Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
a. 177
n. 470
jan./mar.
2016
INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO
DIRETORIA – (2015-2016)
Presidente: Arno Wehling
1º Vice-Presidente: Victorino Chermont de Miranda
2º Vice-Presidente: Affonso Arinos de Melo Franco
3º Vice-Presidente: José Arthur Rios
1º Secretário: Cybelle Moreira de Ipanema
2º Secretário: Maria de Lourdes Viana Lyra
Tesoureiro: Fernando Tasso Fragoso Pires
Orador: Alberto da Costa e Silva
CONSELHO FISCAL
Membros Efetivos: Antonio Gomes da Costa, Marilda Correia Ciri-
belli.
Membros Suplentes: Marcos Guimarães Sanches, Pedro Carlos da Silva Telles,
Roberto Cavalcanti de Albuquerque
CONSELHO CONSULTIVO
Membros nomeados: Antonio Gomes da Costa, Carlos Wehrs, Célio Borja,
Evaristo de Moraes Filho, Helio Leoncio Martins, João
Hermes Pereira de Araújo, José Pedro Pinto Esposel, Luiz
de Castro Souza, Miridan Britto Falci e Vasco Mariz
DIRETORIAS ADJUNTAS
Arquivo: Jaime Antunes da Silva
Biblioteca: Claudio Aguiar
Cursos: Antonio Celso Alves Pereira
Iconografia: D. João de Orleans e Bragança e Pedro K. Vasquez (subdiretor)
Informática e Dissem. da Informação: Esther Caldas Bertoletti
Museu: Carlos Eduardo de Almeida Barata (pro tempore)
Patrimônio: Guilherme de Andrea Frota
Projetos Especiais: Mary del Priore
Relações Externas: Maria da Conceição Beltrão
Relações Institucionais: João Mauricio de A. Pinho
Coordenador da CEPHAS: Maria de Lourdes Viana Lyra e Lucia Maria Paschoal
Guimarães (subcoord.)
Editor do Noticiário: Victorino Chermont de Miranda
COMISSÕES PERMANENTES
ADMISSÃO DE SÓCIOS: CIÊNCIAS SOCIAIS: ESTATUTO:
Alberto da Costa e Silva Antônio Celso Alves Pereira Affonso Arinos de Mello Franco
Alberto Venancio Filho Cândido Mendes de Almeida Alberto Venancio Filho
Carlos Wehrs Helio Jaguaribe de Matos Célio Borja
Fernando Tasso Fragoso Pires José Murilo de Carvalho João Maurício A. Pinho
José Arthur Rios Maria da Conceição de M. Cou- Victorino Chermont de Miranda
tinho Beltrão
GEOGRAFIA: HISTÓRIA: PATRIMÔNIO:
Armando de Senna Bittencourt Eduardo Silva Afonso Celso Villela de Carvalho
Miridan Britto Falci Guilherme de Andrea Frota Antonio Izaías da Costa Abreu
Vera Lúcia Cabana de Andrade Lucia Maria Paschoal Guimarães Claudio Moreira Bento
Marcos Guimarães Sanches Fernando Tasso Fragoso Pires
Maria de Lourdes Vianna Lyra Roberto Cavalcanti de Albu-
querque
REVISTA
DO
INSTITUTO HISTÓRICO
E
GEOGRÁFICO BRASILEIRO
Hoc facit, ut longos durent bene gesta per annos.
Et possint sera posteritate frui.
Indexada por/Indexed by
Ulrich’s International Periodicals Directory – Handbook of Latin American Studies (HLAS) –
Sumários Correntes Brasileiros
Correspondência:
Rev. IHGB – Av. Augusto Severo, 8-10º andar – Glória – CEP: 20021-040 – Rio de Janeiro – RJ – Brasil
Fone/fax. (21) 2509-5107 / 2252-4430 / 2224-7338
e-mail: revista@ihgb.org.br home page: www.ihgb.org.br
© Copright by IHGB
Tiragem: 700 exemplares
Impresso no Brasil – Printed in Brazil
Revisora: Denise Scofano Moura
Secretária da Revista: Tupiara Machareth
Trimestral
ISSN 0101-4366
Ind.: T. 1 (1839) – n. 399 (1998) em ano 159, n. 400. – Ind.: n. 401 (1998) – 449 (2010) em n. 450
(2011)
N. 408: Anais do Simpósio Momentos Fundadores da Formação Nacional. – N. 427: Inventá-
rio analítico da documentação colonial portuguesa na África, Ásia e Oceania integrante do acervo
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro / coord. Regina Maria Martins Pereira Wanderley
– N. 432: Colóquio Luso-Brasileiro de História. O Rio de Janeiro Colonial. 22 a 26 de maio de 2006.
– N. 436: Curso - 1808 - Transformação do Brasil: de Colônia a Reino e Império.
CONSELHO CONSULTIVO
Amado Cervo – UnB – Brasília – DF – Brasil
Aniello Angelo Avella – Universidade de Roma Tor Vergata – Roma – Itália
Antonio Manuel Botelho Hespanha – UNL – Lisboa – Portugal
Edivaldo Machado Boaventura – UFBA e UNIFACS – Salvador – BA
Fernando Camargo – UFPEL – Pelotas – RS – Brasil
Geraldo Mártires Coelho – UFPA – Belém – PA
José Octavio Arruda Mello – UFPB – João Pessoa – PB
José Marques – UP – Porto – Portugal
Junia Ferreira Furtado – UFMG – Belo Horizonte – MG – Brasil
Leslie Bethell – Universidade Oxford – Oxford – Inglaterra
Márcia Elisa de Campos Graf – UFPR – Curitiba – PR
Marcus Joaquim Maciel de Carvalho – UFPE – Recife – PE
Maria Beatriz Nizza da Silva – USP – São Paulo – SP
Maria Luiza Marcilio – USP – São Paulo – SP
Nestor Goulart Reis Filho – USP – São Paulo – SP – Brasil
Renato Pinto Venâncio – UFOP – Ouro Preto – MG – Brasil
Stuart Schwartz – Universidade de Yale – Connecticut / EUA
Victor Tau Anzoategui – UBA e CONICET – Buenos Aires – Argentina
7
Boa leitura!
15
Resumo: Abstract:
A elevação do Brasil a Reino Unido em 1815 The elevation of Brazil to United Kingdom in
evidenciou situações como a soberania do ex- 1815 evinced situations such as the sovereignty
-domínio, a integridade do país a partir do Rio of the former realm, the integrity of the country
de Janeiro, o reconhecimento jurídico de situa- originating in Rio de Janeiro, judicial recogni-
ções ocorridas a partir de 1808 e a necessida- tion of situations occurring from 1808 on and
de da igualdade de representação política entre the need for political representation to be equal
Portugal e o Brasil. O sucesso ou insucesso da between Portugal and Brazil. The success or
fórmula política dependeu da capacidade e dis- lack of success of the political formula depend-
posição das partes para conciliar os diferentes ed on the ability and willingness of the parties to
interesses das partes. reconcile their differing interests.
Palavras-chave: Antigo Regime; Poder; Esta- Keywords: Old Regime; Power; State; Justice;
do; Justiça; Soberania; Constitucionalismo. Sovereignty; Constitutionalism.
Ana Rosa Clocet da Silva, por sua vez, interroga-se se o Reino Uni-
do instituiu a unidade entre Portugal e o Brasil ou se invertera o pacto
tradicional, subordinando a antiga metrópole12.
10 – LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso Império, Rio de Janeiro: Sete
Letras, 1994.
11 – CASTRO, Zilia Osório de, Portugal-Brasil: imagens cruzadas de novos estados, in
ARRUDA, José Jobson de A. e FONSECA, Luís Adão da. (orgs.) Brasil-Portugal: Histó-
ria, agenda para o milênio, Bauru: Edusc, 2001, p. 59ss.
12 – SILVA, Ana Rosa Cloclet da. Inventando a nação. Intelectuais ilustrados e estadistas
luso-brasileiros na crise do antigo regime português (1750-1822), São Paulo: Hucitec, p.
250, 2006.
13 – SILVA, Maria Beatriz Nizza da. D. João, príncipe e rei no Brasil, Lisboa: Horizonte,
2008, p. 73-75.
32 – Apud OLTRA, Joaquin. y SAMPER, Maria Angeles Perez. El conde de Aranda y los
Estados Unidos, Barcelona, Península, 1987, p. 84.
política inglesa. O rei Jorge III o demitiu no ano seguinte e a união consis-
tiu numa absorção, com prolongados efeitos negativos até o século XX35.
A “perfeita união e identidade”, por sua vez, não se aplicava aos vas-
salos, mas os beneficiava. Há aí uma sutileza jurídica, pois do ponto de
vista civil os súditos já possuíam em tese, e também concretamente, em
algumas situações específicas, “união e igualdade”, pois poderiam arguir
para efeitos legais o estatuto de “pátria comum”, como ocorria nas “leitu-
ras de bacharéis”, concurso público de acesso à magistratura portuguesa.
A novidade jurídica que surgia era a da igualdade e identidade no âmbito
do Direito Público entre o antigo “Estado do Brasil” e o “Reino de Portu-
gal e Algarve”, com suas consequências diretas para o Brasil como ente
político e indiretas para os súditos reais que nele habitavam.
Nada mais vos falta, ó fiéis vassalos, do que fazer-vos cada vez mais
dignos das recompensas do Nosso Augusto Monarca. Se vossos ante-
cessores longo tempo não tiveram acesso, vós agora fostes promovi-
dos em grandes postos. O Novo Reino Unido vos franqueia a estrada
da honra. Os regelados dias de inverno já passaram, apareceram as
flores na nossa terra44.
50 – Idem, p. 338.
51 – Aspecto já apontado por TRIPOLI, Cesar. Op. cit, vol. II, p. 61.
(...)
53 – Gazeta do Rio de Janeiro, n. 101, de 1815.
54 – Na justa apreciação de SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A Gazeta do Rio de Janeiro
(1808-1822), Cultura e Sociedade, Rio de Janeiro: Eduerj, 2007, p. 253.
55 – Gazeta, ibidem.
56 – SANTOS, Luís Gonçalves dos. (padre Perereca), op cit, vol. II, p. 29-30.
57 – Idem, vol. II, p. 35.
58 – Idem, vol. II, p. 36ss.
Praza dos céus que esta união dos três Reinos seja indissolúvel por
muitos séculos e que os portugueses da Europa e da América, regi-
dos sempre por um só e único soberano da Real Casa de Bragança,
constituam uma única e mesma nação, ligada entre si pelos vínculos
do sangue, concorde nos interesses, firme na fé, leal ao Rei e em tudo
portuguesa61.
—
Que conclusões podemos tirar do episódio de elevação a Reino Uni-
do?
Até 1815 tinham sido tomadas medidas que deixavam para trás o
acanhado mundo colonial. Independentemente das razões que as motiva-
ram, esse foi o caso das instituições transferidas para o Brasil, como os
órgãos superiores da administração; das instituições já existentes e que
foram expandidas, como os juizados de fora e as comarcas; da legisla-
ção, em particular aquela do âmbito do Direito Público62. A tais medidas
acrescentou-se o conjunto de ações que chegou a configurar uma política
62 – WEHLING, Arno e WEHLING, Maria José. Thémis dans la monarchie des Tro-
piques (l’organisation de la justice à l’époque de D. João VI), in COUTO, Jorge (org.),
Rio de Janeiro, capitale de l’Empire portugais (1808-1821), Paris: Chandeigne, 2010, p.
219ss.
47
Resumo: Abstract:
O artigo examina a historiografia disponível This article examines available historiography
acerca da promulgação do Reino Unido de Por- about the promulgation of the United Kingdom
tugal, Brasil e Algarves. Discute e compara as of Portugal, Brazil and the Algarves. It discuss-
principais vertentes interpretativas que orientam es and compares the main interpretive aspects
a abordagem do tema no Brasil e em Portugal. that guide the way the topic is approached in
Brazil and Portugal.
Palavras-chave: Reino Unido de Portugal, Keywords: United Kingdom of Portugal, Brazil
Brasil e Algarves; historiografia luso-brasileira; and the Algarves; Luso-Brazilian historiogra-
vertentes interpretativas; período joanino. phy; interpretive aspects; Joanine period.
Silva Lisboa ainda vai mais além. Adverte que: “(...) o sistema co-
lonial cessou, com a Lei da União do Brasil ao original patrimônio da
monarquia”, e conclui a sua reflexão dialogando com João de Barros, o
cronista da expansão marítima portuguesa:
(...) Agora finalmente se verifica a imagem que o nosso historiador das
descobertas fez do primitivo Reino Lusitano comparando-o ao grão
de mostarda (da parábola do Evangelho) que depois cresceu a maior
altura de majestosa árvore4.
3 – Ver, LISBOA, José da Silva. Memória dos benefícios políticos do governo de El-Rei
Nosso Senhor d. João VI. Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1817, p. 114-115. Disponível
em http://www.brasiliana.usp.br/handle/1918/00859000#page/1/mode/1up Acesso em se-
tembro de 2015.
4 – Idem, p. 115.
17 – LUCAS, Maria Manuela. Organização do Império. In: MATOSO, José (dir.) História
de Portugal, vol.5 – O Liberalismo (coordenação de Luis Reis Torgal e João Lourenço
Roque). Lisboa: Editorial Estampa, [s.d.] p. 285-291.
18 – GUIMARÃES, Lucia Maria P. A transferência da Corte Portuguesa para o Brasil:
interpretações e linhagens historiográficas. In: MARTINS, Ismênia & MOTTA, Márcia
(orgs,). 1808 – A Corte no Brasil. Niterói: Editora da UFF, 2010, p. 68.
19 – NEVES, Lucia Maria Bastos Pereira das. Reino Unido. In: VAINFAS, Ronaldo &
NEVES, Lucia Maria Bastos Pereira das. Dicionário do Brasil Joanino. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2008, p. 386-387.
20 – Ver, PEDREIRA, Jorge & COSTA, Fernando Dores. “Novo reino para novo rei
(1815-1821). In: ____, D. João VI: um príncipe entre dois continentes. São Paulo: Com-
panhia das Letras, 2008, p. 303-340. Ver, sobretudo, a transcrição da obra de Oliveira
Lima na págima 305.
21 – WEHLING, Arno & WEHLING Maria José C. “Soberania sem independência: As-
pectos do discurso político e jurídico na proclamação do Reino Unido”. Tempo. Niterói,
no 31, p. 89-116, dezembro de 2011.
22 – Idem, p. 98.
23 – D’ARAÚJO, Ana Cristina Bartolomeu. O “Reino Unido de Brasil, Portugal e Algar-
ves” 1815-1822. Revista de História das Ideias, Coimbra, v. 14, 1992, p. 258.
Seja como for, o breve balanço historiográfico aqui exposto não es-
gota a problemática do Reino Unido. Nem o pretende. Buscou-se apenas
apontar linhagens, percursos e alguns pontos de inflexão. Até porque nes-
se congresso internacional novas abordagens certamente irão despontar,
ampliando o debate e jogando mais luz sobre o tema e questões correla-
tas. Resta, então, aguardar as novidades.
59
Resumo: Abstract:
Este artigo apresenta percursos historiográficos This article presents historiography courses of
de Manoel de Oliveira Lima e sua interpretação Manoel de Oliveira Lima and his interpretation
da passagem do Brasil a Reino Unido, expressa of the transition of Brazil to United Kingdom,
principalmente na obra D. João VI no Brasil, a the latter as expressed primarily in his text Dom
qual foi vencedora do concurso promovido pelo João VI no Brasil (John VI in Brazil), which
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro para won the competition sponsored by the Brazilian
comemorar a vinda da Corte. Historical and Geographical Institute (IHGB in
Portuguese) to commemorate the coming of the
Court to Brazil.
Palavras-chave: D. João VI; historiografia bra- Keywords: John VI; Brazilian historiography;
sileira; historiografia portuguesa; história diplo- Portuguese historiography; diplomatic history.
mática.
TRAÇOS BIOGRÁFICOS
De longa data, Oliveira Lima vem sendo biografado, em desafio ao
esquecimento provocado pelas mutações do discurso histórico. Nasceu
no Recife, em 1867, filho de comerciante português ligado pelo casamento
aos senhores de engenho de Pernambuco, e com sua família, em 1873,
transferiu-se para Lisboa, onde frequentou o Curso Superior de Letras, que
definiu sua concepção de História.
PERCURSOS HISTORIOGRÁFICOS
O discurso proferido por Oliveira Lima na ABL, durante a solenidade
de sua posse em 1903, contém a primeira sistematização de seu conceito
de História e do ofício de historiador. Ao fazer o elogio de Varnhagen, que
considerava o “mais notável” historiador brasileiro, expôs sua concepção
de História como ciência e arte2. Ressaltou a base documental da escrita
da História, que motiva a faina incansável do historiador em busca de
documentos inéditos para conhecimento/comprovação dos fatos, pois o
discurso autorizado pelas fontes documentais permite o estabelecimento
progressivo da verdade. Nada melhor do que a “serena e despreocupada
observação das hipóteses” para alcançar resultado fidedigno.
3 – Idem.
Não tendo sido um teórico, e por mais estranho que possa parecer,
suas Memórias (1938) apresentam as mais interessantes informações
acerca de sua concepção de História. Em outro texto, datado de 1904, so-
bre Robert Southey4 – que considerava o maior historiador sobre o Brasil,
apesar de estrangeiro, precursor de Varnhagen mas não suplantado por
este –, apontou os talentos necessários ao ofício de historiador: “graça,
humour, fantasia, originalidade de pensamentos”. Em 1909, outros tex-
tos seriam portadores dessa concepção, um deles sobre Teófilo Braga5,
no qual ajustou contas com a formação positivista ministrada pelo mes-
tre, na ocasião rejeitada como incômoda, por implicar regras e fórmulas
acusadas de enclausurarem o historiador ao preconizarem a “explicação
racional de tudo, uma sistematização completa do mundo”.
Permita-me dizer-lhe que não acho boa a sua ideia de não dar o D.
João VI como um livro separado, mas fazer dele um volume da sua
história da diplomacia brasileira. Esta será forçosamente especial, téc-
nica e reservada a poucos, enquanto aquele, a julgar pelo que dele co-
14 – Id., p.285.
(...) sendo, como disse, o maior sabedor das nossas tradições histó-
ricas, nunca quis o Sr. Capistrano escrever uma história do Brasil.
A empresa pareceu-lhe prematura e o resultado aleatório. Contentou-
-se, no pleno vigor da sua inteligência, com reeditar e anotar copio-
Referências bibliográficas
AMADO, G. Minha formação no Recife. Rio de Janeiro: José Olympio, 1955.
BEVILAQUA, C. Oliveira Lima: diplomata e historiador. O Estado de São
Paulo, 27 jul. 1911.
BIBLIOGRAFIA – Oliveira Lima, D. João VI no Brasil. RIHGB, Rio de Janeio,
t.72, parte 2, p.279-94.
LIMA, Manuel de Oliveira. D. João VI no Brasil. 3.ed., Rio de Janeiro: Topbooks,
1997.
____. Francisco Adolfo de Varnhagen Visconde de Porto Seguro, patrono da
cadeira do sr. Oliveira Lima, lido por este Acadêmico. Rio de Janeiro: Typ. do
Jornal do Commercio, 1903.
____. Obra seleta. (Org. Barbosa Lima Sobrinho). Rio de Janeiro: MEC-INL, 1971.
RODRIGUES, J. H. (Org.) Correspondência de Capistrano de Abreu. Rio de
Janeiro: INL, 1954, v.3,
Atas das sessões de 23 out. 1903 e 6 nov. 1903. RIHGB, Rio de Janeio, t.66, parte
I, p.269 e 275-7, 1904.
VARNHAGEN, Francisco Adolfo de. História Geral do Brasil. 8. Ed., São
Paulo: Melhoramentos, 1975.
22 – LIMA SOBRINHO, B. Op. cit., p.55.
77
A DIPLOMACIA PORTUGUESA
NO CONGRESSO DE VIENA – 1815
PORTUGUESE DIPLOMACY
AT THE CONGRESS OF VIENNA IN 1815
Antônio Celso Alves Pereira1
Resumo: Abstract:
Este artigo pretende discutir a difícil missão dos The goal of this article is to discuss the diffi-
delegados de Portugal ao Congresso de Viena cult mission of the Portuguese delegates to
de 1815. O reino de Portugal foi invadido e the Congress of Vienna in 1815. The kingdom
devastado pelas forças do imperador Napoleão of Portugal had been invaded and devastated
Bonaparte na chamada Guerra Peninsular. Pelo by the forces of emperor Napoleon Bonaparte
esforço de seu povo e em aliança com a Ingla- in the Peninsular War. With the effort of her
terra, conseguiu expulsar o exército francês in- people and in alliance with England, Portugal
vasor e, prosseguindo na luta, contribuiu para a had managed to expel the invading French army
vitória final contra Bonaparte. Apesar disso, no and, in continuing the fight, contributed to the
Congresso de Viena, reunido para resolver as final victory against Bonaparte. Nonetheless, at
questões políticas, sociais e econômicas deriva- the Congress of Vienna, which was meeting to
das dos anos de guerra contra Napoleão, Por- resolve the political, social and economic issues
tugal não recebeu, por parte da tetrarquia que resulting from the years of war against Napo-
dominou a reunião – Áustria, Inglaterra, Rússia leon, Portugal failed to receive from the tetrar-
e Prússia –, o reconhecimento desses esforços, chy of Austria, England, Russia and Prussia,
não conseguindo obter as reparações de guerra a which dominated the meeting, recognition for
que tinha direito. her efforts, and thus did not receive the repara-
tions for the war which were her right.
Palavras-chave: Guerra Peninsular; Congresso Keywords: Peninsular War; Congress of Vienna
de Viena 1815; Legitimidade. 1815; Legitimacy.
I
Ao longo da trajetória histórica da nação portuguesa, principalmente
a partir do fim da União Ibérica, em 1640, e da consequente entroniza-
ção da Casa de Bragança para reger os destinos do país, considerando a
fragilidade estrutural, notadamente a fraqueza demográfica e a debilidade
militar, contrastando com a vastidão e as potencialidades do seu império
colonial, a diplomacia lusa, compelida, desde então, a jogar na grande po-
lítica europeia sempre buscando minimizar perdas, portanto, enfrentando
grandes dificuldades, apesar de tudo, construiu uma história de compe-
tência na defesa dos interesses maiores de Portugal. Como se sabe, Por-
1 – Doutor em Direito Público. Sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasilei-
ro.
tugal mantém, até hoje, com a Inglaterra a aliança mais antiga da política
mundial, firmada pela Casa de Avis durante a crise de 1383-1385, pelo
Tratado de Windsor, e consolidada nos séculos seguintes por inúmeros
outros instrumentos diplomáticos. Além disso, no contexto das guerras
dinásticas e por conquistas territoriais no continente europeu, como tam-
bém nos territórios coloniais, o reino português foi obrigado a conviver
com a perfídia e a cobiça das alianças episódicas com outras potências
europeias. Foi essa situação que levou a rainha D. Luísa de Gusmão a
afirmar que todos os grandes Estados da Europa, aliados ou não, sem-
pre “tentavam, pela melhor maneira, tirar uma pena à asa de Portugal”2.
Assim, ao longo de sua trajetória histórica como Estado independente,
sem condições político-militares para manter a própria segurança, sempre
ameaçado de absorção pela Espanha, Portugal se viu obrigado a susten-
tar com a Inglaterra a aliança secular, fato que o impedia de, eventual e
convenientemente, declarar-se neutro no contexto da competição entre os
grandes poderes da Europa. É verdade o fato de que, em momentos de ex-
trema gravidade política, nos quais esteve em jogo a própria sobrevivên-
cia de Portugal como nação independente, por exemplo, durante a guerra
com a Espanha na Restauração e, posteriormente, durante o período em
que Napoleão dominou a política no continente europeu, a aliança inglesa
salvou o país, contudo, a um custo tão elevado, que o depauperou, de vez,
e o transformou, como afirma Oliveira Lima, em “inequívoco protetorado
da Inglaterra”3. E protetorado – diz ele – “é um eufemismo diplomático”,
“que sempre se traduziu, na linguagem real da história, por exploração;”4.
A série de tratados comerciais leoninos e de aliança ofensiva e defensiva
que construiu a secular dependência portuguesa da Inglaterra, vale lem-
brar, projetaram-se a partir do século XVII. O tratado celebrado com a
Inglaterra, em 1661, confirmava os acordos comerciais de 1642 e 1654,
altamente favoráveis aos ingleses; em 1703, com o Tratado de Methwen,
5 – Ibidem, p. 430/431.
6 – FERREIRA, Joaquim. História de Portugal. Porto: Editorial Domingos Barreira,
1951, p. 670
7 – O Tratado de Chaumont constitui-se no primeiro instrumento internacional a gravar
a expressão “Concerto Europeu”. As Partes nesse importante acordo, celebrado para es-
tabelecer aliança contra o imperador Napoleão Bonaparte – Áustria, Inglaterra, Prússia e
Rússia, comprometiam-se a envidar todos os esforços e empregar todos os recursos dans
un parfait concert. Ver, NUSSBAUM, Arthur. Historia del Derecho Internacional. Ma-
drid: Editorial Revista de Derecho Privado. s/d, p. 198.
Pela inserção do artigo 10, não entendia desistir, em nome de sua Cor-
te, do limite do Oiapoque, isto é, do rio cuja embocadura se achava
situada entre o 4º e o 5º graus de latitude setentrional.
16 – “La entera teoría política de Metternich, protagonista principal del Congreso, se pue-
de resumir en una sola palabra: equilibrio; en palabras de Nicolson: ‘en los asuntos inter-
nacionales, el equilibrio de poderes era casi un principio cósmico. Sin equilibrio. Interno
e externo no podía existir el reposo, y el reposo era esencial para la normal felicidad del
hombre”. GARABITO, Adela M. Alija. El Congreso de Viena y El “Concierto Europeo”
1814-1830. In: PEREIRA, Juan Carlos (coordinador). Historia de las relaciones interna-
cionales. Barcelona: Editorial Ariel, S. A., 2001, p. 70.
17 – Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord (1754-1838), polêmico diplomata francês,
por sua competência e notável capacidade de sobrevivência política, foi ministro das Re-
lações Exteriores do Diretório, de Napoleão, de Luis XVIII e embaixador de Luis Filipe
na Inglaterra, de 1830 a 1834.
18 – GARABITO, p. 70.
19 – Op. cit., p. 143-166.
tacar que a distinção entre “grandes e pequenas potências” foi uma no-
vidade que surgiu no Congresso de Viena, pois, até então, vigorava nas
reuniões internacionais o conceito de igualdade teórica entre todos os so-
beranos e Estados independentes, teoria que fundamentara a criação do
sistema vestfaliano de Estados e a teoria clássica da soberania.
20 – Irmão mais velho do notável geógrafo, naturalista e humanista Alexander von Hum-
boldt.
21 – Joaquim Napoleão Murat, cunhado de Bonaparte, marechal do Primeiro Império
Francês, rei de Nápoles de 1808 a 1815. Foi fuzilado em 13 de outubro de 1815, após ter
sido feito prisioneiro pelas tropas do rei napolitano Fernando I.
26 – MARTINEZ, p. 230.
27 – GOYCOCHEA, p. 233.
31 – Ibidem, p. 19.
32 – MENDONÇA, Renato. História da política exterior do Brasil – 1500-1825. México,
D. F.: Instituto Panamericano de Geografia e História, 1945, p. 83-84.
33 – Ibidem, p. 82 e 86.
34 – FREITAS, Caio. George Canning e o Brasil. Volume I. São Paulo: Companhia Edi-
tora Nacional, 1958, p. 304.
35 – Renato de Mendonça p. 84-85.
36 – Ibidem.
37 – Pelo ato, o príncipe passou a ostentar os seguintes títulos: D. João, pela Graça de
Deus Príncipe-Regente de Portugal, Brasil e Algarves, d'aquém e d'além-mar em África,
senhor da Guiné, e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e
Índia. O Reino Unido de Portugal, do Brasil e Algarves teve apenas dois soberanos: D.
Maria I e D. João VI. Com a Independência, em 1822 e, oficial e juridicamente, com a
celebração, em 29 de agosto de 1825, do Tratado de Paz, Amizade e Aliança entre D.
Pedro I, Imperador do Brasil e D. João VI, instrumento que resultou da medição de S. M.
Britânica, Portugal reconheceu o Brasil na categoria de Império independente. O Tratado
foi ratificado pelo governo imperial no mesmo dia 29 de agosto e, por parte de Portugal,
em 15 de novembro de 1825.
97
Resumo: Abstract:
O Reino Unido Brasil-Portugal foi uma eta- The Brazil-Portugal United Kingdom was a
pa breve, mas muito significativa, da original brief stage, but very significant, in the original
evolução institucional do Brasil. A maioria dos institutional evolution of Brazil. Most histori-
historiadores atribui a Talleyrand a sugestão da ans attribute to Talleyrand the suggestion to
elevação do Brasil à condição de Reino Unido elevate Brazil to the status of United Kingdom
a Portugal. De outra forma, Portugal, por não with Portugal. Otherwise Portugal, without
ter seu soberano em solo europeu, não estaria having her sovereign on European soil, would
habilitado a se fazer representar no Congresso not have been eligible to be represented at the
de Viena. Em última análise, a independência Congress of Vienna. In the final analysis, the
do Brasil proclamou-se, para todos os efeitos independence of Brazil was proclaimed, for
práticos e mesmo jurídicos, com a criação do all practical and even judicial purposes, in the
Reino Unido. Portugal, àquela altura, não tinha creation of the United Kingdom. Portugal, at
poder real e não era percebido como poderoso. that point, had no royal power and was not per-
Teve de se amparar na Inglaterra. E, para ten- ceived as powerful. She had to be protected by
tar equilibrar a preeminência britânica, passou England. Therefore, in order to attempt to bal-
a promover aproximações tentativas ao po- ance out the British preeminence, she sought
der renascente da França restaurada. Além da to foster a tentative rapprochement with the
questão da elevação do Brasil a Reino Unido, reemerging power of a restored France. In ad-
dois grandes episódios marcaram a nascente dition to the issue of the elevation of Brazil to
inserção internacional do Brasil: a ocupação United Kingdom, two great episodes marked
da Guiana e da Banda Oriental do Uruguai. A the growing international emergence of Brazil:
devolução da Guiana à França não foi sequer the occupation of French Guiana and the East-
combinada com Portugal. A decisão foi tomada ern Strip of Uruguay. The return of Guiana to
pelo núcleo duro da Conferência de Paris que France was not even agreed upon with Portu-
antecedeu o Congresso de Viena. A Austria, a gal. The decision was made by the hard nucleus
Prússia, a Rússia e a Inglaterra fizeram a con- of the Conference of Paris that came before the
cessão ao novo monarca francês Luis XVIII em Congress of Vienna. Austria, Prussia, Russia
maio de 1814. A ocupação da Banda Oriental and England made the concession to the new
do Rio da Prata, atual Uruguai, por sua vez, French monarch Louis XVIII in May of 1814.
é parte de uma longa história que acompanha The occupation of the Eastern Strip of the River
a interação de Portugal – e depois do Brasil – Plate, now Uruguay, in turn, is part of a long
com seus vizinhos hispânicos do Rio da Prata. history that involved the interactions of Por-
Guiana e Cisplatina – esta ainda mais – são as tugal – and later Brazil – with their Hispanic
duas questões que mais afetaram a inserção do neighbors from the River Plate. Guiana and
Brasil na América do Sul ocorridas no período Cisplatina – more so the latter – are the two
do Reino Unido. Um período que merece ser issues that most affected the participation of
continuamente estudado e debatido pelo que Brazil in South America during the time of the
representou de original no nosso processo de United Kingdom. It is a period which deserves
independência. to be continually studied and debated for how
it represents the originality of our process of
independence.
Palavras-chave: Congresso de Viena; Inde- Keywords: Congress of Vienna; Independence;
pendência; Guiana Francesa; Uruguai. French Guiana; Uruguay.
O Reino Unido foi uma etapa breve, mas muito significativa, des-
sa original evolução institucional. A maioria dos historiadores atribui a
Talleyrand, símbolo da sabedoria do político capaz de estar sempre envol-
vido com o regime no poder, a sugestão da elevação do Brasil à condição
de Reino Unido a Portugal, feita ao representante português, o conde de
Palmela. De outra forma, Portugal, por não ter seu soberano em solo eu-
ropeu, por mais legitimista que fosse, por mais vítima que tivesse sido da
expansão francesa, não estaria habilitada a se fazer representar em Viena.
Nem oito, nem 80, acredito eu. Entre a narrativa patriótica de La-
combe e os fatos, a realidade é que foi um período de grandes incertezas,
que acabaram dando certo para o Brasil e acelerando o caminho à inde-
pendência formal em 1822. Nada porém autoriza a crer que tudo fora
planejado ou mesmo intuído. Na realidade, tanto o Portugal antigo quanto
o Brasil novo acabariam levados por acontecimentos fora de seu controle.
A Guiana, tão importante para Portugal, terá sido quase uma res inter
alia na negociação. D. João VI resitiu mas acabou rendendo-se à realida-
de no Congresso de Viena. Portugal não conseguiu sequer recuperar a vila
de Olivença, na fronteira com a Espanha, nem que as grandes potências
reconhecessem a ocupação da Cisplatina. Ganhou-se apenas o reconheci-
mento do Oiapoque como fronteira entre a Guiana e o Brasil.
111
Résumé: Abstract:
Le Congrès de Vienne a été fort bien étudié, The Congress of Vienna has been well studied.
encore récemment. Mais les historiens se con- New research has been published recently. But
centrent avant tout sur les grandes puissances historians still focus on European great pow-
et le traité du 9 juin 1815. Ils négligent les ers and on the Treaty of June 1815. They show
accords ou conventions signés bilatéralement no interest in conventions and bilateral agree-
entre l’Angleterre et les nations de second or- ments signed between England and small na-
dre, notamment les puissances coloniales. Une tions with a colonial empire. I will show here
étude détaillée de ces conventions démontre que that England’s so-called generosity was just a
la générosité d’Albion n’était que de façade. mere façade, since she forced her allies – the
Sous couvert de protéger l’Europe des velléités Netherlands, Portugal and Spain – to make
belliqueuses de la France, elle a imposé à ses real sacrifices. The new United Kingdom of the
alliés – Pays-Bas, Portugal, Espagne – de réels Netherlands had to hand over some strategic
sacrifices. Le nouveau royaume des Pays-Bas a possessions in the Caribbean and in the East
dû ainsi lui céder des possessions stratégiques Indies. Portugal and Spain had to abolish the
aux Antilles et aux Indes orientales. Le Portu- transnational slave trade, which was essential
gal et l’Espagne ont dû accepter l’abolition de to their survival. In exchange, England did not
la traite négrière, ce qui leur était néfaste. Mais help them to recapture their South American
l’Angleterre ne les a pas non plus aidés à re- colonies which fought for independence. Con-
conquérir leurs colonies qui luttaient alors pour versely, she strengthened her relations with
l’indépendance. Elle a laissé la situation péricli- these new independent states. To be sure, her
ter et les colonies se tourner vers elle. Ses gains territorial gains can be considered tiny, when
peuvent paraître infimes, vus individuellement, one looks at them individually, but all together
mais ils lui assurèrent l’omnipuissance sur mer they made England the first power of the seas
et la suprématie commerciale dans le monde. and gave her commercial supremacy in the
world.
Mots-clés: Congrès de Vienne; Hollande; Es- Keywords: Congress of Vienna; Holland; Spain;
pagne; Portugal; Angleterre; suprématie. Portugal; England; supremacy.
Les ouvrages parus jusqu’ici fixaient donc toute leur attention sur
la reconfiguration de l’Europe et sur ses conséquences pour celle-ci dans
les décennies à venir8. Mais récemment, avec l’avènement de l’histoire
globale une évolution s’est faite jour, qui a renouvelé l’approche et les
thèmes. Ceux-ci dépassent désormais les frontières du vieux continent
européen. Y sont pris en compte les colonies, l’esclavage, le commerce
et les relations internationales dans leur sens global. Les recueils ou les
monographies se multiplient: pour exemple, l’impact des années napo-
léoniennes sur le monde ou celui de l’âge des révolutions, ou bien encore
celui des empires coloniaux. Jeremy Adelman notamment travaille sur ce
qu’il appelle les “révolutions impériales”. Tout comme Robert Travers qui
aborde les répercussions en Asie méridionale de ces révolutions ou David
Geggus qui fait de même pour les Caraïbes9. D’autres se concentrent sur
les apports européens dans les Amériques, que ce soit des hommes ou des
armes. Rafe Blaufarb, notamment10. C’est dire qu’on étudie de plus en
plus les ricochets qui rebondissent d’un pays à l’autre. Non seulement, les
6 – LENTZ, Thierry. p.77-78 et p.98-100. CAPEFIGUE Jean-Baptiste. p.25-28.
7 – Ces trois pays sont considérés de second ordre par le Congrès lui-même. L’Espagne
en effet ne s’est jamais remise de la défaite de Trafalgar. Sa faiblesse est manifeste dès le
Premier Empire, et après 1816 quand il s’agit de mettre fin aux révolutions sud-américai-
nes. Fernand-Nunez demande bien de l’aide à l’Angleterre, mais en vain. Corresponden-
ce, Despatches, and other Papers of Viscount Castlereagh, Londres, 1853, vol.11, p.294.
Lettre du 11 septembre 1816.
8 – Dans la table ronde citée plus haut de l’ISSH, Jarrett regrettait notamment de ne pas
avoir abordé le déclin de l’Espagne, des empires néerlandais et portugais et l’hégémonie
croissante de l’Angleterre.
9 – Voir leurs contributions respective dans D. Armitage & S. Subrahmanyam (eds),The
Age of Revolutions in Global Context, 1760-1840, Palgrave Mcmillan, 2010. Pour
d’autres approches, Christophe Belaubre et al. (eds), Napoleon’s Atlantic. The Impact of
Napoleonic Empire in the Atlantic World , Leiden & Boston, 2010.
10 – Voir sa contribution Arms for Revolutions: Military Demobilization after the Napo-
leonic Wars and Latin American Independence in A. Forrest, K. Haggemann & M. Rowe,
War, Demobilization and Memory, Palgrave Mcmillan, 2016, p.100-117.
idées voyagent au-delà des rives et des océans, mais aussi les hommes –
sans oublier les femmes et surtout pas les esclaves, les marchandises, les
institutions, voire les fusils, les canons ou les formes artistiques11. Lynn
Hunt parle à ce propos de ‘circulation’, terme qu’elle préfère à ‘transfert’
ou à ‘influence’12. D’autres préfèrent le terme de diffusion. Peu importe
au fond la dénomination, à condition que soit prise en compte la récep-
tion en terre étrangère et la transformation qui en résulte: l’effet ricochet,
proprement dit, qui peut rebondir jusqu’à la case départ13.
C’est pourtant à cause de l’histoire globale que les petits pays sont
plus que jamais négligés par l’historiographie. A force de survaloriser
les échanges et circulations d’un continent à l’autre, on ne distingue plus
très bien l’apport des nations lilliputiennes. A tort, me semble-t-il, car,
si elles perdent de leur influence à l’époque du congrès de Vienne ou
juste avant, les petites entités territoriales étaient non-négligeables au 18e
siècle. Elles jouaient un rôle primordial dans la géopolitique européenne
ou mondiale. On pense évidemment au Portugal et à la Hollande, deux su-
perpuissances maritimes, tombés progressivement en décadence; ou bien
au Danemark et à la Suède, possédant eux aussi des colonies et suscep-
tibles d’être spoliés ou de spolier des voisins affaiblis. On pourrait encore
penser aux républiques commerçantes et banquières de Genève, de Gênes
ou de Venise – qui vivent leurs derniers jours de gloire sous la Révolution
française. Parallèlement à ces états faussement lilliputiens, en raison de
leurs vastes activités transnationales tout au long des 17e et 18e siècles, le
continent européen comptait également des territoires, convoités ou ‘mal-
traités’ durant l’ère des révolutions et l’empire napoléonien. On pense ici
à la Belgique, à la Pologne, à l’Italie et aux petits états allemands. Or, le
Congrès de Vienne va grandement modifier cette géopolitique. Examiner
dans quel sens et sur quels continents pourrait enrichir l’histoire de ce
congrès, celle de ses responsables et de ses conséquences.
11 – BLAUFARB, Rafe. The Western Question: the Geopolitics of Latin American Inde-
pendence, American Historical Review, vol.112, n.3, p.742-763, 2007.
12 – Voir notamment L. Hunt, “The French Revolution in Global Context”, in Armitage
& Subrahmanyam, p.20-36.
13 – A cela s’ajoutent les effets papillon: petites causes, grandes conséquences.
14 – Sur les relations anglo-hollandaises entre 1813-1816 – et la convention entre les deux
pays du 12 août 1814, voir les archives imprimées par H.T. Colenbrander, Gedenkstukken
der Algemeene Geschiedenis van Nederland, La Haye, 1914, volume 7. Sera abrégé GS,
7. Voir aussi The Annual Register or a View of the History, Politics an Literature for the
year 1815, Londres, 1816.
15 – Le seul traité ou la seule convention signé par l’Espagne avant le Congrès concernait
le pacte de famille auquel l’Angleterre lui demandait de renoncer. Lentz, p.58. Un autre
traité sera signé en 1817 par lequel l’Espagne renonçait à la traite au nord de l’Equateur
contre 400.000 livres sterling. Un accord similaire fut signé avec le Portugal contre
300.000 livres, plus les 700.000 livres de dettes que ce dernier devait à l’Angleterre. An-
toine D’Arjuzon, Castlereagh ou le défi à l’Europe de Napoléon, Paris, Tallandier, 1995,
p.423-424.
16 – Voir Recueil des traités et des conventions entre la France et les puissances alliées
en 1814 et 1815, suivi de l’acte du Congrès de Vienne, Paris, 1815. Et Congrès de Vienne:
acte principal et traités additionnels, édition complète collationnée sur les documents
officiels, Paris, 1847. Voir aussi Gaétan de Raxis de Flassan, Histoire du Congrès de Vien-
ne, par l’auteur de l’Histoire de la diplomatie française, Paris, 1849.
république de Genève, annexée à la France en 1798, fut bon gré mal gré
réunie à la Suisse, et non pas restaurée; la république de Gênes fut attri-
buée au royaume du Piémont-Sardaigne, sans aucune concertation. Les
diplomates de Vienne estimaient que sa nouvelle constitution était trop
démocratique17. Gênes n’eut pas le temps de l’expérimenter, elle disparut
entièrement – tout comme la république de Venise qui fut remise entre
les mains de l’Autriche – ainsi qu’il en était allé après Campo Formio. A
l’exception de la confédération helvétique, l’heure des républiques était
décidément révolue sur le vieux continent, comme l’avait annoncé la poli-
tique napoléonienne18. De ce point de vue, les restaurations la poursuivent
comme elles poursuivent la simplification de la carte européenne. Puis,
il y eut les sanctions: la Saxe qui avait été l’enfant gâté de l’empereur
fut punie, au bénéfice de la Prusse19. Quant au Danemark, lui aussi allié
fidèle de Napoléon, il fut contraint de remettre la Norvège à sa rivale de
toujours: la Suède, laquelle avait perdu la Finlande, occupée par la Russie
qui souhaitait la conserver.
L’EUROPE EN 1815
En 1815, au moment où était créé le royaume uni du Portugal et du
Brésil, l’Europe continentale était en train d’achever ce fameux congrès,
qui sanctionnait la défaite de la France napoléonienne de 1814. Les dis-
cussions s’étaient amorcées au lendemain de la défaite de Leipzig, en
octobre 1813. Dès le mois suivant, la Hollande s’était soulevée contre
les Français et les avait chassés. Le prince d’Orange, réfugié à Londres,
était rentré en Hollande dès le mois de novembre, après avoir déjà discuté
avec les Anglais des agrandissements nationaux à venir. Le traité de Paris
du 30 mai 1814 avait annoncé les premières dispositions. A cette date,
l’Europe ne souhaitait pas humilier la France et lui faire regretter la chute
de Napoléon. Elle conservait ‘l’intégrité de ses limites’, telles qu’elles
étaient au 1er janvier 179222. Une fois la France avertie du sort qui lui
était impartie, venaient les autres points à régler: la Hollande se verrait
agrandie; les Etats d’Allemagne seraient indépendants et réunis par un
lien fédératif; la Suisse demeurerait indépendante; l’Italie serait compo-
sée d’Etats souverains – sauf au nord de la péninsule dont la Lombardie
et la Vénétie reviendraient à l’Autriche; l’île de Malte et ses dépendances
seraient remises entre les mains de l’Angleterre, laquelle revendiquait en-
core Tobago23, Sainte-Lucie, l’île de France et ses dépendances, Rodrigue
21 – BETHELL, Leslie. “The Independence of Brazil and the Abolition of the Brazilian
Slave Trade. Anglo-Brazilian Relations, 1822-1826”, Journal of Latin American Indepen-
dence, vol.1, no.2, p.115-147, 1969.
22 – Recueil des traités et conventions, p.6-26.
23 – Dans un traité antérieur, il avait été stipulé que Tobago serait rendu à la France, mais
Lord Liverpool s’y refuse, parce que la majorité des habitants serait d’origine anglaise.
GS, 7, p.622.
A voir ces cessions et échanges, il est évident que tous les pays ne
sont pas gagnants et qu’il y a des perdants. Curieusement parmi ces der-
niers se trouve le pape, qui ne retrouve ni Avignon, ni le Comtat Venais-
sin35. Il y a la France ensuite, qui perd donc la Savoie mais surtout toutes
les conquêtes faites à partir du 1er janvier 1792, avant de perdre fin 1815
ce qu’elle avait acquis en 179136. Il y a la Saxe, sanctionnée parce que,
dira un diplomate, “sa montre retardait d’un quart d’heure”. Le Dane-
mark également; mais encore les républiques anciennes37. Et surtout tous
les pays qui sont comptés pour rien, tels que la Pologne, la Belgique, la
Rhénanie et l’Italie. En 1816, l’ex-président des Etats-Unis, Thomas Jef-
ferson comparera ce transfert de populations à celui du bétail sur les pâtu-
rages38. Pis. Ne voilà –t-il pas que l’Espagne propose d’échanger Buenos
Aires contre le Portugal? Sans aucun succès, on s’en doute.
que les alliés appellent les ‘convenances’ sont venus s’y ajouter. Or, les
convenances sont peu souvent fondées sur le principe de légitimité, mais
sur les intérêts particuliers des parties impliquées. La restitution d’Avi-
gnon au pape par exemple aurait été légitime, puisque la papauté l’avait
légitimement acquis aux 13e – 14e siècles. La destruction des républiques
anciennes n’était pas non plus pleinement accordée avec le fameux prin-
cipe de légitimité. Ce principe, que défend Talleyrand pour sauver la
Saxe, est en vérité une tactique plus qu’une réalité. Elle permet aussi à la
France de contester la souveraineté de Murat sur le trône des Bourbons
de Sicile40. Le traité du 9 juin 1815 qui clôt le congrès de Vienne n’est pas
non plus exhaustif. C’est qu’outre les discussions entre les quatre ou cinq
grandes puissances, des conventions particulières ont été signées entre les
Etats. Faute de connaître ces conventions, on risque d’ignorer des déci-
sions non moins importantes pour la reconfiguration mondiale et, partant,
pour la suite des événements.
L’ANGLETERRE À L’ŒUVRE
Des accords se sont donc faits et se feront ultérieurement, en dehors
du congrès, qui concernent notamment les colonies européennes. Or, dans
ce domaine-là, l’Angleterre agit selon son bon vouloir. Les cessions n’ont
pas toutes fait l’objet d’articles mentionnés dans le traité du 9 juin 1815,
ni dans celui du 20 novembre suivant. On sait certes que la Hollande a
dû céder le Cap de Bonne Espérance; l’Espagne Trinidad, et la France
Tobago et Sainte-Lucie. La Guadeloupe a été rendue à la France, mais
la Suède devait recevoir une compensation que l’Angleterre cherchait
dans les colonies néerlandaises41. Et c’est là que le bât blesse. Guillaume
Ier, roi des Pays-Bas réunis, voulait bien céder Curaçao, Saint Eustache,
Saba ou la partie néerlandaise de Saint Martin. Mais Castlereagh préférait
les trois îles de la Guyane hollandaise: Berbice, Démérara et Essequibo,
jugées par les Hollandais comme ce qu’ils avaient de plus précieux en
Amérique. Eux ne voulaient pas les perdre. L’ex-ministre Roëll fulminait
40 – C’est Talleyrand qui défend le principe de légitimité. Voir Mémoires et correspon-
dances, p. 427. Voir aussi LENTZ, Thierry. p.247-268.
41 – Correspondence of Castlereagh, vol. 11, p. 142-146 et p.167-168.
ainsi que l’on contraigne la Hollande à céder des terres vierges, parce
que celles de Jamaïque et de Barbade étaient épuisées. Il affirmait que,
si Guillaume Ier les avait conservées, les peuples n’iraient pas chercher
leur sucre et leur café en Angleterre, mais dans les ports néerlandais. La
Hollande redeviendrait alors ce qu’elle avait été au 17e siècle: le grenier
de l’Europe42. Mais plus le temps passe, et plus Castlereagh est persuadé
qu’il serait dommage de céder ces îles précieuses à la Suède ou de les
restituer à la Hollande, et qu’il vaut mieux tout simplement les garder. Le
Parlement et les pétitions des marchands britanniques l’ont convaincu de
l’intérêt pour la Grande-Bretagne de conserver ces conquêtes. Conclu-
sion: elles ne furent jamais restituées à la Hollande et ne servirent pas non
plus de compensation à la Suède43. Ce qui n’empêche pas l’Angleterre
d’insister pour que le Portugal remette la Guyane française à son proprié-
taire légitime. Le royaume des Pays-Bas doit également lui céder Ceylan,
puis Cochin et ses dépendances sur la côte de Malabar en échange de l’île
de Banca44; ensuite le district de Bernagore, près de Calcutta et les régions
au nord de Singapour (future Malaisie)45. Les raisons de ces revendica-
tions de territoires diffèrent selon les circonstances. Parfois, Castlereagh
invoque le fait que ces colonies sont anglicisées et que ses compatriotes y
ont investi de vastes capitaux. D’autres fois, il affirme qu’elles ne sont pas
d’une grande valeur commerciale pour les Hollandais et qu’ils y perdront
peu. Ailleurs, il note néanmoins que leur production de coton est indis-
pensable aux activités britanniques et qu’il faut agir ‘dans l’intérêt de
nos manufactures’46. Les marchands eux sont plus loquaces. La Guyane
42 – GS, 7, p.855.
43 – La Suède dut se contenter d’un subside de 1 million de livres. La Hollande aurait dû
être compensée de ses sacrifices par des subsides britanniques à consacrer dans les forti-
fications qui sépareraient la Belgique de la France, mais il ne semble pas que les 2 ou 3
millions promis aient été remis. GS, 7, p. 609.
44 – GS, 7 p.167-168. Voir aussi Correspondence of Castlereagh, vol. 12, p.137: Falck,
ministre hollandais des Colonies, demande à Clancarty, ministre britannique à La Haye,
pourquoi on ne leur a pas remis l’île de Billeton qui serait une dépendance de Banca et
aurait dû être comprise dans l’échange de cette dernière.
45 – GS, 7, p.LV-LVIII et p.16-18; p.622 et p. 855.
46 – Ailleurs, le gouvernement anglais dit que les îles Maurice et Bourbon ne peuvent être
restituées à la France, car entre des mains ennemies, elles lui seraient nuisibles. GS, 7,
p.16-18.
montrent bien que ce qui importe avant tout, c’est la protection de l’em-
pire britannique et son enrichissement. Le système progressivement mis
en œuvre en témoigne: du nord au sud et de l’est à l’ouest, elle a acquis
des points stratégiques qui protègent la Méditerranée, l’océan indien et la
route vers l’Inde. D’Helgoland au Cap en passant par Gibraltar, Malte et
les îles ioniennes, sans oublier les îles Maurice et Rodrigue dans l’océan
indien, elle devient le gendarme – ou le despote – des mers. A l’ouest,
elle conserve la prééminence en raison même de l’affaiblissement de ses
anciennes rivales et de la force de la Royal Navy. Elle acquiert des places,
ports, comptoirs ou colonies dans les Antilles qui lui permettent de pro-
téger son commerce et de l’augmenter en Amérique du sud. Le traité de
1810 avec le Brésil privilégiait déjà la Grande-Bretagne en lui accordant
des réductions de taxes sur ses exportations – sans que pour autant la
réciproque soit vraie. Le sucre et le tabac brésilien n’étaient pas admis en
Angleterre de sorte à ne pas nuire aux intérêts des colonies britanniques
des Indes occidentales52. Le Portugal tenta bien d’y mettre fin en 1815,
mais en vain53. Dans les Indes orientales, la puissance britannique s’af-
fermit au rythme des défaillances de ses anciennes rivales. La France a
quasiment tout perdu dans l’hémisphère asiatique, excepté trois ou quatre
comptoirs; la Hollande a cédé des lieux stratégiques tels que Singapour
et une douzaine d’îles, et ne conserve plus que Java et les Moluques. Le
Portugal n’y possède quasiment plus rien et le Danemark pas grand-chose
– quelques comptoirs seulement. Ce rapide aperçu semble donner raison
à l’abbé Pradt qui, dans ses écrits de 1817-1819, met en garde contre
l’évolution à venir et souligne les erreurs du congrès de Vienne, lequel
aurait créé deux colosses: la Russie et, surtout, l’Angleterre. Laissons lui
la parole:
52 – BETHELL, Leslie, The Independence of Brazil and the Abolition of the Brazilian
Slave Trade. Anglo-Brazilian Relations 1822-1826, article cité. WADDELL, David Alan
Gilmour. British Neutrality and Spanish-American Independence: the Problem of Foreign
Enlistment, Journal of Latin American Studies, vol.19, no.1, p.1-18, 1987.
53 – L’Angleterre lui faisait du chantage à ce propos. Voir BETHELL, Leslie, article cité.
tous deux fort affaiblis par la période napoléonienne. Dans ses écrits sur
l’Amérique de 1817, Pradt en vient à conclure que le Portugal n’est plus
qu’une colonie du Brésil – puisque le gouvernement y réside. Les rôles y
sont pour ainsi dire ‘intervertis’. Quant à l’Espagne, elle n’a plus aucune
force et perdra sous peu ses colonies57. Personne ne consentit à intervenir
à ses côtés, surtout pas l’Angleterre, qui disait mener une politique de
neutralité58. En Europe même, l’alliance entre la Hollande et l’Angleterre
rend la première tellement dépendante de la seconde que des Russes en
viennent à la baptiser “le préfet de l’Angleterre”59, tandis que la réunion
avec la Belgique détourne l’attention du gouvernement néerlandais de
son empire colonial. Ici réside une autre pomme de discorde: entre les
Hollandais qui auraient privilégié la restauration de toutes leurs colonies
au détriment d’une réunion avec la Belgique, vue comme contre-nature et
le roi Guillaume qui se flattait à l’inverse d’être le souverain d’un grand
Royaume des Pays-Bas60. L’Angleterre savait très bien où elle voulait en
venir quand elle fit attribuer la Belgique à la Hollande. Elle faisait d’une
pierre deux coups: protéger les frontières nord et Anvers contre d’éven-
tuelles interventions françaises et, en échange de ses bons services, obte-
nir des gains coloniaux de la part du roi des Pays-Bas. D’une confiscation
ou cession à l’autre, elle parvint à étendre son empire de telle sorte qu’elle
accrut sa suprématie sur les mers, tout en constituant un royaume sur le
continent qui devint le quatrième plus grand Etat de l’Allemagne, et en
conservant le Royaume Uni – Irlande incluse. Pradt n’avait pas tort de
craindre ce nouveau colosse.
57 – Pradt, Des trois mois derniers mois de l’Amérique méridionale et du Brésil, Paris,
1817, p.40-46. Voir aussi PRADT, Dominique Dufour de. Des colonies et de la révolution
actuelle de l’Amérique, Paris, 1817.
58 – Voir les articles de BETHELL, Leslie et de WADDELL, David Alan Gilmour. de
même que la correspondance de Castlereagh cités plus haut.
59 – GS, 8, p.637.
60 – GS, 8, p.500.
61 – Sur les quelque 300 Etats et principautés, électorats, etc.. que comptait l’Allemagne,
il n’en reste plus qu’une soixantaine durant le Premier Empire, et 39 après le congrès de
Vienne. En ce sens, les restaurations poursuivent la politique napoléonienne de rationali-
sation territoriale et administrative.
62 – C’est Pasquier qui le constate. Mais Capefigue évoque lui aussi l’emprise des mi-
litaires sur les révoltes européennes – et américaines. Les années 1820 sont à ses yeux
beaucoup plus violentes et plus fanatiques que les révolutions de 1830. Le carbonarisme
triomphe. Mémoires du Chancelier Pasquier. Histoire de mon temps, Paris, 1893-1895,
vol.4, p.513-515 et CAPEFIGUE Jean-Baptiste. Le congrès de Vienne, p.153.
63 – Annual Register for the year 1815, p.128. En juin 1815, les Anglais envoient des
troupes de Ste-Lucie pour réprimer la ‘révolution’ de Martinique et de Guadeloupe en
faveur de Napoléon. Le commandant Fromentin et le général Royer y auraient participé.
Les révoltés amorcent ensuite une guérilla contre les postes britanniques.
64 – Observations sur les ouvrages de M. de Pradt, p.8 et Pradt, Des trois derniers mois
en Amérique et au Brésil.
Colonies II, 1818-1822. The English Historical Review, vol.30, no.120, p.631-645, 1915.
131
Resumo: Abstract:
Embora poucas dúvidas ainda permaneçam Although few doubts remain about the role that
quanto ao papel que a religião continuava a de- religion continued to play in the Portuguese
sempenhar no mundo português de 1815, se não world of 1815, if there is no dearth of important
faltam estudos importantes sobre a ideia de im- studies on the idea of empire, too little attention
pério, atenção pequena demais foi dispensada à was spared for the word itself, which seemed to
palavra em si, que parecia encontrar-se na boca be found on the tongues of everyone in that con-
de todos naquela conjuntura, mostrando-se ca- text, where it could bear more than one mean-
paz de carregar consigo mais de um significado. ing. An example of this can be seen in the pref-
Exemplo disso pode ser verificado no prefácio ace that bishop Azeredo Coutinho penned for a
que o bispo Azeredo Coutinho escreveu para new edition of his Essay a few years earlier and
uma nova edição de seu Ensaio alguns anos an- in other texts. Since a complete and satisfac-
tes e em outros textos. Mostrando-se inviável, tory treatment of the matter is not feasible here,
porém, uma apresentação completa e satisfató- this article merely seeks to highlight how much
ria do assunto aqui, este artigo pretende destacar memories of the past haunted the term as well
apenas o quanto lembranças do passado assom- as to suggest what was at play when it ended up
bravam a expressão e igualmente sugerir o que being chosen to designate a new political entity,
estava em jogo quando ela acabou escolhida as occurred in 1822.
para designar uma nova unidade política, como
ocorreu em 1822.
Palavras-chave: Império; Sacro Império Ro- Keywords: Empire; Holy Roman Empire of the
mano da Nação Alemã; Império português; Rei- German Nation; Portuguese Empire; United
no Unido. Kingdom.
Estes prodígios, que eu vi com os meus olhos, me fazem crer que Deus
salvou Vossa Alteza para coisas grandes; que Portugal será governado
pela justiça e pela virtude, que a minha pátria vai a gozar das prerro-
gativas de primeiro Império do Novo Mundo5.
188. Cf. p. 172. Cf. também HESPANHA, Antônio Manuel. Para uma teoria institucional
do Antigo Regime. In: IDEM (org.). Poder e instituições na Europa do antigo regime.
Lisboa: Gulbenkian, 1984. p. 7-89.
14 – ALEXANDRE, Valentim. Os sentidos do império: questão nacional e questão colo-
nial na crise do antigo regime português. Porto: Afrontamento, 1993.
15 – SEELAENDER, Aírton Lisle Cerqueira Leite. Notas sobre a constituição do direito
público na Idade Moderna – a doutrina das leis fundamentais. Sequência, Florianópolis:
v. 53, p. 197-232, 2007.
16 – CARDOSO, José Luís & CUNHA, Alexandre Mendes. Discurso econômico e políti-
ca colonial no Império Luso-Brasileiro (1750-1808). Tempo: Revista do Departamento de
História da UFF, Niterói: v. 17, p. 65-88, 2012.
17 – RAEFF, Marc. The Well-Ordered Police State and the Development of Modernity in
Seventeenth- and Eighteenth-Century Europe: An Attempt at a Comparative Approach.
The American Historical Review, Chicago (IL): v. 80, n. 5, p. 1221-1243, Dec. 1975.
18 – MURATORI, Louis-Antoine [Lodovico Antonio]. Traité sur le bonheur publique.
Trad. de L.P.D.L.B. (de l’édition de Venise, 1756). Lyon, Chez Ve. Reguilliat, 1772. 2v.
23 – ELLIOTT, A Europe ..., p. 49. Os dados provêm da introdução de Charles Tilly à obra
The Formation of National States in Western Europe, Princeton, 1975, por ele também
organizada.
24 – WOOLF, Stuart. The Construction of a European World-View in the Revolutionary-
-Napoleonic Years. Past and Present. Oxford: v. 137, p. 72-101, Nov. 1992. Cf. p. 101.
25 – BLOCH, Marc. “L’empire et l’idée d’empire sous les Hohenstaufen”. In: Mélanges
historiques. Paris: Serge Fleury / Éditions de l’EHESS, 1983. v. 1, p. 531-559 e KAN-
TOROWICZ, Ernst. The King’s Two Bodies: A Study in Mediaeval Political Theology
[1957]. Princeton (NJ): Princeton University Press, 1997.
26 – SCHRADER, Fred E. L’Allemagne avant l’État-nation: le corps germanique
1648-1806. Paris: Presses Universitaires de France, 1998. Cf. p. 90.
Uma idéia que parece olhar para trás no tempo, que se refere apa-
rentemente ao passado, que parece preferir o que foi e excluir o que
será, uma tal idéia será, em si mesma e por ela mesma condenada a
desempenhar um papel negativo (...)? Ou será que ela não representa
melhor, ao menos algumas vezes, um “recuar para melhor saltar”, uma
tentativa que pode ser frutífera de conservar o que havia de precioso
no passado a fim de transmiti-lo ao futuro? A história não se faz so-
mente olhando para a frente, mas, eu diria, olhando ao mesmo tempo
para trás e para a frente35.
Referências bibliográficas
ALEXANDRE, Valentim. Os sentidos do império: questão nacional e questão
colonial na crise do antigo regime português. Porto: Afrontamento, 1993.
AUTOS da Devassa da Inconfidência Mineira, Brasília / Belo Horizonte: Câmara
dos Deputados / Governo do Estado de MG, 1976-2001. 11 v., v. 1.
Contraponto, 1999.
LYRA Júnior, Marcelo Dias. Arranjar a memória, que ofereço por defesa: cultura
política e jurídica nos discursos de defesa dos rebeldes pernambucanos de 1817.
Dissertação apresentada ao PPGH-UFF. Niterói, 2012, datilografada.
LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império: Portugal e Brasil:
bastidores da política, 1798-1822. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994.
MACEDO, Roberto. Cronologia do general de Napoleão, conde. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro: v. 341, p. 21-25,
out-dez 1983.
MAXWELL, Kenneth. Conflicts and Conspiracies. Cambridge: University
Press, 1973. ?p.
MENDONÇA, Marcos Carneiro de. O Intendente Câmara. São Paulo: Ed.
Nacional, 1958.
MURATORI, Louis-Antoine [Lodovico Antonio]. Traité sur le bonheur publique.
Trad. de L.P.D.L.B. (de l’édition de Venise, 1756). Lyon, Chez Ve. Reguilliat,
1772. 2v.
NEVES, Lúcia Maria Bastos P. das. Napoleão Bonaparte: imaginário e política
em Portugal (c. 1808-1810). São Paulo: Alameda, 2008.
POCOCK, J. G. A. The Machiavellian Moment: Florentine Political Thought
and the Atlantic Republican Tradition. Princeton: Princeton University Press,
1975.
RAEFF, Marc. The Well-Ordered Police State and the Development of Modernity
in Seventeenth- and Eighteenth-Century Europe: An Attempt at a Comparative
Approach. The American Historical Review, Chicago (IL): v. 80, n. 5, p. 1221-
1243, Dec. 1975.
SANTOS, Luiz Gonçalves dos (padre). Memórias para servir o Reino do Brasil
[1825]. Belo Horizonte / São Paulo: Itatiaia / EDUSP, 1981. 2v.
SCHRADER, Fred E. L’Allemagne avant l’État-nation: le corps germanique
1648-1806. Paris: Presses Universitaires de France, 1998.
SEELAENDER, Aírton Lisle Cerqueira Leite. Notas sobre a constituição do
direito público na Idade Moderna – a doutrina das leis fundamentais. Sequência,
Florianópolis: v. 53, p. 197-232, 2007.
SILVA, Andrée Mansuy-Diniz. Uma figura central da Corte Portuguesa no Brasil:
D. Rodrigo de Sousa Coutinho. In: MARTINS, Ismênia & MOTTA, Márcia
(orgs). 1808 – A Corte no Brasil. Niterói: EDUFF, 2010. p. 133-57.
SILVA, Andrée Mansuy-Diniz. Portrait d’un homme d’État: D. Rodrigo de
149
Resumo: Abstract:
Este artigo é uma reflexão sobre a criação do This article is a reflection on the creation of the
Reino Unido luso-brasileiro, em 1815, aconteci- Luso-Brazilian United Kingdom, in 1815, an
mento inexplorado pela historiografia e, portan- event unexplored by historiography and thus
to, ausente na memória coletiva. Aqui analisado absent from our collective memory. Here it is
como um fato histórico marcante e de grande analyzed as a defining historical fact of great
importância no desenrolar do processo de In- importance in the unfolding of the process of
dependência e formação do Estado Nacional, Independence and formation of the National
sob a forma de Império do Brasil, tanto quanto State, in the form of the Empire of Brazil, as
importou o fato da transferência da Corte por- much as the fact of the transference of the Por-
tuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808. Refle- tuguese Court to Rio de Janeiro in 1808 was of
tindo sobre a relevância de tais acontecimentos importance. The article reflects on the relevance
no direcionamento da forma imperial então ado- of such events leading to the imperial form ad-
tada e no consequente processo de construção opted at that time and in the resulting process
da unidade territorial e da identidade do Esta- of construction of territorial unity and the iden-
do brasileiro. Verificando os condicionamentos tity of the Brazilian State. It looks at the condi-
que particularizaram tal processo: ocorrido num tions that made such a process unique: taking
movimento inicial de aproximação e não de re- place with an initial movement of approaching
jeição à ex-metrópole. Refletindo sobre o prin- and not rejecting the former metropole; reflect-
cípio de unidade luso-brasileira, necessário à ing on the beginning of Luso-Brazilian unity,
formação do almejado poderoso império atlân- necessary for the formation of the sought after
tico. Situando o acirramento do confronto entre powerful Atlantic empire. It situates the growing
interesses divergentes, que levou à falência do conflicts between divergent interests that led to
modelo de Reino Unido e à consequente rup- the collapse of the United Kingdom model and
tura da unidade luso-brasileira. Quando foram the resulting rupture of the Luso-Brazilian unifi-
definidos novos limites de uma nova unidade cation. Then new boundaries of a new imperial
imperial, “do Amazonas ao Prata”, e iniciado o entity were defined, “from the Amazon to the
processo de construção do Império do Brasil e River Plate,” and the process of construction
da identidade brasileira of the Empire of Brazil and Brazilian identity
was begun..
Palavras-chave: Reino Unido; Império luso- Keywords: United Kingdom; Luso-Brazilian
-brasileiro; Estado; Nacionalidade brasileira. Empire; State; Brazilian nationhood.
Ordenando que:
Aos títulos inerentes à Coroa de Portugal, e de que até agora hei feito
uso, se substitua em todos os diplomas, cartas de leis, alvarás, provi-
sões, e atos públicos o novo título de “Príncipe Regente do Reino de
Portugal, e do Brasil, e Algarves, d’aquem e d’alem mar” (...)3.
mais recentes, com novas interpretações sobre o complexo tema da Independência, com
destaque: JANCSÓ, Istvan (org.). Independência do Brasil: História e Historiografia. Ed.
2005.
6 – Cf. SANTOS, Luis Gonçalves dos (Pe. Perereca). Memória para servir à História do
Reino do Brasil. Rio de Janeiro. 1943. (I e II vol.)
7 – Cf. SANTOS, Luis Gonçalves dos (Pe. Perereca). Op. cit. II vol. P.465.
Descrevendo as
O ato desta união será objeto de uma brilhante página da nossa histó-
ria (...) os dias 7 de março e 16 de dezembro, rivais em celebridade,
vão ser consagrados igualmente nos anais do Brasil10.
15 – A análise mais abrangente sobre as questões aqui apontadas, encontra-se em: LYRA,
Maria de Lourdes Viana. A Utopia do Poderoso Império. Op. cit.; “A transferência da
Corte, o Reino Unido luso-brasileiro e a ruptura de 1822”, Op. cit.; e O Império em cons-
trução: Primeiro Reinado e Regências. 2000.
16 – Cf. SMITH, Adam. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações.
Ed. 1979 (Col. Os pensadores).
Toda sua autoridade sobre as colônias e deixando que elas elejam seus
próprios magistrados, decretem suas próprias leis (concedendo a elas
uma) autonomia voluntária17.
vendo D. João) fixar aqui sua residência (e) exercer por si mesmo a
regência do império do Brasil24.
rida nos textos de: LYRA, Maria de Lourdes Viana, aqui citados.
35 – Cf. Manifesto aos Brasileiros, em 1º de agosto de 1822. Ver também a análise dessa
documentação em: LYRA, Maria de Lourdes Viana. A Utopia do Poderoso Império. Op.
cit., p. 191-227.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, creio ser possível aventar que o discurso inflamado da re-
presentação política do Reino do Brasil, no confronto travado no plenário
das Cortes Gerais e Constitucionais de Lisboa – cuja documentação re-
gistra o clima de forte tensão entre os grupos empenhados na defesa dos
interesses divergentes –, tenha induzido os representantes do novo Reino
ao clamor pela autonomia, temerosa da perda dos direitos legalmente ad-
quiridos em 1815. A permanência da unidade luso-brasileira, almejada
por ambos os lados, constituía uma questão central a ser enfrentada na-
quele momento de definição sobre a forma de monarquia constitucional a
ser estruturada. Enquanto a possibilidade de perda do status de Reino do
Brasil, que acarretaria o consequente retorno ao cenário de dominação do
velho sobre o novo, como pleiteavam os deputados de Portugal, era ina-
ceitável aos do Brasil, levando ao acirramento da discussão em torno da
autonomia já conquistada pelo novo Reino, com ênfase no alerta de que
a anulação dos direitos adquiridos provocaria a irremediável separação
dos dois reinos, solução evocada no sentido corrente de independência
colonial, palavra que só então passou a ser utilizada com mais frequência
no discurso político da época.
Referências bibliográficas
Coleção Documentos Históricos. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Vol.
CV.
Coleção Linhares. Sessão de Manuscritos. ABN.
COSTA. F.A. Pereira da. Anais Pernambucanos. Recife: FUNDARPE. 1982-
1987. 11 vols. (Coleção pernambucana).
Documentos para a História da Independência. Lisboa / Rio de Janeiro: Oficinas
gráficas da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1923.
DE PRADT, Abade. Des Colonies e la Révolution Actuelle de L`Amérique. Paris, 1817
COSTA, Hipólito José. Correio Brasiliense ou Armazém Literário. São Paulo,
SP: Imprensa Oficial do Estado; Brasília, DF: Correio Brasiliense, 2001. “Edição
fac-similar”.
CARVALHO, José Murilo de. A Construção da Ordem: A Elite Política Imperial.
Rio de Janeiro: Campus, 1980.
Nac. 1958.
MONTEIRO, Tobias. História do Império: A Elaboração da Independência.
Belo Horizonte: Itatiaia / São Paulo: EDUSP, 1981.
MORAES, A.J. de Mello. História do Brasil Reino-Reino e Brasil-Império. Belo
Horizonte: Ed. Itatiaia; São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1982.
MOTA, C. Guilherme. (Org.) 1822: Dimensões. São Paulo. Perspectiva,
1972.
MOTA, C. Guilherme e NOVAIS, Fernando. A Independência Política do Brasil.
São Paulo: Moderna, 1986.
PRADO JR. Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo: Brasiliense,
1963 PRADO JR. Caio Evolução Política do Brasil e outros estudos. São Paulo:
Brasiliense, 1966.
RODRIGUES, José Honório. Independência: revolução e contrarrevolução. Rio
de Janeiro: Francisco Alves, 1975 (5 volumes).
SANTOS, Luis Gonçalves dos (Pe. Perereca). Memória para servir à História
do Reino do Brasil. Rio de Janeiro. Livraria Editora Zélio Valverde, Travessa do
Ouvidor, 27. Rio -1943 (I e II vol.).
SILVA, J.M. Pereira da. História da Fundação do Império Brasileiro. Rio de
Janeiro: Garnier Ed. 1865.
SMITH, Adam. Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações.
São Paulo: Abril Cultural, 1979 (Col. Os pensadores).
VARNHAGEN, F.A. História da Independência do Brasil. Belo Horizonte:
Itatiaia / São Paulo: EDUSP, 1981.
WEHLING, Arno. “Monarquia dual luso-brasileira: crise colonial, inspiração
hispânica e criação do Reino Unido”. Anais do Seminário Internacional – D. João
VI, um rei aclamado na América. Rio de Janeiro: Museu Nacional. 2000.
WEHLING, Arno e Maria José. “Soberania sem Independência: Aspectos do
discurso político e Jurídico na proclamação do Reino Unido”. Rio de Janeiro:
Revista Tempo, nº 31, jul. / dez. 2011.
173
Resumo: Abstract:
O objetivo deste artigo é analisar as visões de The goal of this article is to analyze the views
Portugal e do Brasil sobre um mesmo fato – a of Portugal and Brazil on one event – the el-
elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal evation of Brazil to the United Kingdom of Por-
e Algarves, em 1815. Por meio das percepções tugal and the Algarves in 1815. By way of the
distintas apreendidas por homens do mesmo differing perceptions held by men of the same
tempo, verificam-se as diversas linguagens, que time period, we can see the diverse language
procuravam expressar tanto as diferentes iden- used to try to express both the different politi-
tidades políticas e sociais como as tensões que cal and social identities and the tensions that
se faziam presentes naquela conjuntura histórica were present at that historical juncture between
entre os dois reinos irmãos. Se para aqueles que the two fraternal kingdoms. Whereas for those
se encontravam no Brasil a elevação do Brasil a who found themselves in Brazil the elevation of
reino representava a possibilidade de certa auto- Brazil to a kingdom represented the possibility
nomia e de proeminência no interior do Império, of certain autonomy and prominence within the
para os que permaneceram no reino português, a inside of the Empire, those who remained in
situação era de inferioridade, pois Portugal tor- the Portuguese kingdom held an inferior status
nava-se colônia de sua antiga colônia. No entan- since Portugal itself became a colony of its own
to, se o Reino Unido em 1815 não representou a former colony. However, if the United Kingdom
garantia de unidade do império Português, tam- in 1815 did not represent a guarantee of unity in
bém não significou a ideia de separação entre the Portuguese empire, neither did it signify the
as suas partes. Somente na segunda metade de idea of a separation between its parts. Only in
1820, tal equilíbrio frágil acabou por se romper. the second half of 1820 did the fragile equilib-
rium finally rupture.
Palavras-chave: Reino Unido; Identidades; Keywords: United Kingdom; Identities; Politi-
Linguagens políticas; Diplomacia. cal Language; Diplomacy.
Francisco (dirs). Diccionario político y social del siglo XIX español. Madrid: Alianza
Editorial, 2002.
5 – LISBOA, José da Silva. Memória dos benefícios políticos do Governo ..., p. 68 e 114.
Grifo no original.
6 – Para esta questão, ver SCHULTZ, Kirsten. Versalhes Tropical. Império, monarquia
e a Corte Real portuguesa no Rio de Janeiro, 1808-1821. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2008, p. 275-281.
7 – O Conciliador do Reino Unido. Rio de Janeiro, no. 3, p. 28, 1821.
nos”, que tem sido a “a causa de tanta desordem na Europa e, agora nas
Américas”39.
42 – Para o reconhecimento da Suécia, ver Arquivo Nacional. Gabinete de D. João VI. U1.
00.415. Carta tratando do reconhecimento do Brasil como Reino Unido e Algarves pelo
Reino da Suécia.
43 – Correio Braziliense. Londres. v. 16, no. 93, fevereiro de 1816, p. 187-188.
Referências bibliográficas
ALEXANDRE, Valentim. Valentim Alexandre. Os sentidos do Império. Questão
nacional e questão colonial na crise do Antigo Regime Português. Porto: Edições
Afrontamento, 1993.
FERNÁNDEZ SEBASTIÁN, Javier. “Hacia una Historia Atlántica de los
conceptos políticos”, en Idem, Dicionario politico y social iberoamericano.
Iberconceptos I. Madrid: Fundación Carolina/Sociedad Estatal de
Conmemoraciones Culturales/ Centro de Estudios Políticos y Constitucionales,
2009.
FERNÁNDEZ SEBASTIÁN, Javier e FUENTES, Juan Francisco (dirs).
Diccionario político y social del siglo XIX español. Madrid: Alianza Editorial,
2002.
GIRADET, Raoul. R. Girardet. Mitos e mitologias políticas. São Paulo:
Companhia das Letras, 1987.
KOSELLECK, R. Futuro Passado – contribuição à semântica dos tempos
históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
LIMA, Oliveira. D. João VI no Brasil (1909). 3a. ed. Rio de Janeiro: Topbooks,
1996.
LYRA, Maria de Lourdes Viana. A utopia do poderoso império: Portugal e Brasil:
bastidores da política, 1798-1822. Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994.
LUSTOSA, Isabel. Insultos Impressos: a Guerra dos jornalistas na Independência
(1821-1823). São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
MELLO, Evaldo Cabral de. “O Império frustrado”. In: Um imenso Portugal.
História e historiografia. São Paulo, Editora 34, 2002.
MUNARO, Luís Francisco. O jornalismo português em Londres (1808-1822).
Retrato de um tempo e de uma profissão. Rio de Janeiro: Publit, 2014.
NEVES, Lucia Maria Bastos P. Napoleão Bonaparte. Imaginário e política em
Fontes Impressas
ALORNA, Marquês de. Memórias do Marquês de Fronteira e de Alorna
(revistas e coordenadas por Ernesto de Campos de Andrada). Coimbra: Imprensa
da Universidade, 1926. Tomo I-II.
BRASIL. Carta de Lei de 16 de dezembro de 1815. [Rio de Janeiro]: Impressão
Régia, [1815].
LISBOA, José da Silva. Memória dos benefícios políticos do Governo de El-Rey
Nosso Senhor D. João VI, Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1818.
LOUREIRO, João Bernardo da Rocha. Memoriais a D. João VI. Edição e
comentários por Georges Boisvert. Paris: Fundação Calouste Gulbenkian; Centro
Cultural Português, 1973.
SANTOS, Luiz Gonçalves dos Santos. Memórias para servir à História do Reino
do Brasil (1825). Belo Horizonte/São Paulo: Itatiaia/ Edusp, 1981, 2v.
SEIXAS, Romualdo Antonio de. Sermão de Acção de Graças que no dia 13 de
maio celebrou o Senado da Camara desta capital do Pará pela feliz aclamação
do muito Alto e Poderoso Senhor D. João VI. Rey do Reino Unido de Portugal,
do Brazil e de Algarves. Recitado e oferecido a Sua Magestade Fidelsíssima pelo
presbytero (...). Rio de Janeiro: Impressão Régia, 1818.
Periódicos
Lisboa. A Gazeta de Lisboa. 1816.
Londres. Correio Braziliense. 1816.
Londres. Investigador Português em Inglaterra. 1816.
Rio de Janeiro. A Gazeta do Rio de Janeiro. 1816.
Rio de Janeiro. O Conciliador do Reino Unido. 1821.
193
Resumo: Abstract:
O presente trabalho objetiva analisar a presença This text aims to analyze the presence of English
da cultura inglesa no Rio de Janeiro do período culture in Rio de Janeiro during the period of
de D. João. Apesar da predominância da cultura John VI. In spite of the predominance of French
francesa nos dois lados do Atlântico, e com as culture, on both sides of the Atlantic, and with
invasões francesas, procura-se demonstrar que the invasions of the French, we seek to dem-
a cultura inglesa foi-se insinuando, quer na ma- onstrate that English culture was creeping in,
terialidade do cotidiano, quer na propagação do whether it was in the materials of everyday life,
idioma, quer na cultura letrada. or in the propagation of the language, or in let-
tered culture.
Palavras-chave: Cultura inglesa; Cultura Mate- Keywords: English Culture; Material Culture;
rial; Cultura Letrada; Cotidiano. Lettered Culture; Everyday Life.
10 – SILVA, Maria Beatriz Nizza da. A correspondência consular no Arquivo dos Negó-
cios Estrangeiros em Paris, Revista da Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica. São
Paulo, 3: 105-115, 1996/1997., 1996/1997; Sobre a cultura material, ver SILVA, Maria
Beatriz Nizza da. A Gazeta do Rio de Janeiro (1808-1822): Cultura e sociedade. Rio de
Janeiro, Ed.UERJ, 2007.
A CULTURA LETRADA
Uma dificuldade grande para o acesso direto à cultura inglesa, por
meio da importação de livros de Inglaterra, era sem dúvida a ignorância
generalizada dessa língua, embora em 1813 o comércio livreiro da cidade
tenha investido nuns spelling books “próprios para a mocidade aprender
o idioma inglês”. É certo que se vendiam dicionários, mas não de portu-
guês e inglês, e sim de espanhol/inglês, de um autor chamado Newman,
ou de italiano/inglês, de Darett, o que parece indicar que não houvera em
Portugal interesse em publicar esse tipo de obra. Aliás, foi em Liverpool
que Manuel de Freitas teve editada, em 1812, sua Nova gramática inglesa
e portuguesa, divulgada por Hipólito da Costa no Correio Brasiliense.
A solução mais comum para uma ampla leitura de obras inglesas era
a tradução, principalmente de obras científicas. Foi o que ocorreu, por
exemplo, com a Exposição anatômica do útero humano grávido e dos
seus conteúdos, livro traduzido do inglês de Guilherme Hunter, médico
da rainha da Grã-Bretanha, pelo cirurgião Antônio Lopes de Abreu, e
publicado em Lisboa em 1813, ou com Thomas Denman, Aforismos so-
bre as hemorragias uterinas e convulsões puerperais, reimpressos pela
Impressão Régia do Rio na tradução do cirurgião-mor da Real Câmara.
15 – Bibllioteca Nacional – Rio de Janeiro, Mss. 7,4,92; Ver meu artigo: “Livros e forma-
ção profissional na Corte do Rio de Janeiro”. Anais de História de Além-Mar, Lisboa, XII:
319-332, 2011.
16 – NEVES, Lúcia M. Bastos Pereira das. O Livro para nele se fazer memória de todas as
obras que entraram na Real Biblioteca. In: ALGRANTI, Leila Mezan & MEGIANI, Ana
Paula (orgs). O Império por escrito: Formas de transmissão da cultura letrada no mundo
ibérico, séculos XVI-XIX. São Paulo: Alameda, 2009.
Referências bibliográficas
FRANÇA, Jean Marcel Carvalho. Viajantes estrangeiros no Rio de Janeiro
joanino. Antologia de textos, 1809-1818. Rio de Janeiro: José Olympio Editora,
2013.
FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. Aspectos da influência britânica sobre a
vida, a paisagem e a cultura do Brasil. [s.n.t.].
NEVES, Lúcia M. Bastos Pereira das. “O Livro para nele se fazer memória de
todas as obras que entraram na Real Biblioteca”. In: ALGRANTI, Leila Mezan
& MEGIANI, Ana Paula (orgs). O Império por escrito: Formas de transmissão
da cultura letrada no mundo ibérico, séculos XVI-XIX, São Paulo, Alameda,
2009.
17 – SILVA, Maria Beatriz Nizza. Hipólito da Costa e a divulgação da cultura técnico-
-científica inglesa no império luso-brasileiro, Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, 464:13-34, 2014.
Fontes
“Almanaque do Rio de Janeiro para o ano de 1816”, Revista do Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro, vol. 268, 1966.
Biblioteca Nacional – Rio de Janeiro. Mss. I – 31,30,n.95, “Mapa dos
estrangeiros, cujos nomes se acham descritos nos livros de matrícula feita pela
Intendência Geral da Polícia da Corte e Reino do Brasil”, elaborado em 31 de
julho de 1820.
Bibllioteca Nacional – Rio de Janeiro, Mss. 7,4,92.
FREYCINET, Louis. Voyage autour du monde. Tomo I. Paris, 1825.
Gazeta do Rio de Janeiro, nº56, 1820.
GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia/
Ed. USP, 1990.
PRIOR, James. Voyage along the Eastern Coast of Africa to Mosambique,
Johanna, and Quiloa; to St. Helena; to Rio de Janeiro, Bahia and Pernambuco
in Brazil, in the Nisus Frigate. Londres, 1819.
211
Resumo: Abstract:
Este trabalho é um recorte temático que quer This text is a thematic passage that seeks to
pensar a economia política da arte a partir de um think through the political economy of art based
determinado manejo do capital artístico-cultural on a specific treatment of the artistic-cultural
das imagens instituídas no período joanino bra- capital of the images instituted during the Bra-
sileiro. A constituição e produção dessa econo- zilian Joanine period. The constitution and pro-
mia significaram, naquele momento, mais um duction of this economy signified, at that time,
suporte técnico e intelectual da celebração da an additional technical and intellectual support
união do velho reino com o novo, desdobrando- for the celebration of the union between the old
-se em atos e datas demarcadoras da vida da kingdom and the new, unfolding in pivotal acts
Coroa portuguesa na Corte do Rio de Janeiro. and dates in the life of the Portuguese crown in
D. João precisava pensar o lugar de Portugal the court of Rio de Janeiro. John VI needed to
no Brasil, reproduzir a ordem dos reinos e o think about the place of Portugal in Brazil, to
modelo das coroas europeias, para tornar-se a reproduce the order of the kingdoms and the
representação de uma monarquia absoluta que model of the European crowns, to become the
acontecia na América. representation of an absolute monarchy that
was taking place in America.
Palavras-chave: Economia política da arte; Keywords: Political economy of art; the en-
o gravador Charles S. Pradier; imagens de ce- graver Charles S. Pradier; images of celebra-
lebração do Reino Unido de Portugal, Brasil e tion from the United Kingdom of Portugal, Bra-
Algarves. zil and the Algarves.
5 – As aspas são devidas à citação do verbete de: NEVES, Guilherme Pereira das. Revo-
lução de 1817. In: VAINFAS, Ronaldo, NEVES, Lúcia Bastos Pereira das. (orgs.). Dicio-
nário do Brasil Joanino 1808-1821. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. p. 389-391.
6 – Impressão Régia e a imprensa, Real Horto Botânico, Museu Real, Teatro São João,
Real Biblioteca torna-se pública. Instituiu o imposto predial com a Décima Urbana; a prá-
tica do Beija-mão. Intensificação e maiores condições comerciais dos modelos europeus
nas formas vestimentares, decorativas dos lares e gastronômicas.
7 – DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
8 – ELIAS, Norbert. A sociedade de corte: investigação sobre a sociologia da realeza e
da aristocracia de corte. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
8º conde de Cantanhede. “Ele se destacava mais do que tudo pelos vastos conhecimentos
nas ciências naturais, na literatura e nas belas artes, das quais praticava, com proficiência,
a pintura e a gravura. Contratante da missão artística francesa, inspirador da vinda de
cientistas estrangeiros”. RIOS FILHO, Adolfo Morales de los. O ensino artístico: subsídio
para a sua história. Anais do III Congresso de História Nacional. Rio de Janeiro: IHGB,
v. 8, p. 3-432, 1943. p. 5.
14 – Para Rios Filho, o cientista Alexandre Von Humboldt (1769-1857) intermediou o
contato entre o marquês de Marialva e Joaquim Lebreton.
15 – Francisco José Maria de Brito era funcionário da embaixada e fora secretário particu-
lar do conde da Barca em Haia, correspondendo-se permanentemente com o estadista no
Brasil. Mais em: RIBEIRO, Marcus Tadeu Daniel. O conde da Barca e a vinda dos artistas
franceses: contribuições documentais. Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro: Es-
cola de Belas Artes/Centro de Letras e Artes/UFRJ, p. 65-77, 20-22 nov. 1996.
16 – Na historiografia brasileira são encontradas várias denominações: Colônia Lebreton;
Colônia artística; Colônia artística francesa; Colônia de artistas de 1816; Missão Artística;
A Missão Artística de 1816; A Missão Francesa; a Missão Artística Francesa de 1816.
Referências: TAUNAY, Afonso de E. A Missão Artística de 1816. Rio de Janeiro: MEC/
DPHAN, 1956. (v. 18); BITTENCOURT, Gean Maria. A Missão Artística Francesa de
1816. Petrópolis: Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1967; BANDEIRA, Julio, XEXÉO,
Pedro Martins Caldas, CONDURU, Roberto. A Missão Francesa. Rio de Janeiro: Sextan-
te Artes, 2003; RIOS FILHO, Adolfo Morales de los. op. cit
17 – Sessenta e três dias após a partida do Havre, em 22 de janeiro de 1816, a Gazeta do
Rio de Janeiro de 30 de março noticiava a chegada do navio norte-americano Calpé com
os artistas. Mais em: RIOS FILHO, Adolfo Morales. op. cit.
O texto continua,
e querendo para tão úteis fins aproveitar, desde já, a capacidade, ha-
bilidade e ciência de alguns dos estrangeiros beneméritos, que têm
buscado a minha real e graciosa proteção para serem empregados no
ensino e instrução pública daquelas artes: hei por bem, e mesmo en-
quanto as aulas daqueles conhecimentos, artes e ofícios não formam
a parte integrante da dita Escola (...) cumprindo desde logo cada um
dos ditos pensionários com as obrigações, encargos e estipulações que
devem fazer a base do contrato, que ao menos pelo tempo de seis anos
hão de assinar, obrigando-se a cumprir tudo quanto for tendente ao fim
da proposta instrução nacional das belas artes aplicadas à indústria,
melhoramento e progresso das outras artes e ofícios mecânicos27.
26 – Idem, ibidem.
27 – Idem, p. 78
28 – Decreto de 12 de Agosto de 1816. Coleção de Leis do Império do Brasil, v. 1, 1816,
p. 77.
29 – Idem, p. 289.
30 – O imperador Francisco II era um dos líderes da Santa Aliança.
31 – Desembarque de Sua Alteza Real, a Archiduquesa D. Carolina Leopoldina – Prin-
cesa Real do Reino Unido de Portugal, do Brasil e Algarves no Rio de Janeiro em 5 de
Novembro de 1817, p. 219. Do lado esquerdo: Pintado por... Debret, pensionário de S. M.
Fma, e Sócio da R. Ac. de Bellas Artes do Rio de Janeiro; do lado direito: Aberto por C.
S. Pradier, pensionário de S. M. Fma e Sócio de R. Ac. de Bellas Artes do Rio de Janeiro.
32 – Assinado em 29 de novembro de 1816.
33 – Metternich (Klemens Wenzel Nepomuk Lothar von) foi o diplomata presidente do
Congresso de Viena.
34 – Mais em: LYRA, Maria de Lourdes Viana. Relações diplomáticas e interesses políti-
cos no casamento de D. Leopoldina. In: 200 anos – Imperatriz Leopoldina: realizações do
Simpósio comemorativo do bicentenário de nascimento da imperatriz Leopoldina. Rio de
Janeiro: Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1997.
35 – Com datas de vida e morte: de 1783 a 1847 segundo o dicionarista Emmanuel Bé-
nézit; e de 1786 a 1848 segundo Henri Beraldi.
36 – Príncipe-rei, porque o desembarque é de fins de 1817 e a pintura é de 1818 e a gra-
vura está aproximada entre os anos de 1818 e 1820.
Referências bibliográficas
ASSUNÇÃO, Paulo de. Ritmos da vida: momentos efusivos da família real
portuguesa nos trópicos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2008.
BANDEIRA, Julio, XEXÉO, Pedro Martins Caldas, CONDURU, Roberto. A
Missão Francesa. Rio de Janeiro: Sextante Artes, 2003.
BARATA, Mario. Manuscrito inédito de Lebreton: sobre o estabelecimento
de dupla Escola de Artes do Rio de Janeiro, em 1816. Revista do Serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, MEC, n. 14, p. 283-
307, 1959.
BERALDI, Henri. Les graveurs du XIXe siècle: guide de l’amateur d’estampes
modernes. Paris: Libraire Conquet, 1885-1892. 12 v. V. II , p. 42.
BÉNÉZIT, E. Dictionnaire critique et documentaire des peintres, sculpteurs,
dessinateurs et graveurs de tous les temps et de tous des pays… Nouvelle edition:
Libraire Gründ, 1976.
BITTENCOURT, Gean Maria. A Missão Artística Francesa de 1816. 2 ed.
Petrópolis: Editora Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1967
Coleções de leis do Brasil, ano 1815. Disponível em www2.camara.leg.br.;
acessado em out. 2015.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,
2007.
BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. São Paulo: Perspectiva,
2007.
CARDOSO, Rafael. A Academia Imperial das Belas Artes e o ensino técnico.
8, p. 3-432, 1943. p. 5.
TAUNAY, Afonso de E. A Missão Artística de 1816. Rio de Janeiro: MEC/
DPHAN, 1956. Petrópolis: Museu de Armas Ferreira da Cunha, 1967. (v.
18)
227
REINO UNIDO:
ATOS LEGAIS, MANIFESTAÇÕES IMPRESSAS
E A ORAÇÃO DE GRAÇAS DO PADRE MORORÓ
UNITED KINGDOM: LEGAL ACTS, PRINTED EXPRESSIONS
AND THE PRAYER OF THANKS BY FATHER MORORÓ
Cybelle de Ipanema1
Resumo: Abstract:
A apresentação selecionou atos impressos que This presentation selected printed acts related
tiveram relação com o criado Reino Unido de to the established United Kingdom of Portugal,
Portugal, Brasil e Algarves. A base foram os Brazil and the Algarves. The base for the acts
catálogos da Impressão Régia do Rio de Janei- was the catalogs of the Royal Press of Rio de Ja-
ro: de Alfredo do Vale Cabral (1881) e Rubens neiro: from Alfredo do Vale Cabral (1881) and
Borba de Moraes (1993). Assim são indicados Rubens Borba de Moraes (1993). In this way the
os verbetes escolhidos que justificam o título chosen entries have been selected, justifying the
triplo eleito. three-part title.
Palavras-chave: Impressão Régia; Imprensa Keywords: Royal Press; National Press; Legal
Nacional; Atos Legais; Manifestações impres- Acts; Printed Expressions; Father Mororó.
sas; Padre Mororó.
1. Introdução
Título triplo, fonte primária única para as duas primeiras partes, sem
embargo de utilização em diferentes edições. Refiro-me aos levantamen-
tos da produção da Impressão Régia do Rio de Janeiro, primeira gráfica
autorizada, por Decreto de 13 de maio de 1808, aniversário do regente
D. João, em sua chegada à capital da colônia americana, ainda Vice-reino,
situação imediatamente superposta pela de Reino que, assim, se transfe-
rira de Portugal.
3 –1Anais da Biblioteca Nacional, vol. IX, 2 vol. e 1 suplemento. Rio de Janeiro: Tipo-
grafia Nacional, 1881.
4 –1CABRAL, Alfredo do Vale. Anais da Imprensa Nacional do Rio de Janeiro – 1808-
1822. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1881.
3. Atos legais
A essência desse ato era: “de maneira que formem um só corpo po-
lítico, debaixo do título de Reino Unido de Portugal e do Brasil e Algar-
ves”.
6 –1A Carta de Lei de criação do Reino Unido foi impressa na Impressão Régia. Biblio-
grafia..., 2º vol., 301. Não figura no Vale Cabral, como, a registrar, que não consta das
Efemérides brasileiras, do barão do Rio Branco, editadas mais de uma vez no século XX.
7 –1RBM, 2º vol., 313.
8 –1RBM, 2º vol., 326.
4. Manifestações impressas
4.2.1. Aclamação
10 – Manuel Joaquim da Silva Porto e José Pedro Fernandes pedem licença para imprimir
na Impressão Régia suas produções sobre a vitória em Pernambuco. (IPANEMA, Cybelle
de, IPANEMA, Marcello de. Silva Porto: livreiro na corte de D. João, editor na Indepen-
dência. Rio de Janeiro: Capivara, 2007, p. 115). A de Silva Porto foi também publicada
em O Investigador Portuguez em Inglaterra, vol. XXI, mar. 1818, p. 3-6 (Silva Porto...,
op. cit., p. 119).
12 – Ora aparece como Gonçalo Inácio Loiola Albuquerque e Melo, ora como Gonçalo
Inácio de Loiola Albuquerque e Melo.
13 – IPANEMA, Cybelle de; IPANEMA, Marcello de. Silva Porto..., op. cit., p. 87.
Rio de Janeiro: 1818 /Na Tipografia Real./ Com licença da Mesa do De-
sembargo do Paço.
14 – STUDART, Barão de. Estado do Ceará. Jornais, revistas e outras publicações periódi-
cas, de 1824 a 1908. Catálogo organizado por ... Anais da imprensa periódica brasileira.
Rio de Janeiro: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Parte II, vol. I,
1908, p. 219-322.
6. Ilustrações
CARTA DE LEI – DE 16 DE DEZEMBRO DE 1815
I – Que desde a publicação desta Carta de Lei o Estado do Brasil seja eleva-
do à dignidade, preeminência e denominação de – Reino do Brasil –
III – Que os títulos inerentes à Coroa de Portugal, e de que até agora hei
feito uso, se substitua em todos os diplomas, cartas de leis, alvarás, provisões e
atos públicos o novo título de – Príncipe Regente do Reino Unido de Portugal e
do Brasil e Algarves, daquém e dalém mar, em África, de Guiné e da Conquista,
Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Persia, e da Índia etc. –
Referências bibliográficas
CABRAL, Alfredo do Vale. Anais da Imprensa Nacional do Rio de Janeiro –
1808-1822. Rio de Janeiro: Tipografia Nacional, 1881.
CAMARGO, Ana Maria de Almeida, MORAES, Rubens Borba de. Bibliografia
da Impressão Régia do Rio de Janeiro. São Paulo: Edit. da Universidade de São
Paulo: Kosmos, 1993, 2 vol.
IPANEMA, Cybelle de, IPANEMA, Marcello de. Silva Porto: livreiro na corte
de d. João, editor na Independência. Rio de Janeiro: Capivara, 2007.
STUDART, Barão de. Estado do Ceará. Jornais, revistas e outras publicações
periódicas, de 1824 a 1908. Catálogo organizado por ... Anais da imprensa
periódica brasileira. Rio de Janeiro: Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, Parte II, vol. I, 1908, p. 219-322.
Publicações seriadas
Coleção de Leis do Brasil de 1815. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional,
1890.
247
Resumo: Abstract:
O estudo versa a emergência jurídica do Reino This study covers the legal emergence of the
Unido de Portugal, Brasil e Algarves e a pro- United Kingdom of Portugal, Brazil and the Al-
blemática que o envolve. Analisa o seu desenho garves and the issues involved. It analyzes its ju-
jurídico-constitucional e a controvérsia que ge- dicial-constitutional design and the controversy
rou nas Cortes vintistas. it generated among the vintista Courts.
Palavras-chave: Reino Unido; História do Di- Keywords: United Kingdom; History of Luso-
reito Luso-Brasileiro; D. João VI; Constituição Brazilian Law; John VI; Constitution of 1822;
de 1822; José Bonifácio de Andrada e Silva; José Bonifácio de Andrada e Silva; Liberalism.
Liberalismo.
sil, em sítio sadio, ameno, fértil e regado por algum rio navegável onde
passaria a residir a Corte ou a Regência. No fundo, tratava-se de criar a
capital política e administrativa do Reino, para além de receber a cúpula
da organização judiciária brasileira, com destaque para um “Tribunal Su-
premo de Justiça”11.
13 – Acerca da divisão administrativa do Brasil pelos dos fins do século XVIII e depois da
chegada de D. João ao Rio de Janeiro, ver, por todos, SILVA, José Manuel Azevedo e. O
Brasil Colonial, Coimbra: Faculdade de Letras, 2004 ([Coimbra], 2005, p. 48.
26 – Veja-se o artigo III dos “Estatutos para o Banco Publico, Estabelecido em virtude do
Alvará de 12 de Outubro de 1808”.
27 – Estipulava-o o artigo XIX dos Estatutos do Banco do Brasil.
28 – Sobre o que se acaba de assinalar, ver os artigos IX e X dos estatutos do Banco do
Brasil.
NORMAS EDITORIAIS
• As contribuições deverão ser inéditas e destinar-se exclusivamente à R.IHGB, escritas em português,
inglês, francês, espanhol ou italiano.
• Exceto os trabalhos dirigidos à seção Bibliografia, os autores deverão, obrigatoriamente, apresentar
títulos e resumos nos idiomas português e inglês, independentemente do idioma do texto original, e caso
este não esteja em português ou inglês, acrescentar resumo na língua original, não podendo ultrapassar
250 (duzentos e cinquenta) palavras, seguidas das palavras-chave, mínimo 3 (três) e máximo de 6 (seis),
representativas do conteúdo do trabalho, também em português e inglês, e no idioma original, quando
for o caso.
• Documentos enviados para publicação devem estar transcritos e assinalados o códice ou indicação
arquivística equivalente de onde foram copiados, acompanhados de uma introdução explicativa.
• A Revista reserva-se a oportunidade de publicação de acordo com o seu cronograma ou interesse,
notificando ao autor a sua aprovação ou a negativa para a publicação. Não serão devolvidos originais.
• No caso de aprovação para publicação, o autor terá 15 dias para a devolução do termo de autorização,
contados da data de envio da correspondência pela R.IHGB.
• Os autores receberão dez volumes da revista quando publicada sob os auspícios da Gráfica do Senado
Federal.
EDITORIAL RULES
• The contributions must be unpublished and exclusively written to R.IHGB, in Portuguese, English,
French, Spanish or Italian.
• Except works addressed to bibliography section, the authors must, mandatorily, present titles and
abstracts in Portuguese and English, independently of the language of the original text. If it is not in
Portuguese or English, it will be necessary to add the abstract in the original language as well. The
abstract cannot have more than 250 (two hundred and fifty) words, followed by the keywords, minimum
3 (three) and maximum 6 (six), in English and Portuguese, representing the content of the work.
• Documents sent to publication have to be transcribed and have the codex or archival indication from
where they were copied, followed by an explanatory introduction.
• The R. IHGB limits the opportunity of publication according to its schedule and interest, notifying the
approval or disapproval of the publication to the author. The original texts will not be returned.
• If the contribution is approved, the author will have fifteen days to give the authorization term back,
from the date R.IHGB has posted it .
• The authors will receive 10 volumes of the Revista when the publication is supported by the Gráfica
do Senado Federal.
TEXTS PRESENTATION
• Original typing in high density disk or CD, properly identified with the title of the text and name(s) of
the author(s), and three printed copies, including tables and references; in format A4, margins 2,5cm,
space between lines 1,5cm, on one side of the paper, font Times New Roman size 12, and consecutive
numbering. The Microsoft Word text editor or a compatible one should be used. If there are images,
identify in the text the places of the pictures and other types of illustration.
• Illustrations and captions have to be put in separate sheets of paper. The images have to be scanned in
300 dpi in format jpg and approximately dimensioned in format 5 x 5 cm;
• Front page: all the articles should have a front page with the title, the author’s whole name and the
institution they come from. The footnote has to mention the complete address and e-mail of the author,
to whom the mail will be sent. Only on this page the author’s identification will appear, for the secrecy.
• The translations, preferably unpublished, should have the author’s authorization and the respective
original text.
• The notes should be put in the footnote and the bibliography at the end of the texts. Both have to follow
ABNT standard. Norms for presenting footnotes:
• Books: LAST NAME, First Name. Title of the book in italics: subtitle. Translation. Edition. City:
Publisher, year, p. or pp.
• Chapters: LAST NAME, First Name. Title of the chapter. In: LAST NAME, First Name (ed.). Title of
the book in italics: subtitle. Edition. City: Publisher, year, p. nn-nn.
• Article: LAST NAME, First Name. Title of the article. Title of the jounal in italics. City: Publisher.
Vol., n., p. x-y, year.
• Thesis: LAST NAME, First Name. Title of the thesis in italics: subtitle. Thesis (PhD in …..) Institution.
City, year, p. nn-nn.
• Internet: LAST NAME, First Name. Title. Available at: www….., consulted dd.mm.yy.
Only the texts presented accordingly to the rules defined above will be ac-
cepted.
Address:
Revista do IHGB/IHGB
Avenida Augusto Severo, 8 – 10º andar – Glória
20021-040 – Rio de Janeiro – RJ
E-mail: revista@ihgb.org.br
ESTA OBRA FOI IMPRESSA
PELA GRÁFICA DO SENADO,
BRASÍLIA/DF,
EM 2016, COM UMA TIRAGEM
DE 700 EXEMPLARES