Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
PET Matemática
Sumário
1 Preliminares 1
Resumo
O presente artigo tem como objetivo provar um resultado fundamental no estudo de Álgebra Linear, que
determina explicitamente a distância entre um vetor qualquer de um espaço vetorial e um subespaço deste em
termos de sua base, usando o determinante de Gram. Tal estudo é fundamental no desenvolvimento de campos
mais avançados, como Teoria de Operadores Lineares e Análise Funcional. Ao final, aplicaremos esse resultado
para provar um fato básico de Geometria Analı́tica, como um caso particular do resultado estudado.
1 Preliminares
Quando se estuda Geometria Analı́tica, apresenta-se o problema de calcular a distância de um ponto a uma reta
qualquer do plano euclidiano. A princı́pio, a argumentação pode parecer simples para concluir que essa distância
é dada por
|ax0 + by0 + c|
d(P, r) = √
a 2 + b2
quando P é o ponto (x0 , y0 ) e r é a reta de equação ax + by + c = 0. É possı́vel abordar tanto algebricamente quanto
geometricamente esse problema; contudo, o objetivo desse breve artigo é usar um resultado de Teoria de Operadores
Lineares e Álgebra Linear para solucioná-lo. Determinaremos, a princı́pio, uma fórmula para a distância entre um
ponto de um espaço vetorial e um subespaço dele, e em seguida, aplicaremos esse resultado a R2 e o subespaço das
retas que passam pela origem.
Com esse objetivo, seja E um espaço de produto interno e {y1 , y2 , ..., yn } uma base qualquer de um subespaço
M de E. Sabemos que existe um único
Xn
w= ai yi
i=1
1
n
X
0 = hy − w, yj i = hy, yj i − ai hyi , yj i, 1 ≤ j ≤ n,
i=1
a1 hy1 , y1 i + a2 hy2 , y1 i + ... + an hyn , y1 i = hy, y1 i
a1 hy1 , y2 i + a2 hy2 , y2 i + ... + an hyn , y2 i = hy, y2 i
.. .. .. .. (1)
. . . .
a1 hy1 , yn i + a2 hy2 , yn i + ... + an hyn , yn i = hy, yn i
Demonstração. Escrevamos
hy1 , y1 i hy2 , y1 i ··· hyn , y1 i hy, y1 i
.. .. .. .. ..
A= .
. . . .
hy1 , yn i hy2 , yn i · · · hyn , yn i hy, yn i
y1 y2 ··· yn 0
Expandindo esse determinante usando a última linha como cofatores, temos:
hy2 , y1 i · · · hyn , y1 i hy, y1 i hy1 , y1 i ··· hyn−1 , y1 i hy, y1 i
.. . .
A = (−1) n+2
y1 . . .. .. .. + ... + (−1) 2n+1
yn ... .. .. ..
. . .
hy2 , yn i · · · hyn , yn i hy, yn i hy1 , yn i ··· hyn−1 , yn i hy, yn i
2
Logo, temos:
1 1 1
A = −(y1 D1 + ... + yn Dn ) = −(y1 a1 + ... + yn an ) = −w
g(y1 , ..., yn ) g(y1 , ..., yn ) g(y1 , ..., yn )
Note que assim fica determinado o vetor w; basta conhecer uma base do subespaço.
Ou ainda:
a1 hy1 , yi + a2 hy2 , yi + . . . + an hyn , yi = hy, yi − d2
Juntando essa equação com o sistema apresentado em (1) ligeiramente modificado, temos:
x1 hy1 , y1 i + x2 hy2 , y1 i + ... + xn hyn , y1 i + xn+1 h−y, y1 i = 0
.. .. .. ..
. . . . (4)
x1 hy1 , yn i + x2 hy2 , yn i + ... + xn hyn , yn i + xn+1 h−y, yn i = 0
x1 hy1 , yi + x2 hy2 , yi + ... + xn hyn , yi + xn+1 (d2 − hy, yi) = 0
Note que uma solução não trivial deste sistema é xi = ai , 1 ≤ i ≤ n e xn+1 = 1. Logo, como o sistema é
homogêneo, a matriz de coeficientes não deve possuir inversa, donde temos:
hy1 , y1 i hy2 , y1 i . . . hyn , y1 i h−y, y1 i
.. .. .. .. ..
.
. . . . =0
(5)
hy1 , yn i hy2 , yn i ... hyn , yn i h−y, y n i
hy1 , yi hy2 , yi . . . hyn , yi (d2 − hy, yi)
Daqui, podemos demonstrar o seguinte teorema:
Teorema 2. Seja {y1 , ..., yn } uma base do subespaço M ⊂ E. Para y ∈ E, tem-se:
g(y , ..., y , y) 1/2
1 n
d(y, M ) =
g(y1 , ..., yn )
e
0 < g(y1 , ..., yn ) ≤ ky1 k2 ky2 k2 · · · kyn k2
onde g(y1 , ..., yn ) é o determinante de Gram correspondente a y1 , ..., yn .
Demonstração. De (5), podemos expandir o determinante usando cofatores na última coluna. Teremos:
(d2 − hy, yi)g(y1 , ..., yn ) − hy, yn iCn − · · · − hy, y1 iC1 = 0
Donde segue:
n
X
d2 g(y1 , ..., yn ) = hy, yiCn+1 + hy, yk iCk (6)
k=1
hy1 , y1 i hy2 , y1 i ... hyn , y1 i hy, y1 i
.. .. .. .. ..
= .
. . . . (7)
hy1 , yn i hy2 , yn i ... hyn , yn i hy, yn i
hy1 , yi hy2 , yi . . . hyn , yi hy, yi
= g(y1 , ..., yn , y) (8)
3
Donde obtemos a primeira parte do teorema.
Para a segunda parte, usaremos indução. Note que 0 < g(y1 ) = hy1 , y1 i = ky1 k2 (aqui ressaltamos que o
determinante de Gram se anula se, e somente se, o conjunto {y1 , ..., yn } for linearmente dependente). Se aplicarmos
a primeira parte do teorema para o subespaço M = [y1 , ..., yn ] e y = yn+1 , notando que d(yn+1 , M ) ≤ kyn+1 k (e
portanto d2 (yn+1 , M ) ≤ kyn+1 k2 ), temos a partir da hipótese de indução:
a2 + b2 bx0 − ay0 + ac
h
hy , y i hP, y1 i c i2
g(y1 , P ) = 1 1 b
= ac 2 = ax 0 + b y0 +
hy1 , P i hP, P i x20 + y0 + cb
bx0 − ay0 + b
b
Referências
[1] GOHBERG, Israel; GOLDBERG, Seymour. Basic Operator Theory. 2. ed. Boston:
Birkhäuser, 2001.
[2] KREYSZIG, Erwin. Introductory functional analysis with applications. 1. ed. Nova
York: Wiley, 1989.
[3] LIMA, Ronaldo Freire de. Topologia e Análise no Espaço Rn . 1. ed. Rio de Janeiro: SBM,
2013.