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Até a perda dos pais, Yayá estudara em casa, sob os cuidados de Antônio de Barros
Barreto, seu preceptor. A partir de então, foi interna no tradicional colégio Nossa Senhora de
Sion, frequentado por filhas da elite paulista. Yayá recebeu educação esmerada. Falava
francês, tocava piano, pintava, dominava regras de etiqueta, realizava trabalhos manuais. E,
sobretudo, desenvolveu sua religiosidade, talvez um fator importante na manutenção de sua
integridade emocional diante dos abalos produzidos pela perda dos familiares próximos.
O Sion parece ter sido um referencial básico na vida de Yayá. Suas amigas durante a idade
adulta eram, na maioria, antigas colegas de escola. Mesmo depois de deixar o colégio, ela
continuava ligada às freiras –especialmente a Mère Amedée, sua orientadora espiritual durante
o período de estudante – obsequiando-as com favores e doações.
Yayá vivia na mansão da rua 7 de Abril, no centro de São Paulo, onde passava as horas
cuidando de um sofisticado (para a época) estúdio de fotografia onde revelava inúmeras fotos
de imagens de santos, seu tema preferido. Às vezes, passeava pelas ruas da pacata São Paulo
do início do século XX em seu Chevrolet grande e negro. Ia a Mogi das Cruzes para os fins de
semana com famílias amigas, ou ia à praia ou à fazenda em Guararema, onde fazia longos
passeios a cavalo pela mata.
Certo é que nunca seria encontrada fora de sua mansão da 7 de abril nos dias 19 de todo
mês (dia consagrado a São José). Esse dia era sagrado: era o dia em que ela ficava nos jardins
de sua casa, distribuindo alimentos e, infalivelmente, um conto de réis aos pobres que a tinham
como protetora.
Entre viagens de ida e vinda, Yayá de Mello Freire trazia sempre consigo algumas obras
de arte e não escondia dos seus amigos mais íntimos o orgulho por um cartão que conservava
sempre em local de honra. Fora-lhe dado por incentivadores dos movimentos artísticos de São
Paulo em reconhecimento pelo que fez em favor das artes.
Lá se criou Eliza de Mello Freire, sua prima e também sobrinha de Eliza Grant, educada
no colégio Sion, onde mais tarde foi professora de Educação Física, que ficaria com Yayá até
sua morte. Criou-se também Rosa Masullo, uma vizinha por ela batizada que se tornou sua
companheira preferida, agraciada com privilégios não concedidos aos demais moradores,
como, por exemplo, conhecer o segredo de seu cofre. Rosa, mãe do Dr. Augusto Trigueirinho,
foi educada no colégio Santa Inês e seu talento para a pintura foi sempre incentivado por Yayá,
que lhe solicitava quadros, com os quais presenteava as amigas.
Os que conheceram de perto apresentam Yayá como uma pessoa de hábitos simples e
vida social restrita a um pequeno grupo de amigos, do qual não participavam nem mesmo os
parentes residentes em Mogi. Embora desfrutando do bem estar propiciado por sua posição
social, viajou para a Europa apenas uma vez, em 1914, acompanhada de Rosa Masullo, Eliza
Grant e D. Hadjine, sua amiga desde os nove anos de idade.
De sua vida afetiva pouco se sabe. Consta que teria recusado muitas propostas de
casamento por considerar que os pretendentes estavam mais interessados em sua fortuna que
nela própria. Mas dizem que, demonstrando certo espírito romântico, Yayá teria cultivado uma
grande paixão oculta por Edu Chaves, rapaz de rica família paulista, que não se interessou por
ela.
Yayá teve sua trajetória marcada por tristes acontecimentos. Ainda muito pequena, aos 8
anos de idade, Yayá perdeu sua irmã Leonor, que morreu aos 13 anos, de tétano, ao se
machucar com um espinho de laranjeira.
Mas Yayá teve que conviver com outras perdas difíceis de serem compreendidas,
principalmente para uma criança. Sua outra irmã, Benedita Georgina, a menina da pipoca,
faleceu aos 3 anos de idade, asfixiada por um elo de um porta níquel feito de tricot de metal que
estava em seu berço.
Em 1899, seu pai e sua mãe ficaram doentes ao mesmo tempo e faleceram em apenas 2
dias sem um ficar sabendo da morte do outro.
Órfãos, Yayá, com 12 anos e seu único irmão Manuel de Almeida Mello Freire Junior, com
17 anos, ficaram sob a tutela do senador Dr. Albuquerque Lins, amigo pessoal de seu pai. E por
pedido de Yayá também foram cuidados por uma amiga e madrinha dela, Eliza Grant,
descendente de uma família americana que chegara a Mogi das Cruzes após a Guerra da
Secessão.
Com a morte dos pais, Yayá e seu irmão, tornaram-se herdeiros dos bens familiares
constituídos por um grande número de imóveis na Capital e em Mogi, valores e ações.
Em 1905, quando Yayá tinha 18 anos foi surpreendida por um acontecimento que, anos
mais tarde, faria parte também de seu destino, marcado pelo diagnostico de ―insanidade
mental‖.
No dia 21 de julho de 1905, seu irmão Manuel Junior que retornava de navio da Argentina com
o amigo Alfredo Grant e tendo desaparecido no referido navio, concluiu se que, Manuel Junior
havia se jogado ao mar. O médico de bordo, Dr. Francisco Benfica de Menezes, registrou um
termo com as seguintes palavras:
―Declaro que, cerca de 1 hora da noite, fui chamado a prestar socorros a Nhô Manuel de Mello
Freire, passageiro de 1ª classe, a bordo do‖ Orion ―, que anteriormente sofria das faculdades
mentais.
Pelas três horas fui despertar e avisado de que novo acesso o acometia (…) Ao penetrar no
camarote em que se achava, encontro-o deserto e aberta à vigia, sinal evidente de que o
doente tinha se atirado ao mar. ―.
Dona Yayá, que possui uma historia rica e envolvente, que era de uma família abastada e
que sua herança fez grande diferença para o progresso da cidade, e mesmo assim não possui
reconhecimento nenhum em Mogi das Cruzes.
Capitulo II – A Loucura e o Tratamento
A Loucura
No final de 1918, Yayá teve a primeira manifestação de desequilíbrio emocional. Achando que
iria morrer, redigiu a lápis, e sem a presença do tabelião, um testamento evidentemente sem
validade. Sua segunda providencia foi distribuir as joias que possuía entre as mulheres da casa;
depois, elas foram recolhidas por sua afilhada Rosa Masullo, que as guardou à espera de que
sua madrinha se restabelecesse para confirmar a doação.
Em janeiro de 1919 sobreveio uma nova crise. Yayá desconfiava de todos. Recusando
alimentos, gritava que a queriam matar e que tentavam desonrá – la. Em seu desespero tentou
suicídio, sendo então internada no Instituto Homem de Mello.
A notícia levada até o Curador Geral de Órfãos, provavelmente pelo antigo tutor de Yayá,
Albuquerque Lins, resultou na nomeação de dois médicos para que procedessem ao exame de
Sebastiana ―que se achava sofrendo das faculdades mentais a ponto de não poder gerir seus
bens‖.
Por ocasião de seu internamento, Yayá tinha 32 anos. A partir daí, sua vida, já bastante
marcada por acontecimentos trágicos, não mais foi conduzida por sua vontade.
Durante os 42 anos seguintes foi perdendo sua inteireza. Esquecida pela quase totalidade dos
amigos, afastada os espaços e objetivos que constituíam seus referenciais afetivos, tornou-se,
gradativamente, mais agressiva e, ao mesmo tempo, indefesa.
Os primeiros laudos sobre o estado mental de Yayá nos fornecem dados significativos para a
avaliação da camisa de força tecida pela moralidade burguesa do inicio do século, no sentido
de delimitar o papel feminino.
Aos olhos de hoje, as observações nela contidas parecem mais revelar os preconceitos da
época e tentar comprovar a eficácia da ciência médica do que fornecer dados que
possibilitassem orientar a cura.
Durante os delírios de Yayá, afloraram desejos e fantasiosas culpas produzidos por exigências
sociais e por uma educação dogmática e repressiva. Ela batia-se contra as paredes, feria-se
com objetos e farpas, dizia impropérios, proclamava-se partidária dos aliados na Primeira
Grande Guerra, repetia continuadamente ―eu sou católica apostólica romana‖, rasgava roupas,
chorava, cantava, queixava-se de ser ameaçada de morte e de violações, pedia o filho que
julgava amamentá-lo e embalá-lo.
Com o passar dos anos, os delírios diminuíram em frequência e intensidade. Aos poucos, a
psicose esquizofrênica – como tratado na linguagem médica moderna o mal que a afligia –
evoluiu sem remissão.
Em 1952, atingira o período demência, sua fase crônica final. Yayá, embora ainda tendo
algumas manifestações agressivas, estava abúlica, apática, quase inerte.
O Tratamento
Após os exames médicos que determinaram sua interdição, oficializada em abril de 1919, com
a publicação de um edital, Yayá esteve por cerca de um mês em uma casa alugada na rua Apa,
nº21. Só então foi encaminhada ao Instituto Paulista, onde permaneceu por pouco mais de um
ano.
A pedido do curador Souza Queiroz, Yayá foi submetida à observação de uma nova junta
médica. Depois da recusa, por motivos circunstanciais, de Franco da Rocha, Diogo de Faria e
Alberto Seabra, a junta foi composta pelos doutores Deolindo Galvão, David Cavalheiro e Paula
Lima. Chama a atenção à natureza dos quesitos respondidos. Além dos de costume, referentes
ao estado da interdita, constam outros sobre as instalações que ocupava, a competência dos
enfermeiros que a atendiam, as possibilidades de seu tratamento no Instituto Paulista e a
conveniência de transferi-la para outro local.
Finalmente os especialistas ponderaram que, dado o seu grau de fortuna, a paciente poderia ter
cuidados exclusivos, sendo conveniente sua transferência para outro lugar que,
proporcionando-lhe as vantagens de um tratamento especial reclamado por seu estado físico,
―ofereça ou se adapte às condições exigidas por seu estado mental‖.
Causa estranheza a referência ao Juquery como um asilo exclusivo de indigentes. Sabe-se que
lá também eram internadas pessoas de posse, a pagamento, às quais eram dispensadas
tratamento e acomodações especiais. De qualquer modo, a condição financeira de Yayá
permitia tratá-la sem afastá-la das pessoas mais próximas, um privilégio, então, ao alcance de
poucos.
O local adequado às necessidades de Yayá foi à chácara à rua Major Diogo nº 37, para onde
ela foi transferida em meados dos anos 20.Seu primeiro médico assistente foi Deolindo Galvão,
que considerou o local apropriado à cura da doente, então tratada pelo método francês non
restaint, assim explicado por ele: ―A doente será vigiada sem o perceber. Ela terá a ilusão de
que tem a liberdade, de que é senhora de seu nariz, mas de fato a vigilância será exercida
prudentemente não se permitindo senão aquilo que eu julgar conveniente‖.
Para a Major Diogo nº 37, foram com Yayá gentes e coisas. Entre estas um piano, móveis e
objetos de grande valor afetivo, pois datavam do tempo de seus pais.Com ela ficaram Elizinha,
Eliza Grant, sua irmã Georgina Tavolaro e antigos empregados. Para cuidar dela chegou o
enfermeiro João Garcia, que permaneceria na casa por mais de 30 anos, e uma auxiliar.
Poucos amigos continuaram a visitá-la.
A transferência de dona Yayá do Instituto Paulista para a casa da rua Major Diogo atendia a
recomendação médica.
As condições oferecidas pela casa salvo pequenas adaptações necessárias, eram ideais,
segundo o parecer do médico assistente de Yayá. Ali seria possível praticar ―… a vigilância
sobre a doente sem que ela o perceba, método esse curativo aplicável ao seu estado atual‖,
uma vez que ―… nos departamentos que lhe vão pertencer poderá ela habitar a sós com a
enfermeira por mim escolhida, sem comunicação com as pessoas da casa salvo quando seu
estado permitir e ela desejar…‖.
Iniciou-se dessa forma, em meados de 1920, o longo período de reclusão domiciliar de Yayá.
Ela não sairia de casa até 1961, ano em que faleceu.
Moreira aprovou as instalações ocupadas pela enferma, porém recomendou modificações nas
janelas, chegando a fazer um rascunho no qual indica as características do sistema adotado no
hospício carioca.
A idéia presente nessa sugestão, a mesma que norteou outras intervenções, foi bem traduzida
por Juliano Moreira ao dizer que tratava-se de instalar uma casa de saúde só para dona
Sebastiana.
Na época, talvez mais do que hoje, as casa de saúde para alienados assemelhavam-se ás
prisões. Eram espaços de isolamento, de manutenção do paciente em um ambiente neutro,
sem estímulos, despersonalizados, livre de contatos perniciosos à psique e seguro.
Seguro de modo a proteger sua integridade física, mas, sobretudo, para preservar os ―de fora‖
da desordem causada por aquela que não seguiam as regras do convívio social. Eram também
espaços de vigilância, instrumento pelo qual o especialista observava, montava o quadro da
―loucura‖ e assim, segundo acreditava, corrigia comportamentos inadequados.
Primitivo Sette, em um relatório sobre as atividades da curadoria em 1921, nos fornece alguns
detalhes da construção desse ambiente asséptico – e, ao mesmo tempo, incentivador da perda
da razão-a casa da Major Diogo.
Embora o relatório não mencione, as janelas dos dois cômodos ocupados por Yayá, situados
no canto formado pelas faces norte e leste do edifício, devem ter sido substituídas, nessa
época, seguindo o modelo proposto por Juliano Moreira.
E seria estranho se isso não acontecesse, uma vez que a segurança da enferma era uma das
preocupações básicas dos que a cercavam.
Como o estado de Yayá permanecia ―mais ou menos estacionário e está a pedir instalações
mais amplas e confortáveis‖, o médico assistente da enferma, Dr. Ovídio Pires de Campos,
sugeriu que se adaptasse a ―atual sala de vistas da casa, anexa a um dos quartos que ela
ocupa presentemente, e que apresenta, além das vantagens de maior largueza a ser muito bem
batido de sol, o que não acontece com um dos atuais quartos, que se afigura muito frio no
inverno.‖
Dr. Ovídio sugeriu, também que se construísse ―uma sala de banho no terraço que circunda a
casa, com fácil e direta comunicação com seus aposentos‖.
Sugeriu, ainda, modificações que visavam à segurança da interdita, como a substituição do
antigo assoalho de seus aposentos por um piso de corticite e o levantamento do muro à volta
da casa, de modo a pôr dona Sebastiana em ―condições de absoluta segurança e a salvo de
olhares indiscretos e bisbilhoteiros.‖
O salão central dotado de três janelas e uma porta foi transformada em dormitório. Dali foram
retirados o papel de parede, o assoalho, as portas e as janelas. Estas foram substituídas ―por
caixilhos e vidraças resistentes, semelhantes às adotadas nos lugares destinados a doentes
como a interdita e por venezianas de madeira.‖ Adotou-se, também, aí, o modelo de janelas
proposto pelo alienista Juliano Moreira.
Os outros dois cômodos ocupados por dona Sebastiana sofreram as mesmas reformas, e ao
lado dos aposentos, ocupando a área do terraço, foi construído o quarto de banho, revestido de
azulejos brancos, piso de cerâmica, banheira e chuveiro com aquecedor a gás.
Outra obra de vulto realizada no prédio, visando a sua conservação e à melhoria das
acomodações de dona Yayá, teve duração de quase um ano, iniciando-se em 1952.
Nessa época era curador de dona Sebastiana o Dr. Luiz Antonio Figueiredo que, sensibilizado
com o confinamento em que vivia a interdita, ―procurou um lenitivo para sua triste existência‖.
As obras sugeridas pelo curador foram o fechamento do terraço contíguo aos aposentos de
Yayá, que assim se tornariam um jardim de inverno, e a construção de um solário em rampa
reentrante no jardim. Segundo o laudo do perito Roberto Guimarães Sobrinho, nelas deveriam
ser utilizadas materiais especiais, com o vidro ―triplex‖, massa plástica lisa nas paredes internas
e pisos moles, como os de cortiça revestida de material impermeável ou de borracha.
Quando Yayá foi instalada na casa da Major Diogo, ela foi descrita pelo Dr. Juliano Moreira com
―uma moça de cor branca, magra de corpo, cabelos castanhos escuros.‖
Nove anos depois tornara-se exageradamente gorda. Só raramente saía a passear no jardim ou
para sentar-se no alpendre. Passava a maior parte do tempo encerrada em seus aposentos,
sem fazer nada ou desfazendo a trama de um tecido, o que tomava por fazer frivolitê.
Quase não falava. Sempre asseada e penteada, nos momentos de calma ―conversava‖ com as
pessoas da casa e chamava Augusto, filho de Rosa Masullo, e o filho de uma amiga pelo nome
de seu irmão e de outras crianças que conhecera.
Permaneciam os antigos hábitos domésticos, como a preparação dos doces para o consumo
anual da casa, e os trabalhos manuais das senhoras durante a tarde. Permaneciam também os
rituais e, entre eles, o de se comemorar o aniversário de Yayá com um jantar especial para o
qual eram convidados algumas pessoas. Por tradição servia-se peru, preparado com temperos
especiais no fogão de barro do quintal. A homenageada nunca esteve presente à mesa.
Pressentia-se Yayá. Nos antigos móveis e talheres, nos pratos de parede onde estavam
retratados seus dois cãezinhos de estimação, Fideli e Blanchet, na reverência com que todos
se referiam a ela.
]
A vida de Dona Yayá sempre foi marcada por muitos acontecimentos trágicos, e como sua
família era muito conhecida muitas histórias foram surgindo ou sendo modificadas, e com isso
foram surgindo lendas sobre Dona Yayá e sua família.
A Menina da Pipóca
Quem for ao Cemitério de São Salvador, em Mogi das Cruzes, no dia de Finados, verá quantas
mães levam seus filhinhos para visitar e levar flores para a ―menina da pipóca‖ – ali sepultada
em 1891.
Naquele ano a criança morreu .Seus pais mandaram erirgir-lhe um rico túmulo de mármore,
sobre o qual está a linda escultura de uma criancinha deitada e em suas mãos algumas flores ,
também de mármore.
O fato é que o povo não viu flores nas mãozinhas da escultura, pois elas ficaram parecendo
pipócas.
E daí nasceu a lenda que desde então repete-se ano apos ano e que a todos os Finados leva o
cemitério de Mogi um grande cortejo de mães, para rezar pelos seus filhos junto ao pequenino
túmulo.
E contam as mães que a criança morreu por castigo:
Passava a procissão de São Benedito. Mas como os pais não queriam que a família
homenageasse o santo preto, fecharam-se as janelas da casa.
E para distrais a pequenina, que queria ver a procissão, deram-lhe pipóca. Mas foi só a criança
botar uma na boca, engasgou-lhe e morreu!…
À rua Senador Dantas, onde está hoje o novo edifício do Instituto Dona Placidina, havia um
grande e velho sobrado, com várias janelas e alpendres de ferro batido. Era a residência ―na
cidade‖ de ilustre e abonada família mogiana .
Pois o sobrado de Dona Yayá- como era conhecida- deixou muitas histórias .
Ainda há pouco uma senhora contou-nos uma delas:
Quem passasse por ali noite alta, nas Sextas-feiras, veria um belíssimo espetáculo . Um baile
dos mais ricos, com grande orquestra e inúmeros casais a rodopiar lindas valsas e afinadas
mazurkas.
DE SEBASTIANA A
DONA YAYÁ
Autor Varneci Nascimento
Varneci Nascimento
Produção
Profa. Mônica Junqueira de Camargo (CPC-USP)
Cibele Monteiro da Silva (CPC-USP)
Gabriel Fernandes (CPC-USP)
Colaboração
Prof. Paulo Teixeira Iumatti (IEB-USP)
CPC - USP
2017
YAYÁ NA YAYÁ E O CPC
LITERATURA DE CORDEL
Os íntimos a descreveram
De uma forma bonita: Entre o hobby e os passeios
“Mulher de hábitos tranquilos, Fez da vida um poema,
Vida social restrita, De vez em quando ia à praia
Sem regalo ou exageros, Banhar-se sem ter problema
Nem mesmo onde ela habita”. Outras vezes, às fazendas
De Mogi ou Guararema.
Todo dia dezenove,
Dona Yayá elegeu
Sobre as razões afetivas
O dia da caridade
Sabe-se bem pouco dela:
Pois sua fé a moveu
Que rejeitou pretendentes,
(Devota de São José)
Que fugiu da esparrela
Foi assim que ela viveu.
De quem queria dinheiro
Sem ser devotado a ela.
Somente por uma vez
Se ausentou de nossa terra.
Nessa viagem à Suíça Conta-se que por um tempo
Sua vida quase encerra Cultivou uma paixão
Por ser no ano quatorze¹ Pelo rapaz Edu Chaves.
Da Primeira Grande Guerra. Abalado o coração
Por não ser correspondida.
¹ 1914 Encerrou logo a questão.
12 13
Foi dentro dos verdes anos Foi com seus trinta e dois anos
Que a mulher de estrutura Que Yayá perdeu a rédea
Começou a dar sinais Da vida, dos bens, de tudo.
De mudança de postura. A loucura não faz média,
No final do ano dezoito² Quem a tem fica fadado
A mente fica insegura. A naufragar na tragédia.
Aberta à visitação,
Aos setenta e quatro anos, Ao lazer e a cultura,
Partiu em aura de glória. Reflexão e saberes,
Libertou-se da prisão, Poética, literatura.
Dos grilhões da trajetória Numa distinta homenagem
O carro da lenda para Aos herdeiros da Loucura.
Na estação da História.
20 21
SOBRE O AUTOR
SOBRE A ARTISTA
O jornalista Isaac Greenberg em seu livro ―Folclore de Mogi das Cruzes‖, relata uma lenda em
torno de São Bendito. O caso ocorreu no ano de 1879.
"Passava a procissão de São Benedito. Mas como os pais não queriam que a família
homenageasse o santo preto, fecharam-se as janelas da casa. E para distrair a pequenina, que
queria ver a procissão, deram-lhe pipoca. Mas foi só a criança botar uma na boca, engasgou-se
e morreu!..."
A lenda da ―Menina da Pipoca‖ não ocorreu, o único fato verdadeiro esta na morte da pequena
criança ocorrido no dia 20 de junho de 1879. A causa do falecimento de Benedita Georgina filha
do então senador mogiano Manuel de Almeida Mello Freire, irmãzinha da Sebastiana de Melo
Freire não foi asfixia por ingestão de pipoca, mas por uma pequena porca metálica que se
soltou do berço.
Sabemos que o reflexo desta lenda pendura até hoje. Durante o dia 2 de novembro (Finados)
no Cemitério São Salvador, o túmulo da pequena menina é venerado por inúmeras mães que
pagam promessas por eventuais problemas de saúde ocorridos com seus filhos. O ex-voto é
pago em formato de velas, flores, doces e brinquedos. Mas um símbolo no túmulo fortalece a
lenda. Há uma estatua da menina desfalecida, com pétalas de flores nas mãos, que muito se
parece com as traiçoeiras pipocas.
O Inventario
No 9º andar do Fórum da Comarca de São Paulo, na praça João Mendes, funciona a 3ª Vara
da Família, exatamente por onde ocorreu, a partir do dia 15 de setembro de 1961, o inventário
de Sebastiana de Mello Freire, iniciado com uma certidão de óbito registrada sob o número
13990, folhas 96, livro 25 do subdistrito de Perdizes.
Sexo feminino, cor branca, prendas domésticas, natural de Mogi das Cruzes, solteira, parecem
ser características de muitas mulheres que faleceram nos últimos anos na Capital. Mas, com
certeza, não bastarão para caracterizar realmente quem era Yayá naquele frio atestado
assinado pelo médico Moacyr Tavolaro, dando como causa da morte um mal ainda mais
comum: insuficiência cardíaca.
Na verdade, Yayá tinha uma história especial. Não só uma história especial, como também um
patrimônio especial.
Em São Paulo:
1245, 1253, 1261, 1263, 1271, 1273, 1281, 1293, 1289, 1291, 1297, 1301, 1303, 1309, 1311,
1317, 1319, 1325, 1327, 1333, 1335, 1341, 1343, 1353, 1355, 1363 e 1365;
07 casas na rua Conselheiro Justino nos números: 572, 574, 584, 586, 590, 600 e 602;
08 casas na rua Piratininga nos números : 405, 413, 415, 417, 423, 425, 427 e 431;
06 casas na rua Visconde de Parnaíba nos números : 693, 1080, 1088, 1090, 1094 e 1100;
06 casas na rua Prudente de Moraes nos números : 173, 175, 183, 185, 193 e 197;
03 casas na rua Coronel Souza Franco nos números : 615, 603 e 641;
Em depósitos bancários havia, nessa ocasião, pouco mais de Cr$20 milhões (cerca de US$35
mil na época) na Caixa Econômica do Estado e, entre outros papéis, 12 obrigações de guerra
de mil contos de réis cada.
Com a necessidade de se legalizar as despesas de manutenção da residência e de todo o
patrimônio, foi então apurado o total gasto nesse setor após a morte de Yayá: eram 35 mil
cruzeiros na manutenção da residência e outros 71 mil cruzeiros no pagamento dos serviços,
incluindo governanta, ajudante de enfermeira, lavanderia, copeira, cozinheira e jardineiro.
É bem verdade que Yayá de Mello freire era sozinha. pelo menos foi assim que decidiu a
Justiça. Pretendentes, quando moça, ela os teve. E muitos. Mas nunca se casou. Preferia
sempre a devoção à Igreja católica e não há quem saiba nem mesmo de algum namorado
firme. Notícias e parentes pouco se sabe, além de um irmão que morreu misteriosamente numa
viagem por mar à Europa. Soube-se de outro irmão natural, que certo dia teria aparecido em
sua casa pedindo dinheiro para internar uma filha doente. Desse irmão também nunca mais se
ouviu falar.
Sem parentes diretos, era de se esperar que surgissem pessoas interessadas em disputar parte
da herança. A primeira foi Esther Pereira Garcia, que em 1961já era viúva e tinha 67 anos de
idade. Morava na rua Cantagalo, no Tatuapé, e caracterizava-se como parente colateral de 4º
grau de Yayá. Queria ser a beneficiária do grande patrimônio. Pouco depois, João Resce e sua
mulher também se habilitaram no inventário.
Mas em 20 de dezembro de 1962 a habilitação de todos foi rejeitada. Nessa época, a avaliação
do patrimônio de Yayá de Mello Freire, feita pelo Serviço de Engenharia da procuradoria Fiscal
e sem contar os imóveis das ruas Bráulio Gomes, Mello Alves e Augusta, apurava um total de
113 milhões e 732 mil cruzeiros. Houve, a partir daí, algumas alterações no patrimônio, com a
venda e aquisição de algumas propriedades. É certo que já não havia, nessa época, a fazenda
Sertão, em Biritiba Mirim, que Yayá de Mello Freire dividia, sem sociedade, com o médico
Deodato Wertheimer.
Na mesma época, Elisa Mello Freire reivindicou o recebimento de cinco por cento do valor dos
bens da herança sob o título de pagamento por serviços prestados a Yayá durante o período de
42 anos.
O inventário ia assim caminhando pelo Fórum da Capital a passos lentos, obstado por ações
paralelas, até que, em dezembro de 1968, o juiz Odyr José Pinto Porto determinou ―andamento
preferencial‖, resultando, no dia 13 do mesmo mês, nas folhas 853 do processo, a sentença
que declarava vacante a herança de Sebastiana de Mello Freire. O processo havia terminado, mais de
sete anos após o seu falecimento, com total de 1087 páginas acondicionadas em seis volumes.
Da decisão final resultou o benefício à Universidade de São Paulo, à qual foram transferidos
todos os bens de Yayá de Mello Freire.
Sebastiana de Melo Freire (Mogi das Cruzes, 21 de janeiro de 1887 - São Paulo, 4 de
setembro de 1961), mais conhecida como Dona Yayá, foi uma aristocrata brasileira, membro
de uma das mais importantes famílias do interior paulista. Teve uma vida marcada por
tragédias. Com a morte de seus pais e irmãos, herdou a fortuna da família, mas logo sucumbiu
a uma doença mental que a impediu de administrar ou usufruir de seus bens, tendo sido
mantida reclusa em sua residência no bairro paulistano do Bixiga, da juventude até seu
falecimento aos 74 anos, quando se extingue a linhagem dos Melo Freire. Sem filhos ou
parentes próximos, teve sua herança considerada vacante e todos os seus bens foram
transferidos à Universidade de São Paulo.
Biografia
Filha de Josefina Augusta de Almeida Melo e Manuel de Almeida Melo Freire, empresário,
fazendeiro, e político de relevo no estado de São Paulo, Yayá passa os primeiros anos de sua
vida em Mogi das Cruzes. Uma série de tragédias marca desde cedo a sua vida. Uma de suas
irmãs morre asfixiada aos três anos de idade.
Pouco tempo depois, outra irmã falece em consequência de uma infecção por tétano, aos treze
anos. Em 1899, morre sua mãe e, dois anos depois, seu pai. Órfã, passa a ser tutorada, junto
com Manuel de Almeida Melo Freire Júnior, agora, seu único irmão, por Albuquerque Lins, que
futuramente exerceria o cargo de presidente do estado de São Paulo.
Já na capital paulista, Yayá frequenta o Colégio Sion, enquanto seu irmão ingressa
na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Em 1905, nova tragédia: Manuel, desde cedo
diagnosticado como portador de uma doença mental, atira-se ao mar durante uma viagem a
bordo de um navio com destino a Buenos Aires.
Com sua morte, Yayá torna-se a única sobrevivente dos Melo Freire e herdeira de uma vasta
fortuna. Pôde por pouco tempo usufruir de seus bens. Residiu em um palacete na Rua Sete de
Abril, no centro de São Paulo, onde recebia seus amigos, promovia saraus e mantinha um
estúdio completo de fotografia, um de seus principais interesses. Relata-se que rejeitava todos
os seus pretendentes, por considerá-los interesseiros, e que teria mantido uma afeição não
correspondida pelo aviador Edu Chaves.
Já em 1918, manifestam-se os primeiros sintomas de sua doença mental, ao que se segue uma
tentativa de suicídio, no ano seguinte. Yayá é internada em um sanatório, interditada. Sua
residência na Sete de Abril era considerada inadequada para isolá-la. Assim, em 1925, seus
curadores adquirem um vasto casarão no bairro do Bixiga, à época convenientemente afastado
do centro da cidade. Paralelamente, ocorriam disputas judiciais pelo direito da curatela e pela
guarda dos bens da enferma, alimentando variadas acusações, escândalos e boatos, cobertos
pela imprensa da época.
Yayá permaneceria isolada em seu casarão no Bixiga por 36 anos. O imóvel foi inteiro
adaptado para o seu tratamento, da adaptação dos equipamentos dos banheiros à instalação
de janelas inquebráveis, que só abriam do lado de fora. Além dela, ocupam o casarão sua
amiga Eliza Grant, seu enfermeiro, uma prima e os criados. A última reforma ocorreu em 1952,
quando se construiu o solário, onde a enferma ficava ao ar livre. Dona Yayá faleceu em 1961,
no Hospital São Camilo.
Legado
Sem herdeiros, a fortuna de Dona Yayá foi considerada vacante, passando à propriedade
da Universidade de São Paulo. O patrimônio deixado compreendia o casarão do Bixiga, hoje
chamado Casa de Dona Yayá, sede do Centro de Preservação Cultural da universidade, 27
casas na rua do Hipódromo, 8 na rua Piratininga, 6 na Visconde do Parnaíba, um edifício na rua
que leva o nome de sua família, Mello Alves, outro na rua Augusta, parte do edifício Veneza,
uma chácara de 36 alqueires em Mogi das Cruzes, onde hoje se encontra o Centro Cívico da
cidade, além de inúmeros outros imóveis, terrenos, contas bancárias, títulos e outros bens.
São Paulo, 4 de setembro de 1961
De arquitetura eclética, a Casa de Dona Yayá foi a sede de uma das chácaras onde a elite
paulistana do fim do século 19, moradora do núcleo urbano, passava momentos de lazer.
A residência mostra duas formas de morar da época —o chalé, comum da época, e a casa
assobradada, construída em torno do chalé.
A casa serviu de clausura para Sebastiana de Mello Freire, a Dona Yayá, que dá o nome o
imóvel. Única herdeira da fortuna do pai fazendeiro, ela foi interditada ao apresentar sinais de
loucura e transferida para a chácara, onde viveu reclusa de 1919 a 1961.
A casa exibe várias adaptações para o tratamento da moradora, o que também revela a forma
de tratamento da loucura na época, que isolava o doente da vida social.
A propriedade original foi parcelada aos poucos para venda ou desapropriada para obras, como
a construção da Radial Leste. Após a morte de Dona Yayá, em 1961, o imóvel e a fortuna
ficaram sem herdeiros e foram transferidos para a USP (Universidade de São Paulo). Hoje
sedia o Centro de Preservação Cultural da universidade.
O coral Dona Yayá canta clássicos do samba que retratam a cidade de São Paulo em
composições de Geraldo Filme e Adoniran Barbosa, e de compositores atuais, como Eduardo
Gudin, Kiko Dinucci e Celso Viáfora. O repertório do grupo, que ensaia desde 2004 na Casa de
Dona Yayá, tem se dedicado a representar as manifestações e influências musicais presentes
na região do Bixiga, como a Escola de Samba Vai Vai e o bloco Ilú Obá de Min. Regência:
Mauro Aulicino.
Há peças que são unanimidade no que se refere ao repertório coral. No mundo todo, onde há
coral a capella, as peças do período renascentista, especialmente as italianas e francesas,
fazem parte do repertório. O grupo apresenta um programa variado, com músicas da Europa e
das Américas, que vão da renascença aos dias de hoje, sacras e profanas, populares e
eruditas, além de folclóricas e contemporâneas brasileiras. O repertório inclui peças de
Debussy, Piazzolla, Brahms e Tom Jobim. Regência: Paula Christina Monteiro.
EXPOSIÇÃO
SESMARIA DE PASSARINHOS
A exposição faz um recorte do trabalho desenvolvido pelo Grupo Ururay, coletivo formado por
jovens pesquisadores e ativistas focados na identificação, preservação e valorização dos bens
culturais da Zona Leste da cidade de São Paulo. Apresenta um levantamento fotográfico dos
bens tombados ou em processo de tombamento presentes nessa região que, embora seja
historicamente preterida em relação às áreas centrais da cidade na formulação e implantação
de projetos e políticas públicas, abriga os mais variados grupos sociais, vindo de diversos locais
do Brasil e do mundo. Realização: CPC– USP e Grupo Ururay.
Este pequeno espaço expositivo busca apresentar aos visitantes a trajetória de Sebastiana de
Mello Freire, a Dona Yayá. No início dos anos 1920, declarada incapaz de gerir a fortuna da
qual era única herdeira após manifestar repetidos sinais de desequilíbrio mental, Dona Yayá
passou a viver isolada na casa da Rua Major Diogo até sua morte, em 1961. A mostra
apresentam um levantamento documental que conta parte do pouco que se sabe sobre esta
personagem que hoje é parte da memória do bairro da Bela Vista. Realização: CPC– USP.
Sebastiana de Mello Freire, conhecida como dona Yayá, morou neste casarão do Bexiga de
1921 a 1961. O imóvel acabou sendo um hospício privado da residente, em uma época que a
psiquiatria não era muito avançada. Moradores antigos do bairro diziam que era possível ouvir
os gritos de Yayá, mesmo depois de sua morte. Restaurada em 2003, a casa hoje é ocupada
pelo Centro de Preservação Cultural da USP.
R. Mj. Diogo, 353, Bela Vista, região central, tel. 3106-3562. Seg. a sex.: 9h às 17h. GRÁTIS
Capitulo VII – Teoria da Conspiração
“A ambição que dizimou toda uma família”
Para conseguir ficar com todo o dinheiro da família Edu e seu amigo Dr. Valadão vão acabar
com a família inteira, causando acidentes fatais e até mesmo assassinando com as próprias
mãos, membro por membro da família.
Dr. Valadão, médico, corrupto, bandido, vagabundo e ladrão, enganou toda família Mello Freire do olho
na fortuna desses.
A Fortuna do Bixiga é o alvo, de um ou dois patifes que se desenvolve em 6 fases com desafios
diferentes.
Missão: Colocar um objeto ―perigoso‖ no berço da criança sem que ninguém perceba.
(o objeto deve ser colocado em um lugar específico do berço)
Conclusão da fase: A criança morre asfixiada ao engolir o objeto.
Missão: Pilotar até SP, ir até o consultório do Dr. Valadão e pegar uma seringa infectada com
tétano, Voltar para Mogi e aplicar a seringa enquanto a irmã dorme, sem que ela acorde (a
agulha dele ser aplicada no lugar indicado).
Missão: Sair para passear de barco com o irmão e Dr. Valadão. Convence-lo à beber uísque e
colocar entorpecentes em sua bebida. Derrubá-lo ao mar, limpar todas as impressões digitais e
voltar à terra firme.
Pai de Sebastiana
Manuel de Almeida Melo Freire (Mogi das Cruzes, 3 de Abril de 1834 — São Paulo, 1901) foi um
fazendeiro, empresário e político paulista.
Missão: Eles tem uma viagem marcada para o Rio de Janeiro. Ir à casa deles, cortar os cabos
do freio sem ser notados (tem que saber qual é o cabo certo).
Edu Chaves promete casar-se com Yayá e, com a ajuda do Dr. Valadão, começa à dopá-la com
alucinógenos. Dr. Valadão a diagnostica como esquizofrênica e, juntos, constroem um hospício
domiciliar para a moça.
Missão: Fazê-la assinar uma procuração de plenos poderes, para isso a combinação certa de
entorpecentes deve ser utilizada.
Yayá tenta fugir e Edu Chaves promete cuidar dela e mantê-la e leva-la de volta à casa no
bexiga. Ele deve montar o cenário e os objetos necessários para que o assassinato pareça um
suicídio por enforcamento.
Final do Jogo: Edu Kiko e Dr. Valadão, sem deixar nenhuma suspeita, ficam com todo o
dinheiro da família Mello Freire e fogem para Paris.
Sinopse:
Edu Kiko é um aviador de 27 anos que vive em Mogi das Cruzes no começo do século XIX.
Ambicioso por poder e fortuna é um profissional bem sucedido, mas isso não lhe é suficiente.
Conhece Sebastiana de Melo Freire, filha de Manoel de Almeida Mello Freire, empresário,
fazendeiro e político paulista, Senador e que se apresenta como a presa para o crime perfeito
(mas crimes perfeitos não deixam rastros).
A Mogi de Yayá Reprodução
Tinha cerca de 15 mil habitantes a Mogi das
Cruzes de 1877 em que nasceu Sebastiana de
Mello Freire. No total, eram cerca de 20 ruas. E
foi em um casarão construído na primeira meta-
de do século passado que nasceu Yayá. O casa- novamente ao Rio Tietê. Ou seja: a chácara
rão ocupava o terreno onde hoje está o Instituto ocupava toda a área hoje dominada pelos campi
Dona Placidina na Rua Senador Dantas, que das duas universidades de Mogi e pelos prédi-
então se chamava Rua Oriente. Era a maior cons- os da Prefeitura, Câmara, Casa da Lavoura,
trução de toda a rua, dominada em sua quase INSS, Casa do Advogado, Fórum, Corpo de
totalidade por moradias térreas de uma única Bombeiros, Delegacia Seccional e Justiça do
porta ladeada por duas janelas. Quase todas as Trabalho. Ainda sobra espaço para o Depósito
casas tinham beirais. A dos pais de Yayá, entre- Municipal.
tanto, tinha muito mais do que isso. Yayá tinha A Chácara da Yayá era, na sua maior par-
eiras e beiras. te, uma várzea alagadiça. O espaço habitável
Assobradado, o casarão de muitas janelas era estava onde hoje estão os prédios do INSS,
um ponto de referência da cidade. De reuniões Prefeitura e Justiça do Trabalho. A l i havia um
sociais e de encontros políticos que o seu pai, casarão térreo, de amplas portas, janelas e va-
advogado formado em São Paulo e que se ini- randas, à direita do qual se encontrava uma
ciou na política como vereador em Mogi, lidera- capela. Até meados da década de 1910 essa
va com o respeito que então se tributava aos propriedade esteve cuidada e habitada. Yayá
proprietários de terras. De muitas terras. dava preferência a ela quando viajava para
[ As propriedades herdadas por Manuel de Mogi. Com a sua interdição, entretanto, a pro-
Almeida Mello Freire e que foram transferidas priedade acabou abandonada.
à Yayá, sua única herdeira com a morte dos ou- A capela da Chácara da Yayá, destruída por um incêndio na década de Ainda assim resistiu por muito tempo. O ca-
tros filhos, incluíam dezenas de casas em Mogi 1960. Ficava entre os atuais prédios do INSS e da Justiça do Trabalho, no sarão térreo, de amplas portas, janelas e va-
das Cruzes e em São Paulo e vastas áreas agrí- Centro Cívico (Foto: Acervo Benedito Alves) randas fez a festa por muitos anos, das crian-
colas na região de Mogi. As terras agrícolas in- ças da primeira metade deste século. Elas in-
cluíam áreas no atual bairro da Penha, na Capi- vadiam o espaço para brincar. A falta de ma-
tal; a Fazenda do Guaió, em Suzano; terras ao Sul do território de Mogi (Serra do Itapety); um nutenção, entretanto, foi destruindo-o pouco a pouco. E, na década de 1950, já havia apenas
sítio de 87 alqueires em Biritiba Mirim e a Chácara da Yayá, de 36 alqueires, em Mogi das ruínas.
Cruzes. A capela resistiu por mais tempo. Ficou de pé até meados de 1960, quando um incêndio, por
A Chácara da Yayá sempre foi um dos locais prediletos da infância da rica herdeira. Não é certo iniciado a partir de alguns mendigos que a utilizavam como abrigo, destruiu o que restava.
difícil recompor sua área, ainda hoje: ia da ponte sobre o Rio Tietê, na atual Avenida dos Estu- Nos anos 70, já de posse da Universidade de São Paulo, a Chácara da Yayá foi desapropriada
dantes, seguia pela Rua Olegário Paiva até a Avenida Narciso Yague Guimarães, de onde e a Prefeitura de Mogi cuidou de destruir o pouco que restava, na cidade, da milionária que foi
atingia o atual Shopping Center. Daí, traçando-se uma linha reta na direção norte, chegava a protagonista principal da mais lendária saga da história de Mogi das Cruzes.
CARTA A UM A:
Edu tem planos maiores que um bom casamento e, juntamente com seu amigo Valadão, um
médico reconhecidamente corrupto, inicia sua saga pela fortuna do Bexiga.
Edu Chaves aviador canalha e Valadão médico imundo e corrupto tem como objetivo acabar
com a família Mello Freire, sem deixar rastros e vão utilizar-se de todos os artifícios mais
sórdidos para atingi-los.
Sinopse Geral
A casa
A moradora