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POLÍTICA LINGUÍSTICA
Temos clara, pois, a ideia de que a língua tem um caráter político e, em função
desse seu caráter é que a Sociolinguística, em meados do séc. XX, desenvolve o
conceito de política linguística e de planificação linguística, de forma a passar de
uma concepção de monolinguismo à concepção de multilinguísmo. (PEREIRA,
2006)
Calvet (2007, p. 73), deixa evidente em seu trabalho que a existência de uma
política linguística está implicada à possibilidade de escolha entre um e outro modo
e/ou nível de uso da língua, muito embora, para Fiorin (2000, p.222) “é evidente que
nem todos os níveis podem ser objeto da planificação linguística”. Para Calvet
(2007), é impossível se referir à política linguística sem se remeter também à
planificação linguística, considerando-se aquela como o conjunto das “grandes
relações entre língua e sociedade” e esta como “a implementação da política
linguística estabelecida”. Para esse autor (p.20-21) compete ao Estado a política
linguística, pois (p. 20- 21), “apenas o Estado tem o poder e os meios de passar ao
estágio do planejamento, de pôr em prática suas escolhas políticas”.
Referindo-se à gestão das políticas linguísticas, Calvet (2007, p. 69) afirma que ela
pode se dar in vivo e in vitro, sendo que a primeira “refere-se ao modo como as
pessoas resolvem os problemas de comunicação com que se confrontam
cotidianamente” e a segunda é a abordagem dos problemas referentes ao uso das
línguas pelo poder oficial.
Silva (2014) apresenta como exemplo da gestão in vitro no Brasil, a aplicação da Lei
do Diretório por Marquês de Pombal, a qual proibia o uso de línguas indígenas para
ceder espaço à obrigatoriedade do uso e do ensino do português como língua oficial.
O autor cita, ainda, a medida implementada por Getúlio Vargas de proibir o uso de
línguas estrangeiras no território brasileiro, a fim de manter a unidade da nação que,
a seu ver, era ameaçada por essas línguas. unidade da nação.
Ainda no que se reporta à gestão in vivo e in vitro, Correa e Güths (2015) tomam
como de grande relevância a noção de agente ao se tratar da gestão in vivo e in
vitro – “sujeito que conseguiu furar o cerco da estrutura que o esmagava e tolhia a
sua autonomia e desejo e direito de agir” (RAJAGOPALAN, 2013,p. 36) -- para se
compreender como se dá a criação das políticas linguísticas, se partem de baixo
para cima ou de cima para baixo, numa forma de imposição.