Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Sumário:
Tamanho dos núcleos. Energia de ligação
R / fm
1 2 3 4 5 6 7 A1/3
Figura 34.1
1
R = 1,4 A1 / 3 (fm ) . (34.1)
27 64
Um núcleo de Al tem raio 4,2 fm e um de Zn tem raio 5,6 fm. O núcleo de urânio
138
238, U , é o de maior dimensão com existência natural, com raio de cerca de
9 × 10 −15 m .
Como o volume é proporcional ao cubo do raio, conclui-se que o volume varia
linearmente com A: V ∝ A . Podemos, portanto, afirmar, que o volume do núcleo é
directamente proporcional ao número de partículas que ele contém. O mesmo se passa
com a água, por exemplo: o dobro de uma certa quantidade de água ocupa o dobro do
volume. Essa relação tem a ver com a pouca compressibilidade da água. Também a
“matéria nuclear” é pouco compressível.
Energia de ligação
Para além do tamanho, uma outra característica básica dos núcleos é a sua
massa. As massas dos núcleos são conhecidas com grande precisão. Ora, uma
observação atenta mostra que a massa dos núcleos não é igual à soma das massas dos
seus constituintes. Esta soma das massas dos nucleões separados é sempre maior do que
a massa do mesmo conjunto de nucleões agregados formando o núcleo atómico estável.
A energia de ligação, que é também uma característica dos núcleos, está directamente
relacionada com esta diferença de massas. Mais à frente nesta secção tornaremos esta
ideia mais quantitativa.
Para dar um exemplo concreto, consideremos o átomo de carbono. A soma das
massas dos seus constituintes é
Nestas expressões estamos a usar a unidade de massa atómica (unificada), cujo símbolo
é u, que é, por definição, 1/12 da massa do átomo do nuclídeo de carbono 12 no seu
estado fundamental. A relação com a unidade do SI é
E = mc 2 , (34.5)
2
dá significado a este resultado. A relação de Einstein, obtida em 1905 no quadro da
Teoria da Relatividade Restrita, consagra a equivalência entre massa e energia. Uma
certa quantidade de massa pode converter-se em energia e vice-versa1.
Designemos por mi a massa dos constituintes de um núcleo (protão ou neutrão).
Quando estão infinitamente afastados e em repouso a energia destes constituintes é
A
mi c 2 . Designando por Mc 2 a energia do núcleo, a diferença entre os dois valores é,
i =1
por definição, a energia de ligação:
A
B= mi c 2 − Mc 2 . (34.6)
i =1
Quanto maior for a energia de ligação mais estável será o núcleo. É habitual representar
a energia de ligação por nucleão, que é a energia (34.7) a dividir pelo número de
nucleões: B / A . É esta a quantidade que se representa na Fig. 34.2 em função do
número de massa, A.
1
Daqui se conclui que a energia, para além de momento linear, tem um parâmetro de inércia E/c2!
3
B/A Fe
(MeV)
O
8 Hg
C E2
He U
E1
4
2
2
1 H
Figura 34.2
A curva tem um máximo para o ferro 56. Este é, de facto o núcleo mais estável. Para
números de massa superiores (núcleos pesados) a energia de ligação por nucleão
decresce suavemente. Para números atómicos inferiores (núcleos leves) a energia de
ligação também decresce mas de uma maneira menos regular, observando-se mesmo, na
região próxima de zero um comportamento irregular.
A energia de ligação média por nucleão é cerca de 8 MeV. Repetimos o
significado físico deste valor: para separar completamento um núcleo nos seus nucleões
constituintes é necessário fornecer a energia A × 8 MeV , sendo A o número de nucleões.
O deuterão tem uma energia de ligação anormalmente baixa. Por isso, quando
dois deuterões se fundem para formar hélio liberta-se uma enorme quantidade de
energia: a energia E1 indicada na figura (cerca de 6 MeV) a multiplicar pelo número de
nucleões (quatro: dois protões e dois neutrões). Na próxima aula referir-nos-emos de
novo aos processos de fusão nuclear.
O urânio 235, tal como outros núcleos pesados, pode cindir-se em dois
fragmentos de massa aproximadamente igual. A soma da massa dos fragmentos é
inferior à massa do núcleo original. A diferença de energia (recordar que massa e
energia são equivalentes) é libertada. Voltaremos na próxima aula o estudo destes
processos designados de cisão ou fissão nuclear. No caso indicado na Fig. 34.2 a
energia libertada é E2 por nucleão.