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Contabilidade

Avançada
Contabilidade
Avançada
Rafael Vicente Barletta Spacca
Jouberto Uchôa de Mendonça Lucas Cerqueira do Vale
Reitor Gerente de Tecnologias Educacionais

Amélia Maria Cerqueira Uchôa Milena Almeida Nunes Pinto


Vice-Reitora Designer Instrucional

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Ficha catalográfica Marcos Orestes de Santana Moraes Sampaio- CRB 1296

Spacca, Rafael Vicente Barletta


S732c Contabilidade avançada / Rafael Vicente Barletta Spacca. Aracaju:
UNIT, 2016.

152 p. il.; 23 cm

Inclui bibliografia.

1.Contabilidade conteúdos avançados. 2.Conceitos contábeis.
3.Demosntraçoes contábeis. 4.Avaliaçao e investimento. I. Universidade
Tiradentes. II. Educação a Distância. III. Título.

CDU 657

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Apresentação r

Caro Aluno, bem vindo!

Nesta obra, teremos a oportunidade de estudar temas da contabilidade,


que demonstram quão rica e extensa essa disciplina pode ser. O campo de
estudo e as possibilidades que agora se apresentam são grandes e instigantes
para que você continue nos estudos da ciência contábil.

Demonstraremos as técnicas e os critérios adotados para a conversão


de demonstrações contábeis, de uma moeda para outra, necessidade surgida
pelo movimento de globalização do capital e das empresas.

Abordaremos, também, os critérios e procedimentos específicos de


divulgação de informações relativos a partes relacionadas que se aplicam a
quaisquer demonstrações contábeis, as transações possíveis de serem reali-
zadas, os aspectos legais e fiscais envolvidos.

Estudaremos sobre a equivalência patrimonial, assunto importante na


avaliação dos investimentos, utilizada em larga escala no mundo dos negó-
cios empresariais, a legislação, a obrigatoriedade, os fatores contábeis que al-
teram os valores do patrimônio liquido, bem como a realização de reavaliação
dos bens.

Por fim, veremos todos os aspectos relacionados às sociedades: criação,


incorporação, fusão, cisão, dissolução, liquidação e extinção das sociedades.

Espero que esse livro possa trazer uma modesta contribuição, enrique-
cendo, cada vez mais, o seu conhecimento.
SumÁrio
Parte1:
09 Conteúdos Avançados de
Contabilidade

11 Tema 1:
Revendo conceitos
1.1 Conversão das Demonstrações
13
Contábeis – Aspectos Gerais
1.2 Métodos de Conversão das Demonstrações
20
Contábeis
1.3 Métodos de Conversão das Demonstrações
Contábeis, Objetivo, Finalidade e Conceitos
28
importantes na Consolidação das
Demonstrações Contábeis
1.4 Técnicas de Consolidação das
36
Demonstrações Contábeis

Tema 2:
49 Elementos que compõem o PL e a estrutura e
análise avançada das demonstrações contábeis
51 2.1 Capital Social e Reserva de Capital
2.2 Reserva de Lucros O que são reservas de
57
lucros?
62 2.3 Estudo Avançado das Demonstrações Contábeis
74 2.4 Análise Avançada das demonstrações Contábeis
Parte 2:
Avaliação e Investimentos e
Sociedades
85
tema 3:
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido
87
3.1 Tipos de Sociedades 89
3.2 Equivalência Patrimonial. 95
3.3 Outros Fatos Contábeis que
102
afetam o Patrimônio Líquido
3.4 Aumento do Patrimônio Líquido em
109
virtude da reavaliação de ativos

tema 4:
Concentração e Extinção de
Sociedades
117
4.1 Incorporação 119
4.2 Fusão 127
4.3 Cisão 135
4.4 Dissolução, Liquidação e
143
Extinção de Sociedade

ReferÊncias 151
Parte 1
Conteúdos Avançados
de Contabilidade
tema1
Revendo
conceitos
Estudamos ao longo do curso de ciências contábeis,
que a evolução da sociedade, muitas vezes, é pontua-
da pelo comportamento do comércio ao longo da his-
tória, ficando de forma clara e transparente a relação
de auxílio da contabilidade nesse contexto.

Nesse tema, iremos explorar um pouco dessa evolu-


ção, pois o processo de globalização dos mercados de
capitais fez com que as empresas de todo o planeta
pudessem se relacionar, criando a necessidade de
efetuar conversões de suas demonstrações contá-
beis, facilitando as análises de situações financeiras
e operacionais.

Organismos internacionais foram criados com o in-


tuito de normatizar as regras contábeis, criando, as-
sim, um cenário uniforme para os padrões contábeis
utilizados nas empresas.

Encerraremos o tema estudando a importância das


consolidações das demonstrações contábeis, sua
obrigatoriedade e função de facilitar as informação
dos grupos econômicos para análise dos diversos ti-
pos de usuários.
1.1
CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS – ASPECTOS GERAIS

Estudamos ao longo de nosso curso, o processo evolutivo pelo


qual, ao longo da história, as ciências contábeis vêm sendo objeto.
Mudanças no perfil dessa ciência estão de acordo com o período da
história que se observa. Constatamos que os primórdios da contabi-
lidade, como instrumento de controle, se confundem com o próprio
aparecimento da escrita, pela necessidade instintiva do ser humano
estabelecer o controle de suas posses “contar e registrar” de algum
modo o que possuía. No renascimento, com o advento do período dos
grandes descobrimentos através da navegação, a humanidade expe-
rimenta uma evolução significativa, não somente nas artes, mas tam-
bém no comercio, o que leva a contabilidade a ter um salto evolutivo,
em razão da necessidade de uma melhor qualidade nos controles,
devido ao volume e complexidade das transações comerciais que se
apresentavam naquele momento.

As transações comerciais entre continentes e países, que come-


çaram em maior escala no período das grandes navegações, perma-
neceram na evolução histórica do homem, sendo potencializadas no
período da revolução industrial, quando o ser humano passa a ter uma
maior capacidade de produção de bens, que, de certa forma, fortalece
o modelo de comércio mundial. A contabilidade irá acompanhar essa
evolução continua adaptando-se às necessidades que se apresentam
de acordo com os novos parâmetros colocados no mercado mundial.

A globalização da economia e o desenvolvimento de


grupos empresariais multinacionais foram os principais
fatores para o surgimento da necessidade de criação de
14 Contabilidade Avançada

um padrão internacional de contabilidade que facilitas-


se o processo de análise de investimentos e consoli-
dação de demonstrações de empresas localizadas em
diferentes países (PEREZ JUNIOR, 2009, p.1).

Entendemos o quão complexa é a tarefa da criação de um pa-


drão internacional de contabilidade que atenda a todos de forma ade-
quada. Os esforços para realização desses entendimentos são cons-
tantes, atuais e veremos a seguir um pouco da historia da criação dos
órgãos responsáveis na busca da conversão de padrões para a conta-
bilidade mundial.

Em 1973, foi criada a IASC (International Accounting Standarts


Committee), por organismos profissionais de contabilidade de 10 paí-
ses (Estados Unidos da América, Alemanha, Canadá, Austrália, Irlan-
da, França, Japão, México, Holanda e Reino Unido) sob forte influência
dos Estados Unidos e a contabilidade praticada na Escola Americana.

Visando manter à independência em suas ações, o IASC é uma


entidade sem fins lucrativos, que se mantém com recursos próprios
através de contribuição de organismos internacionais, sem vínculos
com qualquer tipo de estado ou governo. Os primeiros pronuncia-
mentos publicados pela IASC foram os IAS (International Acconting
Standard).

Em 2001, foi criado o IASB( International Asscounting Standarts


Board) que assume a responsabilidade técnica dentro da estrutura do
IASC, com objetivo de melhorar a formulação e validação dos novos
pronunciamentos internacionais, que passam a ser conhecidos como
IFRS (International Financial Reporting Standarts). Com essa ação, o
IASB visa demonstrar a intenção de buscar um padrão internacional
na adequação dos pronunciamentos contábeis, respondendo, assim,
a crescentes expectativas da comunidade internacional a respeito das
informações financeiras.
15
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Em 2002 o IASB e o FASB, (Financial Accounting Standard Bo-


ard) que é o órgão Norte Americano responsável pela Emissão das
USGAAP (United States Generally Accdepted Accounting Principles)
que são os princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados Uni-
dos, celebram um acordo, conhecido como o acordo de Norwark,
estabelecendo o compromisso dos dois órgãos em harmonizar as
USGAAP e as IFRS. O trabalho visa convergência dos tópicos mais
relevantes, em que a FASB alterará padrões da USGAAP para se ali-
nharem as IFRS, bem como a IASB alterará as IFRS para alinhar os
padrões das USGAAP.

O reflexo dessas ações podem ser medidos já a partir de 2004,


quando da publicação do IFRS 1, que define os princípios a serem res-
peitados pelas empresas nos processos de conversão, sendo essa
a primeira publicação de demonstrações financeiras efetuada pelo
IASB. Em 2005, todas as empresas abertas na Europa passam a ado-
tar, de forma obrigatória, as normas da IFRS para publicarem suas de-
monstrações financeiras consolidadas.

Outro passo importante foi dado em 2007, a União Europeia,


representado por Ângela Merkel (chefe de governo da Alemanha) e
Estados Unidos, representado pelo então presidente, George W. Bush,
ambos assinaram um acordo cujo objetivo foi a ratificação do proces-
so de harmonização das normas contábeis, confirmando, assim, o tra-
balho iniciado em 2002 pelo IASB e FASB, na criação de um modelo
de contabilidade universal. Isso se reflete com o pronunciamento da
SEC (Securities and Exchange Comission) - Comissão de Valores Mo-
biliários e Câmbio dos Estados Unidos – que a partir de 2009 permite
que empresas estrangeiras listadas na bolsa de valores americana pu-
bliquem suas demonstrações contábeis, de acordo com o IFRS, sem
necessidade de reconciliação com as USGAAP.

No Brasil, os reflexos das mudanças também são sentidos já


a partir de 2005, quando a BOVESPA (Bolsa de Valores do Estado
16 Contabilidade Avançada

de São Paulo) exige das companhias abertas Brasileiras que divul-


guem demonstrações contábeis de acordo com as normas USGAAP
ou IFRS, além das previstas na legislação brasileira. No mesmo ano,
o CFC (Conselho Federal de Contabilidade), através da resolução n.
1.055/05 cria o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis).

O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos


Contábeis Técnicos sobre procedimentos de contabi-
lidade e a divulgação de informações dessa natureza,
para permitir a emissão de normas pela entidade regu-
ladora brasileira, visando à centralização e uniformiza-
ção do seu processo de produção, levando sempre em
conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos
padrões Internacionais (CPC,2011, p.35).

Em 2007 o Congresso Nacional Brasileiro aprovou a Lei n.


11.638/07, que alterou a Lei n. 6.404/76 e teve como objetivo har-
monizar as práticas contábeis brasileiras as normas internacionais de
contabilidade, além da medida provisória 449/08 que complementa o
processo de harmonização, numa clara demonstração da intenção do
Brasil em seguir e adaptar-se aos padrões de contabilidade praticados
no mundo, onde, atualmente, aproximadamente 100 países já aderi-
ram ou estão em processo de convergência às normas internacionais
de contabilidade. (PEREZ JUNIOR, 2009).

O processo de convergência das normas internacionais de con-


tabilidade passa por etapas que visa buscar um resultado que atenda
às necessidades e expectativas de todos os usuários, que tem bases
bastante distintas, em relação à estrutura de sociedade, de empresas
e até mesmo de cultura, sendo que, diante desse cenário, é fundamen-
tal um trabalho de padronização, harmonização, uniformidade e con-
vergência de normas contábeis.

O padrão escolhido para referência inicial dos trabalhos foram as


normas IAS/IFRS publicadas pelo IASB. A partir do padrão estabelecido,
17
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

buscou-se a harmonização, amenizando as diferenças internacionais,


respeitando os regionalismos existentes, adaptando-se às caracterís-
ticas de cada país, sem, contudo, perder as características básicas de
cada pronunciamento. Essa harmonização permitiu a uniformidade das
demonstrações contábeis de vários países, pois estiveram com suas
informações uniformizadas de acordo com as normas internacionais,
portanto passíveis de comparações de forma direta, ainda assim res-
peitando as características de cada país (PEREZ JUNIOR, 2009).

A convergência das normas se dá quando, ao final da harmoni-


zação, há uma uniformidade com as normas internacionais de conta-
bilidade praticadas.

Após a conclusão do processo de convergência, a con-


versão de demonstrações contábeis de uma moeda
para outra será simplificada, pois não haverá a neces-
sidade de efetuar ajustes de principio e critérios contá-
beis (PEREZ JUNIOR, 2009, p.4)

A conversão de demonstrações contábeis tem alguns objetivos


bastante importantes no cenário globalizado em que nos encontra-
mos. O capital, nos dias atuais, não está restrito a uma fronteira ter-
restre, podendo fazer-se presente em qualquer parte do planeta e sua
análise, variação e resultados oriundos dessa movimentação são im-
portantes para os usuários e analistas de mercado.

Ter as demonstrações contábeis convertidas permite ao inves-


tidor estrangeiro uma maior clareza na análise de seus investimentos,
tendo a segurança que as demonstrações estarão convertidas em va-
lores correntes de seu país, bem como a certeza da uniformidade dos
demonstrativos.

Outro aspecto importante é a possibilidade de aplicação do


método de equivalência patrimonial efetuado em outros países. Para
18 Contabilidade Avançada

realizar essa equivalência, e necessário a apuração do valor do patri-


mônio líquido, cujo critério estará de acordo com os critérios contá-
beis estabelecidos, que traz a segurança na análise de quem possui os
investimentos.

Com o capital do investidor espalhado por todos os mercados


mundiais, efetuar uma análise de demonstrações consolidadas se tor-
na fundamental para uma correta avaliação de investimentos, e isso é
possível em função da conversão dos princípios e critérios contábeis
internacionais, bem como a conversão em moedas correntes de in-
vestimentos externos, assim combinando, portanto, demonstrações
contábeis da matriz com suas subsidiárias localizadas no exterior e
vice versa. Para que as demonstrações contábeis efetuadas nas mais
diversas entidades, realizadas a luz de legislações vigentes em diver-
sos países, tragam a segurança da análise nas suas conversões, sem
atrapalhar a análise e validação dos resultados apresentados.

A conversão de demonstrações contábeis possibilita também uma


análise em moeda forte, não sujeita aos efeitos da inflação que podem
distorcer os resultados oferecidos aos investidores. O critério adotado
para que a economia de um país seja considerada estável é aquele que
tem sua inflação acumulada de ate 100% num período de três anos. Já os
países que apresentam inflação acumulada acima de 100 %, num período
de três anos, são considerados economia inflacionária, devendo ter suas
conversões obedecendo ao pronunciamento do FASB, que considera o
uso da moeda mais estável da matriz como moeda funcional.

Outro aspecto importante da conversão consiste em efetuar as


consolidações dos demonstrativos contábeis, aspecto fundamental
para as análises de demonstrações de relatórios contábeis utilizados
em larga escala pelas empresas ao redor do mundo, assunto que ve-
remos no ultimo conteúdo desse tema. Veremos a seguir, no próximo
conteúdo, os diversos métodos utilizados nas conversões das de-
monstrações contábeis.
19
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Leitura Complementar
D PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Conversão de Demonstrações
Contábeis. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Com a leitura das páginas 1 a 4 o autor pontua o cenário de evolução


da contabilidade que levou a necessidade de uma normatização inter-
nacional dos processos contábeis.

D VICENCONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade Avan-


çada e análise das demonstrações financeiras. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2013.

A leitura das páginas 33 a 65 trazem um parâmetro completo da con-


vergência às normas internacionais de contabilidade, pela alteração
introduzida pela lei nº 11.638/07.

Para Refletir
A lei 6.404/76 foi atualizada pela lei 11.638/07 trazendo inúmeras al-
terações, principalmente no que diz respeito à normatização interna-
cional da contabilidade. Faça uma avaliação comparativa dos artigos
que foram alterados.
20 Contabilidade Avançada

1.2
MÉTODOS DE CONVERSÃO DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

As conversões de demonstrações contábeis ocorrem de acordo


com as situações que são apresentadas, em relação ao dono do ca-
pital, forma de investimento e demais características que envolvem
todo o processo.

Quando há empresas multinacionais, envolve-se pelo menos


três situações sobre os procedimentos de conversão de demonstra-
ções contábeis, que exemplificaremos em 3 situações distintas, con-
forme demonstrado (PEREZ JUNIOR, 2009):

1ª Situação: empresas brasileiras reportam demonstrações


contábeis para investidores sediados nos Estados Unidos da América.
Demonstrações originais em reais (R$), moeda brasileira, que devem
ser convertidas para moeda norte-americana, dólar americano (US$).

2ª Situação: empresas brasileiras reportam demonstrações


contábeis para investidores sediados em países que convergiram para
as normas internacionais de contabilidade. Demonstrações originais
em reais (R$), moeda brasileira, que devem ser convertidas para mo-
eda do país investidor na Europa, euro (€$).

3ª Situação: empresas estrangeiras reportam demonstrações


contábeis para investidores sediados no Brasil. Demonstrações ori-
ginais em moeda estrangeira, por exemplo, dólar americano (US$),
convertidos para moeda brasileira (R$).
21
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Para ilustrar a aplicação dos procedimentos segue tabela como


referencia para consulta:

Empresa Moeda  
É controlada por empresas Americanas, Europeias e
Brasileira Real (R$)
controla a empresa Argentina

Argentina Peso (P$) É controlada por empresa Brasileira

Controla em conjunto com empresa Americana, a empresa


Europeia Euro (€$)
Brasileira
Controlada em conjunto com empresa Europeia, a empresa
Americana Dólar (US$)
Brasileira.

Fonte: ( Perez Junior, 2009, p.148)

PROCEDIMENTOS DE CONVERSÃO

1º Passo: Empresa Argentina encerra suas demonstrações em


moeda argentina (Peso – P$) ajusta eventuais divergências com as
normas contábeis brasileiras e converte as demonstrações contábeis
para a moeda brasileira (Real – R$) de acordo com a metodologia es-
tabelecida no pronunciamento 2º do CPC.

2º Passo: empresa brasileira reconhece o resultado da equiva-


lência patrimonial sobre resultados da empresa argentina e consolida
as demonstrações contábeis das duas empresas em moeda brasileira
(Real – R$).

3º Passo: empresa brasileira ajusta eventuais divergências das


normas contábeis brasileiras em relação às normas internacionais
de contabilidade e converte as demonstrações contábeis consoli-
dadas para a moeda europeia (Euro – €$) de acordo com a meto-
dologia do pronunciamento IAS21 do IASC/IASB e reporta para a
empresa Europeia.
22 Contabilidade Avançada

4º Passo: empresa brasileira ajusta eventuais divergências das


normas contábeis brasileiras em relação às normas americanas de
contabilidade – USGAAP – e converte as demonstrações contábeis
consolidadas para a moeda americana, (Dólar – US$) de acordo com
a metodologia do pronunciamento 52 da FASB e reporta a empresa
Americana.

Como vimos na conversão de demonstrações contábeis, a em-


presa mantém sua contabilidade controlada em moeda nacional e,
após o encerramento do exercício, é efetuada as consolidações. Apli-
ca-se o procedimento da conversão para moeda estrangeira apenas
dos resultados expostos nas demonstrações contábeis para a moeda
local da sede da empresa.

A contabilidade em moeda estrangeira, embora vise objetivo


semelhante ao da conversão, que é a de fornecer informação, tem
procedimento distinto, conforme demonstra Perez Junior, (2009,
p.149) “[...] Contabilidade em moeda estrangeira, as operações são
convertidas para a moeda estrangeira à medida que ocorrem e são
registradas em sistema contábil próprio [...]”. Desta forma no mo-
mento do encerramento do exercício, não haverá a necessidade de
processo de conversão, pois os valores contabilizados serão apura-
dos e demonstrados na moeda estrangeira correspondente a empre-
sa investidora e que busca a informação necessária para administração
de seus negócios.

Para que seja possível efetuar qualquer uma das duas opera-
ções apresentadas, a conversão de demonstrações contábeis em mo-
eda estrangeira, ou realizar a contabilização de fatos contábeis em
moeda estrangeira, e necessário a utilização de um conversor de valor,
que é conhecido como taxa de câmbio. De acordo como nos traz as
informações existentes no Banco Central do Brasil “Taxa de câmbio
é o preço de uma moeda estrangeira medido em unidades ou frações
(centavos) da moeda nacional”. (BCB, 2016).
23
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

A contabilidade poderá se utilizar de diversas possibilidades de


valores de taxas de câmbio que se apresentam para realizar as con-
versões necessárias ou até mesmo para utilização como indexadores
dos valores contabilizados cotidianamente, conforme as contabiliza-
ções forem ocorrendo.

Pode ser utilizada a taxa de câmbio vigente no dia da realiza-


ção da operação contábil, nesse caso chamamos de Taxa Corrente. Se
a operação for contabilização em moeda estrangeira, a conversão se
dará pela taxa corrente, que será aquela vigente do dia em que acon-
teceu o fato para a contabilização do fato, que podem ser operações de
pagamento ou recebimento.

A Taxa de Fechamento é aquela vigente na data de encerramen-


to das demonstrações contábeis e que será utilizada para a conversão
dos valores. No momento da conversão dos demonstrativos contá-
beis para moeda estrangeira, os saldos presentes na data do balanço
serão convertidos pela taxa de câmbio vigente na data. “Na data de
encerramento das demonstrações contábeis, as taxas de Fechamento
e Corrente serão iguais”.(Perez Junior, 2009, p.149.)

Taxa Histórica tem como definição a taxa de câmbio vigente na


época em que o fato contábil aconteceu, sendo, portanto, a conversão
de valor efetuada na data da ocorrência e mantida na contabilidade
pelo valor da moeda estrangeira, a partir desta data.

Taxa Histórica Média Ponderada, de acordo com Perez Junior


(2009, p.150) se trata da “[...] taxas de câmbio vigentes durante deter-
minado período, normalmente um mês, apurado por media aritmética
ponderada [...]”. Essa modalidade de cálculo representa o melhor re-
sultado na evolução das taxas de câmbio durante o período. Exemplo
prático da utilização desse tipo de taxa de câmbio seria considerar as
vendas realizadas em determinado mês tendo seus valores converti-
dos pela taxa média ponderada do mês ao invés da taxa de cada um
dos dias de venda realizados.
24 Contabilidade Avançada

Em economias com cenários de hiperinflação, pode-se buscar


realizar a prática de converter valores com vencimentos futuros exis-
tentes nos balanços, como duplicatas a receber, através de uma taxa
de câmbio projetada ou prevista, muito embora esse não seja um pro-
cedimento previsto nas normas internacionais de contabilidade.

Bem como podem ser utilizadas diversas possibilidades de uti-


lização de taxas de câmbio, existem alternativas que valorizam essas
taxas de câmbio e que também devem ser consideradas no momento
em que os processos estão sendo realizados.

A Taxa de Câmbio Comercial é a cotação usada como parâmetro


de pagamento das transações com exportações e importações realiza-
das via CACEX / Banco do Brasil, dando a paridade de valor da moeda
estrangeira com a moeda brasileira, o Real (R$). CACEX é a Carteira de
Comércio Exterior do Banco do Brasil, que é o órgão responsável pelo li-
cenciamento das operações de importação e exportação no Brasil, fun-
ção essa que desempenha nos dias atuais em conjunto como Secretaria
de Comércio Exterior (Secex) e Agência de Promoção de Exportações e
Investimentos (Apex-Brasil), sendo as duas agências subordinadas ao
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Taxa de Câmbio Matriz ou Controladora é aquela que servirá de


referência para conversão necessária a ser efetuada, como, por exem-
plo, a da moeda brasileira no exterior e indicada pela Matriz ou Con-
troladora para que a empresa controlada converta suas demonstra-
ções contábeis (PEREZ JUNIOR, 2009)

Taxa de Câmbio Paralela tem a mesma conotação da comercial


no mercado paralelo e a Taxa de Câmbio Turismo traz como referência
transações de compras e vendas quando for ocasião de viagens.

A taxa de câmbio mais comumente utilizada é a comercial, em-


bora possa ser determinada uma taxa de câmbio pela matriz, caso
25
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

haja uma discrepância de valor entre as cotações do comercial e pa-


ralelo, sendo possível até a utilização de taxa de câmbio média para
conversão de valores.

Existem, basicamente, três métodos de conversão, que são: o


monetário e não monetário, o câmbio de fechamento e o temporal,
que serão aplicados de acordo com os objetivos e critérios que a em-
presa esteja submetida.

O método monetário e não monetário classifica contas patrimo-


niais, de resultado em itens monetários expostos, itens monetários
protegidos e itens não monetários.

Os itens monetários expostos geram ganhos e perdas


de conversão em moeda estrangeira, por exemplo, US$
devido à flutuação das taxas de câmbio. (PEREZ JU-
NIOR, 2009, p.151).

As contas Caixa, Bancos, Duplicatas a Receber são alguns dos


exemplos de itens monetários expostos do ativo, bem como as con-
tas Duplicatas a Pagar, Impostos a recolher, salários a recolher, que
podem ser destacados como exemplos de contas de itens monetários
expostos do passivo.

A tabela a seguir traz um exemplo de um ativo monetário ex-


posto que demonstra uma perda de valor devido a uma variação da
taxa de câmbio entre as operações.

Exemplo: Ativo monetário exposto: Duplicatas a receber

Taxa de Valor em
Data Fato Valor em R$
Câmbio US$
15 novembro Emissão de duplicata 12.180,00 2,00 6.090,00
15 dezembro Recebimento de duplicata 12.180,00 2,10 5.800,00
15 dezembro Perda na conversão     290,00

Fonte: (Perez Junior, 2009, p.152)


26 Contabilidade Avançada

Para Perez Junior, (2009, p.152) essa tabela demonstra “Devido


a alta da taxa de câmbio, o valor equivalente em US$ na data do re-
cebimento foi menor que o equivalente na data de emissão, [...] gerou
uma perda na conversão”.

Os itens monetários protegidos são aqueles, que podem ser de


ativo ou passivo, que serão realizados ou exigidos em moeda estran-
geira, portanto, podem gerar receita ou despesa de variação cambial
devido à flutuação da taxa de câmbio.

A tabela a seguir traz um exemplo de um ativo monetário pro-


tegido que demonstra uma despesa em função da variação da taxa de
câmbio entre as datas da operação.

Exemplo: Passivo monetário proteg do: Empréstimo em US$

Valor em Taxa de Valor em


Data Fato
US$ Câmbio R$

30 novembro Obtenção de empréstimo 5.000,00 2,00 10.000,00

31 dezembro Atualização de Saldo 5.000,00 2,10 10.500,00

Despesa de Variação
31 dezembro     500,00
cambial

Fonte: (Perez Junior, 2009, p.153)

Como podemos observar com a moeda da transação estrangei-


ra, no caso do exemplo em US$, não há variação no seu saldo da ope-
ração, nesse caso um empréstimo. A dívida em R$ aumentou devido à
elevação da taxa de câmbio, gerando despesa de variação cambial em
R$ (PEREZ JUNIOR, 2009).
27
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Os itens não monetários não geram ganhos ou perdas de con-


versão em moeda estrangeira ou variação cambial em R$, uma vez
que são convertidos pela taxa histórica.

No próximo conteúdo, veremos os demais métodos de conver-


são das demonstrações contábeis.

Leitura Complementar
D MARTINS, Eliseu; DINIZ, Josedilton Alves; MIRANDA, Gilber-
to Jose. Análise Avançada das Demonstrações Contábeis. Uma
abordagem crítica. São Paulo: Atlas, 2012

O autor traz um panorama dos princípios básicos que levaram a nor-


matização das regras contábeis no seu processo de convergência,
com o nascimento do IASB.

D PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Conversão de Demonstrações


Contábeis. São Paulo: Atlas, 2006.

A leitura das páginas 146 a 160 traz os aspectos gerais dos métodos
de conversão das demonstrações contábeis utilizados e normatizados
na contabilidade.
28 Contabilidade Avançada

Para Refletir

As conversões das demonstrações contábeis são normatizadas pelas


normas internacionais SFAS 52, IAS 21 e pelo Comitê de Pronuncia-
mentos contábeis - CPC 2. A partir da leitura destes itens das normas
acima citadas, relacione os pontos de convergência entre as normas e
analise as semelhanças e diferenças existentes nessas normas.

1.3
MÉTODOS DE CONVERSÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS,
OBJETIVO, FINALIDADE E CONCEITOS IMPORTANTES NA
CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

No conteúdo anterior vimos o método monetário e não monetário,


sendo que os itens monetários podem ser classificados em itens mo-
netários expostos e itens monetários protegidos.

No método de câmbio de fechamento, não há necessidade de efe-


tuar a classificação dos valores de ativo e passivo em itens mone-
tários e não monetários, pois os valores são convertidos de acordo
com as taxas de câmbio anteriormente definida, conforme de-
monstrado no quadro a seguir.
29
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Contas Patrimoniais Taxa de Conversão

Ativo Câmbio de fechamento

Passivo Câmbio de fechamento

Patrimônio Líquido Histórica

Contas de Resultado Taxa de Conversão

Receitas e Despesa Média Histórica ponderada do período

Fonte: (Perez Junior, 2009, p.157)

Esse é um método que deve ser aplicado preferencialmente em


economias mais estáveis, uma vez que em países com grande varia-
ção cambial, as conversões não irão traduzir o valor real do item na
sua moeda de origem, ficando em desacordo com o que as normas
internacionais (IFRS) trazem a esse respeito.

Os ganhos e perdas decorrentes da variação ocor-


rida na taxa cambial ao longo do período serão
apropriados ao Patrimônio Líquido, numa conta
especifica [...] Ajustes Acumulados de Conversão
(AAC) (PEREZ JUNIOR, 2009, p.157).

Como exemplo, trazemos a tabela abaixo que mostra a variação


do valor do item em função da alteração do valor da taxa de câmbio.
30 Contabilidade Avançada

Valor do
Taxa de
Taxa de Câm- custo
Câmbio
bio vigente em R$
Contas / Custos em Custos em vigente
na data da convertido
Operação R$ US$ na data do
operação US$ pela taxa de
balanço
1= fechamento
US$ 1 =
US$

Estoque de
Matéria Prima
R$ R$ US$ US$
adquirida em R$ 3,00
15.000,00 2,00 7.500,00 5.000,00
15 de outubro
de 20XA

Fonte: (Perez Junior, 2009, p.158)

Na tabela acima, que envolve uma transação com a moeda norte-


-americana, o dólar, podemos observar que a conversão do valor estoque
no momento da operação, traz um valor convertido de US$ 7.500,00, e
que no encerramento do exercício, devido à variação cambial, que passa
de R$ 2,00 para R$3,00, o valor do custo de estoque convertido fica em
US$ 5.000,00, não refletindo, portanto, o valor do custo de aquisição.

O método de conversão temporal é uma combinação dos dois


métodos que vimos anteriormente, o monetário / não monetário e o
câmbio de fechamento, não havendo nenhuma restrição a sua aplica-
ção, que do ponto de vista da situação econômica ou da utilização dos
princípios contábeis. Para Perez Junior, (2009, p.158) esse método faz
com que “[...]os itens patrimoniais sejam classificados de acordo com
a base de valor adotada para avaliação que pode ser: valor passado,
valor presente e valor futuro.” No quadro a seguir, podemos obser-
var a contabilidade brasileira, a avaliação e classificação dos itens
patrimoniais, bem como a conversão feita.
31
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Criterio de Ava- Base de


Itens Exemplos Taxa
liação Valor
Principalmente
duplicatas a
Futuro
receber e a pagar
Itens monetá- Valor nominal, com ajuste
em R$, cuja a
rios prefixados ou seja, valor a valor pre- Fechamento
diferença entre
(expostos) futuro sente não
valor futuro e va-
relevante
lor presente não
seja relevante

Principalmente,
duplicatas a
receber e a pagar
Itens monetá-
em R$ cuja a
rios pre-fixados Valor presente Presente Fechamento
diferença entre
(expostos)
valor futuro e
valor presente
seja relevante

Contas a receber
e a pagar em Atualizados até a
Itens monetá-
US$ e aplicações data do balanço,
rios pós-fixados Presente Fechamento
financeiras e ou seja, valor
(protegidos)
empréstimos presente
indexados.

Estoques, Custo histórico


Passado
Itens não mone- investimento, de aquisição ,
(custo Histórica
tários imobilizados e ou seja, valor
histórico)
intangível passado

Custo histórico
Passado
Patrimônio de aquisição ,
Capital e reservas (custo Histórica
Líquido ou seja, valor
histórico)
passado

Fonte: Adaptado (Perez Junior, 2009, p.159)


32 Contabilidade Avançada

Esse método, quando aplicado em economias estáveis, gera re-


sultados semelhantes ao método de câmbio de fechamento, uma vez
que como não há grandes variações no câmbio, os valores nas datas
de operação e do balanço no momento da conversão serão sempre
muito próximos.

Em comparação com o método monetário e não monetário, o


temporal tem resultados semelhantes:

Os itens monetários, por estarem avaliados a valores


próximos ao valor presente, serão convertidos pela taxa
corrente, enquanto os itens não monetários, avaliados
pelo custo histórico, serão avaliados pela taxa histórica.
(PEREZ JUNIOR, 2009, p.158)

Como estamos vendo, as conversões de demonstrações envol-


vem moedas e capitais de empresas ao redor do mundo, sendo ne-
cessário estabelecer uma legislação ou regra para regulamentar esse
assunto. Em 1975, a FASB reconheceu a necessidade de normatização
do processo de conversão, emitindo o FAS nº 8, sob o titulo de Ac-
counting for the translation of Foreign currency financial statements
(Contabilização da conversão de operação em moeda estrangeira e
demonstrações financeiras preparadas em moeda estrangeira), intro-
duzindo o método monetário e não monetário, como já estudamos.

Em 1981, após revisões e necessidade de mudanças, foi emitido


o FAS nº 52 em substituição ao nº 8, que determinou que o forneci-
mento de informações fosse compatível com o efeito econômico do
fluxo de caixa e capital das empresas, decorrente das alterações na
paridade cambial entre as moedas, preocupando-se com os aspectos
econômicos e financeiros.

Tão importante quanto à realização das conversões, a conso-


lidação das demonstrações contábeis também tem uma importância
33
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

nas análises de empresas que tem captação de recursos por meio de


emissão de ações ao público em bolsa de valores, pois para Iudícibus
et al. (2006, p.461) “[...] Somente por meio dessa técnica, é que se
pode realmente conhecer a posição financeira da empresa controla-
dora e das demais empresas do grupo”.

Ao efetuar a consolidação das demonstrações, as empresas


oferecem a seus usuários informações vitais de controladoras e con-
troladas, possibilitando uma visão completa, com resultados das ope-
rações e seu reflexo nas posições financeiras , possibilitando, assim,
um entendimento como se fosse uma única empresa.

Devemos sempre lembrar que as diversas empresas de


um mesmo grupo formam um conjunto de atividades
econômicas que, muitas vezes, são complementares
uma das outras. Assim, é dentro dessa visão e contexto
que as demonstrações contábeis devem ser analisadas,
ou seja, representam um reflexo de um conjunto de ati-
vidades econômicas de um grupo empresarial. (IUDÍCI-
BUS, 2006, p.461).

A consolidação das demonstrações contábeis foi uma exigibi-


lidade implantada a partir da lei nº 6.404/76 em seus artigos 249 e
275, tornando o procedimento obrigatório nos casos de companhias
de capital aberto e grupos empresariais. A normatização dos proce-
dimentos ficou a cargo da Comissão de Valores Mobiliários (CMV),
através da instrução nº 247/96, tornando obrigatória a apresentação
das consolidações para toda e qualquer controlada, independente do
percentual do patrimônio liquido da investidora representado pelo in-
vestimento, tornando nula a limitação dos 30% estabelecidos em lei.

O Conselho Federal de Contabilidade, CFC, através de sua re-


solução CFC nº 937/03, aprovou a NBC T-8 determinando os proce-
dimentos a serem observados pelos contadores na consolidação das
34 Contabilidade Avançada

demonstrações contábeis, consoantes a instrução da CVM. Daí traze-


mos o conceito dado pelo Conselho Federal de Contabilidade para as
demonstrações consolidadas, como aquelas resultantes da agregação
das demonstrações contábeis estabelecidas nas Normas Brasileiras
de Contabilidade, de duas ou mais entidades, das quais uma tem o
controle direto ou indireto sobre a(s) outra(s). (CFC, 2011)

Ao observarmos atentamente o que traz a lei nº 6.404/76 e nas


normas da CVM, estão obrigados à elaboração das demonstrações
contábeis consolidadas e outras imposições:

a) A companhia aberta que possua investimentos em controladas;

b) Outras sociedades cuja inclusão tenha sido determinada pela


CVM, desde que sejam dependentes financeira ou adminis-
trativamente da companhia, como é o caso de Entidades de
Propósito Específico - EPE;

c) O grupo de sociedades, independentemente da forma jurídica,


juntamente com as demonstrações da sociedade de comando;

d) As companhias pertencentes a um grupo de sociedades, que


não seja a sociedade de comando, deverão indicar, em nota
explicativa, às suas demonstrações financeiras publicadas,
o órgão que publicou a última demonstração consolidada do
grupo a que pertencer;

e) A exclusão de uma ou mais sociedades controladas das de-


monstrações consolidadas deve ser autorizadas pela CVM;

f) Quando incluída companhia aberta em demonstrações con-


solidadas de grupo de sociedades, estas demonstrações con-
solidadas deverão ser auditadas por auditor independentes
registrados na CVM;
35
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

g) Quando as transações entre partes relacionadas estiverem


incluídas em demonstrações consolidadas, fica dispensada a
sua inserção em notas explicativas.

No próximo conteúdo veremos os métodos e processos a se-


rem utilizados para a realização das consolidações de demonstrativos
contábeis.

Leitura Complementar
D IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS; Eliseu; GELBCKE, Rubens; .Ma-
nual da Contabilidade Societaria.6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Com a Leitura das páginas 460 a 464 do livro acima, o autor traz os
conceitos relacionados à consolidação das demonstrações contábeis.

D PEREZ JUNIOR, José Hernandez. Conversão de Demonstrações


Contábeis. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Com a leitura das paginas 149 a 155 o autor proporciona um entendi-


mento dos conceitos relacionados à taxa de câmbio, bem como o seu
funcionamento nas conversões das demonstrações contábeis.
36 Contabilidade Avançada

Para Refletir

O estudo do conteúdo acima demonstrou as possibilidades de con-


versões das demonstrações contábeis que podem ser realizadas pelas
diferentes taxas de câmbio existentes, trazendo resultados diferen-
ciados de acordo com a necessidade de quem está realizando essa
conversão. Com base nos exemplos realizados acima, discuta com
seus colegas, efetuando um comparativo entre as conversões, nas di-
ferentes taxas câmbio, de um demonstrativo de valor , relacionando
as vantagens e desvantagens, de acordo com a visão de controlada e
controladora.

1.4
TÉCNICAS DE CONSOLIDAÇÃO DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

No conteúdo anterior, entendemos a importância da realização


da consolidação das demonstrações contábeis, principalmente na
análise dos usuários interessados, sobretudo credores e acionistas,
possibilitando a visualização dos resultados e a posição financei-
ra das sociedades controladas e da controladora como uma única
unidade econômica, agrupando em uma única peça contábil todas
as demonstrações das diversas empresas que fazem parte de um
grupo econômico.
37
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

É relevante observar que a própria resolução da CVM 247/96


que regulamenta os procedimentos a serem adotados para a elabora-
ção das demonstrações contábeis consolidadas, traz situações onde
embora todos os quesitos necessários para execução das demonstra-
ções sejam preenchidos, exclui as controladas de efetuar a consoli-
dação. A instrução da Comissão de Valores Mobiliários nº 247/96 no
seu artigo 23º permite que as seguintes controladas sejam excluídas:

Art 23. Poderão ser excluídas das demonstrações con-


tábeis consolidadas, sem prévia autorização da CVM,
as sociedades controladas que se encontrarem nas se-
guintes condições:

I – com efetivas e claras evidências de perda de conti-


nuidade e cujo patrimônio seja avaliado ou não a valo-
res de liquidação; ou

II – cuja venda por parte da investidora, em futuro pró-


ximo, tenha efetiva e clara evidência de realização devi-
damente formalizada.

No Brasil, a legislação obriga a consolidação das demonstrações


contábeis para as empresas de capital aberto ou grupos de socieda-
de, além da exigência da legislação muitos grupos de sociedade têm a
pratica de elaborar as consolidações para uso gerencial interno, sem a
divulgação para os usuários externos a empresa.

As demonstrações contábeis de uma empresa tem o


objetivo maior de prestar informações úteis aos usuá-
rios e não o objetivo restrito de somente atender a le-
gislação. (IUDÍCIBUS, 2006, p. 464)

Podem ocorrer também situações onde os prazos de encerra-


mento do balanço entre controladas e controladoras sejam diferentes,
38 Contabilidade Avançada

especialmente em empresas de nacionalidade diferentes que nem


sempre seguem e adotam o calendário fiscal igual ao ano civil, como
e costume em nosso país. Essa situação, por si só, não invalida a ne-
cessidade da realização da consolidação das demonstrações contá-
beis entre as entidades, sendo possível efetuar demonstrativos para
períodos coincidentes, sendo previsto esse tipo de situação na lei nº
6.404/76 art 250 § 4º que determina que:

As sociedades controladas, cujo exercício social termi-


ne em mais de sessenta dias antes da data do encer-
ramento do exercício da companhia, elaborarão com
observância das normas desta lei demonstrações fi-
nanceiras extraordinárias em data compreendida neste
prazo.

Em relação aos processos de consolidação, veremos duas abor-


dagens utilizadas para demonstrar o resultado financeiro de um gru-
po econômico. Uma abordagem se dá na consolidação da investidora
que detém o controle , através de participação majoritária no capital
social da investida, reconhecendo a totalidade dos Ativos, Passivos
e Contas de Resultado com a segregação das Participações dos não
controladores. A outra abordagem é a consolidação proporcional para
a investidora que compartilha do controle em conjunto com outras so-
ciedades investidoras (IUDÍCIBUS, 2006).

As técnicas de consolidação devem ser utilizadas para que, ten-


do em mãos as demonstrações contábeis das empresas a serem con-
solidadas, apresentem posição financeira e resultado das operações
como se fosse uma única empresa (IUDÍCIBUS, 2006).

Começamos então pela técnica básica, que é primeiramente so-


mar os saldos das contas. Vamos ver como exemplo efetuar a conso-
lidação de três empresas que tenham como disponibilidade os valores
a seguir.
39
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Empresa A   1.310

Empresa B 845

Empresa C 455

$ 2.610

     
Fonte: Autoria própria.

Desse modo, o saldo consolidado do disponível é, portanto, o


somatório do disponível das três empresas, que é de $2.610. Esse
procedimento deve ser feito com as demais contas do balanço, como
duplicatas a receber, Estoques, Imobilizados, Contas a Pagar, Forne-
cedores etc.

Para que na consolidação das demonstrações contábeis haja o


reflexo do resultado de diversas empresas do grupo como se fosse
uma única empresa, é de fundamental importância que tais empresas
tenham critérios contábeis uniformes, pois conforme explica Iudíci-
bus (2006, p. 465) “Caso contrario, podemos estar somando ativos,
passivos, receitas e despesas apuradas com critérios de avaliação e
registro diferentes entre si”. A controladora tem um papel fundamen-
tal nesse aspecto, como a guardiã da necessidade de uniformidade
de critérios contábeis entre as empresas, definindo as práticas con-
tábeis uniformes a serem seguidas por todas as empresas consolida-
das, através da adoção de Manuais de Diretrizes Contábeis do grupo,
que irá elencar as contas , modelos de demonstrações contábeis, que
de forma padronizada, servirão de base não só para o uso gerencial e
publicação, mas também para o processo de consolidação promovido
pela controladora, permitindo sua elaboração periódica de maneira
simplificada e segura, permitindo alta qualidade e confiabilidade dos
valores consolidados. (IUDÍCIBUS, 2006).

Nas técnicas de consolidação é importante observar também a


necessidade de eliminar os saldos existentes ou transações realizadas
40 Contabilidade Avançada

entre as empresas do grupo. Vamos exemplificar demonstrando sal-


dos de conta de balanço que envolve as contas de duplicatas a receber
e fornecedores. No que se refere aos procedimentos contábeis, a em-
presa que vendeu as mercadorias a prazo terá um saldo de 1.510,00
na conta de duplicatas a receber (CP), já a empresa que comprou as
mercadorias a prazo terá uma obrigação com vencimento dentro do
exercício registrado na conta de fornecedores.

Dessa forma, o lançamento de eliminação será:

  Débito Crédito

Fornecedores (Empresa A) 1.510

  1.510
a Duplicatas a Receber (Empresa B)

Fonte: Autoria própria.

Operações entre empresas quando ocorrem, normalmente , são


debitadas e creditadas em conta corrente. Na data do Balanço, haverá
um saldo devedor em uma empresa e um correspondente saldo credor
em outra, sendo que ambos os saldos deverão ser eliminados na con-
solidação. Para exemplificar essa situação, vamos imaginar uma tran-
sação entres empresas A e B, sendo a empresa A credora da operação
no valor de $ 4.645 e a empresa B como devedora também no mesmo
valor de $ 4.645. Dessa forma, o lançamento de eliminação será

  Débito Crédito

Contas Correntes Credoras (Empresa A) 4.645  

a Contas Correntes Devedoras (Empresa B)   4.645

Fonte: Autoria própria.


41
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

A lei nº 6.404/76 no art 250 estabelece.

Art 250. Das demonstrações financeiras consolidadas


serão excluídas:

I – as participações de uma sociedade em outra;

II – os saldos de quaisquer contas entre as sociedades;

III – as parcelas dos resultados do exercício dos lucros


ou prejuízos acumulados e do custo dos estoques e do
ativo permanente que corresponderem a resultados,
ainda não realizados, de negócios entre as sociedades.

Para entendermos o que traz o artigo acima, vamos exemplificar


como ocorrem essas eliminações nas consolidações. Vamos exempli-
ficar uma eliminação simples de investimentos, supondo a seguinte
situação: A controladora A, constituiu empresa uma controlada B. A
empresa A tem 100% do capital, efetuando a integralização , em di-
nheiro, do capital na empresa B no valor de $ 125.000. A empresa B,
controlada, não efetuou nenhuma transação. Nesse caso, a eliminação
é somente dos investimentos , pois não há nenhuma outra transação
entre as empresas A e B. O lançamento de eliminação será:

Lançamento Nº Débito Crédito

(1) Capital (Empresa B) 125.000  

a Investimentos (Empresa A)   125.000

Fonte: Autoria Própria


42 Contabilidade Avançada

Vamos ver como fica o papel de trabalho da consolidação do balanço.

Controladora A e sua Controlada B


Consolidação de Balanços

Eliminação de
Saldos
Controladora Controlada Consolidação
Contas
A B
Débito Crédito Consolidados

ATIVO          
Disponível 75.000 125.000 - - 200.000
Contas a Receber 150.000 - - - 150.000
Estoques 300.000 - - - 300.000
Investimento na
125.000 - - (1) 125.000 -
controlada B
Ativo Imobilizado 350.000 - - - 350.000
           
Total Ativo 1.000.000 125.000   125.000 1.000.000
           
PASSIVO          
Contas a Pagar 250.000 - - - 250.000
Capital 500.000 125.000 (1) 125.000 - 500.000
Lucros
250.000 - - - 250.000
Acumulados
           
Total Passivo 1.000.000 125.000 125.000   1.000.000

Fonte: Iudícibus,2006, p.470)

Com base nos mesmos valores do exemplo anterior, efetuare-


mos a eliminação dos saldos intercompanhia, supondo que a empresa
A vendeu, ao preço de custo , $ 100.000 de mercadorias para a em-
presa B. Na data do balanço, o estoque não havia sido alterado, pois a
empresa B não efetuou nenhuma venda ou pagamento da mercadoria
a empresa A. Como trata-se de uma venda, há também reflexo nas con-
tas de resultado, que deve ser considerado no momento da eliminação
dos saldos para a consolidação. O lançamento de eliminação será:
43
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Lançamento Nº Débito Crédito

(2) Contas a Pagar a controladora A


100.000
a Contas a Receber da Controlada B 100.000

(3) Vendas (Empresa A)


100.000
a Custo das Mercadorias Vendidas (Empresa A) 100.000

Fonte: Autoria Própria

Vamos ver como fica o papel de trabalho da consolidação do


balanço e da Demonstração de Resultado do Exercício.

Controladora A e sua Controlada B


Consolidação de Balanços

Eliminação de Conso-
Controla- Contro- Saldos
lidação
Contas dora lada
Consolida-
A B Débito Crédito
dos

ATIVO          

Disponível 75.000 125.000 - - 200.000

Contas a Receber 150.000 - - - 150.000

Contas a Receber - (2)


100.000     -
Controlada B 100.000

Estoques 200.000 100.000 - - 300.000

Investimento na (1)
125.000 - - -
controlada B 125.000

Ativo Imobilizado 350.000 - - - 350.000

           

Total Ativo 1.000.000 225.000   1.000.000


225.000

           

PASSIVO          
44 Contabilidade Avançada

Contas a Pagar 250.000 - - - 250.000

Contas a Pagar - (2)


- 100.000   -
Controladora A 100.000

(1)
Capital 500.000 125.000 - 500.000
125.000

Lucros Acumulados 250.000 - - - 250.000

           

Total Passivo 1.000.000 225.000 225.000   1.000.000

Fonte:(Iudícibus et al,2006, p.471

Controladora A e sua Controlada B


Demonstrativo do Resultado do Exercício - DRE

Eliminação de Conso-
Controladora Controlada
Contas lidação Saldos
A B
Débito Crédito Consolidados
(3)
Vendas 1.300.000 - 100.000 - 1.200.000
Custos das Mer- (3)
cadorias Vendidas 700.000 - - 100.000 600.000
           
Lucro Bruto 600.000 - 100.000 100.000 600.000
Despesas 400.000 - - - 400.000
           
Lucro Liquido 200.000 - 100.000 100.000 200.000

Fonte:(Iudícibus, 2006, p.471)

Vimos a importância e as principais técnicas de consolidação


das demonstrações contábeis. No próximo tema, veremos as transa-
ções entre partes relacionadas.
45
Tema 1
Conversão e Consolidação das
Demonstrações Contábeis

Leitura Complementar

D IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Rubens; .Ma-


nual da Contabilidade Societária.6.ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Nas páginas 464 a 476 do livro acima, o autor retrata as técnicas de


consolidação das demonstrações contábeis de forma pratica, com
exemplos práticos.

D SANTOS, José Luiz dos; SCHMIDT, Paulo; FERNANDES, Luciane


Alves. Contabilidade Avançada. Aspectos Societários e Tributá-
rios. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2012.

Nas páginas 131 a 142, os autores trazem os aspectos teóricos da con-


solidação das demonstrações contábeis bem como a importância e a
sua evolução histórica, demonstrando as origens e as perspectivas a
respeito desse tema.

Para Refletir
Nesse conteúdo, estudamos as técnicas de consolidação das demons-
trações contábeis, que tem como principio a teoria da matriz, teoria da
entidade e teoria contemporânea. Efetue pesquisa na internet e discu-
ta com os colegas de classe as características de cada uma dessas te-
orias, seus pontos relevantes e as diferenças existentes em cada uma
dessas abordagens, em relação ao objetivo básico.
46 Contabilidade Avançada

Resumo

Caro aluno, neste tema estudamos a evolução da conversão das de-


monstrações contábeis, necessidade surgida com a intensificação da
globalização dos mercados e os órgãos criados para auxiliar a regu-
lamentação das conversões a serem realizadas nas demonstrações
contábeis das empresas e de como o Brasil se inseriu nesse movimen-
to da internacionalização da contabilidade.

Vimos também, que as conversões surgem de diversas situações,


como empresas brasileiras que reportam demonstrações para empre-
sas sediadas nos Estados Unidos, portanto sujeitas às normas deste
país, ou ainda empresas brasileiras que reportam demonstrações a
empresas que utilizam as normas internacionais. Há, ainda, a possi-
bilidade de empresas reportarem suas demonstrações a empresas
brasileiras, efetuando, portanto, as conversões necessárias a nossa
legislação.

Entendemos o papel fundamental que a taxa de câmbio exerce nas


conversões das demonstrações contábeis, com as diversas possibili-
dades que podem se apresentar, bem como os métodos de conversão,
que são: o monetário e não monetário, o câmbio de fechamento e o
temporal. A importância das informações contábeis convertidas para
a avaliação dos investidores no mercado globalizado.

A seguir, no próximo tema, veremos os elementos que compõe a es-


trutura do patrimônio líquido, que demonstram todos os valores per-
tencentes a sócios e acionistas, suas movimentações, bem como as
diversas possibilidades de análises avançadas que as demonstrações
contábeis podem proporcionar a seus usuários.
Anotações
tema 2
Elementos que com-
põem o PL e a estrutu-
ra e análise avançada
das demonstrações
contábeis
Este elemento do patrimônio das empresas é formado pela
parte que cabe a sócios ou acionistas. Encontramos o patri-
mônio líquido através do confronto entre o ativo total e as
obrigações da empresa em custo e longo prazo.

O patrimônio líquido está disposto no CPC de número 1.121 de


2008 revogada pela Resolução do CRC número 1.374 de 2011.

Entende-se como PL:

É o valor no Balanço Patrimonial que é encontrado da di-


ferença entre Ativo total e Obrigações totais (PC + PNC),
esse saldo indica os valores líquidos do patrimônio que
cabe aos sócios ou acionistas.

Como está estruturado o Patrimônio Líquido das empresas?

DD Capital Social;

DD Reserva de Capital;

DD Reserva de Lucros;

DD Ajuste de Avaliação Patrimonial;

DD Ajustes Acumulados de Conversão Cambial;

DD Prejuízos Acumulados;

DD Ações em Tesouraria (conta redutora)

Vamos ver no primeiro item deste tema o capital social e a


Reserva de Capital.
2.1
CAPITAL SOCIAL E RESERVA DE CAPITAL

CAPITAL SOCIAL

O capital social indica o investimento realizado pelos sócios


para a constituição da empresa e início das atividades operacionais.

O aporte de capital pode ser realizado em qualquer uma das


contas do ativo, lembrando que o capital social da empresa é uma for-
ma de financiamento de capital com recurso próprio – capital próprio.

Como o capital social está representado no Balanço Patrimonial?

Patrimônio Líquido

Capital Subscrito R$ 3.000.000,00

(-) Capital a Realizar (R$ 500.000,00)

(=) Capital Realizado R$ 2.500.000,00

Vamos conhecer as seguintes definições:

Capital Subscrito – é o valor do capital que os sócios ou


acionistas pretendem aportar na empresa no decorrer dos
períodos.

Capital a realizar – é a parcela do capital subscrito que ainda


não foi aplicado no ativo da empresa, este aporte poderá
ocorrer em períodos seguintes.
52 Contabilidade Avançada

Capital Realizado – é a parcela do capital subscrito que já


foi aplicado no ativo da empresa, esta aplicação pode ser
em dinheiro ou através de bens.

Vamos ver agora o processo de contabilização do capital:

Em diário:

a. Com base na subscrição

D - Capital Social a Realizar R$ 3.000.000,00

C - Capital Subscrito R$ 3.000.000,00

Com base na integralização em dinheiro

D - Banco c/Movimento R$ 2.500.000,00

C - Capital Social a realizar R$ 2.500.000,00

Esses lançamentos registram a estrutura de capital e elabora-


ção do PL que vimos acima.

Dentro do capital de uma empresa temos o Capital Autorizado,


que é quando a empresa, através do seu estatuto, delega ao conselho
de administração uma autorização para o aumento do capital social,
este evento independe de alteração estatutária, bastando para o regis-
tro à ata de reunião e o encaminhamento para a junta comercial.

Como isso vai ser registrado?

Esse processo será registrado como um aumento de capital normal,


apenas o procedimento de registro será realizado de uma forma diferente.

A empresa resolveu através da utilização do procedimento


de capital autorizado aumentar o capital social da empresa em R$
200.000,00.
53
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

Situação Inicial

Capital Subscrito R$ 3.000.000,00

(-) Capital a Realizar (R$ 500.000,00)

(=) Capital Realizado R$ 2.500.000,00

Situação depois da integralização de R$ 200.000,00

Capital Subscrito R$ 3.000.000,00

(-) Capital a Realizar (R$ 300.000,00)

(=) Capital Realizado R$ 2.700.000,00

Lançamento em diário da operação de aumento do capital em


R$ 200.000,00

D - Banco c/Movimento R$ 200.000,00

C - Capital Social a realizar R$ 200.000,00

Vamos verificar está operação em razonetes?

Capital Subscrito Capital a realizar


  3.000.000,00 3.000.000,00 2.500.000,00
      200.000,00
    300.000,00  
Banco c/ Movimento
2.500.000,00  
200.000,00  

2.700.000,00  
54 Contabilidade Avançada

Observe que iniciamos a operação com um capital a ser realiza-


do de R$ 3.000.000,00 e a primeira aplicação de recurso no ativo foi
através de bancos no valor de R$ 2.500.000,00, em seguida a empre-
sa optou por realizar um aumento de capital autorizado no valor de R$
200.000,00 em dinheiro, podemos verificar que dos R$ 3.000.000,00
de previsão de aporte de capital (capital subscrito) a empresa já realizou
no ativo R$ 2.700.000,00, restando a realizar R$ 300.000,00.

Vamos ver agora outro elemento do capital, a reserva de capital.

RESERVA DE CAPITAL
São valores recebidos dos sócios ou acionistas que não devem
ser consideradas como receitas ou ganhos, portanto não devem inte-
grar a apuração do resultado do exercício.

Que elementos são classificados como reservas de capital:

DD Ágio na emissão de ações;

DD Produto de alienação de partes beneficiárias;

DD Produto da Alienação decorrente de ganho na subscrição;

DD Reserva – ágio na operação de incorporação.

O principal elemento na composição da reserva de capital é o


ágio, vamos ver o que significa ágio?

Ágio – é o saldo positivo encontrado da operação entre


ação de valor econômico e ação de valor nominal.

Deságio - é o saldo negativo encontrado da operação entre


ação de valor econômico e ação de valor nominal.
55
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

Vamos ver esse processo de forma prática:

Valor da realização ( pagamento)............... R$ 35,00

(-) Valor da ação ( subscrição)................... R$ 25,00

(=) Ágio na emissão................................... R$ 10,00

Contabilização:

D – Banco c/ Movimento........................... R$ 35,00

C – Capital a Realizar............................... R$ 25,00

C – Reserva de Capital (Ágio) ................. R$ 10,00

Observe que a empresa realizou o valor de realização de R$ 35,00,


que confrontado com o valor nominal do capital social de R$ 25,00, ge-
rou um saldo positivo de R$ 10,00 na emissão de ações próprias.

Um dos motivos para a cobrança de ágio na emissão de ações é


evitar o desgaste do capital que não tenha como acompanhar a subs-
crição de novas ações.

Sendo assim, o acionista ou sócio que não acompanhar a subs-


crição de novas ações terá o seu capital investido diminuído perdendo,
assim dinheiro no investimento realizado.

A fim de minimizar a perda do valor do capital dos sócios que


não acompanharam as novas subscrições a empresa deve cobrar o
valor patrimonial da operação de emissão das ações.

Veremos no próximo item desse livro a Reserva de Lucros e os


Ajustes de Avaliação Patrimonial.
56 Contabilidade Avançada

No próximo tópico iremos trabalhar os elementos das reservas


de lucros, desde o seu conceito até o seu registro contábil e patrimonial.

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 151 e 156 te ajudarão a entender melhor a es-


trutura e funcionalidade do capital social e da reserva de capital
nas empresas do Brasil, podendo, assim, enriquecer mais os seus
conhecimentos sobre o tema.

D RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Avançada. 5. ed. São Paulo:


Saraiva, 2014.

O desenvolvimento da leitura das páginas 157 e 158 facilitarão o seu en-


tendimento sobre o capital social e a reserva de capital nas empresas
brasileiras.

PARA REFLETIR
Imagine que você precisa conhecer melhor a estrutura de capital de
uma empresa, vamos imaginar a seguinte situação, a empresa Reffe
S.A em 31.12.2015 resolve integralizar capital em dinheiro (banco conta
movimento) através de 80.000 ações a um valor econômico de 1,80,
diante do exposto monte a estrutura do capital social da empresa.
57
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

2.2
RESERVA DE LUCROS

O QUE SÃO RESERVAS DE LUCROS?


É uma parte do processo de destinações do exercício e tem por
objetivo destacar parte do Lucro Líquido do Exercício para resolução
de algumas situações dentro da empresa, ou seja, as reservas de lu-
cros são criadas para situações de proteção ao lucro da empresa.

A lei 6.404/76 no artigo 182, IV define reserva de lucros como:

As reservas de lucros são as contas de reservas cons-


tituídas pela apropriação de lucros da companhia, con-
forme previsto no § 4º do art. 182 da Lei nº 6.404/76,
para atender a várias finalidades, sendo sua constitui-
ção efetivada por disposição da lei ou por proposta dos
órgãos da administração.

Vejamos algumas situações que utilizam o Lucro Liquido do


Exercício como base do processo.

D Capitalização;

D Compensação de Prejuízos Contábeis;

D Formação de Reservas de Lucros;

D Distribuição de dividendos;

Com base no processo de utilização do lucro líquido do exercício


para destinações, o saldo dos lucros apurados durante o período que
58 Contabilidade Avançada

não sofreu destinações deve ser distribuído como dividendos. Esse


processo faz com que a conta de lucros acumulada fique zerada no
final de cada exercício.

Vamos ver como se contabiliza a transferência do Resultado do


Exercício para a conta de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Diário

No caso de Prejuízo
D – Prejuízos Acumulados ( PL)
C – Apuração do Resultado do Exercício (ARE)

No caso de Lucro

D – Apuração do Resultado do Exercício ( ARE)


C – Lucros Acumulados (PL)

Como são definidas as reservas de lucros?

As reservas de lucros são as contas que surgem com base no


lucro da empresa. Essas contas são lucros reservados e funcionam
como um elemento de proteção à saúde financeira da empresa, são lu-
cros contabilizados que não foram distribuídos a sócios ou acionistas
e que estão a disposição da empresa para o uso.

Quando destinamos uma reserva temos que registrá-las no pa-


trimônio liquido da empresa, indicando se tem um saldo de reserva a
ser utilizado.

Vamos ver quais são as reservas de lucros?


59
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

DD Reserva Legal

DD Reserva Estatutária

DD Reserva para Contingência

DD Reserva de Lucros a Realizar

DD Reserva de Lucros para Expansão

DD Reservas de Incentivos Fiscais

De acordo com a Lei 6.404/76, no seu artigo 182, IV, define as


reservas da seguinte forma:

RESERVA LEGAL - A reserva legal deverá ser constitu-


ída mediante destinação de 5% (cinco por cento) do lu-
cro líquido do exercício, antes de qualquer outra desti-
nação. Essa reserva será constituída, obrigatoriamente,
pela companhia, até que seu valor atinja 20% do capital
social realizado, quando então deixará de ser acrescida.

RESERVAS ESTATUTÁRIAS - As reservas estatutárias


são constituídas por determinação do estatuto da com-
panhia, como destinação de uma parcela dos lucros do
exercício, e não podem restringir o pagamento do divi-
dendo obrigatório.

RESERVA PARA CONTINGÊNCIAS - De acordo com o


artigo 195 da Lei nº 6.404/76, a assembleia geral poderá,
por proposta dos órgãos de administração, destinar parte
do lucro líquido à formação de reserva com a finalidade de
compensar, em exercício futuro, a diminuição do lucro de-
corrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser
estimado.
60 Contabilidade Avançada

RESERVA DE LUCROS A REALIZAR - No exercício em


que o montante do dividendo obrigatório, calculado nos
termos do estatuto ou do art. 202 da Lei das S/A, ultra-
passar a parcela realizada do lucro líquido do exercício,
a assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da
administração, destinar o excesso à constituição de re-
serva de lucros a realizar.

RESERVA DE LUCROS PARA EXPANSÃO - Para aten-


der a projetos de investimento e expansão, a compa-
nhia poderá reter parte dos lucros do exercício. Essa
retenção deverá estar justificada com o respectivo or-
çamento de capital aprovado pela assembleia geral.

RESERVAS DE INCENTIVOS FISCAIS - A assembleia


geral poderá, por proposta dos órgãos de administração,
destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela
do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções
governamentais para investimentos, que poderá ser ex-
cluída da base de cálculo do dividendo obrigatório.

O processo de contabilização de uma reserva acontece da se-


guinte forma:

Diário

D – Lucro Liquido do Exercício (LLE)

C – Reserva de Lucros

Colocar os procedimentos de cálculo

O lançamento em diário indicado acima mostra a composição


do registro contábil de constituição de uma reserva.
61
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

No próximo conteúdo, veremos o estudo das principais de-


monstrações contábeis, mostrando a estrutura e funcionalidade de
cada uma na gestão das empresas no Brasil.

LEITURA COMPLEMENTAR
D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17.ed. São Paulo:
Atlas, 2015.

A leitura das páginas 160 e 162 te ajudarão a entender melhor a es-


trutura e funcionalidade da reserva de lucros nas empresas do Brasil,
podendo assim enriquecer mais os seus conhecimentos sobre o tema.

D RIBEIRO. Osni Moura. Contabilidade Avançada. 5 ed. São Paulo:


Saraiva, 2014.

O desenvolvimento da leitura da página 161 e 162 facilitará o seu en-


tendimento sobre a reserva de lucro nas empresas brasileiras.

PARA REFLETIR
Imagine que você precisa conhecer melhor a reserva de capital, va-
mos imaginar a seguinte situação, a empresa Alfa S.A resolve destinar
parte dos lucros da seguinte forma: LLE R$ 1.000.000,00, sendo 5%
para reserva legal, 4,5% para reservas estatutárias e 3,5% para reser-
va para contingências. Diante do exposto, indique o saldo do lucro de-
pois da constituição das reservas.
62 Contabilidade Avançada

2.3
ESTUDO AVANÇADO DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Com o passar dos anos a contabilidade se tornou uma ferra-


menta muito importante para a gestão das empresas, dessa forma é
através da contabilidade que o administrador consegue analisar toda
a situação da sua empresa.

Os demonstrativos contábeis e financeiros geram as informa-


ções necessárias para a análise da empresa, os demonstrativos mais
utilizados são:

DD Balanço Patrimonial;

DD Demonstração do Resultado do Exercício

DD Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados

DD Demonstração do Fluxo de Caixa

É importante enfatizar que a contabilidade trabalha com base


em um conjunto de princípios que a norteia.

BALANÇO PATRIMONIAL

É o demonstrativo responsável por mostrar o patrimônio da


empresa em um determinado período de tempo (1 (um) exercício).

Patrimônio – é o conjunto de bens, direitos e obrigações que


constituem uma empresa.
63
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

É através do Balanço Patrimonial que analisamos a situação da


empresa naquele período de tempo e colhemos informações necessá-
rias para o gerenciamento da empresa.

Estrutura
O Balanço Patrimonial é constituído por ativo e passivo, dividi-
dos da seguinte forma:

MODELO DE BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO (BENS E DIREITOS) PASSIVO (OBRIGAÇÕES E PL)


CIRCULANTE CIRCULANTE
DISPONÍVEL OBRIGAÇÕES C/ FORNECEDORES
ESTOQUE OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS
CLIENTES OBRIGAÇÕES TRABALHISTAS
DESPESAS ANTECIPADAS OUTRAS OBRIGAÇÕES
NÃO CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE
CLIENTES OUTRAS OBRIGAÇÕES
IMOBILIZADO PATRIMÔNIO LÍQUIDO
INVESTIMENTOS CAPITAL SOCIAL
INTANGÍVEIS AJUSTES DE EQUIVALENCIA PATRI-
MONIAL
RESERVAS DE LUCROS
(-) AÇÕES EM TESOURARIA
(-) PREJUIZOS ACUMULADOS

Fonte: Autoria Própria

No ativo, temos a seguinte estrutura:

Ativo circulante – é o grupo que mostra os bens e direitos em


curto prazo
64 Contabilidade Avançada

DD Disponíveis – são os recursos que estão disponíveis e po-


dem ser utilizados imediatamente pela empresa. Ex. caixa,
bancos e aplicações de liquidez imediata.

DD Estoques – são os investimentos referentes ao ciclo opera-


cional da empresa. Ex. materiais, mercadoria para revenda,
produtos em elaboração, produtos elaborados.

DD Clientes CP – são os direitos a receber em decorrência da


venda de mercadorias ou produtos em curto prazo – recebi-
mento dentro do exercício.

DD Despesas antecipadas – são despesas que possuem um


contrato de exploração e que são pagas de forma antecipa-
da transformando-se, assim, em um direito. Ex. contrato de
aluguel pago totalmente no ato da contratação e com prazo
de 12 meses.

Ativo não circulante - é o grupo que mostra os bens e direitos


em longo prazo

DD Clientes LP - são os direitos a receber em decorrência da


venda de mercadorias ou produtos em longo prazo – rece-
bimento em mais de um exercício.

DD Imobilizados – são os bens que são utilizados na atividade


operacional da empresa. Ex. veículos, máquinas e equipa-
mentos, etc.

DD Investimentos - são os bens que não são utilizados na ati-


vidade operacional da empresa. Ex. terrenos alugados a ter-
ceiros.

DD Intangíveis - são os bens não materiais. Ex. marcas, direitos


autorais.
65
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

No passivo temos a seguinte estrutura:

DD Passivo circulante – esse grupo representa as obrigações


em curto prazo.

DD Obrigações com fornecedores – representam as compras


em curto prazo realizadas pela empresa – dentro no exercício.
Ex. Fornecedor petrox.

DD Obrigações tributárias – representam as obrigações de tri-


butos em curto prazo. Ex. Pis a recolher.

DD Obrigações trabalhistas – representam a obrigação refe-


rente ao setor pessoal da empresa. Ex. salários a pagar.

DD Outras obrigações – Representam as obrigações em curto


prazo, como financiamentos e empréstimos.

Passivo não circulante - este grupo representa as obrigações


em longo prazo.

DD Outras obrigações – Representam as obrigações em longo


prazo com financiamentos e empréstimos.

Patrimônio Líquido – são os bens e direitos (ativo) menos as


obrigações (Passivo circulante + Passivo não circulante).

DD Capital social – recurso investido pelos sócios.

DD Ajustes de equivalência patrimonial – representa o registro


da valorização ou desvalorização de um bem do ativo fixo. (
imobilizado, investimentos e intangíveis).

DD Reserva de lucros – representa o saldo do lucro apurado no


decorrer do processo operacional.
66 Contabilidade Avançada

DD Ações em tesouraria – representam a soma dos valores de


ações disponíveis para mercado.

DD Prejuízo acumulado – representa o saldo dos prejuízos acu-


mulados no decorrer do processo operacional da empresa.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)

Este demonstrativo é responsável por evidenciar o resultado da


empresa através de um confronto entre receitas, despesas e custos.

DD Receitas – estão relacionadas a todo o faturamento que a


empresa pode ter com seus procedimentos operacionais e
não operacionais. Ex. receita com venda de mercadorias, re-
ceitas financeiras.

DD Despesas – estão relacionadas com os gastos provenientes


da atividade operacional ou não operacional da empresa.
Ex. despesas com salários, despesas financeiras.

DD Custos – são gastos relacionados à elaboração de produtos,


compra de materiais para revenda e gastos com a prestação
de serviços. Ex. insumos, mão de obra.

MODELO DE DRE

RECEITA OPERACIONAL BRUTA


(-) DEDUÇÕES
(=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) CUSTOS TOTAIS
(=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
67
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

(+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS


(=) RESULTADO OPERACIONAL LÍQUIDO
(-) DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
(+) RECEITAS NÃO OPERACIONAIS
(=) RESULTADO ANTES D IR E CSLL
(-) IR
(-) CSLL
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Fonte: Autoria Própria

Podemos classificar as contas que compõem a estrutura da


DRE da seguinte forma:

DD Receita operacional bruta – venda de mercadorias, produ-


tos ou serviços.

DD Deduções – são os tributos retirados sobre o faturamento


bruto da empresa, descontos, devoluções de vendas.

DD Receita operacional líquida – receita operacional bruta di-


minuída das deduções.

DD Custos totais – são os gastos relacionados a elaboração do


produto. Podem ser: fixo ,variáveis, diretos ou indiretos.

DD Resultado operacional bruto – receita operacional líquida


diminuída dos custos.

DD Despesas operacionais – gastos relacionados a atividade


principal da empresa.
68 Contabilidade Avançada

DD Outras receitas operacionais – são faturamentos referentes


à atividade fim da empresa que deixaram de ser contabiliza-
dos do exercício anterior.

DD Resultado operacional líquido – é o resultado operacional


bruto, menos as despesas operacionais, mais as outras re-
ceitas operacionais.

DD Despesas não operacionais – gastos ligados a elementos


que não estão dentro do ciclo operacional da empresa.

DD Receitas não operacionais - faturamentos ligados a elementos


que não estão dentro do ciclo operacional da empresa.

DD Resultado antes do IR e CSLL – resultado operacional lí-


quido menos despesas não operacionais mais receitas não
operacionais.

DD IR – Provisão para imposto de renda

DD CSSL – Provisão para contribuição sobre o lucro líquido da


empresa.

DD Resultado líquido do exercício – lucro ou prejuízo apurado


no período.

Exemplo prático

A comercial Santana Ltda comprou mercadorias para revenda


no valor de R$ 160.000,00 e as vendeu por R$ 320.000,00.

Sabendo que a mesma obteve deduções no valor de R$


26.000,00, Despesa Administrativas no valor de R$ 31.500,00, Des-
pesas financeiras no valor de R$ 2.500,00, indique o resultado dessa
operação sem considerar os tributos.
69
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

DRE

ROB R$ 320.000,00
(-) DEDUÇÕES (R$ 26.000,00)
(=) ROL R$ 294.000,00
(-) CMV (R$ 160.000,00)
(=) ROB R$ 134.000,00
(-) DO (R$ 31.500,00)
(=) ROL R$ 102.500,00
(-) DNO (R$ 2.500,00)
(=) RLE R$ 100.000,00

Fonte: Autoria Própria

DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS DO EXERCÍCIO (DLPA)


A DLPA é o demonstrativo que mostra as variações ocorridas
na conta de lucros ou prejuízos acumulados no decorrer dos períodos.

A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, segundo


Junior e Begalli (2002, p. 149) tem como objetivo ser uma demons-
tração que:

[...] visa representar, de forma clara, o resultado líquido


do período, sua distribuição e a movimentação ocorrida
no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados.

Estrutura

A DLPA deve ser estruturada da seguinte forma:

Lucros ou prejuízos acumulados no início do período

(+/-) Ajustes de exercícios anteriores


70 Contabilidade Avançada

(+) Reversão de reservas

(+/-) Resultado líquido período

(=) Resultado a disposição

(-) Destinações do exercício

Reserva legal

Reserva estatutária

Reserva para contingência

Reservas de lucros a realizar

Reserva livre

(-) Dividendos

(-) Parcela dos lucros transferidos para o capital

(=) Lucros ou prejuízos acumulados no final do período

DD Saldo inicial – valor correspondente ao saldo da conta de


lucros ou prejuízos acumulados.

DD Ajustes de exercícios anteriores – Valor correspondente a


receitas ou despesas que deixaram de ser contabilizados no
exercício anterior.

DD Reversão de reservas – incorporação ao lucro de reservas


de lucros que não foram utilizadas no exercício – exceto a
reserva legal.
71
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

DD Resultado líquido do exercício – é o lucro ou prejuízo apu-


rado no período.

DD Destinações do exercício – são a distribuições dos lucros


através da constituição de reservas.

DD Dividendos – referem-se à parcela dos lucros da empresa


destinada a sócios.

DD Transferência de lucros para o capital – incorporação de


parte dos lucros para o capital social da empresa.

Existem na contabilidade duas demonstrações que evidenciam


os resultados da empresa, a DRE que demonstra o resultado apurado
no período e a DLPA que demonstra a movimentação da conta de lucros
ou prejuízos acumulados.

DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA (DFC)

É o demonstrativo responsável por informar a movimentação


das entradas e saídas de dinheiro do disponível da empresa

Que contas integram o disponível da empresa:

DD Caixa – dinheiro guardado na empresa para pequenas ope-


rações de pagamento

DD Banco conta movimento – dinheiro guardado em bancos


para realização do ciclo operacional da empresa.

DD Aplicação de liquidez imediata – recurso aplicado que gera


retorno e que está disponível para uso.
72 Contabilidade Avançada

Contabilmente falando, a DFC pode ser elaborada através de


dois métodos:

DD Direto – todos os eventos contábeis devem ser classificados


em atividades.

1. Atividade operacional – registro de movimentação de en-


tradas e saídas de recursos referentes à atividade operacio-
nal da empresa.

2. Atividade de investimentos - registro de movimentação


de entradas e saídas de recursos referentes ao ativo fixo da
empresa

3. Atividade de financiamentos - registra a movimentação de


entradas e saídas de recursos referentes ao financiamento
de capital da empresa – capital de terceiros e capital próprio.

Indireto – que registra os eventos, classificando-os em origens


e aplicações.

1. Origens – surgimento do recurso que será aplicado – capi-


tal próprio ou capital de terceiros.

2. Aplicações – onde o recurso foi investido.

No próximo conteúdo iremos trabalhar a análise dos de-


monstrativos contábeis de forma avançada, identificando a ne-
cessidade da utilização das informações contábeis no processo de
gestão empresarial.
73
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 447 a e 448 te ajudará a entender melhor a com-


posição das demonstrações contábeis, podendo, assim, enriquecer
mais os seus conhecimentos sobre o tema.

D JÚNIOR, José Hernandez Perez; BEGALLI, Glaucos Antônio. Elabo-


ração das Demonstrações Contábeis. 6.ed.São Paulo: Atlas, 2011.

A leitura das páginas 08 a 73 retratando a elaboração das demonstra-


ções contábeis, poderá te ajudar no processo de entendimento da ela-
boração e estrutura das demonstrações contábeis, tratados nesse tema.

PARA REFLETIR
Espero que você tenha entendido os elementos de construção das de-
monstrações contábeis. Se você não entendeu ou está inseguro, deve
reler cada item, buscando mais conhecimentos em leituras comple-
mentares e pesquisas na internet.

Sendo assim, imagine que você precisa conhecer melhor a estrutura


das demonstrações contábeis, dessa maneira procure na localidade
onde você mora empresas das mais variadas atividades tente identi-
ficar os elementos trabalhados neste tema.
74 Contabilidade Avançada

2.4
ANÁLISE AVANÇADA DAS
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Atualmente, as empresas vêm buscando cada vez mais ferra-


mentas de controle gerencial e financeiro. Como já sabemos, as finan-
ças de uma empresa é um elemento muito importante para a saúde
empresarial.

Com o passar dos anos, a contabilidade e a gestão financeira


começaram a desenvolver uma parceria que tornasse mais fácil o pro-
cesso de controle financeiro das empresas.

A utilização dos demonstrativos contábeis financeiros e a apli-


cação dos procedimentos de análise sobre estes trouxeram informa-
ções que influenciam e muito na gestão empresarial.

A análise dos demonstrativos contábeis nada mais é do que a


avaliação destes, gerando informação para o processo de informação.

ANÁLISE ATRAVÉS DE ÍNDICES FINANCEIROS

Índices de liquidez – avaliam a situação financeira da empresa

Liquidez geral - avalia a situação financeira da empresa de um


modo geral, considerando os elementos em curto e longo prazo, sem-
pre tomando como base 1,00 de dívida total.
75
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

ATIVO CIRCULANTE + CLIENTES LP


PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Liquidez corrente - avalia a situação financeira da empresa,


considerando os elementos em curto prazo, tomando como base 1,00
de dívida em curto prazo.

ATIVO CIRCULANTE
PASSIVO CIRCULANTE

Liquidez seca - avalia a situação financeira da empresa consi-


derando os elementos em curto prazo sem a utilização dos estoques,
tomando como base 1,00 de dívida em curto prazo.

ATIVO CIRCULANTE - ESTOQUE


PASSIVO CIRCULANTE

Liquidez imediata - avalia a capacidade de pagamento imediata


da empresa, utilizando somente os recursos disponíveis.

DISPONÍVEL  
PASSIVO CIRCULANTE

Índices de atividade – avalia a velocidade com que as contas se


transformam em vendas ou caixas.

Rotação de estoques – avalia a velocidade com que o estoque


gira dentro do exercício.

CMV
ESTOQUE MÉDIO
76 Contabilidade Avançada

Para se chegar ao prazo médio da rotação de estoques, temos


que dividir a rotação de estoque por 360 dias (número de dias de um
ano contábil).

Rotação de clientes – avaliação da quantidade de vezes que a


empresa realiza uma venda completa

VENDAS
MÉDIA DE CLIENTES

Para se chegar ao prazo médio da rotação de clientes temos


que dividir a rotação de clientes por 360 dias (número de dias de
um ano contábil).

Rotação de fornecedores – avaliação da quantidade de vezes


que a empresa realiza uma compra completa

COMPRAS

MÉDIA DE FORNECEDORES

Para se chegar ao prazo médio da rotação de fornecedores te-


mos que dividir a rotação de fornecedores por 360 dias (número de
dias de um ano contábil).

Índices de Endividamento – medem a proporção do capital de


terceiros investido na empresa.

Endividamento geral – avalia a proporção dos ativos totais da


empresa financiados por terceiros.

PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO NÃO CIRCULANTE

ATIVO TOTAL    
77
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

Cobertura de juros – avalia a capacidade da empresa em gerar lu-


cro operacional para cobrir suas obrigações com pagamentos de juros.

LAJIR
DESPESAS FINANCEIRAS

Endividamento corrente – mede a quantidade de obrigações


em curto prazo.

PASSIVO CIRCULANTE  
PASSIVO CIRCULANTE + PASSIVO NÃO CIRCULANTE

Índices de rentabilidade – mede a capacidade econômica da


empresa.

Margem do lucro bruto – retorno bruto sobre o capital investi-


do no processo operacional

LUCRO OPERACIONAL BRUTO


RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS

Margem do lucro líquido– retorno líquido sobre o capital inves-


tido no processo operacional

LUCRO OPERACIONAL LÍQUIDO

RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS

Margem do lucro líquido do exercício– retorno líquido do exer-


cício sobre o capital investido no processo operacional

LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS


78 Contabilidade Avançada

Exemplo Prático

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO 509.348,00 PASSIVO 509.348,00

Circulante 292.940,00 Circulante 213.419,00


Obrigações
Disponibilidades 124.400,00 41.130,00
Tributárias
Investimentos Obrigações
12.150,00 37.880,00
Temporários Trabalhistas
Obrigações c/
Estoques 101.540,00 77.540,00
Fornecedores

Direitos
54.850,00 Outras Obrigações 56.869,00
(Clientes)

Não Circulante 216.408,00 Não Circulante 56.700,00


Clientes 41.600,00 Outras Obrigações 56.700,00

Investimentos 31.120,00

Imobilizado 153.890,00 Patrimônio Líquido 239.229,00


Intangíveis 22.768,00 Capital Social 200.000,00
Depreciação Lucros
(32.970,00) 39.229,00
Acumulada Acumulados

Fonte: Autoria Própria

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO – DRE

Receita Bruta de Vendas 157.500,00


Deduções 51.430,00
Receita Líquida de Vendas 106.070,00
79
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

Custo das Mercadorias Vendidas 44.800,00


Lucro Operacional Bruto 61.270,00
Despesas Operacionais 21.000,00
Lucro Operacional Líquido 40.270,00
Despesas não Operacionais (DF) 1.120,00
Receitas não Operacionais 8.900,00
Lucro (IR e CSLL) 48.050,00
IR 7.207,50
CSLL 4.324,50
Lucro Líquido do Exercício (LLE) 36.518,00

Fonte: Autoria Própria

LIQUIDEZ:

LG = AC + CLIENTES LP / PC + PNC
LG = 292.940,00 + 41.600,00 / 213.419,00 + 56.700,00 =
LG = 1,24

Para cada 1,00 de dívida total, a empresa possui uma capacida-


de de pagamento total de 1,24.

LC = AC / PC
LC = 292.940,00 / 213.419,00 = 1,37

Para cada 1,00 de dívida em curto prazo,a empresa possui uma


capacidade de pagamento em curto prazo de 1,37

LI = DISPONÍVEL / PC
LI = 124.400,00 / 213.419,00
LI = 0,58
80 Contabilidade Avançada

A empresa tem 0,58 de recursos disponíveis para cada 1,00 de


dívidas em curto prazo.

LS = AC – ESTOQUE / PC
LS = 292.940,00 – 101.540,00 / 213.419,00
LS = 0,89

Para cada 1,00 de dívidas em curto prazo a empresa possui 0,89


de capacidade de pagamento sem a utilização do estoque.

ENDIVIDAMENTO

EG = PC +PNC / ATIVO TOTAL x 100


EG = 213.419,00 + 56.700,00 / 509.348,00 x 100
EG = 53,03%

Das aplicações feitas no ativo 53,03% foram feitas através de


capital de terceiros.

EC = PC / PC + PNC x 100
EC = 213.419,00 / 213.419,00 + 56.700,00 x 100
EC = 79%

Do total de dívidas da empresa, 79% são dívidas em curto prazo


para pagamento dentro do exercício.

RENTABILIDADE

MOB = LOB / ROL


MOB = 61.270,00 / 106.070,00
MOB = 57,76%
81
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

Do total das receitas líquidas 57,76% correspondem a Lucro


Operacional Bruto.

MOL = LOL/ ROL


MOL = 40.270,00 / 106.070,00
MOL = 37,96%

Do total das receitas líquidas 37.96% correspondem a Lucro


Operacional Líquido.

MLLE = LLE / ROL


MLLE = 36.518,00 / 106.070,00
MLLE = 34,42%

Do total das receitas líquidas 34,42% correspondem a Lucro Lí-


quido do Exercício.

É muito importante a utilização dessas ferramentas no controle


gerencial das empresas, pois essas análises geram informações ne-
cessárias para o processo gerencial das empresas.

No que se refere ao gerenciamento das vendas, a empresa precisa


ter informações sobre o estoque, fornecedores, clientes e de que forma
esses elementos se comportam dentro do ciclo operacional da empresa.

O ciclo operacional da empresa não se resume somente a ven-


der e verificar o retorno sobre estas vendas e sim gerenciar deste a
compra das mercadorias para revenda, até o resultado alcançado nes-
ta operação.

Nesse tema verificamos a estrutura do capital social e das


reservas de capital e lucros nas empresas brasileiras e como os
demonstrativos contábeis e sua análise podem gerar informações
primordiais para a gestão das empresas no Brasil.
82 Contabilidade Avançada

LEITURA COMPLEMENTAR
D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.

A leitura das páginas 448 e 449 te ajudará a entender melhor as fer-


ramentas de análise das demonstrações contábeis, podendo assim
enriquecer mais os seus conhecimentos sobre o tema.

D JÚNIOR, José Hernandez Perez; BEGALLI, Glaucos Antônio. Elabo-


ração das Demonstrações Contábeis. 6.ed.São Paulo: Atlas, 2011.

A leitura das páginas 133 a 136, retratando a elaboração das demons-


trações contábeis e sua análise, te ajudará no processo de entendi-
mento da análise das demonstrações contábeis tratadas nesse tema.

PARA REFLETIR
Na necessidade de conhecer melhor os demonstrativos contábeis e
entender como a sua análise pode ajudar no desenvolvimento geren-
cial das empresas, procure na localidade onde você mora visualizar as
demonstrações financeiras elaboradas pelas empresas que você tiver
acesso e aplique as ferramentas de análise a fim de verificar a sua si-
tuação financeira, econômica e patrimonial.
83
Tema 2
Elementos que compõem o PL e a estrutura e análise
avançada das demonstrações contábeis

RESUMO

Neste tema podemos verificar no primeiro momento a importância


do conhecimento sobre o capital social e as reservas de capital para
melhor estruturar a composição do patrimônio líquido das empresas
no Brasil. No segundo momento desse tema foram trabalhadas a es-
trutura e a funcionalidade da reserva de lucros para a gestão das em-
presas, no terceiro momento desse tema, trabalhamos a estrutura das
demonstrações contábeis no Brasil e no último momento verificamos
as técnicas avançadas de análise utilizadas pelas empresas afim de
buscar uma melhor gestão e um melhor desenvolvimento de suas ati-
vidades operacionais.

No próximo tema iremos trabalhar a avaliação de investimentos pelo


PL das empresas nacionais.
Parte 2
Avaliação e
Investimentos e
Sociedades
tema 3
Avaliação de Inves-
timentos pelo
Patrimônio Líquido
Podemos destacar a existência de vários tipos de so-
ciedades que sofrem equivalência patrimonial, a ava-
liação de investimentos pelo Patrimônio Líquido e a
reavaliação de bens são elementos muito importantes
para o desenvolvimento operacional das empresas.

É importante destacar que esses elementos influen-


ciam de forma direta na estrutura patrimonial e fi-
nanceira das empresas, ajudando muito no processo
de tomada de decisões gerencias.

Vamos verificar os tipos de sociedades que traba-


lham com análise de investimentos pelo Patrimônio
Líquido.
3.1.
TIPOS DE SOCIEDADES

Levando em consideração o que está disposto no artigo 248 da


lei número 6.404/76, com alterações descritas pelas leis 11.638/07
e 11.941/09 são avaliados pelo método de equivalência patrimonial
(MEP) os investimentos em:

a. Controladora e Controlada.

b. Coligadas.

c. Sociedades que fazem parte do mesmo grupo.

d. Sociedades que estejam sob controle comum.

Vamos verificar o primeiro dos tipos de sociedades que fa-


zem avaliação de investimentos com base no método de equivalência
patrimonial.

SOCIEDADE CONTROLADORA E CONTROLADA

O que é uma sociedade controladora?

É quando a empresa A investe na empresa B através da aquisi-


ção de capital com direito a voto ou não. Esse investimento pode ser
de forma direta ou indireta.

Para que a empresa A seja controladora ela precisará deter


mais de 50% do capital da empresa B, sendo assim, a empresa A
90 Contabilidade Avançada

(Controladora) será responsável por gerenciar todos os procedimen-


tos empresariais da empresa B (controlada).

O controle pode ser classificado da seguinte forma:

DD Controle Direto – Quando a empresa investidora tem regis-


trado em seu nome mais de 50% do capital de voto da em-
presa investida, ou seja, quando de forma direta ela exerce
domínio sobre as atividades da empresa investida.

DD Controle Indireto – Quando a empresa que investiu no ca-


pital de voto de outra empresa exerce esse controle através
de uma terceira empresa que também e controlada por ela.

Vamos verificar algumas situações que demonstram a funcio-


nalidade das empresas controladoras e das empresas controladas:

Exemplo 01.

A empresa A possui em seu nome 57% do capital com direito


a voto da empresa B, nessa situação a empresa A detém o controle
direto das atividades da empresa B.

A empresa B possui em seu nome 56% do capital com direito


a voto da empresa C, nesta situação a empresa B detém o controle
direto das atividades da empresa C, e a empresa A detém o controle
indireto sobre a empresa C visto que ela é controladora da empresa B.

Exemplo 02.

A empresa A. possui em seu nome 53% do capital com direito


a voto da empresa B, nessa situação a empresa A detém o controle
direto das atividades da empresa B.
91
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

A empresa possui 9% do capital com direito a voto da empresa C,


e a empresa B possui 43% do capital com direito a voto da empresa C,
sendo assim a empresa A controla de forma indireta a empresa C, pois
possui (9% + 43% = 53%) do capital com direito a voto da empresa C.

SOCIEDADES COLIGADAS

O que são sociedades coligadas?

É quando a empresa A. investe na empresa B. e esse investi-


mento não ultrapassa 50% do capital com direito a voto.

Quando falamos de empresas coligadas estamos nos referindo


a empresas parceiras onde a empresa investidora tem uma influência
na administração da empresa investida, mas sem exercer controle so-
bre as suas atividades gerenciais.

Está destacada na Deliberação da Comissão de Valores Mobiliá-


rios (CVM) número 688 de 2012 e na resolução de número 1.241/2009
do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) no CPC 18 que os inves-
timentos das sociedades coligadas sofrem influência significativa nas
seguintes situações:

A empresa investidora deverá ter representação efetiva no con-


selho de administração ou diretoria da empresa investida.

a. A empresa investidora participa dos processos de


elaboração dos procedimentos de gestão da empresa
investida, inclusive sobre a distribuição dos seus lucros
(dividendos).

b. A empresa investida ajuda no desenvolvimento do


ciclo operacional da empresa investida, aquisição de
materiais para a elaboração de produtos para a venda.
92 Contabilidade Avançada

c. A empresa investidora realiza com a empresa investida


um intercâmbio de seus diretores, gerentes, etc., afim de
um melhor desenvolvimento gerencial das atividades tan-
to da empresa investidora quando da empresa investida.

d. A empresa investidora fornece informações técnicas


para a empresa investida.

É muito importante destacar que a influência da empresa in-


vestidora sobre a empresa investida só poderá ocorrer quando a
empresa possuir no mínimo 20% do capital com direito a voto da
empresa investida.

São dois os tipos de coligação:

Coligação Direta – Quando a empresa investidora possui


mais de 20% do capital com direito a voto da empresa in-
vestida.

Coligação Indireta – Quando a empresa A é controladora


de B, a empresa A possui 9% do capital votante de C e a em-
presa B possui 12% do capital com direito a voto de C. Dessa
forma, a Empresa A tem indiretamente (9% + 12% = 21%).

SOCIEDADES QUE FAÇAM PARTE DO MESMO GRUPO

Esse tipo de sociedade ocorre quando a empresa investidora e a


empresa investida são controladas pela mesma empresa.

Exemplo:

A empresa A possui 53% do capital com direito a voto da em-


presa B e 52% do capital com direito a voto da empresa C, a empresa B
93
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

possui 10% do capital votante da empresa C. Nesse caso, temos duas


empresas coligadas que são controladas por uma terceira empresa.

SOCIEDADES QUE ESTEJAM SOB CONTROLE COMUM

Primeiro precisamos entender o que é controle comum. Tam-


bém chamado de controle em conjunto é a junção do controle atra-
vés de um contrato entre as empresas investidoras, ou seja, todas as
decisões gerenciais (finanças, planejamento) que serão tomadas pela
empresa investida deverá ter consentimento das partes que compar-
tilham o controle.

Exemplo:

Empresas investidoras:

A empresa A possui 31% do capital votante da empresa D.

A empresa B possui 20% do capital votante da empresa D.

A empresa C possui 10% do capital votante da empresa D.

Significa dizer que juntas elas possuem 51% do capital votante


da empresa D e que são controladoras de suas atividades gerenciais,
ou seja, as empresas A, B e C constituem um contrato de controle co-
mum para controlar as atividades da empresa D.

No próximo conteúdo iremos trabalhar a equivalência patrimo-


nial, destacando seus principais elementos teóricos e práticos.
94 Contabilidade Avançada

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17.ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 119 e 121 te ajudará a entender melhor os tipos de


sociedades empresariais no Brasil, podendo, assim, enriquecer mais
os seus conhecimentos sobre o tema.

D RIBEIRO. Osni Moura. Contabilidade Avançada. 5. ed. São Paulo:


Saraiva, 2014.

O desenvolvimento da leitura da página 99 a 101 facilitará o seu en-


tendimento sobre as técnicas aplicadas nas empresas controladas e
coligadas no Brasil.

PARA REFLETIR

Imagine que você precisa conhecer melhor os tipos de sociedades e


suas funções. Pensando nisso, pesquise na internet exemplos de em-
presas controladas e coligadas e tente identificar a sua estrutura pa-
trimonial de cada uma delas de acordo com o conteúdo visto nesse
conteúdo.
95
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

3.2.
EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL.

O primeiro passo da equivalência patrimonial é verificar como


foi realizado o investimento de uma empresa sobre a outra.

A empresa B possui um Patrimônio Líquido de R$ 1.000.000,00


constituídos da seguinte forma;

Capital Social R$ 500.000,00


Reserva de Lucros R$ 50.000,00
Reserva de Lucros R$ 450.000,00

A empresa A adquiriu 40% do capital da empresa B por R$


300.000,00.

Capital R$ 500.000,00 x 40% = R$ 200.000,00

A empresa A passa a ter uma participação efetiva no capi-


tal social da empresa B, na proporção de 40% l que representa R$
200.000,00.

QUAL O RESULTADO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL


APRESENTADO PELA EMPRESA B?
A empresa B vendeu 40% do seu capital no valor de R$
200.000,00 por R$ 300.000,00 apresentando um valor positivo de
equivalência patrimonial de R$ 100.000,00
96 Contabilidade Avançada

Sendo assim a equivalência patrimonial é o procedimento utili-


zado pela contabilidade para verificar as operações de investimentos
dentro das empresas através do seu patrimônio líquido.

É muito importante destacar que todo investimento tem um ris-


co e um retorno;

O QUE UM RISCO EM UMA OPERAÇÃO DE INVESTIMENTO?

As empresas com o passar do tempo e o desenvolvimento de


suas atividades operacionais estão sujeitas a riscos e incertezas, estes
riscos acontecem em virtude de fatores que podem influenciar no seu
ciclo operacional trazendo dificuldades gerenciais. Ex. avanço tecno-
lógico, concorrência, economia, política.

Devido a estes riscos ou incertezas a gestão deve estar sempre


em contato com as informações utilizando- as para o processo de to-
mada de decisões buscando assim aperfeiçoar os resultados e o au-
mento patrimonial.

Qualquer atividade nos dias de hoje esta sujeita a riscos fi-


nanceiros que podem trazer muitos problemas no desenvolvimento
operacional, sendo assim, muitas empresas nos dias de hoje buscam
auxílio na gestão financeira para analisar os riscos e buscar soluções.

Tipos e riscos existentes dentro de uma empresa:

Risco operacional – são os riscos que podem acontecer em


virtude do ciclo operacional da empresa. Ligados diretamen-
te a fatores do tempo ou natureza.

Risco financeiro – são os riscos que afetam o ativo e o passi-


vo financeiro e que podem trazer um impacto no resultado das
empresas.
97
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

O QUE É O RETORNO EM UMA OPERAÇÃO DE INVESTIMENTO?

É o ganho ou perda que a empresa irá obter em virtude de in-


vestimentos operacionais ou não. Os investimentos operacionais es-
tão ligados à atividade fim da empresa e os ganhos não operacionais
não estão ligados à atividade fim da empresa.

Exemplo: (ganho)

A empresa efetuou vendas à vista no valor de R$ 150.000,00


como uma expectativa de retorno sobre esta operação de 15%.

150.000,00 x 15% = R$ 22.500,00

Sendo assim, a empresa pretende obter R$ 22.500,00 de retor-


no sobre as vendas, cobrindo os custos, despesas e tributos.

É importante destacar que o retorno é a expectativa de ganho


ou perda sobre determinada operação, dessa maneira o controle des-
se processo deve acontecer de forma sistemática já que o impacto
sempre influenciará no resultado da empresa (lucro ou prejuízo).

Agora que já entendemos o que é um risco e um retorno na ope-


ração de investimentos, vamos ver como os lucros são distribuídos
dentro de uma operação de investimento de equivalência patrimonial.

A empresa A realizou um investimento no PL da empresa B atra-


vés da aquisição de 30% do capital votante no valor de 240.000,00.

Distribuição do PL da empresa B.

Capital Social R$ 500.000,00


Reserva de Lucros R$ 50.000,00
Reserva de Lucros R$ 450.000,00
98 Contabilidade Avançada

A empresa B vendeu 30% do seu capital R$ 150.000,00 por R$


240.000,00 para a empresa A verificando assim uma equivalência
patrimonial positiva de R$ 90.000,00.

A empresa B apurou em 20x5 as seguintes informações:

Lucro Líquido do Exercício (LLE). R$ 177.530,00

Reserva Legal ................................ 5%

Dividendos a sócios ou acionistas.. 25%

Vejamos os procedimentos de cálculos:

Como calcular a reserva legal?

LLE x 5% = R$ 177.530,00 x 5% = R$ 8.876,50

Como calcular os dividendos?

LLE + REVERSÃO DE RESERVAS – RESERVAS

R$ 177.530,00 + 0 – R$ 8.876,50 = R$ 168.653,50

Base de cálculo para dividendos:

R$ 168.653,30 que multiplicado por 25% (percentual de divi-


dendos definido no exemplo) = R$ 42.163,32

Os R$ 42.163,32 são o valor que a empresa distribuirá aos só-


cios ou acionistas do seu lucro líquido, como o percentual do capital
adquirido pela empresa A foi de 30%, este será o percentual de sua
participação sobre os dividendos distribuídos.
99
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

Cálculos:

R$ 42.163,32 x 30% (participação da empresa a) =

R$ 12.649,00 é o valor dos lucros que serão distribuídos à


empresa A.

Exemplo prático envolvendo toda a operação de equivalência


patrimonial:

A investidora SPACCA S.A detém 51% das ações com direito a


voto da Companhia PPS. O investimento será avaliado pelo método de
equivalência patrimonial e o saldo da conta de participação societária
– CIA PPS em 31.12.20X4, entes do registro de equivalência patrimo-
nial em 31.12.20X5 era de R$ 800.000,00.

A Companhia PPS apresentou os seguintes dados no ano calen-


dário de 20X5.

a. Não houve alteração do valor do Patrimônio Liquido no curso


do referido ano;

b. O LLE apurado em 31.12.20X5 foi de R$ 700.000,00;

c. As destinações do exercício foram distribuídas da seguinte forma:

DD R$ 500.000,00 para reserva de lucros (lucros acumulados)

DD R$ 200.000,00 para dividendos a pagar

d. Patrimônio Líquido da investida no Balanço Patrimonial


levantado em 31.12.20X5:

DD Capital Social.............. R$ 1.000.000,00


100 Contabilidade Avançada

DD Reserva de Capital...... R$ 500.000,00

DD Reserva de Lucros (LA) R$ 800.000,00

A conta de reserva de lucros no valor de 800.000,00 está dis-


tribuída por um saldo inicial de R$ 300.000,00 mais R$ 500.000,00
apurado no período.

Vamos calcular os procedimentos de equivalência patrimonial e


os dividendos na Investidora;

Participação Efetiva da investidora no PL da Investida;

R$ 2.300.000,00 x 51% = R$ 1.173.000,00

Valor do Ajuste positivo na conta de equivalência patrimonial;

31.12.20X4................ R$ 800.000,00

31.12.20X5............... R$ 1.173.000,00

Saldo positivo de equivalência patrimonial gerado nessa operação


foi de R$ 373.000,00

Valor dos dividendos para a investidora;

R$ 200.000,00 x 51% = R$ 102.000,00

Devemos destacar que o valor do ajuste é de 53,28% do lucro


líquido do exercício apurado pela investida, sendo assim, a investi-
dora SPACCA S.A deverá realizar os seguintes ajustes contábeis;

Pelo método de equivalência patrimonial:

D- Participação Societária – CIA PPS


101
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

C – Resultado Positivo em P/S..... R$ 373.000,00

Pelo Valor dos dividendos creditados;

D – Dividendos a receber – CIA PPS

C – P/S – CIA PPS...................... R$ 102.000,00

É importante destacar que o procedimento de equivalência pa-


trimonial pode apresentar também um saldo negativo, ou seja, quan-
do a empresa investidora não obtém retorno (ganho) sobre o que foi
aplicado na investida.

Iremos abordar no próximo conteúdo outros fatos contábeis que


podem afetar a estruturação do patrimônio líquido das empresas no Brasil

LEITURA COMPLEMENTAR
D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17.ed. São Paulo:
Atlas, 2015.

A leitura das páginas 133 e 134 te ajudará a entender melhor a aplica-


bilidade da equivalência patrimonial, podendo assim enriquecer mais
os seus conhecimentos sobre o tema.

D RIBEIRO. Osni Moura. Contabilidade Avançada. 5. ed. São Paulo:


Saraiva, 2014.

O desenvolvimento da leitura da páginas 104 a 107 facilitará o seu en-


tendimento sobre as técnicas aplicadas para a aplicação do método de
equivalência patrimonial das empresas.
102 Contabilidade Avançada

PARA REFLETIR
Imagine que você precisa conhecer melhor a aplicabilidade das técni-
cas de equivalência patrimonial. Pensando nisso, pesquise na internet
(sites de contabilidade e sua aplicação) exemplos de empresas que
trabalham com a utilização dos métodos de equivalência patrimonial
e tente identificar a sua funcionalidade.

3.3
OUTROS FATOS CONTÁBEIS QUE AFETAM O
PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Um dos fatos que alteram o valor do patrimônio líquido das em-


presas é o aumento de capital que poderá acontecer através das se-
guintes situações.

A primeira forma de aumento de capital se dá pelo processo de


desenvolvimento, norma das empresas que é a transferência dos lu-
cros para o capital social da empresa.

A segunda forma de aumento de capital é através da integrali-


zação de capital por parte dos sócios, que ocorre de forma natural e
vai de encontro ao processo operacional das empresas.

Ainda podemos aumentar capital através da subscrição ou


aquisição de capital por parte da empresa investidora, sendo assim,
existem várias maneiras de se aumentar o patrimônio líquido com a
utilização de capital.
103
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

A empresa Alfa S.A aumentou seu capital através de um aporte


de capital por parte da empresa Beta S.A que é a empresa investidora
(possui 35% do capital com direito a voto), o valor da integralização
foi de R$ 50.000,00 através de transferência bancária. Como esse
evento deverá ser contabilizado?

Por parte da investidora:

D – Participações Societárias – Beta S.A

C – Banco conta Movimento..... R$ 50.000,00

O resultado líquido do exercício quando transferido para a conta


de reserva de lucros (lucros ou prejuízos acumulados) poderá trazer um
aumento no PL quando o saldo do resultado do exercício for positivo
(lucro) ou negativo quando o saldo do exercício for negativo prejuízo.

A empresa TRS S.A apurou um lucro líquido do exercício de R$


157.680,00 com a destinação de 5% para reserva legal e 25% para di-
videndos a sócios ou acionistas.

Estrutura inicial do PL:

Capital Social R$ 500.000,00


Reserva de Lucros (LA) R$ 220.000,00
Reserva Legal R$ 17.000,00
Total R$ 737.000,00

Vamos calcular as Destinações do Exercício:

No processo de destinações do exercício, o primeiro elemento


a ser calculado será a reserva legal. É importante que essa reserva
tenha como limite de destinação 20% do capital social da empresa e o
seu percentual fixo seja de 5%
104 Contabilidade Avançada

Reserva Legal = R$ 157.680,00 x 5% = R$ 7.884,00

Agora que já calculamos a reserva legal, vamos verificar como


será realizado o procedimento de cálculo para encontrar o valor dos
dividendos.

Dividendos = R$ 157.680,00 – R$ 7.884,00 = R$ 149.796,00


x 25% = R$ 37.449,00

Estruturação do PL após a apuração de lucros e transferência


para a conta de reserva de lucros:

Capital Social R$ 500.000,00


Reserva de Lucros (LA) R$ 369.796,00
Reserva Legal R$ 24.884,00
Total R$ 894.680,00

Imaginando a mesma situação do PL, vamos verificar o impac-


to de um resultado do exercício negativo (prejuízo) no valor de R$
(77.000,00) transferido para a conta de prejuízos acumulados.

Estrutura do PL com o prejuízo:

Capital Social................................ R$ 500.000,00

Reserva de Lucros ( LA)............... R$ 220.000,00

Reserva Legal.............................. R$ 17.000,00

Prejuízos Acumulados................. R$ 77.000,00

Total............................................. R$ 660.000,00
105
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

Observem que, na primeira situação, a empresa apurou um lu-


cro que influenciou de forma direta no saldo da conta de reserva de
lucros – lucros acumulados e na conta de reserva legal devido as des-
tinações do exercício. Esses elementos influenciaram no aumento do
PL em R$ 157.680,00;

Já na segunda situação, a empresa destacou um prejuízo de


R$ 77.000,00 trazendo um impacto negativo para o PL.

Outro elemento que pode causar aumento ou diminuição do


patrimônio líquido é a alienação de um bem do ativo imobilizado.

Por que isso pode ocorrer?

Esse fator pode acontecer porque quando vendemos um bem


do ativo este pode trazer um ganho ou uma perda e esses elementos
deverão ser levados para o resultado, sendo assim podem aumentar
ou diminuir a conta de lucros, trazendo um impacto direto no saldo do
patrimônio líquido.

Vamos entender melhor essa situação?

Vejamos,

A empresa LT S.A apresentou as seguintes informações em


20X5:

DD Conta Veículos

Data de aquisição.................. 30/07/20X5

Valor da aquisição.................. R$ 40.000,00

Taxa de depreciação.............. 20%


106 Contabilidade Avançada

Valor residual......................... R$ 10.000,00

Data da venda....................... 28/02/20X6

Valor da venda...................... R$ 30.000,00

É importante destacar que o veículo foi vendido através de uma


transferência bancária.

Vamos verificar o impacto dessa operação no resultado da


empresa?

Veículo............................. R$ 40.000,00

(-) Valor residual.............. R$ 10.000,00

(=) saldo para depreciação R$ 30.000,00

1. Saldo para depreciação R$ 30.000,00 x 20% = R$ 6.000,00


ao ano.

2.Observem que o saldo da depreciação no ano é de R$ 6.000,00


e que agora teremos que encontrar a depreciação mensal.

3. Para encontrar o valor da depreciação, no mês, pegamos o R$


6.000,00 / 12 meses = R$ 500,00 ao mês.

A empresa adquiriu o veículo em 30/07/2015 e o vendeu em


28/02/2016, devendo ser depreciado 8 (oito) meses da sua data de
aquisição até a sua data de venda.

Vamos encontrar o valor da depreciação em 8 (oito)meses?

8 meses x R$ 500,00 ( depreciação mensal) = R$ 4.000,00

Apuração do resultado de venda;


107
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

A empresa LT S.A vendeu em 28/02/20X6 o veículo por R$


30.000,00;

(+/- ) Custo ou valor contábil

Veículo............................................ R$ 40.000,00

(-) Depreciação Acumulada........... (R$ 4.000,00)

Depreciação (31/12/20X5) = R$ 3.000,00

Depreciação (jan/20X6) = R$ 500,00

Depreciação (fev 20X6) = 500,00

(=) Valor contábil = R$ 36.000,00

O veículo tem um valor contábil de R$ 36.000,00 e a empre-


sa o vendeu por R$ 30.000,00 gerando uma perda de capital de R$
6.000,00 que terá que ser registrado como despesa de equivalência
patrimonial e terá um impacto do lucro da empresa, diminuindo, as-
sim, o valor do seu patrimônio líquido.

Vamos ver a contabilização do evento acima:

Reconhecimento da Receita.

D – Banco c/ Movimento

C – Receita com Vendas (Imob)R$ 30.000,00

Reconhecimento do Custo

D – Custo do Imobilizado Vendido


108 Contabilidade Avançada

C – Ativo Imobilizado R$ 36.000,00

Apuração:

Valor contábil do Veículo........ R$ 36.000,00

Valor de venda do Veículo..... R$ 30.000,00

(=) Prejuízo............................. R$ 6.000,00

No próximo conteúdo iremos abordar elementos que causam


aumento do patrimônio líquido das empresas, utilizando como base a
reavaliação de bens do ativo fixo.

LEITURA COMPLEMENTAR
D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:
Atlas, 2015.

A leitura das páginas 189 e 203 te ajudará a entender melhor ou-


tros elementos contábeis que podem afetar o patrimônio líquido das
empresas, podendo, assim, enriquecer mais os seus conhecimentos
sobre o tema.

D RIBEIRO. Osni Moura. Contabilidade Avançada. 5. ed. São Paulo:


Saraiva, 2014.

O desenvolvimento da leitura das páginas 143 a 144 facilitará o seu en-


tendimento sobre os elementos que causam aumento no patrimônio
das empresas.
109
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

PARA REFLETIR

Imagine que você precisa conhecer melhor a funcionalidade dos ele-


mentos contábeis que transformam o patrimônio das empresas no
Brasil. Pensando nisso, pesquise na internet (sites de contabilidade e
sua aplicação) e, em livros, exemplos de eventos contábeis que podem
trazer um aumento do patrimônio das empresas no Brasil, de acordo
com o conteúdo visto.

3.4
AUMENTO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO EM
VIRTUDE DA REAVALIAÇÃO DE ATIVOS

Com a aplicação da lei de número 11.638/2007 e a resolução da


CPC de número 1.159, a avaliação de bens é um procedimento que de-
verá ser realizado por 3 ( três) peritos que podem ser pessoa física ou
pessoa jurídica.

Os avaliadores serão responsabilizados por danos, dolo a em-


presa (acionistas ou sócios) por emissão de laudo técnico que não
comprove a realidade do processo de investigação sobre o bem do
ativo analisado.

O QUE É UM LAUDO DE REAVALIAÇÃO?


O laudo de reavaliação é um elemento de fundamental impor-
tância no processo de avaliação dos bens, demonstrando as razões
110 Contabilidade Avançada

que levaram a alteração do valor de marcado do bem do ativo analisa-


do. O laudo de reavaliação é o documento que servirá de elemento que
indicará a realidade do evento contábil – lançamento contábil.

O laudo de reavaliação de bens do ativo deverá:

Indicar o bem que está sendo reavaliado, a conta patri-


monial em que está escriturada e os elementos de rea-
valiação para registro.

Indicar o novo valor do bem do ativo que está sendo re-


avaliado (preço de mercado) e a nova vida útil (número
de anos que este estará em funcionalidade na empresa)

Exemplo:

A Cia SPA possui uma casa onde desenvolve as suas atividades


operacionais. Esse bem está devidamente registrado no ativo imobilizado
da empresa, com um valor contábil de R$ 200.000,00 em 31/12/2015.

Assim demonstrado,

Imóveis..................... R$ 800.000,00

(-) Dep. Acumulada . R$ 500.000,00

(=) valor Contábil ..... R$ 300.000,00

A administração da Cia SPA tem informações que o bem está


com seu valor de mercado desatualizado, e que, se for colocado a ven-
da o seu valor de mercado é superior a 300.000,00.

É muito importante destacar que se o seu valor de ativo está


fora da realidade de mercado o seu patrimônio líquido também está,
111
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

visto toda a contabilização deve ser realizada com base nos métodos
das partidas dobradas.

A empresa convoca assembleia e decide por contratar 3 ( três)


peritos para a realização dos procedimentos de reavaliação do imóvel
sede da empresa.

Concluída a pericia, o laudo indicou os seguintes ajustes:

DD O valor de mercado do bem analisado passa a ser de R$


400.000,00

DD A vida útil do bem analisado passa a ser de 20 anos.

Como realizar os procedimentos contábeis para registo dessa


reavaliação?

Apuração do valor contábil do bem antes da reavaliação.

Nesse evento contábil veremos como será contabilizado o valor


contábil do bem (já com a dedução da depreciação).

Em diário:

D – Dep. Acumulada–Imóveis.

C – Imóveis.............................. R$ 500.000,00

Em razão

Imóveis Dep Acm – Imóveis

800.000,00 500.000,00 …500.000,00 500.000,00


300.000,00      
112 Contabilidade Avançada

2. Pelo Valor da Reavaliação.

Neste evento contábil veremos como será registada a reavaliação


do bem (valor de mercado).

Valor de Mercado.............. R$ 400.000,00

(-) Valor Contábil............... R$ 300.000,00

(=) Reavaliação................. R$ 100.000,00

Em diário

D – Imóveis

C – Ajuste de avaliação de bens do ativo R$ 100.000,00

Em razão;

Imóveis Ajuste de Avaliação - Bem


300.000,00 100.000,00
 100.000,00      
 400.000,00  

Com esses eventos, verificamos que o bem tinha sido adqui-


rido por R$ 800.000,00 e já tinha sofrido uma depreciação de R$
500.000,00 sobrando R$ 300.000,00 , ou seja, o valor contábil do
bem no momento da reavaliação era de 300.000,00.

Depois de realizada a reavaliação do bem, esta passou a ter um


valor de mercado de R$ 400.000,00, com uma vida útil de 20 anos.

Vamos verificar agora a estrutura patrimonial desse evento de


reavaliação do bem.
113
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

Antes da reavaliação:

Ativo

Ativo não Circulante

Imobilizado

Imóveis........................... R$ 800.000,00

(-) Dep. Acumulada........ R$ 500,000,00

Total Ativo....................... R$ 300.000,00

Passivo

Patrimônio Líquido

Capital Social.................... R$ 300.000,00

Total Passivo................... R$ 300.000,00

Depois da reavaliação:

Ativo

Ativo não Circulante

Imobilizado

Imóveis............................... R$ 400.000,00

Total Ativo........................ R$ 400.000,00


114 Contabilidade Avançada

Passivo

Patrimônio Líquido

Capital Social..................... R$ 300.000,00

Ajuste de Avaliação – bem R$ 100.000,00

Total Passivo..................... R$ 400.000,00

Devemos destacar que esse procedimento de reavaliação de


bem é um elemento de aumento patrimonial e que só trará efeitos
financeiros e tributários, se o bem for vendido.

Neste conteúdo podemos observar como a reavaliação de um


bem do ativo pode trazer um impacto significativo no patrimônio das
empresas no Brasil, é importante destacar que a empresa só deverá
pagar imposto referente a essa valorização quando o bem for vendido.

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 207 e 209 te ajudará a entender melhor a re-


avaliação de bens do ativo fixo e a sua influência no patrimônio das
empresas, podendo, assim, enriquecer mais os seus conhecimentos
sobre o tema.

D RIBEIRO. Osni Moura. Contabilidade Avançada. 5. ed. São Paulo:


Saraiva, 2014.
115
Tema 3
Avaliação de Investimentos pelo
Patrimônio Líquido

O desenvolvimento da leitura da página 113 a 121 facilitará o seu enten-


dimento sobre o ajuste de avaliação patrimonial e sua funcionalidade
nas empresas brasileiras.

PARA REFLETIR
Imagine que você precisa conhecer melhor a aplicabilidade da reavaliação
de bens do ativo fixo. Pensando nisso, vamos imaginar que a empresa
TR Ltda. possui um imóvel que tem um valor original de R$ 100.000,00
e que este foi financiado em longo prazo. Além disso, o bem sofreu um
ajuste de avaliação patrimonial de 15%, de acordo com o laudo dos peri-
tos. Diante do exposto, indique a nova composição patrimonial do bem.

RESUMO
Neste tema trabalhamos no primeiro momento com os tipos de socie-
dades, dando uma atenção maior para as empresas controladas e coli-
gadas e a sua estrutura patrimonial. No segundo momento desse tema
verificamos a aplicabilidade dos métodos de equivalência patrimonial,
identificando as principais formas de cálculos operacionais. No terceiro
momento deste tema analisamos outros fatos contábeis que podem afe-
tar o patrimônio líquido das empresas no Brasil e, por último, vimos como
a reavaliação de bens do ativo fixo ou os ajustes de avaliação patrimonial
podem impactar de forma positiva no PL das empresas no Brasil.

No próximo tema iremos trabalhar a formas de concentração e extinção


de sociedades no Brasil.
tema 4
Concentração e
Extinção de
Sociedades
Nesse tema, veremos como as sociedades podem se
reorganizar diante do processo de concentração de so-
ciedades. Aqui, abordaremos elementos fundamentas
no que diz respeito à fusão, cisão e incorporação.

A lei número 10.406/2002, que incluiu o novo Có-


digo Civil, indica que os artigos 1.113 a 1.122 que as
sociedades constituídas através de incorporação,
cisão ou fusão podem ser realizadas por sociedades
personificadas, não permitindo a sua constituição
em sociedades não personificadas.

Sociedade Personificada – É a sociedade que tem


na sua base legal de constituição contratos escritos,
que podem ser particular ou público. Ex. Saciedades
Anônimas, Ltda., etc.

Sociedade Não Personificada – São as socieda-


des que tem na sua base legal de constituição con-
tratos não escritos, estabelecidos com base nas so-
ciedades simples.Vamos trabalhar o primeiro tipo de
concentração de sociedade, a incorporação.
4.1
INCORPORAÇÃO

O que é uma incorporação?

É a operação pela qual uma ou mais empresas (incorporadas)


tem o seu patrimonial (bens, direitos e obrigações) absorvidos por
outra empresa, nesse caso incorporadora.

PROCEDIMENTOS LEGAIS

O processo de incorporação deverá levar em consideração to-


dos os aspectos legais. Para que o processo de incorporação possa dar
início, é necessária uma assembleia geral da empresa incorporadora,
caso aprovado o protocolo da operação, deverá ser autorizado o au-
mento de capital subscrito e realizado pela empresa que foi incorpora-
da, mediante revisão e reavaliação do seu patrimônio Líquido.

Devemos destacar que essa operação deverá ser realizada por


peritos que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, autorizados pela
legislação vigente.

A empresa que irá ser incorporada, se aprovar o processo de


incorporação (protocolo de operação) deverá autorizar os seus gesto-
res a realizarem o ato de incorporação, inclusive o aumento do capital
social da incorporada.

No ato de aprovação da assembleia geral da incorporadora e


com a emissão do laudo de avaliação da incorporada, a empresa in-
corporada passa as suas atividades de exploração à incorporadora
120 Contabilidade Avançada

que deverá realizar todo o procedimento de arquivamento e divulga-


ção da documentação dos atos referentes à operação de incorporação.

Como falamos anteriormente, na incorporação, uma empresa


passa a ter domínio sobre o patrimônio de outra(s) empresa(s).

Vamos ver o organograma de uma incorporação:

Antes Depois

Empresa A
 
Empresa B   Empresa A

Empresa C

Nesse caso, depois do processo de incorporação, as empresas


B e C vão deixar de existir, tendo o seu patrimônio incorporado pela
empresa A, que irá explorar todos os seus direitos e obrigações.

Através do exemplo abaixo, vamos verificar como será reali-


zado o procedimento contábil de incorporação:

Exemplo:

A empresa SPLIN S/A iniciou um procedimento de incorpora-


ção com a empresa TEJA LTDA. Para isso, todos os elementos legais
foram realizados e as empresas estão autorizadas a realizar o proce-
dimento.

Vamos verificar a situação patrimonial das empresas envolvi-


das no processo de incorporação antes de dar início aos procedimen-
tos legais.
121
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

Situação antes da incorporação:

a. TEJA LTDA (Incorporada)

Ativo R$ 18.900,00

Passivo R$ 18.900,00

Passivo Circulante R$ 6.500,00

Patrimônio Líquido R$ 12.400,00

Capital Social R$ 9.000,00

José Santos R$ 4.500,00

Paulo Teles R$ 4.500,00

Reserva de Lucros R$ 3.400,00

b. SPLIN S.A (Incorporadora)

Ativo R$ 60.000,00
Passivo R$ 60.000,00
Passivo Circulante R$ 12.000,00
Patrimônio Líquido R$ 48.000,00
Capital Social R$ 40.000,00
Miranda Jesus R$ 20.000,00
Carlos Ferreira R$ 10.000,00
Almir Santos R$ 10.000,00
Reserva de Lucros R$ 8.000,00

Agora que já sabemos a estrutura patrimonial das empresas


que estão integrando o processo de incorporação, vamos verificar a
situação patrimonial após a incorporação:
122 Contabilidade Avançada

Situação depois da incorporação

SPLIN S.A

Ativo R$ 78.900,00

Passivo R$ 78.900,00

Passivo Circulante R$ 18.500,00

Patrimônio Líquido R$ 60.400,00

Capital Social R$ 49.000,00

Miranda Jesus R$ 20.000,00

Carlos Ferreira R$ 10.000,00

Almir Santos R$ 10.000,00

José Santos R$ 4.500,00

Paulo Teles R$ 4.500,00

Reserva de Lucros R$ 11.400,00

Após o processo de incorporação é possível ver a nova compo-


sição dos elementos patrimoniais da empresa incorporadora, o fato
mais importante desse processo é a nova composição da sociedade.
Observe que no exemplo acima a distribuição do capital investido pe-
los sócios em suas empresas originais foi mantida.

Vamos ver a composição do balanço patrimonial de cada um


das empresas envolvidas no processo de incorporação antes dos pro-
cedimentos legais.
123
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

Balanço Patrimonial da empresa TEJA LTDA – antes da


incorporação:

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$
Circulante 9.000,00 Circulante 6.500,00
Disponível 1.500,00 Fornecedores 3.000,00
Caixa 500,00 Empréstimos 2.000,00
Bancos 1.000,00 IR a pagar 500,00,
CSLL a
Estoque 4.000,00 300,00
pagar
Duplicatas 3.600,00 Encargos 700,00
(-) PDD (100,00)
Não
9.900,00
Circulante
Imobilizado 9.900,00 PL 12.400,00
Capital
Veículos 5.000,00 9.000,00
Social
(-) Reserva de
(1.000,00) 3.400,00
Depreciação Lucros
Imóveis 5.900,00

Total 18.900,00 Total 18.900,00

Fonte: Autoria Própria

Balanço Patrimonial da empresa SPLIN S.A – antes da incor-


poração:

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 8.900,00 Circulante 12.000,00

Disponível 5.000,00 Fornecedores 3.000,00

Caixa 1.000,00 Empréstimos 5.000,00

Bancos 4.000,00 IR a pagar 1.000,00


124 Contabilidade Avançada

Estoque 2.000,00 CSLL a pagar 1.000,00

Duplicatas 2.000,00 Encargos 2.000,00

(-) PDD (100,00)

Não Circu-
51.100,00
lante

Imobiliza-
51.100,00 PL 48.000,00
do

Veículos 30.000,00 Capital Social 40.000,00

(-) Depre- Reserva de Lu-


(3.000,00) 8.000,00
ciação cros

Imóveis 24.100,00

Total 60.000,00 Total 60.000,00

Fonte: Autoria Própria

Agora que já vimos à composição patrimonial de cada uma das


empresas envolvidas no processo, vamos ver como ficará o balanço
patrimonial depois de realizado o processo de incorporação.

Balanço Patrimonial da empresa SPLIN S.A – depois da incor-


poração:

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 17.900,00 Circulante 18.500,00

Disponível 6.500,00 Fornecedores 6.000,00

Caixa 1.500,00 Empréstimos 7.000,00

Bancos 5.000,00 IR a pagar 1.500,00

Estoque 6.000,00 CSLL a pagar 1.300,00


125
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

Duplicatas 5.600,00 Encargos 2.700,00

(-) PDD (200,00)

Não Circulante 61.000,00

Imobilizado 61.000,00 PL 60.400,00

Veículos 35.000,00 Capital Social 49.000,00

(-) Depreciação (4.000,00) Reserva de 11.400,00


Lucros

Imóveis 30.000,00

Total 78.900,00 Total 78.900,00

Fonte: Autoria Própria

Depois de realizado o processo de incorporação, podemos ob-


servar que o valor do patrimônio da empresa SPLIN S.A passou a ser
de 78.900,00.

No próximo conteúdo iremos trabalhar os principais elementos


teóricos da fusão mostrando a sua funcionalidade nas empresas.

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 374 e 376 te ajudará a entender melhor os ele-


mentos introdutórios da incorporação, podendo, assim, enriquecer
mais os seus conhecimentos sobre o tema.
126 Contabilidade Avançada

D NETO. Alexandre Assaf. Contabilidade Financeira. 11. ed. São


Paulo: Atlas, 2011.

O desenvolvimento da leitura da página 57 a 58 facilitará o seu enten-


dimento sobre as técnicas aplicadas nas empresas incorporadas.

PARA REFLETIR
Na necessidade de conhecer melhor os procedimentos realizados para
a incorporação de empresas no Brasil, procure na localidade onde
você mora empresas que passaram pelo processo de incorporação e
identifique as principais características da sua estrutura patrimonial.
127
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

4.2
FUSÃO

O que é uma fusão?

É a operação pela qual duas ou mais empresas se unem para a


formação de uma nova sociedade, essa nova sociedade terá agregado
todo o patrimônio das empresas envolvidas constituindo uma nova
empresa, com um novo patrimônio.

PROCEDIMENTOS LEGAIS

O processo de fusão deverá levar em consideração todos os as-


pectos legais. Para que o processo de fusão possa dar início, é neces-
sária uma assembleia geral da empresa interveniente, caso aprovado
o protocolo da operação, deverá ser autorizada a nomeação de peritos
para a avaliação do patrimônio de todas as empresas envolvidas.

Devemos destacar que está operação deverá ser realizada por


peritos que podem ser pessoas físicas ou jurídicas, autorizados pela
legislação vigente.

Assim que for constituída a nova empresa, os gestores deverão


providenciar a divulgação e arquivamento da documentação, com os
atos da fusão.

Como falamos anteriormente, na fusão, uma nova empresa é


criada com o patrimônio das empresas que participaram do processo.
128 Contabilidade Avançada

Vamos ver o organograma de uma fusão:

Antes Depois

Empresa A
 
Empresa B   Empresa D
 
Empresa C

Nesse caso, depois do processo de fusão, as empresas A, B e C


vão deixar de existir, tendo o seu patrimônio fundido para a constitui-
ção de uma nova empresa D, que irá iniciar um novo processo opera-
cional de atividade.

Através do exemplo abaixo, vamos verificar como será reali-


zado o procedimento contábil de Fusão:

Exemplo:

A empresa TERRA S/A iniciou um procedimento de Fusão com


a empresa LUA LTDA e resolveram criar a empresa SOL S.A. Para
isso, todos os elementos legais foram realizados e as empresas estão
autorizadas a realizar o procedimento.

Vamos verificar a situação patrimonial das empresas envolvi-


das no processo de fusão antes de se dar início aos procedimentos
legais.
129
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

Situação antes da Fusão:

a. TERRA LTDA

Ativo R$ 20.000,00
Passivo R$ 20.000,00
Passivo Circulante R$ 8.000,00
Patrimônio Líquido R$ 12.000,00
Capital Social R$ 9.000,00
José Santos R$ 4.500,00
Paulo Teles R$ 4.500,00
Reserva de Lucros R$ 3.000,00

b. LUA S.A

Ativo R$ 80.000,00
Passivo R$ 80.000,00
Passivo Circulante R$ 20.000,00
Patrimônio Líquido R$ 60.000,00
Capital Social R$ 50.000,00
Miranda Jesus R$ 20.000,00
Carlos Ferreira R$ 20.000,00
Almir Santos R$ 10.000,00
Reserva de Lucros R$ 10.000,00

Agora que já sabemos a estrutura patrimonial das empresas


que está integrando o processo de fusão, vamos verificar a situação
patrimonial após a fusão das duas empresas e criação de uma nova
empresa a SOL S.A:
130 Contabilidade Avançada

Situação depois da Fusão (nova empresa)

SOL S.A

Ativo R$ 100.000,00
Passivo R$ 100.000,00
Passivo Circulante R$ 28.000,00
Patrimônio Líquido R$ 72.000,00
Capital Social R$ 72.000,00
Miranda Jesus (33,89%) R$ 24.400,80
Carlos Ferreira (33,89%) R$ 24.400,80
Almir Santos (16,96%) R$ 12.211,20
José Santos (7,63%) R$ 5.493,60
Paulo Teles (7,63%) R$ 5.493,60

Como a empresa fundida não pode ter lucros, pois está inician-
do a sua atividade, a reserva de lucros (lucros das empresas fundidas)
foram divididos pelos sócios da empresa de acordo com a participação
de cada um no capital da nova empresa.

Reserva de Lucros..................... R$ 13.000,00

Miranda Jesus (33,89%) R$ 4.405,70


Carlos Ferreira (33,89%) R$ 4.405,70
Almir Santos (16,96%) R$ 2.204,80
José Santos (7,63%) R$ 991,90
Paulo Teles (7,63%) R$ 991,90

Após o processo de fusão, é possível ver a nova composição dos


elementos patrimoniais da nova empresa, o fato mais importante desse
131
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

processo é a nova composição da sociedade. Observe que no exemplo


acima a distribuição do capital investido pelos sócios em suas empre-
sas originais foi mantido e que foi levado para o capital social da em-
presa o saldo acumulado da reserva de lucros, visto que uma empresa
que está iniciando suas atividades ainda não pode ter lucros.

Vamos ver a composição do balanço patrimonial de cada uma


das empresas envolvidas no processo antes dos procedimentos legais
de fusão.

Balanço Patrimonial da empresa TERRA LTDA – antes da Fusão:

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 6.000,00 Circulante 8.000,00

Disponível 4.000,00 Fornecedores 2.000,00

Caixa 500,00 Empréstimos 3.000,00

Bancos 3.500,00 IR a pagar 1.500,00

Estoque 1.000,00 CSLL a 1.000,00


pagar

Duplicatas 1.100,00 Encargos 500,00

(-) PDD (100,00)

Não 14.000,00
Circulante

Imobilizado 14.000,00 PL 12.000,00

Veículos 8.000,00 Capital 9.000,00


Social

(-) (1.000,00) Reserva 3.000,00


Depreciação de Lucros

Imóveis 7.000,00

Total 20.000,00 Total 20.000,00

Fonte: Autoria própria


132 Contabilidade Avançada

Balanço Patrimonial da empresa LUA S.A – antes da Fusão:

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 20.500,00 Circulante 20.000,00

Disponível 5.000,00 Fornecedores 8.000,00

Caixa 1.000,00 Empréstimos 8.000,00

Bancos 4.000,00 IR a pagar 500,00

Estoque 10.000,00 CSLL a pagar 300,00

Duplicatas 6.000,00 Encargos 3.200,00

(-) PDD 500,00

Não 59.500,00
Circulante

Imobilizado 59.500,00 PL 60.000,00

Veículos 20.000,00 Capital Social 50.000,00

(-) 1.000,00 Reserva de 10.000,00


Depreciação Lucros

Imóveis 40.500,00

Total 80.000,00 Total 80.000,00

Fonte: Autoria Própria

Agora que já vimos à composição patrimonial de cada uma das


empresas envolvidas no processo de fusão, vamos ver como ficará o
balanço patrimonial da nova empresa depois de realizado o processo
de fusão.
133
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

Balanço Patrimonial da empresa SOL S.A – empresa fundida.

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 26.500,00 Circulante 28.000,00

Disponível 9.000,00 Fornecedores 10.000,00

Caixa 1.500,00 Empréstimos 11.000,00

Bancos 7.500,00 IR a pagar 2.000,00

Estoque 11.000,00 CSLL a pagar 1.300,00

Duplicatas 7.100,00 Encargos 3.700,00

(-) PDD 600,00

Não
Circulante

Imobilizado 73.500,00 PL

Veículos 28.000,00 Capital Social 72.000,00

(-)
2.000,00
Depreciação

Imóveis 47.500,00

Total 100.000,00 Total 100.000,00

Fonte: Autoria Própria

Verificamos que a conta de Reserva de Lucros não está no de-


monstrativo contábil, isso ocorre porque no processo de fusão uma
nova empresa é criada e, por consequência, ainda não iniciou suas ati-
vidades operacionais, portanto não pode ter lucros.

A reserva de lucros das empresas antes do processo de fusão


foi levada para o capital social, sendo distribuído de acordo com o per-
centual que cabe aos sócios na nova empresa.
134 Contabilidade Avançada

É importante destacar que após o processo de fusão uma nova


empresa surgirá com um novo CNPJ e com uma nova estrutura patri-
monial baseada no patrimônio das duas empresas que sofreram fusão.

No próximo conteúdo iremos trabalhar os principais elementos


teóricos da cisão, identificando os elementos norteadores para a sua
funcionalidade nas empresas.

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 378 e 380 te ajudará a entender melhor os ele-


mentos introdutórios da fusão, podendo assim enriquecer mais os
seus conhecimentos sobre o tema.

D NETO, Alexandre Assaf. Contabilidade Financeira. 11 ed. São Paulo:


Atlas, 2011.

O desenvolvimento da leitura da páginas 62 a 66 facilitará o seu en-


tendimento sobre as técnicas aplicadas nas empresas fundidas.
135
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

PARA REFLETIR

Espero que você tenha entendido o que é fusão e a sua aplicação no


Brasil. Se você não entendeu ou está inseguro, deve reler os itens
estudados nesse tópico, buscando mais conhecimentos em leituras
complementares e pesquisas na internet (sites de contabilidade e sua
aplicação).

Com o objetivo de conhecer melhor a estrutura das empresas que


passam pelo processo de fusão, procure na localidade onde você mora
empresas que foram fundidas e analise as principais características
de sua estrutura patrimonial.

4.3
CISÃO

O que uma Cisão?

Nesse tipo de operação a empresa que sofre cisão transfere


fatias do seu patrimônio para uma ou mais empresas, essas empre-
sas podem já existir ou serem criadas para atender à finalidade dessa
operação (Cisão).

Existem dois tipos de Cisão:

Total – quando todo o patrimônio da empresa cindida for


distribuído, se tornando assim uma empresa extinta.
136 Contabilidade Avançada

Parcial – quando uma parte do patrimônio da empresa cin-


dida for distribuída, neste tipo de cisão a empresa cindida
não deixará de existir.

É necessário informar que os procedimentos de cisão são os


mesmos para os dois tipos, devendo apenas os gestores das orga-
nizações que adquiriram o patrimônio da empresa cindida publicar e
arquivar a documentação dos atos da operação.

PROCEDIMENTOS LEGAIS:

A parcela do patrimônio que foi adquirida pelas empresas que


participarem do processo de cisão deverá ser dividida entre os sócios
ou acionistas, compondo assim uma nova estrutura patrimonial nas
novas empresas.

No que se refere aos direitos e obrigações, estes também serão


distribuídos de acordo com a parcela que cabe a cada nova empresa
constituída no processo de cisão.

Vamos ver o organograma das empresas que sofrem cisão:

Cisão Parcial:

Antes Depois

Empresa A
 
Empresa A   Empresa B
 
Empresa C
137
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

Observe que nesse tipo de cisão a empresa cindida continua fa-


zendo parte do processo, pois apenas fatias do seu patrimônio foram
inseridas na operação.

Cisão Total:

Antes Depois

Empresa B
Empresa A    
Empresa C

Já na Cisão Total, a empresa cindida será extinta e o seu patri-


mônio irá integrar na sua totalidade o patrimônio das outras empresas
envolvidas na operação.

Através do exemplo abaixo vamos verificar como será realizado


o procedimento contábil de Fusão:

Exemplo:

A empresa LETTI LTDA iniciou um procedimento de Cisão total


tendo como empresas envolvidas nesse processo a JF LTDA e a RA-
FFA S.A. Para isso todos os elementos legais foram realizados e as
empresas estão autorizadas a realizar o procedimento.

Vamos verificar a situação patrimonial da empresa LETTI S.A


antes de se dar início aos procedimentos legais do processo de cisão.
138 Contabilidade Avançada

Situação antes da Cisão:

LETTI LTDA

Ativo R$ 110.000,00
Passivo R$ 110.000,00
Passivo Circulante R$ 30.000,00
Patrimônio Líquido R$ 80.000,00
Capital Social R$ 70.000,00
Letícia Chaves R$ 40.000,00
Paulo Ferreira R$ 30.000,00
Reserva de Lucros R$ 10.000,00

A distribuição do patrimônio da empresa LETTI LTDA ficou da


seguinte forma:

JF LTDA................................... 40%
RAFFA S.A.............................. 60%

Sendo assim, vamos verificar a estrutura patrimonial das


empresas que participaram do processo de cisão:

JF LTDA: (40%)

Ativo R$ 44.000,00
Passivo R$ 44.000,00
Passivo Circulante R$ 12.000,00
Patrimônio Líquido R$ 32.000,00
Capital Social R$ 32.000,00
Janaina Chaves R$ 16.000,00
Luan Costa R$ 16.000,00
139
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

RAFFA S.A: (60%)

Ativo R$ 66.000,00
Passivo R$ 66.000,00
Passivo Circulante R$ 18.000,00
Patrimônio Líquido R$ 48.000,00
Capital Social R$ 48.000,00
Rafaella Chaves R$ 24.000,00
Natália Ferreira R$ 24.000,00

Agora que já verificamos como está estruturada a composição


de cada nova empresa que surgiu após o processo de cisão, vamos
verificar como ficou a divisão do patrimônio da empresa LETTI LTDA.

Vimos anteriormente que a empresa LETT LTDA sofreu um


processo de cisão total, nesse caso ela deixa de existir, transferindo
seu patrimônio total para outras empresas a JF LTDA com 40% do
patrimônio e a RAFFA S.A com 60% do patrimônio.

Balanço Patrimonial da empresa LETTI LTDA antes do processo


de cisão.

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 40.000,00 Circulante 30.000,00

Fornece-
Disponível 10.000,00 10.000,00
dores

Emprés-
Caixa 1.000,00 10.000,00
timos

Bancos 9.000,00 IR a pagar 3.000,00

CSLL a
Estoque 20.000,00 2.000,00
pagar
140 Contabilidade Avançada

Duplicatas 10.500,00 Encargos 5.000,00


a pagar

(-) PDD (500,00)

Não Circulante 70.000,00

Imobilizado 70.000,00 PL 80.000,00

Capital
Veículos 50.000,00 70.000,00
Social

(-) Reserva
(10.000,00) 10.000,00
Depreciação de Lucros

Imóveis 30.000,00

Total 110.000,00 Total 110.000,00

Fonte: Autoria Própria

Com base no Balanço patrimonial da empresa cindida, vamos


verificar como esse patrimônio foi distribuído entre as empresas JF
LTDA e RAFFA S.A.

Balanço patrimonial da JF LTDA – após o processo de cisão

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 16.000,00 Circulante 12.000,00

Disponível 4.000,00 Fornecedores 4.000,00

Caixa 400,00 Empréstimos 4.000,00

Bancos 3.600,00 IR a pagar 1.200,00

Estoque 8.000,00 CSLL a pagar 800,00

Encargos a
Duplicatas 4.200,00 2.000,00
pagar

(-) PDD (200,00)

Não
28.000,00
Circulante
141
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

Imobilizado 28.000,00 PL 32.000,00

Veículos 20.000,00 Capital Social 32.000,00

(-)
(4.000,00)
Depreciação

Imóveis 12.000,00

Total 44.000,00 Total 44.000,00

Fonte: Autoria Própria

Balanço Patrimonial da RAFFA S.A após o processo de cisão.

Ativo R$ R$ Passivo R$ R$

Circulante 24.000,00 Circulante 18.000,00

Disponível 6.000,00 Fornecedores 6.000,00

Caixa 600,00 Empréstimos 6.000,00

Bancos 5.400,00 IR a pagar 1.800,00

Estoque 12.000,00 CSLL a pagar 1.200,00

Duplicatas 6.300,00 Encargos a 3.000,00


pagar

(-) PDD (300,00)

Não 42.000,00
Circulante

Imobilizado 42.000,00 PL 48.000,00

Veículos 30.000,00 Capital Social 48.000,00

(-) (6.000,00)
Depreciação

Imóveis 18.000,00

Total 66.000,00 Total 66.000,00

Fonte: Autoria Própria


142 Contabilidade Avançada

Podemos observar que na composição do capital social das em-


presas, a reserva de lucros da empresa LETTI LTDA foi distribuída
aos sócios ou acionistas das novas empresas, visto que as empresas
estão iniciando a suas atividades operacionais, portanto não podem
ter lucro.

Nesse caso, se o processo de cisão fosse parcial, a empresa


LETTI LTDA também participaria como empresa no processo após a
cisão, ou seja, ela ficaria com uma parte do patrimônio e poderia exer-
cer suas atividades operacionais.

No próximo conteúdo iremos trabalhar a dissolução, liquidação


e extinção das sociedades empresariais.

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 381 e 383 te ajudará a entender melhor os


elementos introdutórios da cisão, podendo assim enriquecer mais os
seus conhecimentos sobre o tema.

D NETO. Alexandre Assaf. Contabilidade Financeira. 11.ed. São Pau-


lo: Atlas, 2011.

O desenvolvimento da leitura das páginas 63 e 64 facilitará o


seu entendimento sobre as técnicas aplicadas nas empresas cindidas.
143
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

PARA REFLETIR

Na necessidade de entender melhor a aplicação do processo de cisão


das empresas no Brasil, tente identificar na localidade ou região em
que você mora empresas que sofreram cisão e analise a sua estrutura
operacional e patrimonial, indicando as principais características des-
se tipo de sociedade empresarial.

4.4
DISSOLUÇÃO, LIQUIDAÇÃO E
EXTINÇÃO DE SOCIEDADE

DISSOLUÇÃO
Em que situação uma empresa ou sociedade pode ser dissolvida?

A primeira situação em que uma empresa pode sofrer uma dis-


solução é a plano direito, ou seja, por decisão dos sócios ou acionis-
tas. Vamos ver as situações de dissolução por vontade dos sócios ou
acionistas:

D Polo prazo de duração de suas atividades operacionais.

D Em casos específicos determinado em contratos ou estatutos.


144 Contabilidade Avançada

DD Através de Assembleia Geral.

DD Pela existência em sua estrutura societária de um acionista,


em caso ser uma sociedade formada no seu processo origi-
nal por dois ou mais sócios.

DD Pela perda da autorização de funcionamento, de acordo com


a legislação vigente no Brasil.

DD Outra situação que pode causar dissolução de uma socieda-


de ou empresa são as decisões judiciais, vamos verificar em
que situações isso pode ocorrer:

DD Quando um acionista ou sócio entra com uma ação judi-


cial com o objetivo de dissolver a sociedade, isso só poderá
acontecer com um objetivo muito específico.

DD Outra situação é quando a empresa ou sociedade não con-


segue mais realizar a sua atividade operacional, solicitando
judicialmente o processo de falência.

Temos ainda a situação de dissolução de uma sociedade por de-


cisão de autoridade administrativa competente, isso só poderá acon-
tecer em casos explícitos na lei, ou seja, são situações especiais de
dissolução.

Para que uma empresa ou sociedade seja dissolvida é neces-


sária à aprovação dos sócios ou acionistas, para que a dissolução da
empresa ou sociedade seja aprovada está tem que ter mais da metade
dos votos do capital votante da empresa.
145
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

LIQUIDAÇÃO

Em que situação uma empresa ou sociedade pode ser Liquidada?

A primeira situação em que uma empresa pode sofrer liquida-


ção é a por órgãos da empresa ou sociedade. Isso se dá através de
assembleia geral. Nos casos de plano direito da sociedade, deverá ser
determinado o liquidante e o conselho fiscal, estes devem seguir em
atividade até o final do processo de liquidação.

Qualquer um dos membros do processo de liquidação (liqui-


dante ou conselho fiscal) poderá ser substituído no andamento do
processo de liquidação. Essa decisão tem que ser decidida em as-
sembleia geral ou órgão que o tiver nomeado.

O que é uma liquidação judicial?

Essa liquidação poderá ocorrer de duas formas:

1. Na primeira situação qualquer acionista ou sócio poderá


solicitar judicialmente se os administradores, gestores ou
maioria dos acionistas deixarem de realizar o processo de
liquidação, no caso de pleno direito a liquidação.

2. Na segunda situação, a solicitação de liquidação acontece


por meio do ministério público, ou seja, a empresa ou socie-
dade é comunicada 30 dias após a finalização da dissolução,
se o processo de liquidação não estiver em andamento nes-
te período o ministério público será obrigado a intervir. Isso
acontece muito nos casos de dissolução por suspensão do
direito de funcionar.

No caso da liquidação, por meio judicial, o juiz deverá determi-


nar o liquidante.
146 Contabilidade Avançada

Podemos destacar como deveres dos liquidantes:

DD Arquivar e divulgar documentação referente ao processo de


liquidação.

DD Zelar pela manutenção dos livros e documentos da empresa


ou sociedade.

DD Estruturar, de imediato, diante de solicitação judicial ou não,


o balanço patrimonial da empresa ou sociedade.

DD Encerrar as atividades da empresa, realizar o ativo, pagar os


passivos, e dividir o que sobrar entre os acionistas.

DD Exigir participação dos acionistas quando o valor do ativo


não for suficiente para cumprir as obrigações da empresa
ou sociedade.

DD Indicar o processo de falência da empresa e pedir a concordata.

DD Assim que finalizar a liquidação, convocar a assembleia ge-


ral para apresentação do relatório com os atos de liquidação.

DD Arquivar e divulgar a ata da assembleia geral que encerrou


a liquidação.

O que o liquidante pode fazer na operação de liquidação das


empresas?

É de responsabilidade do liquidante representar a empresa ou


sociedade que está sofrendo liquidação, podendo este negociar bens
do ativo fixo com a intenção de pagar as obrigações pendentes, ou
seja, cabe ao liquidante negociar o processo de liquidação da empresa
ou sociedade, desde os seus recebimentos até os seus pagamentos.
147
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

No final do processo de liquidação o que sobrar de ativo poderá


ser dividido entre todos os sócios ou acionistas, o resultado da opera-
ção de liquidação deverá ser apresentado para a assembleia geral da
empresa.

Para a apresentação dos resultados e operações da liquidação,


o liquidante deverá convocar a assembleia geral a cada 6 (seis) me-
ses em média, lembrando que esse processo não pode ser inferior a 3
(três) meses nem superior a 12 (doze) meses.

Assim que se pagarem todas às dividas da empresa e ratear o


que sobrou de ativo, o liquidante convocará a assembleia geral para a
prestação final das contas do processo de liquidação.

Extinção

Quando uma empresa entra em processo de extinção?

A empresa será extinta quando:

No processo de fechamento das atividades da empresa, devemos


entender como processo de liquidação o pagamento de todas as duas
obrigações e o rateio da sobra do ativo entre seus sócios ou acionistas.

Outra situação pode ser em caso de incorporação por outra so-


ciedade ou empresa, aplicados na forma de cisão total ou fusão.

É importante destacar que a responsabilidade tributária conti-


nua atrelada aos antigos sócios que devem manter toda a documen-
tação em bom estado, caso o fisco solicite.

Em alguns casos, principalmente empresas do ramo de cons-


trução civil, existe um procedimento chamado de patrimônio de
afetação.
148 Contabilidade Avançada

O patrimônio de afetação que está disposto da lei de número


10.931/2004 indica que a empresa que fizer a opção terá um trata-
mento tributário diferenciado, ou seja, pagará menos impostos.

A contrapartida dessa operação é que a empresa optante pelo


patrimônio de afetação tem obrigação de gerar um CNPJ para cada
obra, podendo assim informar separadamente as operações financei-
ras, fiscais e operacionais.

O Patrimônio de afetação influencia na extinção das empresas,


pois se o patrimônio está afetado só poderá ser utilizado para paga-
mento de obrigações, em um possível processo de liquidação da so-
ciedade.

Neste tema observamos como uma empresa pode ser dissol-


vida, indicando, principalmente, os seus aspectos legais. Verifica-
mos como funciona o processo de liquidação das empresa, indicando
principalmente o papel do liquidador para a operacionalização desse
procedimento e, por fim, trabalhamos as formas de extinção das so-
ciedades.
149
Tema 4
Concentração e Extinção de
Sociedades

LEITURA COMPLEMENTAR

D NEVES, Silvério das. Contabilidade Avançada. 17. ed. São Paulo:


Atlas, 2015.

A leitura das páginas 388 e 390 te ajudará a entender melhor os ele-


mentos de dissolução, liquidação e extinção das sociedades, podendo
assim enriquecer mais os seus conhecimentos sobre o tema.

D NETO. Alexandre Assaf. Contabilidade Financeira. 11. ed. São


Paulo: Atlas, 2011.

O desenvolvimento da leitura da página 66 a 66 facilitará o seu en-


tendimento sobre as técnicas aplicadas nas empresas que sofrem o
processo de extinção.

PARA REFLETIR
Imagine que você precisa conhecer melhor as formas de dissolução,
liquidação e extinção de sociedades no Brasil, diante de tudo que foi
trabalhado neste tema, pesquise na internet (site de contabilidade e
sua aplicação) exemplos de empresas que foram extintas e tente iden-
tificar os procedimentos contábeis utilizados desde a liquidação de
suas dividas até o processo de fechamento de suas atividades opera-
cionais de acordo com o conteúdo visto neste tema.
150 Contabilidade Avançada

RESUMO

Neste tema tivemos a oportunidade de conhecer os conceitos intro-


dutórios sobre as formas de sociedades. No primeiro momento tra-
balhamos as empresas incorporadas, indicando a sua fundamentação
legal e estrutura patrimonial.

No segundo momento, trabalhamos a fusão, identificando os princi-


pais elementos legais e as formas de identificação patrimonial.

No terceiro momento deste tema trabalhamos com as empresas que


sofrem o processo de cisão, destacando a sua funcionalidade jurídica
e patrimonial e, por fim, no quarto momento desse tema trabalhamos
com as formas de dissolução, liquidação e extinção das sociedades
empresariais no Brasil.
Contabilidade Avançada
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REFERÊNCIAS

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da Contabilidade Societária. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

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MARTINS, Eliseu; DINIZ, Josedilton Alves; MIRANDA, Gilberto Jose.


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2015.

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Anotações

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