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Características do mundo carolíngio, e das transformações, sociais, políticas e económicas que essa
realidade política consubstanciou. Veremos também como a terra e sua exploração, à imagem do que
acontece com as estruturas sociais e políticas, assume uma forma que corresponde à simbiose entre
elementos culturais dispares e distintos, que se unem numa tradição comum, retomando elementos
“romanos” e inovando com o factor “germânico” criando uma realidade bastante diferente da anterior.
Quando o Imperador Constantino partiu para Constantinopla, em 380, tinha dado Roma, os seus palácios em
Latrão e todo o Império ocidental ao Papa Silvestre I, afirmando que nenhum governante secular era
indicado para governar o trono da fé cristã. A implicação clara era que através da admissão do próprio
imperador a igreja autoridade legitima na Europa ocidental, possuindo poder para decidir quem exercia
esse cargo. Teve pouco impacto pratico e o próprio clero duvidada da sua autenticidade).
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3. -Descrever as diferentes etapas da carreira de Carlos Magno, destacando a sua
coroação como Imperador, em Roma, no ano 800.
Estabeleceu padrões governativos relações politicas e culturais que iriam dominar a Europa durante séculos.
Unificou a Europa sob um só rei (isto só sobreviveu uma geração)
Administração territorial
Para facilitar a administração do vasto território, Carlos Magno criou um sistema bem eficiente. As regiões
foram divididas em condados (administradas pelos condes). Para fiscalizar a atuação dos condes, foi criado
o cargo de missi dominici. Estes funcionários eram os enviados do imperador para fiscalizar os territórios. Ou
seja, eles deveriam verificar e avisar ao imperador sobre a cobrança dos impostos, aplicação das leis e etc.
Carlos Magno tinha pouca instrução. Com idade avançada, aprendeu a ler e a escrever em latim. Valorizou o
ensino, promovendo obras para a sua difusão em todo o império. Queria funcionários instruídos para ler os
textos oficiais, que eram redigidos em latim.
O monge inglês Alcuíno foi o responsável pelo desenvolvimento do projeto escolar de Carlos Magno. A
manutenção dos conhecimentos clássicos (gregos e romanos) tornou-se o objetivo principal desta reforma
educacional. As escolas funcionavam junto aos mosteiros (escolas monacais), aos bispados (escolas
catedrais) ou às cortes (escolas palatinas). Estas escolas eram freqüentadas, sem distinção de tratamento,
por meninos de famílias pobres e por filhos de nobres. Nelas eram ensinadas as sete artes liberais:
aritmética, geometria, astronomia, música, gramática, retórica e dialética
Édito - é um anúncio de uma lei, muitas vezes associado à monarquia. O Papa e os líderes de alguns
micropaíses são atualmente as únicas pessoas que continuam a emitir éditos.
CAPITULAR - assembleia de dignidades eclesiásticas. Que diz respeito ao capítulo dos religiosos, dos
cônegos. Denominação de letra maiúscula: letra capitular. S.f.pl. Decretos reais; ordenanças emanadas dos
reis merovíngios e carolíngios.
O reinado de Carlos Magno foi também conhecido por um grande desenvolvimento das artes e das ciências,
chamado de “renascimento carolíngio”. Várias escolas (onde os nobres e seus filhos eram obrigados a serem
alfabetizados) e igrejas foram construídas, a obra de escritores greco-romanos foi copiada e preservada em
livros bem ilustrados e trabalhados com decorações em ourivesaria. Boa parte dessa movimentação do
conhecimento se dava pela ação do próprio rei, que se aproximou de vários intelectuais da época, atuando
como um protetor dos artistas.
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Carolíngios é o nome da dinastia franca que sucedeu aos merovíngios (751), com Pepino, o Breve, e
pretendia restabelecer o Império Romano do Ocidente. Renascença Carolíngia, ou Renascimento
Carolíngio, é o nome dado à idéia controversa, mas recorrente, de um renascimento da literatura e das artes
que teria ocorrido principalmente no reinado de Carlos Magno
No final do século VIII Carlos Magno conseguira reunir grande parte da Europa sob seu domínio. Para
unificar e fortalecer o seu império, decidiu executar uma reforma na educação. O monge beneditino Alcuíno
elaborou um projeto de desenvolvimento escolar que buscou reviver o saber clássico estabelecendo os
programas de estudo a partir das sete artes liberais: o trivium, ou ensino literário (gramática, retórica e
dialética) e o quadrivium, ou ensino científico (aritmética, geometria, astronomia e música). A partir do ano
787, foram emanados decretos que recomendavam, em todo o império, a restauração de antigas escolas e a
fundação de novas. Institucionalmente, essas novas escolas podiam ser monacais, sob a responsabilidade
dos mosteiros; catedrais, junto à sede dos bispados; e palatinas, junto às cortes.
Essa reforma ajudou a preparar o caminho para o Renascimento do Século XII. O ensino da dialética (ou
lógica) foi fazendo renascer o interesse pela indagação especulativa, dessa semente surgiria mais tarde a
filosofia cristã da escolástica; e nos séculos XII e XIII, muitas das escolas que haviam sido fundadas nesse
período, especialmente as escolas catedrais, ganharam a forma de universidades medievais.
Além de pautar por uma forte herança céltico-germânica, a arte carolíngia inspira-se na arte romana da
antiguidade clássica, resultando numa comunhão entre elementos clássicos e o característico espírito
emocional e conturbado da Idade Média. A sua expressão arquitectónica vai incidir especialmente na
construção religiosa caracterizada por pinturas murais, pelo uso de mosaicos e baixos-relevos surgindo
também neste momento a igreja com cripta envolta por deambulatório, tipologia que se irá desenvolver ao
longo da Idade Média. Uma das mais significativas construções deste período é a Catedral de Aachen na
Alemanha.
As artes decorativas assumem também um lugar de relevo, especialmente no que diz respeito à produção de
marfins, joalharia e iluminura, esta última caracterizada por um traço extremamente dinâmico, forte e liberto
transmitindo energia rítmica.
De 772 a 814, Carlos Magno, imperador dos francos, estendeu seu domínios até o norte da Itália e os
territórios germânicos, inclusive os dos saxões e bávaros, fundando o Sacro Império Romano-Germânico.
Com a morte de Carlos Magno o império foi dividido, ficando o império germânico na parte leste do reino até
a extinção da linha carolíngia, quando os povos germânicos (francos, saxões, suábios e bávaros) foram
unidos pelo duque Henrique de Sabóia, com o título de rei. Em 936, o imperador germânico Otho, o Grande,
conquistou regiões na Itália, aumentando sua influência junto ao estado papal. Usou este poder para fazer-se
coroar imperador. A Alemanha passou a ser chamada de Sacro Império Romano Germânico. A autoridade
dos imperadores germânicos, na Idade Média, era apenas simbólica, pois a Alemanha era uma espécie de
estado feudal, onde os nobres tinham grande poder, apesar da vassalagem ao imperador.Os senhores
feudais possuiam o poder de fato na região, decidindo sobre as ações políticas, jurídicas e econômicas em
seus feudos.
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11. - Definir e caracterizar: feudo, vassalo, relações vassaláticas, laço feudal.
Vassalo – era alguém que mediante juramento de fidelidade ao seu senhor obtinha a sua
proteção (escravo doméstico)
2. - Explicar o papel das vilas herdeiras das villae romanas e das aldeias neste processo
As vilas começaram a estabelecer direitos e liberdades municipais, algumas tornando-se cidades livres
imperiais, que não dependiam de príncipes ou bispos, que eram os senhores feudais,mas estavam
diretamente sujeitas ao Imperador. As cidades eram governadas por comerciantes chamados patrícios, os
artesãos formavam corporações, regidas por normas estritas, que procuravam obter o controle das cidades.
Colono - O colono é o trabalhador rural, colocado agora em uma nova situação. Nas regiões próximas à
Roma a origem do colono é o antigo plebeu ou ainda o ex-escravo, enquanto nas áreas mais afastadas é
normalmente o homem de origem bárbara, que, ao abandonar o nomadismo e a guerra é fixado à terra. O
colono é um homem livre por não ser escravo, porém está preso à terra
Manso – território correspondente ao lote inglês e ao germânico Hufe, era uma unidade de terra de
diomensões variáveis cujo jugo era suficiente para sustentar uma família, cada 4 mansos tinham de fornecer
um homem para o exercito real.
As mulheres na Idade Média, além de exercerem o papel tradicional de esposas, mães e filhas, também se
ocupavam de diversos outros papéis sociais. Muitas mulheres tinham uma profissão e até conduziam alguma
forma de negócio sem a tutela de seus maridos, de forma autônoma. Por exemplo, os registros documentais
de Paris do século XIII apresentam mulheres professoras, médicas, boticárias, tintureiras, copistas,
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miniaturistas, encadernadoras, arquitetas, mas também alguns papéis de liderança importantes, tais como
abadessas e rainhas. Além disso, as mulheres tinham direito de voto nas comunas burguesas.1
Muitas forças sociais influenciaram o papel da mulher nesse período, mas a força que guiava toda a
população medieval era a Igreja Católica Romana, com o seu predomínio cultural e religioso sob a
mentalidade popular. A Igreja foi uma grande influência unificadora da cultura na Idade Média, com o ensino
da cultura latina, preservação da arte e da escrita e uma administração que se estabelecia por um estatuto
criado após a queda do Império romano em que havia uma maior predominância do direito canônico,
aplicado pelos bispos. 2 Outra influência foi as culturas celto-germânicas ou 'bárbaras' da Europa Ocidental
que eram mais favorável a mulher, pois nessas antigas sociedades bárbaras, as mulheres tinham grande
prestigio.
A partir do século XII a imagem de Maria se impõe na sociedade medieval, através do culto mariano que tem
início no século XI no Ocidente.3 Essa intensa valorização da imagem de Maria na Idade Média intensificou a
presença e a promoção feminina na religião.4
Houve muitas mulheres entre os mártires. Desde muito cedo muitas foram eleitas como santidades, mas
durante os primeiros séculos da Idade Média, o modelo masculino de santidade predominava na figura dos
bispos, sendo os santos desse período, em sua maioria, esses homens de fé. 5
Outros aspectos influenciaram muito a vida feminina, como a baixa expectativa de vida, especialmente na
Alta Idade Média, 6 e a ascensão das guildas ou corporações de ofício, entre a Idade Média Central e a Baixa
Idade Média, as quais tornaram-se predominantemente masculinas ao final do medievo
No judaísmo, a mulher era quase totalmente subordinada ao marido. No paganismo romano, porém, o
sistema era um pouco mais complexo: anterior ao modelo cristão, e precedeu o rito medieval, visto que a
mulher romana tinha o status de uma menor, não podendo participar e cumprir determinados atos jurídicos
sem a permissão do marido. Todavia, a civilização romana desenvolveu um conceito igualitário para essa
união com a designação "Ubi Gaius tu Gaia" , "onde sou Gaius, tu és Gaia".8
Teoricamente o casamento na Idade Média, de forma geral, ocorria quando as mulheres ainda eram muito
jovens em relação a seus maridos, o que forjava um domínio completo do esposo, conduzindo numa perda
dos direitos legais que a mulher possuía quando solteira. Mas, ao se casar a mulher tornava-se responsável
pela manutenção de seu lar, sendo essa sua principal atribuição e obrigação. 9 Santo Agostinho expressava
em três palavras o propósito do casamento: prole, a fidelidade e o sacramento.10 No entanto, a composição
da família e o casamento variou de região para região, de local para local, sendo muito relativo, muitas
camponesas solteiras ou casadas eram chefes ou anciãs de suas Aldeias, a situação da mulher frente ao
homem era igualitária nas classes populares como os camponeses. Uma serva trabalhava tanto quanto um
servo e uma mulher da taverna urbana ou a burguesa tinha tanta preocupação em fechar balanços positivos
e vigiar tratos com agiotas ou com a guilda, quanto seu marido.
Para o medievalista Georges Duby, o dever mais importante do chefe da família era vigiar e possuir o
controle sobre a vida das mulheres que viviam sob sua tutela, tendo total liberdade para tomar decisões
sobre suas vidas. Assim, a condição feminina na Idade Média sempre foi transmitida como uma condição de
'submissão' em relação aos homens, pelo menos entre a aristocracia feudal. 11
Contudo, Régine Pernoud apresenta uma opinião contrária, e entende que o chefe da casa possuía a
autoridade para colocar em prática suas funções como marido e pai; todavia, não possuía sobre a mulher e
os filhos um poder ilimitado. Segundo esse ponto de vista, a mulher cooperava tanto na organização da
comunidade em que vivia quanto na educação de seus filhos, entretanto cabia ao marido o sustento da
família. Mas, na ausência do marido a mulher tornava-se a chefe do lar, e caso a mulher falecesse sem
herdeiros, seus bens pessoais regressariam para sua família de origem
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(caps. 7, 8 e 10, pp. 199-275 e 313-354)
Capítulos 7 e 8 para o tópico Papas Imperadores e Reinos e o capítulo 10 para o tópico relativo às
Transformações Económicas e Sociais, analisar como o Ocidente Medieval ultrapassou o Ano Mil e se
renovou face a uma imensa quantidade de novos problemas e circunstâncias.
Por um lado, ao nível do político, a partir do século IX o Papado começa a afirmar-se como Primado ao nível
da Igreja e como Poder suficientemente forte para empreender a chamada “reforma gregoriana”, que
pretendia debelar o poder de reis e imperadores no que respeitava ao seu predomínio sobre nomeações
episcopais e de párocos rurais, mas que também pretendia reformar o clero e domesticar a nobreza e
aristocracia, que, por seu turno, exercia sobre a Igreja e seus representantes o mesmo tipo de poder que
exercia sobre qualquer camponês ou familiar. A partir do Papa Gregório VII, e sobretudo depois da
importantíssima Querela das Investiduras, a relação entre os poderes (o temporal e o espiritual) ficou
radicalmente alterada e é a essa evolução que pretenderemos assistir, ao percorrer os capítulos do nosso
livro que nos falam, primeiro das questões entre o Papado e o Império (cap. 7) e depois do caso de duas
monarquias que reforçaram inequivocamente o seu poder durante os séculos XI e XII, à custa destas
evoluções e da aplicação prática das teorias políticas que entretanto eram desenvolvidas em meios
universitários a partir dos finais do século XII: Inglaterra e França (cap. 8). O poder sacralizado dos reis e
imperadores e a relação entre poderes teve uma escalada importantíssima durante o século XII e XIII e
determinou muito do que então aconteceu com as chamadas monarquias territoriais e com o abrandamento
de um sistema de poder demasiado fragmentado em favor de um poder real muito mais “centralizado”.
França e Inglaterra são dois dos exemplos mais paradigmáticos desta evolução e por isso os analisamos tão
detalhadamente. Neste processo, a lei, renascida e renovada, quer a lei canónica, quer a lei romana, quer os
direitos e leis régias e suas expressões, tiveram um peso excepcional na evolução das relações entre
poderes e nas formas como eles se auto regulavam. Fruto desta verificação, decidimos denominar os dois
subpontos do programa:
Concomitantemente, deveremos seguir, pela leitura do capítulo 10, o que acontece ao nível económico e
social na passagem do Ano Mil. As novas estruturas dos núcleos aldeões, a melhoria das condições de
plantio e recolha, o aumento demográfico e a paz levam a uma fase de expansão desde há muito esquecida.
A cidade e o campo farão parte das nossas preocupações, assim como o papel que a agricultura e a
economia mais monetária, o renascimento do comércio e as diversas feiras e sua pujante vivacidade tiveram
no renascer da actividade económica no Ocidente medieval. As feiras da Champagne e os progressos na
esfera da actividade bancária, artesanal e de comércio a mais larga escala estarão na nossa mira, tanto
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quanto a nova organização social e dos poderes que caracterizaria as comunas italianas e os novos burgos
nascidos deste contexto.
Sub-ponto 2.1.1.
Começou a ser posta em prática alguns anos antes, ainda sob o pontificado de Papa Leão IX 1049-1054,
durante o qual o futuro Gregório VII (então apenas diácono Hildebrando da Toscânia) se tornou uma das
mais reputadas figuras do Papado
Tratou-se de um amplo conjunto de reformas destinado a fazer regressar a Igreja aos tempos primitivos de
Cristo, dos Apóstolos e dos seus sucessores imediatos, por um lado, e por outro, propensa à afirmação do
poder papal face ao poder feudal (que havia quase que privatizado a Igreja); pela conotação de "retorno às
origens", enfrentamento do poder temporal e ascensão da Europa como superpotência a reforma gregoriana
é vista hoje como a primeira grande revolução europeia. A reforma foi continuada e consolidada pelos
eclesiásticos da Abadia de Cluny
Do ponto de vista moral, a reforma gregoriana (ou "clunyana") passava pela condenação veemente das
práticas de heresia, as quais são consequência da `investidura leiga´, ou da infiltração dos costumes pagãos
dos bárbaros em meio aos dos cristãos romanos, depois do choque bélico dessas civilizações, que
ocasionou a queda do Império Romano do Ocidente, em 476, imposta pela vitória do rei germânico Odoacro.
Dentre as mais condenadas estão a simonia (compra de cargos eclesiásticos, favorecida ao longo dos
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séculos precendentes pela privatização e feudalização da Igreja) e o nicolaísmo (concubinato dos padres
católicos, que foi gradualmente desanconselhado até se tornar formalmente proibido).
Abolir estas práticas heréticas, implicava reformar a Igreja e conferir ao papa o sumo poder na Europa;
graças ao Dictatus Papae, tornar-se-ia verdadeiramente o Chefe Supremo e absoluto da Igreja. A reforma
gregoriana é considerada um marco no início da teocracia papal, considerando-se que o Papa estava acima
de todos os homens e que ninguém, excepto Deus, podia julgá-lo; afirmava-se também que a Igreja não
cometia erros—quase um prenúncio da infalibilidade pontifícia declarada pelo Concílio Vaticano I.
Aproveitando-se da doação de Constantino (provavelmente forjada em meados do século VIII, por alturas da
coroação de Pepino, o Breve) o Papa julgou-se com direito de exercer as suas prerrogativas, não apenas
espirituais, mas também temporais, em toda a Cristandade, isto é, em toda a Europa -- passava também a
ter autoridade sobre o imperador, confirmando-o ou podendo depô-lo se não se comportasse como bom
príncipe cristão
Alguns historiadores de nossa época passaram a denominar o período compreendido entre os séculos XI e
XIII, não mais de simplesmente Reforma Gregoriana, mas de Revolução Papal: “Rompendo com esse lugar-
comum, um historiador norte-americano, Harold J. Berman, propôs designá-lo como ‘Revolução Papal’. De
fato, além de ‘gregoriano’, esse acontecimento foi ‘papal’ na medida em que foi promovido não apenas por
Gregório VII (pontífice de 1073 a 1085), mas também por outros papas que o haviam antecedido e o
sucederam, assim como por outros clérigos e intelectuais, durante vários decênios. Mais do que uma
‘reforma’, tratou-se de uma ‘revolução’ no sentido em que, além das estruturas da Igreja, redundou na
reorganização do conhecimento, dos valores, das leis e das instituições de toda a sociedade europeia.”
No período que antecedeu a Revolução Papal o Sacro Império Romano-Germânico tinha uma forte influência
sobre a Santa Sé e por isso chegava mesmo a nomear os prelados que exerceriam as funções eclesiásticas
mais importantes, a situação de parte do clero era lamentável. E, por fim, as nações do Oriente tinham
superado as do Ocidente.
Tendo como finalidade renovar a Igreja e levar a Europa cristã a frente de todas as nações a resposta veio
quando os Papas passaram a deixar bem claro quem manda na Igreja, através do decreto “Dictatus papae”
(1074 – 1075) de Gregório VII. Esse documento é marcado por diversos contrastes que serão tratados nesse
estudo.
Determinaram que os Bispos, clérigos e abades seriam nomeados unicamente pela própria Santa Sé.
Combateram a simonia e instituíram o celibato.
Cristianizou-se o antigo Direito Romano, surgiram as ordens mendicantes (franciscanos e dominicanos), que
ao invés de “saírem do mundo” exerciam suas atividades nas cidades. E iluminaram a Idade Média criando e
espalhando as Universidades pela Europa impedindo que o poder secular e mesmo que os Bispos
limitassem sua autonomia: “logo a Universidade de Paris tornou-se objeto de atenção da Cúria romana, que
favoreceu seu desenvolvimento e, sobretudo, suas tendências autonomistas, subtraindo-a à tutela direta do
rei, dobispo e de seu chanceler. Assim, fato verdadeiramente significativo, as aspirações à liberdade de
ensino, contra a resistência e a oposição dos poderes locais, encontraram um primeiro sustentáculo na
proteção papal.
A reforma visou também a levar o Patriarca de Constantinopla a aceitar o primado romano, que foi
contestado. Isso levou à excomunhão mútua de ambas as Igrejas, em 1054, apenas cinco anos decorridos
desde o início da reforma, no episódio chamado Grande Cisma do Oriente. Se no Oriente isto causou a
separação definitiva entre Católicos e Ortodoxos, no Ocidente esta situação foi o estopim da célebre
«questão das investiduras», que opôs o Papa ao Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, não só
pela luta de ambos pelo supremo poder político da Europa (quem tinha poder sobre quem), bem como pelo
direito da investidura dos bispos nas suas dioceses.
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Os quatro concílios e a vitória do poder temporal A luta entre o poder temporal e o poder espiritual
prolongar-se-ia durante cerca de dois séculos, acabando eventualmente com a vitória dos reis face ao Papa,
com sucessivas deposições e excomunhões: desde o imperador Henrique IV da Germânia (que pediu
perdão ao Papa em Canossa, de tal forma que a expressão «ir a Canossa» se tornou proverbial) e da
Concordata de Worms, a Frederico II da Alemanha, passando inclusivamente pelo rei português Sancho II;
enfim, até o assassinato do arcebispo de Cantuária, Thomas Becket, na Inglaterra, são uma consequência
das tentativas de impor a reforma. Desta luta resultaria a separação, no mundo ocidental, entre o poder
espiritual e o poder político, delineando-se assim claramente as atribuições de cada um.
Os quatro concílios de Latrão realizados ao longo de todo o século XII e início do XIII: (Latrão I (1123); Latrão
II (1139); Latrão III (1179) e Latrão IV (1215), bem como o Primeiro Concílio de Lião (1245) foram o culminar
de todo este processo reorganizativo da Igreja Católica na Idade Média.
7.– Explicar a influência que a Cúria pontifícia e os papas dos séculos XII e XIII tiveram no
desenvolvimento da cultura jurídica que servia os intentos dos dois poderes em causa.
cúria
Designam-se por Cúria Pontifícia, Apostólica ou Romana os oficiais, ministros, tribunais e corporações que
com o Papa governam a Igreja Católica e aos quais se aplicam legislações particulares. A Cúria Eclesiástica,
Episcopal ou Diocesana é o conjunto de organismos que adjuvam o bispo na gestão da diocese, estando as
duas cúrias subdivididas em Cúria de Justiça e Cúria de Graça. A reforma do papa Pio X da Cúria Pontifícia
obrigou a que esta fosse formada por Ofícios, Tribunais e Congregações. Os Ofícios eram constituídos pela
Dataria apostólica, Câmara apostólica e Congregação apostólica; os Tribunais pela Rota romana, Assinatura
apostólica e Penitenciária; e as Congregações pelos Estudos, Negócios eclesiásticos extraordinários,
Cerimonial, Índice, Ritos, Propaganda Fide, Concílio, Consistorial, Sacramentos, Religiosos e Santo Ofício.
Frederico Barba-Roxa
Imperador do Império Romano Germânico entre 1152 e 1190, tendo sucedido ao seu pai Frederico no
ducado da Suábia, quando este faleceu em 1147. À morte do seu tio, o imperador Conrado III, foi nomeado
rei da Alemanha em Frankfurt, no ano de 1152. Inicialmente pretendeu pacificar o país para depois se
concentrar na dominação germânica na Itália; para conseguir cumprir os seus objetivos o imperador
empreendeu diversas expedições contra a Itália. Numa dessas expedições fez-se coroar rei de Itália em
Pavia (1155) após a destruição da Comuna romana e no mesmo ano foi coroado imperador pelo Papa
Adriano IV. Ainda em Itália lutou com os lombardos e destruiu a cidade de Milão em 1162, mas as cidades
italianas aliaram-se ao Papa Alexandre III e em 1176 derrotaram o invasor em Legnano. Frederico
reconheceu as pretensões das vilas lombardas aliadas ao papado e depois empreendeu uma cruzada no
Oriente após a tomada de Jerusalém por Saladino. Durante a Terceira Cruzada na Sicília morreu afogado.
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sistema jurídico que foi elaborado em Inglaterra a partir do século XII pelas decisões das jurisdições reais. A
expressão common law é utilizada desde o século XIII para designar o direito comum da Inglaterra, por
oposição aos costumes locais, próprios de cada região; chamaram-lhe, aliás, durante vários séculos.
Constitui portanto um sistema ou família do direito, diferente da família romano-germânica do direito, que
enfatiza os atos legislativos. Nos sistemas de common law, o direito é criado ou aperfeiçoado pelos juízes:
uma decisão a ser tomada num caso depende das decisões adotadas para casos anteriores e afeta o direito
a ser aplicado a casos futuros. Nesse sistema, quando não existe um precedente, os juízes possuem a
autoridade para criar o direito, estabelecendo um precedente. 1 O conjunto de precedentes é chamado de
common law e vincula todas as decisões futuras. Quando as partes discordam quanto o direito aplicável, um
tribunal idealmente procuraria uma solução dentre as decisões precedentes dos tribunais competentes
Henrique II de Inglaterra (5 de Março de 1133 — Le Mans, França, 6 de Julho de 1189), também conhecido
como Henrique Curtmantle (em francês: Court-manteau), Henrique FitzEmpress ou Henrique
Plantageneta, governou como Conde de Anjou, de Maine, Duque da Normandia, da Aquitânia, Conde de
Nantes, Rei de Inglaterra (1154-1189) e Lord da Irlanda; por diversas vezes controlou o País de Gales, a
Escócia e o Ducado da Bretanha. Henrique era filho de Godofredo V de Anjou e de Matilde, filha de Henrique
I. Com 14 anos envolveu-se nos esforços para reclamar o trono de Inglaterra que a sua mãe levava a cabo,
tornando-se Duque da Normandia com 17 anos. Em 1151, herda Anjou, e pouco depois casa com Leonor da
Aquitânia, cujo casamento com Luís VII de França tinha sido anulado. O rei Estêvão de Inglaterra acordou
um tratado de paz após uma expedição militar a Inglaterra em 1153, e Henrique herdou o reino após a morte
de Estêvão, um ano depois. Ainda muito novo, passou a controlar o que seria mais tarde designado por
Império Angevino, que se estendia por grande parte da Europa Ocidental.
Henrique era um governante dinâmico e, por vezes, cruel, levado por uma vontade de recuperar as terras e
os privilégios do seu avô, Henrique I. Durante os seus primeiros anos de governação, Henrique repôs a
administração real em Inglaterra, reestabeleceu a hegemonia sobre o País de Gales e recuperou o domínio
total sobre as terras em Anjou, Maine e Touraine. Henrique depressa entrou em conflito com Luís VII, e
ambos mantiveram-se numa luta designada como "guerra fria", não havendo uma intervenção militar, mas
sim a um nível económico e político, durante várias décadas. Henrique expandiu o seu império, por diversas
vezes à custa de Luís, tomando a Bretanha e entrando pelo leste até à região central de França até
Toulouse; apesar de numerosas conferências e tratados de paz, nunca se chegou a um entendimento
duradouro. Embora Henrique tivesse boas relações com as hierarquias locais da Igreja, o seu desejo de
reformar as relações de Inglaterra com a Igreja, deu origem a conflitos com o seu antigo amigo Thomas
Becket, o Arcebispo da Cantuária. Estes conflitos continuaram durante toda a década de 1160 e culminaram
com a morte de Becket em 1170.
Durante o seu reinado, Henrique teve vários filhos com Eleanor, e a tensão sobre o próximo herdeiro teve
início, potenciada, primeiro por Luís VII e, depois, pelo seu filho e sucessor Filipe Augustus. Em 1173, o
herdeiro aparente de Henrique, Henrique o Jovem, insurgiu-se num protesto contra o seu pai; a ele juntaram-
se-lhe os seus irmãos Ricardo e Godofredo, e a sua mãe, Eleanor. A França, a Escócia, a Flanders e
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Bolonha aliaram-se aos rebeldes contra Henrique. A Grande Revolta estendeu-se por todas as terras de
Henrique e apenas foi derrotada pelos seus valorosos comandantes locais em acções militares; muitos dos
comandantes eram novos homens escolhidos pela sua lealdade e capacidades administrativas. Henrique era
generoso nas vitórias e parecia estar do seu momento áureo dos seus poderes, mas Godofredo e o Jovem
Henrique revoltaram-se, de novo, em 1183, resultando na morte deste último. Apesar de invadir a Irlanda
para tomar terras para o seu filho mais novo João, Henrique esforçou-se por agradar a todos os seus filhos
no respeitante à posse de terras e poder imediato. Filipe conseguiu convencer Ricardo que Henrique iria
nomear João para rei, e nova revolta teve lugar em 1189. Derrotado por Filipe e por Ricardo e sofrendo de
uma hemorragia devido a uma úlcera, Henrique retirou-se para Chinon em Anjou, onde viria a morrer.
O império de Henrique rapidamente colapsou durante o reinado do seu filho João. Muitas das mudanças
introduzidas por Henrique durante o seu governo, contudo, tiveram efeitos a longo-prazo. As alterações ao
nível do Direito são consideradas como a base para as leis inglesas, enquanto a sua intervenção na
Bretanha, País de Gales e Escócia moldou o desenvolvimento das suas sociedades e sistemas de
governação. Ao longo dos tempos, as interpretações histórica sobre o reinado de Henrique têm-se alterado
de forma significativa. No século XVIII, os académicos defendiam que Henrique foi a força que criou uma
monarquia legítima, e, no fim, uma Grã-Bretanha unificada. Durante a expansão vitoriana do Império
Britânico, os historiadores estavam interessados, em particular, na formação do próprio império de Henrique,
mas também davam alguma atenção à sua vida privada e relação com Becket. Nos finais do século XX,
alguns historiadores analisaram os relatos históricos britânicos e franceses de Henrique, pondo em causa
algumas interpretações anglocentricas do seu reinado
Constituições de Clarendon
Por fim, até mesmo Becket expressou a sua disponibilidade em concordar com as constituições, mas quando
chegou o momento da assinatura, recusou-se. Isto significava a guerra entre os dois poderes. Henrique
instaurou um processo judicial contra o arcebispo e convocou-o a aparecer perante um concelho em
Northampton, a 8 de Outubro de 1164, para responder a alegações de desobediência à autoridade real e
ilegalidades cometidas como chanceler do reino.
Magna carta
A Carta Magna, ou a “Grande Carta”, foi possivelmente a influência inicial mais significativa no amplo
processo histórico que conduziu à regra de lei constitucional hoje em dia no mundo anglófono.
Em 1215, depois do Rei João da Inglaterra ter violado um número de leis antigas e costumes pelos quais
Inglaterra tinha sido governada, os seus súbditos forçaram–no a assinar a Carta Magna, que enumera o que
mais tarde veio a ser considerado como direitos humanos. Entre eles estava o direito da igreja de estar livre
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da interferência do governo, o direito de todos os cidadãos livres possuírem e herdarem propriedade, e
serem protegidos de impostos excessivos. Isto estabeleceu o direito das viúvas que possuíam propriedade a
decidir não voltar a casar–se, e estabeleceu os princípios de processos devidos e igualdade perante a lei.
Isto também contém provisões que proíbem o suborno e a má conduta oficial.
Amplamente visto como um dos documentos legais mais importantes no desenvolvimento da democracia
8. -Definir “comuna”.
Sec. XI e XII. Associação de ajuda mutua formadas a titulo privado e formadas sobre bases religiosas
(irmandades, confrarias, assoc. de caridade), ou profissionais (guildas ou hansas) era uma associação de
juramento dos habitantes de uma cidade na época carolíngia.
2. A existência de aldeias com estatuto similar ao de cidades. Embora quase todos os centros urbanos mais
importantes controlassem vastos termos, por vezes com mais de uma centena de paróquias, a verdade é
que, uma vez elevada à dignidade municipal, qualquer povoação com algumas dezenas de fogos e
habitantes passava a ter uma câmara com as competências idênticas às de um centro urbano. Mais de
metade das câmaras portuguesas tinham menos de 400 fogos.
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4. Em parte pelo que antes se referiu, verifica-se em Portugal uma maior tutela da coroa sobre a composição
das câmaras, uma vez que, depois do início de Setecentos, os corregedores e o Desembargo do Paço
(tribunal central graça de justiça) tutelavam directamente a eleição da maior parte delas. Em sentido inverso,
pode falar-se de uma maior autonomia corrente das câmaras, designadamente em matéria de justiça, tanto
mais que os vereadores podiam substituir os juizes na sua ausência (chamando-se então «juizes pela
ordenação»).
5. A coincidência entre os mais nobres e os elegíveis para vereadores (e juizes) camarários. Tal facto decorre
do facto de a base da constituição das câmaras ser geral e electiva, pois que o perfil definido pela ordem
jurídica prevalecente exigia que os elegíveis fossem recrutados de entre os mais nobres e «principais» das
diversas terras. Consequentemente, poder-se-á supor que as «oligarquias municipais» não se diferenciavam
das elites sociais locais. Uma implicação directa desse facto era a raridade de centros urbanos importantes
administrados por elites mercantis. Outra pode reputar-se bastante relevante no plano empírico: pelo que
antes se disse, as relações dos elegíveis (os chamados «arrolamentos») fornecem-nos também, em
princípio, a identificação dos mais nobres de cada terra. Constituem por isso, apesar das limitações que
adiante se apresentarão, uma fonte inestimável.
6. Por fim, deve sublinhar-se que não havia em Portugal autênticas capitais provinciais. As câmaras
limitavam-se a tutelar o territórios dos seus termos, e não existiam quaisquer instituições corporativas de
âmbito supraconcelhio. Uma sede de comarca ou de provedoria (categoria que adiante retomarei) era
apenas o local de assistência de um magistrado régio (o corregedor ou provedor) com competências sobre
um território de diversos concelhos, mas sem nenhuma dependência de instituições locais ou regionais.
10. – Identificar o papel das guildas no seio da própria estruturação social nas cidades.
As guildas, ou também conhecidas por corporações de oficio, foram responsáveis pela organização dos
oficiais mêcanicos. Essa organização inicia-se na ida media e permanece durante boa parte da idade
moderna. Em Portugal, a corporação mais conhecida é a casa dos 24 de Lisboa, na qual 2 mestres dos
ofícios mais importantes do período elegiam 4 representantes para as questões da câmara ligadas as
construções urbanas, tabelação dos preços das obras, dentre outras coisas. Essa representação é
importante, a medida que esses oficiais nao podiam alcançar cargos públicos por conta do defeito mecânico,
ou seja, do trabalho manual. So os nobre podiam ter cargos públicos, recebidos através do sistema de
mercês reais. Por fim, é essa organização do oficialato mecânico que possibilita a construção do modelo
urbano que estava iniciando
Na Idade Média, com a crise do feudalismo a partir de fins do século XI, a afirmação das feiras medievais
indica o momento em que ressurge o comércio na Europa, associando-se à afirmação do poder régio, à
génese dos burgos e da burguesia enquanto classe social.
Desse modo, com a reabertura do Mar Mediterrâneo a partir das [[Cruzaos europeus puderam vivenciar um
maior contacto com o Oriente, de onde chegavam mercadorias raras e exóticas (cravo, canela, pimenta,
seda, perfumes, porcelana). Registrou-se, assim, o chamado Renascimento Comercial, de vez que esses
produtos começaram a ser vendidos nas feiras que surgiam nas cidades que então "renasciam". Foram
chamadas de "burgos", em virtude de seus muros fortificados, e os habitantes de "burgueses", termo que
posteriormente se aplicaria especificamente aos comerciantes enriquecidos com a sua prática.
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Durante a realização das feiras medievais, interrompiam-se guerras; a paz era garantida para que os
vendedores, dispostos lado a lado, pudessem trabalhar com segurança. Da mesma maneira, guardas
vigiavam todo o perímetro do local do evento, de modo a evitar que algum desordeiro pudesse causar
incómodos àqueles que por ali passavam e desejavam efectuar as suas compras. Os mercadores medievais
realizavam as suas transações comerciais e intermediavam trocas numa actividade eminentemente
itinerante.
A ocasião era aproveitada por saltimbancos e outros artistas de rua, que procuravam atrair a atenção e a
generosidade da população que afluía a esses eventos, quer para comerciar, quer para simplesmente se
distrair.
As feiras medievais instalavam-se em locais estratégicos, como povoações que se pretendiam desenvolver,
ou o cruzamento de rotas comerciais. Algumas chegaram mesmo a ter abrangência internacional.
O renascimento do comércio tornou necessário o uso da moeda, prática que havia desaparecido quase que
totalmente nos séculos anteriores. Nas feiras, que atraíam pessoas de vários lugares, havia uma grande
variedade de moedas em circulação, o que desenvolveu os bancos e o câmbio.
12. – Explicar as origens e os progressos da banca e do crédito nesta fase e seu papel no
progresso da economia monetária.
Alguns autores consideraram durante muito tempo que os judeus foram os ''inventores'' do crédito e da
banca, o que não é correto, porque apesar da usura ser proibida pela religião cristã no início da Idade Média,
esta proibição não impediu muitos cristãos e até alguns religiosos de contornarem esse obstáculo canónico.
Deste modo, os judeus não detinham a exclusividade deste negócio e não foram seguramente os únicos
impulsionadores do desenvolvimento técnico neste campo. Os grandes responsáveis pelo desenvolvimento
do comércio e da banca foram os comerciantes ditos "burgueses", dos Países Baixos e da Itália, os dois
polos mais dinâmicos das operações de crédito. Os credores que usavam este tipo de serviços eram os
religiosos, os monarcas europeus, alguns membros da aristocracia, as cidades e os burgueses interessados
em aumentar o capital envolvido nos seus negócios. Mas a usura foi menos importante do que o crédito
comercial, primeiramente conhecido através do câmbio manual. Os cambistas ocupavam-se destas
operações nos mercados urbanos. Nas principais cidades italianas, estes cambistas também faziam
transferências e depósitos, operações mais complicadas e que envolviam um câmbio mais hábil.
Antes do século XIII, os genoveses usavam já um sistema de compensações pelo qual os banqueiros faziam
os pagamentos por transferência, mesmo no caso do credor e do devedor não terem entregue o dinheiro ao
banqueiro. Isto equivale a dizer que a banca de depósito e de transferência, e também a banca de negócios,
surgiram ambas em Génova no século XII. Contudo, estes banqueiros genoveses não investiram muito no
grande comércio, mantendo os seus negócios a nível local. Só no século XIII se efetuaram estas operações
fora desta região. Foi nas feiras de Champanhe (a "meio caminho" entre a Itália e os Países Baixos) que,
efetivamente, se progrediu para outro tipo de câmbio, o câmbio não manual, num momento em que surgia
uma nítida distinção entre a compra e a venda. Um comerciante italiano que fosse vender os produtos em
feiras no exterior tinha previamente contraído dívidas na sua moeda local, para comprar as mercadorias que
iria transacionar. Por sua vez, seria pago na moeda do local onde se efetuara a venda desses mesmos
produtos. Tornava-se assim necessária a utilização do contrato de câmbio que foi mantido até ao século XIV.
No século XIII havia também, nomeadamente em Génova, o recurso a contratos de câmbio fictícios, uma
prática difundida depois entre o resto de Itália, que veio a substituír o contrato notarial pela carta missiva.
Desde 1250, o dinheiro envolvido nestes câmbios era, essencialmente, proveniente de depósitos de
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particulares nas companhias. Em meados do século seguinte estes depósitos vão mesmo ultrapassar as
participações.
As sociedades terrestres, que desde o início têm à sua disposição capitais, vão poder ter funções bancárias,
pois têm a confiança dos particulares que nelas depositam os seus fundos. A partir desta altura, o comércio
de dinheiro alcança lugar de primeira grandeza entre as atividades dos centros mercantis: troca de moeda
estrangeira, empréstimos a juros contornando as limitações impostas pela Igreja, entre outros.
Os cambistas, instalados amiúde em bancos na praça pública (daí o nome futuro de banco) e os grandes
mercadores, tornam-se, muito rapidamente, em banqueiros que aceitam depósitos, abrem livros de
contabilidade e efetuam, com uma simples ordem verbal, transferências de contas para os seus clientes.
O Renascimento Comercial e Urbano foi uma das Consequências das Cruzadas, pois com o contato do
Ocidente com o Oriente (basicamente árabes muçulmanos) muitos conhecimentos e técnicas foram
transmitidos aos Europeus, como por exemplo os algarismos arábicos, as técnicas de Navegação e
construção Naval, aperfeiçoamento da Metalurgia e outros.
Além disso o Mediterrâneo foi reaberto ao comércio cristão, dinamizando a economia da Europa e colocando
a moeda novamente em circulação. Com isso as Cidades se expandiram, a partir de então a estrutura
agrária e feudal que já estava em crise entrou num processo de desintegração. E a tais transformações
chamamos de Renascimento Comercial e Urbano.
Surgimento da Burguesia – uma vez que a produção do feudo se tornou insuficiente para sustentar todos
os seus habitantes, muitos deles começara a sair – vilões (que saiam livremente) e servos (que fugiam ou
eram expulsos pelos senhores). Dentre esses alguns iam para as Cruzadas, outros roubavam, iam em
caravanas, e houve aqueles que se dedicaram ao comércio ambulante, em feiras e nos Burgos.
Rotas de Comércio, Feiras e Burgos – foram um elemento essencial do Renascimento Comercial, pois por
elas fluía a vida mercantil da época. As principais eram as do Mediterrâneo, a do Mar do Norte e de
Champagne. A Feiras eram locais de encontros para realização de trocas comerciais, em eventos sazonais
com a proteção do senhor Feudal, em troca de impostos sobre os produtos. Muitos locais onde se
organizavam as feiras deram origem a Burgos – núcleos urbanos com intensa vida comercial e ativa
produção artesanal. Aqui surge também as Casas de Câmbio, devido a grande variedade de moedas em
circulação.
Seguir os traços do progresso da organização da aristocracia e da nobreza enquanto grupo social com
características e problemas próprios, durante os século XII e XIII. Começaremos por analisar a forma de
vida, os elementos nobilitantes e as fontes de rendimento da nobreza, para depois tentarmos interpretar, à
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luz dessas evoluções, a mudança nas relações sociais, na estruturação das relações feudais entre nobres e
no seu inter-relacionamento ao longo deste período.
Os torneios e a “anarquia feudal” serão olhados como vectores de estabilização e desestabilização que
acabariam por originar o crescimento da noção de “missão” para a função guerreira. Neste sentido, a paz de
Deus e, mais tarde, a pregação da Cruzada surgirão como elementos de orientação para uma agressividade
demasiado liberta. O estudo das Cruzadas seguirá este primeiro momento e nesse estudo deveremos deter-
nos
o suficiente para nos apercebermos de quantas foram, quais as motivações que as promoveram e o conjunto
de interesses por detrás da sua concretização. Deveremos debruçar-nos sobretudo nas diversas expressões
do sentido de Cruzada.
A estrutura social e económica tinha por base as relações feudais. A nobreza detinha os direitos de
exploração e tributação de grande parte dos terrenos agrícolas. Os servos obtinham o direito a cultivar e
habitar as terras de determinada família nobre mediante o pagamento de uma renda na forma de trabalho,
géneros ou moeda. Em troca, recebiam protecção económica e militar. 97 Dentro da própria nobreza, verifica-
se a existência de uma hierarquia de vassalagem através da suserania, onde são concedidas terras ou
estruturas de importância económica para exploração a um nobre menor, em troca da sua vassalagem e
fidelidade. Durante os séculos XI e XII, a posse destas terras, ou feudos, viria a ser considerada hereditária.
No entanto, ao contrário do que sucedia na Alta Idade Média, a maioria dos feudos deixou de ser dividida
entre todos os herdeiros para passar a ser herdada em exclusivo pelo filho varão. 98 O domínio da nobreza
durante este período deve-se em grande parte ao controlo das terras agrícolas e dos castelos, ao serviço
militar na cavalaria pesada e às várias isenções de impostos ou obrigações de que desfrutavam.
Os cavaleiros medievais costumam participar de torneios. Estes eventos festivos contavam com lutas e
disputas entre os cavaleiros de uma região. Era uma das diversões no período do feudalismo
5. - Definir “Cruzada”.
A cruzada tinha como objetivo liberta os locais santos dos infiéis. Ao convocar o conselho de Clermont, em
1095 o Papa Urbano II tinha como objetivo a reunificação da igreja latina e grega. Implicitamente era
Jerusalém.
Introdução
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As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos
cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIV, foi iniciada logo após o
domínio dos turcos seljúcidas sobre esta região considerada sagrada para os cristãos. Após domínio da
região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da captura e do
assassinato de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé.
Organização
Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número de fiéis para lutarem
pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que receberiam reconhecimento
espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha fracassou e muitos perderam suas vidas
em combate.
Após a Primeira Cruzada foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação
militar nos combates das seguintes Cruzadas.
Após a derrota na 1ª Cruzada, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, invadiu o oriente para
lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal da cruz costurado sobre seus
uniformes de batalha. Sob liderança de Godofredo de Bulhão, estes guerreiros massacraram os turcos
durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre para acesso aos peregrinos.
Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229) ocorreu de forma
pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento religioso entre ocidente e oriente. A
relação dos dois continentes ficava cada vez mais desgastada devido à violência e a ambição desenfreada
que havia tomado conta dos cruzados, e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a
situação.
Embora não tenham sido bem sucedidas, a ponto de até crianças terem feito parte e morrido por este tipo de
luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também chamado de Ricardo Coração de Leão,
e Luís IX.
Consequências
Não podemos deixar de lembrar que as Cruzadas aumentaram as tensões e hostilidades entre cristãos e
muçulmanos na Idade Média. Mesmo após o fim das Cruzadas, este clima tenso entre os integrantes destas
duas religiões continuou.
Curiosidade:
- A expressão "Cruzada" não era conhecida nem mesmo foi usada durante o período dos conflitos. Na
Europa, eram usados termos como, por exemplo "Guerra Santa" e Peregrinação para fazerem referência ao
movimento de tentativa de tomar a "terra santa" dos muçulmanos.
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Seguindo o percurso discursivo do capítulo 14 do nosso livro- base, começaremos por olhar para a evolução
política dos diversos reinos que na BAIXA (cuidado que o livro chama-lhe sempre ALTA…) Idade Média
caracterizou as monarquias que viveram e sobreviveram às crises do século XIV afirmando-se como
potências em jogo. De entre estas destacam-se a Inglaterra e a França, que jogarão, no contexto da
cristandade ocidental, o papel de grandes potentados. Protagonistas principais das questões que arrastariam
todos os restantes reinos (Castela e Portugal incluídos) para os intermináveis episódios da Guerra dos Cem
Anos, serão elas quem mais se destacará, politicamente, no cenário que resulta do fim do conflito que
envolveu toda a Europa por mais de cem anos.
Depois de uma breve incursão pelos mundos periféricos, Ibéria, Leste e Turco, entraremos em cheio na parte
referente à organização das chamadas monarquias administrativas. Nesta secção, poderemos estudar como
se desenvolveram as estruturas orgânicas da administração central e como as Instituições representativas,
parlamentos, tomaram expressões diferentes, consoante o estado em que se desenvolveram (os
estereótipos sendo o parlamento Inglês, o Francês e as cortes da Península Ibérica). Desejavelmente
chegaremos ao fim do estudo deste capítulo compreendendo em que bases se estabeleceu uma nova ordem
na governação dos Estados, como os diversos corpos do reino foram ganhado poder e como se
relacionaram no seio das estruturas administrativas assim criadas.
O Ducado de Milão foi um estado do norte da Itália entre 1395 e 1797. Formou parte do Sacro Império
Romano-Germânico. Foi governado por várias famílias e dinastias com o domínio do Ducado (durante o
período do Renascimento foi governada pelas famílias Sforza e Visconti, Duques de Milão), mas também por
alguns poderes de fora da Itália. Embora o território do Ducado tenha variado ao longo dos séculos, cobria
em geral grande parte da Lombardia, incluindo Milão e Pávia, centros tradicionais do Reino Itálico. Parma
também era parte do Ducado até que se tornou ela própria um Ducado distinto no século XVI. O território do
ducado também se estendia a partes das atuais regiões italianas de Piemonte, Emília-Romanha e Toscana,
além do atual Cantão Ticino e Leventina, na atual Suíça.
No sentido de distinguir a cidade de Milão do ducado homónimo, a região era frequentemente chamada de
Milanês ou, mais raramente, Milanesado.
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Assembleia Representativa - Uma assembleia constituída por elementos que são representantes
de olectividades, como por exemplo, estados ou comunidades urbanas. As Cortes, por exemplo, são
um caso paradigmático de assembleia representativa. Os representantes do clero e da nobreza são
representantes, respectivamente, do clero, de uma sé episcopal ou de um determinado mosteiro, e
alguns deles representam-se a si mesmo, ao passo que os nobres só são representantes de si
mesmos. Já o “povo” é constituído por membros eleitos pelos conselhos ou procuradores nomeados
especificamente para representarem os interesses desse conselho numa assembleia em que cada
elemento representa os interesses de um grupo, ou comunidade, ou família. São representativos
porque 1) estão em delegação de competências de outrem (normalmente um colectivo) e porque, no
seu conjunto, 2) representam todos os estratos de um reino, estando assim todos os grupos,
teoricamente, representados, em percentagens consideradas “representativas”!
A Idade Média (adj. medieval) é um período da história da Europa entre os séculos V e XV. É o período
intermédio da divisão clássica da história ocidental em três períodos; a Antiguidade, Idade Média e Idade
moderna. A Idade Média é ainda frequentemente dividida em dois ou três períodos.
Durante a Alta Idade Média verifica-se a continuidade dos processos de despovoamento, regressão urbana,
e invasões bárbaras iniciadas durante a Antiguidade tardia. Os ocupantes bárbaros formam reinos apoiando-
se nas estruturas do Império Romano do Ocidente. No século VII, o Norte de África e o Médio Oriente, parte
do Império Oriental, tornam-se territórios islâmicos depois da conquista dos sucessores de Maomé. Embora
tenha havido alterações significativas nas estruturas políticas e sociais, a rutura não foi tão acentuada como
anteriormente defendida pelos historiadores, e a maior parte dos novos reinos incorporaram o maior número
possível de instituições romanas já existentes. O cristianismo disseminou-se pela Europa ocidental e
assistiu-se a um surto de edificação de novos espaços monásticos. Durante os séculos VII e VIII, os Francos,
governados pela dinastia carolíngia, estabeleceram um império que dominou grande parte da Europa
ocidental até ao século IX, quando se desmoronaria perante as investidas de Vikings, Magiares e
Sarracenos.
Durante a Baixa Idade Média, que teve início depois do ano 1000, verifica-se na Europa um aumento
demográfico muito expressivo e um renascimento do comércio, à medida que inovações técnicas e agrícolas
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permitem uma maior produtividade de solos e colheitas. É ainda durante este período que se iniciam e
consolidam as duas estruturas sociais que dominam a Europa até ao Renascimento: o senhorialismo – a
organização de camponeses em aldeias que pagam renda e prestam vassalagem a um nobre – e o
feudalismo — uma estrutura política em que cavaleiros e outros nobres de estatuto inferior prestam serviço
militar aos seus senhores, recebendo como compensação uma propriedade senhorial o direito a cobrar
impostos em determinado território. As cruzadas, anunciadas pela primeira vez em 1095, representam a
tentativa da cristandade em recuperar dos muçulmanos o domínio sobre a Palestina, tendo chegado a
estabelecer alguns estados cristãos no Médio Oriente. A vida cultural foi dominada pela escolástica e pela
fundação de universidades, e a edificação das imponentes catedrais góticas foi uma das mais destacadas
façanhas artísticas do seu tempo.
Os dois últimos séculos da Baixa Idade Média ficaram marcados por várias adversidades e catástrofes. A
população foi dizimada por sucessivas carestias e pestes; só a Peste Negra foi responsável pela morte de
um terço da população europeia entre 1347 e 1350. O Grande Cisma do Ocidente no seio da Igreja teve
consequências profundas na sociedade e foi um dos fatores que esteve na origem de inúmeras guerras entre
estados. Assistiu-se também a diversas guerras civis e revoltas populares dentro dos próprios reinos.
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