Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
O que teríamos hoje se não fosse a luta de homens e mulheres que nos antecederam?
É irrefutável que os atuais direitos sociais e trabalhistas são o resultado da soma de diferentes
embates que se deram nos últimos séculos, lutas estas travadas por aqueles e aquelas que
partilharam desejos e sonhos por justiça social, levantando-se contra uma vida de penúria
lastreada pela expropriação e exploração do trabalho.
Em meio a lutas por vínculo empregatício, menores jornadas, descanso semanal remunerado,
férias, melhores condições de trabalho e aposentadoria, conjuntamente, outras frentes se
abriram, entre as quais o direito à moradia, à saúde, à cultura e à educação pública, numa
aspiração de vida cidadã. Nas últimas décadas, greves e movimentos sociais se deram num
cenário de aprofundamento e consolidação dos direitos duramente conquistados e criação de
novos direitos: sociais, econômicos, ambientais, etc.
No entanto, assistimos hoje a medidas que apontam para uma violenta regressão social e
perdas de conquistas. O avanço das políticas neoliberais e o fortalecimento de forças
retrógradas nas esferas republicanas impõem um regime de iniquidade, exploração e miséria,
além da destruição do Estado democrático de direito. Com as privatizações, lama; com as
terceirizações, diminuição dos salários e precarização dos serviços.
Para a retirada de direitos criam falsos problemas (déficit da previdência) e falsas prioridades
(acabar com “privilégios” de trabalhadores dos serviços públicos), como a cruzada moralista
contra a corrupção, que passa a ocupar o debate desviando a atenção do verdadeiro problema
que é a desigualdade social, aprofundada cada vez mais pela ganância crescente das elites
brasileiras e do capital financeiro internacional.
A greve das servidoras e servidores da Rede Municipal de São Paulo é também um brado
contra todos os ataques ao conjunto dos trabalhadores. É um grito de veemente recusa a
“pacotes” que expressam uma violenta regressão social e desassiste totalmente nossa vida
futura.
A recusa absoluta, que corporificamos por meio da greve, é a única força política legítima
discernível nesse momento de aprofundamento dos ataques aos nossos direitos.
Nós nos levantamos contra o confisco que o governo Covas promoveu nos nossos salários,
que de forma inescrupulosa foi aprovada pela maioria dos vereadores um dia depois do natal,
numa espécie de rapinagem da remuneração a que fazemos jus.
Importante destacar que, nós profissionais da Educação, alargamos nosso descontentamento
com medidas anteriormente tomadas pelo então prefeito Dória, que diminuíram benefícios
sociais das famílias (Programa Leve Leite e de Transporte Escolar Gratuito); é também
expressão de nossa resistência e recusa da crescente privatização da Educação Infantil que
se dá pela terceirização de serviços educacionais, confinando os bebês e crianças das
camadas populares em “casas adaptadas” restringindo as necessárias experiências infantis.
A Greve alcança seu 24º dia; nesse processo nos deparamos com a morosidade por parte do
prefeito, Sr. Bruno Covas, em atender as lideranças sindicais, numa clara demonstração de
desrespeito a todos os cidadãos paulistanos atingidos pela paralisação dos serviços. Não fosse
suficientemente terrível o cenário que enfrentamos nos dias de hoje, na primeira mesa de
negociação o prefeito anuncia outra dura medida: a instituição da política salarial vinculada ao
mérito (ao alcance de metas) , medida essa já instituída aos funcionários públicos da Rede
Estadual da Educação de São Paulo e que provocou achatamento dos salários e consequente
aprofundamento da precarização da educação pública estadual.