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No’ mais, Musa, no’ mais,

que a Lira tenho

Destemperada é a voz
enrouquecida,

E não do canto, mas de ver


que venho.

Camões, Os Lusíadas.

O mercado editorial direciona a


leitura do público. Muitas vezes
lemos por impulso de modismos,
os grandes campeões de vendas
não necessariamente são os
melhores escritos. Acreditamos
que a busca pelo lucro influencia
na qualidade/diversidade.

É nesse cenário, pouco


heterogêneo, que surge a Tessa.

Nossas publicações visam


apresentar escritos que não
figuram entre os mais
conhecidos, grandes nomes
esquecidos ou pouco divulgados
e conteúdos didático-
pedagógicos aplicados à
aprendizagem.

Tessa - books.

Velhos conceitos que inovam.


Tessa - books

Velhos conceitos que inovam

Ficha catalográfica

____________________________________________

FREITAS, Alexandre de. Cravinhos: contribuições históricas e


geográficas. São José do Rio Preto: Tessa, 2012.
____________________________________________

1. História e geografia. 2. Cravinhos. 3. Educação.

CDD 900.910.370

__________________________________________
Alexandre de Freitas

Cravinhos: contribuições históricas e


geográficas

1ª edição.

São José do Rio Preto

Alexandre de Freitas

2012
AGRADECIMENTOS:
Ao povo de Cravinhos, que me recebeu de braços abertos;

Aos meus filhos: Pablo e Alícia, eternos tesouros.


Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 9
PARTE I. ANÁLISES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS. ......................................................................... 11
CAPÍTULO I. BASES HISTÓRICAS DO SURGIMENTO. ....................................................................... 12
CAPÍTULO II. A REORGANIZAÇÃO REGIONAL IMPULSIONADA POR MUDANÇAS NACIONAIS E
INTERNACIONAIS. .................................................................................................................. 20

CAPÍTULO III. A INSERÇÃO DE CRAVINHOS NA HIERARQUIA URBANA REGIONAL E NACIONAL. .............. 24


CAPITULO IV. GEOGRAFIA DE CRAVINHOS. ................................................................................ 27
PARTE II. SUBJETIVIDADE E IMAGÉTICA DE LUGARES EM CRAVINHOS. ............................................. 34
CAPÍTULO V. PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA E SUBJETIVIDADE DO ESPAÇO URBANO CRAVINHENSE. ........ 35
CAPÍTULO VI. A IGREJA SÃO BENEDITO. .................................................................................... 37
Capítulo VII. A Igreja São José - a matriz de Cravinhos. .................................................... 39
CAPÍTULO VIII. RUA XV DE NOVEMBRO. ................................................................................... 41
CAPÍTULO IX. PRÉDIOS NA REGIÃO CENTRAL DE CRAVINHOS: OS RESQUÍCIOS DE UM PASSADO............ 43
CAPÍTULO X. O CEMITÉRIO DE CRAVINHOS. ............................................................................... 46
CAPÍTULO XI. ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DE CRAVINHOS. ............................................................... 49
CONSIDERAÇÕES FINAIS. ......................................................................................................... 52
BIBLIOGRAFIA. ...................................................................................................................... 53
SOBRE O AUTOR. ................................................................................................................... 55
INTRODUÇÃO
Normalmente os livros sobre cidades são escritos por moradores
destas que se sentem atraídos pela aventura de resgatar histórias e fazer
referências às pessoas mais conhecidas da localidade. Essas pessoas, na
maioria das vezes, são moradores antigos que guardam vínculos e têm
uma estrutura familiar enraizada na cidade. Algumas vezes esses
escritores são chamados de memorialistas.
Livros assim surgem principalmente resgatando histórias daquelas
cidades que não figuram entre as grandes capitais e os grandes centros,
ou seja, aquelas cidades pequenas pelas quais guardamos grande afeto,
cidades onde as pessoas se conhecem melhor e existe um contato mais
próximo entre seus moradores.
Particularmente eu dou grande valor a essas pessoas, graças a elas é
que muitas histórias não se perdem. Há quem diga que muitas dessas
histórias não possuem um apurado contato com a ciência, isso é o que eu
não posso afirmar. Suponhamos que não tenham mesmo. Será que o
valor desses trabalhos fica diminuído? Creio que não. A ciência é uma das
formas de conhecimento e também possui suas limitações.
O mais importante nessas obras é a preservação da memória, tão
importante para um povo. As grandes nações sempre fazem referências à
sua memória, aos seus antepassados, a sua história.
Quando cheguei a essa cidade, com meu antigo hábito de ler,
percebi que existia pouca coisa escrita a respeito dela. Mais precisamente
um único livro escrito em 1922, apresentando sinais de deterioração. A
bibliotecária da biblioteca municipal, na sua infinita gentileza, confiou-
me o livro por alguns dias e eu fiquei encantado. Logo pensei: muita coisa
dessa cidade precisa ser resgatada.
Depois de muitas leituras no livro e de posse de algumas
informações, embrenhei-me num árduo caminho pelos sites do IBGE,
algumas revistas de edições históricas e muita observação. O resultado
está nestas humildes páginas. A luta do dia-a-dia, que vem acontecendo
há muito tempo, não me deu longas horas para pesquisar mais a fundo e
fazer um trabalho mais digno para resgatar a história dessa cidade.
Acredito que o resultado tenha sido mediano. Faltaram muitas coisas.
Posso ter falhado em muitos aspectos. Mas, já é um começo.
Aviso o caro leitor que meus vínculos por essa cidade estão se
construindo. Não tenho raízes aqui e me mudei para cá para trabalhar. O
maior incentivo para escrever essa obra veio da percepção da necessidade
de registrar a história e a geografia de uma cidade muito antiga que
possui poucos escritos sobre ela. Se um dia eu voltar para minha cidade
natal, que fique esse livro como presente a todos os cravinhenses que me
9
receberam de braços abertos, pelos quais me dignifico da amizade que
por eles venho construindo.
Por esses motivos que venho explicando, talvez, esse livro tenha
uma abordagem um pouco diferente dos demais. Não foi meu interesse
preservar alguns de críticas e exaltar outros onde eu poderia ter algum
proveito em agradar. Não que o livro é desprovido de análises críticas,
essas aparecem sutilmente e despretensiosamente.
O eixo central do livro é resgatar, selecionar e organizar algumas
informações históricas e geográficas sobre Cravinhos. A primeira parte
foi elaborada com base em bibliografias, usando o único livro sobre a
cidade, duas revistas, outros livros que nos deram subsídios para tal feito
e sites que contribuíram para termos contado com alguns dados e outros
escritos online. A segunda parte, onde eu tento explicar melhor
oportunamente, é mais subjetiva. Leva-se em conta mais a observação,
porém tomei cuidado para não sair dos padrões mínimos aceitos para se
escrever algo que possa servir ao público em geral.
Um dia, não me lembro se li ou me falaram, tive a informação de
que um livro não tem começo nem fim. Ou seja, se alguém quiser
escrever mais coisas que remete a um passado anterior ao que eu escrevi
será possível, ou se alguém quiser aumentar os escritos que estão
contidos aqui com mais dados e mais informações também será possível.
Esse pequeno livro está muito longe de encerrar as possibilidades
de registrar a História e a Geografia sobre Cravinhos, pelo contrário, eu o
vejo como um incentivo para aqueles que, com melhor capacidade e mais
astúcia, poderão honrar a cidade com escritos realmente dignos de
louvores pelo povo cravinhense.
Por enquanto, essa humilde obra vem ao público para cumprir seu
papel de informar e registrar fatos e dados sobre essa cidade. Que minhas
palavras possam dar a contribuição necessária para que esse objetivo seja
alcançado e que o povo cravinhense não se indigne das limitações
contidas aqui.
Prof. Alexandre de Freitas.

10
PARTE I. ANÁLISES HISTÓRICAS E GEOGRÁFICAS.
Nossa intenção nesta parte é fazer um levantamento histórico e
geográfico sobre o município de Cravinhos. Para isso, faremos um
levantamento de fontes bibliográficas: livros, revistas, sites, jornais, etc.
O objetivo principal é capturar, analisar e divulgar informações e dados
sobre o município, colaborando, dessa forma, para
preservação/divulgação da História e Geografia dessa localidade.
O trabalho realizado aqui tem embasamento. Se mais pessoas
desejarem confirmar as informações para contestá-las ou ratificá-las
bastará seguir a bibliografia. Não é trabalho isento de ideologia, até
porque, talvez trabalhos desse tipo não existam, mas não é o intento
principal fazer críticas e generalização profundas e contestadoras,
daremos as informações necessárias àqueles que quiserem prosseguir por
caminhos mais complexos.

11
CAPÍTULO I. BASES HISTÓRICAS DO SURGIMENTO.
O contexto regional em meados do século XIX e início do século
XX.
Neste capítulo analisaremos a estrutura econômica que prevalecia
no interior do estado de São Paulo, em especial na região de Ribeirão
Preto onde se localiza a cidade de Cravinhos. Esta região se destacou com
a cultura do café do final do século XIX até meados do século XX,
alcançando um considerável progresso econômico e se tornando uma
região conhecida nacionalmente pelo agronegócio.
Por volta de 1850 o café já ocupava destaque na pauta de
exportações brasileiras. Já havia alcançado as terras férteis do interior de
São Paulo principalmente Campinas, Limeira, Itu, Jundiaí, Sorocaba e
Ribeirão Preto.
A cultura cafeeira entrou no estado de São Paulo pelo vale do
Paraíba fluminense, o Rio de Janeiro já apresentava certas dificuldades
para tal cultura, o solo cansado e o relevo acidentado eram fatores que
contribuíam para isso. No vale do Paraíba paulista o café foi
responsável pelo surgimento de muitas vilas e dinamizou a economia
local. Porém, foi o interior de São Paulo com solo e relevo favoráveis que
possibilitou a grande expansão do produto, alcançando projeção no
mercado internacional tendo o Brasil como principal produtor.
A mineração já havia contribuído para a interiorização do
povoamento brasileiro no século XVIII. Por esse século, várias regiões
paulistas estavam sendo cortadas por rotas de comércio que tinham a
finalidade de chegar à região das Gerais levando mantimentos e outras
mercadorias. Muitas localidades como Itu, Sorocaba, Porto Feliz e
Taubaté começaram a se tornar movimentadas; caminhos cruzavam a
serra da Mantiqueira e para o nordeste, em direção a região de Goiás,
havia uma trilha que ficou conhecida como caminho do Anhangüera, essa
provavelmente contribuiu para fixação de pessoas pelas regiões onde
hoje se localizam cidades próximas a Cravinhos. Porém, foi o café no
século XIX iria marcar decisivamente a economia do sudeste brasileiro e
de toda região de Ribeirão Preto.
Foi no século XIX que o Brasil presenciou o surgimento de muitos
núcleos urbanos que se tornaram importantes cidades, em especial na
região sudeste. Esse surto foi possível, principalmente, por fatores como
a independência do Brasil, a cultura cafeeira que dinamizou toda a
economia do sudeste e do norte do Paraná, a oligarquia agrária que
concentrava muito poder nas vilas e municípios1 e, além desses fatores de
ordem nacional, a segunda etapa da revolução industrial na Europa

1
Ver. LEAL, Victor Nunes. Coronelismo, enxada e voto: o município e o regime representativo no Brasil. 3ed.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
12
espalhava seus produtos para o mercado internacional e com isso aquecia
o comércio.
Na região sudeste, o café, que provocou a expansão da malha
ferroviária, foi de suma importância para o surgimento de cidades, entre
1832 e 1900 muitas cidades hoje consideradas importantes foram
fundadas. O interior de São Paulo, o sul de Minas Gerais e o norte do
Paraná foram os mais beneficiados. Porém, o grande destaque foi para o
interior de São Paulo, os solos bons, o clima, as condições favoráveis do
relevo deram condições que colocariam o estado numa situação
privilegiada em relação ao Brasil.
Muitas das cidades surgidas com a expansão cafeeira hoje se
tornaram importantes centros que concentram indústrias produtos e
serviços, polarizam áreas de abrangência local, regional e até nacional.
De todas as cidades que se beneficiaram com o café algumas merecem ser
mencionadas, dentre elas Campinas é um exemplo de dinamismo tanto
em São Paulo como no Brasil, figurando entre as maiores cidades
brasileiras é pólo tecnológico e faz parte da megalópole brasileira que se
estende da sua área metropolitana até Niterói no Rio de Janeiro, é uma
cidade conectada com as metrópoles nacionais e globais. Ribeirão Preto
que hoje é considerada capital nacional do agronegócio e polariza uma
vasta região no norte do estado. São José do Rio Preto que se beneficiou
não só do café como também da ferrovia que durante 10 anos ficou com
os trilhos parados na cidade fazendo com que ela se tornasse um pólo de
atração comercial, hoje é uma dinâmica cidade que polariza toda a região
noroeste de São Paulo exercendo influências em cidades do sudoeste de
Minas Gerais e sul de Mato Grosso do Sul. São Carlos, na região central
do estado que se destaca por ser um pólo tecnológico e concentrar
instituições de pesquisa; dentre outras cidades, merecem ser lembradas:
Araraquara, Bauru, Presidente Prudente e, em especial, Londrina, no
Paraná, que surgiu como cidade impulsionada pelo café em 1938 e nos
dias atuais possui uma população de 497.833 mil habitantes.
As condições para o desenvolvimento dessas cidades foram
lançadas em meados do século XIX por fatores que já expomos. Cada
cidade que citamos, entre outras, surgiram e se desenvolveram em
regiões onde havia muitos outros núcleos urbanos, em suas redondezas
existiam várias fazendas de café e com complicados jogos de interesses e
influências políticas alguns desses núcleos foram mais privilegiados
politicamente que outros2. Foge das pretensões desse trabalho se
embrear nesses aspectos, próximos trabalhos podem se aprofundar
nesses complicados temas, mas de modo geral, não podemos lidar com a
possibilidade do acaso e da sorte como genuínos colaboradores do
desenvolvimento de certos núcleos em detrimento de outros, apesar de
2
Ainda a obra de Victor Nunes Leal nos permita muitas reflexões sobre esses aspectos. LEAL, Victor Nunes. Op.
cit.
13
não ser objeto direto de nossa pesquisa é comum encontrar na literatura
questões de ordem política onde munícipes influentes, através de seus
contatos, atuam para que seus interesses sejam atendidos. E é fato que,
no início da expansão cafeeira, as condições de solo, ferrovia e produção
se assemelhavam entre os povoados e vilas, umas se desenvolveram mais
que outras criando assim uma hierarquia entre elas e estabelecendo a
base para o crescimento econômico e populacional que consolidaria a
condição dos centros de influência regional.
No segundo quartel do século XIX a fama das terras de São Paulo
propícias ao café já se espalhavam para outros estados, Minas
concentrava significativo contingente populacional e diante dessas
notícias muitos vieram para região, com eles os fluminenses também
vieram seguindo o caminho da expansão cafeeira e com o advento da
entrada de migrantes para trabalhar nas lavouras as condições estavam
estabelecidas para o desenvolvimento do interior do estado.
A região de Ribeirão Preto, com sua terra roxa, era uma das que
mais apresentava as características necessárias para a produção do café,
com a chegada dos trilhos entre o final do século XIX e início do século
XX toda região estava lidada ao porto de Santos e daí em diante as
plantações de café só aumentaram e trouxeram progresso.
Vejamos as datas da chegada dos trilhos em algumas localidades:
Pirassununga em 1.878, São Simão em 1.882, Cravinhos em 1.883,
Ribeirão Preto em 1.883, Batatais em 1.886, Jardinópolis em 1.899,
Orlândia em 1.901, São Joaquim da Barra em 1.902.3 É de se notar que
os trilhos foram chegando primeiro nas cidades mais próximas da
capital, ou seja, seguiam a caminho da concessão que a Mogiana
conseguiu: “Após longas discussões com os representantes da Província
de São Paulo, do Governo Imperial e da Companhia Paulista, obtém o
privilégio de estender seus trilhos até Ribeirão Preto, desviando a linha
tronco de seu curso original.” 4 A Mogiana inicialmente obteve concessão
para levar os trilhos até o Rio Grande passando por Casa Branca e
Franca, essa autorização para estender os trilhos até Ribeirão Preto pode
ter definido o futuro da região. Resta pensar o que foi acertado nas
“longas discussões”. Outro fator, no mínimo estranho, é a inauguração
dos trilhos que se deu no mesmo dia, mês e ano tanto em Ribeirão Preto
como em Cravinhos segundo fontes por nós consultadas.5

3
Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/j/est-j.htm. Acessado em 12/04/2008.
4
Fonte: http://www.cmef.com.br/pp_fundacao.htm. Acessado em 12/04/2008.

5
http://www.estacoesferroviarias.com.br/j/est-j.htm. Acessado em 12/04/2008. Esse site, o qual consultamos,
deixa claro suas fontes: Fontes:” História de Ribeirão Preto, de Rubem Cione, 1987; Relatórios da Mogiana e da
Fepasa, vários anos; Hélio Fávaro, ferroviário de Jurucê, abril de 2000; jornal "Diário da Manhã", de Ribeirão
Preto, diversas edições, 1967/76; Rodrigo Cabredo; Jornal A Cidade, 8/11/2006; Álbum da Mogiana, anos
1910; Antonio C. Belviso; revista Horizonte Geográfico, nº. 55, 1998; Memórias de Ribeirão Preto, 2000; Ivan
Roberto de Siqueira Jr., Ribeirão Preto; Celso Frateschi, Ribeirão Preto; Dirceu Baldo, 2002)” essas consultadas
14
Foi no âmbito dessas transformações econômicas, principalmente,
mas imbricadas com a política, e, provocadas pela expansão do café, que
vários núcleos urbanos sugiram na região de Ribeirão Preto, sendo que
esta se tornou hoje a cidade principal com 547.417 habitantes,
polarizando toda uma região que se estende até Minas Gerais em todo
norte paulista e perdendo um pouco de influência em direção a outros
centros de relevante importância como Campinas, São Carlos,
Araraquara e São José do Rio Preto.
A situação da região no ano de 1.900 não possibilitava uma análise
do futuro sem o risco de errarmos quanto o desenvolvimento econômico
e populacional de certas cidades, de modo geral, elas se assemelhavam.
Eram locais que concentravam uma população ocupada, principalmente,
na cultura do café e que tinham nas cidades de então suas bases de
compra, diversão e religiosidade. Numa análise do censo disponível on-
line no IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 1.900
percebemos dados interessantes quanto a população da época.
Sinopse do recenseamento do Brasil de 31 de
dezembro de 1900.
Cidades População em 1900 População em 2008
Ribeirão Preto 59.195 547.417
Cravinhos 30.050 29.377
São Simão 24.850 13.781
Batatais 19.164 53.525
Jaboticabal 17.395 69.624
Franca 15.491 319.094
Jardinópolis 14.579 34.611
Cajuru 10.850 22.695
Sertãozinho 10.940 103.558
Pirassununga 10.556 67.787
Fontes:
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/visualiza_colecao_digital.php?titulo
=Synopse do recenseamento do Brazil de 31 de dezembro de
1900&link=Synopse_Recen_do_Brazil1900. Para o ano de 1900.
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1 Para o ano de 2008.

A observação dessa tabela nos possibilita inúmeras reflexões. A


população de Cravinhos em 128 anos regrediu, Ribeirão Preto manteve
sua posição de liderança se consolidando como grande centro regional, a
população de São Simão regrediu quase pela metade, Franca obteve a
posição de cidade média com relativo destaque estadual e até nacional,
Sertãozinho se posicionou relativamente bem se consolidando como um

no caso de Ribeirão Preto e quanto a Cravinhos a fonte do site foi o livro: GOMES, F. Cravinhos: Historico,
Geographico, Commercial, Agricola. Ribeirão Preto: Tipographia Selles, 1922.

15
centro industrial sendo considerada como cidade de porte médio e as
demais cidades, sem maiores análises, mas com hipóteses coerentes,
foram ofuscadas pelo crescimento de Ribeirão Preto.
O núcleo que deu origem a Cravinhos.
A região onde hoje se localiza a cidade de Cravinhos por volta do
último quartel do século XIX era ocupada por várias fazendas de café, em
especial uma que se chamava Cravinhos com extensão de 800 alqueires.
Foi essa fazenda que deu nome ao município.
O professor Francisco Gomes em seu livro escrito em 1922
“Cravinhos: historico, geographico, commercial, agricola”; talvez tenha
dado a maior contribuição para resgatar a história do município. Muitas
publicações que se seguem sobre Cravinhos a fonte principal é esse livro,
o qual também dele nos serviremos.
Segundo o professor Francisco Gomes quem deu início ao núcleo
urbano que se tornou a cidade de Cravinhos foi o Dr. Luiz Pereira
Barreto. Intelectual fluminense formado na Bélgica e de família
possuidora de importantes propriedades em Resende-RJ onde se
plantava café, veio residir em Jacareí por volta de 1869 com a intenção de
procurar propriedades para iniciarem a cultura do café em terras do
oeste paulista.
Depois de seis anos que o Dr. Luiz Pereira Barreto estava em
Jacareí outros membros da mesma família vieram do Rio de Janeiro para
auxiliá-lo na busca por terras onde pudessem iniciar com sucesso a
plantação do café. Dentre os nomes que o acompanharam temos: Cel.
José Pereira Barreto o decano dos irmãos, os irmãos, também da família
dos Barreto, Miguel e Francisco, os filhos desses, Luiz e Bizinho e o
sobrinho Antônio de Paulo Ramos. Essas pessoas ao se encontrarem com
o Dr. Luiz iniciaram uma longa jornada por terra de São Paulo e Minas
Gerais a procura de terras que lhes proporcionasse o empreendimento
desejado. Nessa jornada passaram por várias localidades como:
Camanducaia, Ribeirão do Fundo, povoado das Antas e Ouro Fino essas
em Minas Gerais, depois, em território paulista, passaram por Espírito
Santo do Pinhal e ficaram por um tempo em Casa Branca.
Em Casa Branca saíram à procura de terras em companhia de José
Hippolito de Carvalho, apesar de conhecerem muitas fazendas de café na
região e terem constatado a qualidade da terra que proporcionava
excelente produção resolveram seguir para região de Ribeirão Preto,
aconselhados pelo mesmo José Hippolito, que lhes disse para procurar a
fazenda conhecida como Cravinhos. E assim fizeram.
Partiram de Casa Branca e foram para São Simão onde conheceram
mais propriedades constatando a fertilidade do solo da região. Dali foram

16
conduzidos por Joaquim Negrão até a fazenda Cravinhos indicada por
José Hippolito. Ao chegarem a dita fazenda ficaram deslumbrados com
as terras que viram, entram em contado com Antônio Caetano iniciando
as negociações que não tardaram, adquiram os 800 alqueires da fazenda
Cravinhos por 36:000$000. As terras adquiridas compreendiam as
fazendas Cravinhos e Jandaia, onde se assenta o sítio urbano da cidade,
em suas redondezas havia a fazenda Canta Gallo, com 80 alqueires
inexplorados, que não entrou na primeira negociação, mas foi adquirida
depois por 600$000. Os documentos da aquisição dessas propriedades
foram passados em Franca e após as negociações os Barreto dirigiram-se
para sua terra natal.
Os Barreto voltaram para a fazenda Cravinhos em novembro de
1876 e iniciaram, agora com um maior número de escravos, a derrubada
das matas para dar início a plantação de café. Segundo o Prof. Francisco
Gomes, esse mês e esse ano são os marcos do surgimento de Cravinhos.
Porém, ainda o autor referido, ressalta que desde 1862 havia gente
plantando café nas fazendas da região.
Em agosto de 1879, segundo nossa fonte, a fazenda Cravinhos já
possuía muitos pés de café plantados pelos Barreto e nessas fazendas já
havia alguns prédios. No ano de 1881 a localidade já era cortada por uma
estrada de rodagem e muitas pessoas chegaram à região atraídas pelos
artigos que Dr. Luiz Pereira Barreto escrevera na capital do estado, onde
destacava a fertilidade das terras da região. No mesmo ano, com a
chegada do engenheiro Dr. Santos Lopes, da Mogiana, responsável pelo
traçado da ferrovia, Miguel Barreto mandou construir um prédio, que
seria o primeiro da cidade e serviria de moradia para o Dr. Lopes, e uma
olaria. Essas construções ficavam onde hoje se encontram as ruas 15 de
novembro, Bernardino de Campos, Cesário Motta e Tiradentes.
Os Barreto se empenharam em contribuir com a picada que
levariam os trilhos até Cravinhos, com oito escravos e até a estação foi
construída por eles e foi em 1883 que:
“ Finalmente a 23 de novembro [...] entre calorosos
vivas dos primeiros habitantes, estruge demoradamente o
silvo da locomotiva, anunciando triunfalmente a ligação
de Cravinhos á capital do Estado, pela Estrada de Ferro
Mogiana.
A estação construída às expensas do Dr. Luiz Pereira
Barreto, resumia-se num pequeno e acanhado prédio [...]”
(GOMES, F. p.16)

Uma região que vinha se definindo como grande produtora de café


quando se liga à capital e ao principal porto de exportação do país está
plantada a célula inicial para o surgimento da cidade.
17
Pelo que vimos até agora sobre Cravinhos, foi com a chegada dos
trilhos que realmente começaram a aparecer algumas construções que
iriam caracteriza-se como um povoado que se tornaria cidade.
Ainda diante de nossas análises, percebemos que Cravinhos não
surgiu como povoado de uma doação de patrimônio como muitas cidades
surgiram por essa época. Ribeirão Preto e São José do Rio Preto são
exemplos, entre tantos, de cidades que surgiram ao redor de uma capela
cuja área fora doada para a igreja. Parece que apesar de haver alguns
prédios nas fazendas que formaram o município, o núcleo central, que
caracteriza (ou pelo menos incentiva) o surgimento de uma cidade, deu-
se em torno de uma estação ferroviária. Uma capela, a mais antiga da
cidade (1888), serviu de primeiro centro religioso da localidade, essa
capela era particular e a estudaremos em linhas adiante neste livro.
Tudo indica que depois da estação Cravinhos caminhou com passos
mais longos. Vejamos algumas datas significativas elencadas pelo Prof.
Francisco Gomes:
“27 de abril de 1893 – criação do Distrito de Paz, por lei nº
125.
22 de julho de 1897 – Elevação a município por lei 511.
[...]
30 de janeiro de 1898 – Instalação da primeira câmara.
18 de março de 1898 – Criação da Paróquia de Cravinhos.
2 de outubro de 1900 – Lançamento da primeira pedra da
Igreja Matriz.
12 de março de 1904 – É instalada a fábrica de macarrão
de
Sylvio Aldinucci.
21 de fevereiro de 1905 – Inaugura-se a imprensa com a
publicação de „O Cravinhos‟.
23 de junho de 1905 – Inauguração da Igreja Matriz.
12 de outubro de 1909 – É instituído o grupo escolar João
Nogueira.
[...]
20 de dezembro de 1913 – Inaugurado o Eden Theatro.
1 de novembro de 1914 – Foi inaugurado o mercadão
municipal.
18
[...]”
(GOMES, F. pp.20-21).

Oportunamente abordaremos mais datas que possam nos parecer


significativas, as selecionadas por nós acima, dão uma idéia do progresso
alcançado pelo município após a chegada dos trilhos. Em apenas quatro
anos Cravinhos passou da condição de Distrito de Paz para município e,
talvez, o que mais impressiona e que será objeto de análises posteriores
neste trabalho, é o fato de em 1900 a cidade ter alcançado a chifra de
30.050 habitantes. Número que a colocava à frente de muitas cidades da
região.
O café contribui decisivamente com o progresso de Cravinhos até
os anos de 1930, onde a cidade figura entre as maiores produtoras de café
da região, disputando lugar com Ribeirão Preto, Franca, São Simão e
Sertãozinho. O que parece é que a cidade detinha grandes produtores,
aqueles que possuíam mais de 500 mil pés de café. Grandes proprietários
e grandes empresas agrícolas atuaram no município em 1924, dentre
elas: Companhia Agrícola de Ribeirão Preto com 1.138.000 pés em
produção, Coronel Joaquim da Cunha Bueno com 1.050.000 pés em
produção, Fazenda das Flores com 906.000 pés em produção; dentre
outras, como J.D. Martins, D. Rita Cândia Nogueira, Júlio Pedro Pontes e
Josphina Coutinho de Freitas. Em 1933 os proprietários que tinham mais
de 500 mil pés produzindo por safra haviam diminuído: Joaquim Victor
de Souza Meirelles 800.000 pés em produção, Júlio Pedro Pontes com
630.000 pés em produção, Banco do Estado de São Paulo com 552.000
pés em produção e Companhia Agrícola Chimborazo S/A com 540.00 pés
em produção.6
Tudo leva a crer que Cravinhos padeceu da crise mundial de 1929, a
quebra da bolsa de valor de Nova Iorque afetou demais a economia
brasileira atingindo toda região produtora de café do estado de São
Paulo. A população cravinhense diminui com a crise do café, de 30.050
em 1900, vai para 26.551 em 1920 e cai para 19.780 em 1934.7
Estava inaugurada uma outra etapa da vida de Cravinhos. Agora
regida por outros fatores que vão dar outras características à cidade.

6
BACELLLAR, Carlos de Almeida Prado; ABIOSCHI, Lúcia Reis (orgs.)Na Estrada do Anhangüera: uma visão
regional da história paulista.São Paulo: Humanitas FFLCH/USP, 1999. pp. 128-127.

7
BACELLLAR, Carlos de Almeida Prado; ABIOSCHI, Lúcia Reis (orgs.) Op .cit. p. 153.
19
CAPÍTULO II. A REORGANIZAÇÃO REGIONAL IMPULSIONADA POR
MUDANÇAS NACIONAIS E INTERNACIONAIS.
Novos rumos da economia entre 1930 e 1980.
A economia da região de Cravinhos, como não poderia ser
diferente, sofreu influência da conjuntura econômica nacional e mundial.
A crise de 1929 e a tomada de poder por Getúlio Vargas em 1930
anunciam mudanças significativas.
A partir de 1930 começa um processo de industrialização no Brasil
que ficou conhecido como substituição de importação. A principal
característica desse processo é a atuação do estado em infraestrutura e
indústrias de base, o estado atua no sentido de “preparar o terreno” para
investimentos externos.
A região acompanhou as mudanças do atual momento político-
econômico e gradativamente começou a diminuir a produção de café e
ampliar a produção de uma maior variedade de produtos agrícolas e
outras atividades urbanas industriais.
“O crescimento da economia cafeeira em Ribeirão
Preto e Alta Mogiana, ocorrido com particular
intensidade nas quatro décadas anteriores a 1930,
permitiu o desenvolvimento significativo de um a
agricultura mercantil de alimentos e todo um conjunto de
atividades urbanas de suporte à agricultura, bem como a
consolidação de uma razoável infraestrutrura de
transporte, energia e comunicação. Tais elementos
mostraram-se fundamentais para atenuar o impacto da
crise do café no início dos anos 30 sobre a região e,
posteriormente, permitiu sua recuperação econômica,
assentada agora em um conjunto mais amplo de
atividades.” (BACELLLAR, Carlos de Almeida Prado; ABIOSCHI, Lúcia
Reis (orgs.) pp.168-169)

Dentre as variedades agrícolas da região percebe-se uma produção


razoável de algodão, arroz, milho e feijão e, numa menor proporção, a
pecuária também apresentou crescimento no período. Em 1920
Cravinhos produzia 1.995 (ton.) de algodão, aumentando para 2.567
(ton.) em 1939 e diminuindo para 625 (ton.) em 1949. Em 1.939,
Cravinhos produzia 861 (ton.) de arroz, mais que os municípios de
Brodósqui, Altinópolis, Orlândia, São Simão, Sertãozinho, Guaíra, dentre
outros da região. A fruticultura na Alta Mogiana correspondia, em
meados de 1930, a 3,7% do total do estado e Cravinhos aparece
juntamente com Ribeirão Preto, Franca, Santa Rosa do Viterbo e
Igarapava como os municípios que mais produziam na região.

20
A indústria, apesar de estar presente na região desde a primeira
década do século XX, começa a se intensificar a partir de 1930. Ribeirão
Preto é o grande destaque possuindo mais de uma dezena de indústrias
de significativa relevância no estado de São Paulo, dentre elas podemos
destacar Cia. Antártica Paulista, Cia. Cervejaria Paulista, S.A. Ind.
Reunidas F. Matarazzo, Anderson Clayton & Cia. Ltda. Em Cravinhos
notamos: Irmão Biagi-Açúcar e Álcool, fundada em 1936 e possuindo em
1945 50 funcionários; Manoel Nascimento Júnior-Açúcar e Aguardente,
fundada em 1939 e possuindo em 1945, 24 funcionários e Junqueira
Almeirda & Cia. ltda.- Beneficiamento de Algodão, fundada em 1944 e
possuindo, em 1945, 12 funcionários.8 Como podemos notar a maior
parte das indústrias era ligadas ao ramo alimentício e ligadas ao setor
agropecuário, característica presentes até nos dias de hoje. No geral,
Cravinhos possuía em 1945 65 estabelecimentos industriais que
empregavam 171 pessoas.9
Pelos anos de 1930-1950, o estado de São Paulo possuía quatro
núcleos principais de industrialização, sendo, respectivamente: A região
de São Paulo, de longe a região mais concentrada; Campinas, Sorocaba e
Ribeirão Preto.
A cana-de-açúcar.
A produção de cana-de-açúcar ganhou o impulso decisivo após a II
Guerra Mundial. Esse produto que era produzido na região desde o início
do século XX, nas áreas onde o solo não era tão propício ao café, foi
ganhando destaque e se projetando nos cenários regionais, nacionais e
até internacionais. Até se tornar nos dias de hoje a maior região
produtora do mundo.
Entre as décadas de 1930 e 1960 a produtividade da cana-de-açúcar
aumentou significativamente graças a fatores como: pesquisas por
institutos científicos permitindo o desenvolvimento de variedades que
produziam mais por hectare e um certo histórico da região que já possuía
muitos engenhos que foram se transformando em usinas, muitas
presentes até hoje. Convém assinalar que por essas épocas a mecanização
do campo ainda incipiente, existia uma reduzida quantidade de
maquinários e as lavouras tinham uma significativa dependência de
trabalhadores braçais e animais de tração.

8
BACELLLAR, Carlos de Almeida Prado; ABIOSCHI, Lúcia Reis (orgs.) Op. cit. p. 190.
9
BACELLLAR, Carlos de Almeida Prado; ABIOSCHI, Lúcia Reis (orgs.) Op. cit. p.189.
21
Nordeste Paulista: os 10 municípios com maior produção de
cana-de-açúcar ( em mil ton.) – 1960-1985.
1960 1970 1975 1980 1985
Morro 0,01 75 141 1.274 3.204
Agudo
Ribeirão 304 637 584 2.196 3.031
Preto
Sertãozinho 728 1.225 1.333 1.915 2.343
Jardinópolis 11 21 14 592 1.927
Pontal 306 612 936 1.505 1.284
Pradópolis - 403 1.067 322 1.192
Guaíra - - - 23 1.011
Sta. Rosa do 0,07 379 477 850 935
Viterbo
Luís - 0,23 13 391 857
Antônio
Orlândia - 62 135 394 782
BACELLLAR, Carlos de Almeida Prado; ABIOSCHI, Lúcia Reis (orgs.) Op. cit. p.211.
Adaptado.

Programas como o Pró-Álcool na década de 1970 e as tecnologias


dos motores automotivos bicombustíveis contribuíram
significativamente para a expansão das usinas de álcool na região.
Nos dias atuais a região de Ribeirão Preto se destaca na produção
de álcool e açúcar. As usinas, apesar de estar se espalhando por todo o
estado de São Paulo e até para o Brasil, tem seu foco principal nessa
região. Esse avanço da cana-de-açúcar é assunto polêmico e as discussões
em torno do tema estão distantes de achar um denominador comum.
Alguns acham que traz benefícios, outros dizem que é um processo no
mínimo perigoso para o meio ambiente e para a produção de alimentos.
Apenas para ilustrar, pois não nossa intenção realizar análises mais
abrangentes sobre esse tema, o jornal Folha de São Paulo do dia 20 de
julho de 2008, no caderno de Ribeirão Preto, p. G1, traz uma reportagem
onde destaca: “Cana faz Ribeirão trazer alimento de longe.”. Situação
fácil de ser constatada por qualquer pessoa que reside na região. Isso
acontece basicamente porque agricultores lucram mais arrendando suas
terras para as usinas do que plantando gêneros alimentícios como
frutas, legumes e cereais. A agropecuária também passa por processo
semelhante. Quem mais acaba sofrendo com isso é o consumidor que
paga mais caro pelos produtos vindos de longe, às vezes, de outros
estados.
De modo geral, Cravinhos se insere numa região que a partir de
1970 começa a participar de uma lógica capitalista de mecanização da
agricultura. Em linhas gerais, esse processo desloca a população rural
22
para as cidades, o campo expulsa e a cidade atrai. A população do campo
deslocada para a cidade fornece os trabalhadores que voltam a trabalhar
no campo na condição de “bóia-fria”.
Esse processo, dotado de certa complexidade, baseia-se no
desenvolvimento do processo capitalista inserido numa realidade
mundial onde se observa o desenvolvimento do processo
industrialização-urbanização em que as indústrias e a agricultura
compartilham de um mesmo processo. 10

10
Ariovaldo Umbelino de Oliveira faz abordagens mais profundas sobre a agricultura brasileira.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino. Agricultura Brasileira: transformações recentes. In. ROSS, Jurandir
Luciano Sanches (org.). Geografia do Brasil.2ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo,
1998.

23
CAPÍTULO III. A INSERÇÃO DE CRAVINHOS NA HIERARQUIA
URBANA REGIONAL E NACIONAL.
A rede urbana brasileira é fruto de transformações ocorridas
principalmente a partir de 1950, quando a população brasileira movida
pelo processo industrialização-urbanização, começou a se transferir para
as cidades.
Podemos entender como rede urbana ou hierarquia urbana o
conjunto de cidades onde uma é influenciada por outra, ocorrendo, dessa
forma, uma polarização de certas cidades sobre outras. Isso se dá
basicamente pela oferta de produtos e serviços, pela estrutura que certas
cidades dispõem e por isso é capaz de produzir, armazenar e distribuir
produtos, tanto materiais como imateriais, serviços e informações.
As cidades são interligadas por redes de transportes rodoviários,
aéreos, aquaviário e ferroviário que quanto mais eficiente mais fácil é
dessa cidade participar numa posição de destaque nessa hierarquia. Mas,
também, há uma rede virtual onde a conexão dessa cidade com outras
através de redes de comunicação e informação permite a sua ligação com
outros centros possibilitando sua integração.
A posição de uma cidade na hierarquia urbana depende de fatores
como esses que expomos. Resumidamente podemos estruturar a
seguinte hierarquia urbana no Brasil:
 Metrópoles globais; São Paulo e Rio de Janeiro, suas
influências têm abrangência mundial. Essas cidades formam a
Megalópole brasileira, uma região com várias cidades que exercem
influência recíproca entre elas, sendo interligadas por vários tipos de
transportes e vários meios de comunicação, interdependentes em
serviços, comércios, indústrias, etc., essa região se estende de Campinas-
SP até Niterói-RJ. Sendo a região mais industrializada do Brasil e da
América Latina.
 Metrópoles nacionais; as principais capitais brasileiras se
enquadram nessa categoria: Brasília (capital nacional), Belo Horizonte,
Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife e Fortaleza essas metrópoles
nacionais influenciam vastas áreas do território com abrangência
nacional.
 Centros regionais; essas cidades abrigam importantes
comércios e serviços, shopping centers, instituições de ensino superior,
etc., sofrem influência das outras metrópoles, mas influenciam
importantes regiões dentro de seus estados, sendo que, algumas delas
exercem influência entre áreas interestaduais e até nacionais, algumas
capitais como: Cuiabá, Campo Grande, João Pessoa e Vitória figuram
entre elas e algumas cidades como Ribeirão Preto e Londrina se
enquadram nessa categoria.
24
 Centros sub-regionais de ordem 1 e 2; os primeiros se ligam
diretamente com os centros regionais e, em algumas ocasiões,
disputam influência com eles, os centros sub-regionais 2 se ligam
diretamente com os centros sub-regionais 1 e também têm
significativa influência dentro de uma região. Dentre os centros
sub-regionais 1 temos: São José do Rio Preto, Uberlândia,
Maringá e Caxias do Sul; dentre os centros sub-regionais 2 temos:
Governador Valadares, Teófilo Otoni, Sobral e Rio Verde.
A hierarquia que acabamos de expor não é fixa, existe uma
dinâmica nessa relação entre as cidades. Fatores de várias ordens podem
interferir nessa dinâmica e fazer com que as cidades percam posições que
conquistaram ou ascendam a um nível superior. Exemplo clássico é a
ascensão de São Paulo sobre o Rio de Janeiro depois da inauguração de
Brasília.
Pelo que vimos nota-se que Cravinhos está sobre influência direta
de um Centro regional, Ribeirão Preto. Sua ligação com esse centro se faz
via rodovia com bom fluxo de circulares suburbanos interligando-a.
Cravinhos também tem acesso a São Paulo via transporte
rodoviário diretamente, pela rodovia Anhangüera, que também a liga
com Campinhas uma importante cidade, pólo tecnológico pertencente à
megalópole Rio - São Paulo. Pela mesma Anhangüera liga-se com a
capital nacional e outras importantes cidades como Uberlândia e
Uberaba e pela rodovia Antônio Machado Santana liga-se as cidades
como Araraquara e São Carlos que possuem posições importantes na
região central do estado de São Paulo.
Via Ribeirão Preto, Cravinhos pode fazer uso do aeroporto Leite
Lopes, e através desse ir até São Paulo e daí ter conexão como o mundo.
Cravinhos tem acesso à internet e a comunicação via tevê, rádio e jornais
o que permite uma integração mais ampla.
Na tabela a seguir vemos a distância entre Cravinhos e algumas
cidades do estado de São Paulo. O percurso sugerido é o do site oficial do
Departamento de Estradas de Rodagens (DER) que nos mostra a melhor
rota e nos dá a quilometragem segundo a rota sugerida.

25
Tabela de distâncias.
Distância entre Cravinhos e algumas cidades de do estado de São
Paulo
Cidades Distânci Cidades Distâncias
as
Ribeirão Preto (via 22 Km Bauru (via Rod. 202 Km
Anhangüera) Antônio
Machado
Santana/Rod.
Com. João Rib.
de Barros/
Campinas (via 205 Km São José do Rio 207 Km
Anhangüera) Preto (via
Anhangüera/Ro
d. Armando
Sales de
Oliveira/ Rod.
Assis
Chateaubriand)
São Paulo (via 291 Km Serrana (via 22 Km
Anhangüera) Rod. Ângelo
Cavalheiro)
Santos (via 363 Km Porto Ferreira 67 Km
Anhangüera/Bandei (via
rantes) Anhangüera)
São Carlos ( via Rod. 93 Km Pirassununga 85 Km
Antônio Machado (via
Santana) Anhangüera)
Araraquara (via Rod. 79 Km Jaboticabal (via 79 Km
Antônio Machado Anhangüera/
Santana) Rod. Attilio
Balbo/ Rod.
Carlos Tonani)
Franca (via 108 Km Sertãozinho (via 43 Km
Anhangüera/Rod. Anhangüera/
Cândido Portinari) Rod. Attilio
Balbo)
Bebedouro (via 102 Km Barretos ( via 143 Km
Anhangüera/ Rod. Anhangüera/
Armando Sales de Rod. Attilio
Oliveira Balbo/ Rod.
Armando Sales
de Oliveira)
Fonte: http://www.der.sp.gov.br/home.aspx

26
CAPITULO IV. GEOGRAFIA DE CRAVINHOS.
“É preciso que o geógrafo perceba que ele é, de fato,
não um espectador impotente, mas um agente de
informações, quer queira, quer não, a serviço do poder, e
suas proclamações revolucionárias ou sua preocupações
morais não mudarão nada aí. É preciso que ele perceba
que sua pesquisa pode ter graves conseqüências, mesmo se
ela apresenta um caráter parcial (...) mesmo se ela só
aborda as características físicas de um espaço (...) o
geógrafo deve se lembrar constantemente que a geografia
é um saber estratégico, e que um saber estratégico é
perigoso.” (LACOSTE, 1997)
Quando o geógrafo Yves Lacoste escreveu o livro: Geografia- Isso
serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra, na década de 1970,
estava decretado a fim da Geografia neutra. Os argumentos do geógrafo
só vieram confirmar uma posição que a Geografia ocupava desde a
antiguidade. Ou seja, uma ciência de extrema estratégia para as nações.
Um conhecimento capaz de elucidar o espaço em toda sua complexidade,
tanto físicas: montanhas, vales, depressões, hidrografia; como humanas:
características populacionais, cultura, economia etc. De posse desse
saber, governantes do mundo inteiro impuseram seus planos de governo
ou suas estratégias de guerras e conquistas.
Talvez, a conquista do Continente Americano pelos europeus esteja,
em partes, ligada a uma capacidade destes pensar e atuar melhor num
espaço para eles desconhecido. Então, escrever sobre a Geografia de uma
cidade, sempre envolve abordagens que, mesmo com aparência de
neutra, guardam informações que podem ser trabalhadas, analisadas e
processadas para os mais variados fins.
Localização.
Cravinhos localiza-se no nordeste do estado de São Paulo, na região
de Ribeirão Preto e faz divisa com os seguintes municípios: Ribeirão
Preto, Luiz Antônio, Serrana, Serra Azul e Guatapará. Suas coordenadas
geográficas são: latitude 21° 20’ 25’’ Sul, longitude 47° 43’ 46’’ Oeste.
O sítio urbano de Cravinhos é formado por terrenos que remontam
500 milhões de anos. Pertencia ao antigo continente chamado
Gondowana, esse terreno passou por muitas glaciações e períodos de
desertos e de clima semi-árido, houve também nessas regiões grandes
derrames de basaltos, rocha magmática extrusiva que deu origem a “terra
roxa”. Esse derrame ocorreu através de vulcanismos de fissuras onde as
lavas saem através de falhas e fraturas na crosta terrestre. Esse evento,
considerado maior do mundo, apesar de apresentar descontinuidades,
inundou de lavas vastas regiões do sudeste e do sul do Brasil.
27
A região também foi afetada com a separação da Gondwana há 200
milhões de anos, quando a América do Sul começou a se separar da
África. Foi nessa época que surgiu muitas das serras que se localizam
próximas ao litoral do Brasil, dentre elas a Serra do Mar que direcionou a
hidrografia do estado de São Paulo rumo interior. Esses rios, surgidos
nas partes altas, Serra da Mantiqueira e Serra do Mar, foram
responsáveis por esculpir a região onde se encontra Cravinhos. A cidade
acha-se numa crista de cuesta, ou seja, na parte mais alta de um relevo
que tem por características um lado de rebaixamento íngreme e outro,
chamado reverso, mais ameno. Cravinhos, no topo desse relevo, está a
782m do nível do mar, Ribeirão Preto a 517m no nível do mar, está no
seu reverso.
Clima.
Falar de forma descontraída sobre clima é um ocorrido normal, de
uso do senso comum não há necessidade de abordagens mais
pormenorizadas, basta falarmos como estamos sentido ou percebendo o
clima. Quando nos propomos a escrever sobre o clima com algum
fundamento devemos ter algum cuidado. Não faremos uso de algumas
classificações oficias, nossa base será o livro: “Geografia do Brasil” uma
publicação da USP obra escrita por vários autores e organizada por
Jurandir L. Ross e o Atlas Geográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística). Vale lembrar que as classificações climáticas
sofrem alteração de uma para outra e até de autor para autor. Além do
mais, a Climatologia é uma ciência dinâmica e pode sofrer variações com
o incremento de novas tecnologias e novas abordagens, deve-se
considerar também as mudanças naturais que um clima sofre no
decorrer dos anos, essas mudanças podem ser maximizadas pela atuação
do ser humano no meio ambiente.
Vejamos com era o clima descrito pelo Prof. Francisco Gomes no seu
livro sobre Cravinhos escrito em 1922:
“ (...) colocada numa posição geográfica admirável, o clima raras vezes
desce a 0° no inverno, ou sobe a 32° no verão, não havendo excesso de
frio ou de calor.O clima temperado e seco, é de extraordinária
salubridade, atestado seguidamente por inúmeras pessoas que aqui
aportam em busca dos seus ares sobejamente conhecidos de primeira
ordem” (GOMES, F. 1922)
Pelo que se vê houve algumas mudanças na condição climática da
cidade nos últimos 86 anos. O que não é de se admirar, pois o
desmatamento e as características de ocupação do solo contribuíram
para isso.
Em nossas análises bibliográficas vimos que o clima de Cravinhos
encontra-se numa derivação do clima tropical chamado – clima tropical
28
de altitude - com médias de temperatura anuais em torno de 15° a 18° C,
com precipitações em torno de 1.500 mm anuais e com um período mais
seco durante três meses do ano. Esse clima é conseqüência,
principalmente, da altitude e da latitude na qual a cidade se encontra. O
fato de a cidade estar a 782m a coloca numa característica climática
diferenciada em relação a Ribeirão Preto, a percepção térmica de
Cravinhos é de um clima mais fresco que o de Ribeirão Preto, condição
perceptível até por leigos.
Numa observação apenas empírica, ou seja, sem levar em conta o
fator científico, a sensação é de um clima agradável, nos meses de
inverno ocorrem alguns nevoeiros e os ventos são constantes. Essa
agradabilidade é interrompida com as freqüentes queimadas da cana-de-
açúcar que lança sólidos no ar e prejudica a respiração.
Vegetação.
O fator principal que condiciona a vegetação é o clima. Ele não é o
único fator de influência, mas a vegetação acompanha o tipo climático. A
vegetação original de toda região está muito devastada, pois vem sendo
degradada desde o século XIX, esse fator altera todo ecossistema, forma-
se um ciclo onde o desmatamento interfere no clima que por sua vez
interfere na vegetação. A vegetação remanescente é composta por
Floresta Estacional Semi Decídua (Mata Atlântica) e Cerrado, ambos
muito fragmentados, existindo apenas, na região, em torno de 8% da
cobertura original.
Características urbanas.
Numa primeira análise sobre os aspectos urbanos de Cravinhos
percebemos que o centro da cidade se desenvolveu no fundo de um vale,
ocupando as cabeceiras da nascente do córrego Ribeirão Preto. A rua XV
de Novembro, que corta o centro da cidade, nos dá a impressão mais
nítida desse fundo de vale. Essa característica trouxe vários problemas de
enchentes que impôs ao poder público alguns desafios para saná-las. Nos
dias atuais observa-se que tais obras atingiram o objetivo principal e
conteve as enchentes, mas na década de 1970 a Revista Elo relatava que:
“com a expansão das ruas e a pavimentação, faz com que todas as
águas das chuvas rolem para o centro sem encontrar nenhum
empecilho, acumulando-se nas ruas centrais (...). Enchentes que são na
atualidade o mais problema da cidade”.
O córrego Ribeirão Preto corre sentido noroeste, obedecendo à
topografia mais baixa, nas demais direções percebe-se que a topografia
vai ganhando altitude em direção aos bairros.
Ao norte da zona urbana de Cravinhos, sentido Ribeirão Preto via
rodovia Anhangüera, temos os setores industriais. Em direção ao

29
sudeste, temos vários bairros residenciais bem equipados com
supermercados, centros esportivos, comércio e escolas; dentre eles: Jd.
Bela Vista, Jd. Primavera e Jd. Alvorada. Contíguo ao centro, em direção
noroeste, localiza-se o Jd. das Acácias e Alto Acácias compostos por
moradores de classe média alta e se destacando na cidade pelo padrão
das residências. Em sentido noroeste, seguindo a avenida Pedro
Amoroso, que é saída para Ribeirão Preto via rodovia José Fregonesi,
observa-se que é o lugar onde a cidade mais cresce, nessa direção existem
vários bairros formados por COHABS e outros que ainda estão surgindo
e se desenvolvendo; dentre eles: Vila Cláudia, Jd. Itamarati, Jd. Itapuã,
Nova Cravinhos, Conjunto habitacional Francisco Castilho e Residencial
Jd. Santana.
O comércio de Cravinhos.
Há dois pontos bem nítidos quanto a concentração comercial na
cidade. Um é a rua XV de Novembro, a mais antiga e tradicional rua
comercial. Nela e nas suas imediações além de um comércio tradicional
há também o centro financeiro e econômico, onde estão localizadas as
agências bancárias e a única casa lotérica11. Outro é a avenida Pedro
Amoroso, rota de saída para Ribeirão Preto, nela se percebe facilmente
uma maior quantidade de estabelecimentos comerciais: mercados, lojas
de acessórios, matérias de construção, farmácias, lojas de roupas, etc. Por
ser o setor da cidade que mais cresce esse comércio vem ganhando
espaço e se ampliando.
Além dos dois pontos que citamos, vale mencionar a avenida
Manoel Gomes dos Santos que margeia a rodovia Anhangüera, nela
encontra-se muitos estabelecimentos ligados ao ramo automotivos como
oficinas e lojas de acessórios, há, também, algumas indústrias. Os
demais pontos da cidade apresentam estabelecimentos mais isolados,
porém, apesar de não haver concentrações como as que já citamos acima,
a maioria dos bairros são servidos pelo menos de supermercados,
farmácias, bares e padarias.
A industrialização em Cravinhos.
Para quem chega a Cravinhos, vindo de Ribeirão Preto via
Anhangüera avista um grande painel luminoso com uma frase que
incentiva empresários a montar suas indústrias no município. Uma
iniciativa que vem ocorrendo em muitos municípios pequenos, onde
através de incentivos o governo municipal tenta atrair indústrias para
gerar emprego no município.
No caso de Cravinhos, a proximidade com Ribeirão Preto e o acesso
através de boas rodovias, torna-se um atrativo inquestionável. É
justamente nas marginais da via Anhangüera onde se percebe a maior
11
Notem que o livro foi escrito em 2008, hoje há uma outra lotérica na av. Pedro Amoroso.
30
concentração de indústrias em Cravinhos. Dentre elas: Dow
AgroSciences, multinacional dos Estados Unidos com sede em
Indianápoles, atua no ramo de genética de plantas e biotecnologia; Renk-
zanine, empresa de capital binacional germano-brasileira, atua no ramo
de fabricação de redutores de velocidade; Ouro Fino, fabricante de
produtos veterinários, empresa brasileira com filial no México, seus
produtos estão presentes em mais de 27 países da América, África e Ásia;
Paletrans, empresa nacional, fabricante de produtos para movimentação
de cargas, empilhadeiras, transpaletes, etc., é a maior fabricante destes
produtos na América Latina exportando-os para mais de 20 países e
presença marcante no continente europeu.

Por essas empresas que citamos percebemos uma significativa


importância industrial que Cravinhos vem alcançando. Cremos que não
há exagero no site oficial da prefeitura de Cravinhos quando se lê:
“Localizada a 15km de Ribeirão Preto e a 292km de São Paulo o
município de Cravinhos se consolida como um dos centros industriais
mais importantes da região.” Um procedimento acertado da
administração municipal que soube explorar a proximidade com
Ribeirão Preto e a ligação por meio da Anhangüera que liga a cidade à
capital estadual e capital nacional.

A título de esclarecimento, o setor que mais emprega atualmente é


o terceiro setor, comércio e serviços, a indústria incorporou muita
tecnologia, faz uso de mão-de-obra qualificada e o “chão de fábrica” é
ocupado por máquinas. Porém, a indústria gera receita para os cofres
públicos e movimenta outros setores da economia.

Cravinhos em números.

Os dados estatísticos posicionam e indicam onde se faz necessário


os investimentos nas diversas áreas, os números também ajudam a
entender a economia e facilitam análises indicando tendência que o
município possui para este ou aquele tipo de investimento. Em algumas
situações eles podem sofrem pequenas distorções na sua produção e no
seu levantamento.

De todo modo, eles são indispensáveis para qualquer pessoa ou


órgão público ou privado que queira entende melhor a cidade. Nossa
base de dados nesse trabalho foi retirada do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), eles representam a realidade do ano de 2008,
hoje, com os meios de acessos à internet as estatísticas ganham uma
dinâmica diferenciada, podendo ser acessada imediatamente após as
constantes atualizações. Por isso, a intenção principal em divulgar os dos
dados expostos aqui não é tecer comentários e reflexões sobre eles, mas

31
sim posicionar o leitor no contexto atual do município, sendo que, o
próprio leitor tirará suas conclusões.

Tabela de dados estatísticos sobre Cravinhos.

População 29.377
PIB da indústria 66.864 mil reais
PIB da comércio e 150.016 mil reais
serviços
PIB da agropecuária 23.413 mil reais
PIB per capita 8.18 mil reais
Escolas estaduais 03 (ensino
fundamental e médio)
Escolas municipais 04 (ensino
fundamental e
infantil)
Escolas particulares 02 (ensino
fundamental e médio)
Estabelecimentos de 03 (Sta. Casa e dois
saúde postinhos)
Instituições financeiras 05 agências
Fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1

Questões ambientais em Cravinhos.

Não temos dúvida em afirmar que a questão ambiental precisa ser


observada com mais prioridades e critérios no município. O rio que dá
nome à cidade de Ribeirão Preto, como já falamos anteriormente, nasce
no centro da cidade de Cravinhos. Por estar canalizado em uma parte do
município, dificulta um pouco analisar o local exato da nascente, em
análise visual, e ouvindo relatos de moradores antigos, percebe-se que o
provável lugar da nascente fica nas esquinas da rua Cesário Motta com a
Saldanha Marinho12, na esquina onde fica o velório municipal. A análise
topográfica comprova os relatos, neste ponto a rua Cesário Motta começa
a apresentar uma elevação no sentido centro-bairro e a rua Saldanha
Marinho está no seu ponto mais baixo, formando um verdadeiro fundo
de vale.

Este rio, o córrego Ribeirão Preto, recebe toda carga de esgoto da


cidade de Cravinhos, o município coleta 100% do esgoto mas não o trata
em nenhuma porcentagem13, em áreas do município mais próximas ao
bairros populares, por onde o rio corta, não há matas ciliares, observa-se
que há um projeto de recuperação em andamento.
12
O livro do Prof. Francisco Gomes, usado por nós, também faz referência a esse local.
13
Essa informação pode ser constatada no Relatório de Qualidade das Águas Interiores no Estado de São Paulo-
2007. Disponível on-line no site: http://www.cetesb.sp.gov.br/Agua/rios/publicacoes.asp
32
Em análise visual verifica-se a eutrofização de boa parte do rio no
percurso urbano da cidade, é bem possível essa ocorrência é devido a
cargas poluentes. Os lixos difusos pela cidade: panfletos, diversos tipos
de plástico e papéis, material químico líquido, dentre outros que a
população joga nas ruas, acaba caindo no leito do rio, fato facilmente
identificável na rua XV de Novembro quase na esquina com a Cesário
Motta, onde o córrego Ribeirão Preto aparece pela primeira vez fora da
canalização14.

Outra questão ambiental urgente é o lixão da cidade15. Localizado


nas margens da rodovia José Fregonesi, sentido Cravinhos-Ribeirão
Preto, percebe-se que é um depósito de lixo que não segue as normas
sanitárias, há no local grande quantidade de urubus e cachorros que se
alimentam dos restos. Não há tratamento. Ao menos é o que parece16.
Fator que compromete totalmente o meio ambiente, pois o chorume que
esse lixo produz pode contaminar o lençol freático.

Apesar do clima agradável que a cidade possui, como já falamos, a


queima da cana-de-açúcar deixa o ar, principalmente na época mais seca
do ano, com partículas sólidas identificáveis a olho nu. Podemos incluir
essa questão como um dos problemas ambientais a ser resolvido, sendo
um dos que apresenta mais complexidade. Pois envolve grandes
empreendimentos agropecuários que exercem poder político na região.

14
Essas informações, apesar de ter por base observações próprias do autor, possuem correspondência com a
matéria que trata dos 151 anos de Ribeirão Preto. Que pode ser acessada no site:
http://www.ddilha.com.br/wharton/index.php?option=com_content&task=view&id=3&Itemid=27.
15
Atualmente (2011) o lixo da cidade é levadoa para aterro sanitário.
16
Não fomos pesquisar em fontes para dar essa informação, estamos aqui relatando apenas nossa observação.
Se há algo sendo feito no sentido de tratar o lixo na cidade, essa informação não se tornou pública.
33
PARTE II. SUBJETIVIDADE E IMAGÉTICA DE LUGARES EM
CRAVINHOS.
Se consultarmos o Dicionário Houaiss da língua portuguesa,
notamos os seguintes significados que nos interessam para as palavras
acima: subjetividade; realidade psíquica, emocional e cognitiva do ser
humano. Imagético, que exprime por imagens, que revela imaginação.
De posse desses significados dá para se perceber que esta parte está mais
ligada à observação e à sensação do que com a análise científica
propriamente dita.
As ciências humanas ultimamente vêm se preocupando com esses
aspectos, porém não são tão normais de serem achados nas obras mais
populares. Assim sendo, a base de dados sobre esses temas, apesar de
existir, não é tão divulgada. O que dificulta uma análise bibliográfica
mais profunda.
Por outro lado, pelas características dessa obra, temos a intenção
de produzir algo a esse respeito sobre alguns lugares de Cravinhos. Essa
produção se baseará mais na observação, como o próprio título indica e
menos na consulta de outras obras do gênero em pauta.
Como lugar, usaremos uma categoria aplicada em Geografia, não
que ela não seja usada por outras ciências, mas que faz parte da estrutura
conceitual da Geografia. Assim, para nossas abordagens lugar é a parte
do espaço geográfico que guarda laços de sentimentos, vínculos, é uma
unidade sensível. Para esclarecer melhor, podemos dar um exemplo: uma
pessoa que passou a infância numa cidadezinha e brincava na praça
todas as tardes até que sua mãe ia chamá-lo para tomar banho, guardará
por esse lugar um vínculo sentimental incompreendido por outros que
não viveram as mesmas situações. Em outras situações, uma velha
estação ferroviária pode despertar saudades de provocar lágrimas em um
idoso que ali pegava o trem para ir à capital com o seu pai, enquanto um
jovem analisa aquela velha estação como um prédio velho sem
significado nenhum.
Serão abordagens desse tipo que estarão presentes nessa parte,
para isso usaremos alguns lugares selecionados por nós, e aí já começa a
subjetividade, talvez aquilo que tem algum sentido aos nossos olhos para
outros não faz muita diferença.

34
CAPÍTULO V. PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA E SUBJETIVIDADE DO
ESPAÇO URBANO CRAVINHENSE.
Para quem chega a Cravinhos pela primeira vez com um olhar
atento ao centro da cidade, percebe que existem muitos prédios antigos
que foram construídos por volta da primeira metade do século XX,
guardam um estilo que nos remete a Belle Époque17.
Sugerimos que a proximidade com Ribeirão Preto e o crescimento
urbano da cidade que se estagnou tenham sido os principais responsáveis
pela permanência desses prédios. Há construções em Cravinhos com
mais de 100 anos. São exemplos: a igreja matriz de São José com suas
praças, a igreja São Benedito, vários túmulos no cemitério municipal;
dentre outras que veremos.
Notamos através dos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) que o auge da população de Cravinhos foi no ano
de 1900, apenas 24 anos depois do surgimento do núcleo inicial que deu
origem à cidade, depois desse ano, os outros censos nos mostram que a
população só foi ultrapassar a marca dos 20 mil habitantes no ano de
1991. Vejamos a tabela da evolução populacional de Cravinhos:
Evolução populacional de Cravinhos.
Ano População
1900 30.050
1920 13.968
1940 18.336
1950 11.551
1960 13.771
1980 16.942
1991 22.561
1996 23.984
2008 29.377
Fonte: www.ibge.gov.br

Essa tabela nos possibilita muitas reflexões. O que mais


impressiona e a diferença entre o censo de 1900 e 1920, quando a
população cai para menos da metade. O que teria acontecido? O Prof.
Francisco Gomes, em seu livro de 1922, já citado por nós, nos diz que a
população de Cravinhos por aqueles anos era de 20.445, composta da
seguinte forma: urbana 3.442, rural 13.569; urbana de Serrinha 662 e

17
Período entre as últimas décadas do séc. XIX e as primeiras do séc. XX, onde houve uma grande
modernização das cidades em que os governantes se preocupavam com a estética das construções, a
higienização, praças, etc. A capital da França, Paris, foi o grande centro difusor dessa tendência. FOLIS,
Fransérgio. Modernização urbana na Belle Époque paulista. São Paulo: Editora Unesp, 2004.
No caso de Cravinhos, não estamos afirmando que ela é uma representante genuína dessa tendência, mas
apenas nos faz lembrar sutilmente.
35
rural 2.771. Diz-nos que está baseada no último recenseamento federal.
Seria possível um erro na contagem?
Na impossibilidade de darmos respostas a tantas perguntas ficamos
com a possibilidade que nos parece mais coerente no momento:
Cravinhos foi perdendo população para Ribeirão Preto. E a proximidade
de Ribeirão ofuscou um possível crescimento de Cravinhos. Com isso,
defendemos que muitos prédios foram preservados.
Cidades como Ribeirão Preto, já não possuem mais sua primeira
igreja, ou seu primeiro cemitério. Como exemplo conhecido, podemos
citar a cidade de São José do Rio Preto, em 1900 a população dessa
cidade era em torno de 10.000 habitantes, em 1920 saltou para 67.386
habitantes, impulsionada pela chegada da ferrovia em 1912. O súbito
crescimento dessa cidade deslocou o cemitério municipal por duas vezes
conforme a cidade ia crescendo, a primeira igreja matriz deu lugar a uma
segunda, que foi demolida na década de 1970 para dar lugar a atual. Com
Ribeirão Preto se nota casos semelhantes. Além disso, nesses dois
exemplos de cidades que citamos, houve grande perda de prédios com
significados históricos devido à valorização do espaço urbano dessas
localidades.
A estagnação do crescimento de Cravinhos pode ter contribuído
para preservação do seu patrimônio arquitetônico. A primeira e a
segunda igreja católica de Cravinhos ainda existem, ambas com mais de
um século. O cemitério secular ainda está no mesmo lugar no qual foi
projetado no final do século XIX. Dentre outros imóveis como o primeiro
grupo escolar, a cadeia municipal, a Santa Casa18, o Mercadão, etc.

18
A Santa Casa foi muito descaracterizada por sucessivas reformas.
36
CAPÍTULO VI. A IGREJA SÃO BENEDITO.

Vista do largo da Igreja São Benedito. Foto: Alexandre de Freitas (2008).

“As capelas isoladas começaram a surgir na paisagem das


fazendas de café principalmente na década de 1890, alguns anos após a
extinção do trabalho escravo e quando a mão-de-obra se torna
majoritariamente constituída por imigrantes. Até então predominava
capelas, ou oratórias, na parte interna dos casarões (...)” (BENINCASA,
Vladimir. 2006, p.177)

Segundo Vladimir Benincasa, em sua tese de doutorado, esse


interesse dos fazendeiros em construir capelas próximas da sede da
fazenda, era para manter os migrantes mais próximos possível do local
de trabalho para que não conhecessem muito coisa do “mundo lá fora” e
se preocupassem mais em trabalhar de um modo mais obediente, sem
contestações. Provavelmente a construção da Igrejinha São Benedito
tenha obedecido essa lógica.
Essa igreja foi a primeira de Cravinhos, era uma capela particular
que pertencia a Francisco Rodrigues dos Santos Bonfim, construída em
1888 e posteriormente doada para a paróquia e entregue a irmandade São
Benedito. A igreja de 120 anos não apresenta boas condições. Segundo
reportagens de jornais locais há uma certa dificuldade em reformá-la,
apesar da vontade de alguns prefeitos os padres não autorizam.19
O lugar possui uma das melhores vistas de Cravinhos, por ser um
ponto alto nota-se perfeitamente o relevo semi-acidentado onde se ergueu
a cidade. Ali foram rezadas as primeiras missas, namorados se
encontravam na praça ao seu redor e hoje resta o quase total
esquecimento. Não raro se nota algumas pessoas que vão à praça para usar
drogas, uma vez ou outra alguma família se posta ali nos finais de tarde
que oferecem um dos melhores por do sol de Cravinhos. E, conforme o

19
No começo de 2009 esta igreja foi ao chão. O fato foi noticiado nacionalmente, nos dias atuais (2011) sua
reconstrução está em fase final.
37
jornal folha de Cravinhos: “para muitos, um dos motivos da „Igrejinha‟ ter
caído no esquecimento da sociedade foi a construção da Igreja Matriz
São José.”
Em conversa com moradores antigos ouvimos que ali se formou um
núcleo comercial e habitacional, havia a estrada de rodagem que levava até
a capital, o trem também passava nos arredores da igreja, contornando-a.
Observando os prédios nas proximidades vemos que eram prédios
comerciais que possivelmente abrigavam mercearias ou outros comércios
e muitas casas apresentam características bem antigas. O que confirma as
palavras dos moradores antigos.
O esquecimento dessa igrejinha, pelo que vimos, não é coisa nova,
em 1922 era esse o comentário que o Prof. Francisco Gomes fazia da Praça
Annita Garibaldi, largo da igrejinha em que: “outrora era o ponto
principal dos festejos religiosos, onde se reunia grande massa de povo e
tudo mis que essas festas atraem, e onde ainda em nossos dias, uma ou
duas vezes ao ano, realizam-se os festejos em homenagem a S. Benedito.”
(GOMES, F. 1922. pp. 86-87).

A função desse lugar passou por alterações. Primeiramente uma


função religiosa que não se separava de uma função de contenção de
trabalhadores. Depois, quando a igreja foi incorporada à paróquia, a
função religiosa passou a ser predominante, mas juntamente com essa
havia as festas, os namoros, ou seja, era um ponto de encontro.
Atualmente não existe mais a função religiosa, algum casal de namorado
pode ser visto no local esporadicamente, à noite percebe-se que alguns
usuário de drogas frequentam o local e, bem provável, que o lugar é
propício para praticar atos sexuais, pois não raro, é fácil encontrar
preservativos usados nas imediações.
De todo modo, enfatizamos que os vínculos com esse lugar
permanecem de uma maneira ou de outra. Não entrando aqui no juízo de
valor sobre como o lugar está sendo usado, se poderia ser diferente, etc. A
questão é que para alguém que vai ao local seja com a família
esporadicamente, ou para usar drogas, ou praticar atos sexuais o lugar é
propício para se adquirir algum vínculo.
De nossa parte, pensamos que o poder público deveria dar uma
maior atenção a essa igrejinha. Ela faz parte inseparável da história da
cidade, foi a primeira igreja e, juntamente com seu largo, merece receber
as reformas devidas, com posteriores manutenção do patrimônio
arquitetônico e histórico que ela representa.

38
Capítulo VII. A Igreja São José - a matriz de Cravinhos.

Igreja São José, ao cair da tarde, quando as luzes da praça já começavam a se acender. Foto
Alexandre de Freitas (2008).

“Em 2 de outubro de 1900, no meio de grande concurso o


povo, presente o revmo. vigário da paróquia, revmos.
cônegos Joaquim Antônio Siqueira e Victor Fabiane, foi
solenemente lançada a benta a primeira pedra
fundamental da nova matriz inaugurada à 24 de junho de
1904 pelo mesmo vigário.” (GOMES, F. 1922. pp. 38-39)

Igreja São José. Por volta d 1922. Fonte: (GOMES, F. 1922. p.38).

A análise dessas duas fotos com aproximadamente 86 nos de


diferença entre elas, nos revelam algumas surpresas. Nota-se que houve
modificações na fachada da igreja. No mínimo os responsáveis pelas
reformas foram mal assessorados, pois não acompanharam o projeto
original, descaracterizando-a.
Na foto de 1922, percebe-se que a torre termina em formato de
cone e nas duas extremidades da fachada frontal não há cruzes, enquanto
na foto de 2008 na torre não há mais o cone e as laterais ganham duas

39
cruzes. Outros detalhes podem ter sofrido mais modificações que se
tornam difíceis de perceber devido a ausência de fotos antigas.
A igreja São José está assentada num corte de relevo e tem uma
praça em sua volta. Um seguimento de rua passa em frente à porta
principal da igreja e liga esta à avenida Rita C. Nogueira. Outra praça é a
do coreto, que fica de frente para a entrada principal da igreja São José.
Nela todos os domingos apresenta-se uma banda de música, a avenida
Rita C. Nogueira fica com uma das faixas, a do quarteirão da igreja,
interditada e ali um “trenzinho” que circula a cidade com crianças, redes
pula-pulas e um pequeno comércio ambulante de cachorro-quente,
pipocas, bexigas, etc., completam o cenário local embalado pelo serviço
de alto falantes, que possui altos falantes localizados nos postes da praça,
anunciam as músicas e dão alguns recados.
A característica típica de pequena cidade do interior se expressa
plenamente nessas locais. Só mesmo quem a freqüenta sabe que ainda é
realmente um ambiente familiar onde crianças correm ao redor do coreto
acompanhados de seus pais, os mais velhos ficam no banco da praça
proseando com os amigos e os adolescentes um pouco mais distantes,
nos demais bancos em busca de alguma paquera.

40
CAPÍTULO VIII. RUA XV DE NOVEMBRO.

Aspecto da rua XV de Novembro por volta de 1922. Foto: GOMES, F. 1922.p. 79

Como já dissemos em páginas anteriores, hoje a rua XV de


Novembro ainda possui grande variedade de comércio, sendo ela e suas
proximidades o centro financeiro da cidade, quatro das cinco agências
bancárias estão nela, a única lotérica da cidade está nesta rua e a única
agência dos correios também. À noite, principalmente aos finais de
semana, bares, lanchonetes e sorveterias atraem um considerável público
que varia entre jovens, crianças e adultos.
Está rua possui vários prédios antigos, por ter sido o principal
núcleo de comércio da cidade, a obra do Prof. Francisco Gomes nos
mostra que a maioria absoluta do comércio nas primeiras décadas do
século XX ali se concentrava. E essa rua com: “Seus prédios, de
construção moderna, com as fachadas altas e sólidas, recomenda-se
pela pintura sóbria e alegre que lhe imprime bonita aparência.” (GOMES,
F. 1922. p. 49), ainda sustenta muitos prédios do início do século passado,
alguns com notáveis alterações em suas fachadas, outros ainda guardam
características da época. De nossa parte, a recomendação é para que o
poder público se prontifique em estabelecer uma política que vise à
preservação dos patrimônios históricos da cidade, pois muitas de suas
construções guardam parte incontestável da história do município.
Propomos uma política patrimonial que leve em conta os arredores
da rua XV de Novembro, esse é um principio presente na literatura que
trata do assunto, pois permite constatar no campo visual as
características de todo contexto e não de um único prédio.
Não temos formação específica na área para elaborarmos de fato
uma política nesses moldes, o conhecimento que temos sobre o assunto
nos permite apenas fazer uma identificação da atual situação e chamar a

41
atenção dos caros leitores a respeito da necessidade de preservação desse
patrimônio histórico20.
Equacionar uma possível demanda no sentido de novas
construções e adaptações para abrigar comércios, talvez seja a parte mais
difícil. Mas essa dificuldade deve ser superada. As gerações futuras têm o
direito de ter um contato direto com esses prédios que fazem parte do
passado da cidade pela qual possuem vínculos sentimentais. O novo, o
progresso e o moderno não têm o direito de apagar o passado tão
importante para compreendermos o presente.

20
Atualmente há uma ação do Projeto Cre-ser visando a implantação de um instituto histórico-geográfico e
cultural na cidade.
42
CAPÍTULO IX. PRÉDIOS NA REGIÃO CENTRAL DE CRAVINHOS: OS
RESQUÍCIOS DE UM PASSADO.

Aspectos de um antigo prédio na rua XV de Novembro, centro de Cravinhos. Foto:


Alexandre de Freitas (2008)

A seguir faremos uma pequena relação dos prédios que


supostamente21 são de interesse histórico por suas características ou por
sua idade. Eles estão localizados na região central, alguns na rua XV de
Novembro, outros em ruas próximas a ela.
Esse prédio localiza-se na esquina da rua XV de Novembro com a
rua Floriano Peixoto. Ainda mantém muita coisa da sua fachada original,
nota-se portas e janelas de madeira, mas um cobertura de metal em
forma de “puxadinho” tira um pouco sua originalidade. Apesar disso,
ainda é imponente.
As fotos abaixo com diferença aproximada de 95 anos entre elas,
mostra-nos o antigo teatro Eden. Inaugurado no dia 20 de dezembro de
1913 por uma companhia teatral italiana que tinha como atriz principal
Clara Della Guardia. Mais uma vez notificamos alterações na fachada
original do prédio. Esse teatro também funcionou como cinema e animou
a juventude por várias décadas.
Antigo teatro Eden. Anexo ao bar Eden. O bar ainda existe nos
dias de hoje, o teatro, como se vê na outra foto, transformou-se em igreja.

21
Usamos um termo que expressa dúvida porque, pelo menos não é de nosso conhecimento, ou falhamos em
nossas pesquisas, não há registros em fontes escritas que trazem abordagens sobre o passado de tais
construções.
43
Foto: Alexandre de Freitas (2008)

Prédio do antigo teatro Eden. Com visíveis modificações na fachada


original e abrigando uma igreja evangélica. Nota-se ao lado uma parte do
bar Eden, com menos alterações em sua fachada.

Antigo Cine-teatro Eden e ao lado Bar Eden. Foto: GOMES, F. 1922. p. 153.

44
Esse prédio em estado precário na rua Epitácio Pessoa, pequena
rua entre a XV de Novembro e a rua Maestro J. da Fonseca, nos dá uma
Idéia de má conservação. Por suas característica foi construído nas
primeiras décadas do século XX.
A citada rua onde está o prédio visto anteriormente, segundo
consta no livro do Prof. Francisco Gomes, foi aberta por volta de 1922,
em homenagem ao então presidente da república, Epitácio Pessoa, em
ocasião de sua visita a Ribeirão Preto. Na época ela ligava a rua XV de
Novembro à rua Prudente de Morais.

Prédio da antiga cadeia. Hoje abriga uma delegacia de polícia, talvez o prédio antigo mais
conservado de Cravinhos. Foto: Alexandre de Freitas (2008).

45
CAPÍTULO X. O CEMITÉRIO DE CRAVINHOS.

Aspecto do cemitério de Cravinhos por volta de 1922. Foto: GOMES, F. 1922. p. 142.

“Partindo da praça Dr. Luiz Pereira Barreto, quase em


linha reta pela estrada de rodagem, recentemente
inaugurada (...) encontramos em sua margem esquerda, o
recanto silencioso onde repousam na eternidade,
prateados e saudosos mortos.” (GOMES, F. 1922.p. 141)
Vista do cemitério que tem mais de um século, inaugurado em
1880. A foto é de aproximadamente 1922. Os mausoléus do foto ainda
existem.
A estrada de rodagem descrita foi aberta em 1922, informação
também constatada na Revista Tribuna, e ligava Cravinhos a Ribeirão
Preto. Hoje no percurso dessa estrada está a avenida Pedro Amoroso, a
que abriga o maior número de estabelecimentos comerciais da cidade. O
espaço urbano da cidade já alcançou o cemitério, hoje ele é rodeado de
bairros populares inserido totalmente no espaço urbano.
O cemitério pode se considerado, sem sobra de dúvida, um museu a
céu aberto. Figurando juntamente com a estação ferroviária e a igreja São
Benedito, como uma das obras mais antigas da cidade. Ali nota-se
túmulos do século XIX, verdadeiras obras de arte que comprovam o
poder aquisitivo do povo de Cravinhos daquela época.
Um cemitério que sempre foi o único da cidade e tem 128 anos
guarda muitas histórias e lembranças. Há uma história, facilmente
ouvidas entre os populares da cidade, sobre um coqueiro que existe no
cemitério, ele é único, não havendo outros nas proximidades, assim
quando uma pessoa quer brincar com a possibilidade de uma morte
iminente diz que vai acabar no coqueiro. A Revista Tribuna relata uma
história sobre o tal coqueiro, diz que uma pessoa morreu asfixiada com o
caroço de um coquinho e a ser enterrada no cemitério nasceu ali o
famoso coqueiro.

46
O coqueiro solitário já tinha sido notado em 1922, na obra do Prof.
Francisco Gomes que estamos usando, nela ele nos diz que o cemitério
possui: “Ciprestes esguios e austeros, pinheiros, casuarinas, um
coqueiro, único e antiqüíssimo e grande quantidade de flores (...)”
(GOMES, F. 1922. p.141-142). Se em 1922, o coqueiro já tinha sido
considerado antiqüíssimo, podemos ter uma idéia da força dos mitos que
o tal coqueiro é capaz de produzir.
A mortalidade infantil era bem maior no início do século XX,
vemos no cemitério muitos túmulos de crianças com frase que comovem,
fazendo referência à pouca idade em que elas partiram.
Duas das construções mais antigas de Cravinhos foram idealizadas
por Francisco Rodrigues dos Santos Bonfim, a igrejinha São Benedito e o
cemitério. Túmulo de Francisco Rodrigues dos Santos Bonfim, o
cemitério foi construído por sua iniciativa e 18 anos depois veio a ser
sepultado ali. Este túmulo apresenta muita deterioração, a cruz está
pensa e pode desmoronar a qualquer hora.

Foto: Alexandre de Freitas (2008)

No detalhe do túmulo vê-se do dia do nascimento e do falecimento


de Francisco Rodrigues dos Santos Bonfim. Nasceu em 8 de maio de
1849 e faleceu em 2 de junho de 1898, portanto com 49 anos. Muito
novo.

47
Foto: Alexandre de Freitas (2008)

O cemitério centenário possui 200x200 metros e duas ruas


principais cortam-no formando uma cruz. Outras ruas secundárias
existem entre as principais. A riqueza história desse lugar é fantástica, dá
para se fazer inúmeras abordagens com as inscrições e os aspectos de
inúmeros túmulos com características interessantes.
Constatamos um problema no planejamento dos túmulos nas
quadras do cemitério, em alguns lugares de maior densidade eles estão
muito próximos não permitindo a circulação de pessoas. Para andar por
meio desses temos que tomar cuidado para não pisá-los.
Aqui, nos arriscamos em registrar, que é o cemitério de Cravinhos
que guarda a história mais completa da cidade. Dentro dele, em alguns
lugares mais antigos, temos a impressão de regressar no tempo. Tempo
onde a grafia da língua portuguesa era diferente, tempo onde o café
imperava, onde muitas crianças morriam por falta de recursos
tecnológicos e tempo onde as classes mais abastadas ornamentavam os
túmulos de seus entes queridos com os mais caros mármores e obras de
arte.
Um lugar que merece mais atenção de todos cravinhenses que dão
valor no passado da cidade.

48
CAPÍTULO XI. ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DE CRAVINHOS.
Esse último capítulo do livro faz referências às estações ferroviárias
do município de Cravinhos. Depois de percorrermos um pouco da
história da cidade notamos que o surgimento de Cravinhos se deve em
muito pelo surgimento de uma estão ferroviária. Como já falamos, no
final do século XIX, no estado de São Paulo, as ferrovias chegam onde
havia plantações de café com o objetivo de escoar a produção até o porto
de Santos.
No caso de Cravinhos havia estações pelo município que,
provavelmente, estavam estrategicamente localizadas nos lugares onde
se produzia mais café. Em 1922, o município:
“É servido pela estrada de Mogiana, tendo as seguintes
estações: Cravinhos, Tibiriça e Buenópolis na linha
tronco; Bifurcação, Manoel Amaro, Alvarenga e Serrana,
no ramal Cravinhos; Fagundes e Arantes no Ramal de
Jandaia, Serrinha da S. Paulo-Minas.” (GOMES, F. 1922. P.
137)

Nota-se, inegavelmente, um número expressivo de estações e como


veremos adiante muitas delas foram inauguradas por volta de 1910. Isso
só vem comprovar a grande produção de café da região. Graças ao
digníssimo trabalho de Ralph Mennucci Giesbrecht, que tem uma visão
histórica das mais apuradas, conseguimos em páginas do
site:<http://www.estacoesferroviarias.com.br/index.html> analisar
imagens e dados de praticamente todas as estações que existiram no
município de Cravinhos. Vale lembrar, que o livro de Francisco Gomes
sobre Cravinhos, muito utilizado por nós nesta obra, também serviu de
fonte para o referido pesquisador.
Cravinhos se torna emblemática pelo número de estações. O que
vem comprovar a grande importância do café para região.
Além da estação principal que hoje está no centro da cidade e que
foi inaugurada em 1883, Cravinhos teve as seguintes estações
relacionadas abaixo.
Nova Cravinhos.
“A estação foi aberta em 1964, na linha nova da
Mogiana (variante Bento Quirino-Alto), e inicialmente era
chamada apenas de "E2". Alguns anos mais tarde, recebeu
o nome de Cravinhos, mas fica a nove quilômetros do
centro da cidade, chegando-se hoje a ela por uma variante
da rodovia Cravinhos-Serrana. Com o fim do trem de
passageiros, em fins de 1997, foi abandonada de vez.”
(Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/c/fotos/cravinhos-
nova2.jpg)
49
Esta estação, segundo o site que consultamos, surgiu quando o
traçado dos trilhos da Mogiana mudou. Essa mudança no traçado deixou
outras estações isoladas, muitas em propriedades particulares e muito
mal conservadas.
Nova Cravinhos, antiga “E 2”. Observa-se uma placa onde se lê
propriedade particular. Bem menor do que a estação central de
Cravinhos. O prédio visivelmente parece bem conservado. As estações
que se seguem estavam no ramal Cravinhos-Serrana.
Bifurcação.
“A estação de Bifurcação foi inaugurada pela Mogiana em 1910, de
acordo com seus relatórios, mas não consegui saber se a estação já existia
antes de a Cia. ter adquirido a E. F. Vicinal de Ribeirão Preto, ferrovia
particular que operava a linha antes disso.” (Fonte:
http://www.estacoesferroviarias.com.br/b/bifurcacao.htm)
Estação Manoel Amaro.
Também inaugurada pela Mogiana em 1910. Fica do lado oeste da
Rod. Cravinhos-Serrana, próximo a um pesqueiro. Segundo nossa fonte:
“Esta ficava na fazenda Posse da Figueira, em terras cedidas elo sr.
Manuel Amaro, daí o nome da estação.”
Estação Alvarenga.
Segundo nossa fonte, só sabemos que foi inaugurada em 1910. Não
conseguimos saber sua localização. Há um relato pessoal, na nossa fonte,
que se localiza ao lado do rio Tamanduazinho. Percebe-se que está muito
descaracterizada.
A última estação desse ramal, Estação Serrana, foi destruída. No
seu lugar há um ginágio de esporte.22
Vejamos as estações do sub-ramal Jandaia.
“O ramal de Jandaia teve o nome derivado da Fazenda
Jandaia, situada logo após a Fazenda Cravinhos, pelas
quais o leito do ramal passava. Foi aberta em 1910, e
ainda nesse ano, a Cia. estudou o seu prolongamento do
ramal, chegando até Jatobá, além do rio Pardo e local não
identificado. O ramal saía da estação de Bifurcação, no
ramal de Cravinhos, e chegava até Arantes, com quase 16
km.” 23
Fagundes.

22
http://www.estacoesferroviarias.com.br/s/serrana.htm
23
http://www.estacoesferroviarias.com.br/a/alvarenga.htm
50
Foi aberta em 1910, ficava na fazenda União, de propriedade da
Empresa Irmão Fagundes & Cia. Ficava no Km 10 sub-ramal de Jandaia.
Estação Arantes.
Situada no final da linha, inaugurada em 1910. Ficava no km 16 do
sub-ramal de Jandaia.
As estações que se seguem ficavam no tronco principal da Mogiana,
aproximadamente entre Serra Azul e Ribeirão Preto, passando por
Cravinhos.
Estação Tibiriça.
Está estação ficava na Fazenda Tibiriça que pertencia à Cia.
Agrícola Chimborazo uma das que mais produzia café na região. A ponto
de possuir linhas próprias com locomotivas e vagões. Ficava entre Serra
Azul e Cravinhos e foi inaugurada em 1892.
Estação Buenópolis.
Inaugurada em 1897, ficava parte no município de Ribeirão e parte
no Município de Cravinhos. Nas terras da Fazenda de mesmo nome.
(Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/b/buenopolis.htm).

Estação Cravinhos.
Em foto de 1910, a estação já tinha ganhado a configuração atual.
Lembramos que a primeira foi construída em 1883 e era bem singela.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Não temos por objetivo concluir esse livro, entraríamos em
contradição com aquilo que dissemos no começo. A intenção aqui é
apenas fazer algumas considerações gerais a respeito de Cravinhos, um
breve comentário geral para que possa ser comparado com outras formas
de entender e análises diversas da nossa.
Cravinhos foi uma cidade que nasceu grande! Surgida em 1876, 24
anos depois possuía em torno de 30.000 habitantes. Vale lembrar que,
nesta época, a população rural era expressiva e essa população não
refletia na malha urbana da cidade. A título de comparação Ribeirão
Preto no mesmo ano possuía em torno de 60.000 hab., Porto Alegre
73.000 hab., Fortaleza 48.000 hab., Manaus 50.300 hab.
Com essas comparações podemos dizer que Cravinhos possuía
muita gente. A população de 1900, só foi alcançada na projeção
populacional do IBGE em 2006, já em 2007, tornou a cair. Durante esses
132 anos a população vem oscilando, mas nunca ultrapassou
consideravelmente a marca dos 30.000 habitantes.
Se tivéssemos a intenção de trabalhamos com explicações semi-
acabadas, diríamos que foi a proximidade com Ribeirão Preto que fez
com que Cravinhos estagnasse. Episódios semelhantes são constatados
em várias cidades que se formam próximas umas das outras, onde uma
atrai maiores investimentos que outra e prejudica o desenvolvimento de
sua vizinha. Provavelmente esse teria sido o fator principal. Mas são
assuntos para mais escritos e análises que nesta obra são despropositais.
Cravinhos, ofuscada pelo crescimento de Ribeirão, aliou-se a ela. E
hoje atrai indústrias e até moradores que querem fugir da cidade que
cresceu muito, tornando-se mais perigosa e mais agitada, para ir se
estabelecer numa cidade mais calma, próxima de Ribeirão e interligada
por meios de transportes.
Se a pouca violência, a boa forma de morar com espaços adequados
ao público, entre outros serviços públicos de qualidade, estiverem
presentes em Cravinhos, com certeza a cidade se desenvolverá
explorando as condições que o destino (ou as circunstâncias) lhe
reservou. Inteligência e habilidade política podem ser grandes aliados. O
fator proximidade, que nas primeiras décadas após seu surgimento, pode
ter contribuído para a sua estagnação, hoje pode ser um aliado. A
estagnação do crescimento urbano não deve ser encarada somente de
forma negativa. Há nela bons presságios para se vislumbrar o futuro.

***

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BIBLIOGRAFIA.
Livros e teses.
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Jornais.

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Disponível em: http://biblioteca.ibge.gov.br/

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SOBRE O AUTOR.
Alexandre de Freitas, nasceu em 1972 na cidade de São José do Rio
Preto-SP. Formou-se em Geografia pela Faculdade Dom Bosco de Monte
Aprazível e em Pedagogia pela UFSJ (Universidade Federal de São João
del-Rei), é Especialista em Cidadania e Cultura pela UNICAMP
(Universidade Estadual de Campinas). Escreve contos, crônicas, poemas
e romances. Tem poesia publicada em antologia e escreveu “O Distrito”,
romance histórico. Morou em Cravinhos de janeiro de 2008 a fevereiro
de 2012.

Este pequeno livro foi elaborado com a intenção de resgatar algumas


partes da história de Cravinhos e contribuir para uma atualização parcial
de dados sobre a cidade.

Acredito que a função principal é apresentar o município,


principalmente, mas não unicamente, para jovens que às vezes não
encontram fontes para pesquisar sobre a história e geografia de sua
localidade.

Prof. Alexandre de Freitas.

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