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16/09/2018 Biografia remonta a trajetória do escritor pernambucano Gilvan Lemos | PorAqui

Foto: Cepe/Divulgação

CULTURA E DIVERSÃO DIVERSÃO GRANDE RECIFE

Biogra a remonta a trajetória do escritor pernambucano


Gilvan Lemos
por publicado em
Ney Anderson 30/04/2018 (30/04/2018)

Um dos principais escritores da sua geração, Gilvan Lemos morreu no dia 1 de agosto de
2015, no Recife, aos 87 anos. Autor de 25 livros, entre romances, novelas e contos, além de
textos em coletâneas e periódicos nacionais e internacionais, ele se destacou já no
primeiro romance, Noturno sem música, publicado em 1956. Depois disso ele não parou
mais de lançar novos livros.

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16/09/2018 Biografia remonta a trajetória do escritor pernambucano Gilvan Lemos | PorAqui

Os mais célebres trabalhos do autor de São Bento do Una, no Agreste pernambucano, são
os romances A lenda dos Cem e O Anjo do Quarto Dia, que foram adotados em listas dos
vestibulares de universidades públicas e privadas.

Também se destacam obras como Morte ao Invasor, Emissários do Diabo, Jutaí Menino,


entre outros. Gilvan produziu uma obra densa, celebrada por críticos e leitores no começo
da carreira, mas que aos poucos foi sendo abafada nos anos seguintes. Não pela falta de
qualidade, mas por conta de uma série de fatores, como a famosa timidez do escritor, que
não conseguia, por exemplo, divulgar a sua própria obra, e também por uma onda de má
sorte, como ele mesmo sempre disse em entrevistas.

Mesmo assim, Lemos sempre foi muito respeitado pela crítica e por leitores famosos,
como o dramaturgo Hermilo Borba Filho, que chegou a compará-lo com Dostoiévski. Para
outros, ele era uma espécie de semideus de literatura, de nindo dessa forma por
Raimundo Carrero na biogra a Gilvan Lemos- O último capítulo (Cepe Editora – 192
págs), do jornalista Thiago Corrêa, que foi lançada no nal do ano passado. Este livro,
inclusive, nasceu sob uma encomenda que a Cepe fez a Thiago para a Coleção Memória,
direcionadas a personalidades pernambucanas vivas.

Um m
Mas o projeto sofreu um duro baque pouco depois que o jornalista aceitou escrevê-la, por
causa da morte do biografado dois dias depois da primeira entrevista concedida. O fato
colocou em xeque o projeto, já que não seria possível desenvolver o livro a partir das
memórias do personagem principal, como era a proposta editorial.

Esse nal de vida com toques ccionais causou surpresa e espanto, principalmente a
Thiago Corrêa. “Ao sair do seu apartamento perguntei se poderia voltar no dia seguinte.
Ele respondeu que sim, com a condição de que ligasse antes. O telefone chamou até
disparar. Algo que voltou a se repetir na ligação que z após o almoço. Naquele momento
não tinha como saber, mas o silêncio aos telefonemas indicava que algumas das mais de
sete dezenas de perguntas anotadas em meu bloquinho permaneceriam sem resposta
para sempre”, diz na introdução da biogra a.

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O jornalista Thiago Corrêa buscou diversas fontes para escrever a biogra a depois do falecimento de Gilvan. (Foto:
Alê Ribeiro)

Diante de algumas incertezas que rondavam o trabalho, sobretudo, se escrever a história


de alguém tão reservado como Gilvan resultaria em algo interessante, e ainda mais por
conta do primeiro (e único) encontro tenha resultado num pequeno arquivo de uma hora
de duração, o jornalista decidiu montar um grande quebra-cabeças e buscar a “memória”
pulverizada do autor em outras entrevistas para continuar o projeto.

Thiago teve o apoio de familiares que lhe contaram diversas histórias sobre Gilvan, além
da leitura do breve relato autobiográ co intitulado Vá vendo o caiporismo, de apenas 32
páginas. Sem contar na releitura dos diversos livros do escritor.

A biogra a é dividida em 15 capítulos, começando pela infância de Gilvan em São Bento


do Una, em 1928, passando pela fase da juventude, o primeiro emprego, a paixão pelo
cinema e os quadrinhos (quando produziu já na pré-adolescência as primeiras histórias),
a entrada na literatura adulta, através do incentivo da irmã Malude, os primeiros
rascunhos originais, resultando na publicação de um conto numa revista (Alterosa) de
Minas Gerais, em março de 1948, chegando na escrita de um romance de mais de 700
páginas(que ele tocou fogo por achar que não prestava), até a mudança para o Recife aos
20 anos de idade. Cidade onde ele conheceu amores, se estabeleceu pro ssionalmente
como funcionário público e começou a forjar a sua literatura de uma forma mais séria.

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No geral, Gilvan Lemos – O último capítulo, apresenta dois contrapontos: a infância e


juventude num lugar afastado, sem muitas oportunidades, até a sua chegada na capital,
onde de nitivamente ele cresceu intelectualmente, dando continuidade ao seu
desenvolvimento literário que foi iniciado aos 15 anos de idade.

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No início da vida adulta ele obteve apoio de duas pessoas extremamente necessárias no
começo da carreira: Osman Lins e Hermilo Borba Filho. O primeiro desempenhando o
papel de apresentá-lo ao universo intelectual do Rio e São Paulo, e o segundo lhe dando
dicas técnicas de como melhorar o que ele escrevia com tanta abnegação.

Já no capítulo de abertura é possível perceber claramente a inquietação do autor na


busca pela arte disponível na cidade, como acompanhar a exibição dos lmes no Cine
Rex, que ele frequentava com os amigos, e a compra de livros por reembolso postal,
justamente por conta do atraso de São Bento do Una naquela época.

De qualquer forma, esse ambiente o ajudou bastante na produção literária, sempre


buscando temas que se utilizassem da resiliência e da criatividade dos personagens que
moram onde nada parecia existir.

Fica bastante evidente na biogra a que a in uência do cinema, a leitura dos quadrinhos
e, pouco depois a leitura do Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas,  foram as fontes
criativas que lhe despertaram o desejo em ler livros de escritores nacionais e
internacionais e, posteriormente, escrever a própria cção.

A biogra a passeia pela trajetória de um escritor que, apesar de famoso pela timidez e
desapego aos holofotes e distinções, conquistou – desde os seus dois primeiros livros –
vários prêmios e, de forma crescente, a admiração e o respeito da comunidade intelectual
pernambucana e brasileira.

Fica muito claro o trabalho de investigação de Thiago na tentativa de colocar Gilvan em


primeiro plano, ainda que de forma fragmentada, mostrando os hábitos que ele mantinha,
por exemplo, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, onde morou até o m da vida.
Tudo isso embalado no melhor que o texto jornalístico tem a oferecer.

O falecimento do escritor ainda no embrião do projeto teve um perceptível impacto.


Principalmente porque os aspectos criativos de Gilvan não tiveram como ser explorados.
Faltou esse caráter mais íntimo, como estava programado para ser, com o autor
respondendo a longa entrevista e se colocando, de fato, como o condutor de todo o texto.
Se isso tivesse acontecido, sem dúvida, a biogra a seria outra. Escrever a partir das
memórias de alguém como Gilvan seria um deleite para todos os admiradores.

Documento

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Mesmo assim, não deixa de ser um trabalho importante de resgate, documental, com
farto material (cerca de 100 imagens do autor e dos gibis que ele escreveu e desenhou)
sobre um dos principais escritores brasileiros, que teve no início da carreira a obra
celebrada por diversos críticos do país, o que lhe rendeu dois prêmios nacionais.

Talvez se não fosse pela extrema falta de domínio em vender a própria obra, por conta de
uma enorme timidez e também a baixa autoestima, o seu nome constaria no hall dos
mais aclamados ccionistas do país. Ao lado de um João Ubaldo Ribeiro, Clarice
Lispector, Ariano Suassuna, Érico Veríssimo, Rubem Fonseca, entre outros do primeiro
time da literatura do país.

A biogra a destaca a evolução da obra do autor e a vida, de certa forma, misteriosa no


aspecto amoroso, já que ele praticamente não falava sobre esse assunto com ninguém. O
livro lembra também do fracasso de Gilvan em três tentativas para entrar na Academia
Pernambucana de Letras. Mas quando foi eleito por aclamação em 2012, ele não foi na
posse por conta de um acidente doméstico.

Para quem não tem tanta intimidade com a obra do autor, esse livro é uma boa porta de
entrada para que as novas gerações entendam que ele representou (e ainda representa)
na literatura pernambucana e brasileira. E a entrega dele ao longo da vida na busca por
uma grande obra ccional.  É impossível falar de literatura e não colocar Gilvan Lemos
entre os principais representantes.

É injusto saber que um dos principais nomes da literatura brasileira, que publicou por
grandes casas editoriais, não tenha hoje o reconhecimento que lhe é devido. Alguém que
viveu para a literatura e saiu de cena como um misterioso personagem, cercado por mais
de quatro mil livros, os mesmos que lhe serviram de companhia a vida inteira, em seu
bunker de solidão no 12º andar, no coração da Conde da Boa Vista, onde ele parece ter se
refugiado de si mesmo.

Ney Anderson é jornalista e escritor. Escreve resenhas sobre


literatura brasileira contemporânea no site Angústia Criadora.
que você passa a acompanhar PorAqui. Participou da antologia Os
novos escritores pernambucanos do século XXI  e tem contos
publicados nas antologias Contos de O cina e no Suplemento
Pernambuco. Está escrevendo seu primeiro livro. Mora em Olinda.

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Literatura

00

Ney Anderson

Ney Anderson (Recife, 1984) é jornalista e escritor. Escreve resenhas sobre literatura brasileira
contemporânea no site Angústia Criadora (www.angustiacriadora.com). Participou da
antologia Os novos escritores pernambucanos do século XXI (Diário o cial,2008) e tem contos
publicados nas antologias Contos de O cina (Editora Bagaço,2007-2008-2009-2010-2017) e
Suplemento Pernambuco. No ano de 2010 cou em 6º lugar no Concurso Maximiano Campos
de Literatura, organizado pela Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto).
Atualmente prepara o primeiro livro solo. Reside em Olinda.
Site: http://www.angustiacriadora.com Postagens criadas: 9

 1 COMENTÁRIO

Ediane Souza
02/05/2018 em 13:53

Muito boa matéria! Eu conheci Gilvan Lemos quando fazia Letras/UFPE e Luzilá Gonçalves,
outra pérola da literatura, o levou para uma roda de conversa em nossa turma. Apaixonei-me
pelo Anjo do quarto dia, e nunca mais me esqueci de Gilvan. Certamente que terei imenso
prazer em me debruçar sobre esta leitura. Grande abraço.

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