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P ROCESSO C IVIL 1
EDUARDO SCARPARO,
Doutor em Direito Processual Civil pela UFRGS.
Professor Adjunto de Direito Processual Civil na UFRGS.
Advogado em Porto Alegre (RS).
scarparo@ufrgs.br
Abstract: The paper introduces the notion of ethos as one of the convincing elements exposed by
rhetorical studies. It presents some projections that this rhetorical concept performs in current
judicial processes. From that point on, it works on the subject's procedural behavior, accounting
for its relevance in the judgement due to typical rules in the CPC/2015, as well as the opening of
atypical evidence in Brazilian legislation.
Keywords: ethos, rhetoric. Civil procedure, procedural behavior, evidence judgment, atypical
proff.
1
Texto originalmente publicado em SCARPARO, Eduardo. Ethos e comportamento processual como prova
no direito processual civil. Revista de Processo, n. 273, p. 43-67, nov. 2017.
SUMÁRIO. I. I NTRODUÇÃO . II. E THOS . III. O COMPORTAMENTO DA PARTE E SUA FUNÇÃO
PROBATÓRIA . IV. C ONSIDERAÇÕES FINAIS . V. R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS .
I. INTRODUÇÃO
2
Mesmo para processualistas, o termo é polissêmico. Afinal, ora se afirma ser prova o resultado de uma
valoração sobre a instrução – a prova indica que o réu é inocente –, ora como o material físico que conduz
dada informação – o contrato é a prova de que se deu o empréstimo –, ora como as técnicas de produção
probatória – prova testemunhal, prova documental, prova pericial etc –, ora como atividade lógica do juiz.
“A palavra prova, em processo, mas também em outros ramos da ciência, pode assumir diferentes
conotações. Pode significar os instrumentos de que se serve o magistrado para o conhecimento dos fatos
submetidos à sua análise, quando se pode falar em prova documental, prova pericial etc. Também pode
representar o procedimento por meio do qual tais instrumentos de cognição se formam e são recepcionados
pelo juízo – esse é o espaço em que se alude à produção da prova. De outra parte, prova também pode dar
a ideia da atividade lógica, celebrada pelo juiz, para conhecimento dos fatos. E, finalmente, tem-se como
prova ainda o resultado da atividade lógica do conhecimento”. MARINONI, Luiz Guilherme,
ARENHART, Sérgio Cruz. Prova. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p. 57.
3
“Na realidade, o orador dispõe de dois tipos de provas: as atekhnai, ou seja, extra-retóricas, e as entekhnai,
ou seja intra-retóricas. Vamos denominá-las, respectivamente, extrínsecas e intrínsecas (no Século XVII,
eram traduzidas por naturais e artificiais). As provas extrínsecas são as apresentadas antes da invenção:
testemunhas, confissões, leis, contratos, etc. Do mesmo modo, num discurso epidíctico, tudo o que se sabe
da personagem cujo elogio se faz. As provas intrínsecas são as criadas pelo orador, dependem, pois, de seu
método e de seu talento pessoal, são sua maneira própria de impor seu relatório” REBOUL, Olivier.
Introdução à retórica. 2ª. ed. . São Paulo: Martins Fontes, 2004, p. 49-50.
4
“As provas extrínsecas (independentes, extratécnicas ou inartificiais) são aquelas que têm sua fonte numa
circunstância externa. Não são ensinadas pela retórica, mas sim colhidas no mundo exterior e utilizadas em
benefício dos propósitos do orador. São eventuais e variáveis e dependem, sempre, de outras esferas do
conhecimento”. FERREIRA, Luiz Antonio. Leitura e persuasão: princípios de análise retórica. 1ª ed.
São Paulo: Contexto, 2010, p. 79.
testemunha, o contrato assinado pelas partes, a citação de um excerto doutrinário
constante em livro jurídico ou, entre outros incontáveis exemplos, o texto constante da lei
são boas referências 5.
Ditos fatos da vida podem existir mesmo sem um discurso com finalidade
persuasiva, como se dá quando a digital na taça não gera maior interesse que o de um fato
da vida corriqueiro e, por isso, não embasa qualquer pretensão de adesão a uma tese.
Porém, adquirem o condão de operarem como fatores de persuasão se forem carregadas
por meio de um discurso. E nesse campo são bastante utilizados para provar uma intenção,
assegurar a verdade de um fato ou ideia e para apontar, dentro do possível, a
verossimilhança das alegações, conforme a disposição do auditório 6. São, assim,
elementos estranhos ao discurso, mas que apenas por meio dele podem adquirir um
sentido persuasivo.
5
Como se nota, salvo se a matéria de fato controvertida disser respeito com a autoria da citação, dificilmente
o excerto doutrinário se enquadrará no conceito probatório próprio do direito processual, valendo-se o
mesmo para o teor do texto da lei.
6
FERREIRA, Luiz Antonio. Leitura e persuasão: princípios de análise retórica. 1ª ed. São Paulo:
Contexto, 2010, p. 80.
7
“A retórica distingue três meios de ‘provar’ pela fala, isto é, de validar uma opinião aos olhos de um
auditório concreto: o logos (provas proposicionais), o ethos e o pathos (provas não proposicionais); nos
dois últimos casos, ‘prova’ é tomada no sentido de meio de persuasão”. PLANTIN, Christian. A
Argumentação: história, teorias, perspectivas. 1ª ed. . São Paulo: Parábola Editorial, 2008, p. 111.
proposições e suas expressões, podendo se mostrar sob o molde de silogismos, entimemas
8
, analogias e exemplos.
II. ETHOS
8
“Raciocínio quase-dedutivo, análogo por estrutura ao silogismo lógico, mas diferente deste por falta
de necessidade lógica. Pode se apresentar como um silogismo cujas premissas são apenas verossímeis, em
vez de verdadeiras (Aristóteles), ou como um silogismo a que falta uma das duas premissas, ou até mesmo
a conclusão, tendo este último caso um valor puramente enfático”. PLEBE, Armando, EMANUELE, Pietro.
Manual de Retórica. 1ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 191.
Toda proposição parte de um emissor que terá sua credibilidade avaliada
pelo auditório como fator de influência para a acolhida ou rejeição de uma tese. Esse fator
persuasivo – compreendido como a forma como o auditório vê o orador – dá significado
à noção de ethos, reproduzindo um caráter, uma honra e uma virtude daquele que enuncia.
9 - 10
Com isso o orador produz confiança no auditório . Dito elemento é de extrema
importância, tanto que a retórica aristotélica refere ser o ethos como “o mais eficiente
meio de persuasão de que se dispõe”11.
9
MEYER, Michel. Questões de Retórica: Linguagem, razão e sedução. 1ª ed. Lisboa: Edições 70, 2007,
p. 28.
10
DEMO, Wilson. Retórica e Argumentação. 1ª ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2014, p. 99.
11
ARISTÓTELES. Retórica. 1ª ed. São Paulo: Edipro, 2013, p. 45. (Ret, I, 1356a).
12
Nesse sentido, a tradução de Edson Bini, entre outras: “A confiança suscitada pela disposição do orador
provém de três causas, as quais nos induzem a crer em uma coisa independentemente de qualquer
demonstração: a prudência, a virtude e a benevolência”. Ibid., p. 122. (Ret, II, 1378a).
13
EGGS, Ekkehard. Ethos aristotélico, convicção e pragmática moderna. In: Amossy (Ed.). Imagens de si
no discurso: a construção do ethos. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2016, p.29-56, p. 37.
14
A propósito, os elogios são geralmente persuasivos apenas quando decorrem de terceiros, pois o auto-
elogio usualmente produz um efeito deplorável e negativo ao próprio ethos do orador. “Hoje, o elogio que
o orador fizesse de sua própria pessoa nos pareceria o mais das vezes deslocado e ridículo. Comumente, o
presidente da sessão assume esse papel, mas na maioria dos casos o orador é conhecido, seja porque fala
perante um auditório familiar, seja porque se sabe quem é ele, por meio da imprensa e de todas as formas
modernas de publicidade. A vida do orador, na medida em que é pública, constitui um longo preambulo a
seu discurso”. PERELMAN, Chäim, LUCIE OLBRECHTS-TYTECA. Tratado da argumentação: a
nova retórica. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 364.
quando o apresentador goza também de crédito junto ao público 15. Esse é um exemplo
simples de como a força do ethos opera em um discurso persuasivo: dar credibilidade e
proporcionar uma aceitabilidade das razões pela imagem que o auditório tem do orador.
15
“O etos do orador torna-se propriedade da pessoa que o apresenta ao público, e um potencial problema
retórico pode ocorrer. A pessoa que faz a sua apresentação cria o clima que contextualiza o início de sua
fala, e isso pode ser significativo na definição da atitude inicial do público. Tenha atenção redobrada ao
que você gostaria que fosse dito a seu respeito e certifique-se de que a pessoa que o apresentará está
preparada para tal missão”. CAMPBELL, Karlyn Kohrs, HUXMAN, Susan Schultz, BURKHOLDER,
Thomas. Atos de retórica: para pensar, falar e escrever criticamente. 1ª ed. São Paulo: Cengage
Learning, 2015, p. 217.
16
Referindo a influência de poder social em atos retóricos, Karlyn Campbell, Susan Huxman e Thomas
Burkholder assumem uma possível explicação por conta do ethos: “No papel do aluno, você depende de
seu professor de forma significativa; seu professor tem poder e o relacionamento entre ambos é desigual.
Sua competência para finalizar um curso de graduação e o alcance de uma média dependem, em parte, de
seu professor, e esse poder adicional pode aumentar a capacidade dele de influenciar suas atitudes, pelo
menos durante o curso”. Ibid., p. 222.
17
TOULMIN, Stephen. Os usos do argumento. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 15-16.
18
“Passamos do mundo da propaganda ao da publicidade: a propaganda desenvolvia argumentos para
valorizar o produto, a publicidade põe em primeiro plano o corpo imaginário da marca que supostamente
Valendo-se do exemplo engendrado por Victor Rodríguez 19, pense-se no comercial de
chuteiras, no qual aparece um famoso jogador de futebol. O raciocínio não é
necessariamente explícito, mas se deduz que se o atleta usa essa marca de chuteiras é
porque a chuteira é excelente como o próprio esportista.
Nesse exemplo fica bem claro como o ethos age retoricamente valendo-se
das noções de empatia, identificação e transferência 20. Note-se que se há um ídolo, há
uma referência de condutas a influenciar comportamentos. O consumidor, além de
reconhecer no produto as qualidades do ídolo também pode pretender possuir as mesmas
qualidades e o produto as possibilitaria tanto obtê-las em alguma medida, como
compartilhar abstratamente o uso com o esportista, ainda que em um cenário de fantasia.
Há, nessa linha, um encaminhamento persuasivo a partir de afetos.
está na origem do enunciado publicitário”. MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do Ethos. In: Motta
and Salgado (Ed.). Ethos discursivo. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2015, p.11-32.
19
RODRÍGUEZ, Victor Gabriel. Argumentação Jurídica: técnicas de persuasão e lógica informal. São
Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 25.
20
PLANTIN, Christian. A Argumentação: história, teorias, perspectivas. 1ª ed. . São Paulo: Parábola
Editorial, 2008, p. 112.
21
RODRÍGUEZ, Victor Gabriel. Argumentação Jurídica: técnicas de persuasão e lógica informal. São
Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 26.
das teses que desenvolve. Isso envolve diretamente a temática da viabilidade de o
comportamento processual servir como fonte de prova.
22
Nesse sentido, MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do Ethos. In: Motta and Salgado (Ed.). Ethos
discursivo. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2015, p.11-32. “Todo texto escrito, mesmo que o negue, tem uma
vocalidade que pode se manifestar numa multiplicidade de tons, estando eles, por sua vez, associados a
uma caracterização do corpo do enunciador (e, bem entendido, não do corpo do locutor extradiscursivo), a
um fiador, construído pelo destinatário a partir de índices liberados na enunciação” (p. 17-18).
23
FIORIN, José Luiz. Argumentação. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2016, p. 71.
24
Esse enfrentamento, contudo, compõe uma perspectiva notoriamente contemporânea do tema já que, na
retórica aristotélica, o ethos é essencialmente discursivo, sendo irrelevantes para sua construção dados
estranhos ao discurso: “Esse tipo de persuasão, semelhantemente aos outros, deve ser conseguido pelo que
é dito pelo orador, e não pelo que as pessoas pensam acerca de seu caráter antes que ele inicie o discurso”
ARISTÓTELES. Retórica. 1ª ed. São Paulo: Edipro, 2013, p. 45. O entendimento aristotélico não é de
todo silenciado contemporaneamente, como se vê em: “Quando um professor diz eu sou muito competente,
está explicitando uma imagem sua no enunciado. Isso não serve de prova, não leva à construção do éthos.
O caráter de pessoa competente constrói-se na maneira como organiza as aulas, como discorre sobre os
temas etc. À medida que ele vai falando sobre a matéria, vai dizendo sou competente”. FIORIN, José Luiz.
Argumentação. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2016, p. 70.
entanto, o ethos discursivo é que ganha projeção e importância, sendo ele formado a partir
da enunciação 25. Nesse campo situa-se com maior interação a relação entre ethos e logos.
O orador se posiciona de determinada forma na apresentação discursiva e esse modo de
agir expõe seu caráter ético. Note-se que, ainda que se trate de um advogado e professor
consagrado na tribuna, se o discurso apresentado é manifestamente inadequado, a
credibilidade pré-discursiva será afetada e agirá decisiva e negativamente na identificação
de um ethos efetivo. Por outro lado, se a postura e adequação do discurso se mostram
excelentes, ainda mais persuasivo será o ethos para aquele auditório.
25
“Uma argumentação vergonhosa, fraca ou incoerente, só pode prejudicar o orador; o vigor do raciocínio,
a clareza e a nobreza do estilo predisporão, em contrário, a seu favor”. PERELMAN, Chäim, LUCIE
OLBRECHTS-TYTECA. Tratado da argumentação: a nova retórica. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes,
2005, p. 364.
26
DASCAL, Marcelo. O ethos na argumentação: uma abordagem pragma-retórica. In: Amossy (Ed.).
Imagens de si no discurso: a construção do ethos. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2016, p.57-68, p. 63.
No exemplo dado por Marcelo Dascal, a credibilidade no orador ocupa o
papel de uma premissa de um raciocínio incompleto, ou a modalidade aristotélica
identificada com o entimema. No enfoque dado, o comportamento do orador interfere e
gera crenças de não contradição e autoridade, servindo essa ligação como um ponto
argumentativo racional.
A postura do orador não pode ser contraditória com o discurso, nem com
as circunstâncias. Conforme Aristóteles, “não devemos falar vulgarmente de assuntos
importantes, nem solenemente de assuntos triviais”, não se olvidando que a “maneira de
demonstrar a tese através da exibição dos signos de sua autenticidade revela o caráter
pessoal do orador”. Cada gênero de orador 27
apresentam uma forma particular de
manifestar a verdade 28.
27
Esclarece-se que para o filósofo o termo é usado como: menino, homem, velho, novo, mulher, homem
etc.
28
ARISTÓTELES. Retórica. 1ª ed. São Paulo: Edipro, 2013, p. 227. (1408A)
29
PERELMAN, Chäim, LUCIE OLBRECHTS-TYTECA. Tratado da argumentação: a nova retórica.
2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 297. Especificamente sobre o argumento de autoridade, ver p.
333-372.
30
Ibid., p. 355.
Isso significa que quanto mais insegura é a consideração dita racional pelo
logos, mais intenso é o fator do ethos para a tomada de decisão. Na ausência de elementos
de confirmação, a credibilidade do orador ocupa o papel racional preponderante, sendo
razoável sustentar que a melhor decisão a tomar é, de fato, aderir à proposição daquele
que se apresenta coerente, razoável e fidedigno.
31
ARISTÓTELES. Retórica. 1ª ed. São Paulo: Edipro, 2013, p. 45.
32
MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do Ethos. In: Motta and Salgado (Ed.). Ethos discursivo.
1ª ed. São Paulo: Contexto, 2015, p.11-32, p. 29.
33
EGGS, Ekkehard. Ethos aristotélico, convicção e pragmática moderna. In: Amossy (Ed.). Imagens de si
no discurso: a construção do ethos. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2016, p.29-56, p. 31.
34
“O destinatário atribui a um locutor inscrito no mundo extradiscursivo traços que são em realidade
intradiscursivos, já que são associados a uma forma de dizer. Mais exatamente, não se trata de traços
estritamente intradiscursivos porque, como vimos, também intervém em sua elaboração dados exteriores à
fala propriamente dita (mímicas, trajes...)”. MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do Ethos. In: Motta
and Salgado (Ed.). Ethos discursivo. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2015, p.11-32, p. 14.
35
MCCOY, Marina. Platão e a retórica de filósofos e sofistas. 1ª ed. . São Paulo: Madras, 2010, p. 90.
36
Consoante indica Plantin, a identidade do autor é construída a partir do desenvolvimento do discurso,
inclusive mediante dados idiossincráticos do orador. Em seus termos: “a identidade ética é construída a
partir de traços idiossincráticos de todos os níveis, a voz, poderoso vetor de atração/repulsão, os usos
lexicais, a sintaxe, o modo de gaguejar, as brincadeiras favoritas etc”. PLANTIN, Christian. A
Argumentação: história, teorias, perspectivas. 1ª ed. . São Paulo: Parábola Editorial, 2008, p. 113.
daquelas que dessas derivam e sucedem 37. A prática da argumentação, com a sujeição de
uma postura ética dos oradores a fim de se submeterem às regras de argumentação
racional condizem com um qualificativo do próprio ethos, como projetor de uma
racionalidade no logos.
Nessa conta, assume-se que o ethos retórico tem uma vinculação com o
caráter racional do discurso. A credibilidade que assume o orador diz respeito com sua
atuação discursiva que transmita confiança, com conselhos sábios, razoáveis e
conscientes; tendo um orador que se mostre sincero, honesto e equânime, além de
solidário, amável e obsequioso com o auditório 38.
37
“(1.1) Nenhum orador pode se contradizer; (1.2) Todo orador apenas pode afirmar aquilo que crê; (1.3)
Todo orador que aplique um predicado F a um objeto A tem de estar preparado para aplicar F a todo objeto
que seja semelhante a A em todos os aspectos importantes e, (1.4) diferentes oradores não podem usar a
mesma expressão com diferentes significados”. Propõe o autor igualmente uma regra geral de justificação:
“(2) Todo orador tem de dar razões para o que afirma quando lhe pedem para fazê-lo, a menos que possa
citar razões que justifiquem uma recusa em dar uma justificação”, desenvolvimento em seguida novas
regras de participação e liberdade de discussão “(2.1) Qualquer pessoa que possa falar pode participar de
um discurso (...) (2.2) (a) Todos podem transformar uma afirmação em um problema. (b) Todos podem
introduzir qualquer afirmação no discurso. (c). Todos podem expressar suas atitudes, desejos e
necessidades”. Sustenta igualmente que “(2.3) Nenhum orador pode ser impedido de exercer os direitos
estabelecidos em (2.1) e (2.2) por qualquer tipo de coerção interna ou externa ao discurso”. (fl. 190).
Introduz, ainda, regras de partilha da carga de argumentação: “(3.1) Quem se propõe a tratar a pessoa A
diferentemente da pessoa B é obrigado a dar justificação por fazer isso” (...) “(3.2) Quem ataca uma
afirmação ou norma que não é sujeito da discussão precisa apresentar uma razão para fazer isso” (...) “(3.3)
quem apresentou um argumento só é obrigado a apresentar outros no caso de surgirem argumentos
contrários” e, finalmente, “(3.4) quem introduzir uma afirmação ou faz uma manifestação sobre suas
atitudes, desejos e necessidades num discurso, que não vale como um argumento em relação a uma
manifestação anterior, precisa justificar a interjeição quando lhe pedirem para fazê-lo”. ALEXY, Robert.
Teoria da Argumentação Jurídica. 2ª ed. São Paulo: Landy, 2001, p. 187-194.
38
EGGS, Ekkehard. Ethos aristotélico, convicção e pragmática moderna. In: Amossy (Ed.). Imagens de si
no discurso: a construção do ethos. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2016, p.29-56, p. 37.
39
ARISTÓTELES. Retórica. 1ª ed. São Paulo: Edipro, 2013, p. 45. (1356a: 4-12).
O ethos contribui para que o discurso seja ouvido com interesse e
benevolência, dado que o fato de o orador gozar de prestígio junto ao auditório é de grande
valia para um contexto de aceitação discursiva. Contudo, não basta o orador gozar de bom
conceito, é importante que o próprio discurso valorize esse caráter. Percebe-se com isso
que a representação formada pelo ethos é dinâmica, na medida em que é construída a
partir do discurso, por seu destinatário através “do movimento da própria fala do locutor”,
sendo, por isso, uma “experiência sensível do discurso”, mobilizando o auditório 40. Não
há pensar orador dissociado do discurso já que o próprio conduzir da argumentação
pressupõe revalorizações constantes do ethos 41. Aquele que busca persuadir deve buscar
não somente se conformar com o ethos que o auditório lhe atribui originariamente, mas
agir diretamente para construir uma posição de credibilidade que seja benéfica na
apresentação de suas teses.
40
MAINGUENEAU, Dominique. A propósito do Ethos. In: Motta and Salgado (Ed.). Ethos discursivo.
1ª ed. São Paulo: Contexto, 2015, p.11-32, p. 14.
41
“Aquele que faz concessões é moderado/fraco, aquele que não as faz é rigoroso/sectário; aquele que
invoca autoridades é um dogmático, aquele que utiliza argumentos pelas consequências é um pragmático
etc” PLANTIN, Christian. A Argumentação: história, teorias, perspectivas. 1ª ed. . São Paulo: Parábola
Editorial, 2008, p. 113.
que a versão trazida aos autos pela contraparte seja mais ou menos fidedigna. Contudo, a
ausência da parte determina uma consequência probatória importante no processo civil
brasileiro, dado que dá margem à aplicação da pena de confissão, com valor probatório
evidente (CPC/2015. Art. 385, §1º). Esse é um exemplo efetivamente simples e
tradicional de um comportamento da parte – sua ausência em audiência – que produz
efeitos e valor probatório, dado que dá ensejo à aplicabilidade das noções de confissão,
tipicamente reguladas na legislação processual civil.
42
Sustentou Darci Guimarães Ribeiro que são diversas as razões para a acolhida do comportamento das
partes como meio de prova legítimo no direito brasileiro, elencando: a preferência ao princípio dispositivo
em sentido substancial; a adoção irrestrita do princípio da lealdade, a adoção do sistema de persuasão
racional, o qualificativo de meio legal e moralmente legítimo da análise do comportamento das partes, o
sentido social atribuível ao processo, a discricionariedade do ato jurisdicional e a tendência em considerar
a prova judiciária como uma manifestação de probabilidade. RIBEIRO, Darci Guimarães. Provas Atípicas.
1ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998, p. 125-127.
43
“A verdade é que o comportamento processual da parte vem sempre combinado com outras fontes e
jamais se apresenta como única prova. Esta ponderação se justifica porque o juiz sente, ao emitir uma
decisão a falta de uma base suficiente para julgar porque aquele comportamento não é geralmente um meio
de prova plenamente eficaz. Tratando-se de fonte de presunção, não há que se dizer da existência de uma
forma unívoca de ser entendida”. FAVARETTO, Isolde. Comportamento processual das partes como
meio de prova. 1ª ed. Porto Alegre: Livraria Acadêmica, 1993, p. 56.
O problema em exame mostra-se essencialmente pertinente quando diante
da atipicidade das provas, dado que não há grande divergência sobre a vigência e
aplicabilidade das formas típicas de sancionar o comportamento processual da parte para
fins de valoração da prova. Por conta disso, é imperioso ter em conta que a discriminação
das condutas das partes passíveis de assumir esse papel na valoração da prova pelo juiz
não podem ser realizadas com completude em um cenário ideal, uma vez que dependem
de uma série de fatores para sua intepretação e apreensão. A atipicidade é uma
característica impositiva da consideração do comportamento da parte. Ainda assim,
algumas circunstâncias podem ser ponderadas como relevantes 44.
44
“Nós confiamos em pessoas cujo comportamento demonstra um compromisso sistemático com certos
princípios; por outro lado, somos cautelosos com aqueles que mudam repentinamente de posição”.
CAMPBELL, Karlyn Kohrs, HUXMAN, Susan Schultz, BURKHOLDER, Thomas. Atos de retórica:
para pensar, falar e escrever criticamente. 1ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2015, p. 215.
45
PITT, Gioconda Fianco. A prova indiciária e convencimento judicial no processo civil. Programa de
Pós-Graduação em Direito. Porto Alegre: UFRGS. Mestrado Acadêmico 2008, p. 136-137.
46
Acerca das atuações processuais ímprobas e consequências a um ambiente permeado pelas máximas de
boa-fé objetiva, com destaque à criação de situações processuais capciosas, a violação à máxima de
proibição de venire contra factum proprium, com projeções sobre perda e abuso de faculdades processuais.
ZEISS, Walter. El dolo procesal: aporte a la precisacion teoria de una prohibicion del dolo en el
proceso de cognicion civilistico. 1ª ed. Buenos Aires: EJEA, 1979.
elementos do processo ou com regras de experiência objetiva, são fatores de integração
para credibilidade da prova 47.
47
“No contexto de um julgamento, tanto criminal quanto civil, um advogado experiente nunca irá perder
de vista a crucial importância de manter a confiança do juiz na sua credibilidade e na de suas testemunhas.
Se aquele que decide conclui que não se deve crer em uma testemunha relativamente a um assunto, então,
conforme a natureza humana, aquele que decide irá olhar o restante do testemunho através de lentes de
elevado ceticismo, senão intransponível descrença”. (em tradução livre) TRACHTMAN, Joel. The tools
of argument: how the best lawyers think, argue and win. 1ª ed. North Charleston: CreateSpace, 2013,
p. 172.
48
GUEDES, Jefferson Carús. O princípio da oralidade. 1ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003, p.
59. A defesa é extremamente antiga e enraizada na cultura do direito brasileiro, constando inclusive na
Exposição de Motivos do CPC/1939, como se observa das considerações sobre a valoração da prova pelo
juiz, em larga defesa do princípio da oralidade: “Qual o grau de valor que conferirá ao depoimento das
testemunhas e das partes, se não as viu e ouviu, se não seguiu os movimentos de fisionomia que
acompanham e sublimam as palavras, se no escrito não encontra a atmosfera que envolvia no momento, o
autor do depoimento, as suas palavras ou o seu discurso? Que juízo formará sobre a situação dos lugares e
a condição das cousas, descritas no laudo pericial, se de uma e de outra não tem nenhuma impressão
pessoal?”
49
THEODORO JR, Humberto. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2005, p.
539-540.
A divergência dessa posição se dá pela consideração de que dentre os itens
da listagem ofertada pelo professor mineiro, se observa ao mesmo tempo dados
imprescindíveis à valoração da prova testemunhal, como também elementos de cunho
bastante subjetivo ao magistrado, que são contrários ao sistema de persuasão racional, na
perspicaz crítica de Daisson Flach:
A parte isso, ainda que algumas das condutas supra sejam referidas como
passíveis de sanção processual por conta de litigância de má-fé (CPC/2015. Art. 80) 51,
ou possam significar abuso do direito de defesa e, consequentemente suporte a
antecipações de tutela fundadas em evidência (CPC/2015. Art. 311, I), balizar a
(in)admissibilidade de juntada de documentos tardiamente (CPC/2015. Art. 435,
parágrafo único), não se mostra impossível verificar consequências na valoração
probatória quando do julgamento da causa.
50
FLACH, Daisson. Motivação dos juízos fático-probatórios no novo CPC brasileiro. In: Jobim and
Ferreira (Ed.). Direito Probatório. 1ª ed. Salvador: Jus Podivm, 2015 , p. 764. Também faz constar o
jurista: “A timidez, o temor reverencial, a precariedade da linguagem, o momento emocional do depoente
ou mesmo do juiz – que pode não guardar nenhuma relação com o tema do depoimento – e outras tantas
variáveis, fazem com que a precisão dessa ‘leitura’ não seja mais do que uma esperança. Ainda que se diga
que o filtro da experiência, da agudeza de espírito, habilita o magistrado a tanto, tratar-se-ia de constatação
cuja consistência precisaria ser aferida com maior critério. Não consta, ademais, que recebam os
magistrados, pelo menos no Brasil, formação em psicologia, psicanálise, teoria da linguagem, apta à
apreensão, com níveis satisfatórios de segurança, do significado concreto desses difusos e inespecíficos
sinais”. (p. 764)
51
Para um exame pormenorizado dessas e de uma série de condutas reputadas de má-fé e respectivas
consequências pela ótica da repressão da improbidade processual, ver MILMAN, Fabio. Improbidade
Processual: comportamento das partes e de seus procuradores no processo civil. 2ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2009.
de prazos próprios e impróprios, na postura adequada em juízo etc. Esses comportamentos
condizem igualmente com o papel dos advogados 52. Em suma, o planejamento de atuação
condiz com assumir a postura desejada por um ambiente processual permeado por boa-fé
(CPC/2015. Art. 5º) e colaboração (CPC/2015. Art. 6º).
52
“Comportamento processual é um modo de agir em juízo; do ponto de vista da guia (o defensor), é modo
de conduzir a causa; isso portanto, se é em gênero determinado e controlado em vista a um fim, a vitória na
lide, pode ser por vezes determinado por caráteres não somente da parte, mas também de seu defensor e do
seu procurador” GORLA, Gino. Comportamento processuale delle parti e convincimento del giudice.
Rivista di Diritto Processuale, v. XII, 1935, p. 29.
53
RIBEIRO, Darci Guimarães. Provas Atípicas. 1ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998, p. 124.
54
Em tradução livre: “Quem conhece um pouco a vida judiciária ouve a grande influência que sobre o juízo
exerce o comportamento processual das partes: sobre o juízo, mais precisamente nas questões de fato (e
também, as vezes, também nas questões de direito, quando o silogismo jurídico do juiz perde muito do seu
rigor)”. GORLA, Gino. Comportamento processuale delle parti e convincimento del giudice. Rivista di
Diritto Processuale, v. XII, 1935, p. 24.
55
FERREIRA, William Santos. Princípios Fundamentais da Prova Cível. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014, p. 78.
56
FAVARETTO, Isolde. Comportamento processual das partes como meio de prova. 1ª ed. Porto
Alegre: Livraria Acadêmica, 1993, p. 22.
57
“Em verdade, o assunto exibindo grande interesse prático, parece não ter preocupado os nossos
processualistas, ainda que a atitude e as atividades das partes e de seus procuradores nem sempre fiquem
limitadas a impressionar, subjetivamente, o magistrado (o que já seria sumamente valioso), podendo até
representar dado concreto de convencimento e prova”. AHRENDS, Ney da Gmaa. Comportamento
processual da parte como prova. Revista da Ajuris, v. 06, p. 74-79, 1976, p. 77.
argumentos de prova, consoante as respostas dadas pelas partes em interrogatório livre,
na refutação de submissão a exames ordenados e, em geral, “do comportamento das
próprias partes no processo” 58
58
“A atividade (como espécie do gênero comportamento) das partes e por conseguinte, na maneira
particular mas não apenas de suas declarações atinentes aos fatos, quando não podem entrar nos esquemas
formais da confissão ou do juramento, podem ser consideradas, sem embargo pelo juiz, como provas
indiretas (indiciárias) ou seja, como fatos conhecidos dos quais a verdade, ainda que não possa ser própria
e diretamente representada pode, sem embargo, ser argumentada”. CAPPELLETTI, Mauro. La oralidad y
las pruebas en el proceso civil. 1ª ed. Buenos Aires: EJEA, 1972, p. 150-152.
59
PICARDI, Nicola. Manuale del Processo Civile. Milano: Giuffrè, 2006, p. 289.
60
TARUFFO, Michele. La prueba de los hechos. 2ª ed. Bologna: SEPS, 2005, p. 484.
61
Ibid., p. 486.
62
O comportamento das partes opera na contextualização da tomada de decisão a partir de um ambiente
retoricamente considerado. Ainda que sem referir a conceitos e noções de retórica, Isolde Favaretto usa-se
da expressão “clima” para designar esse ambiente de decisão: “Ao se falar sobre a valorização da prova
vem em mente a ligação direta que este fato tem com a decisão judicial, porque cabe ao juiz, para o seu
convencimento, valorizar esta ou aquela prova. O aspecto aqui focado leva em conta que o comportamento
da parte é um elemento de valorização da prova. O clima criado em juízo pela forma de agir das partes é
que deve servir ao julgador para suas decisões, aliado às circunstâncias de outras provas”. FAVARETTO,
Isolde. Comportamento processual das partes como meio de prova. 1ª ed. Porto Alegre: Livraria
Acadêmica, 1993, p. 52.
produzida 63. Apesar disso, também se admite que o simples comportamento processual
da parte pode sustentar decisão judicial, quando produzir um forte juízo sobre o fato 64.
63
“Quando forem praticadas condutas contraditórias, dentro ou fora de uma mesma sede processual, que
afrontem a boa-fé objetiva, e que sirvam à valoração judicial de modo a influenciarem no julgamento da
demanda, é possível que a valoração da conduta se posicione como uma consequência do venire processual
das partes (...) Isso ocorre quando da apresentação de defesa incompatível, permitindo-se que o juiz valore
a conduta contraditória, tornando ineficaz ao seu convencimento a apresentação daquela mais favorável ao
sujeito em contradição. O mesmo pode ocorrer – e ocorre com frequência, muitas vezes sem que o julgador
anuncie que está valorando a conduta da parte, simplesmente fazendo-o – quando há conduta contraditória
praticada fora da sede processual, como, por exemplo, uma confissão, uma declaração em um boletim de
ocorrência, uma afirmação feita em outro processo, tudo de forma a contradizer alegações feitas pelas partes
no processo. Nesses casos, o juízo pode presumir verdadeira a versão que menos favorece o agente da
contradição, competindo a ele fazer prova em sentido contrário”. TUNALA, Larissa Gaspar.
Comportamento processual contraditório: a proibição do venire contra factum proprium no direito
processual civil brasileiro. 1ª ed. Salvador: Jus Podivm, 2015, p. 308.
64
RICCI, Gian Franco. Prove e argomenti di prova. Rivista Trimestrale di Diritto e Procedura Civile,
v. v. 42, n. 3-4, p. 1036-1104, 1988, p. 1041-1042.
65
TARUFFO, Michele. La prueba de los hechos. 2ª ed. Bologna: SEPS, 2005, p. 487.
66
“A teoria também pode recolher outras situações derivadas do comportamento extraprocessual das partes.
Nesse sentido, pense-se em ação aforada no último dia do prazo prescricional, em situação de venire contra
factum proprium, quando, para o réu, sejam inalcançáveis as provas outrora disponíveis. Nesse caso, parece
legítimo redistribuir o ônus, a partir da impossibilidade imposta ao demandante diante do comportamento
da outra parte”. KNIJNIK, Danilo. A prova nos juízos cível, penal e tributário. 1ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2007, p. 178.
67
TUNALA, Larissa Gaspar. Comportamento processual contraditório: a proibição do venire contra
factum proprium no direito processual civil brasileiro. 1ª ed. Salvador: Jus Podivm, 2015, p. 308.
Finalmente, não se pode deixar de fazer a anotação de que os
comportamentos das partes assumem papel na valoração da prova de forma
absolutamente díspar em se tratando de processo civil ou penal, concentrando-se esse
ensaio nas projeções cíveis do tema. Afinal, no processo penal, vige o direito fundamental
da presunção de inocência, exigindo entre outras providências um standard probatório
mais elevado para julgamento – prova além da dúvida razoável –. Esse aspecto
desaconselha ou ao menos diminui exponencialmente essa função na persecução penal.
Em exemplo singelo, não se condena porque o preso provisório ou temporário intentou
fuga ou permaneceu silente no interrogatório.
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS