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São Paulo
2008
CARLOS HENRIQUE CORONADO SENA
Área de Concentração:
Engenharia Automotiva
Orientador:
Prof. Dr. Deniol Katsuki Tanaka
São Paulo
2008
FICHA CATALOGRÁFICA
Agradeço o Professor Deniol Katsuki Tanaka pela orientação nesse trabalho, pela
compreensão e paciência em meus longos períodos de ausência e por confiar em
minha pessoa na realização desse projeto.
Ao João Pavan por proporcionar-me a oportunidade de efetuar o mestrado e dedicar
parte do meu tempo na empresa à realização de atividades vinculadas à pós-
graduação.
À Engenharia Experimental da EATON que me disponibilizou espaço, ferramentas,
técnicos e principalmente dedicação para que a conclusão desse trabalho fosse
possível.
Ao Marcos Perceguetti que destinou grande parte de seu tempo a esse projeto e que
dedicou especial atenção ao difícil (quase insolúvel) problema de ruído nos
sensores.
Sou grato ao Josevaldo Fernandez, meu mentor no assunto sincronizadores e
transmissões.
Agradeço também ao João Bosco pelas vezes em que me aturou como passageiro
nas diversas idas e vindas de Valinhos à São Paulo.
Ao Marcelo, Gerson e Paulo da Ciani & Damo que foram fundamentais na
construção da bancada de testes. Especialmente ao Paulo, que tornou físico e
palpável uma idéia que estava no papel.
Ao Enrique, William, Alessandro e Bruno da Setup pela ajuda com os itens de
controle e lógica de programação.
Aos professores desse mestrado que me ofereceram conceitos e ensinamentos não
só profissionais como também de vida.
Aos meus colegas de classe pelo suporte na realização desse mestrado, tanto no
apoio à dissertação, quanto na paciência em me escutar diversas vezes falando
sobre transmissões automotivas nas apresentações em sala de aula.
Agradeço à minha família (meus pais José Carlos e Dulce, meu irmão José Augusto
e minha companheira Fernanda) pelo apoio constante e incondicional à realização e
conclusão desse mestrado e de mais uma etapa em minha vida.
Finalmente, agradeço a todos aqueles que me apoiaram nesse trabalho e que por
descuido de minha memória não foram citados.
EPÍGRAFE
The aim of this work consisted in the design and construction of a test machine
capable of evaluating the friction and wear behaviour of synchronizer rings from
automotive transmissions. Differently from conventional approach, found in test rigs
available on the market, the proposed bench doesn’t press the synchronizer ring in
order to brake or to accelerate a rotating inertial mass, just reproducing the operation
of synchronization system inside transmission. On the contrary, in this project the
synchronizer ring is constantly pressed against synchronizer cone and it stays in
friction during whole trial. Besides, the specimen used for tests is from a segment of
a real synchronizer ring. This approach allows that metallurgical and dimensional
variations inherent to the manufacturing process to be minimized between the
specimens drawn from the same synchronizer ring. Preliminary trials were carried out
and the wear of tested specimens was compared to the wear of synchronizer rings
assessed in shifting test rigs and vehicle. Although to be necessary some calibration
adjustments, improvements in the control system used in the actuator and in the
lubrication system, the proposed bench was shown capable to reproduce the wear
mechanism of synchronizer ring friction surface.
Keywords: Friction and wear. Synchronizer rings. Test rig. Automotive transmission.
9
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................12
2 MOTIVAÇÃO .....................................................................................17
3 CONTEXTUALIZAÇÃO .....................................................................18
4 JUSTIFICATIVA.................................................................................32
8 TESTE DA BANCADA.....................................................................104
9 RESULTADOS ................................................................................107
11 CONCLUSÕES.............................................................................134
REFERÊNCIAS .....................................................................................136
1 INTRODUÇÃO
2 MOTIVAÇÃO
A motivação pessoal para a realização desse projeto de mestrado pode ser dividida
em duas categorias: profissional e particular.
Do ponto de vista profissional, o interesse partiu tanto do Candidato quanto do
Departamento de Desenvolvimento de novos produtos da EATON (onde o
Candidato desenvolve as atividades profissionais) ao identificar a carência de
equipamentos de testes versáteis, da área experimental, para a validação e o estudo
tribológico de anéis sincronizadores. O desenvolvimento de um equipamento com as
características pretendidas permitirá uma aceleração no desenvolvimento de novos
anéis, avaliando o comportamento de materiais, influência da geometria e das
condições operacionais, obtendo resultados de ensaios em tempos
significativamente menores quando comparados com os atualmente disponíveis.
Sob a óptica pessoal, a realização do Mestrado propiciou um amadurecimento
científico e tecnológico, além de ter permitido maior aprendizado sobre o atrito, o
desgaste e também de projeto de máquinas, fundamentais para o aperfeiçoamento
do conhecimento e alavancagem das competências para a função de engenheiro de
desenvolvimento de produto.
18
3 CONTEXTUALIZAÇÃO
Figura 1 – Esquema da transmissão patenteada por Watt (Lechner e Naunheimer, 1999. p. 13)
19
Chanfros para
facilitar o engate
Figura 2 - Peças de uma transmissão não sincronizada: à esquerda, uma engrenagem e à direita,
uma luva de engate
Tanto McCord (1986), quanto Ore et al. (1995) dizem que os dois principais tipos de
sincronizadores são: o tipo pino (Figura 3 e 4) e o tipo lamela (Figura 5 e 6).
22
Dentado de engate
Figura 4 - Vista em corte e componentes do sincronizador tipo pino (Ore et al., 1995. p.3)
Cubo
Cone sincronizador
Figura 6 - Vista em corte e componentes do sincronizador tipo lamela (Ore et al., 1995. p.3)
alinhados com o dentado do anel sincronizador (Figura 10). Para que o giro
de indexação ocorra, é fundamental que as estrias da luva de engate não
estejam em contato com o dentado do anel sincronizador, pois se isso
acontecer a indexação não é realizada.
Anel sincronizador
desindexado
Anel sincronizador
indexado
Figura 12 - Representação esquemática das forças axial e normal na superfície cônica de atrito
FA
FN (1)
sen
Onde:
4 JUSTIFICATIVA
Figura 17 - Tendência do torque dos motores e da temperatura do óleo para ônibus articulados
(Schmidt, 2007)
5 TIPOS DE FALHAS
Garfos de Engate
Luva de Engate
(Dentado)
Varões de Engate
Luva de Engate
(Rampas da Lamela) Alavanca Interna
Engates
Lamela
Torre de Controle
Patim do Garfo
Varões de Engate
(Apoio nos Mancais)
Varões de Engate
(Rampas dos Posicionadores)
Pinos e Posicionadores
Cubo Sincronizador
Alavanca Interna
Os dois itens destacados em azul são aqueles avaliados na bancada proposta neste
trabalho. Todos os demais não são testados nela, por isso o intuito dessa máquina
38
Este é o principal modo de falha que a bancada de testes proposta neste trabalho se
propõe a analisar.
Normalmente, esse tipo de falha ocorre após a vida projetada da transmissão,
mesmo com o veículo operando adequadamente e dentro das condições normais de
uso. Assim, é o modo de falha diretamente relacionado com a vida da sincronização.
Quando ocorre esse tipo de falha, o efeito percebido é a raspagem de marcha, a
qual pode ser causada tanto por falta de curso axial do anel sincronizador, devido à
magnitude do desgaste, quanto por falta de capacidade de frenagem devido à queda
no atrito. Neste último caso, ainda existe o curso axial disponível para o anel.
A Figura 19 apresenta a crista do filete de rosca de um anel sincronizador de latão
que falhou por perda no coeficiente de atrito em teste de durabilidade de
sincronização.
Fina largura da
crista da rosca
Aumento na
largura da crista
largura da crista;
passo da rosca;
perfil do rasgo de escoamento de óleo;
largura do anel sincronizador;
rugosidade na superfície do cone da engrenagem;
ondulação na superfície do cone da engrenagem;
circularidade na superfície do cone da engrenagem;
tolerância do ângulo do cone da engrenagem.
Podem ser parâmetros metalúrgicos:
material da superfície de atrito do anel sincronizador;
material do cone da engrenagem;
tratamento térmico do cone da engrenagem;
dureza da superfície do cone da engrenagem.
Ou ainda parâmetros de lubrificação:
tipo de óleo;
temperatura do óleo;
aditivos do óleo;
viscosidade do óleo.
Este tipo de falha, por não ser de natureza tribológica, foge aos objetivos do
equipamento proposto neste trabalho. No entanto, por se tratar de uma falha que
ocorre nos anéis sincronizadores será descrita a seguir.
Normalmente, esse tipo de falha é ocasionado por subdimensionamento do anel, por
problemas no material, por não atendimento à geometria especificada em desenho
ou por sobrecarga devido uso inadequado da transmissão durante a troca de
marcha.
O resultado imediato após a ocorrência dessa falha é a raspagem de marcha, pois a
capacidade de aplicação de torque de atrito é prejudicada e o sistema de
41
O outro modo de falha por amassamento ocorre quando a vibração torcional oriunda
do motor do veículo não é devidamente amortecida pela embreagem. Essa vibração
faz com que todos os componentes internos da transmissão, inclusive os conjuntos
sincronizadores, vibrem radialmente. Dependendo da amplitude e da freqüência de
vibração, os anéis sincronizadores sofrem esmagamento na região de indexação,
conforme mostrado na Figura 29.
Figura 30 - Classificação dos ensaios tribológicos lubrificados conforme norma DIN 50322 (Mang e
Dresel, 2007)
Figura 31 - Disposição das marchas de uma pick-up equipada com transmissão de 5 marchas
As bancadas de engate em linha (Figura 32) permitem que a força, aplicada por um
sistema pneumático, seja ajustada conforme solicitação e teste desejado. Além
disso, a rotação e o disco de inércia, o qual representa o disco de embreagem do
veículo, podem também ser ajustados de acordo.
49
Essa bancada foi desenvolvida pela Hürth Company em parceria com o Centro de
Pesquisa de Engrenagens (FZG) da Universidade de Munique na Alemanha.
Atualmente é comercializada pela ZF em Passau (Alemanha), empresa fabricante de
transmissões automotivas.
Os testes realizados nesse equipamento seguem principalmente a Norma Técnica
CEC L-66-T-99, do Co-ordinating European Council, uma organização privada
responsável pelo desenvolvimento de procedimentos de testes para a indústria
automotiva, destinada notadamente para testes relacionados com lubrificação de
transmissões ou de motores.
Essa máquina utiliza um conjunto sincronizador completo para avaliar o
desempenho de anéis sincronizadores, ou seja, dentro do receptáculo de teste
existe: uma luva de engate, um cubo, duas engrenagens, dois cones
sincronizadores, um garfo de engate e dois ou mais anéis sincronizadores conforme
a configuração de sincronização empregada (cone simples, duplo cone ou triplo
cone).
53
Figura 36 - Tendência do coeficiente de atrito ao longo de um ciclo de pressão x rotação (Sigl et al.,
2003)
55
6.2.2 µ-Comp
Este equipamento está disponível em duas versões, uma tradicional e outra para
caminhões e pode ser vista na (Figura 39).
É uma máquina de teste de sincronizadores que foi desenvolvida pela Höerbiger
(fabricante de anéis sincronizadores) de Schongau na Alemanha (MANG e DRESEL,
2007).
Diferentemente da FZG SSP 180, que avalia tanto uma subida de marcha quanto
uma descida, essa bancada avalia somente subida de marcha, ou seja, o anel
57
Figura 42 - Resultado gráfico da bancada µ-Comp para um único engate (HOTLINE, 2006)
Figura 43 - Máquina de testes SAE No.2 comercializada pela Automax (Automax, 2008)
A ETSm (Expertise Technology & Services) que hoje faz parte do grupo D2T, é um
laboratório francês independente que realiza pesquisas na área de trem-de-força.
O equipamento denominado de ETSm Synchronizer Friction Machine (Figura 44), foi
desenvolvido com a substituição do motor elétrico original da SAE No. 2. Essa
modificação foi necessária, pois a inércia do motor elétrico original era alta demais
para representar a inércia real de trabalho de uma transmissão mecânica manual
(BOUFFET, 2004).
61
Criada pela empresa Falex Corporation dos Estados Unidos, essa máquina de
testes (Figura 45) possibilita o estudo tribológico do desgaste em condições de atrito
deslizante lubrificado ou não. Essa bancada aplica uma carga normal sobre um
bloco retangular que se encontra em contato com um anel em rotação constante ou
em movimento oscilante. Tanto o bloco quanto o anel podem ser confinados em uma
62
Figura 49 - Diferença entre o anel sincronizador de produção (com fita de fibra de carbono) e o anel
sincronizador utilizado durante o desenvolvimento da bancada (com rosca)
Esta escolha foi feita por dois motivos: primeiro devido à facilidade em se conseguir
exemplares do contra-corpo (eixo piloto) dado à elevada demanda dessa
transmissão e segundo, devido o desconhecimento do comportamento da fita de
fibra de carbono diante da segmentação do anel sincronizador.
Assim, os corpos-de-prova utilizados no desenvolvimento da bancada possuem um
diâmetro médio da superfície de atrito de 90 mm e correspondem a 1/6 do anel
sincronizador (Figura 50).
68
I 1
E sen R 2 TD
tS (2)
FA
RALAV d RC
69
Onde:
FA - força aplicada na manopla de engate [N]
E - eficiência do sistema de controle da transmissão
α - ângulo da superfície cônica de atrito [graus]
IR - inércia refletida das peças girantes que são freadas ou aceleradas
durante a sincronização [kg.m²]
ω2 - velocidade angular do cone sincronizador imediatamente depois da
sincronização [rad/s]
ω1 - velocidade angular do cone sincronizador imediatamente antes da
sincronização [rad/s]
ts - duração da sincronização [s]
TD - torque devido o arrasto do óleo [N.m]
RALAV - relação de alavanca do sistema de controle
µd - coeficiente de atrito dinâmico
RC - raio médio da superfície cônica [m]
Figura 51 - Gráfico da medição objetiva do esforço de engate durante uma troca de marcha de 4ª
para 5ª
70
Para determinar qual é a maior força tangencial (de atrito), é fundamental conhecer
quais os parâmetros que afetam diretamente a formação dessa força. Esses
parâmetros estão representados na Equação 6 a seguir deduzida.
FL d RC
TC (3)
sen
TC FT RC (4)
Onde:
FL d RC
FT (5)
RC sen
FL d
FT (6)
sen
FL 490 N
d 0,22
Conforme dito no capítulo 7.2.2, o maior diâmetro médio de cone é 93 mm. Assim:
RC 46,5 103 m
6 graus
490,5 0,22
FT 1031,3 N 105kgf
sen6
7.2.5 Rotação
Para a rotação foi assumido que o valor mínimo de teste fosse 2 Hz (120 rpm), com
um valor máximo de 100 Hz (6000 rpm). Apesar de atualmente nenhum veículo que
emprega uma transmissão leve seja capaz de atingir 6000 rpm de rotação diferencial
73
entre uma marcha e outra subseqüente, foi assumido esse valor, pois se pretende
avaliar, durante os ensaios, não só a aceleração da força, mas também da rotação.
Guia linear
Corpo-de-prova
Base intermediária
Porta-amostra
7.3.2 Contra-corpo
Flange
Parafuso
M12
Rebaixo
Figura 58 - Rebaixo no eixo de acionamento principal para evitar o giro do contra-corpo durante a
fixação do mesmo
A aplicação de carga axial sobre a amostra é realizada por um cilindro elétrico servo
dirigido da Parker (Figura 59). O modelo escolhido para atender o requisito de força
máxima (50 kgf) foi o ET032B08; capaz de fornecer até 600 N. A Figura 60 mostra
detalhes da etiqueta do cilindro elétrico.
O curso escolhido para o cilindro foi de 150 mm.
79
Conforme pode ser visto na Figura 59, o corpo do cilindro não se encontra fixado à
parede frontal da câmara de ensaio. A fixação do cilindro é feita através de um
suporte (Figura 61) que pode ser ajustado verticalmente, por meio de uma placa
espaçadora (Figura 62), de acordo com o diâmetro da amostra de anel sincronizador
a ser testada.
80
Fixação do cilindro
elétrico ao suporte
Placa espaçadora
Guias longitudinais
Guia transversal
Mancal principal
2 TC n
PM (7)
60
Onde:
2 FL d RC n
PM (8)
60 sen
Onde:
Assim a máxima potência que o motor deve ser capaz de oferecer para atender às
condições extremas de teste determinadas anteriormente a 6000 rpm é:
O motor elétrico selecionado para oferecer rotação para essa bancada foi um WEG
trifásico, modelo IP55 (Figura 67).
85
Conforme pode ser visto, a máxima rotação do motor é de 1775 rpm. Valor que está
aquém dos desejados 6000 rpm. Para suprir essa deficiência, foi projetado um
sistema de polias e correias (Figura 68) de forma a amplificar a rotação até esse
máximo valor.
O controle do motor elétrico é feito por um inversor modelo TOSVERT VF-PS1 da
Toshiba.
86
Com curso máximo de 100 mm, o encoder linear escolhido para medir o
deslocamento axial do porta-amostra ao longo do ensaio foi o KA-300 da KALATEC.
Esse equipamento possui resolução de 1 µm.
A Figura 72 mostra a posição de montagem do encoder linear.
Encoder
linear
Abertura para
saída de gases
O foto sensor do encoder encontra-se montado sobre uma guia linear de esferas
recirculantes da THK, modelo SSR 20 XW (Figura 74).
Guia linear
Esse sensor capta as variações do campo magnético gerada pelo rotor dentado à
medida que o eixo gira. Para realizar essa medição, foi escolhido o sensor da
AYRESTECH, cuja faixa de trabalho é de 200 a 12.000 Hz.
91
Para garantir alta rigidez e suporte aos mancais e à câmara de testes e seus
agregados, é utilizado uma chapa de aço (SAE 1020) de 35 mm de espessura com
1.260 mm de comprimento por 800 mm de largura (Figura 79).
Tampa de acrílico na
porta frontal
Mesa da bancada
Para suportar essa mesa e todos os componentes e sistemas em cima dela, existe
uma estrutura treliçada de alumínio (Figura 80) formada por perfis retangulares de
40 x 80 mm e perfis quadrados de 80 x 80 mm. Essa estrutura também sustenta o
motor elétrico com massa aproximada de 250 kg.
93
Esse sistema é constituído por um volante de três raios com cabo giratório da
MERKBAK (modelo V3R140+C), duas guias de precisão da RPL (modelo EP-30),
um eixo central roscado, dois mancais, dois suportes para os mancais, uma guia
deslizante e um eixo-flange para as polias, conforme mostrado na Figura 82.
Conforme dito no capítulo 7.3.6, com o objetivo de amplificar a rotação do motor, foi
projetado um sistema de polias constituído por dois pares de multiplicação. Contudo,
esse sistema foi concebido não só para amplificar como também para reduzir a
rotação do motor, de forma a permitir maior precisão de controle sobre o giro do
contra-corpo à baixa rotação.
95
Polias do eixo de
acionamento
Polias do
esticador
Polias do
motor
Figura 83 - Disposição espacial das polias
A câmara de testes foi projetada de forma a permitir abertura pelos dois lados,
visando facilitar o acesso de manuseio e manutenção da bancada (Figura 84).
As portas laterais são leves (fabricadas em alumínio) e fáceis de abrir e fechar, pois
o travamento é realizado através de dois manípulos (Figura 85), que não requerem o
uso de ferramentas como chave de fenda e chave de boca.
As portas laterais ainda possuem uma tampa acrílica em seu centro para que o
interior da câmara de testes seja visualizado durante os ensaios (Figura 79).
As outras duas paredes verticais são fixas e formam o suporte para todo o sistema
de: aplicação de carga, porta-amostra e encoder linear.
Além da preocupação com as paredes laterais, na parte superior da câmara, tomou-
se o cuidado de proteger o encoder linear de eventuais resíduos (detritos do corpo-
de-prova e óleo) advindos da interface de teste. Ainda, foi deixada uma abertura na
parte superior (Figura 72) para que gases oriundos do ensaio tenham saída livre e
possam, então, ser sugados pelo sistema de exaustão da sala de testes onde se
encontra a bancada.
Tubo coletor
Reservatório de óleo
Mangueira flexível
Furo de drenagem
O software para controle da bancada (Figura 93) foi desenvolvido pensando-se não
somente no controle do atuador e na forma de coleta e registro dos dados dos
sensores, mas também na versatilidade operacional e no controle de acesso dos
usuários. Dessa forma, os seguintes recursos foram disponibilizados:
controle de acesso dos usuários, com três níveis hierárquicos, através de
senha pessoal;
o nível 1 – usuário/operador – não pode editar o código fonte, nem os
testes cadastrados
o nível 2 – administrador – não pode editar o código fonte, mas é
permitido cadastrar e editar os testes
o nível 3 – programador – acesso ilimitado a todos os recursos
operação da bancada em modo manual e automático (Figura 94);
o no modo manual, parâmetros como rotação e força podem ser
modificados durante o decorrer do ensaio
o no modo automático, somente testes cadastrados podem ser
executados e mudanças no decorrer do ensaio não são permitidas
visualização de gráficos com os dados dos sensores em tempo real ou
através de histórico;
gravação dos dados colhidos em formato texto, facilitando a exportação para
outros softwares e reduzindo o tamanho do arquivo;
registro de todas as operações realizadas pelo usuário;
relatório de alarmes e panes durante o ensaio;
botão de emergência.
103
8 TESTE DA BANCADA
Para os corpos-de-prova #1 e #2, tentou-se manter o tempo de ensaio por volta dos
30 minutos. Ainda não está implementado no software de controle um critério de
parada de teste baseado no tempo.
Para o corpo-de-prova #3, dobrou-se a duração do ensaio, porém mantendo as
mesmas condições de rotação e carga aplicadas no corpo-de-prova #2 (Tabela 4).
Nos três ensaios foi aplicado lubrificante Texamatic 7045E na interface de atrito
entre a contra-peça e o corpo-de-prova.
Durante os testes, a gravação dos dados dos sensores é feita a cada segundo,
porém o controle é realizado a cada milissegundo. Isso é feito para poupar memória
e processamento do computador.
O capítulo seguinte apresenta os resultados destes três ensaios.
107
9 RESULTADOS
Figura 100 - Crista do filete de rosca da superfície de atrito externa - Anel de referência #2
Figura 101 - Crista do filete de rosca da superfície de atrito interna - Anel de referência #2
113
448
446
444
442
440
438
436
434
432
430
[hs]
0
0
30
30
30
30
30
30
0
0
0
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
0:
5:
6:
7:
1:
2:
5
8
7
0
:4
:4
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:0
:0
:4
:4
:4
:5
:5
:5
:5
:0
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
12
12
12
11
11
A Tabela 11 exibe outros dados sobre a rotação do cone para o corpo-de-prova #1.
50
40
30
20
10
0
[hs]
0
30
30
30
30
30
30
0
0
0
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
9:
0:
5:
6:
1:
2:
5
7
7
0
:4
:4
:4
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:0
:0
:4
:4
:5
:5
:5
:5
:0
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
12
12
12
11
11
11
Figura 106 - Força axial - Corpo-de-prova #1
A Tabela 12 exibe outros dados sobre a força axial para o corpo-de-prova #1.
40
20
-20
-40
-60
[hs]
30
30
30
30
30
30
30
30
0
0
0
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
6:
7:
8:
9:
1:
2:
3:
4:
5
2
:4
:4
:4
:4
:4
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:0
:0
:0
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
12
12
12
A Tabela 13 exibe outros dados sobre a força tangencial para o corpo-de-prova #1.
117
27,5
27,0
26,5
26,0
25,5
25,0
[hs]
30
30
30
30
30
30
30
0
0
0
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
6:
7:
8:
9:
0:
1:
2:
5
2
:4
:4
:4
:4
:4
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:0
:0
:0
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
12
12
12
Figura 108 - Temperatura do óleo - Corpo-de-prova #1
Coeficiente de atrito
1,80
1,60
1,40
1,20
1,00
0,80
0,60
0,40
0,20
0,00
-0,20
[hs]
30
30
30
30
30
30
30
0
0
0
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
:3
6:
7:
8:
9:
0:
1:
2:
5
2
:4
:4
:4
:4
:4
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:0
:0
:0
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
11
12
12
12
Figura 109 - Coeficiente de atrito - Corpo-de-prova #1
As Figuras 110 e 111 mostram como ficou a superfície de atrito após o teste.
As Figuras 112, 113, 114, 115, 116 e 117 apresentam os resultados gráficos dos
parâmetros medidos durante o ensaio.
885
880
875
870
865
860
[hs]
55
55
55
55
5
5
55
55
5
5
5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
7:
9:
1:
3:
7:
9:
5
5
5
7
:5
:5
:5
:0
:0
:1
:1
:1
:1
:0
:0
:0
:1
:2
:2
:2
:2
14
14
14
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
A Tabela 17 exibe outros dados sobre a rotação do cone para o corpo-de-prova #2.
121
90
80
70
60
50
40
30
20
[hs]
5
55
55
55
55
5
5
5
5
5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
3:
5:
1:
5:
5
7
7
7
:5
:0
:0
:0
:1
:1
:2
:5
:5
:0
:0
:1
:1
:1
:2
:2
:2
14
14
14
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
Figura 113 - Força axial - Corpo-de-prova #2
A Tabela 18 exibe outros dados sobre a força axial para o corpo-de-prova #2.
20
-20
-40
-60
-80
-100
[hs]
55
55
55
55
55
55
55
5
5
5
5
5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
:5
7:
3:
5:
1:
7:
9:
5:
5
5
9
7
:5
:5
:0
:0
:0
:1
:1
:1
:1
:2
:5
:0
:0
:1
:2
:2
:2
14
14
14
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
Figura 114 - Força tangencial - Corpo-de-prova #2
A Tabela 19 exibe outros dados sobre a força tangencial para o corpo-de-prova #2.
30,5
30,0
29,5
29,0
28,5
28,0
27,5
27,0
[hs]
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
5:
9:
3:
3:
7:
7:
9:
1:
3:
7:
1:
5:
7:
9:
1:
5:
5:
:5
:5
:0
:0
:0
:0
:1
:1
:2
:2
:2
:5
:0
:1
:1
:1
:2
14
14
14
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
Coeficiente de atrito
0,10
0,05
0,00
-0,05
-0,10
-0,15
-0,20
[hs]
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
55
5:
9:
3:
3:
7:
7:
9:
1:
3:
7:
1:
5:
7:
9:
1:
5:
5:
:5
:5
:0
:0
:0
:0
:1
:1
:2
:2
:2
:5
:0
:1
:1
:1
:2
14
14
14
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
15
0,0
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
-1,0
5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 [hs]
:5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5 :5
:55 :57 :59 :01 :03 :05 :07 :09 :11 :13 :15 :17 :19 :21 :23 :25 :27
1 4 14 1 4 15 1 5 1 5 1 5 1 5 15 1 5 1 5 15 1 5 1 5 1 5 1 5 15
As Figuras 118 e 119 mostram como ficou a superfície de atrito após o teste.
As Figuras 120, 121, 122, 123, 124 e 125 apresentam os resultados gráficos dos
parâmetros medidos durante o ensaio.
885
880
875
870
865
860
[hs]
5
25
25
25
5
25
25
5
5
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
7:
3:
7:
9:
3:
3
3
1
5
:0
:0
:2
:2
:4
:4
:5
:0
:1
:1
:1
:3
:3
:3
:5
:5
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
17
16
16
A Tabela 24 exibe outros dados sobre a rotação do cone para o corpo-de-prova #3.
127
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
[hs]
25
25
25
25
25
25
5
5
5
5
5
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
7:
3:
7:
5:
7:
5:
3
3
1
9
:0
:0
:1
:2
:2
:3
:4
:5
:0
:1
:1
:3
:3
:4
:5
:5
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
17
16
16
16
A Tabela 25 exibe outros dados sobre a força axial para o corpo-de-prova #3.
50
30
10
-10
-30
-50
-70
-90
-110
[hs]
25
25
25
25
25
25
5
5
5
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
:2
7:
5:
7:
5:
7:
5:
3
3
9
9
:0
:0
:1
:1
:2
:2
:3
:4
:4
:5
:0
:1
:3
:3
:5
:5
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
17
Figura 122 - Força tangencial - Corpo-de-prova #3
A Tabela 26 exibe outros dados sobre a força tangencial para o corpo-de-prova #3.
34,5
34,0
33,5
33,0
32,5
32,0
31,5
31,0
[hs]
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
5:
7:
7:
3:
1:
9:
3:
7:
1:
5:
9:
3:
1:
9:
5:
3:
:0
:1
:2
:3
:4
:5
:0
:1
:1
:2
:3
:3
:4
:5
:5
:0
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
17
16
16
16
Coeficiente de atrito
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
-0,05
-0,10
-0,15
-0,20
[hs]
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
25
5:
7:
9:
7:
9:
3:
1:
9:
3:
7:
1:
5:
3:
1:
5:
3:
:0
:1
:2
:3
:4
:5
:0
:1
:1
:2
:3
:3
:4
:5
:5
:0
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
16
17
16
16
16
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
-0,6
-0,7
-0,8
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5
:2
5 [hs]
:03 :07 :11 :15 :19 :23 :27 :31 :35 :39 :43 :47 :51 :55 :59 :03
1 6 16 1 6 1 6 1 6 16 1 6 1 6 16 16 1 6 1 6 16 16 1 6 1 7
padrão) está muito elevada. Esse comportamento faz com que a força
tangencial também varie bastante e isso é resultado do controle proporcional
utilizado na correção da força axial. A correção está muito acentuada e isso
causa a grande oscilação observada no gráfico de força dos três corpos-de-
prova.
Nota-se que é necessário calibrar a rotação do motor elétrico, pois sua média
está de 3 a 4 rpm acima do valor programado para os ensaios.
10 LIMITAÇÕES DO PROJETO
11 CONCLUSÕES
O efeito da dilatação térmica é outro ponto que requer mais pesquisa, pois,
dada a sensibilidade do encoder linear (1µm de resolução), o aquecimento
dos componentes próximos a interface de atrito e conseqüentemente a
dilatação dos mesmos, afeta o valor de desgaste axial mensurado pela régua
óptica.
Referências
MANG, T.; DRESEL, W. Lubricants and lubrication. 2nd ed. Weinheim: Wiley-VCH,
2007. 850 p.