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* O presente artigo foi apresentado ao Embora o impacto da tecnologia sobre a estrutura de tare-
Semínãrío sobre Organização e Ambiente, fas tenha sido muito pesquisado empiricamente através de
organizado pelo Departamento de estudos de correlação, tais assuntos foram estimulados por
Administração Geral e um trabalho estritamente teórico. A proposição geral
Recursos Humanos da EAESP/FGV em desenvolvida por Thompson e Batesê de que " ... o tipo
agosto de 1975. Ele se baseia nos de tecnologia disponível e conveniente para tipos parti-
capítulos 1 e 2 da tese de culares de objetivos organizacionais estabelece limites nos
doutorado do autor: Technology and tipos de estruturas apropriadas para as organizações" foi
organization structure: a comparative baseada muna comparação totalmente simulada entre
case-study of automotive and organizações tão diversas quanto uma fábrica, uma mina,
processing fírms in Brazil. um hospital e uma universidade. Suas especulações leva-
Cornell University, Ithaca, ram-nos adiante para formular hipóteses sobre os diferen-
New York, 1975. tes tipos de automatização como sendo determinantes de
A tese será publicada brevemente mecanismos pessoais e impessoais de controle existentes
sobre o mesmo título, pelo na organização. Do mesmo modo, um estudo teórico, tal
Latin American Program Studies da como o sistema de classificação de organizações por
Cornell University. padrões técnicos, isto é, rotineiros, não-rotíneiros, etc.,
construído por Perrow,3 .édigno de ser mencionado
** Professor
visitante, também como ponto de referência para muitos outros
Programa de Pós-Graduação da pesquisadores. Para cada padrão técnico, Perrow formula
Faculdade de Economia e Administração. como hipótese um número de relacionamento entre a
Universidade Federal de Minas Gerais. tecnologia e as características da estrutura de tarefas
Ex-professor da Escola de (medida em termos de "rotina individual") e entre estas
Administração de Empresas da características e as inter-relações existentes ao nível de
Fundação Getulio Vargas. grupo. Assim, por exemplo, um alto nível de rotina indi-
1_
Tecnologia e estrutura organizacional formulação de hipóteses para pesquisas comparativa
vidual seria associado a um alto poder do grupo "técnico" curvilinear (por exemplo: desenvolvimento da organização
(stalf) sobre o grupo "de supervisão" (linha), à coordena- linha/stal!, etc.) com o grau de "complexidade" da tecno-
ção intergrupal baseada em planejamento e a um baixo logia. Finalmente, quanto mais estes relacionamentos
nível de interdependência dos grupos mencionados. aproximavam-se à média correspondente à categoria indus-
Embora reivindicando' serem aplicáveis a todas orga- trial, maior parecia ser o sucesso econômico da fuma.
nizações, algumas das hipóteses de Perrow foram reconhe- Assim, o trabalho de WoodwilJ'd poderia ser resumido
cidamente confirmadas apenas por Magnusem4 num em três hipóteses. Uma primeira pressupõe a existência de
estudo abrangendo 14 corporações manufatureiras de um "imperativo tecnológico" agindo sobre a variável de
tamanho médio nos Estados Unidos: estrutura de tarefas em organizações num modo relativa-
"Examinando as percepções gerenciais sobre a rotina mente sistemático. Desta forma, as organizações parecem
de seus trabalhos, uma certa tecnologia modal foi deter- adotar uma estrutura consistente com os "requisitos" de
minada para cada uma das organizações e usada para elas- sua tecnologia: Uma segunda hipótese sugeriria que as
sificâ-las nos quadrantes do modelo tecnológico-organiza- organizações centralizadas em sistemas de produção locali-
cional de Perrow; quando isso foi feito, no entanto, os zados em extremos de uma escala descritiva de "complexi-
dados mostraram que as companhias pareciam ser mais dade tecnológica" podem mais provavelmente apresentar
homogêneas do que fora previsto e podiam ser categori- um caráter orgânico do que as localizadas no meio da
zadas apenas em rotineiras e não-rotineiras. Os modelos de mesma escala. Finalmente, uma terceira hipótese apoiaria
artesanato e engenharia foram conseqüentemente elimi- um relacionamento entre tecnologia, estrutura de tarefas e
nados da análise. desempenho econômico-financeiro.
A despeito dessa redução de alcance teórico, as dife- Surpreendentemente, exceto pelo estudo correlacio-
renças entre as organizações rotineiras e não-rotineiras, no nai de Fullan" de 12 firmas pertencentes aos ramos auto-
que se refere a estrutura de tarefas, seguiram as direções mobilístico e de processamento de petróleo no Canadá, as
prognosticadas pela teoria de Perrow." hipóteses de Woodward não têm sido consistentemente
Que as organizações podem ser distribuídas em um confirmadas por estudos mais recentes sobre o assunto.
contínuo mecanístíco-orgâníco de acordo com um critério Embora parte desta inconsistência possa ser creditada nas
tecnológico; no entanto, não é uma nova idéia. diferenças relativas a defíníções de conceitos e metodo-
Anos antes que o trabalho de Perrow fosse publicado, logia, uma revisão breve das descobertas destes esforços de
Burns e Stalkerf já tinham informado sobre os relaciona- pesquisa pode ser interessante em si mesma.
mentos existentes entre tecnologia, estrutura de tarefas e Mohor,9 por exemplo, descobriu a tecnologia (opera-
nível de desempenho, baseados numa pesquisa feita em 20 cionalizada em termos do crítérío de Perrow de "rotina
firmas escocesas. Para eles,' uma estrutura organizacional individual") como não sendo determinante da estrutura de
"flexível" pareceu ser apropriada para um ambiente tarefas em 13 departamentos de previdência social. Simi-
tecnológico em mudança e uma estrutura organizacional larmente, .Sammuels e Mannheim 10 não acharam nenhum
mais "rígida" para um ambiente tecnológico estável. Além relacionamento signíficativo entre tipo de produção
disso, diferenças estruturais entre as organizações foram (unidade, massa, processo contínuo) e intensidade de
também relacionadas com diferenças normativas e com- controle estrutural (exemplo, comprimento da linha de
portamentais. comando, extensão de controle dos diversos níveis hierár-
Outros pesquisadores" chegaram recentemente a con- quicos) numa pesquisa de 30 empresas em Israel. Esses
clusões similares às mencionadas. De grande relevância é o autores também não crêem que a tecnologia esteja signifi-
8 trabalho da socióloga inglesa Joan Woodward.7 cativamente relacionada com as variáveis de formalização,
Na pesquisa feita por Woodward em 100 firmas funcionalização e impessoalidade na direção curvilinear
manufatureiras na área do sul do condado de Essex, na prognosticada por Woodward.
Inglaterra, a maioria das diferenças organizacionais detec- Aparentemente o desafio mais sério às descobertas de
tadas não foram inicialmente explicadas por tais fatores Woodward foi apresentado por uma equipe de pesquisa-
como tamanho da companhia, tipo de indústria ou perso- dores pertencentes a Universidade de Aston em Bírming-
nalidade do executivo de maior nível. Por outro lado, o ham, Inglaterra. 11 Baseado num estudo de 31 organiza-
grau de conformidade demonstrado com relação aos prin- ções manufatureiras, este grupo relatou uma surpreen-
cípios clássicos de organização não mostrou nenhum rela- dente falta de associação entre "integração de fluxo de
cionamento com o sucesso econõmíco-flnanceiro das trabalho" (sua própria medida de "complexidade" tecno-
firmas estudadas. lógica) e certas dimensões de estrutura organizacional, tais
Foi só depois de as firmas se tornarem classíficadas como as ~e estruturação de atividades, concentração de
numa escala de "complexidade técnica" composta de três autoridade e outras. Pior ainda, nem as relações lineares,
categorias maiores (produção por unidade, produção em nem muitas das relações curvilíneas existentes entre tecno-
grande escala e produção de processo contínuo ) que os logia e configuração organizacional descobertas por
dados coletados sobre as estruturas de tarefas e os padrões Woodward nas empresas do condado de Essex parecem ser
gerenciais começaram a fazer. sentido. Medidas de confi- verdadeiras para as organizações de Birmingham. No
guração organizacional apresentaram um relacionamento entanto, o Grupo Aston tem explicado razoavelmente tais
linear (isto é, comprimento da linha de comando, etc.) ou discrepâncias formulando a hipótese de que:
_"l
"Variáveis estruturais são associadas com a tecnologia para o outro durante um certo período de tempo. As
de operações somente onde elas estão focalizadas no fluxo relações humanas na indústria de restaurante, de Whyte, é
de trabalho. Quanto menor a organização, tanto mais sua um exemplo clássico desta linha de pensamento.
estrutura será influenciada por tais efeitos tecnológicos; As pesquisas sobre liderança conduzida em organiza-
quanto maior a organização, tanto mais estes efeitos serão ções-? também sugerem que o comportamento do pessoal
confinados a variáveis menores tais como o número de de supervisão é afetado por fatores técnicos tais como a
empregados em atividades ligadas com o próprio fluxo de variabilidade das operações supervisionadas. Dubin 20
trabalho, e não serão detectados em variáveis da mais acredita, que a consideração, por parte dos supervisores,
remota incidência sobre estrutura administrativa e hierár- dos trabalhadores como indivíduos decai quando a tecno-
quica.,,12 logia se torna mais complexa e o horário de produção mais
Para o Grupo de Aston, então, tamanho e tecnologia exigente. Burak 21 também prediz um ligeiro aumento de
de uma organização são variáveis relacionadas por defi- "proximidade de supervisão" como uma conseqüência de
nição. maiores reajustamentos no ritmo de trabalho derivados de
condições tecnológicas mais adiantadas. Finalmente,
Fiedler22 achou um relacionamento entre certas condi-
1.2 Tecnologia e estrutura social ções de liderança, (grau de estrutura da tarefa, relações
pessoais entre o supervisor e os subordinados e poder do
Não obstante algumas questões não permaneçam ainda supervisor) e desempenho eficiente. Sob ambas as condi-
claras, os comentários precedentes sugerem que parece ções de liderança, extremamente favorável e extrema-
haver definitivamente um relacionamento entre a tecno- mente desfavorável, um estilo de liderança autoritária
logia e a estrutura de tarefas de uma organização. Isto parece estar relacionado ao desempenho mais eficiente da
significa que é razoável esperar diferenças sistemáticas na tarefa do grupo. Em condições de liderança intermediá-
estrutura de tarefas das organizações. Se tais diferenças rias, por sua vez, é um comportamento mais permissível o
estão, na verdade, relacionadas a diferenças em valores ou que parece estar associado a um desempenho mais
formas de comportamento organizacional, é uma outra eficiente.
questão. . Uma abordagem mais direta ao relacionamento entre
Pesquisa relativa ao impacto da tecnologia sobre a a tecnologia e a estrutura social, ao nível do grupo, foi
estrutura social do indivíduo e do grupo tem suas raízes desenvolvida por Trist e Banforth.ê? Baseados no estudo
na escola de relações humanas. Embora negligenciada do método long-wall de mineração utilizado nas minas de
pelos seguidores de Mayo, no primeiro estágio desta carvão na Inglaterra, estes autores concluíram que toda
escola, a variável tecnológica pareceu desempenhar um organização desenvolve propriedades sociais e psicológicas,
papel central no livro O sistema social da fábrica moderna as quais não dependem necessariamente da tecnologia. No
de W. L. Warner} 3 Embora neste livro o autor aceite e entanto, a integração dos papéis individuais diferenciados
use a abordagem básica desenvolvida em Hawthorne, ele do grupo num todo social não pressupõe integração dos
leva a análise a um passo adiante. Como relatado por componentes do trabalho num "todo tecnológico". O
Mouzelis: 14 "Ele (Warner) está não só satisfeito de ver fracasso em se obter um equilfbrio entre os "interesses"
como as variáveis organizacionaís entram na situação do sociais e técn1cos sempre presentes dentro do sistema orga-
indivíduo, mas também tenta examinar :esses fatores nizacional provocaria conseqüências indesejáveis, bis
ambientais em si mesmos. Por exemplo, Wamer mostra COlhO ·telUl6es por I*te .dá supervisão eexercíoio de
corno uma interrupção na hiorarquia dI; oport~es· .tMicas de 4efesa de gnIpO. 9
tem um impacto no status do trabalhador e na sua defini- Embora referindo-se a wna celta "organiza9ão" em
ção da situação - tudo isto levando a uma greve. Wamer abstrato, oeonceao do "sistema sociotécnico" formulado
continua explicando esta mudança no status através de um por Trist e Banforth foi baseado na observação de grupos
exame sistemático das mudanças na tecnologia, no tama- de ~rabalho. Foi portanto 4eixada Para os eutros pesqui-
nho dos mercados e das fmnas é no seu impacto na comu- sadores a ~a cleestuda' empiricuaentea aplicaçio do
nidade e assim por diante. Deste modo, ele fornece um conceito, ao Awel,da,estrutura social4a orpnízaçlo como
modelo mais completo dos mecanismos de mudança." um todo. Isto foi desenvolvido principalmente através de
Depois de Warner vieram os interacionistas. Sua abor- estudos de casos. Entre eles, ps mais dignos de nota são o
dagem, primeiro elaborada por Chapple! 5 e Aresberg16 na contraste de organizações subterrâneas e de superfície
Universidade de Harvard, e continuada logo em seguida numa mina de gesso estudada porGoulâner, 24 e a análise
por Whyte 17 e Sayles, 18 advogava a obserwzçíio e medição intensiva de firmas iftclmduais na amostra de empresas do
do comportamento dos membros do grupo. Segundo eles, condado de Essex feita por Woodward.
uma vez que tais medidas sejam executada!', o papel deter- Eotre outras coisas, o levantamento geral de empr~
minante da estrutura técnica e de processo nos padrões de feito por Woodward mostrou que características organíza-
interação interpessoal torna-se evidente. A sequência, cionais tais como linhas de comunicação, tensões psicoló-
freqüência e duração das interações sociais dependem em gicas e padrões de influência interorganizacional não são
grande parte do fluxo de trabalho, isto é, da maneira em independentes da tecnologia em uso. Esta conclusão preli-
que os materiais são processados de um posto de trabalho minar foi confírmada mais tarde por Woodward num
,
das matérias-primas. A estabilidade e a variabilidade de Tentativas teóricas e empmcas no sentido de se
tais matérias-primas, bem como a sua compreensão, deter- operacionalizar o conceito de tecnologia de operações, ao
minaria o processo de busca e, fundamentalmente, o tipo nível do grupo, são um tanto raras. É digno de nota, no
de tecnologia a ser usado. Portanto, rigorosamente defi- entanto, o estudo de Sayles 39 sobre relações entre as
nido, tecnologia de materiais consiste em: " ... uma varie- tarefas de um grupo e as ações defensivas desenvolvidas
dade de técnicas, cuja seleção, combinação e ordem de por este último. Sayles acredita que certas características
aplicação são determinadas pelo feedback do próprio tecnológicas estão relacionadas às diferenças nas estraté-
objeto (ou matéria-prima)". 34 gias de comportamento desenvolvidas por grupos de tra-
De todas as três dimensões de tecnologia comentadas balho em contextos de fábrica. Critérios de tecnologia de
previamente, a que melhor combina com os propósitos operações são, neste caso, os de a) diferenciação de tare-
deste estudo é a de tecnologia de operações. Esta é não só fas; b) fluxo de trabalho e dependência; c) ritmo de
observável por definíção, mas parece condicionar as outras máquina; d) interações exigidas.
duas dimensões restantes, isto é, tecnologia de materiais e Ao nível da organização como um todo os critérios
tecnologia de conhecimentos. utilizados para exemplificar a tecnologia de operações
podem ser divididos em três grupos: indicadores econô-
micos baseados na relação trabalho-capital, medidas quali-
2.2 Operacionalização do conceito tativas e/ou quantitativas da própria tecnologia, e taxas de
mudança tecnológica. No primeiro grupo, a pesquisa de
Tentativas de desenvolvimento de medidas para identificar Blauner 40 sobre a alienação na indústria é digna de
a tecnologia de operações diferem em termos de nível de menção. Baseado na análise secundária de múltiplos
análise (indivíduo, grupo, organização) e critérios de dados, este autor defende que firmas têxteis, automobilís-
operacionalização (repetição, automação, complexidade, ticas e químicas aparecem ordenadas em tal seqüência
etc.). conforme o seu grau de mecanização e estandartização dos
Amplas regras teóricas sobre o assunto foram propor- processos de trabalho. Para confirmar a utilização destes
cionadas por March e Símon-" e Perrow.ê" Para March e dois critérios, Blauner recorre a um ordenamento das
Simon, critérios indicadores de tecnologia são os de "repe- firmas com base em indicadores econômicos tais como
tição", "programação" e "previsibilidade" das atividades investimento de capital requerido por trabalhador de
individuais. Preocupado mais com a descoberta de um produção e a proporção de custos de pessoal não-produ-
critério inclusivo de tecnologia do que com questões de tivo na folha de pagamento total.
operacionalização, Perrow prefere lidar com variáveis Encabeçando o segundo grupo de critérios, aquele da
abstratas tais como "número das exceções" e o grau de "complexidade técnica" de Woodward é certamente o
"analisabilidade dos problemas" encontrados pelo indiví- mais citado na literatura. Este critério classifica as orga-
duo no trabalho. Correlacionando ambas variáveis, um nízaçõesmanufatureiras em três categorias básicas, isto é,
contínuo abstrato de "rotina individual" emerge orde- produção por unidade, produção em grande escala e pro-
nando as organizações de acordo com seus respectivos dução de processo contínuo ..
tipos de· tecnologia: rotineira, ofício, não-rotineira ou Para alguns, no entanto, a escala de "complexidade
engenharia. técnica" construída por Woodward é conceitualmente
Pesquisas em tecnologia de operações foram condu- enganadora."! Porque, na verdade, as categorias em escala
zidas, ao nível individual, por Meissnerê? e Turner.P" não estão ordenadas em termos de complexidade, mas de
Para se operacionalizar o conceito, o primeiro autor acordo com o "número" de unidades de produção. Daí, 11
desenvolveu o critério de nível de "automação". Fazen- "complexidade tecnológica" significaria regularidade ou
do-se isto, uma distinção é primeiramente feita entre continuidade de produção. Baseado nestas críticas, o
dois amplos tipos de operações: operações de conversão grupo Aston prefere expressar o conceito de tecnologia de
e operações de transferência. Em segundo lugar, escalas operações em termos de grau de "integração do fluxo de
separadas para ambos os tipos de operações foram trabalho"· apresentado pelo processo produtivo. Embora
construídas de acordo com o grau de controle humano complicado, este último critério tem uma vantagem sobre
(oposto ao controle de máquina) exercido sobre o ciclo o de Woodward; isto é, baseia-se a priori em quatro sub-
completo de produção. Correlacionando ambas as critérios estatisticamente independentes (ainda que alta-
escalas, Meissner construiu uma matriz de, assim chama- mente correlatos): rigidez do fluxo de trabalho, inter-
das, "distinções técnicas" na qual se situa uma variedade dependência dos· segmentos que compõem o fluxo de
de casos empíricos. Para Turner e Lawrence; os diversos trabalho, .automaticidade e especificidade das operações
tipos de operações industriais -caracterizaram-se em de controle de qualidade.
termos de "complexidade". Esta variável é medida por Finalmente, procurando melhorar o raciocínio de
meio de um índice contendo três componentes maiores, Woodward, Harvey42 parece adotar ainda uma terceira
cada um dividido em dois elementos alternativos: abordagem em direção à operacionalização da tecnologia
a) atividade (variedade e autonomia); b) interação (reque- de operações. As organizações são agrupadas por este
rida e opcional); c) condições mentais (tempo para apren- autor numa freqüência que vai desde um ponto de extre-
der o serviço e responsabilidade). ma "difusão técnica" para um outro ponto de extrema
'Mas uma coisa é apontar tal relacionamento e outra é mático de máquina-ferramentas ou de uma fábrica de
especificar até que ponto certos caracteres de configura- processo contínuo de produção.
ção .resultem verdadeiramente num maior ou menorcon- Visto o anterior, uma hipótese apropriada sobre a
trole, sendo exercitado pela estrutura sobre os membros questão seria a seguinte:
da organização. A respeito disto, as observações de
Woodward são confusas. De fato, Woodward declara que Hipótese 111
quanto mais complexa á tecnologia, maior o número de
níveis hierárquicos e mais restritas às amplitudes de con- "Mecanismos impessoais de controle de natureza adminis-
trole dos níveis de supervisão, médios e de primeira linha. trativa serão mais desenvolvidos (isto é, numerosos, difun-
Assim, apenas admitindo que o controle estrutural se didos e detalhados) numa organização massa-linha do que
torna mais forte numa estrutura organizacional confi- numa outra organização comparável de processo con-
gurada longa e restritamente do que nunca mais estendida, tínuo."
é que um relacionamento direto entre o conceito de con-
trole estrutural e a "complexidade" da tecnologia pode
chegar a ser sugerido. Sobre ideologia administrativa
guntar-se-á sobre a utilidade prática de tanto esforço aca- rant. The American Joumal 01 Sociology, v.54, p. 302-10, Jan.
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