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A distinção entre actus humanus (ato humano) e actus hominis (ato do homem) foi
inicialmente proposto pela Escolástica e ainda permanece importante dentro da filosofia
moral. Pois, ela evidencia que nem todo ato que realizamos é um ato humano, mas apenas
aquelas ações realizadas através do conhecimento racional e vontade livre podem ser
verdadeiramente humanas. Isso equivale a dizer que um ato do homem é aquele que ocorre
independentemente da vontade humana, por exemplo, deixar um objeto cair e se quebrar. Por
esse motivo, um actus humanus tem uma dimensão moral, enquanto o actus hominis não
acarreta implicações morais.
A convivência humana exigiu a criação de normas dos mais diferentes tipos. Existem normas
sociais, religiosas, éticas, jurídicas e, até mesmo, normas técnicas. Pode-se dizer que, com
exceção dessas últimas, todas as demais são tipos de normas sociais. Mas nem toda regra
social é religiosa, ética ou jurídica. Existem regras que são meramente sociais, por exemplo, as
regras de etiqueta. Existe ainda uma coincidência entre algumas normas religiosas e éticas,
mas nem toda norma ética tem caráter religioso. Algo semelhante se aplica à relação entre
normas jurídicas e éticas. Embora haja alguma semelhança entre elas, há também diferenças
notáveis. A regra jurídica pressupõe uma sanção no caso de seu descumprimento. Isso
significa que ela é cogente, isto é, obrigatória, pois, o cumprimento de uma norma jurídica é
imposta pelo Estado. E mesmo que o desrespeito a uma norma moral implique também em
algum tipo de punição no âmbito da própria sociedade, não acarreta penas como prisão ou
pagamento de multas impostas pelo Estado. No máximo, o descumprimento de uma norma
moral pode resultar na má reputação do agente que o causa - por ação ou omissão - no âmbito
de sua comunidade, mas o Estado não impõe sua observância. Por isso, costuma-se dizer que
as normas jurídicas são heterônomas (impostas externamente) e as normas éticas (ou morais)
são autônomas (atribuídas pelo próprio agente a si mesmo).
Assim, Platão compreende a ordem como aquilo que mantém a comunidade ou como
ideia diretiva que rege a realidade total e é identificada à noção de bem.
Segundo Aristóteles, todas coisas visam um fim próprio, sendo o fim do homem a
felicidade, à qual é necessária a virtude e a esta, necessária a razão. Dado que a razão é a
essência característica do homem, ele realiza a sua natureza vivendo racionalmente e de modo
consciente. Assim também, ele conquista a felicidade e a virtude. Em outras palavras, ele
alcança a felicidade mediante a virtude, que é precisamente uma atividade conforme à razão,
isto é, uma atividade que pressupõe o conhecimento racional. A característica fundamental da
moral aristotélica é, portanto, o racionalismo, visto ser a virtude ação consciente segundo a
razão, que exige o conhecimento absoluto, metafísico, da natureza e do universo. Natureza
segundo a qual e na qual o homem deve operar.
Aristóteles divide as virtudes em dois grandes grupos: as virtudes éticas ou morais e as
virtudes dianoéticas ou intelectuais.
A mais célebre doutrina aristotélica a respeito da virtude a define como um justo meio
entre dois extremos, isto é, entre duas paixões opostas. Naturalmente, este justo meio, na ação
de um homem, não é abstrato e sempre igual para todos; mas concreto, relativo a cada qual, e
variável conforme as circunstâncias, às diversas paixões predominantes dos vários indivíduos.
A ética estóica, elaborada por Zenão de Cítio, foi inspirada em preceitos socráticos,
defendendo uma completa austeridade física e moral, baseada na resistência do homem ante
os sofrimentos e males o mundo.
Já a ética elaborada por Epicuro, opunha-se à concepção estóica por seu caráter
hedonista, ao postular que o ser humano deveria buscar o prazer da vida como meio de
realizar a conduta virtuosa. Segundo a concepção ética epicúrea, o prazer estava associado ao
bem e a dor ao mal. Porém, nessa perspectiva, o supremo prazer era de natureza intelectual e
seria alcançado, apenas, através do domínio das paixões.
O princípio sobre o qual Kant fundamenta sua ética é o imperativo categórico, que ele
estabelece como a “forma da lei moral para uma vontade imperfeita”. A fórmula geral do
imperativo categórico diz: age somente de acordo com aquela máxima pela qual possas ao
mesmo tempo querer que ela se torne uma lei universal.
Dessa fórmula geral, Kant extrai ainda outras três formulações do imperativo visando
expressar a exigência de universalidade do dever. Para assegurar tal universalidade, Kant
fornece um princípo que não se atém à materialidade da ação e nem às suas prováveis
consequências, mas, apenas, à forma e ao princípio do qual ela mesma deriva
independentmente de seu resultado.
Tal imperativo constitui o imperativo da moralidade e é tomado, por Kant, como um
fato da razão que revela como sua essência a liberdade da vontade. Liberdade que é aqui
compreendida como autonomia.
A doutrina utilitarista pode ser resumida pela frase: Agir sempre de forma a produzir a
maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar máximo).
Isso a caracteriza, portanto, como um tipo de uma moral eudemonista. Mas, opondo-se
ao egoísmo, ela defende a ideia de que o agente precisa considerar o bem-estar de todos e não
apenas o seu próprio.
“Por princípio da utilidade, entende-se o princípio segundo o qual toda ação, qualquer
que seja, deve ser aprovada ou rejeitada em função de sua tendência de aumentar ou reduzir o
bem-estar das partes afetadas pela ação. (...) Designamos por utilidade a tendência de alguma
coisa em alcançar o bem-estar, o bem, o belo, a felicidade, as vantagens, etc.” (Op. Cit., cap. 1,
seções II, III)
Após demonstrar que U pode ser fundamentado através de uma derivação pragmático-
transcendental das pressuposições argumentativas, Habermas afirma que a própria ética do
Discurso pode ser identificada a outro princípio, que ele designa como o princípio do Discurso
(ou D), estabelecendo que:
“só podem reivindicar validez as normas que encontrem (ou possam encontrar) o
assentimento de todos os concernidos enquanto participantes de um Discurso prático” 2.
1
. Habermas. “Notas Programáticas para a formulação da Ética do Discurso”. p. 116.
2
. Ibidem.
Segundo Helder de Carvalho, esse conceito de virtude, central para a teoria
práticas, muitas vezes são propostos bens que não convergem necessariamente,
humano, como uma unidade que leve em conta a vida humana como um todo, de
práticas. Essa concepção do bem humano, como tal, fornece o telos para o agir
tomada no seu todo, se pode estabelecer um papel para as virtudes como sendo
fornecida por uma concepção do bem humano como tal, conferindo unidade a
nossas vidas, não se faz de modo isolado, mas no interior de uma tradição social
e intelectual à qual pertencemos. Nossas narrativas se entrecruzam às dos outros
indivíduos que integram nossa vida, por meio das necessidades e exigências
comunitárias ou sociais. Assim, o papel das virtudes será possibilitar que essa
busca individual pela realização do bem último do ser humano não se desvie,
diferenças.
Falando inicialmente sobre as diferenças, pode-se afirmar que o contratualismo
moderno surge a partir da pergunta pela origem do Estado, sendo, portanto, uma teoria para
defender a soberania política e explicar e legitimar o surgimento das instituições estatais. A
origem do Estado é, então, identificada a uma espécie de contrato social, isto é, a um acordo
superior que seria responsável por ordenar e julgar os atos de sua convivência
coletiva.
de certo tipo de Estado, mas promover um consenso inicial a respeito dos princípios da
justiça para a estrutura básica da sociedade, que, por sua vez, vão regular todos os
ele chama de “posição original” – para definir uma série de princípios que seriam
responsáveis por fundar as regras do “justo”, ou seja, os “princípios da justiça”,
Para apontar, ao menos, uma semelhança, pode-se dizer que os dois tipos
10) Qual o princípio que Hans Jonas elabora para fundar sua ética e qual a sua relevância para
o contexto atual?
O princípio que Hans Jonas elabora para fundar sua ética é precisamente o princípio
responsabilidade, título de sua obra principal, cuja primeira formulação é a seguinte:
“Age de tal modo que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma
vida autenticamente humana na Terra.” (PR p. 40)
Com tal princípio Jonas pretende formular uma “ética para a civilização tecnológica”,
face à qual ele, desde o início, se posiciona criticamente, aceitando os aspectos positivos
introduzidos por essa civilização, mas também alertando para os aspectos negativos que
podem até comprometer a continuidade da vida, inclusive a humana, no planeta.
Desse modo, o que Jonas pretende com sua formulação ética é fornecer um princípio de
ação para a geração humana atual, de modo que ela possa agir responsavelmente, levando em
conta que os efeitos de suas ações - graças à tecnologia - ampliados espaço-temporalmente,
podem afetar não apenas as condições da vida presente, mas toda a vida futura. Sua reflexão
oferece, portanto, elementos para se pensar questões atuais cruciais como as questões
ambientais, o uso indiscriminado das biotecnologias e o de armas de destruição em massa.