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net/publication/324969471
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"Planos organizacionais de igualdade em Portugal: pressupostos, contextos e impactos” (SFRH/BPD/85123/2012) View project
All content following this page was uploaded by Hernâni Veloso Neto on 05 May 2018.
The IATF standard 16949: 2016: changes, transition, paths and opportunities
Abstract: Companies in the automotive sector must implement the IATF 16949:2016 standard in
the production process as a way of guaranteeing compliance with international quality requirements.
It ends up being an essential condition to be able to operate in the sector. This standard paves the
way for new business opportunities and will contribute to the development of an organization by
maximizing productivity and billing through more comprehensive processes control approach. It is
an automotive quality management system that, when properly implemented and monitored,
transmits greater reliability of the products to the clients, valuing an organization and the
commercial relations itself. This article was prepared to highlight the main changes that a company
has to meet to adapt itself to this new standard, which was adopted in 2016 with the intention of
incorporating the new guidelines emanating from ISO 9001:2015 and to replace ISO / TS
16949:2009.
Keywords: IATF 16949: 2016, Implementation, Changes, Transition
Introdução
Para melhorar o desempenho comercial, principalmente a qualidade e segurança dos produtos
e a qualificação dos fornecedores, as empresas do setor automóvel devem implementar a norma
IATF 16949:2016 no processo produtivo como forma de garantia do atendimento dos requisitos
internacionais de qualidade. O presente artigo foi elaborado para demonstrar quais as mudanças que
uma empresa tem que atender para se adequar a esta nova norma. O processo produtivo deve
apresentar altos níveis de confiabilidade, em que as metas, novos conceitos de trabalho e a
documentação tem que ser preparada para o atendimento dos requisitos referentes à norma. Exige o
desenvolvimento de novas estratégias operacionais, mantendo sempre a garantia da qualidade e a
segurança dos produtos, cuidando para que, simultaneamente, não se torne um sistema burocrático,
tendo em vista diversos requisitos de controlo e monitorização do processo que a IATF 16949
apresenta.
A importância da presente pesquisa, e sua consequente publicação, reside na necessidade de
conhecimento e aplicabilidade da norma por parte, não só de diretores coordenadores e pessoas
diretamente envolvidas nas tomadas de decisões, mas, também, de colaboradores das bases
operacionais, os quais tem o seu trabalho ligado diretamente à qualidade do produto. Será
necessário que se tenha no pensamento a magnitude de se produzir seguindo os preceitos adotados
nos procedimentos operacionais. A IATF 16949 (IDQ, 2016), em conjunto com os requisitos
específicos de clientes aplicáveis, define os requisitos básicos de sistemas de gestão da qualidade
para as empresas que atuam no ramo automotivo (produção/serviços, peças e acessórios). Tem o
foco no cliente, tendo sido desenvolvida em conjunto com as mais diversas partes interessadas,
entre elas: auditores, certificadores, fornecedores e marcas de automóveis denominados pelo OEM
(Original Equipment Manufacturer).
O artigo está estruturado em torno de dois pontos. No ponto 1 analisam-se os pressupostos da
gestão da qualidade automotiva, bem como a IATF contribui para esse intuito. No segundo ponto
serão analisados a estruturação da IATF e as exigências do processo de transição para a nova norma
por parte das organizações que detinham a ISO/TS 16949. Por fim, termina-se com algumas notas
finais de reflexão.
5. Análise de Risco (6.1.2.1) - determina que a organização inclua na análise de riscos lições
aprendidas retiradas de produtos, auditorias de produto, reclamações, devoluções de linha ou de
fabricação e reparações;
6. Competência de Auditor de 2ª Parte (7.2.4) - determina que os auditores de segunda parte
(aqueles que auditam fornecedores externos) tenham competência na IATF 16949:2016, nos
manuais do AIAG (core tools) e no pensamento baseado em risco;
7. Projeto e Desenvolvimento de Produtos e Serviços - Suplemento (8.3.1.1) - determina que a
organização aplique projeto e desenvolvimento ao produto e processo de manufatura, com foco à
prevenção e deteção do erro;
8. Desenvolvimento de Produtos com Software Incorporado/Integrado (8.3.2.3) - determina que a
organização utilize um processo para garantia da qualidade para os seus produtos, caso
desenvolvam internamente software a ser incorporado no processo;
9. Controlo de Produtos e Serviços Providos Externamente - Suplemento (8.4.1.1) - determina que a
organização inclua todos os produtos e serviços que afetam os requisitos do cliente, tais como
montagem prévia, sequenciamento, separação/classificação, retrabalho e serviços de calibração
no âmbito da sua definição de produtos, processos e serviços fornecidos externamente;
10. Software Relacionado ao Produto Automotivo ou Produtos com Software Incorporado/Integrado
(8.4.2.3.1) - determina que a organização exija que os seus fornecedores de software relacionado
ao produto automotivo, ou de produtos com software incorporado, que implementem e
mantenham um processo para a garantia da qualidade do software para os seus produtos;
11. Auditorias de Segunda Parte (8.4.2.4.1) - determinam que a organização inclua um processo de
auditoria de segunda parte na sua abordagem, ao nível da gestão e avaliação de fornecedores;
12. Informação para Fornecedores Externos - Suplemento (8.4.3.1) - determina que a organização
informe aos seus fornecedores de todos os requisitos legais e regulamentares aplicáveis e as
características especiais para produtos e processos, e determina que estes fornecedores
desdobrem todos os requisitos aplicáveis através da cadeia de fornecimento até o ponto de
fabrico;
13. Verificação após paragens (Shutdown) (8.5.1.4) - determina que a organização defina e
implemente as ações necessárias para assegurar a conformidade do produto com os requisitos
após um período de interrupção da produção, planeado ou não;
14. Mudança Temporária de Controlos de Processo (8.5.6.1.1) - determina que a organização
documente o processo de gestão para a utilização de quaisquer métodos de controlo temporários
no processo de manufatura. Isto deveria ser incluído nos Processo de FMEA e Planos de
Controlo apropriados;
15. Liberação de Produtos e Serviços - Suplemento (8.6.1) - determina que a organização verifique
que os acordos planeados para verificar os requisitos do produto e serviço foram realizados e
estão contemplados no plano de controlo;
16. Controlo de Produto Não Conforme - Processos Especificados pelo Cliente (8.7.1.2) - determina
que a organização cumpra os controlos especificados pelo cliente aplicáveis para produtos não
conformes. Isto implica que sejam seguidos os requisitos de embarque controlado de OEM;
17. Controlo do Produto Retrabalhado (8.7.1.5) - determina que a organização utilize uma
metodologia de análise de risco (FMEA) para abordar riscos no processo de reparação, antes de
decidir reparar o produto. A organização deve documentar o processo de confirmação para a
reparação;
18. Revisão pela Gestão - Suplemento (9.3.1.1) - determina que a Gestão de topo da organização
avalie questões relacionadas ao custo da não qualidade, eficácia e eficiência dos processos,
5.6.2 Entrada de revisão 9.3.2 Entradas para a revisão Requisitos ISO 9001: 2015
pela gestão
9.3.2.1 Entradas para a Revisão
pela Gestão - Suplemento
5.6.2.1 Entrada de revisão - 9.3.2.1
Suplemento
5.6.3 Rever saída 9.3.3 Saídas da revisão pela Requisitos ISO 9001: 2015
gestão
9.3.3.1 Saídas da Revisão pela
Gestão - Suplemento
Em termos de planeamento, a IATF 16949 está alinhada com a ISO 9001:2015 determinando
requisitos complementares para abordar riscos como, por exemplo, lições aprendidas com retiradas
de produto, devoluções de linha ou fabricação, auditorias de produto. Em contrapartida mantém o
termo Ação Preventiva (retirado da ISO 9001: 2015) e deixa claro que deve ser utilizada para
reduzir o impacto dos efeitos negativos do risco (Idem). Também considera novos requisitos para os
planos de contingência (ex: necessidade de testar os planos, conforme apropriado), além de
determinar uma periodicidade obrigatória para análise crítica da sua adequação. Ainda foi definido
o prazo mínimo obrigatório para análise e revisão dos objetivos e metas da qualidade pela gestão de
topo, obrigando a um planeamento dos objetivos da qualidade (Idem).
Ao nível do planeamento da fábrica, instalações e equipamentos, foram especificados novos
requisitos, tais como avaliações de viabilidade de produção e planeamento da capacidade, bem
como a inclusão dos mesmos como entradas para a análise crítica da direção. Foram incluídas
especificações para o uso de métodos e critérios calibração, verificação de equipamentos e
dispositivos de medição, testes de propriedade do fornecedor e verificação do software incorporado
ao controlo de produto e processo. O requisito do uso de laboratórios externos foi revisto deixando
mais claro os critérios de aceitação, incluindo métodos para comprovação da capacidade do
laboratório para realizar inspeções, testes ou calibrações (Idem).
Nesta versão, a competência, consciencialização, motivação e empowerment dos
colaboradores também foi melhorada. A consciencialização está incluída no levantamento de
necessidades de formação/treino e estão definidos novos requisitos de competência para formação
em posto de trabalho, para auditores do SGQ, auditores de processo, auditores de produto e
auditores de segunda parte. Estão ainda previstas novas necessidades de informações documentadas
para conscientização e motivação dos colaboradores (Idem).
Em termos de documentação e registos do sistema de gestão da qualidade, o Manual da
Qualidade foi mantido como documento obrigatório para a IATF 16949, embora para a ISO
9001:2015 não seja mais obrigatório. Foram determinados prazos mínimos de retenção para alguns
registos do sistema de gestão da qualidade. Uma das mudanças mais importantes foi a exigência de
uma matriz de correlação que demonstre claramente como os requisitos específicos do cliente são
abordados dentro do sistema de gestão da qualidade da organização (Idem).
IATF
ISO 9001:2008 - ISO/TS 16949:2009 ISO 9001:2015 IATF 16949:2016
16949:2016
parte
8.4.2.5 Desenvolvimento de
fornecedores
7.4.3.1 Conformidade do produto de 8.6.4
entrada com os requisitos
desempenho no cliente não forem atingidas, etc. (Idem). Ao nível da melhoria, na nova norma
foram incluídos detalhes para aplicação da resolução de problemas, considerando o tipo e escala dos
mesmos, bem como requisitos adicionais para os controlos dos dispositivos a anti erro e para se
fomentar o processo de melhoria contínua da organização (Idem).
IATF
ISO 9001:2008 - ISO/TS 16949:2009 ISO 9001:2015 IATF 16949:2016
16949:2016
8.2.3 Monitorização e medição de 9.1.3 Análise e avaliação Requisitos ISO 9001: 2015
processos
9.1.3.1 Priorização
8.2.3.1 Monitorização e medição de 9.1.3.1
processos de fabricação
8.2.4 Monitorização e medição do 8.6 Libertação de produtos e Requisitos ISO 9001: 2015
produto serviços
8.4 Análise de dados 9.1.3 Análise e avaliação Requisitos ISO 9001: 2015
8.5 Melhoria 10. Melhoria 10. Melhoria
10.1 Generalidades Requisitos ISO 9001: 2015
8.5.1 Melhoria contínua 10.3 Melhoria Contínua Requisitos ISO 9001: 2015
10.3.1 Melhoria Contínua -
Suplemento
8.5.1.1 Melhoria contínua para a 10.3.1
organização
8.5.1.2 Melhoria do processo de 10.3.1
fabricação
8.5.2 Ação Corretiva 10.2 Não conformidade e 10.2 Não conformidade e ação
ação corretiva corretiva
10.2.1 e 10.2.2 Requisitos ISO 9001: 2015
8.5.3 Ação Preventiva 6.1 Ações para tratar riscos e Requisitos ISO 9001: 2015
oportunidades
6.1.1 e 6.1.2 Requisitos ISO 9001: 2015
6.1.2.1 Análise de risco
6.1.2.2 Ação preventiva
6.1.2.3 Planos de contingência
8.5.6 Controlo das alterações
8.5.6.1 Controlo das alterações
- Suplemento
8.5.6.1.1 Mudança temporária
de controlos de processo
ANEXO A: PLANO DE CONTROLO ANEXO A: PLANO DE
CONTROLO
A.1 Fases do plano de controlo A.1 Fases do plano de controlo
A.2 Elementos do plano de controlo A.2 Elementos do plano de
controlo
Notas finais
A implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade Automotiva não deve ser encarada,
logo à partida, como algo muito complicado e de difícil aplicação. A preocupação com o
seguimento de uma norma não deve ser a primeira prioridade, visto que interessa saber,
inicialmente, em que estado está a empresa (descrever a situação atual) e em que estado quer estar
(desenvolvimento de processos). Interessa definir regras simples e de fácil interpretação em todos
os níveis hierárquicos, de modo a manter a utilização e seguimento das mesmas.
Como já foi referido ao longo do texto, as empresas do setor automóvel devem implementar a
norma IATF 16949:2016 no processo produtivo como forma de garantia do atendimento dos
requisitos internacionais de qualidade. Acaba por ser uma condição essencial para poderem operar
no sector. Esta norma abre caminhos para novas oportunidades de negócio e contribuirá para o
desenvolvimento de uma organização, maximizando a produtividade e faturação por via de um
controlo mais abrangente de processos. É um sistema de gestão da qualidade automotiva que,
quando devidamente implementado e monitorizado, transmite maior confiabilidade dos produtos
aos clientes, valorizando uma organização e as próprias relações comerciais. O presente artigo foi
elaborado para evidenciar quais as principais mudanças que uma empresa tem que atender para se
adequar a esta nova norma, que foi adotada em 2016 com o intuito de incorporar as novas
orientações emanadas da ISO 9001:2015 e de substituir a ISO/TS 16949:2009. Como se evidenciou,
as mudanças introduzidas ainda foram significativas, o que vai exigir às empresas que desejem fazer
a transição um estudo aprofundado dessas alterações. Ao longo do documento procurou-se fazer a
sistematização de muitos desses elementos novos ou alterados, com o intuito de facilitar a
compreensão de como as exigências mudaram, para que as entidades e respetivos profissionais
possam avançar de forma confiante e efetiva.
Para concluir, refere-se que é importante nunca esquecer que trabalhadores motivados, tanto a
nível pessoal como profissional, traduzem-se em melhores resultados para a empresa. Esta é uma
verdade incontestável, tanto para organizações que apenas agora vão desenvolver e certificar um
sistema de gestão da qualidade automotiva de acordo com a IATF 16949 como para as que estão a
tratar do processo de transição para esta nova norma. A evolução e certificação das normas têm
demonstrado que uma empresa que tenha como referência a filosofia e princípios dos normativos
atuais poderá atingir a excelência organizacional, desde que faça um trabalho sério desde o primeiro
momento e valorize as suas partes interessadas. Assim, ao nível da gestão organizacional, e para a
melhoria dos processos, é indispensável que todos os agentes, em especial os trabalhadores, saibam
o que fazer, como fazer e porque o estão fazer.
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est%C3%A1-gilberto-strafacci
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