do maciço
antes de ter sido atingido pela falha de Elvas, que o deslocou
de 3 km para nordeste, arrastando consigo as rochas básicas asso-
ciadas. Note-se que a zona mais larga do maciço de Varche com-
preende sienitos com afinidades hiperalcalinas.
A presença de xistos entre o afloramento de Outeirão e o
de Varcheparece indicar que as rochas hiperalcalinas 'Se instala-
ram, pelo menos em parte, ao longo de dobra sinclinal exis-
tent,e. Aliás, grande parte dos afloramentos conhecidos, situa-se em
dobms desta natureza. Contudo, em virtude do estilo de dobramento
194

existente na r-egião, podia ser uma antiforma de xistos no interior da


série calcária (1).
Em ligação provável, como foi dito, com este maciço cita-se
os afloramentos de Alcamins e de' Geberela.
O afloramento de Alcamins, com evidentes sinais de dobra-
mento, é constituído, em grande parte, por granito hiperalcalino.
Está quase totalmente instalado no maciço calcário de Elvas, e
recorta, do lado SW, os depósitos arcósÍCos da base do Câmbrico
e os terrenos precâmbricos de Torre de Cabedal.
No meio do filão de gabro da Geberela, orientado na direc-
ção NW-SE, há massas de rocha allbítica contendo grandes cristais
de zircão, em relação, talViez, com o afloramento da quinta de
Santo António, pertencente ao maciço de Outeirão-Varche-Falcato.
Instalado exclusivamente na série calcária do Câmbrico, fora
do alinhamento de Alter Pedroso-Varche-Falcato, só se conhece o
afloramento do monte da Degola, pequena mancha, c<im orien-
tação N-S, situada a NW de Elvas. Deste afloramento foi recolhida
amostra, classificada como pertitosito; no entanto, não parece sufi-
cientemente representativa da mancha, onde há· rocha contendo
numerosos elementos máficos (provável riebequite).

4 --.: ALINHAMENTO DE CABEÇO DE VIDE-SÃO ROMÃO

Há rochas hiperalcalinas na sucessão de tipo flyschóide, a


NW ,e SE do maciço de Santa Eulália. Têm, em regra, granula-
ridade muito fina, foliação mais acentuada nuns afloramentos
do que noutros,estando, quase sempre,as'Sociadas a rochas da
série ofiolíticado topo do Câmbrico fossilífero.
A NW do maciço subvulcânico, a faixa principal situa-se
a NW de Cabeço de Vide; entre Tapada dos Foros e monte do
Papa Leite, perto da estrada de Alter do Chão. A faixa situada a W
do monte do Mariolo está no prolongamento da anterior. Para SW
do afloramento principal há pequenas intercalações de rochas
hiperalcalinas, associadas a rochas verdes, prováveis repetições, por
dobramento, da faixa principal. Esta, para NW, termina junto
de intercalação de calcário existente na série xistenta.

(1) Comunicação oral de A. Ribeiro.


195

A SE de Cabeço de Vide há uma faixa entre Camões e


Arneiro, e cinco pequenas intercalações a sul do monte de Torre
de Palma, cortadas pelo granito de Monforte. No mapa só vem
assinalada a mais importante. Trata-se, também, de repetições,
por dobramento, dos quartzitos, de que há bom corte na ribeira
do Zambujo.
A rocha hiperalcalina tem aspecto semelhante à de Pero Lobo
(São Romão). Os afloramentos são denunciados por apresentarem,
em geral, maior fracturação do que os quartzitos.
A SE do maciço de Santa Eulália existem os pequenos aflo-
ramentos de Safueiro e de São Romão, bem como o de Pero
Lobo, a sudeste desta povoação (fora da área do mapa). Estão,
em parte, intercalados nas rochas da série ofiolítica com largo
desenvolvimento nesta região.
A rocha de Safueiro, estudada e classificada por J. M. C.
NEIVA (1955), foi recolhida pelo S. F. M. junto das casas do
monte. :E uma roGha granu lar, melanocrática, variedade pouco
comum nas rochas que afloram na série xistenta do Câmbrico.
O afloramento tem Gerca de 2,5 km de comprimento. Do lado SW,
a rocha hiperalcalina, micro granular, com alteração de cor amarelada,
contacta com gabro saussuritizado e, a NE, com xistos sericíticos.
Na mancha de rochas verdes, situada a SW do afloramento,
há brecha eruptiva tectonizada, semelhante à de Afeiteira de Baixo.
Há blocos soltos desta brecha junto do monte de Safueiro, o que
faz supor a sua existência, naquele local, associada à rocha
hi pera:lcalina.
Entre o gabro (epidiorito) e a variedade melanocrática corres-
pondente 3;0 microssi,enito riebequítico há faixa estreita de rocha,
que representa, proViàvelmente, a variedade leucocrática da rocha
hiperalcalina.
A rocha hiperalcalina situada entre o monte do Safueiro e
P,ero Lobo, a E de São Romão, é cortada, quase normalmente,
por dois troços do filão de Odemira.
A rocha de Pero Lobo situa-se na linha de cabeços que
contém o v. g. de CarrÔa. Está intercalada em rochas verdes, nal-
guns pontos, bastante alteradaS. A rocha de grão fino aflora na
extensão de 3 km, contactando, a SE, com rocha vulcânica vacuo-
lar, às vezes, tão carregada de cakite que se torna difícil reconhe-
cê-la como rocha verde (é semelhante à que aflora perto de
São Romão).
Cerca de 1 km a E da referida linha de alturas observa-se
outra faixa de rocha hiperalcalina com caracter-es semelhantes
à anterior; apresenta, no entanto, aspecto melanocrático onde são
visív,eis cristais de feldspato róseo. A variedade leucocrática tem cor
rósea, conferida pelo feldspato predominante.
As manchas do Safueiro, a que fica a W de Sancha, a que
se situa a NE do v. g. de Carrôa e a de Pero Lobo têm jazidas
idênticas (em intercalações pouco espessas nas rochas verdes) e os
mesmos tipos de alteração e fracturação, que contrastam, flagran-
temente, com os das rochas verdes que as ladeiam.

5- ALINHAMENTO DE ESTREMOZ

o maciço de Estremoz será objecto de um estudo à parte,


neste boletim; por isso, apena~ aqui lhe faremos referência muito
rápida.
Aspecto que convém salientar é a posição da rocha hiperal-
calina de Estremoz,entre a série carbonatada do Câmbrico infe-
rior e os xistos com silicitos chérticos do Silúrico inferior. :É, indu-
bitàvelmente, posterior à série calcária, onde, aliás, há brecha
com elementos daquela rocha, com cimento, provàvelmente, de
natureza vulcânica. Há, também, afloramentos de rochas hiperal-
calinas associadas a ofiolitos, nos xistos que se sobrepõem ao
conglomerado intraformacional do Câmbrico de Elvas. Embora
o contacto com os xistos do Silúrico inferior seja de natureza
mecânica, o gnaisse hiperalcalino parece ser posterior a eles, pois
não se repete no flanco nordeste do anticlinal de Estremoz, exis-
tindo em seu lugar metavulcanit'OS (em relação com a actividade
vulcânica que teve lugar no Silúrico inferior), representados nos
dois flancos da referida dobra.

GNAISSES ALCALINOS COM HASTINGSITE


Entre Almendralejo e Aceuchal, junto desta povoação, obser-
va-se maciço espesso de gnaisses hastingsíticos, no meio de xistos
cinzentos, muito micáceos, que pertencem ao anticlinório precâm-
AFLORAMENTOS DE ROCHAS HIPERALCALINAS E ALCALINAS (GNAISSES HASTINGSÍTICOS) DO ALTO ALENTEJO

D 1
D:::::::
.......... ...
2
F-=--=J
~
4

§ ~ .. .
. . . . . .....
........
5 6 7 .. '.. . .. .....
'
.
.; ...;" :.: .... :-:;;.
~ ......:.
lIIIIII1 9
~ 10
~
11
.. :...+
....
........ ..
.... ..
~
~
'

~ :~I ~:::· . . .;-:·:-:··


'

13 14 15 16

IVvVvV I mIIIIl I~~~~,~


17 18 19 20

C2J C2:J
21 22

L-__________ 6
O ~ __________
12 km
~I ~

EXPLICAÇÃO DA LEGENDA L.... nt.m .. nto geológico s ub s idi a do por:


Centro de E.tudo. de Geologi. da Fa -
çuldade de Ci6nciu d .. Lisboa (Fundaçio
do I. A. C.) e OireCÇlo Ge rei de Min as
l-Antropoitólco ; Pr.clmbrlco a up.rlor 15-grtlllitos póscinemátioos .. Serv iços G .. oI69ico a. Feito pelo geOlo'
2-Cenozólco; 9-8É1rie xisto-greaoe&. da U rra, {incluindo as estrutu ras subvul- go Francisco Gonçalv ... C<lm a partici·
tO-Série negra. cã.niea.a de Santa. Eulâ.lia, paçf.O de A. F. Pe lela. coIeclor do S. F. M.
3-0 .... 0"lco Inf.rlor; Outr •• formaçõ •• Fro nteira., etc.>
4 - Slhirlco Int.rlor; 11-Rochas bbica.s e ultrabãaicaa. I6-Filã.o doleritico co m pigeonite
5 -Ordovlcico ; 12-Ortognai888a graní tiCOB, alcalino8
(incluind o o granito tectoniZ&d o (Grande filã.o do Alentejo).
Clmbrlco de Portalegre), I7-Serpentinitos.
6 - Série flYBchôide, l3-Rochas hiper&!calin&ll.
14- Brechas vulcãn iC&8 tectoni7.Rdas. I8-Corneanas vá.rias.
7-Sér ie carbonatada.
19-Gnaisses h8stingsiticos.
8-Conglomel"ado de base e
arCOBee; 20-Gnaisses migmatiticos.

21-Falha. 22-Cat"reamento e csvlLlgamento.

...... a-~ ......... .."


197

brico de Almendralejo-Azuaga (J. P. BARD, 1967 e 1970), de que


a faixa cristalofílica de Arronches é o seguimento para noroeste.
A estrutura em anticlinal é constituída, em grande parte,
por xistos negros, siliciosos, que, no Alto Alentejo, contêm também
gnaisses com hastingsite (com aspecto mais escuro, no entanto, do
que ode Aceuchal). Os gnaisses aloalinos constituem três faixás
paralelas; uma, mais pequena, é interrompida pelo maciço subvulcâ-
nico; as outras afloram desde o monte de Peretesta (a NN'W'
de Assumar), passam em Arronches e são cortadas, nas vizinhan-
ças da barragem do Caia, pelo maciço de Santa Eulália. Há bons
afloramentos da rocha alcalina, no monte da Fialha, em Reve-
lhos, etc. Para NW de Arronches, os gnaisses têm pouca espessura.
O corte na estrada camarária que liga o monte das Casas Brancas
ao monte da Faia, mostra a existência de xistos micáceos onde há
várias intercalações de anf.ibolitos e duas faixas de rochas has-
tingsíticas, de fraca espessura, de tal modo que nem sempre
são visíveis os afloramentos, mas apenas blocos soltos. A rocha
apresenta caracteres semelhantes aos observados noutros locais.
500 maNE do monte de Peretesta há um afloramento de
gnaisse hastingsítico que deve ser a continuação da faixa que
passa a nordeste do monte de Mosqueiros, tendo sido desligada
pela falha de Assumar (NNW-SSE).
Em Revelhos, partindo do monte em direcção ao maciço subvul-
cânico, vêem-se corneanas calco-silicatadas, gnaisses hastingsíticos
(com pequenas intercalações de anfibolitos) , corneanas pelíticas,
o ortognaiss.e granítico de São Miguel e corneanas calco-silicabadas
que contactam com o granito róseo do maciço subvulcânico, onde
também afloram gabros.
Num corte de direcção SW-NE passando pelo Y. g. de Freira
observam-se, a partir do maciço subvulcânico, corneanas. calco-sili-
catadas, gnaisses hastingsíticos, corneanas pelíticas, gnaisses has-
tingsíticos, micaxistos com intercalações de calcários cristalinos,
quartzitos negros e anfibolitos.
A sul do paredão da barragem do Caia o aspecto do gnaisse é
semelhante ao que se observa na zona inundada. Alternam bandas de
cor dara com outras de cor escura que parecem constituir apenas
diferenciaçÕ'es do gnaiss,e. Aqui é diferente do que se observa
para NW do monte do Pina, onde o gnaisse tem aspecto normal.
As faixas são cortadas por numerosos filões de pórfiros gra-
níticos, com direcção predominante NE-SW, relacionados com o
maciço subvulcânico.
Os gnaisses estão, em muitos pontos, em contacto directo com
corneanas calco-silicatadas intercaladas nos xistos precâmbricos.
Convém assinalar também que os gnaisses contactam, ou estão
na vizinhança, de xistos anfibólicos ou de anfibolitos.
O modo de jazida destas rochas é semelhante ao das rochas
hiperalcalinas, isto é, em maciços estratiformes (particularmente
desenvolvidos em território espanhOll) com orientação NW-SE. Em
território nacional as faixas estão desviadas, em direcção, para
Sul, o que parece estar relacionado com a intrusão subvulcânica.

ESTUDO PETROGRÁ~LCO E QUÍMICO


I - SÉRIE GNÁISSICA HIPERALCALINA

1) As rochas hiperalcalinas do Alto Alentejo - contendo


como constituintes mais típicos riebequite e/ ou egirina - foram
objecto de vários estudos, desde o começo deste século, de muitos
investigadores, principalmente SOUSA BRANDÃO (1902-1905) e
NERY DELGADO (1905); ROSENBUSCH (1901), OSANN (1907),
LACROIX (1916), PEREIRA DE SOUSA (1927), C. BURRI (1928),
C. TEIXEIRA & C. TORRE DE ASSUNçÃO (1957, 1958).
Recentemente, na notícia explicativa da folha 37-A (Elvas)
da carta geológica de Portugal, na escala de 1/50000, apresenta-
ram-se concisamente novos elementos quanto às rochas hiperalca-
linas das imediações de Elvas, assinalando-se, pela primeira vez,
alguns afloramentos (Alcamins, Outeirão, quinta de Santo Antó-
nio, São Romão, etc.) , em consequência dos levantamentos g.eoló-
gicos efectuados por um de nós (F. G.) em ligação com a Direc-
ção~Geral de Minas e Serviços Geológicos e com o Centro de
Estudos de Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa (Fundação
do I. A. C.). Esses levantamentos foram igualmente levados a
cabo em outras r,egiões do Alto Alentejo. Deste modo é possível
fazer, presentemente, ideia mais completa da extensão dos aflo-
ramentos das rochas em causa, conforme se indica na parte
geológica deste trabalho.
199

2) Nos afloramentos agora descritos, os caraderes petrográ-


ficos são, de modo geral, os já conhecidos em Cevadais (Ouguela),
Alter Pedroso e na região de Elvas. Com deito, os minerais essen-
ciais são ainda feldspatos alcalinos, muitas vez·es pertitizados, e
mafitos ferri-sódicos: riebequite, acompanhada em alguns casos
poregidna, ou apenas esta piroxena. O quartzo pode faltar
completamente, embora esteja presente em algumas rochas, prin-
cipalmente na região de Elvas. Albite quase pura (ou mais rara~
mente albite-oligoclase) e microdlina existem muitas vezes em
quantidade notável; também pertite e microclina-pertite existem
com frequência e podem constituir grandes cristais. O mafito
mais comum é riebequite, com os caracter,es peculiar.es: pleo-
croísmo intenso, que torna as secções pr:àticamente opacas na
posição de absorção máxima; birrefrangência baixa e grande
ângulo óptico. Esta anfíbola mosha-se, em muitos ca:sos, alterada,
em graus diferentes, originando quer óxidos metálicos (que ii.
podem substituir totalmente), quer agregados de minerais filíticos
(biotite e clorite). A riebequite inclui grãos e grânulos de magne-
tite e de minerais titanados, principalmente esfena. A presença
de massas metálicas, negras e opacas, assaz recortadas, indica cer-
tamente a existência prévia da anfíbola sódica. Transformação
digna de nota é a conversão parcial de riebequite num mineral
castanho-dourado, uniáxico (ou quase) e com sinal negativo;
deve tratar-se de lepidomelano, variedade de mica muito rica de
Fé 3 e pobre de magnésio, cuja geração se compreende aten-
dendo à composição da anfíbola. A egirina pode ser único mafito
sódico presente, mas acompanha muitas vezes a anfíbola como
nos gnaisses de Alter Pedroso.
Como constituintes acessórios destacam-se, em primeiro lugar,
além de óxidos de ferro e/ou titânio, esfena, zircão, biotite, fluo-
rite e calcite; menos comuns são alanite e espécies raras de silicatos
sódicas, como aenigmatite.
Todas as rochas hiperalcalinas estão quase sempre, ainda que
em graus diferentes, tectonizadas, o que lhes confere, às vezes
nitidamente, textura gnáissica; a deformação foi acompanhada,
em geral, por recristalização. Osmafitos ,revielam com frequência
deformação, o que mostra que são anteriores àquele Eénómeno~
A textura pegmatítica é bem conhecida no pequeno maciço de
200

Alter Pedroso, onde a riebequitechega a formar gigantescos cris-


tais alongados que atingem cerca de 1 m de comprimento. Na
periferia deste maciço (Arribana da Serra dos Tojos) foi identi-
ficada uma associação de espéci>es. pouco comuns, provàvelmente
em relação com um filão pegmatítico; nessa associação destaca-se
um mineral isoestrutural do zircão ~ a torite - ; estão ainda pre-
sentes gadolinire, alanite, orangite e um mineral talvez atribuível
à talenite O. T. PACHECO & R. D. GoMES, 1960).
Por sua vez, o gnaisse hiperalcalino do mesmo maciço oferece
como fácies locais de variação, rochas ou mesocráticas (lusitanito),
ou melanocráticas (pedrosito) onde os feldspatos alcalinos, embora
presentes, se tornam menos abundantes, cabendo a dominância
aos mafitos ferri-sódicos. No pequeno afloramento de Cevadais
(Ouguela), além do gnaisse riebequítico (Gevadaisito), existe
rocha notável ~ sienito nefelínico e sodalítico, desprovido de
riebequite (ouguelito) (C. TEIXEIRA & C. TORRE DE ASSUNÇÃO,
1958). As rochas sieníticas do monte da Degola (São Vicente)
e das Taipas apresentam também fáóes local de variação da
série hiperalcalina, agora caracterizada pela ausência quase total
de mafitos; com efeito, a rocha (pertitosito) é formada, prà-
ticamente, apenas por cristais pertíticos, com fáculas de albite
(sensivelmente com 100'0/0 mal. ab.).

3) Associadas às rochas hiperalcalinas encontram-se forma-


ções brechóides, poligénicas, cujos elementos, às vezes cons-
pícuos, incluem rochas sieníticas, alteradas, mas· provàvelmente
alcalinas ou mesmo hiperalcalinas; outros elementos são fragmen-
tos de pertite, de quartzo e de anfíbolas secundárias (v. g. da
série actinolítica); há ainda elementos provenientes certamente de
rochas porfíricas - como enormes plagiodases sódicas ou inter-
médias (oligodase-andesina).
A matriz destas brechas é, por sua vez, microbrecha; tem
cor verde-escura e apr,esenta com frequência o aspecto mineralógico
dos xistos verdes, facto que se v:erifica, por e~emplo, na brecha
da Tapada dos Campos, no alinhamento das manchas de rochas
hiperalcalinas que compreende São Braz, Alto das Vinhas e Lage
(região de Elvas); na verdade essa matriz é a associação íntima
de albire, clorites, anfíbolas fibrosas, minerais titanados e calcite.
20I

Certos elementos destas brechas (com cor castanha) estão fina-


mente laminados é granulados, chegando a oferecer· estrutura
milonítica; a composição de tais elementos é essencialmente sienito-
-akalina (albite, pertite, anfíbolas de alteração e óxidos metá-
licos) .

4) Seguidamente descrevem-se, com mais pormenor, as rochas


hiperalcalin3's de afloramentos, recentemente reconhecidos, que se
situam no prolongamento de outros anteriormente estudados.

a) Afloramentos no prolongamento do maciço de Cevadais

No alinhamento com este maciço foram reconhecidos diversQs


afloramentos de peqThenas dimensões, na região aproximadamente
a W e a NE de Arronches; um sistema de falhas, com direcção
próxima da meridiana, desvia às vezes esses afloramentos.
Perto de Figueira de Cima, a rocha é gnáissica com foliação
nítida, leitos mafítiGOs de cor verde-azul,ada e granularidade
fina. Os feldspatos são alcalinos (albitecom quase a 100 'ro
de ab.)
e feldspato potássico, menos abundante. Os mafitos apresentam-se
muito ferritizados, mas é possível identificar uma anfibola do
tipo riebequítico, com poiicroísmo verde-azulado muito escuro
(n g - abs. máxima); verde-azulado médio (n m) e verde-amarelado
claro (np - abs. mínima); a birrefrangência é fraca e o ângulo
óptico grande. A esta anfíbola associam-se minerais secundários:
anfíbolas fibrosas, filites (mica castanha escura e outras mais
claras), além de óxidos metálicos exsudados pela anfíbola.
O quartzo está ausente, tratando-se pois de gnaisse sienítico
hiperalcalino com clara afinidade com o de Cevadais.
No ribeiro Abrilongo (950 m a N do posto de Barradas
da Guarda Fiscal) a rochahiperalcalina mostra foliação densa
e pequenos oeelos rosados de feldspatos. A estrutura é blastomi-
lonítica, com leitos ondulantes· de feldspatos (e às vezes com
algum quartzo), que abraçam porfiroblastos de albite assaz defor-
mados. A recristalização revela-se pela presença de auréolas fina-
mente granuladas principalmente fe1dspáticas, em torno dos ocelos.
202

Não é possível identificar a anfíbola sódica pr·eexistente, a qual


deve estar r.epresentada por conjuntos ,recortados de grãos e grâ-
nulos de óxidos de ferroe titânio, cujos contornos lembram os
dos cristais de riebequite. Por seu lado a rocha contém agregados
de minerais filíticos (biotite esverdeada, sericite e elorltes quase
isótropas) que se associam, em geral, aos óxidos metálicos, bem
como um mineul micáceo dourado atribuível ao lepidomelano.
A formação hiperalcalina de Figueira de Cima compreende,
localmente, segundo parece, rochas proV'àvelmente do tipo dos
metagrauvaques, dado o carácter elástico ainda patente. A foliação
não é nítida e além de vestígios de anHbola sódica estão presentes
feldspatos alcalinos alterados, horneblenda, biotite, elorite, óxidos
de ferro, calcite e minerais titanados.
Também na 'mesma região se encontram rochas gnáissicas, de
série distinta da hiperalcalina, pois a anfíbola, pelo carácter
quase uniáxico, não pode ser atribuída ao grupo riebequítico,
antes se tratando, por certo, de hastingsite pelo que devem tais
rochas estarem relação com os gnaisses hastingsíticos de Arronches,
que serão tratados ulteriormente.
Perto do monte das Algueirinhas reconhecem-se, em relação
com a formação hiperaIcalina, dois tipos petrográficos parti-
cul'ar·es que 'merecem referência. Um deles está representado 'por
um gnaisse com foliação grosseira e aspecto migmatítico, exi-
bindo grandes cristais de anfíbola v;erde da série da horneblenda
comum, à qual se assada principalmente esfena, em belos rosários
de grãos. Outro carácter relevante é a escapolitização de boa parte
dos feldspatos.
Outro tipo petrográfico (200 m a NNE do monte das Alguei-
rinhas) é o de gnaisse v-erde-escuro, ainda com horneblenda verde,
que juntamente co'm plagiodase intermédia (andesi;na com cerca de
40'% mal. de an.), constitui' essencialmente a rocha; são acessó-
rios, plagiodase sódica, pistacite e óxidos metálicos. Deste 'modo
a rocha é gnaisse diorítico anfibólico, tipo petrográfico conhe-
cido em séries hiperalcalinas diferenciadas, como na região de
Vigo, estudada por P. FLOOR (1966).
800 m a E do monte da Capela encontra-se gnaisse muito
anfibólico, com certa analogia' com o precedente; nele estão pre-
sentes, no entanto, duas anfíbolas - horneblenda comum e uma
2°3

anfíbola de tendência sódica; os feldspatos são alcalinos e o epí-


doto (pistaóte) é acessório importante.
A SW do monte de Cevadais (no moinho da Travessa) reco-
nheoeu-se igualmente gnaisse fino com afinidade hiperalcalina
vis,to conter relíquias de anfíbola sódica, certamente riebe-
quite, muito transformada em agregados de óxidos de ferro, mas
exibindo ainda, aqui e além, policroísmoe birrefrangênda média
a fraca. Os leitos onde se concentra boa parte desta anfíhola estão
separados por outros mais largos, formados quase totalmente por
feldspato potássico, albite, a que se junta algum quartzo, estando
° conjunto tão esmagado que a :estrutura chega a ser milonítica.
b) Afloramento de Assumar
Os gnaisses, no geral, com foliação fina, que afloram perto de
Assumar, pertencem, provàvelmente, à série das rochas hiperal-
calinas, mas em certos locais possuem vestígios de textura apa-
rentemente elástica. Estão neste caso as rochas que se encontram
junto do monte do Outeiro (em uma das suas variedades) e entre o
topo Nda folha 385 (Carta Militar de Portugal, na escala de
1/25000) e a estação ferroviária de Assumar. Observam-se, então,
numerosos cristais fragmentados de pertite e de' plagioelases
(albite-oligoclase ou mesmo oligoclase) , aos quais se juntam, às
vezes, cristais fragmentados, clastos e outros cristais menores de
quartzo. Assinale-se que há elementos feldspáticos que não parecem
clastos. A matriz dominante, feldspática, é fina e está fortemente
esmagada. Nela existem outros constituintes: escamas de biotite que
podem reunir-se em agregados que envolvem os grandes feldspa-
tos; grãos ou minúsculos cristais prismáticos de anfíbob sódica,
cuja identificação precisa é difícil; numerosos grãos e grânulos
quer de ,esfena, quer de zircão, e ainda outros de alanite zonada,
com birrefrangência variável, dentro do mesmo grão. Notam-se,
também, veios (ou massas irregulates, de' onde irradiam del-
gados veios), constituídos por quartzo granulado, em associação
com feldspato, minerais filíticos, óxidos de fer,ro e minerais tita-
nados. Estes veios cortam, geralmente, a foliação.
Outros gnaisses da mesma região (em frente dos armazéns
da estação ferroviária de Assumar e junto do monte do Outeiro-
204

aspecto que parece diferente do anteriormente referido) são rochas


intensamente tectonizadas, onde não se vislumbram restos do
caráct:er elástico; contêm ocelos pertíticos e albíticos e na matriz
distinguem-se bem os leitos Eeldspáticos e quartzíferos que alter-
nam com outros, descontínuos, ricos de anfíbola sódica, em
pequenos grãos, associada a esfena, magnetite, alanite, biotite,
zircão e ainda, às vezes, a epídoto (em pequenos agregados de
grãos) e a palhetas de mica branca. Devem mencionar-se faixas
de quartzo e feldspato assaz granulados e leitos de quartzo dobrado
coneordantemente com a foliação, que traduzem fenómenos de recris-
talização.

c) Prolongamento do maczfo de Vaiamonte


No prolongamento para NW deste maciço de rochas hiperal-
calinas encontram-se outros afloramentos gnáissicos, alguns tam-
bém de natureza francamente hiperalcalina. Tal é o caso da
rocha que aflora 200 m a N do monte da Fome. Trata-s'e de
gnaisse cujos constituintes dominantes são feldspatos potássiCos
(ortose e microdina) ,e plagioelase sódica (,albite). Os mafitos
estão dispersos e consistem em grãos e grânulos de piroxena
sódica, verde, pl,eocróica, com alta hirrefrangência. A anfíbola sódica
não está patente, mas é provável que a representem agregados gra-
nulares de óxidos metálicos concentrados em certos locais. Mine-
rais filíticos (biotite e moscovit:e associadas) formam feixes assaz
estirados que se integram numa matriz fortemente esmagada e
laminada. Esta matriz, essencialmente feldspática, envolve peque-
nos ocelos não só de feldspatos, como de quartzo. O quartzo
existe ainda em leitos granulados, concordantes com a foliação.
Noutros locais (500 'fi do monte do Tapadão e 225 mdo
monte de Peringote) os gnaisses, embora alcalinos, mal revelam
mafitos ferri-sódicos. Predominam pertite, microclina-pertite e
albite, tanto em diminutos oeelos, como na matriz. O quartzo está
ausente ou apenas representado por veios grosseiramente granu-
lados. Os minerais máficos reduzem-se a escamas esparsas de
biotite e mais raras de moscovite; a grãos e grânulos de óxidos
metálicos; e, enfim (num dos exemplares do monte do Tapadão)
a alguns grãos alongados de provável anfíbola sódica.
2°5

Como habitualmente estes gnaisses estão intensamente recto-


nizados. Rocha análog,a às precedentes é a que aflora 1 km a
NNE de Santo António das Paredes (Monforte), cuja matriz
finíssima é copstituída por feldspato alcalino, clorites e quartzo.
O quartzo forma ocelos f1namente granulados e os feldspatos
ocorrem também em porfiroblastos oeelados ou não, muito defor-
mados. É de notar a transformação total dos minerais máficos em
clorite pràticamente uniáxica e opticamente positiva.
A NE do v. g. de São Miguel (Tapadão) , a rocha é verde, de
tendência gnáissica, mas com foliação pouco visível. A abundância
de horneblenda e .a existência de plagioclases sodo-cálcicas (oli-
goclase-albite e oligoclase) conferem-lhe aspecto anfibolítico.
A horneblenda exsuda minerais titanados, ,em particular ilmenite
com auréolas de leucoxena. O quartzo é acessório. A rocha mos-
tra-se tectonizada, embora sem esmagamento exagerado. Está-se
pois em pr,esença de um anfibolito com certo pendor gnáissico,
tipo petrográfico que não é desconhecido em associação com as
formações hiperalcalinas.
500 maNE do monte de Reguengo (Monforte) encontra-se
uma rocha por certo de contacto com os calcários que, dado a
sua constituição, é do tipo geral das corneanas calco-silicatadas.
A estrutura é granoblástica fina e os elementos dominantes são
epídotos, mormente pistacite. Associam-se-Ihes calcite e v,esuvia-
nite, esta, às vezes, em cristais que dão secções rectangulares, e
cheios de inclusões. Na matrizepídoto-calcítica há ainda quartzo
e albite.
É neste prolongamento que se situa também o aHoramento
de Alter Pedroso a que nos referimos.

d) Gnaisse grosseim hiP'eralcalino de Varche


O maciço de Varche, cortado pela estrada internacional do
Caia, compreende os afloramentos já conhecidos de Outeirão, quinta
de Santo António, monte da Lage, bem como o de Falcato; este
último está desviado da posição inicial pela falha de Elvas, con-
forme se ref.ere na parte geológica deste artigo.
As rochas de Varche agora estudadas, são veerde-escuras, podem
ter granularidade grosseira e mostram, como habitualmente, aspecto
206

gnáissico, mais ou m~nos marcado, com textura e estruturas resul-


tantes de acções dinâmicas, embora o carácter milonítico não
chegue a ser atingido.
Destacam-se grandes feldspatos (albitee perüte), incluindo,
com frequência, «gotas de quartzo»; por seu lado uma metasso-
matose potássica está' bem expressa pela conversão de plagioclas·e
em feldspato potássico, o qual encerra vestígios de plagioclase.
O mafito largament.e predominante é uma anfíbola que forma
grandes cristais muito policróicos, com ng-verde-escuro (abs .
. máxima) , fim-verde, e np-castanho-esverdeado (abs. mínima); a
birrefrangência é média e o ângulo óptico grande. Estes camc-
teres não correspondem completamente à riebequite, mas afas-
tam-se ainda mais da série hastingsít-ica. Devem indicar uma anfí-
bola sódica do tipo arfv;edsonítico, Ou de uma variedade afim da
riebequite, mas atípica, o que revela certa diferenciação dent.ro do
extenso afloramento, com cerca de 12 km, que se estende desde'
Outeirão até aos montes da Lage e do Falcato. São minerais
acessórios magnetite, pirite, arsenopirite e calcite.
No afloramento da quinta de Santo António não é possível
identificarriebequite típica; mas existe, tal como em Varche, anfí-
. bola sódica, ,embora com policroísmo algo diferente do da ri e-
bequite .. Provàvelmente da anfíbola· sódica derivaram as massas
opacas e assaz recortadas, de óxidos metálicos, bem patentes em
vários pontos da rocha.
A pequena faixa de Alcamins, que aflora a SW de Varche,
é constituída por granito hiperalcal1no. A rocha é essencialmente
formada, além de quartzo, por feldspato tot.almente pertitizado,
associado a riebequite.

e) Afloramentos do' alinhamento de Cabeço de Vide-São Romão

São sensivelmente paralelos ao maciço de gnaisse sienítico e


hiperalcalino de Alter Pedroso-Vaiamonte, vários afloramentos de
rochas alcalinas ou hiperalcalinas, existentes na região de Cabeço
de Vide.
São, em geral, rochas gnáissicas finas, sempre fortemente
tectonizadas, com .matriz assaz esmagada; nalguns casos desta-
.cam-se porfiroblastos de feldspato, habitualmente pertites, muito
deformadas e granuladas. Os componentes da matriz são, além
de feldspatos alcalinos (albite, feldspato potássico), minerais filí-
ticos (micas brancas, c1orites) e grânulos muito dispersos de óxidos
metálicos. O quartzo existe principalmente. sob a forma de del-
gados leitos granulados, ou de veios estreitos que cortam a foliação
e podem ramificar-se, insinuando-se entre os leitos da matriz.
Não é possível descobrir com segurança mafitos ferri-sódicos;
no entanto a presença (como .em rochas de outras regiões do Alto
Alentejo) de agregados de grãos e grânulos de óxidos metálicos
que, nQ conjunto, oferecem formas alongadas e r,ecortadas, depõe
a favor da existência de anfíbolas sódicas, de tipo r1ebequítico,
tanto mais que aos óxidos metálicos se pode associar o mineral
micáceo, amarelo-dourado, antes referido, com caracteres de lepi-
domelano, quer em lâminas isoladas, quer em agregados de peque-
níssimas ,escamas. A silicificação, às vezes bastante avançada, é
tópico ,evidente em alguns destes gnaisses, o que se verifica pela
presença de veios quartzosos que se difundem através da rocha,
conforme anteriormente se descreveu.
Em relação cornos -mesmos gnaisses, provàvelmente hiperal-
calinos Ce em todo o caso alcalinos) encontram-se rochas mais bási-
cas, com muita horneblenda e plagioc1ase intermédia por certo aná-
logas a outras reconhecidas nos afloramentos que prolonga:m o
de Vaiamonte. São exemplos deste caso as rochas anfibolíticas
que aflora:m 750 m a W do monte do Papa Leite; e 1250 m
a W da quinta do Pião. Ã plagioc1ase sado-cálcica (oligoc1ase-
-andesina) e à horneblrenda, juntam-se anfíbolas fibrosas, epídotos,
c1orite, minerais titanados (iimenite-IeucoX'ena, em particular) óxi-
dos de ferro e um pouco de calcite. A composição mineralógica é
então afim da dos anfibolitos; deve assinalar-se que, ,episodicamente,
se observa, em associação com as anfíbolas predominantes (às vezes
em minúsculas orlas descontínuas) uma anfíbola cujo policroísmo
formado por tons verde-azulados, a.ponta a possibilidade de se
tratar de variedade sódica.
No prolongamento provável para SE destes afloramentos, no
Poço dOS Metros (a SW de Palma), encontra-se rocha gnáissica
que é, pràticamente, apenas formada por matriz de grão finíssimo,
quase inteiramente feldspática, onde sOQressaem alguns feldspatos
maiores (pertite e albite); os mafitos estão dispersos e r,eduzem-se
208

a algumas escamas de biotite e clorite, a grãos às vezes euédricos


. de magnetite e de mafitos provàv:elmente sódicas (piroxena ou,
mais raramente, de anfíbola) . .o quartzo é raro. Esta rocha, ainda
. que atípica, pO'de :estar relacionada com o afloramento de Cabeço
de Vide.
A sul do maciço subvulcânico de Santa Eulália, situam-se o
afloramento do Safueiro, descrito em trabaLhO's anteriores (]. M.
C. NEIVA, 1955; C. TEIXEIRA & C. T. ASSUNÇÃO, 1957; F. GON-
ÇALVES, 1970a), os pequenos afloramentO's entre Sancha e São Romão
e de Pero Lobo. A rocha de Safueiro, microssienito rLebequítico,
contém ortose, albite-oligoclase, ,albite e rLebequite, como elementos
principais. .os restantes afloramentos são também de rochas do
mesmo t1po ou afins, aparecendo associadas às romas básicas
da série ofiolítica, na parte superior dO' Câmbrico de Elvas.

f) Gnaisse sienítico do monte da Asseisseírínha


Associada ao afloramento de gnaisses hastingsítkos de Arron-
ches (Revelhos) existe rocha hiperalcalina, que mostra foliação
fina com oeelos feldspáticos, quer de plagioclase sódka, quer de
pertite. Estes feldspatO's, bem como microdina, existem na matriz.
A anfíbola tem pleocroísmo s'emelhante ao das anfíbolas
sódicas rLebequíticas, mas está em grande parte convertida em
produtos secundários: grânulos de esfena e de óxidos metálicos
(entre os quais hematite) que se associam intimamente a lâminas
castanho-douradas atribuív,eis a lepidomelano. Esta variedade de
mica, :rica de Fé 3 , é, sem dúvida mineral comum entre os pro-
dutos derivados da riebequite (e de outras anfíbolas sódicas).

II - GNAISSES HASTINGSÍTICOS DA REGIÃO DE ARRONCHES


1) Localização, cor, texturas e estruturas
As amostras das rochas estudadas foram coligidas na reglao
de Arronches, onde formam três faixas muito alongadas: a do
monte de RevdhO's, a do monte do Pina (a mais próxima do
maciço granítico de Santa Eulália) e a de Carrascais que é a mais
setentrional. Oferecem çO'loraçÕ'es um tanto conüastadas, com
dominância do rosado e do cinzento, de várias tonalidades.
2°9

A textura gnalsslca é quase sempre bem marcada. Os leitos


claros, muitas vezes rosados e, essencialmente, feldspáticos, são mais
espessos do que os leitos escuros, ricos de minerais máficos, que
se mostram frequentemente descontínuos. A textura glandular está
patente, por exemplo, no gnaisse do monte da Tinoca; os ocelos
ou ilentículas têm dimensões variadas. No ,entanto, na maior parte
dos casos, os leitos 'apresentam-se bem planos, não s!endo raro a
existência de lineação resultante do alinhamento dos pequenos
cristais prismáticos dos mafitos (mormente anfíbolas) . Muitos
gnaisses não finos; por sua vez, os leitos podem mostrar ondula-
ção mais ou menos acentuada.
A textura mais comum é definida por granulação intensa,
acompanhada de recristalização. Esta última teve lugar tanto ao
nível da matriz, como no que respeita aos maiores elementos tex-
turais - oeelos ou lentículas, mais ou menos r!egulares. Deste
modo nota-se quer crescimento dos grânulos da matriz (v. g.
quartzo), quer a aparição de novos minerais - micas, minerais
titanados e mesmo granadas. Encontram-se então gnaisses glan-
dulares cam matriz blastomilonítica e gnaisses formados unica-
mente por matriz des~e tipo estrutural.
Outra variedade estrutural, aliás em telação à precedente, é
a filonítica, caracterizada ainda por enérgica granulação, associada
a recristalização, mas seguida de movimentos de escorregamento,
condicionados, certamente, pelas primitivas superfícies s; daqui resul-
tam estruturas com densa foliação, que pode tornar-se ondulante
em volta dos ocelos; estes, por seu lado, patenteiam forte defor-
mação, bem como granulação, em especial nas zonas periféricas.
N alguns casos os ocelos sofreram, ainda, movimentos rotatórios
que orientaram os grânulos da matriz envolv,ente e as próprias
inclusões existentes na periferia (estrutura helicítica).
Cada oeelo ou lentícula pode ser constituído por um con-
junto de minerais,embora com predomínio, em geral, de feldspatos;
mas é comum ,encontrar ocelos que são simplesmente porfi-
roblastos, ainda que crivados de inclusões de outros minerais.
Ê difícil interpretação satisfatória de todos os factos sucin-
tamtnte apres'entados, mas ,tudo leva a crer que as estruturas
presentes sejam consequência de duas (ou mais) fases de acções
dinâmicas.
210

2) Composição minet'alógica

a) Generalidades

Os constituintes mineralógicos essenciais mais constantes são,


sem dúvida, plagiodases sódicas (de albite a oligodase) , feldspa-
tos potássicos, associações pertíticas; e anfíbolas sódicas - de
,tipo hastingsHico. No entanto, cam certa frequência existe quartzo
em quantidade; as granadas ocupam lugar de relevo no gnaisse
do monte de Revelhos e do monte da Tinoca. São acessórios
comuns, esfena, biotite ,e óxidos de ferro ejou titânio; com
menos frequência, mas não raramente, encontram-se alanite, zircão,
calcite, apatite, epídotos, etc. .os óxidos metálicos derivam, em
parte, dos mafitos dominantes, em especial das anfibolas; apre-
sentam-se em formas muito recortadas, onde se individualizam,
às vezes, hastes de ilmenite e grãos de magnetite; também certas
micas devem ter provido das anfíbolas; tal será o caso de grãos,
ou pequenas plagas, de lepidomelano, com cor dourada. viva e
relevo alto, os quais dão boas figuras, quase uniáxicas, e sinal
negativo.

b) Feldspatos

São os constituintes habituais dos porfiroblastos. Notam-s:e,


nestes cristais, pertites,com fáculas de albite ou de albite-oligodase,
como hóspedes de feldspato potássico (ortose sódica e mais rara-
mente microclina). Mas muitos porfiroblastos são constituídos por
ortose sódica, ou por plagiodase (principalmente albite) ou ainda
por antipertite (gnaisse do monte do Outeiro e do monte da
Tinoca), onde se observam alguns enormes ocelos pertíticos cujo
hospedeiro é de composição albítica.
Bem menos comuns são pI agiod ases algo mais cálcicas
(oligodase franca). Os feldspatos em geral alcalinos (albite, ortose
sódica, microclina) são extremamente abundantes na matriz; aliás
certos porfiroblastos, por granulação progDessiva, diluem-se, pouco
a pouco, na matriz.
211

c) Quartzo
Nem todos os gnaisses estudados contêm quartzo como cons-
tituinte essencial. Deste modo, é possível distinguir gnaisses gra-
níticos e gnaisses sieníticos. O quartzo pode também existir como
mineral simpl,esmente acessório, mais ou menos abundante, havendo,
desta maneira, tNlmição entre os dois tipos de gnaisses.
É na matriz que o quartzo existe, em quase todos os casos,
associado aos feldspatos. Raramente forma também porfiroblastos
ocelados, deformados e estirados. Merece referência especial o
facto de, em alguns locais (v. g. monte da Granja; Degolados;
Moinho da Estrada) os gnaisses apresentarem veios pamlelos à
foliação, distintos dos da .matriz, pois são constituídos apenas de
quartzo, finamente granulado; tais leitos dev,em representar um
dos mais importantes fenómenos de recristalização que afectou as
rochas estudadas.

d) AnfíbolaJ
As anfíbolas presenves nos gnaisses de Arronches, conside-
rados neste parágrafo, integra'm-se na série das hastingsites (de
acordo com a sistemática de TROGGER). Os dois tópicos que desde
logo individualizam as anfíbolas agora estudadas são a fórmula
do policroísmo e o valor do ângulo óptico. O policroísmo, embora
algo variável, pode ser definido na generalidade pela expressão
seguinte: ng"- máxima absorção = verde-azulado muito escuro;
n m - absorção média = verde; np - absorção mínima = verde-
-acastanhado.
O ângulo óptico, particularmente característico, é assaz baixo,
mesmo vizinho de 0°; varia, no entanto dentro de certos limites,
em volta de 15°. O ângulo de extinção c Ang é relativamente
pequeno, não excedendo habitualmente 15° a 20°. A birrefran-
gência é média e o sinal óptico negativo. Este conjunto de carac-
teres ajusta-se suficientemente à hastingsite, anfíbola cálcica e
sódica da série antes referida. Com efeito, de acordo com os dados
de TROGGER (1959), competem-lhe os valores: 2V = 24° a 40°;
cAng = 15° a 44° e uma fórmula de poEcroísmo análoga à que
foi deverminada. Por seu lado, a ferro-hastingsite, considerada por
212

DEER, HOWIE e ZUSSMANN (1963), é definida (além de outros


caracteres semelhantes aos observados nos gnaisses de Arronches)
por 2V"-' 10°.
No entanto uma ambiguidade pode surgir, em consequência
da semelhança de muitos dos caracteres ópticos das hastingsites com
os de um troço de outra série de anfíbolas sódicas - a da arfvedso-
nite, troço esse.que é o das fhiotaramrtes ou magnésio-arfvedsonites.
Para levantar tal ambiguidade há que apelar para a refractome-
tria. De facto enquanto às fluotaram1tes competem índices de
refracção entre 1,65 e 1,67, as hastingsites caracterizam-se por
valores entre 1,70 e 1,73. Ora as determinações, realizadas
pelo método de imersão, deram para as anfíbolas de vários
locais da região de Arronches, os valores seguintes:n g > 1,72,
1,72 > np> 1,69 e n m "-' 1,72 (um pouco inferior a este valor). Deve
então . considerar-se identificada com suficiente precisão a has-
tingsite, anfíbola que não tinha sido ainda reconhecida em rochas
da metrópole portuguesa .
.Ê patente a identidade entre a hastingsite de Arronches (e de
regiões vizinhas) e a anfíbola existente em gnaisses da região da
serra de Galiiíeiros (Vigo), estudada por P. FLOOR (1966).
Nos gnaisses de Arronches, a anfíbola existe quer em gran-
des cristais (verdadeiros porfiroblastos, quer, em elementos meno-
r,es que se concentram principalmente mas não unicamente nos
leitos ricos de mafitos. Às ,"ezes, os gmndes cristais anfibólicos
mostram nitidamente o ,crescimento por recristalização, apresen-
tando-se, então, em ocdos fusiformes que deslocaram os elementos
da matriz em redor,

e) Minerais associados à hastingsite

Entre os minerais que aparecem em associação directa com a


hastingsite, destacam-se, granadas, biotites, óxidos de ferro, minerais
titanados, ,em particular esfena e alanite. São constituintes secun"
dários, além de óxidos metálicos (de ferro oe .de titânio), epídotos
e clorites.
As granadas são minerais relevantes nos gnaisses dos montes
de Revdhos, da Tinocá 'e de alguns outros locais. Às vezes,
além de hastingsite, óbserva-se anfíbola mais comum, do tipo
213

das horneblendas; algumas rochas chegam a apresentar essencial-


mente esta última anfíbola, associada ou não a v;estígios de
anfíbola sódica; perto do monte Algueirinhas, o gnaisse é hor-
neblêndico e o feldspato está em boa parte escapolitizado.

3) Gnaisses granatíferos e hastillg síticos


Tomar-s,e-á como tipo do gnaisse granatífero, o do monte de
Revdhos. A textura gnáissica é nítida e a granularidade conspí-
cua. Notam-se, nos leitos mais escuros, cristais mais ou menos
regulares de anfíbola. O estudo óptico mostra que se trata de
hastingsite, sendo vizinho de 0° o ângulo óptico e não excedendo
15° o ângulo cAng.
O mineral mais relevante associado à anfíbola é granada
em grandes grãos, levemente corada (ou incolor); este mineral
substitui parcialmente a anfíbola, pois observam-se no seio de
alguns dos grãos vestígios de anfíbola. A granada não foireconhe-
cida em uma das lâminas do gnaisse do monte de Revelhos, o
que pode resultar de uma distribuição pouco uniforme do mineral
na rocha.
Mesmo quando a substituição da anfíbola pela granada não
é evidente, os dois minerais formam agregados extensos, os quais
compreendem, ainda, grãos frequentes de esfena, alanite e magne-
tite. Outro elemento acessório das associações mafíticas é biotite.
Zircão e apatite são constituintes mais raros, inclusos na anfíbola
e na biotite. .
A conv,ersão parcial da hastingsite em granada parece tra-
duzir um fenómeno metamórfico interessante, aliás presente em
gnaisses de outros locais. No entanto, não é fácil imaginar a
reacção que teria originado tal transformação, em especial quanto
ao destino do sódio da anfíbola. Noutros casos, granada e has-
tingsite interpenetra:m-se, não sendo nítida a ordem de cristali-
zação; a granada é, no entanto, o mineral dominante nesses agre-
gados .
. Os minerais mafíticos reunem-se em faixas, em geral, estrei-
tas e um tanto descontínuas; como antes se referiu, a orientação
da rocha pode,. em certa medida, resuHar da lineação dos prismas
anfibólicos.
214

Os leitos claros, maIS longos são essencialmente quartzo-


-feldspáticos, com predominância dos feldspatos, de tipos diver-
sos; as pertites são comuns nos porfiroblastos, mas estes
podem também ser constituídos por plagiodase sódica (albite
ou albire-oligodase) e por feldspato potasso-sódico, com 2V modesto
(entre 30° e 45°) e sinal óptico negativo. Na matriz, finamente
granulada, com quartzo, o domínio pertence aos feldspatos alca-
linos (albite e feldspato potasso-sódico). Os gnaisses de outros
locais (v. g. montes da Tinoca, do Ferrador, de Peretesta, da
Granja, do Pina ,e perto do monte de Vidigão de Cima; da horta
da Cancela e da pirâmide Almo 2° e»
são 'análogos ao do monte
de Revelhos; a;lguns contêm granada que pode ser corada (cas-
tanho-rosada) e of.erecem, além disso, os caracteres mais típicos
da rocha daquele local: presença de hastingsite, grãos de esfena,
alanite zonada e biotite; de feldspatos dominantemente alcalinos e
com frequência em associações pertíticas; a antipertite é menos
comum. A presença de zircono-silicatos é mais mra; no gnaisse da
horta da Cancela existe, em grãos dispersos, um mineral castanho-
-dourado, pleocróico, uniáxico e com sinal negativo, atribuível à
catapleíte. O quartzo pode ser escasso ou faltar completamente.
Em poucos gnaisses a plagioclase atinge composições mais cál-
cicas (oligoclase ou até oEgoclase-andesina). Encontra-se em um
ou outro caso calcite. Digno de referência é" a presença de
mineral amarelo-dourado, com alta birrefrangência, quase (ou
mesmo) uniáxico e com sinal óptico negativo; às vezes, forma
orlas descontínuas em torno da hastingsite; outras vezes existe em
grãos isolados. Deve tratar-se de lepidomelano que se gerou a
partir da anfíbola; esta variedade de mica está aliás patente em
alguns gnaisses riebequíticos, como no de Gev,adais.

4) Outras variantes na composição mineralógica


dos gnaisses hastingsíticos
Nem em todas as rochas estudadas é evidente a presença de
hastingsite; no entanto, reconhece-se, às Viezes, vestígios deste
mineral, nas associações de minerais secundários que dele deri-
(i)' Este último fazendo parte do maciço hiperalcalino de Figueira de Cima-
-Cevadais.
21 5

varam; nessas associações reunem-s'e principalmente magnetite,


ilmenite e esfena. A biotite comum pode resultar também da
transformação da anfíbola e tornar-se, juntamente com os óxidos
de ferro e minerais titanados e com clorites, o mafito mais
patente nessas rochas alteradas.
Referência especial deve ser feita ao gnaisse de São Miguel,
ainda hastingsítico, mas contendo (como em outros locais - v. g.
perto do monte Algueirinhas, antes citado) minerais cálcicos, às
vezes em quantidade apreciável: epídotos, calcite e mormente esca-
palite. Outra rocha do mesmo local tem aspecto de anfibobto,
com gnaissismo obscuro; os constituintes principais são (além dos
minerais cálcicos) hastingsite, biotite, esfena e plagiodase sódica;
o quartzo é quase inexistente. A rocha, rica de minerais cálcicos,
deve estar em relação com corneanas calco-silicatadas.

5) Quimismo dos gnames haJtingsíticos


Dispõe-se presentemente de uma série de análises qUlmlCas
(quadro anexo) de gnaisses hastingsíticos. Com excepção da rocha
gnáissica (finamente laminada) do monte de Vidigão de Baixo,
que oferece quimismo particular, todas as outras se insierem em
conjunto petrográfico de limites bem definidos. Ê o que se
verifica pela inspecção das normas e dos parâmetros petrográficos,
em associação com os caracteres observados microscopicamente.'
Trata-se de sequência onde as variações dizem respeito quer
à natureza, ora saturada, ora sobressaturada, quer ao carácter
ou francamente alcalino, ou de passagem a tipos calco-alcali-
nos. A granada apenas está presente no gnaisse do monte de
Vidigão de Cima (análise n.O 2) e no monte de Revelhos (aná-
lise n.o 7). Os grandes grãos de granada desta rocha mostram,
mesmo em lâmina delgada, franca coloração (castanho-rosada);
é provável que se trate de variedade rica de alumínio e fe:rro
em virtude dos teores destes dois catiões, conjugadamente com a
escassez de magnésio.
. Como era de esperar, em face do estudo óptico, os gnaisses
hastingsíticos quase nunca revelam, do ponto de vista químico,
carácter hiperalcalino (note-se a ausência de acmite na norma),
mas simplesmente alcalino e mesmo, em alguns casos, pendor
QU ADRO 1- Gnaisses hastingsíticos e riebequíticos - Composição química, normas e parâmetros

1 2
_3_1_4_ 5 6 7 8 1 2 3 4 5 6 7 8
._---- - - - - - - - -- -- - - -
Si0 2 • 69,58 62,02 61,30 64,90 80,53 65,60 64,42 Q 65,23
· 15,71 4,94 4,13 - 46,78 8,17 5,45 5,22
AI20a • 15,01 17,64 18,64- 17,28 10,13 16,30 14,16 Or • · 3),47 46,33 31,71 31,12
14,74- 24,47 36,72 42,70 35,58
Fe~Oa • 1,23 4,88 1,30 1,68 0,50 1,94 1,28 Ab • · 43,04- 34,85 50,56 52,06
1,87 21,48 41,54 32,49 41,92
FeO 1,72 1,55 3,19 2,37 0,43 1,90 3,23 An • 2,92
2,21 2,57 7,44 2,90 2,51 3,90 - -
MgO 1,11 1,14- 1,72 1,35 1,05 1,16 0,32 Ne . -
0,29 - 0,54- - - - - -
CaO
· 0,62 0,56 1,68 0,64 0,56 1,49 3,40 SiO aNa 2 • -
1,69 - - - - - 0,85 1,89
Na 2 0 5,11 4,14 6,12 6,18 2,55 4,93 4,77
En.
6,63
0,09
í 0,02 - - - 0,90 0,80 0,48
K,O 5,35 7,8~ 5,39 5,29 4,16 6,24 7,22 6,03
Di Fs. 0,07 - 0,02 - - 0,45 5,48 3,27
H 2 0+ . 0,35 0,33 0,44- 0,27 0,4-0 0,37 ~
0,39
Wo 0,17 - 0,03 - - 1,44 6,90 3.42
H 20- • 0,06 0,03 0,01 0,08 0,05 0,09 0,59
Hi ~ En.
2,66 2,82 - 3,35 2,60 1,97 - 0,24
Ti0 2 , 0,19 0,26 0,40 0,23 0,05
~341
0,41
0,38 Fs , 1,88 - 2,81 - 0,29 0,99 - 1,58
P~.o5 0,07 0,03 0,12 0,04 0,04- 0,04 OJ ~ Fo • -
0,05 - 2,98 - - - - -
MnO 0,07 0,05 0,13 0,13 vest.
- - - - - - - - - - - - - - - - ac
0,07 0,130,07 Fa . - 3,34 - - - - - -
Total · 100,47 100,51 100,44- 100,44- 100,45 LOO,43 99,98 100,28
- - - - - - 3,69 5,40
Mt ] ,77 4,38 1,88 2,43 0,72 2,80 - -
Parâmetros C.I.P.W. - Lacroix Hm. - 1,83 - - - - - -
II 0,36 0,49 0,76 0,4-3 0,09 0,64 0,77 0,71
1

II .4'.1. 3'
2 I 3
4
I (1I).5 .1.3 1'.5.(1)2.(3) 4 1'.5.i' (3)4 Ap • 0,17 0,07 0,28 0,09 - 0,12 0,10 0,09
5 6 7 8
- - - - - - - - - - - - - -- -
Total • 9!-1,60 98,28 99,56 99,32 99,03 99,52 99,25 99,81
1.3.112\.3 I l' '5.1'.3 I 'IlJ5.1.3 I I 111).'5.1. 3
1 - 1 km a NE do monte das Furadas (Degolados, Arronches), amostra n.o AM95; 2 - 200 m a N do monte de Vidigão de Cima
(Degolados, Arronches), amostra n.o AM99; 3 - A NE do monte da Tinoca, São Miguel (Arronches), amostra n.o AX3;
4 - 260 m a N do monte de Vidigão de Baixo (Arronches), amostra n:O AM97; 5 - 200 ma N do monte de Vidigão de Baixo
(Arronches), amostra n.O AM98; 6 - 100 m a W do monte da Granja (Degolados, Arronches), amostra n.o AM96;
7 - Monte de Revelhos (Arronches), amostra n.o AL 74; 8 - Monte de Revelhos (Arronches), amostra n. o AM94,

Aná!. (1 a 6) - M. F. Seita (L. T. F. Q A. M. P. - J. I. U.). - Anál. (7 a 9) - L. Guimarães (Mus. e Lab. Min. e Geol.).
21 7

calco-alcalino. Exceptuam-se as análises n.O 7 e n.o 8, rujo quimismo


oferece nítida tendência hiperalcalina, o que se verifica pela ins-
pecção da norma, que contém acmite e silicato de sódio, embora
em percentagens modestas.
Deste modo, os gnaisses hastingsíticos, no conjunto, representam
domínio petrográfico de passagem entre a série hiperalcalina e
rochas de natureza menos ,especializada, que, no caso do Alto
Alentejo, são rochas calco-alcalinas (granitos, dioritos e gnaisses
com composições idênticas) as quais, às vez'es, se associam com
as daquela série. :E o que parece suceder na região do monte
da Tone das Figueiras (Monforte) e noutros locais.
Atente-se ainda na importância da potassa que, na maior
parte dos casos, é mais abundante do que a soda. O facto deve
estar relacionado com o predomínio de feldspatos potássicos e
dos intercrescimentos pertíticos.
O gnaisse sienítico ,e hastingsítico da barragem do Caia repre-
senta o ,exagero deste caracter potássico (análise n.O 9). A rocha
é constituída por matriz fortemente granulada onde o elemento
largamente predominante é feldspato potássico. A h:astingsite está
presente, mas em grãos disseminados.
QU ADRO I I - Gnaisse hastingsítico

SiO~ . 6~,35
Al 20 a 14,29
Fe 2 0 a 1,16
FeO. 1,70
MgO. 0,53
CaO. 0,91
Na 2 0 1,45
Kp. ·1 10,19
H 2 O+
H 2 O- j 1,11
Ti0 2 • 0,62
P2 0 5' :1 0,08
MnO. 0,08

Total 100,47

9-300 m a W do paredão da barragem do


Caia (zona inundada), amostra n.O AX31.
zi8

Por certo este gnaisse traduz uma metassomatose potássica de


grau extremo, talvez em rdação com a intrusão granítica e subvul-
cânica .de Santa Eulália, com a qual quase contacta.
O tipo gnáissico sienítico é o mais comum. A rocha do monte
de Vidigão de Baixo (análise n.O 5) possui elevado teor de sílica,
facto que é acompanhado por baixos teores de alumina e de outros
catiões, o que significa, sem dúvida, recristalização, onde o
acarreiode sílica deve ter jogado papel capital. A observação
microscópica revela a presença de leitos inteiramente de quartzo
e de ocelos finamente esmagados do mesmo mineral; por sua
vez, é patente a escassez de mafitos. Esta rocha representa, então,
termo extremo de silicificação.

CONCLUSÕES

Assinalados os principais caracteres geológicos e petrográficos


das rochas hiperalcalinas e alcalinas (gnaisses hastingsíticos) do
Alto Alentejo, resta-nos tirar algumas conclusões.
O modo de jazida das rochas hiperakalinas em maciços
alinhados, põe em evidência tectónica de fractura importante de
direcção NW-SE.
No alinhamento principal, Alter Pedroso-Varche-Falcato, é
notório qu.e as rochas hiperalcalinas aprove1taram, para a insta-
lação, sistema de fracturas definido pelas rochas básicas e ultra-
básicas que nele ocorrem. Estas constituem maciços alongados,
dispondo-se segundo alinhamentos de que os principais são: Alter
do Chão-Elvas, situado ,em terrenos câmbricos, e o de Benavila-
-São Saturnino-Veiros, este nos xistos do Silúrico inferior.
As rochas hiperalcalinas não só aproveitaram a mesma tectó-
nica, como são intrusivas nas rochas básicas.
No aHnhamento de Benavila-São S;!Jturnino-Veiros afloum
rochas com caracteres petrográficos e químicos muito seme-
lhantes aos que se observam nas de Alter do Chão, Elvas e
Campo Maior. Este facto, aliado à mesma tectónica, suger,e
génese comum e, talvez, contemporânea. Assim, as rochas básicas
da região seriam posteriores ao Silúrico inferior (nela represen-
tado) e, portanto, as rochas hiperalcalinas de formação mais
recente.
21 9

A rocha hiperalcalina de Estremoz talvez seja também poste-


nor ao Silúrico inferior da região.
Em 1956, C. TEIXEIRA, no prefácio à versão portuguesa
do trabalho de OSANN, admite que as rochas hiperalcalinas resul-
taram da mesma intrusão; esta ter-se-ia verificado no intervalo
compreendido entre o Gotlandiano e o final do Vestefaliano.
Determinações geocronológicas (que incidiram sobre mate-
riais r,ecolhidos em Alter Pedroso e Gevadais) efectuadas por geó-
logos holandeses, situam as rochas hiperalcalinas do Alto Alentejo
6ntteO Ordovícico superior e o início do Silúrico (430 a 460 M. A.).
Não é ,deexclui,r a hipótese de existirem rochas hiperalcalinas
de idades diferentes.
Quanto ao modo de formação das rochas hiperalcalinas tudo
leva a cr,er na sua associação genética com as rochas básicas e ultra-
básicas, onde existem gabros anortosíticos, anortositos (bytowni-
tito) , etc. Em 1958, um de nós (C. T. A.) pôs a hipótese deste
parentesco, admitindo que as rochas hiperalcalinas. derivaram,
provàvelmente, de magma de tipo calco-alcalino, em relação
com as referidas rochas básicas e seus diferenciados. Intimamente
associadas às rochas hiperalcalinas há, como se viu, gnaisses dio-
ríticose rochas anfibolíticas.
Após a instalação, as rochas hiperalcalinas foram subme-
tidas a dobramento que se traduz ou por intensa cataclase ou
por textura gnáissica existente, pelo menos, na margem dos aflo-
ramentos, ou, ainda, pela repetição das faixas nos flancos de dobras.
A orientação geral (NW-SE) das faixas de rochas hiperal-
calinas apresenta, nalguns pontos, desvios em relação com a falha
de Elvas (componente do sistema de fracturas NE-SW, com o
qual está relacionado o grande filão do Alentejo) e com a falha
de Assumar (NNW-SSE).
O maciço subvulcânico de Santa Eulália recorta e metamor-
fiza as rochas hiperalcalinas. Estas são intrusivas nos ortognaisses
graníticos (do mesmo tipo dos de Portalegre e Aceuchal). Na
Galiza, a rocha hiperalcalina é, também, posterior aos ortognaiss,es
graníticos que apresentam segregações de rochas básicas muito
raras nos ortognaisses do Alto Alentejo e do Ribatejo.
Tal como no granito hiperalcalino de Galineros (Espana) nos
gnaisses com riebequit'e e nos gnaisses hastingsíticos há anfíbolas
220

de geração tardia; quer hastingsites, quer de outros tipos (hor-


neblenda, etc.) que preenchem microfracturas transversais à folia-
ção, facto co:mum em todos estes maciços.
Pelo menos, em alguns locais, reconhece-se associação de
rochas hiperalcalinas com gnaisses hastingsí6cos e, também, com
rochas básicas .de vários tipos (anfibolitos, xistos e gnaisses anfi-
bólicos, etc.). Estes factos parecem evidenciar a contemporaneidade
dos gnaisses das duas séries. Ê provável, também, que entre elas
haja relação genética, bem como, com os tipos básicos associados.
A existência de gnaisses hastingsíticos granatíferos, associados
a micaxistos granatíferos, pode estar em rdação com a granitização
no eixo Crato-Campo Maior. A observação em lâmina delgada põe
em ,evidência duas fases de dobramento nestes gnaisses.
A larga profusão de rochas hiperalcalinas sobre a fronteira
com o país vizinho e, o facto delas, estarem ligadas a tectónica
que de certo se manifestou em território espanhol, leva a crer
na existência, ali, de rochas da mesma natureza.

AGRADECIMENTOS

Os AA. devem à Naturalista do Museu Geológico - Dr. a MARIA


DA GRAÇA SALVADO CANELHAS e ao Dr. J. TELLO PACHECO (do LE.P.P.D.)
precioso apoio no respeitante a determinações refraotométricas.
Igualmente estão muito gratos à investigadora do L.T.F.Q.A.M.G.,
Dr. a FERNANDA SEITA que efectuou, juntamente com os seus colaboradores,
as análises químicas aqui 'apresentadas, e, bem assim à experiment.adora
D. LEONTINA GUIMARÃES que executou as análises n.O S 7 e 8.
Os cálculos das normas foram realizados, em parte, no computador
do Centro de Cálculo CientífiGO, da Fundação C. Gulbenkian, com base
no programa estabelecido pelo Dr. RAÚL D. GOMES do L.T.F.Q.A.M.P ..
Ao pessoal daquele centro e 'a este investigador exprimem, os AA., o seu
maior reconhecimento. As microfotogr.afias devem-se ao experimentador
Sr. JOAQUIM C. LOPES, a quem os AA.agmdecem a sua boa ajuda, bem
como o Dr. A. V. T. PINTO COELHO que igualmente mlaborou na reali-
zação de alguns cálculos.

R~SUMÊ

On doit distinguer dans la province de Alto Alentejo deux séries de


roches alcalines: 1) les gneiss hiperalcalins à riebeckite et aegirine; 2) les
gneiss à hastingsite (gneiss de Arronches).
22I

Les afHeurements hiperalcalins sont orientés NW-SE; ils représen-


tent nn ensemble de peÜts massifs stratiformes, dont les plus importants
sont: 1) Figueira de Cima-Cevadais, 2) Assumar, 3) Alter Pedroso-Vaia-
monte et Outeirão-Varche-Falcato, 4) Cabeço de Vide et S. Romão, et
5) Estremoz. .
Les gneiss a1calins à hastingsite constituent trois bandes aupres de la
ville de Arronches, la plus petite étant interrompue par le massif hercynien,
subv;olcanique (granitique) de Santa Eulália. Les lautres sont coupées par
le même massif pres du barrage de Caia (Campo Maior).
L' orientation des affleurements hi peralcalins est certainement le résul-
tatd'une tectonique de fissure. n s'agit d'un systeme de fractures qui a
aussi conditionné la mise-en-place des roches basiques (gabbros, anortho-
sites, etc.) associées aux gneiss hiperalcalins. .
En 1956, C. TEIXEIRA a admis que 1'intrusi'On de ces roches serait
en rapport avec l'activité éruptilve qui aurait eu lieu au cours du Dévonien
supérieur et du début du Carbonifere.
Les déterminations d'âge absolu concernant les gneiss à' riebeckite
ont abouti à des valeursentre 430 et 460 M. A.
II est probable que les roches hiperalcalines et les roches basiques
soient dérivées d'un même magma. On peut admettre en effet que le
magma original soit du type calco-alcalin, étant donné l' association des
gneiss à riebecki>te aux granites calco-alcalins, et roches similaires, princi-
palement dans la région de Monforte.
D'autre part iI faut remarquer qu'il y ades gneiss à hastingsite associés
aux roches hiperalcalines dans les affleur,ements de Figueira de Cima (v. g.
Almo 2°) et de Revelhos (Arronches). Leurs intrusions sont probablement
du même âge et elles auront des rapports génetiques.
Les roches à hastingsite sont aussi associées avec des schistes amphi-
boliques et des amphibolites.

BIBLIOGRAFIA

ASSUNÇÃO, C. F. T. (1956) - Nobs de mineralogia e petrografia portu-


guesa. X. Um anortosito (bytownitito) do Alto Alentejo (Campo
Maior). BoI. Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciênc. Lisboa, 7. a Série,
n.O 24, pp. 141-145, Lisboa.
ASSUNÇÃO, C. F. T. (1956 a) - :&ochasgabróicas e anortosíticas do
Alto Alentejo (A1guns elementos para o seu estudo). 23. 0 Congresso
Luso-Espanhol para o Progresso das Ciências (Coimbra, 1956). VoI. 5,
4. a Secção, Ciênc. Nat., pp. 23-28, Coimbra.
BARD, J. P. (1967) - Granites écrasé~ et orthogneiss «0110 de Sapo» à
disthene dans la bande métamorphique de Badajoz-Azuaga (Badajoz,
Espagne) et le problême d'un soele briovérien dans le Sud de 1'Es-
pagne. C. R. Aead. Se. Paris, tomo 265, série D, pp. 1875-187,s,
Paris. .
222

BARD, J. P. (1970) - in Excursión aI flanco Norte deI antidinorio Olivenza-


-'Monesterio. Primeira retmion Internacional sobre Geologia deI Suroeste.
DeI 1 aI 7 de Septiembre de 1970.
BARROS, L. A. (1958) - Contribuição para o conhecimento da petrbgrafia
da região de Vaiamonte-Monte da Torre das Figueiras i(Alto Alen-
tejo). BoI. Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, 7. a série,
n.O 26, pp. 255-267, Lisboa.
BRANDÃO, V. S. (1902) - Ueber einen Portugiesischen Alkaligranulit.
Centralblatt für Mineralogie, Geologie und Palaeontologie. Ano 1962,
pp. 49- 55, Estugarda.
BRANDÃO, V. S. (1905) - Sur un gisement remarquable de riebeckite et
le zircon qui l'accompagne. Com. Com. Servo Geol. Portugal, VaI. 6,
pp. 178-191, Lisboa.
BRANDÃO, V. S. (1912-1913) - Gontribuições para a petrographia de Por-
tugal. lU. Descripção de mchas eruptivas do Alemtejo. Com. Com.
Servo Geol. Portugal, VoI. 9, pp. 77-126, Lisboa.
BRIDGWATER, D. (1968) - Significance of anorthosites in the evolution
of the Gardar igneous province. «Petrology of Peralkaline Rocks»
nth 1968. University of Reading Department of Geology.
BURRI, C. (1928) - Zur Petrographie der Natronsyenite von Alter Pe-
droso (Provinz Alemtejo, Portugal), und ihrer basischen Differentiate.
Schweizerische Mineralogische und Petrographische Mitteilungen.
VoI. 8, Fase. 2, pp. 374-437, Zurique.
DEER, W. A., HOWIE, R. A. & ZUSSMAN, J. (1963) - Rock-forming
MineraIs. V 01. 2 Chain Silicates. London, Longmans, 379 p.
DELGADO, J. F. N. (1905) - Contribuições para o estudo dos terrenos
pa'leozóicos. Com. Com. Servo Geol. Portugal, VaI. 6, pp. 56-122.
Lisboa.
FARIA, J. A. L. (1955) - Notas de mineralogia e petrografia portuguesas.
VII. Radiograma de pó da aegirina de Alter Pedroso. BoI. Mus. Lab.
Min. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, 7. a série, n.O 23, pp. 89-93,
Lisboa.
FLOOR, P. (1966) - Petrology of an aegirine-riebeckite gneiss-bearing part
of the hesperian massif: the Galifieiro and surrounding areas, Vigo,
Spain. Leidse Geologische Mededelingen, VoI. 36, pp. 1-203, Leiden.
GONÇALVES, F. (1969-1970) - O conglomerado intraformacional do Câm-
brico de Elvas. BoI. Mm. Lab. Min. Geol. Fac. Ciênc., VoI. 11,
Fase. 2, pp. 247-250, Lisboa.
GONÇALVES, F. (1969-1970 a) - Afloramentos câmbricos do Alto Alentejo
e do Ribatejo. Boi. Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciênc. VoI. 11,
Fase. 2, pp. 357-365, Lisboa.
GONÇALVES, F. (1970) - Contribuição para o conhecimento geológico
dos mármores de Estremoz. Est. Not. Trab. Se,;v. Fom. Mineiro.
VoI. 20, Fases. 1-2, 11 p., Porto.
223

G9NÇALVES, F. (1970a):-:-:-Carta geológica .de Portugal na escala de 1/50000.


Notícia explicativa da folha 73~A. Elvas, 50 p. (estudos petrográficos
de C. T. ASSUNÇÃO).
HLAWATSCH, C. (1906) - Uber den Amphibolvon Cevadaes (Portugal).
Festschrift zun siebzigsten Geburtstage von Hafry Rosenbusch, pp. 68-
-76. Estugarda. V. versão portuguesa; Sobre a anfíbola de Cevadaes,
Portugal, in Supl. BoI. Mus. Lab. Min. GéoI. Fac.. Ciênc.. Univ.
Lisboa, 7. a série, n.O 24, 15 p., Lisboa; 1957.
JAKOB, J. & BRANDENBERGER, E. (1931) - Chemische und r6ntgenogra-
phische Untersuchungen an Amphibolen. 1. Mitteilung: Die Osannite
von Alter Pedroso. Schweizerische Mineralogische und Petrographische
Mitteilungen. VoI. 11, Fase. 1, pp. 140-162, Zúrique. .
LACROIX, A. (1916) - Les syénitesà riebeckite d' AIter Pedroso (Portugal),
leurs formes mésocrates (lusitanites) et leU! transformation en lepty-
nives et en gneiss. C. R. A cad. Sci. Paris. Vol. 163, pp. 279-283,.
Paris.
MENDES, F. J., SILVEIRA, M. & ASSUNÇÃO, C. F. T. (1957) - O'zircão
de Alter Pedroso (Aiter do Chão) e o do filão da Boa Esperança
(Ribaué-Moçambique). Estudo radiográfico. BoI. Mús. Lab. Min.
Geol. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, 7. a série, n.O 25, pp. 209-219, Lisboa.
MERIAN, A. (1885) - Studien an Gestéin Bildenden Pyroxenen. Neues
Jahrb., BeiI.-Bd. III, p. 297, Estugarda. .
NEIVA, J. M. C. (1955) -- Algumas rochas hiperalcalinas e alcalinas da
região de Vila-Viçosa. Memórias e Notícias. Publ. Mus. Lab. Min.
Geol. Centro Est. Geol. Oniv. Coimbra. Vol. 39, pp. 48-59, Coimbra.
OSANN, A. (1907) - Ueber einen Nephdinreichen Gneis von Cevadaes,
Portugal. Neues Jahrbttch fiir Mineralogie, Geologie tmd Palaontologie.
Vol. 2, pp. 109-128. Estugarda. V. versão portuguesa, com uma
introdução de C. TEIXEIRA; Sobre um gneisse rico de nefelina, de
.Cevadais, Portugal, in supl. do BoI. Mus. Lab. Min. Fae. Ciênc.
Univ. Lisboa, 7. a série, n.O 24, pp. 11-30, Lisboa, 1956.
OSANN, A. & UMHAUER, O. (1914) - Uber ei:nen Osannithornblendit ein
feldspathfreies Endglied der Alkalireihe von AJter Pedroso. Sitzungs-
berichte der Heidelberger Akademie der Wissenschaften. Mathema-
tisch-naturwissenschaftliche Klasse. Abteilung A. Mathematisch-phy-
sikalische Wissenschaften (1914). 16 Abhandlung: pp. 1-11. Heidel·
berga. V. versão portuguesa, Sobre um hornblendito os.anítico, termo
final, sem feldspato, da série alcalina de Alter Pedroso, in supl. BoI.
Mus. Lab. Min. GeaI. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, 7. a série, 25, 16 p.
Lisboa, 1957.
PACHECO, J. T. & GOMES, R. D. (1960) - Nota sobre uma ocorrência
de torite em Alter Pedroso (portugal). Mem. Junta Energia Nuclear,
n.O 29, 26 p., Lisboa. V. versão inglesa, Note on the occurrence of
thorite at AIter Pedroso ('Portugal). BoI. Mus. Lab. Min. Geol. Fac.
Ciênc. VoI. 8, Fasc. 2, pp. 149-164, Lisboa, 1960.
224

PRIEM, H. N. A. et allia '(1970) -Dating Events of Acid Plutonism


through the Paleozoic of the Western lberian Peninsula. Eclogae
Geologicae Helvetiae. Vol. 63-1, pp. 255-274, Bâle.
QUADRADO, R. (1958) - Notas de mineralogia e petrografia portuguesas.
XII. A sodalite de Cevadais - algumas determinações estruturais. Boi.
Mus. Lab. Min. Geol. Fac. Ciênc. Univ. Lisboa, 7." série, n.O 26,
pp. 275-278, Lisboa.
ROSENBUSCH, H. (1901) - Element der Gesteinlehre (Zweite Auflage).
IE. Schweizerbartische V,erlagshancUung ~E. Nagele), 565 p., ref. p. 507,
Estugarda.· " ' .
SERRALHEIRO, A. (1957-1958) - Esboço geológico da região de Alter
IPedroso. BoI. Soco Geol. Portugal: Vol. 12, Fase. 3, pp. 3-12, Porto.
SOUSA, F. L. P. (1927) - Sur un nouveau gisement de roches intrusives
sodiques en Portugal. C. R. A cad. Sei. Paris, Vol. 185, pp. 467-469,
Paris.
TEIXEIRA, C. & ASSUNÇÃO, C. F. T. (1957) - Novos elementos para o
conhecimento das rochas hiperalcalinas sódi,oas do Alto Alentejo.
Rev. Fac. Ciênc., Vo1.5, Fasc. 2, pp. 173-208, Lisboa.
TEIXEIRA, C. & ASSUNÇÃO, C. F. T. (1958) - Sur la géologie et la
pétrogmphie des gneiss à riebeckite et aegyrine et des 'syénites à
néphéline et sodalite de Cevadais, pres d'Ouguela (Campo Maior),
Portugal. Com. Servo Geol. Portugal. Viol. 42, pp. 31-56, Lisboa.
TROGER, W. E. (1959) - Optische Bestimmung der 'gesteinsbildenden
IMinerale. Teill. BestimmungstabeUen.Estugarda. E. Schweizer-
bart'sche Verlagsbuchhandlung(Nagele U. Obermiller), 147 p.
ANEXO I

RELAÇÃO DAS LOCALIZAÇÕES DAS AMOSTRAS ESTUDADAS


DE ROCHAS HIPERALCAUNAS E ALCALINAS (GNAISSES HAS-
TINGSíTICOS) DO ALTO ALENTEJO

Rochas hiperalcalinas

Prolongamento de Cevadais:

AI-23 - Mapa 372 (1/25000), Arron.ches, perto do antigo v. g.


Almo 2. 0 •
AV-83 -Mapa 372 (1/25000), Arronches, 800 m a E do monte
da Capela.
AV-84- Mapa 372 (273, 625-244, 025), Arronches, 800 m a E
do monte da Capela.
AV-88 - Mapa ~72 (269, 575-245, 200), Assumar, 200 m a NNE
do monte das Arlgueirinhas.
AV-92 - Mapa 372 (277, 125-241, 250), Arronches, 900 m a NNW
do monte Figueira de Cima.
AV-93 - Mapa 372 (269, 575-245, 200), Assumar, 200 m a NNE
do monte das Algueirinhas.
rAV-98 - Mapa 372, Monforte, Assumar, 125 maNE do monte
da Asseisseirinha.
AX-2 - Mapa 372, Arronches, junto do monte Figueira de Cima.
AX-27 - Mapa 386 (285, 150-239, 200), Arronches, ribeiro do Abri-
longo, 950 m a N do posto da Guarda Fiscal de Barradas.

Pequeno afloramento a SW de Cevadais

BF-16 - Mapa 386, Campo Maior, Ouguela; estrada de Cevadais


a W do moinho da Travessa.

Assuma!'
AR-12 - Mapa 372, Assumar, no corte entre o topo norte da
folha 385 ea estação do C. F. de Assumar.
AR-14 - Mapa 385 (266, 925-238, 875), Arronches, junto do monte
do Outeiro.
226

AR-15 - Mapa 372, Assumar, em frente dos armazéns da estação


de Assumar, lado norte da hnha férrea.
AR-17 - Mapa 385 (266, 925-238, 875), Arronches, junto do monte
do Outeiro.

Prolongamento de Vaiamonte
AL-100 - Mapa 358, Alter do Chão, a NE do v. g. de S. Miguel,
Tapadão.
. . _. BN58 - Mapa 370, Alter do Chão, Alter Pedroso, 1400 m a SW
do v.gr;;de Silveira (246, 200-246, 800).
IBD-16, 17, 18 - Mapa 358, Alter do Chão, 500 m a SE do monte
do Tapadão (241, 000-250, 900).
BD-21 - Mapa 370, Alter do Chão, 200 m a N do monte da Fome
(244, 700-247, 850).
BD-34 - Mapa 358, Alter do Chão, 225 maNE do monte Perin-
gote (241, 650-250, 575).
BD-45 ~ Mapa 384, Monforte, 500 maNE do monte do Reguengo
(254, 625-237, 950).

Cabeço de Vide
BD-13 - Mapa 370 (242, 650-244, 000), Alt,er do Chão, 1125 m
a N da Fonte dos Ricos (pequenta faixa isolada).
BD-20 - Mapa 370 (243, 550-243, 475), Alter dei Chão, 750 m
a W do monte do Papa Leite (pequen.a faixa isolada).
BD-23 -Mapa 370 (241, 800-245, 700), Alter do Chão, 950 m
a SSW do v. g. Ferreiros.
BD-30 - Mapa 370 (241, 925-245, 550), Alter do Chão, 1025 m
a SSW do v. g. Ferreiros. .
BD-32, 33 - Mapa 370 (242, 975-244, 225), 1250 m a W da
quinta do Pião.
BD-35 - Mapa 370 (244, 125-243, 175), 250 m a SSW do monte
do Papa Leite.

Outros afloramentos do alinhamento de Cabeço de Vide-São Romão


Camões (a WNW de Vaiamonte)
AZ-62, 63 - Mapa 384 (240, 125-238, 300), Monforte, Cabeço de
Vide, 900 m a 'BSE dõ monte da Amoreira.

Poço dos Metros (a SW da herdade de Palma)


BD-42 -Mapa 384 (255,200-231, 200), Montorte, 1650 m a SSW
das Arriba:nas (São Domingos).

Arronches (Revelhos)
AM-94-Mapa 385, Arronches, monte de Revelhos (Anál. Quím. N.o 8).
227

Gnaisses hastingsíticos

Arronches (Revelhos)
AL-74 - Mapa 385, Arronches, monte de Revelhci's (Anál. Quí-
mica n.O 7).
AL-89 - Mapa 385, Arronches, monte da Tinoca.
AM-95 -Mapa 386, 1 km a NE do monte das Furadas (Degolados)
(Anál Quím. n.o 1).
A!M-96 - Mapa 386, Arronches, 100 m a W do monte da Granja
(Degolados) (Anál. Quím. n.O 6).
A!M-97 -' Mapa 386, Arronches, 260 m a N do monte de Vidigão
de Baixo (Anál. Quím. n.O 4).
AíM-98 - Mapa 386, Arronches, 200 m a N do monte de Vidigão
de Baixo (Anil. Quím. n.O 5).
hM-99 - Mapa 386, Arronches, 200 m a N do monte de Vidigão de
Cima (Degolados) (Anál. Quím. n.O 2).
AV-85 -Mapa 372 (265,100-243,100), Assumar, Monforte, 1100 m
a NE do v. g. de Mosqueiros.
AV-86 - Mapa 372 (269, 800-241, 350), Monforte, Assumar, 500 m
a SW do monte da Charneca.
AV-87 - Mapa 372 (267, 025-241, 600), Monforte, Assumar, 125 m
a NE do monte de Asseisseirinha.
AV-90-Mapa 372 (269, 800-241, 330), Monforte, Assumar, 500 m
a SW do monte da Charneca.
AX-31- Mapa 400 (60, 750-19, 200), Campo Mai'or, 300 ma W do
paredão da barragem do Caia (Anál. Quím. n.O 9).
AX-37 - Mapa 400, 1 km a N do v. g. de Mouro (Campo Maior).
·BD-59 - Mapa 372 (264, 075-244, 200), Assumar, 700 m a NNW
do monte dos Mosqueiros.

Monte do Pina (afloramento maIs próximo do maciço de Santa Eulália).

AP-17 - Mapa 400, Ca.111pO Maior, 25 m a E do monte do Pina.


AP-19 - Mapa 400, Campo Maior, 500 m a SW do monte Vidigão
de Cima.
AP-20 - Mapa 386 (281, 400-233, 075), Arronches, 750 m a SW do
monte da Granja.
AiP-30 - Mapa 386 (282, 075-232, 325), Arronches, 950 m a NNE
do monte do Reguengo.
AlP-39 - Mapa 386, Arronches, 650 maNE do monte do Reguengo.
AR-5 - Mapa 400 (59, 000-20, 675), Campo Maior, 600 m a SE do
monte da Rocha.
AX-40 - Campo Maior, 650 m a NNW do v. g. de Mouro.
Cal'l'aJ(als (afloramento mais setentrional) .

AV-96 -. Mapa 372 (273, 975 -240, 300) , ASSlImar, 150 m a SSE da
horta da Cancela.
AX-15 - Mapa 386 (280 , 875 -235, 325) , Arronches, 1350 m a SW
do v. g. Barambão.
AX-17 - Mapa 386 (282 , 500-233 , 950) , Arronches, Degolados,
550 maNE do monte da Gr.anja.
BD-56, 57 - Mapa 372, Assumar, 500 m a W do monte de Carras-
cais (270, 600-241, 400).
V. J.. n ::;::; UN<,"AU - 1wcnas mperatcatznas e gnazsses
tJ r. v u m ':ALVhC::; J:<.,ST. I
hastingsíticos do Alto A lentejo

Fig. 1 - Gnaisse grosseiro hiperalcalino, com textura pegmatítica . Va rche (Elvas),


trincheira da estrada internacional do Caia.

Fig. 2 - Do mesmo local da figura anterior, mostrando concentração de riebequ ite.


C.· T . A SSU NÇÃ O e F. G ONÇALVES - 1<ochas hzjem/catmas e gnazsses EST. II
hasting síticos do Alto Alentejo

Fig. 1 - Gnaisse grosseiro hiperalcalino de Varche, com fi lonete pegmatítico


da mesma natureza.

Fig. 2 - Cevadaisito. Junto do monte de Cevadais (Campo Maior), trincheira


da estrada projectada para Campo Maior.
C. T.A SSUNÇÃO e F. GONÇALVES - Rochas hiperalcalz'nas e gnaisses EST. III
hastingsíticos do Alto A lentejo

Fig. I - Ce va daisito, m ostrando ocelos de riebeq uite . Leito da ribeira si tuada a SW,
pe rto do monte de Ce vadais.

Fi g. 2 - Gnaisse riebeq uítico, no local da fig ura anterior, mo strando microfracturas


transversais à foliação preenchidas por riebequite. de geração tardia.
C. T. ASSU NÇÃ O e F. GONÇALVES - Rochas hiperalcalinas e gnaisses EST . IV
hastingsíticos do Alto Alentejo

Fig. 1 - Concentração de ocelos de riebequite, no Cevadaisito. Leito da ribeira,


situada a SW, perto do monte de Cevadais.

Fig. 2 - Contacto do encrave de ortognaisse gramtlco alcalino, com o gnaisse


fino riebequítico do monte do Tapadão (Alter do Chão). Maciço de Alter
C. T. ASS U NÇÃO e F. GONÇA LVES - Rochas hiPeralcalinas e gnaisses E ST. V
Izastingsíticos do Alto Alentejo

Fig. 1 - Gnaisse h astingsítico. com ocelos de feldspato. de anfíbola e de granada,


do monte da Fialha (Arronches).

Fig. 2 - Gnaisse com ha stingsi te, do mesmo local da figura anterior,


mostrando microfraclUras cortando a foliação, preenchidas por anfíbola
C. 1'. ASSU NÇÃO e F. GONÇALVES - Rochas lziperalcalinas e g1raisses EST. VI

hastingsíticos do Alto Alentejo

Fig. 1 - Gnaisse hiperalcalino de Est remoz, com microdobramentos. Trincheira


da estrada internacional, a W da cidade.

Fig. 2 - Ilmenite com orla contínua de esfena no seio de agregados de horneblenda.


Gnaisse riebequítico do monte do Tapadão (Alter do Chão), AL· }00. 30 X; N +.
C. T . ASSUN ÇÃO e F. GONÇALVES - R ochas hlj eralcal11las e gllaZsses EST . VII
hastingsíticos do Alto Alentejo

Fig. 1 - Gnaisse hastingsítico, monte de Revelhos ( Arronches); m31 riz


blastomilonítica, onde leitos ricos de hastingsite alternam com outros
quartzo-feldspáticos, AM-94. 30 X ; sem analisador.

Fig. 2 - Outro aspecto da matriz blastomilonítica, com veios de quartzo paralelos


~ ( ..... 1: ... _;; ..... ~ ........ : ..... a~ ..... ..vo ............ .a. ri"" 'D.,:u u .. lhI"U" 1 ')() 'X . hl ~
e 1' . VONÇALVES - KOcltaS mpera/calmas e gnazsses
\...'. 1 . fi SS UNÇAO t;ST. VIII
hastillgsíticos do Alto Alentejo

Fig. 1 - Por firoblasto de hastingsite, em matri z blastomilonítica , com veios de quartzo


paralelos à folia;ão (g oa isse glan d ular) . 100 m a W do monteda Gran ja, Degolados
(Arronches\, AM-96. 120 X; N +.

Fig. 2 - Y1atri z filonítica co m pequeno porfiroblasto de pertite, en volto por quart zo


g ranulado de um veio de recristali zacão. 200 m a N do monte de VidWão de Bai xo
\...1 .... 1 . .t1. ~~ UN~A U ti .l ' . VUl'i":.r\L\'L ;:) - ..l.\.U(....flL(,.j "'''J!C'U"t..L""(,nu,,,) '" 6''' ...... ''",)",)'''",)

lzasti71gsíticos do Alto Alentejo

Fig . 1 - Allnite zona da n um a matri z blastomilonítica com g rãos de esfena;


a matri z é ri ca dt! qua rtzo e de felJsp ~to s alcalinos (albite e fel dspatos potássicos) .
Monte de Revelhos , AM- 94 . 120 x ; N +.

Fig. 2 - Alanite zona da, no seio de granada com orla de hastingsite . Gnaisse
hastingsítico de monte de Revelhos, AL- 74. 120 X; sem analisador.
\J. 1 . A SS UNÇA O e; l'. v ONÇALVES - J<oclzas hzperalcalinas e gnaisses E ST. X
Izastingsíticos do Alto Alentejo

Fig. 1 - Granada rósea-clara com relíquias de hastingsite, envolvendo-a. Note-se


a presença de hastingsite. provàvelmente de uma fase tardia, preenchendo fractu ras
existentes na granada. Gnaisse gra natífero e hastingsítico, monte de Revelhos
( Arronches). AL-74. 30 X ; sem analisador.

Fig. 2 - Finos leitos ondulantes de hastingsite, óxidos de ferro e titânio, alanite,


apatite, etc., numa matriz blastomilonítica, 1 km a NE do monte das Furadas,
f) e~ nbrin~ (A rrnnrh p<:\ A M_QF\ ~() 'X . CI=>n"! .,n"l;['., ..1"", ..

S-ar putea să vă placă și