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RESUMO
O objetivo, neste artigo, foi compreender como os pressupostos teóricos do nível microanalítico da Nova Economia
Institucional (NEI), abrangendo notadamente a Economia dos Custos de Transação (TCT) e a Economia dos Custos de
Mensuração (ECM), associados à Visão Baseada em Recursos (VBR), podem ser considerados na compreensão dos
limites da firma. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, os resultados demonstraram que, ao se analisar conjuntamente
essas abordagens, fica evidente que a posse e sustentação de recursos estratégicos (VBR) indicam a necessidade de
proteger seus direitos de propriedade por meio de mecanismos legais (ECT e ECM) que minimizem a sua perda de
valor. Conclui-se que, em última instância, a sustentação de vantagens competitivas se dará por estruturas de
governança que considerem a presença de ativos específicos (ECT), sua mensurabilidade (ECM) e a sua condição de
competitividade (VBR).
Palavras-chave: Economia dos Custos de Mensuração; Economia dos Custos de Transação; Estruturas de Governança;
Visão Baseada em Recursos.
ABSTRACT
The purpose of this article was to understand how the theoretical assumptions of the micro analytical level of New
Institutional Economics (NIE), encompassing the Resource-Based View (RBV), the Transaction Cost Economics
(TCE), and associated to the Economic Costs Measurement (ECM), might influence the choice of governance structures
of companies. The method used was a literature review and descriptive research. Parallel to these theories, the RBV
approach was chosen in order to discuss the relationship with the boundaries of the firm, and to identify the
complementary aspects between these theoretical issues. The results showed that, when these approaches are considered
together, it is evident that the possession and maintenance of strategic resources (VBR) characterizes property rights
that need to be protected by legal mechanisms (ECT and ECM), able to minimize their loss of value, and secure
property rights. Ultimately, the sustainability of a competitive advantage will be through structures that consider the
presence of specific assets (ECT), measurability (ECM), and condition for competitiveness (VBR).
Keywords: Governance Structures; Transaction Cost Economics; Measurement Cost Economics; Resource Based View.
_______________________________
RESUMEN
El objetivo de este artículo es entender cómo el microanalítico nivel teórico la Nueva Economía Institucional (NIE)
supuestos, especialmente los que cubren economía de los costos de transacción (TCT) y Medida Economía Costo
(ECM) asociada con la Visión Basada Recursos (VBR) pueden ser considerados en la comprensión de los límites de la
empresa. A través de una búsqueda en la literatura, los resultados mostraron que al analizar conjuntamente estos
enfoques, es claro que la propiedad y el mantenimiento de los recursos estratégicos (VBR) indican la necesidad de
proteger sus derechos de propiedad a través de mecanismos legales (ECT y ECM ) que minimizar su pérdida de valor.
Llegamos a la conclusión de que, en última instancia, a que sustentan las ventajas competitivas estarán a cargo de las
estructuras de gobierno que tengan en cuenta la presencia de activos específicos (ECT), su capacidad de medición
(ECM) y de su condición para la competitividad (VBR).
Palabras clave: Costo Economía Medición; Economía de los Costos de Transacción; Estructuras de Gobierno; Basada
en Recursos View.
1
Doutoranda na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Brasil. E-mail:
cleicielealbuquerque@yahoo.com.br
2
Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Professor no Departamento
de Administração da Universidade Estadual de Maringá – UEM. Brasil. E-mail: jpsouza@uem.br
3
Doutor em Ciência Econômica pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Professor da Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC. Brasil. E-mail: fecario@yahoo.com.br
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com a Análise de Posicionamento Estratégico – APE combinam para determinar os limites da firma.
(Montgomery; Porter, 1998; Nickerson, 2003; Saes,
2009) e com a Teoria dos Lucros de Night – TLK
(Nickerson; Zenger, 2004; Saes, 2009). A ECT, por sua 2 REFERENCIAL TEÓRICO
vez, também tem sido discutida a partir de ligações
com a ECM (Zylberzstajn, 2005). No entanto, ainda Neste trabalho, objetiva-se compreender
não se observam estudos que buscam discutir uma como ativos específicos, mensuráveis e recursos
perspectiva conjunta da VBR com a ECT e ECM. estratégicos podem influenciar a configuração das
Vale justificar a importância de se trabalhar a estruturas de governança e, consequentemente, os
complementaridade das teorias envolvidas, TCT, TCM limites da firma. Para tanto, serão trabalhados três
e VBR, na tentativa de superar as limitações de cada aportes teóricos: a ECT, a ECM e a VBR. A seguir, são
teoria isolada, que enquadram a realidade dentro de apresentados alguns pressupostos básicos dessas
construtos teóricos específicos e restringem a abordagens, bem como suas perspectivas
observação de outros aspectos, também presentes. complementares.
Corroborando esse ponto de vista, Silva
(2009) e Breitenbach e Silva (2010) observam que 2.1 Nova economia institucional
existe na literatura uma crítica mais geral acerca da
NEI, que não considera, ou até mesmo exclui, outros A Nova Economia Institucional tem suas
fatores também determinantes para os limites da firma. origens no velho institucionalismo, sobretudo
Ao analisar as principais críticas à TCT, Ferreira et. al. americano, com Veblen e Galbraith (Gomes, 2004).
(2005, p. 2) também chamam atenção para os poucos Conforme Farina et al. (1997), a NEI contempla
trabalhos de caráter crítico envolvendo essa abordagem aspectos da microeconomia tradicional ou clássica,
e para a "[...] necessidade de ampliar as diversas abordando a teoria da firma com o propósito de
iniciativas já existentes, no sentido de estudar a identificar um mecanismo alternativo de coordenação das
possibilidade de integração da TCT com diversas atividades econômicas, como também o mercado,
teorias de diferentes campos do conhecimento". suplantando a visão neoclássica onde a firma constituía
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Garcia unicamente uma função de produção.
e Bronzo (2000) destacam que a decisão da firma em Na visão de Sologuren e De Paula (2004),
produzir ou mandar fazer - o dilema por meio desta nova abordagem, a integração vertical
mercado/hierarquia - presente na NEI, por um lado, não é apenas entendida como uma forma de aumentar o
depende não só da preocupação com os custos de poder de monopólio de mercado, como no chamado
transação, mas também de estratégias que buscam o paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho, mas passa
aproveitamento de recursos e das competências a ser uma alternativa com vistas à minimização de
distintivas. Por outro lado, ao se estudar a literatura custos de transação, podendo-se tornar um mecanismo
sobre a VBR, percebe-se que grande parte dos estudos de coordenação mais eficiente (ou não) do que o
envolve a discussão dos benefícios de se obter recursos mercado. Para os autores, o instrumental analítico da
e capacidades que promovam vantagens competitivas, NEI permitiu a compreensão das formas de
porém não são discutidos os mecanismos de organização das firmas e do ambiente institucional em
coordenação envolvidos para sustentar essas vantagens que as transações são realizadas.
competitivas. Ora, se a organização possui recursos que Desta forma, a unidade de análise da NEI são
lhe garantem vantagem competitiva, a sustentação as transações e os custos delas originadas, contrastando
depende da criação de uma estrutura de governança que com a visão neoclássica onde a unidade de análise é a
lhe permita controlar esses recursos e que pode ser produção e os custos de produção. Além disso, a NEI
auferida a partir dos princípios de coordenação interpreta que a escola neoclássica não deu relativa
presentes na TCT e TCM. importância ao papel das instituições e, com isso,
Diante do exposto, e a partir de uma pesquisa propõe incluir as instituições no centro do modelo
com abordagem qualitativa, do tipo descritiva e analítico (Gomes, 2004). Segundo North (2006), as
bibliográfica, este artigo tem como objetivo instituições são as restrições humanas legadas que
compreender como recursos estratégicos na VBR, estruturam as interações políticas e sociais.
ativos específicos na ECT e ativos mensuráveis pela Correspondem ao sistema de normas formais
ECM podem influenciar, em sua complementaridade, (constituição, leis, regulamentações), restrições
na escolha de estruturas de governança. Nesse sentido, informais (normas de conduta, costumes, convenções,
busca-se descrever como essas teorias se tradições, tabus) e sistemas de controle que regulam a
complementam entre si na configuração de estruturas interação humana na sociedade. Para o autor, o
de governança. A ideia é abrir caminhos para explorar ambiente institucional é definido pelo conjunto de
as relações entre essas abordagens teóricas, uma vez regras políticas, sociais e legais que estabelecem as
que os progressos obtidos nessa área deixam, ainda, bases para a produção, troca e distribuição, também
grandes lacunas na compreensão de como os custos de designadas como as regras do jogo social.
transação, de mensuração e os recursos estratégicos se Sendo assim, a linha de argumentação da
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NEI discute o papel que as instituições exercem nas Transação e a Economia dos Custos de Mensuração.
forças de mercado e, consequentemente, no processo Os princípios básicos dessas teorias são apresentador a
de desenvolvimento econômico, focando a necessidade seguir.
de regras bem estabelecidas para promover o seu
funcionamento. Como salienta North (2006), a NEI 2.1.1 Economia dos custos de transação
possibilita uma visão mais ampliada do desempenho
econômico ao trazer novos elementos de estudos, tais A TCT é uma das abordagens que compõem
como custos de transação, incertezas, a coordenação das o nível microanalítico da NEI, apresentando como foco
ações dos agentes econômicos, a assimetria de análise o estudo sobre a formação de estruturas de
informacional, a racionalidade limitada e o governança organizacionais. Tem suas origens em
comportamento oportunista dos agentes, o direito de 1937, no trabalho de Ronald Coase ”The nature of the
propriedade, a especificidade dos ativos, entre outros firm”. Ao analisar as atividades de coordenação, Coase
enfoques a ela inerentes. (1937) trouxe a noção de um novo tipo de custo além
Como esclarece Williamson (2008) e dos custos de produção, associados ao funcionamento
Zylbersztajn (2009), a NEI propõe duas vertentes dos mercados, mas não considerados pela teoria
analíticas complementares, aplicáveis ao estudo das econômica até então: os custos de transação. Os custos
organizações: uma macroanalítica e uma de transação, segundo Barzel (2005, p. 359), “[...] são
microanalítica. Na primeira, “[...] a questão central é os custos de execução das transferências de direitos de
explicar a origem e mudanças das instituições, vistas propriedade e de proteção contra elas”, sendo que os
como as regras que pautam o comportamento da indivíduos optam por organizar as atividades de modo
sociedade” (Zylbersztajn, 2009, p. 50). Nessa vertente, a dissipar a sua ocorrência. Para Zylbersztajn (2009),
são abordadas algumas questões, tais como leis, Coase introduziu uma mudança de paradigma na teoria
normas, costumes e convenções, presentes no econômica:
denominado ambiente institucional. Em tal grupo
encontram-se os trabalhos de Douglas North, Steven Basicamente Coase estava preocupado com
Cheung e Barry Eichengreen, tendo como principal as organizações do mundo real, como deixou
tema a relação entre as instituições e o claro no seu discurso ao receber o prêmio
desenvolvimento econômico. Nobel de Economia em 1991. Ao fazê-lo
discutiu as razões explicativas para a
A segunda vertente analítica, proposta pela existência da firma com base nos custos
NEI, de natureza microinstitucional, é representada comparativos da organização interna e de
pela economia das organizações, que estuda a natureza produção via mercado, e lançou as bases para
explicativa de diferentes estruturas de governança o estudo das formas alternativas de
utilizadas pelas firmas na coordenação de suas organização das firmas contratuais.
transações. Nesse grupo, estão as contribuições de Reconheceu que os mercados não
Harold Demsetz (UCLA), Oliver Williamson (TCT, funcionavam a custo zero, tampouco a
University of California-Berkeley), Claude Menard organização interna da firma era desprovida
(Paris I-Sorbonne), e Yoram Barzel (TCM, de custos. (Zylbersztajn, 2009, p. 42).
Washington University) e seu enfoque é
microanalítico, ou seja, busca-se analisar as estruturas Nas décadas de 1970 e 1980, especialmente
de governança utilizadas pelas organizações na a partir dos trabalhos realizados por Coase, Oliver
realização de suas transações (Zylbersztajn, 2009). Williamson impulsiona a questão dos custos de
Ambos os níveis analíticos se transação dentro da literatura econômica. A partir da
desenvolveram paralelamente, apresentando trajetórias visão da firma como um nexo de contratos, segundo
distintas. No entanto, partiram de uma referência Zylberztajn (2009, p. 43), esses autores abriram a
comum: o trabalho seminal de Coase (1937). A partir possibilidade do “[...] estudo das organizações como
de Williamson (1991), a ligação entre ambiente ‘arranjos institucionais’ que regem as transações, seja
institucional e estruturas de governança permitiu a por meio de contratos formais ou de acordos informais,
composição de uma agenda de pesquisa comum, os primeiros amparados pela lei, o segundo amparado
materializando-se na formalização da International por salva guardas reputacionais e outros mecanismos
Society of New Institutional Economics, em 1997. Na sociais”. De acordo com Carvalheiro et al. (2004), as
visão de Zylbersztajn (2009, p. 50), “[...] a operação contribuições de Coase e Williamson são apontadas
das firmas vistas como arranjos institucionais é pautada como de grande valia para a consolidação da Teoria
pelas regras do jogo (instituições), o que confere a dos Custos de Transação no debate acadêmico formal,
ligação entre as duas vertentes”. Para o autor, ambas e muitas de suas ideias ganharam contornos
vertentes consideram as instituições relevantes e interdisciplinares.
passíveis de análise. Sendo assim, apresentando a transação
Esta investigação apresenta um olhar sobre o como unidade de análise, a ECT tem como objetivo
segundo grupo, em que duas teorias apresentam controlar os direitos de propriedade por intermédio de
destaque no tratamento de estruturas de governança estruturas de governança apropriadas, que reduzam os
utilizadas pelas firmas: a Economia dos Custos de custos de transação. Essas estruturas podem se dar via
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mercado, contratos ou integração vertical, sendo agentes conhecem as características dos produtos
definidas a partir dos atributos da transação e transacionados, a incerteza e a frequência nas
pressupostos comportamentais envolvidos. transações são mínimas e, normalmente, não se cria
Conforme destaca Williamson (1985), os reputação entre os agentes. A integração vertical ou
atributos que caracterizam uma transação são três: a hierarquia, por sua vez, é motivada pelo alto nível de
frequência, a incerteza e a especificidade de ativos, frequência, de incerteza e, principalmente, de
sendo este último o principal determinante da estrutura especificidade de ativos, os quais geram possibilidades
de governança a ser adotada. Segundo o autor, o efetivas para geração de comportamento oportunista
atributo frequência diz respeito ao número de vezes que (Williamson, 1985, 1991).
os agentes econômicos se encontram para realizar uma Já os contratos ou formas híbridas, de acordo
determinada transação. A incerteza, por sua vez, se com Ménard (2004) e Zylbersztajn (2005), fogem dos
apresenta a partir das mudanças que surgem da custos das hierarquias e podem se fazer necessários
complexidade do ambiente econômico, para garantir que não haja captura da quase renda pelas
impossibilitando a realização de avaliações totalmente partes envolvidas, ou seja, para garantir que não ocorra
precisas. Os ativos específicos, por sua vez, são ativos a perda ou expropriação do valor econômico do
tangíveis ou intangíveis, irrecuperáveis, no sentido de produto ou serviço transacionado. Em complemento à
que não podem ser reempregáveis em outra transação proposta de Williamson (1996), Ménard (2004) propõe
sem perda de valor, sendo eles: locacionais, temporais, que, entre os extremos do mercado e da hierarquia, a
físicos, dedicados, humanos e de marca (Williamson, estrutura de governança contratual pode assumir
1985, 1996). Nesse sentido, quanto maior a frequência, diferentes configurações, constituindo arranjos menos
a incerteza e a especificidade de ativos, maior a formais até arranjos mais formais (Tabela 1).
possibilidade de geração de custos de transação mais se Desdobrando a figura inicialmente
tende a estrutura de governança via integração vertical. desenvolvida por Williamson (1985) para explicar as
Essa relação causal pode se estabelecer, decisões de formas alternativas de governança
segundo Williamson (1985) na presença de dois (mercado-contratos-hierarquia), Ménard (2004)
pressupostos comportamentais: o oportunismo e a desdobra a fronteira de eficiência dos contratos. Nesse
racionalidade limitada. Em outras palavras, assume-se sentido, busca destacar, de um menor para um maior
que os indivíduos são oportunistas e que há limites em nível de formalização, o papel das relações de
sua capacidade cognitiva para processar a informação confiança, redes relacionais, liderança e governança
disponível. A consideração desses pressupostos formalizada. A partir desse ponto, a hierarquia se
distingue a ECT da abordagem tradicional com foco na mostra como a forma de governança mais apropriada
produção e nos mercados. na presença de alto nível de especificidade de ativos. O
A coordenação ocorre a partir da autor ainda salienta que, na medida em que as partes
combinação das estruturas de governança com os vão se conhecendo, a estrutura contratual é
atributos de transação e pressupostos comportamentais. caracterizada pelo aumento do uso de mecanismos
Na estrutura de governança via mercado, conforme informais, tais como reputação, confiança,
Williamson (1985), o nível de especificidade de ativos compartilhamento de informações e ajuda mútua, que
é baixo, logo, os custos de transação são mínimos, pois são utilizados na coerção dos agentes.
não há espaço para comportamentos oportunistas. Os
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Oportunismo
Na perspectiva da governança,
Contratos incompletos Oportunismo implícito.
os contratos incompletos se
provenientes de mudanças Racionalidade limitada.
Pressupostos relacionam ao oportunismo.
ex-post do estado de Contratos incompletos, a
Na ECM, a maximização leva
natureza e da medição perfeita é impossível.
aos custos de mensuração.
racionalidade limitada.
Maior nível de Dificuldade para medir Ambos têm implicações
especificidade de ativos atributos dentro da empresa. dinâmicas.
Hipótese
implica numa maior Direitos de propriedade são Transformações fundamentais e
testável
integração vertical ou colocados com quem oferece mudanças nos custos de
contratos de longo prazo. garantias. mensuração.
Dificuldade de mensuração
Características das ECM prevê a complexa
Processo determina a interação vertical e
transações determinam a estrutura interna de transações.
principal horizontal, bem como a
estrutura de governança
estrutura interna da firma.
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Estrutura de governança
resulta da perspectiva de
alinhamento com os Resultados da estrutura
atributos de transação e organizacional interna a partir
Organização pressupostos da perspectiva de maximização ECM não explora elementos
segue o comportamentais. de valor. intertemporais.
racional Minimização de custos de Decisão é tomada a qualquer
transação. momento
Decisão é tomada ex-ante,
considerando os riscos ex-
post.
Para o autor, ambas as teorias têm suas a mensuração seria fácil e as disputas no âmbito legal
origens a partir da constatação da importância das facilmente resolvidas.
instituições, que são tomadas como dadas, visando Essas hipóteses definem os processos a serem
proteger os direitos de propriedade das partes seguidos. Se, por um lado, na ECT, o maior nível de
envolvidas na transação. Em termos de unidade de especificidade de ativo resulta em maior incerteza nos
análise, tanto a ECT quanto a ECM adotam a resultados e define ganhos a partir da coordenação,
transação, levando-se em conta, respectivamente, os sendo a integração vertical mais observada, por outro, a
atributos de transação e as dificuldades de mensuração ECM propõe que, se o atributo apresenta variabilidade
para a escolha da estrutura de governança. na sua medição, maior é a dificuldade de predição nos
Em se tratando de pressupostos, a ECT e a resultados, o que implica em maior dificuldade de
ECM são caracterizadas pelo comportamento contratação. Essa situação pode levar, também, a
oportunista, pela racionalidade limitada e pelos direitos propriedade do ativo ou integração vertical, como
de propriedade maldefinidos. No entanto, enquanto na forma de minimizar a possibilidade de dissipação de
ECT os contratos incompletos são mais relacionados à valor. Esse racional indica que a coordenação, pela
mudança ex-post, ao oportunismo e à racionalidade ECT, é resultante da busca do alinhamento entre as
limitada, na ECM eles resultam da medição imperfeita estruturas de governança, os atributos das transações,
dos recursos transacionados. Além disso, ao passo em especialmente a especificidade de ativos, e dos
que a ECT parte da perspectiva de minimizar os custos comportamentos dos agentes.
de transação a partir de decisões tomadas ex ante, Na ECM, busca-se garantir que os ganhos
considerando os riscos ex post, a ECM busca inerentes às margens dos atributos do produto não
maximizar valor, sendo que a decisão é tomada a sejam dissipados, sendo que a integração vertical é
qualquer momento, ou seja, a abordagem não explora incentivada quando a mensuração é difícil e os direitos
elementos intertemporais. de propriedade não são claramente definidos.
Quanto às hipóteses testáveis, na perspectiva De acordo com o quadro definido por
da ECT, considera-se que a integração vertical é Zylbersztajn (2005) e com referencial teórico utilizado,
esperada quanto maior for o nível de especificidade de é possível destacar alguns aspectos complementares na
ativos envolvidos. A inserção da especificidade, Tabela 3, em se tratando especificamente da ECT e da
associada aos demais atributos, permite que diferentes VBR. Enquanto a origem da ECT está vinculada à
mecanismos pós-contratuais, com distintos níveis de importância das instituições, como destacado pelo
coordenação, sejam construídos para lidar com as autor, a da VBR se relaciona com a competição em
incertezas. Além disso, a inclusão de mecanismos mercados imperfeitos, o que possibilita o
reputacionais, resultantes da frequência identificada na desenvolvimento de recursos e capacidades únicas a
transação, é relevante. Em contrapartida, a ECM partir de oportunidades vislumbradas (Penrose, 1959).
oferece contribuição efetiva na análise empírica das O aspecto complementar está na questão de que são as
formas híbridas. Como hipótese, define que a instituições, cuja importância é investigada pela ECT,
propriedade de um ativo está com aquele que pode que garantem a proteção dos direitos de propriedade
oferecer garantias e, nesse sentido, se o estado pode dos recursos e das capacidades, analisados pela VBR.
garantir direitos de propriedade, então, os agentes são Dito de outra forma, são as microinstituições, na forma
mais propensos a contratação do que à propriedade de estruturas de governança, que podem garantir a
desse ativo. Assim, a facilidade em medir esses proteção da propriedade dos recursos e das capacidades
atributos facilitaria a transação fora da firma, dado que envolvidas nas transações interfirmas.
_______________________________
COMPLEMENTARIDADE ECT
ECT VBR
E RBV
opção de governança. Nessa perspectiva, Ghoshal e anteriormente, vale destacar que enquanto a ECT e a
Moran (1996, p. 42, tradução nossa) destacam que as ECM têm sua origem justificada na importância das
vantagens das organizações sobre os mercados, além de instituições, a VBR parte do pressuposto de que
serem definidas por custos de transação, podem estar recursos estratégicos podem surgir a partir da
relacionadas a tentativa de explorar os propósitos competição em mercados imperfeitos. Nesse caso,
internos da organização e a sua diversidade, ou seja, observa-se que um aspecto complementar entre os três
“[...] alavancar a habilidade humana da organização aportes teóricos se encontra no argumento de que as
para tomar a iniciativa, para cooperar e para aprender”. instituições, cuja importância é determinante para a
Ademais, segundo Langlois (1992), Argyres ECT e ECM, estabelecem as regras do jogo e garantem
e Zenger (2008) e Saes (2009), a VBR suporta a direito de propriedade dos recursos estratégicos,
escolha de estruturas de governança (ECT), uma vez tratados pela VBR, em ambientes competitivos. Nesse
que as mudanças nessas estruturas dependem de um raciocínio, enquanto a ECT e a ECM focam, como
processo de realimentação, pelo aprendizado e uso de unidade de análise, a transação, a VBR ainda não é
experiências pessoais dos gerentes sobre os custos de consensual quanto a sua unidade de análise, sendo
transação envolvidos. Por outro lado, a ECT explica considerada a estratégia, por Barney (1991) e os
quais estruturas de governança são mais eficientes para recursos, por Peteraf (1993). Nesse ponto, a
explorar os recursos estratégicos da firma. Em complementaridade das abordagens encontra-se no
consonância, Combs e Ketchen (1999) avaliam que, argumento de que proteger recursos estratégicos pode
enquanto a VBR busca a identificação de recursos gerar custos de transação e custos de mensuração,
estratégicos que exigem melhorias, a ECT incide sobre demandando estruturas de governança específicas.
a forma de gerir esses recursos depois de identificados. Outro aspecto comum das abordagens é
Outro ponto de complementaridade está visualizado em termos de pressuposto teórico.
relacionado à especificidade de ativos. Isto porque, os Enquanto a ECT considera que contratos completos são
recursos estratégicos da firma (VBR) podem ser impossíveis devido a incerteza e a racionalidade
interpretados como ativos específicos e, assim, limitadas dos agentes, a ECM parte do principio de que
analisados a partir do instrumental da ECT. Combs e a incompletude contratual ocorre devido a
Ketchen (1999) ressaltam que a visão das abordagens é impossibilidade de se realizar medidas exatas. Pela
complementar, em parte, devido ao reconhecimento de VBR, como recursos estratégicos geram a vantagem
que ativos específicos compartilham uma qualidade competitiva da organização e, portanto, a sua
importante com os recursos estratégicos, ou seja, continuidade no mercado, a integração vertical se faz
ambos são difíceis de comercializar ou imitar. Segundo necessária devido a necessidade de controle requisitada
os autores, essa complementaridade esclarece porque o para a proteção desses recursos. Com isso, a
alto desempenho entre as empresas pode ser explicado complementaridade encontra-se na constatação de que
tanto como um produto da gestão organizacional recursos específicos (ECT), difíceis de serem
focada na eficiência (ECT), quanto da exploração de mensurados (ECM) e estratégicos (VBR) podem
recursos estratégicos (VBR). aumentar a possibilidade de perda de valor,
Embora sejam observados alguns avanços na oportunismo e contratos incompletos, e podem
discussão envolvendo a complementaridade entre ECT demandar estruturas mais integradas verticalmente.
e VBR, estudos envolvendo a integração dessas teorias O processo principal indica, portanto, que,
com a ECM ainda não são observados. Conforme enquanto pela ECT as características da transação
visualizado, foram contrastados pressupostos da ECT e determinam a escolha de estruturas de governança, pela
ECM, bem como destacados alguns aspectos ECM, essa escolha é realizada devido a dificuldades
complementares da ECT com a VBR. A partir desses decorrentes da mensuração. Pela VBR, a escolha se
argumentos, na Figura 4, são sugeridos alguns dará em função da necessidade de proteger recursos
pressupostos quanto a complementaridade dos três estratégicos. Com isso, uma perspectiva complementar
enfoques discutidos: a VBR, a ECT e a ECM, pressupõe-se que os atributos de transação, a condição
conjuntamente. Considera-se que, individualmente, a do recurso estratégico e a sua mensurabilidade
ECT e a ECM estão relacionadas, respectivamente, a determinam a estrutura de governança mais adequada
possibilidade de redução de custos de transação e de para proteger e sustentar vantagem competitiva. O
garantia de direito de propriedade em dimensões racional sugere que a proteção e sustentação de
mensuráveis, sendo a VBR preocupada com a vantagens competitivas se dará por meio de estruturas
identificação e exploração de recursos e capacidades de governança que levem em consideração o seu
estratégicos para a organização. alinhamento com atributos de transação e pressupostos
comportamentais (ECT), a mensurabilidade dos ativos
3.2 Propostas de complementaridade para as três específicos envolvidos e a sua condição de
teorias competitividade. Esses argumentos são esboçados na
Tabela 4, apresentado a seguir.
Retomando a estrutura proposta
_______________________________
PRESSUPOSTOS QUANTO À
ECT ECM VBR COMPLEMENTARIDADE
ECT, ECM E VBR
_______________________________
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