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Revista de Psicologia
GRADUANDOS DA UNIVERSIDADE DO ESTADO
Vol. 16, Nº. 25, Ano 2013
DO RIO DE JANEIRO (UERJ)
1. INTRODUÇÃO
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exemplo, o aluno enfrenta a transição para uma nova forma de vida estudantil, com um
grande volume de informações adquiridas rapidamente, uma carga horária mais rígida e
uma maior responsabilidade, pois o estudo destina-se a formação de sua carreira.
Baseando-se nessa idéia, também se notam fatores de estresse no fim do curso, onde o
aluno começa a pensar sobre sua competência e preocupa-se com sua colocação no
mercado de trabalho, seu possível sucesso ou fracasso. Sendo assim, o nível de ansiedade
e depressão varia conforme a época do curso em que o aluno se encontra – início, meio ou
fim (CAVESTRO; ROCHA, 2006). Portanto, o presente estudo investiga o grupo de
estudantes do meio do curso, i.e., estudantes não iniciantes e nem formandos. Dessa
maneira, os universitários são um grupo de indivíduos de grande relevância para se
estudar esses transtornos. As diferentes áreas dos cursos universitários podem apresentar
níveis distintos de ansiedade e depressão, sendo que pesquisas sugerem que os
estudantes da área de exatas apresentam menor nível de ansiedade do que os de ciências
humanas (BANDEIRA et al., 2005).
2. MÉTODO
Participantes
Participaram da pesquisa 637 alunos de graduação da UERJ, de ambos os gêneros,
selecionados aleatoriamente, idade média de 22,04 (DP= 2,92), pertencentes aos cursos de
Medicina, Odontologia, Nutrição, Serviço Social, História, Direito, Pedagogia, Letras
(Português/Literaturas), Educação Física, Engenharias (Civil, Elétrica e Mecânica), Física
e Oceanografia.
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Instrumento e Procedimentos
Foram utilizados dois Inventários – o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI) e o
Inventário de Depressão de Beck (BDI) – e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
O participante deve, então, marcar com um “X” a opção que mais se adequa ao
que sente numa escala de intensidade com 4 opções: absolutamente não, levemente (não
me incomodou muito), moderadamente (foi muito desagradável, mas pude suportar),
gravemente (dificilmente pude suportar).
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3. RESULTADOS
Os resultados foram analisados através do pacote SPSS 13.0 para Windows. Nos testes
estatísticos foi utilizado nível de significância de 0,05.
O curso com maiores escores no BDI é o de Letras com média de 11,59 (DP=9,10),
seguido de Pedagogia, com média de 11,13 (DP=7,19). Os cursos com menores escores no
BDI são o de História, com média de 4,92 (DP=3,26), próximo do curso de Oceanografia,
com média de 5,46 (DP=4,02).
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No gênero masculino a média do BAI foi de 8,12 (DP=6,93) e no BDI foi de 7,24
(DP=6,21). A Tabela 2 mostra os resultados por gênero.
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11,83 (DP=8,53), Ciências Sociais com 9,77 (DP=7,33) e Tecnologia e Ciência com média de
7,97 (DP=6,67).
As correlações entre BAI e BDI foram significativas em quase todos os cursos, com
exceção dos cursos de Medicina (r=0,26) e Serviço Social (r=0,37). Entre as correlações
significativas, todas são positivas, a saber: Odontologia (r=0,70; p<0,05); Nutrição (r=0,64;
p<0,01); Educação Física (r=0,58; p<0,05); Engenharias (r=0,55; p<0,05); Pedagogia (r=0,54;
p<0,05); Direito (r=0,49; p<0,05); História (r=0,48; p<0,01); Letras (r=0,41; p<0,05);
Oceanografia (r=0,38; p<0,05); Física (r=0,25; p<0,01). A seguir a Tabela 4 de correlações
por tipo de curso de graduação.
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A análise de correlação demonstra que nas quatro áreas foram significativas e positivas, a
saber: Biomédica (r=0,57; p<0,01); Educação e Humanidades (r=0,49; p<0,01); Ciências
Sociais (r=0,46; p<0,01); Tecnologia e Ciência (r=0,40; p<0,01). A Tabela 6 mostra as
correlações por área de conhecimento.
A ANOVA revela que existe diferença significativa entre os doze cursos de graduação e
nas quatro áreas de conhecimento da UERJ, tanto no BAI como no BDI, pois o p-valor
<0,01, como consta na Tabela 7.
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4. DISCUSSÃO
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ingresso à universidade pode apresentar como uma situação ameaçadora, pois é uma
fase adaptativa em que o jovem adulto terá mais responsabilidades, podendo ficar mais
ansioso e depressivo.
Através da presente pesquisa foi possível verificar que, dos cursos pesquisados,
nenhum apresentou pontuação suficiente para diagnóstico de ansiedade, moderada ou
grave, e depressão; mas em futuras pesquisas é necessário investigar outros cursos de
graduação e incluir novos instrumentos ou técnicas de avaliação para que se possa traçar
melhor a influência de outros fatores, tais como: fatores socioeconômicos, estado civil,
interações familiares etc. objetivando maior compreensão do contexto pesquisado.
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